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Trajetória das pessoas com deficiência na História do Brasil: “Caminhando em silêncio”.
Os arquivos da História brasileira registram referências variadas a “aleijados”,
“enjeitados”, “mancos”, “cegos” ou “surdos-mudos”. No entanto, assim como ocorria
no continente europeu, a quase totalidade dessas informações ou comentários está
diluída nas menções relativas à população pobre e miserável. Ou seja, também no Brasil,
a pessoa deficiente foi incluída, por vários séculos, dentro da categoria mais ampla dos
“miseráveis”, talvez o mais pobre entre os pobres (Silva, 1987).
Figueira (2008) realiza trajetória semelhante àquela de Silva (1987), mas concentra-se
na história do Brasil. Figueira (2008) propõe que seu livro marque uma introdução à
história das pessoas com deficiência no Brasil, definindo também sua tese principal, com
a qual concordamos integralmente: “(...) as questões que envolvem as pessoas com
deficiência no Brasil – por exemplo, mecanismos de exclusão, políticas de
assistencialismo, caridade, inferioridade, oportunismo, dentre outras – foram
construídas culturalmente” (grifos nossos. Figueira, 2008, p.17). Assim sendo, é
importante termos em mente que questões culturais demoram a ser revertidas, mas
este é o movimento que tem sido priorizado pelas pessoas com deficiência nas últimas
décadas.
Tendo em vista essa perspectiva geral, Figueira (2008) inicia seu percurso com os
primeiros “ecos históricos” da formação do Brasil. Através deles, é possível identificar
aspectos importantes, como a política de exclusão ou rejeição das pessoas com algum
tipo de deficiência praticada pela maioria dos povos indígenas, os maus-tratos e a
violência como fatores determinantes da deficiência nos escravos africanos, e como,
desde os primeiros momentos da nossa história, consolidou-se a associação entre
deficiência e doença.
População Indígena.
Sobre o primeiro aspecto, são reproduzidos relatos históricos que atestam condutas,
práticas e costumes indígenas que significavam a eliminação sumária de crianças com
deficiência ou a exclusão daquelas que viessem a adquirir algum tipo de limitação física
ou sensorial. Cabe destacar que não podemos julgar tais práticas com os olhos de hoje,
o que levaria a uma análise pejorativa e até mesmo preconceituosa em relação à
população indígena.
Mas, dito isso, deve-se reconhecer que, entre as populações indígenas que habitavam o
território que viria a ser o Brasil, predominou a prática de exclusão das crianças e
abandono dos que adquiriam uma deficiência. Tais costumes não diferem muito
daqueles também observados em outros povos da História Antiga e Medieval, onde a
deficiência, principalmente quando ocorria no nascimento de uma criança, “não era
vista com bons olhos”, mas sim entendida como um mau sinal, castigo dos deuses ou de
forças superiores.
As crendices e superstições associadas às pessoas com deficiência continuaram a se
reproduzir ao longo da história brasileira. Assim como os curandeiros indígenas, os
“negro-feiticeiros” também relacionavam o nascimento de crianças com deficiência a
castigo ou punição. Na verdade, mesmo para doutrinas religiosas contemporâneas, até
as deficiências adquiridas são vistas como previamente determinadas por forças divinas
ou espirituais. Não vamos explorar essa questão neste artigo, mas vale o registro desse
aspecto que, de certa forma, é uma contradição com o paradigma social e dos direitos
humanos com que se tem tratado esse assunto.
Os Negros Escravos.
Longe de ser um mal sobrenatural, a deficiência física ou sensorial nos negros escravos
decorreu, inúmeras vezes, dos castigos físicos a que eram submetidos. De início, a forma
como se dava o tráfico negreiro, em embarcações superlotadas e em condições
desumanas, já representava um meio de disseminação de doenças incapacitantes, que
deixavam seqüelas e não raro provocavam a morte de um número considerável de
escravos.
Os documentos oficiais da época não deixam dúvidas quanto à violência e crueldade dos
castigos físicos aplicados tanto nos engenhos de açúcar como nas primeiras fazendas de
café. O rei D. João V, por exemplo, em alvará de 03 de março de 1741, define
expressamente a amputação de membros como castigo aos negros fugitivos que fossem
capturados. Uma variedade de punições, do açoite à mutilação, eram previstas em leis
e contavam com a permissão (e muitas vezes anuência) da Igreja Católica. Talvez o
número de escravos com deficiência só não tenha sido maior porque tal condição
representava prejuízo para o seu proprietário, que não podia mais contar com aquela
mão-de-obra.
Os Colonos Portugueses.
Os colonos portugueses, desde o momento em que chegaram ao território descoberto
por Cabral, sofreram com as condições climáticas, como o forte calor, além da enorme
quantidade de insetos. Estas características tropicais repercutiram na saúde e bem-estar
dos europeus, sendo que “algumas dessas enfermidades de natureza muito grave
chegaram a levá-los a aquisição de severas limitações físicas ou sensoriais” (Figueira,
2008, p. 55). Observando a formação da população no Brasil Colonial, o historiador da
medicina Licurgo Santos Filho acentua que: “tal e qual como entre os demais povos, e
no mesmo grau de incidência, o brasileiro exibiu casos de deformidades congênitas ou
adquiridas. Foram comuns os coxos, cegos, zambros e corcundas” (Santos Filho apud
Figueira, 2008, p. 56). As condições de tratamento da maioria das enfermidades não
eram adequadas e continuariam assim por várias décadas.
Século XIX.
Já no século XIX, a questão da deficiência aparece de maneira mais recorrente em
função do aumento dos conflitos militares (Canudos, outras revoltas regionais e a guerra
contra o Paraguai). O general Duque de Caxias externou ao Governo Imperial suas
preocupações com os soldados que adquiriam deficiência. Foi então inaugurado no Rio
de Janeiro, em 29 de julho de 1868, o “Asilo dos Inválidos da Pátria”, onde “seriam
recolhidos e tratados os soldados na velhice ou os mutilados de guerra, além de
ministrar a educação aos órfãos e filhos de militares” (Figueira, 2008, p. 63). Apesar da
intenção humanitária, as referências históricas expressam um quadro de extrema
precariedade no funcionamento da instituição durante o período imperial . Mesmo
assim, e certamente com alguma melhora nas condições de atendimento, o Asilo
Inválidos da Pátria permaneceu funcionando por 107 anos, somente sendo desativado
em 1976.
O Século XX e o Modelo Médico.
O avanço da medicina ao longo do século XX trouxe consigo uma maior atenção em
relação aos deficientes. A criação dos hospitais-escolas, como o Hospital das Clínicas de
São Paulo, na década de 40, significou a produção de novos estudos e pesquisas no
campo da reabilitação. Nesse contexto, como não poderia ser diferente, havia uma clara
associação entre a deficiência e a área médica. Na verdade, ainda em meados do século
XIX, com a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos (1854), ficava explícita uma
relação entre doença e deficiência que, sem exagero algum, permanece até os dias
atuais (em que pese a luta do movimento organizado das pessoas com deficiência a
partir de 1981 pelo chamado “modelo social” para tratar dessa questão, em oposição
ao modelo “médico-clínico”).
O fato é que, ao longo de nossa história, assim como ocorreu em outros países, a
deficiência foi tratada em ambientes hospitalares e assistenciais. Ao estudar o assunto,
os médicos tornavam-se os grandes especialistas nessa seara e passavam a influenciar,
por exemplo, a questão educacional das pessoas com deficiência, tendo atuação direta
como diretores ou mesmo professores das primeiras instituições brasileiras voltadas
para a população em questão.
O grau de desconhecimento sobre as deficiências e suas potencialidades, porém,
permaneceu elevado na primeira metade do século XX, o que se percebe pelo número
considerável de pessoas com deficiência mental tratadas como doentes mentais. A falta
de exames ou diagnósticos mais precisos resultou numa história de vida trágica para
milhares de pessoas nesta condição, internadas em instituições e completamente
apartadas do convívio social.
Antes da existência das instituições especializadas, as pessoas com deficiência tiveram,
em grande medida, sua trajetória de vida definida quase que exclusivamente pelas
respectivas famílias. O Imperial Instituto dos Meninos Cegos (1854), que citamos acima,
marca o momento a partir do qual a questão da deficiência deixou de ser
responsabilidade única da família, passando a ser um “problema” do Estado. Mas não
enquanto uma questão geral de política pública, pois o que ocorreu foi a transferência
dessa responsabilidade para instituições privadas e beneficentes, eventualmente
apoiados pelo Estado. Estas instituições ampliaram sua linha de atuação para além da
reabilitação médica, assumindo a educação das pessoas com deficiência. Até 1950,
segundo dados oficiais, havia 40 estabelecimentos de educação especial somente para
deficientes intelectuais (14 para outras deficiências, principalmente a surdez e a
cegueira).
Na década de 40, cunhou-se a expressão “crianças excepcionais”, cujo significado se
referia a “aquelas que se desviavam acentuadamente para cima ou para baixo da norma
do seu grupo em relação a uma ou várias características mentais, físicas ou sociais”
(Figueira, 2008, p. 94). O senso comum indicava que estas crianças não poderiam estar
nas escolas regulares, do que decorre a criação de entidades até hoje conhecidas, como
a Sociedade Pestallozzi de São Paulo (1952) e a Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais – APAE do Rio de Janeiro (1954). Essas entidades, até hoje influentes,
passaram a pressionar o poder público para que este incluísse na legislação e na dotação
de recursos a chamada “educação especial”, o que ocorre, pela primeira vez, na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961.
Felizmente, percebeu-se com o tempo que, assim como acontecia em outros países, as
pessoas com deficiência poderiam estar nos ambientes escolares e de trabalho comuns
a toda população, freqüentando também o comércio, bares, restaurantes ou prédios
públicos, enfim, não precisariam estar sempre circunscritas ao espaço familiar ou das
instituições especializadas. Esta percepção está refletida na expansão de leis e decretos
sobre os mais variados temas a partir, principalmente, da década de 80, como
discutiremos mais à frente.
Novo Modelo.
A nossa trajetória histórica, quando as pessoas com deficiência eram “ignoradas” ou
“caminhavam em silêncio”, se encerra no ano de 1981, declarado pela ONU como Ano
Internacional da Pessoa Deficiente (AIPD).
De acordo com Figueira (2008): “Se até aqui a pessoa com deficiência caminhou em
silêncio, excluída ou segregada em entidades, a partir de 1981 – Ano Internacional da
Pessoa Deficiente -, tomando consciência de si, passou a se organizar politicamente. E,
como conseqüência, a ser notada na sociedade, atingindo significativas conquistas em
pouco mais de 25 anos de militância”. Figueira, 2008, p. 115).
A palavra-chave do AIPD foi “conscientização”, tendo sido organizadas várias
manifestações para alertar sobre a própria existência e os direitos das pessoas com
deficiência contra a invisibilidade. Em que pesem as críticas e relatos eventuais de
descontentamento, o fato é que, para a maioria daqueles que estiveram envolvidos, o
Ano Internacional cumpriu o seu papel de chamar a atenção da sociedade para a
questão da deficiência. Como afirma Figueira: “boa ou má, a situação das pessoas com
deficiência começou a ser divulgada a partir de 1981. Inclusive, elas mesmas começaram
a tomar consciência de si como cidadãs, passando a se organizar em grupos ou
associações” (Figueira, 2008, p. 119).
Em outras palavras, é claro que anteriormente tivemos inúmeros casos de êxito
individual de pessoas com deficiência, mas 1981 marca um reconhecimento mútuo e
coletivo da situação em que se encontravam muitos portadores de deficiência. Um
mundo “obscuro” ou “ignorado”, nas palavras de publicações da época, não poderia
mais ser escondido da sociedade e do poder público, continuando somente como “um
peso ou fardo individual e/ou familiar”.
Portanto, o percurso histórico das pessoas com deficiência no Brasil, assim como
ocorreu em outras culturas e países, foi marcado por uma fase inicial de eliminação e
exclusão, passando-se por um período de integração parcial através do atendimento
especializado. Estas fases deixaram marcas e rótulos associados às pessoas com
deficiência, muitas vezes tidas como incapazes e/ou doentes crônicas. Romper com esta
visão, que implica numa política meramente assistencialista para as pessoas com
deficiência, não é uma tarefa fácil. Mas, com menor ou maior êxito, isso foi feito com o
avanço da legislação nacional sobre este tema, contando agora com a contribuição
direta das próprias pessoas com deficiência.
Este movimento culmina com a ratificação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência (CDPD) pelo Brasil, conferindo-lhe status de emenda constitucional. A
participação direta e efetiva dos indivíduos com limitações físicas, sociais e cognitivas na
elaboração da Convenção (e posteriormente na sua internalização) não foi fruto do
acaso, mas decorre do paulatino fortalecimento deste grupo populacional, que
sobreviveu e passou a exigir direitos civis, políticos, sociais e econômicos.

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História das pessoas com deficiencia no brasil

  • 1. Trajetória das pessoas com deficiência na História do Brasil: “Caminhando em silêncio”. Os arquivos da História brasileira registram referências variadas a “aleijados”, “enjeitados”, “mancos”, “cegos” ou “surdos-mudos”. No entanto, assim como ocorria no continente europeu, a quase totalidade dessas informações ou comentários está diluída nas menções relativas à população pobre e miserável. Ou seja, também no Brasil, a pessoa deficiente foi incluída, por vários séculos, dentro da categoria mais ampla dos “miseráveis”, talvez o mais pobre entre os pobres (Silva, 1987). Figueira (2008) realiza trajetória semelhante àquela de Silva (1987), mas concentra-se na história do Brasil. Figueira (2008) propõe que seu livro marque uma introdução à história das pessoas com deficiência no Brasil, definindo também sua tese principal, com a qual concordamos integralmente: “(...) as questões que envolvem as pessoas com deficiência no Brasil – por exemplo, mecanismos de exclusão, políticas de assistencialismo, caridade, inferioridade, oportunismo, dentre outras – foram construídas culturalmente” (grifos nossos. Figueira, 2008, p.17). Assim sendo, é importante termos em mente que questões culturais demoram a ser revertidas, mas este é o movimento que tem sido priorizado pelas pessoas com deficiência nas últimas décadas. Tendo em vista essa perspectiva geral, Figueira (2008) inicia seu percurso com os primeiros “ecos históricos” da formação do Brasil. Através deles, é possível identificar aspectos importantes, como a política de exclusão ou rejeição das pessoas com algum tipo de deficiência praticada pela maioria dos povos indígenas, os maus-tratos e a violência como fatores determinantes da deficiência nos escravos africanos, e como, desde os primeiros momentos da nossa história, consolidou-se a associação entre deficiência e doença. População Indígena. Sobre o primeiro aspecto, são reproduzidos relatos históricos que atestam condutas, práticas e costumes indígenas que significavam a eliminação sumária de crianças com deficiência ou a exclusão daquelas que viessem a adquirir algum tipo de limitação física ou sensorial. Cabe destacar que não podemos julgar tais práticas com os olhos de hoje, o que levaria a uma análise pejorativa e até mesmo preconceituosa em relação à população indígena. Mas, dito isso, deve-se reconhecer que, entre as populações indígenas que habitavam o território que viria a ser o Brasil, predominou a prática de exclusão das crianças e abandono dos que adquiriam uma deficiência. Tais costumes não diferem muito daqueles também observados em outros povos da História Antiga e Medieval, onde a deficiência, principalmente quando ocorria no nascimento de uma criança, “não era vista com bons olhos”, mas sim entendida como um mau sinal, castigo dos deuses ou de forças superiores. As crendices e superstições associadas às pessoas com deficiência continuaram a se reproduzir ao longo da história brasileira. Assim como os curandeiros indígenas, os
  • 2. “negro-feiticeiros” também relacionavam o nascimento de crianças com deficiência a castigo ou punição. Na verdade, mesmo para doutrinas religiosas contemporâneas, até as deficiências adquiridas são vistas como previamente determinadas por forças divinas ou espirituais. Não vamos explorar essa questão neste artigo, mas vale o registro desse aspecto que, de certa forma, é uma contradição com o paradigma social e dos direitos humanos com que se tem tratado esse assunto. Os Negros Escravos. Longe de ser um mal sobrenatural, a deficiência física ou sensorial nos negros escravos decorreu, inúmeras vezes, dos castigos físicos a que eram submetidos. De início, a forma como se dava o tráfico negreiro, em embarcações superlotadas e em condições desumanas, já representava um meio de disseminação de doenças incapacitantes, que deixavam seqüelas e não raro provocavam a morte de um número considerável de escravos. Os documentos oficiais da época não deixam dúvidas quanto à violência e crueldade dos castigos físicos aplicados tanto nos engenhos de açúcar como nas primeiras fazendas de café. O rei D. João V, por exemplo, em alvará de 03 de março de 1741, define expressamente a amputação de membros como castigo aos negros fugitivos que fossem capturados. Uma variedade de punições, do açoite à mutilação, eram previstas em leis e contavam com a permissão (e muitas vezes anuência) da Igreja Católica. Talvez o número de escravos com deficiência só não tenha sido maior porque tal condição representava prejuízo para o seu proprietário, que não podia mais contar com aquela mão-de-obra. Os Colonos Portugueses. Os colonos portugueses, desde o momento em que chegaram ao território descoberto por Cabral, sofreram com as condições climáticas, como o forte calor, além da enorme quantidade de insetos. Estas características tropicais repercutiram na saúde e bem-estar dos europeus, sendo que “algumas dessas enfermidades de natureza muito grave chegaram a levá-los a aquisição de severas limitações físicas ou sensoriais” (Figueira, 2008, p. 55). Observando a formação da população no Brasil Colonial, o historiador da medicina Licurgo Santos Filho acentua que: “tal e qual como entre os demais povos, e no mesmo grau de incidência, o brasileiro exibiu casos de deformidades congênitas ou adquiridas. Foram comuns os coxos, cegos, zambros e corcundas” (Santos Filho apud Figueira, 2008, p. 56). As condições de tratamento da maioria das enfermidades não eram adequadas e continuariam assim por várias décadas. Século XIX. Já no século XIX, a questão da deficiência aparece de maneira mais recorrente em função do aumento dos conflitos militares (Canudos, outras revoltas regionais e a guerra contra o Paraguai). O general Duque de Caxias externou ao Governo Imperial suas preocupações com os soldados que adquiriam deficiência. Foi então inaugurado no Rio de Janeiro, em 29 de julho de 1868, o “Asilo dos Inválidos da Pátria”, onde “seriam recolhidos e tratados os soldados na velhice ou os mutilados de guerra, além de
  • 3. ministrar a educação aos órfãos e filhos de militares” (Figueira, 2008, p. 63). Apesar da intenção humanitária, as referências históricas expressam um quadro de extrema precariedade no funcionamento da instituição durante o período imperial . Mesmo assim, e certamente com alguma melhora nas condições de atendimento, o Asilo Inválidos da Pátria permaneceu funcionando por 107 anos, somente sendo desativado em 1976. O Século XX e o Modelo Médico. O avanço da medicina ao longo do século XX trouxe consigo uma maior atenção em relação aos deficientes. A criação dos hospitais-escolas, como o Hospital das Clínicas de São Paulo, na década de 40, significou a produção de novos estudos e pesquisas no campo da reabilitação. Nesse contexto, como não poderia ser diferente, havia uma clara associação entre a deficiência e a área médica. Na verdade, ainda em meados do século XIX, com a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos (1854), ficava explícita uma relação entre doença e deficiência que, sem exagero algum, permanece até os dias atuais (em que pese a luta do movimento organizado das pessoas com deficiência a partir de 1981 pelo chamado “modelo social” para tratar dessa questão, em oposição ao modelo “médico-clínico”). O fato é que, ao longo de nossa história, assim como ocorreu em outros países, a deficiência foi tratada em ambientes hospitalares e assistenciais. Ao estudar o assunto, os médicos tornavam-se os grandes especialistas nessa seara e passavam a influenciar, por exemplo, a questão educacional das pessoas com deficiência, tendo atuação direta como diretores ou mesmo professores das primeiras instituições brasileiras voltadas para a população em questão. O grau de desconhecimento sobre as deficiências e suas potencialidades, porém, permaneceu elevado na primeira metade do século XX, o que se percebe pelo número considerável de pessoas com deficiência mental tratadas como doentes mentais. A falta de exames ou diagnósticos mais precisos resultou numa história de vida trágica para milhares de pessoas nesta condição, internadas em instituições e completamente apartadas do convívio social. Antes da existência das instituições especializadas, as pessoas com deficiência tiveram, em grande medida, sua trajetória de vida definida quase que exclusivamente pelas respectivas famílias. O Imperial Instituto dos Meninos Cegos (1854), que citamos acima, marca o momento a partir do qual a questão da deficiência deixou de ser responsabilidade única da família, passando a ser um “problema” do Estado. Mas não enquanto uma questão geral de política pública, pois o que ocorreu foi a transferência dessa responsabilidade para instituições privadas e beneficentes, eventualmente apoiados pelo Estado. Estas instituições ampliaram sua linha de atuação para além da reabilitação médica, assumindo a educação das pessoas com deficiência. Até 1950, segundo dados oficiais, havia 40 estabelecimentos de educação especial somente para deficientes intelectuais (14 para outras deficiências, principalmente a surdez e a cegueira).
  • 4. Na década de 40, cunhou-se a expressão “crianças excepcionais”, cujo significado se referia a “aquelas que se desviavam acentuadamente para cima ou para baixo da norma do seu grupo em relação a uma ou várias características mentais, físicas ou sociais” (Figueira, 2008, p. 94). O senso comum indicava que estas crianças não poderiam estar nas escolas regulares, do que decorre a criação de entidades até hoje conhecidas, como a Sociedade Pestallozzi de São Paulo (1952) e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE do Rio de Janeiro (1954). Essas entidades, até hoje influentes, passaram a pressionar o poder público para que este incluísse na legislação e na dotação de recursos a chamada “educação especial”, o que ocorre, pela primeira vez, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Felizmente, percebeu-se com o tempo que, assim como acontecia em outros países, as pessoas com deficiência poderiam estar nos ambientes escolares e de trabalho comuns a toda população, freqüentando também o comércio, bares, restaurantes ou prédios públicos, enfim, não precisariam estar sempre circunscritas ao espaço familiar ou das instituições especializadas. Esta percepção está refletida na expansão de leis e decretos sobre os mais variados temas a partir, principalmente, da década de 80, como discutiremos mais à frente. Novo Modelo. A nossa trajetória histórica, quando as pessoas com deficiência eram “ignoradas” ou “caminhavam em silêncio”, se encerra no ano de 1981, declarado pela ONU como Ano Internacional da Pessoa Deficiente (AIPD). De acordo com Figueira (2008): “Se até aqui a pessoa com deficiência caminhou em silêncio, excluída ou segregada em entidades, a partir de 1981 – Ano Internacional da Pessoa Deficiente -, tomando consciência de si, passou a se organizar politicamente. E, como conseqüência, a ser notada na sociedade, atingindo significativas conquistas em pouco mais de 25 anos de militância”. Figueira, 2008, p. 115). A palavra-chave do AIPD foi “conscientização”, tendo sido organizadas várias manifestações para alertar sobre a própria existência e os direitos das pessoas com deficiência contra a invisibilidade. Em que pesem as críticas e relatos eventuais de descontentamento, o fato é que, para a maioria daqueles que estiveram envolvidos, o Ano Internacional cumpriu o seu papel de chamar a atenção da sociedade para a questão da deficiência. Como afirma Figueira: “boa ou má, a situação das pessoas com deficiência começou a ser divulgada a partir de 1981. Inclusive, elas mesmas começaram a tomar consciência de si como cidadãs, passando a se organizar em grupos ou associações” (Figueira, 2008, p. 119). Em outras palavras, é claro que anteriormente tivemos inúmeros casos de êxito individual de pessoas com deficiência, mas 1981 marca um reconhecimento mútuo e coletivo da situação em que se encontravam muitos portadores de deficiência. Um mundo “obscuro” ou “ignorado”, nas palavras de publicações da época, não poderia mais ser escondido da sociedade e do poder público, continuando somente como “um peso ou fardo individual e/ou familiar”.
  • 5. Portanto, o percurso histórico das pessoas com deficiência no Brasil, assim como ocorreu em outras culturas e países, foi marcado por uma fase inicial de eliminação e exclusão, passando-se por um período de integração parcial através do atendimento especializado. Estas fases deixaram marcas e rótulos associados às pessoas com deficiência, muitas vezes tidas como incapazes e/ou doentes crônicas. Romper com esta visão, que implica numa política meramente assistencialista para as pessoas com deficiência, não é uma tarefa fácil. Mas, com menor ou maior êxito, isso foi feito com o avanço da legislação nacional sobre este tema, contando agora com a contribuição direta das próprias pessoas com deficiência. Este movimento culmina com a ratificação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD) pelo Brasil, conferindo-lhe status de emenda constitucional. A participação direta e efetiva dos indivíduos com limitações físicas, sociais e cognitivas na elaboração da Convenção (e posteriormente na sua internalização) não foi fruto do acaso, mas decorre do paulatino fortalecimento deste grupo populacional, que sobreviveu e passou a exigir direitos civis, políticos, sociais e econômicos.