Anos e anos de esforços no desenvolvimento de software, mas nossa
percepção sobre a insegurança dos sistemas tem aumentado dia após dia.
Será que há fundamento para esta percepção? O software continua mesmo
inseguro? Por mais que o software seja complexo por si só, e muitos
usam isso como justificativa para o grande número de falhas encontradas,
a questão vai muito além disso. Os problemas envolvendo o
desenvolvimento de software se estendem desde a falta de capacitação das
equipes de desenvolvimento, passa pela péssima integração entre as
equipes de segurança e desenvolvimento e culmina com a falta de
investimento por parte dos diretores, além de outras questões. Do outro
lado vemos a ascensão do mercado de vulnerabilidades acompanhado de um
crescente uso de armas cibernéticas na resolução de questões
geopolíticas, tudo isso contribuindo para a criação de um ecossistema
ainda mais inseguro para os sistemas. Esta palestra tem como objetivo
trazer luz sobre estas e outras questões em torno da problemática da
segurança (ou falta de) nos sistemas de software. Pretende-se discutir o
cenário atual e possíveis caminhos para um futuro melhor e mais seguro
para o software.
Panda Adaptive defense 360 - Guia para prevenir a Extorsão Cibernética
Por quê o software continua inseguro?
1. Por quê o software
continua inseguro?
ViníciusOliveira Ferreira
viniciusoliveira@acmesecurity.org
2. Sobre o autor
• Vinícius Oliveira Ferreira.
• Pesquisador e analista no LaboratórioACME!
• Mestrando em Ciência da Computação pela UNESP –
Universidade Estadual Paulista.
• Bolsista CAPES.
12. Crescimento do mercado de
vulnerabilidades
• O mercado de vulnerabilidades zero-day encontra-se em
franca expansão;
• Motivado pelo surgimento de um novo mercado - “The
Gray Market” [2].
13. Crescimento do mercado de
vulnerabilidades
• White Market: Programas Bug Bounty (Google, Facebook,
VCP, ZDI e etc).
• Recompensas variam de $500 a $5,000, mais reconhecimento
pela comunidade.
• Black Market:Vulnerabilidades vendidas para organizações
criminosas.
• Ética impedia que muitos dos pesquisadores migrassem para
este mercado.
14. Crescimento do mercado de
vulnerabilidades
We value the researcher ecosystem, and show that in a
variety of ways, but we don’t think paying a per-vuln
bounty is the best way. Especially when across the
researcher community the motivations aren’t always
financial. It is well-known that we acknowledge
researcher’s contributions in our bulletins when a
researcher has coordinated the release of vulnerability
details with the release of a security update. Jerry Bryant –
Microsoft.
15. Crescimento do mercado de
vulnerabilidades
We value the researcher ecosystem, and show that in a
variety of ways, but we don’t think paying a per-vuln
bounty is the best way. Especially when across the
researcher community the motivations aren’t always
financial. It is well-known that we acknowledge
researcher’s contributions in our bulletins when a
researcher has coordinated the release of vulnerability
details with the release of a security update. Jerry Bryant –
Microsoft.
18. • Os preços geralmente começam em $20.000, podendo
chegar a $200.000 [2].
• Empresas atuantes:VUPEN (França), ReVuln (Malta),
Netragard, Endgame Systems e Exodus Intelligence (US).
• Grandes incentivos para os pesquisadores.
Gray Market
19. Gray Market
• Alguns Dados:
• Em 2013 a NSA gastou $25,000,000 com
vulnerabilidades 0-day [3].
• Com o preço médio de $20,000 a $200,000 pode se estimar
um valor de 125 a 1250 vulnerabilidades adquiridas;
• Algumas empresas vendem planos de assinaturas.
• Endgame Systems oferece 25 exploits por ano a uma
assinatura de 2.5 milhões [4].
22. Problemas na ascensão do Gray
Market
•Money talks:
• Dados vazados no ataque a
HackingTeam indicaram
negociações com países como:
Rússia, Etiópia, Barém, Egito,
Cazaquistão, Marrocos,
Sudão, Arzeibajão e outros.
23. Problemas na ascensão do Gray
Market
• Com maiores incentivos mais pesquisadores se envolverão
na pesquisa por vulnerabilidades
• Problema: No Gray Market as vulnerabilidades
não são corrigidas.
25. No Silver Bullet para o
desenvolvimento de SW
• O SW é inerentemente complexo [5]
• Problemas acidentais e essenciais:
1. Acidentais (menos significantes): Limitações tecnológicas ...
2. Essenciais:
1. Complexidade: Há poucos elementos repetitivos e idênticos;
2. Conformidade: O SW precisa ser adaptado a todo tipo de
instituição e sistema já existente;
3. Alterabilidade: O SW Por poder ser alterado muito facilmente,
sofrend0 pressão por constantes alterações;
4. Invisibilidade:O software não é espacialmente representável; não
existe um diagrama ou esquema lógico que o descreva.
26. No Silver Bullet para o
desenvolvimento de SW
• O SW é inerentemente complexo [5]
• Algumas propostas para os problemas essenciais:
1. Comprar componentes prontos;
2. Refinamento de requisitos e prototipagem rápida;
3. Desenvolvimento Incremental;
4.Usar bons projetistas/programadores.
• Tais soluções ajudam, mas não são mágicas, não há
uma bala de prata, e assim também é com segurança.
Não existe pentest salvador.
27. Falta de capacitação em
desenvolvimento seguro
• A maioria dos cursos deTI não abordam segurança em suas
ementas, se abordam é de uma forma bastante superficial.
• Não advogamos a criação de cursos de segurança, acreditamos que
a segurança deve estar presente em cada aspecto da tecnologia da
informação.
• A segurança não é priorizada como deveria pela engenharia de
SW.
• Há muito esforço para projetar, desenvolver e implantar, mas
pouco é feito para que haja segurança nestas etapas.
• Os grandes autores (Pressman e Sommerville) quase sempre
dedicaram pouco espaço à segurança em seus livros.
• Com exceção da última edição do livro Software Engineering - Ian
Sommerville.
28. Polarização do conhecimento
• A falta de interdisciplinaridade entre segurança e outros
assuntos fundamentais (e.g. desenvolvimento de SW) da
computação se refletem nos profissionais gerados.
• O que se vê hoje é uma grande polarização entre
profissionais de segurança e de desenvolvimento de SW.
32. Indisposição para investir
• Segurança custa, para tê-la é preciso investir.
• Sem investimento não se cria nenhuma iniciativa de
segurança. Sem incentivos nada funciona.
• Segurança é um investimento preventivo
• Poucos se previnem, o urgente é sempre colocado
acima do prioritário.
33. Por fim, como as coisas tem sido
feitas
• Como é difícil lidar com o SW, vamos proteger seu
entorno.
A utilização de Antivírus, SO,
firewalls e outras ferramentas de
segurança se assemelha a
utilização de barreiras para a
proteção de um interior
vulnerável.
• O problema é que barreiras
são sempre transpassadas!!!
34. Corretude vs Segurança
• Atributos de sistemas de Software:
• Corretude: O que o sistema deve fazer;
• Segurança: O que o sistema não deve fazer.
• Grande parte dos desenvolvedores aplicam seus
esforços para alcançar corretude e não
segurança.
35. Corretude vs Segurança
•Sob a ótica da corretude.
• Todos os softwares possuem bugs:
• A correção de todos eles é infactível, prioriza-se
então a correção dos bugs que surgirão em situação
típicas e afetarão o maior número de usuários.
• Os bugs restantes surgem de situações atípicas, frutos
de raras interações com o sistema. Ainda quando
surgem, os usuários procuram contornar o problema.
• Quando um bug afeta muitos usuários ele então é
corrigido.
36. Corretude vs Segurança
•Sob a ótica da segurança.
Um atacante não é um usuário comum
• Enquanto usuários comuns evitam os bugs, um atacante tenta
reproduzi-los, entender sua causa e então manipula-los para criar
uma situação de exploração.
• Portanto, além de considerarmos típicos casos de uso, quando
falamos em segurança, precisamos também considerar casos de
abuso.
38. Na verdade já começou
• Writing Secure Code - Michael Howard e David Leblanc
(2001);
• Building Secure Software - Gary McGraw e JohnViega
(2001);
• Bill Gates'sTrustworthy Computing memo (2002).
40. Segurança como parte integral
• O que aprendemos: Não há solução mágica, a segurança
precisa ser adicionada integralmente a todo o ciclo de
desenvolvimento de SW.
• Pentest não resolve tudo!!!
45. Requisitos de Segurança
• Envolva o cliente com os aspectos de segurança.
• Isso o ajudará a compreender os possíveis riscos;
• Permitirá a elicitação de requisitos especiais de proteção ao
software;
• Realize a classificação dos dados.
• Considere novos requisitos que podem surgir dos casos
de abuso (abuse cases).
55. Operações de segurança
• Instalação segura (permissões);
• Um Software nunca deve reduzir a segurança de um ambiente.
• Registre e gerencie Logs do sistema.
• Tenha um plano de resposta aos incidentes.
59. The Rugged Manifesto
Eu sou robusto e, mais importante, o meu código é robusto.
Eu reconheço que o software se tornou uma fundação de nosso mundo moderno.
Eu reconheço a enorme responsabilidade que vem com este papel fundamental.
Eu reconheço que meu código será usado de maneiras que eu não posso prever, de
forma que não foi concebido, e por mais tempo do que jamais foi destinado. Eu
reconheço que meu código será atacado por adversários talentosos e persistentes
que ameaçam a nossa segurança física, econômica e nacional.
Eu reconheço essas coisas - e eu escolhi ser robusto.
Eu sou robusto porque me recuso a ser uma fonte de vulnerabilidades ou
fraqueza. Eu sou robusto porque eu garanto que meu código irá suportar sua
missão.
Eu sou robusto porque o meu código pode enfrentar esses desafios e persistir
apesar deles.
Eu sou robusto, não porque é fácil, mas porque é necessário e estou pronto para o
desafio.
60. Referências
[1] NationalVulnerability Database - Statistics. Disponível em:
<https://web.nvd.nist.gov/view/vuln/statistics>. Acesso em: 08 de outubro de 2015
[2] Lemos, R. Market ForVulnerability Information Grows. Information Security
Magazine. 2012.
[3]The NSA hacks other countries by buying millions of dollars’ worth of computer
vulnerabilities. Disponível em: <http://www.washingtonpost.com/blogs/the-
switch/wp/2013/08/31/the-nsa-hacks-other-countries-by-buying-millions-of-dollars-
worth-of-computer-vulnerabilities/>. Acesso em: 29 de janeiro de 2015.
[4] Frei, S.The Known Unknowns - Empirical Analysis Of Publicly Unknown Security
Vulnerabilities. NSS Labs. 2013.
61. Referências
[5] Brooks, F.P., Jr., "No Silver Bullet Essence and Accidents of Software Engineering,"
in Computer , vol.20, no.4, pp.10-19, April 1987. doi: 10.1109/MC.1987.1663532.
[6] McGraw, G. Software Security: Building Security. 1 ed.Addison-Wesley. ISBN-13:
978-0321356703. 2006.
[7] OWASP. ApplicationThreat Modeling. Disponível em:
<https://www.owasp.org/index.php/Application_Threat_Modeling>. Acesso em: 08 de
outubro de 2015.
[8] Microsoft - SolutionAccelerators. IT InfrastructureThreat Modeling Guide. 2009.