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ANTONIO CONSELHEIRO

     O TAUMATURGO DOS SERTÕES




                    Um filme de José Walter Lima




Duração: 86’

Classificação Indicativa: 12 anos

Locação: Canudos, Monte Santo, Crisópolis, Chorrochó e Salvador

Produção: 2010



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Contato para informações:

VPC Cinemavídeo Produções Artísticas
Rua Marechal Floriano, nº 28, sala 203
CEP: 40 1110 – 010
Tel: 55 71 3018-0042/0043 / 8768-2734
E-mail: vpc@vpccinemavideo.com.br
Salvador – Bahia – Brasil




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Ficha Técnica ............................. 4

Elenco Principal ............................. 7

Sinopse ............................. 8

Histórico do filme ......................... 9

Reflexões sobre o filme, por José Walter Lima ........ 10
Antônio Conselheiro: o Jesus Cristo brasileiro, por Gilberto Vasconcelos ....... 13

Antonio Conselheiro: o taumaturgo dos sertões, por André Setaro ................ 14

A linguagem em Chamas, por José Umberto ............................. 17

Sobre o diretor ............................. 20

             Realizações em cinema e vídeo ............................. 21
             Principais atividades em artes plásticas ............................. 23




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FICHA-TÉCNICA
        Direção                                           José Walter Lima
       Co-direção                                  Carlos Vasconcelos Domingues

  Argumento e Roteiro
                                         José Walter Lima e Carlos Vasconcelos Domingues

   Produção Executvia                            Chico Drumond e Alberto Luiz Viana
                                    Carlos Petrovich, Harildo Deda, Leonel Nunes, Wilson Melo
                               Álvaro Guimarães, Chico Drumond, Haidil Linhares, Passos Neto, Iami
         Elenco
                             Rebouças, Ari Barata, Bertrand Duarte, Júlio Goés, Alberto Luiz Viana, Jorge
                                             Gaspari, Nilson Mendes e Antônia Adorno
                             Povo de Crisópolis, povo de Canudos, povo de Chorrochó e povo de Monte
  Participação Especial
                                                               Santo
        Produção                                           Neusa Barbosa
                                                  Cássio Sader e Ediane do Monte
 Assistentes de Produção

      Produção (2009)                                 Associação Virgo Cultural
    Produção (Filmagem
                                                            Sheila Gomes
      Complementar)
 Assistentes de Produção                  Daniela Floquet, Dicinho, Luciana Vasconcelos e
(Filmagem Complementar)                                    Milena Raynal
    Fotografia e Câmera                                      Vito Diniz
    Fotografia e Câmera
                                                         Pedro Semanovchi
       Complementar
 Assistentes de Fotografia             Rômulo Drumond, Vicenti Sampaio e Celso Campinho
  Assistente de Câmera                                          Dão
       Steadycam                                           Paulo Hermida
       Montagem                            Roberto Pires, Fiorella Amico e Marcos Povoas
Assistente de Montagem                           Roque Araújo e Paula Damasceno
          Som                                              Timo Andrade
   Som Complementar                      Nicolas Hallet, Simone Dourado e Ana Luiza Penna
     Direção de Arte                            José Walter Lima e Wilson D’Argollo
       Maquiagem                                 Wilson D’Argollo e Marie Trauront
   Pinturas e Desenhos                                    Trípoli Gudenzzi
        Animação                                           Caó Cruz Alves
  Preparação de Elenco                            Deusi de Magalhães e Júlio Goés


                                                      www.antonioconselheiroofilme.com.br
Geraldo “Beatinho”, Ajurimar, Marinaldo Nunes, Roque Carvalho, Célia
                                  Valadares, Celice Valadares, Adriana, Neusa, Clara Vasconcelos, Marília
        Participação             Valadares, Rosa Leiro, Paulo Antônio, Vera Leonelli, Marília Miranda, Peti,
                                                   Iackson, Hayalla, Aleluia Simões, Rose

    Fotos e digitalização                                  Claudiomar Gonçalves
 Produção de pós-produção                                      Sheila Gomes
Finalização de pós-produção                              Cinema Produções Digitais
 Supervisão de color grading                    Telecine On Line HDSR e Márcio Pasqualino
          Coloristas                             Márcio Pasqualino e Fernando Lui Latorre
  Gerente de pós-produção                                       Zeca Daniel
        Atendimento                                             Andrea Nero
          Telecine                                 Fernando Lui Latorre e Adonias Dantas
           Smoke                                       Marcelo Cois e Mario Cassiano
        Film recorder                                          Uilian Mendes
       Suporte técnico                                         Thiago Cabral
          Final Cut                                            Clayton Viana
         Laboratório                                            Mega Color
      Supervisão geral                                          David Trejo
  Gerente de atendimento                                         Sylvia Levy
Assistentes de atendimento                           Regiane Cruz e Claúdia Anaya Reis
  Supervisão de revelação                                     Jony H. H. Sugo
   Supervisão de transfer                                   Joaquim R. Santana
Assistente superv. de transfer                               Reginaldo Veloso
 Coordenação de produção                                      Jony H. H. Sugo
         Montagem                                Paulo Ferreira e Wanderley Gomes da Cruz
 Operador de color analyser                                   Nório Oshikawa
    Pós-produção de som                                         Estúdio Base
     Supervisão de som                                     Eduardo Joffily Ayrosa
          Mixagem                                               Beto Neves
       Edição de Som                                              Alex Reis
       Ruídos de Sala                                           Lucas Uscal
          Tradução                                            Mollie Cerqueira
        Legendagem                                      Zilah Azevedo e Fábio Rocha
                                  “Zabumba” (Banda de Pífanos de Bendengó), “Modas: O Velho Kaimbé”
          Músicas                (Massacará – Euclides da Cunha), “Lamentação e Disciplina” (Penitentes de
                                  Xique – Xique), Presto – Concerto nº 2 (Vivaldi), “Allegro – Concerto nº3“

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(Vivaldi), “Reis do Deus Menino” (Reis de Egídio – Andaraí), “Requiem
                      Sequentia – Rex Tremendae” (Wolfgang Amadeus Mozart), “Sanctus”
                     (Wolfgang Amadeus Mozart), “Prelúdio” (Liszt), “Fuga Sobre o Nome de
                       Bach” (Liszt), “Esmola do Divino Espírito Santo” (Folia de Marcolino –
                      Barreiras), “Sagração da Primavera” (Igor Strawinsky), “Don Giovanni”
                 (Wolfgang Amadeus Mozart), “Dansa Brasileira” (Camargo Guarnieri), “Dansa
                  Negra” (Camargo Guarnieri), “Lenda do Caboclo” (Heitor Villa-Lobos), “Baião
                  do Espaço” (Zé do Pife), “Bachianas nº 4” (Heitor Vila-Lobos), “Choros nº 10”
                 (Heitor Vila-Lobos), “Canudos Não Se Rendeu” (Carlos Pita), “Sinos” (Mosteiro
                                          De São Bento – Salvador / Bahia)
                 DIMAS, IRDEB, DOCDOMA Filmes, BA do Brasil, Estúdio Base, povo de
                 Crisópolis, povo de Chorrochó, povo de Monte Santo, povo de Canudos,
                 Megacolor, Estúdio Mega, Helena Martinho da Rocha, Fábio Paes, Bernard
                 Attal, Diana Gurgel, Padre Enoch, Oleone Coelho Fontes, Prof. José
Agradecimentos   Cesalasans (in memorian), Roque Araújo, Miguel Littin, Silvia Levy, José
                 Augusto Barreto (in memorian), Chico Liberato, Raul Moreira, Vovô (Ilê Ayê),
                 Ivan Mariotti, Lula Queiroz (in memorian), Selma Nunes, José Umberto Dias,
                 David Trijo, Strawalde, Michael Müller, Pola Ribeiro, D. Emanuel D’able do
                 Amaral, Profº Manoel Barros, Dom Gregório da Paixão




                                           www.antonioconselheiroofilme.com.br
ELENCO PRINCIPAL



Carlos Petrovich ............................................................. Antônio Conselheiro

Harildo Deda ................................................................... Barão de Canabrava

Leonel Nunes ..................................................................... Eculides da Cunha

Chico Drumond .................................................................. Pageú

Alvaro Guimarães ....................................................... Coronel Moreira Cesár

Wilson Melo ..................................................................... Governador




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SINOPSE


ANTÔNIO CONSELHEIRO - O TAUMATURGO DOS SERTÕES é o encontro de Antônio
Conselheiro, ressurgindo nos sertões da Bahia, com seu próprio mito no imaginário
popular. O filme é uma metáfora sobre os sertões, uma epopeia sobre a guerra de
Canudos.

O filme se desenvolve seguindo duas linhas: a do sagrado ou apostolado, e a da
campanha militar. A confluência dessa narrativa se dá no reencontro dos mitos do Cel.
Moreira Cezar e do Antônio Conselheiro, o primeiro como Anticristo e o segundo
como Iluminado.

Em comum ambos têm a morte, que os transformou em mito no imaginário popular,
tal como o Demônio e o Santo. Um vive pelo outro. Ambos morrem, mas o mito,
atemporal, sobrevive.




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HISTÓRICO DO FILME


As primeiras imagens deste filme foram realizadas com o ator Carlos Petrovich (Idade
da Terra, Glauber Rocha) no final de 1987. Após três anos de espera o projeto foi
aprovado e, quando a primeira parcela dos recursos foi liberada, o governo Collor de
Melo a confiscou.

Em seguida, uma tragédia se abateu sobre o cinema brasileiro com a extinção da
Embrafilme. Os recursos confiscados foram liberados em 18 parcelas, o que resultou
em um grande prejuízo para produção do filme. Além disso, um incêndio ocorrido no
inicío da década de 90 consumiu 40% dos negativos e 100% do som original.

O processo de finalização do filme foi retomado em 2009 através de uma imensa
garimpagem e restauração do material de áudio e vídeo. Foram necessários o
emprego de soluções criativas e a realização de filmagens complementares para enfim
deixar pronto esse longa-metragem que documenta um importante momento da
história do Brasil.




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Reflexões sobre o filme Antonio Conselheiro –
                                        O Taumaturgo dos Sertões


Por José Walter Lima (diretor e roteirista)




Após a conclusão do filme “Antonio Conselheiro – O Taumaturgo dos Sertões” comecei a fazer uma
análise crítica, e cheguei à conclusão que é muito difícil fazer um filme-ensaio. Porque o filme
experimental já nasce estigmatizado, rejeitado. Normalmente existe um preconceito e uma má
vontade para com esse tipo de produção. Atualmente é quase um suicídio realizar um filme de arte.


Antes nós tínhamos a censura da ditadura, hoje nós temos a censura de mercado e dos festivais, que
exigem um padrão dentro dos parâmetros estabelecidos pela cultura mainstream, que não aceita a
desconstrução da narrativa convencional. Nesse momento do cinema de mercado o “Conselheiro”
está indo na contra-mão do sistema, está na contra-corrente. Isso porque ele foi concebido para ser
poético, filosófico, pictórico, imagético e reflexivo, dando ênfase na cor (cinema - pintura) e na trilha
sonora, como elementos fundamentais para a funcionalidade dramática.


A construção de uma estrutura não convencional exige uma desconstrução narrativa
experimentalista, através de uma proposta vanguardista que incorpora vários elementos de outras
linguagens, agregando sentimento e emoção para tentar uma sinestesia entre o autor e o
espectador. A pulsação obsessiva é expressada através do imaginário popular e do erudito, do
realismo e do delírio.




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Delírio conceitual relativo à criatividade, construído com diferenças significativas de ismos e com
uma atmosfera onírica entre os limites da ficção e a realidade. Dessa forma repudiando cenários
caros e artificiais, com um elenco de atores profissionais e amadores, e uma equipe mínima, com
uma montagem circular e recorrente, recorrendo ainda a narração em off.


Solucionamos uma complexidade estrutural, onde através de uma pós-produção criativa resultou um
produto diferente da mesmice atualmente imposta pelo mercado.


Foi dentro dessa concepção que foi realizado o filme “Antonio Conselheiro – O Taumaturgo dos
Sertões”. Ele foi construído através de uma plasticidade alquímica. Diversas dificuldades foram
superadas na produção do filme, como o confisco dos recursos pelo Plano Collor, a extinção da
Embrafilme, e a perda de grande parte dos materiais de imagem e som. Passaram-se 23 anos, o que
quase levou a perda do sentimento inicial. Mas a força do pensamento voltou sintonizada com toda
a criação, e então foi retomado nessa película o mesmo ímpeto.


Tudo isso culminou num outro projeto, num outro direcionamento para suprir as deficiências do
material reduzido. Foi necessário colocar a imaginação, a inventividade, associando o que eu
denomino de “soluções criativas” para se conseguir chegar a uma combinação, a uma costura, um
ensaio. Uma expressão com diversas derivações e influências, mas com uma grafia e estilo próprio.


Partindo desse princípio foram utilizadas várias linguagens para dar concretude a essa dramaturgia,
para isso foi necessário usar elementos de vários “ismos” e segmentos artísticos, tais como a
teatralização, o cromatismo pictórico, o uso da música de uma maneira polifônica, um desenho de
sons e ruídos compatível ao drama. A junção de tudo isso gerou uma dramatização singular, fora
dos padrões convencionais. Dando uma roupagem barroca e delirante. Uma estrutura audiovisual
que fugisse da sintaxe griffithiana, mais próxima da estética da fome. Na premissa de que com
recursos escassos pode-se fazer um filme rigoroso e decente.



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O “Antonio Conselheiro” foi também pensado como uma ópera visual, uma ópera sertaneja, uma
fantasia leiga de um discurso messiânico popular. Agregado ainda a uma plasticidade e a um discurso
interior expressado através de uma composição que sintetiza uma orquestração, um pensamento
lógico entrelaçado a um contexto emocional. Uma peça imagética composta de várias partituras:
música, teatro, pintura, poesia, literatura, fotografia. Uma síntese audiovisival com os três gêneros
do cinema: ficção, documentário e animação.


Isso se transformou num mosaico delirante dessa epopeia mitológica. A dramaturgia dos sertões
com um distanciamento brechtiniano. Para compor o personagem do ator Carlos Petrovich,
recorremos à gestualidade eisensteiniana, ao expressionismo alemão e a teatralidade
shakespeariana, incorporado a tudo isso a retórica barroca baiana.


Este filme retrata a tragédia republicana que exterminou o Cristo do terceiro mundo. O Cristo
revolucionário e apocalíptico que lutou até o fim ao lado dos seus seguidores. Pregava num tom
incisivo e sem complacência para com seus opressores. O Cristo da ressurreição e não o crucificado
na cruz da Igreja Católica. O mito que ficou no imaginário popular, retratado por Euclides da Cunha,
o nosso Homero.




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Antônio Conselheiro, o Jesus Cristo brasileiro

Por Gilberto Felisberto Vasconcelos (Sociólogo, jornalista e escritor)



José Walter Lima fez um filme corajoso e inventivo sobre a medula da civilização brasileira: Antônio
Conselheiro.


Canudos está no ser e não ser da nossa gente. Ou todo mundo sobe socialmente e se dá bem, ou
vamos todos para o tombo. A metáfora mar/sertão transcende a localização geográfica, por isso está
na literatura de Euclides, de Rosa e no cinema de Glauber Rocha, de onde procede a inteligência
imagética de Carlos Petrovich.


O ator que faz Conselheiro é extraordinário, sua atuação já seria um esplendor somente andando,
mas é também fala, verbo, discurso, pois quem tirou Cristo da cruz para convertê-lo em Cristo vivo
irado foi Antonio Conselheiro. O filme de Waltinho faz jus a esta verdade histórica tecida na beleza
da arte.




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Antonio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões

Por André Setaro (Crítico de cinema)




“Antonio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões”, primeiro longa metragem de José Walter Lima,
não é uma obra cinematográfica para ser apreciada por quem procura os modelos tradicionais da
narrativa fílmica. É um filme que se situa em outros parâmetros de construção, rasgando o evoluir
dramático griffithiano (de David Wark Griffith, pai da narrativa clássica com O nascimento de uma
nação/The birth of a nation, 1914), para se situar como filme-poema, discurso apoteótico, e barroco,
em torno de Antonio Conselheiro. Há influências diversas na concepção da mise-en-scène de José
Walter Lima e, entre elas, a do cinema-poesia, de Pier Paolo Pasolini, e, principalmente, os brados
retumbantes do discurso glauberiano.


O filme começou a ser rodado há mais de vinte anos, mas circunstâncias de ordem econômica
determinaram-lhe a paralisação. Somente no ano passado, o autor resolveu tentar solucionar os
obstáculos, para, aproveitando o material já filmado, dar a seu trabalho um acabamento final.
Inconcluso há décadas atrás, Walter Lima precisou filmar novas cenas com a finalidade de concluir o
longa. Várias dificuldades, porém, se interpuseram, como o fato de vários atores já terem morrido
durante o período, inclusive Carlos Petrovich, que faz o papel principal, o de Antonio Conselheiro. E
Álvaro Guimarães, o Moreira César, entre outros.


Na apreciação de “Antonio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões”, nota-se diferenças na qualidade
da fotografia, pois o desgaste pelo tempo tirou as características originais da iluminação de Vito
Diniz (que também já faleceu). Há, portanto, um contraste entre o que foi filmado no pretérito e o




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que foi filmado no presente. À primeira vista, o fato poderia prejudicar a uniformidade da obra,
constituindo-se num defeito de estrutura, todavia o default se transforma em estética. Mas o
discurso apoteótico, no entanto, não enfatiza verossimilhanças no corpus estrutural, mas solicita,
inclusive, a fragmentação de sua narrativa que pode ser lida em três níveis: a história em si de
Antonio Conselheiro massacrado pelas tropas do exército; a collage de fragmentos diversos numa
perspectiva mais de retórica do que de lógica; e, também, num subtexto, a exaltação da memória
como elo não perdido e, por extensão, a memória de um tempo que excede o da ação para se
encontrar um tempo da história do próprio processo de criação cinematográfico do cinema baiano.


A utilização do cinema de animação na descrição das batalhas, por exemplo, dá uma ideia da
estrutura de “Antonio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões”, como uma estrutura fragmentária, e,
com isso, desloca o centro nevrálgico do discurso da opacidade em função da transparência. O autor
não se intimida com a urgência do brado, e, no seu filme, a estrutura da fragmentação dá o tom da
irrealidade para que a retórica prevaleça sobre os conflitos básicos e se estabeleça uma poética: a
poética que é específica do cinema. O tênue limite que separa o documentário da ficção se parte,
estilhaça-se, e, por assim dizer, explode na narrativa do filme, mais acentuada de um propósito
poético-retórico do que propriamente descritivo.


O espectador que não está acostumado a um cinema de poesia pode até recusar, a princípio, as
diretrizes da mise-en-scène de “Antonio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões”. E não seria, por
acaso, um filme dentro do filme? Há, neste particular, uma metalinguagem que se faz sentir na
história de Canudos e no processo de criação do filme. Na evocação do mitológico Conselheiro, José
Walter Lima procede a uma espécie de delírio de imagens e sons. E confirma, neste tour de force, a
assertiva de que o cinema é uma estrutura audiovisual.




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Há muitas décadas no batente cinematográfico, José Walter Lima é um homem de mil instrumentos,
pois, além de realizador, é produtor cultural e cinematográfico (é o principal organizador do
Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual), produziu, em parceria, um filme internacional,
Ilha Dawson, do chileno Miguel Littin, exerceu, durante muito tempo, a coordenação do DIMAS da
Fundação Cultural do Estado da Bahia e, justiça se lhe faça, na sua melhor fase. No campo
estritamente cinematográfico, o de fazer filmes, escreveu vários roteiros com seu amigo e parceiro
Carlos Vasconcelos Domingues (de saudosa memória) e realizou, solo, “O alquimista do som”
(documento raro sobre o músico de vanguarda Walter Smetak), “Nós, por exemplo”, entre outros. O
filme sobre Canudos começou como uma proposta de média metragem, “O império do Belo Monte”,
que se estendeu como um longa.


Há, também, em “Antonio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões”, uma plástica da imagem que
desenvolve a temática por meio de uma profusão de cores, de grafites, de desenhos, de materiais
diversos, em suma, aos termos da ação propriamente dita. A montagem, como já foi referida, segue
o princípio da collage. E o espírito do Conselheiro permanece vivo nas imagens compostas pelo
cineasta José Walter Lima.




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A Linguagem em Chamas

Por José Umberto (Cineasta)



O sertão vira cinema quando bate na tela Antônio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões de José
Walter Lima. Um filme que invade a veia de sangue e faz sua âncora na praia do coração. O cineasta
opta pelo ensaio. A ficcionalização da circunstância histórica é o emblema cuja linguagem se inclina
ao plano mítico. E aí a perspectiva do real ganha contornos elípticos de montagem de atração e seus
específicos sob a força telúrica da magia que nasce da cultura popular sertaneja. É o barroquismo
baiano na expressão de bárbaro em sintonia pictórica com a retórica pastoril. E em sendo, também,
o paroxismo da guerra patética com a couraça do misticismo: política e fé.

O cinema de José Walter Lima rompe com o glamour da sociedade de espetáculo. Para mergulhar à
fundo numa anti-narrativa que desmistifica a epopéia. Nada de grandiloqüência. Importa tecer o fio
das contradições históricas sem recorrer à retórica vazia. Mas sim percorrer o épico-didático similar
à espontaneidade da poética de cordel. O mito popular originando-se de um imaginário com o
corolário direto da geografia da fome. Num ritmo cinematográfico de abundância metafórica gerada
no grito da terra. Uma sinfonia de imagens dodecafônicas brotada na autenticidade do conflito
coletivo: a origem do regime republicano sob a sombra em negativo de genocídio.

Um cinema de sensibilidade, à flor da pele. Uma linguagem que não racionaliza o caos social. Nem
silencia diante da injustiça. Antônio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões decide-se pela denúncia
sem a deselegância do panfleto. Por que acredita no cinema de poesia. José Walter Lima se inquieta
com a câmera em espasmo, com uma arquitetura de palavras, com os cortes melódicos, com a
sonoridade plástica dum sertão que rompe a moldura da tela cinematográfica. Há qualquer explosão
inconformista/instintivo-criadora que aponta para além do horizonte em brasa. Uma forma artística
gestada no desejo de expandir o real. E alcançar a fantasmagoria hiperbólica de uma civilização
incompleta. De uma comunidade sertaneja incompreendida. De uma vergonha nacional que não se
apaga nem com fogo e ferro tampouco com água.

A carpintaria do movimento
Um cinema que só se apreende pela insuperável roda da paixão. Numa sede de comunicar/dialogar
sob o signo da iluminação. Onde cada fotograma obedece à alquimia da imaginação como
propulsora construtivista. A elaboração da matriz vai à fonte histórico-literária, sobretudo alicerçada




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no verbo numinoso de Euclides da Cunha e na arqueológica verve ibérica/armorial dos versos
cordelescos, para em seguida estruturar-se na carpintaria rítmica da montagem vibratória. E é a
partir desse princípio estético de associações, superposições, sinestesias e embates de signos que o
filme baiano de José Walter Lima se afirma na muralística dos 24 quadros por segundo. Enquanto o
espectador vai sendo tomado pela personalidade mítica do Conselheiro de Canudos
(admiravelmente encarnado pelo saudoso ator Carlos Petrovich, numa interpretação que eu diria
científico-sentimental insuperável do taumaturgo cearense que sintetiza as perplexidades do
oprimido). Esse itinerário cinematográfico exprime a dimensão do sofrimento pautada no êxtase da
catarse. Quando então a dor humana recebe a clarividência da purificação: aquela senda
incomensurável do “forte” de espírito. O risco fosforescente da História como memória física e como
presença da fé. São camadas heróicas, traumáticas e sublimes transubstanciadas na velocidade
tempo-espacial do cinema. O lirismo das individualidades e o trágico do coletivo elaborados na
alquimia artística primada na fidelidade ao passado com vistas à consciência do presente. Embora se
destaque a energia telúrica de um povo que vibra na nervura da caatinga.

O filme apalpa a ferida. Estabelece-se o grau do trauma. O escritor amadurece no front. A política se
alimenta da demência ideológica. O militar burocrático-técnico admite a derrota diante da guerrilha
ecológica. O sertanejo revela a sua face oculta por trás de uma pirâmide de cactos. O regionalismo
desvela o sincretismo pancontinental. E o Brasil se defronta com o abismo. Pois a morte não salva. E
então os fantasmas desfilam na tela com a granulação pictórica da fotografia de Vito Diniz que é
subliminar da contextualização do conflito civilizatório. Nada de espetacularização. José Walter Lima
assume o despojamento da deslinearidade crítica como suporte do autêntico. Rasga-se desse modo
o véu do pastiche grotesco em favor da expressão da paisagem autóctone que se elastece
brandamente entre a foto de grão e a foto dourada de Pedro Semanovschi. Com o reforço de uma
postura de humildade. Num gestual de solidariedade que transcende ao patamar ético.

Um cinema, portanto, comprometido com a alteridade. Já que o Cinema é o Outro.

Vê-se na diferença o respeito ao princípio de igualdade. Sendo Canudos a cidadela de um aceno à
integridade: o símbolo da resistência até a última gota de sangue no solo seco e lascado pela
ausência da chuva. Antônio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões de José Walter Lima resgata o
código de honra de uma comunidade camponesa que soube defender sua fronteira com o pathos do
destemor. E o seu discurso evangélico de couro cru, incrustado em hierática autodeterminação e
vertical autodisciplina moral, ainda se constitui num desafio à nossa compreensão plena. Persiste um
quê de vácuo no significante de sua gestalt analfabeta. Pois o seu estilo de “luta” deixa várias lacunas




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de dúvida e interrogação. E o filme enfatiza esse mistério, embora sinalize para a nossa cumplicidade
diante dos erros acumulados. Canudos insiste com a mácula ou nódoa de caju na alma. Com o
desencanto. E a vergonha pelo massacre com degola: o cinema é testemunha.

A fábula do vulcão
A práxis da profecia justaposta à montagem de fotogramas exacerbados. O milenarismo onírico
equilibrado na câmera de raiz. Fato dialético paralelo à fenomenologia social. Daí que a linguagem
do filme de José Walter Lima embala-se pelo prisma da expansão, na amplidão do universo.
Flagrando o ritmo cósmico na latitude do nacional-popular. Numa reflexão, numa respiração, numa
transpiração e numa intuição fílmicas aonde se possibilite atingir o núcleo da conflagração do
arcaísmo redentor de um cristianismo catecúmeno áspero. Jogo de pontos de vista: o taumaturgo e
o cineasta se defrontam em ações simultâneas. Superando-se a subjetividade para o ingresso no
macrocosmo do arquétipo. Um vôo rasante na intemporalidade que pinta as rebarbas do alvorecer
transcendental da fábula tosca. Com uma energia entrópica que brota do vulcão da coletividade
desejante. Esse fogo fátuo incondicional na iminência do êxtase místico. Ou a crescente ânsia da
independência em correspondência ao ímpeto sagrado da salvação. São circunstâncias em ebulição
contínua: o samsara em transe.
E o cinema, que também é movimento permanente, registra com acuidade o lance meteórico desse
peregrino solitário que arrebata a multidão assombrada. Num magnetismo de massa que oscila da
exaltação irracional à depressão neurastênica. Num crescendo de confronto entre o sertão e a praia.
Ao passo que a visão afasta-se do litoral de coqueiros e se embrenha no interior inóspito de
vegetação rala. Desloca-se o eixo em panorâmica cinematográfica que busca frisar o campo
inusitado. Enquadra-se então a antiga luminosidade abrupta deixada no céu pelo impacto tenebroso
do meteorito de Bendengó na caatinga. Somos envolvidos nessa dinâmica que exige a construção de
uma nova linguagem inspirada nos eventos inesperados e insuspeitos.

Uma câmera no sertão e todo o sentimento do mundo. Para uma tela que se vislumbra.




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SOBRE O DIRETOR


Cineasta, produtor e artista plástico, foi um dos fundadores do Grupo Experimental de Cinema da
Bahia em 1965, uma iniciativa coletiva de cineastas com o objetivo de dinamizar a produção
cinematográfica baiana.

Foi assistente de direção de diversos filmes como "O Ferroviário" (1966), de Ronaldo Senna;
"Cachoeira" (1967), de Ney Negrão; "Meteorango Kid" (1969), de André Luis de Oliveira; e também
da novela "Gabriela" (1974).

Entre 1972 e 1974, em parceria com Guilherme Araújo, produziu apresentações de Caetano Veloso,
Gal Costa, Gilberto Gil, Luís Melodia, Jorge Mautner e Jards Macalé pelo Brasil.

Como diretor assinou documentários e ficções, entre eles os filmes "Os Índios Cariris" (1971); "O
Alquimista do Som" (1976); "Nós Por Exemplo", (1978); "Brasilienses" (1984); "Pelourinho" (1986);
"Dom Timóteo Amoroso Anastácio" (1992); "Sante Scaldaferri a Dramarturgia dos Sertões" (1999);
“Um Vento Sagrado” (2001); “Oropa, França e Bahia” (2007); e "Antônio Conselheiro - O Taumaturgo
dos Sertões" (2010).

Foi assistente de direção em produções estrangeiras como o italiano "O Cangaceiro" (1970), de
Giovanni Fago; e o norte-americano "The Sandpit Generals" "Capitães da Areia" (1972), de Hal
Bartlett. Em 2009 co-produziu o longa chileno "Dawson Isla 10", de Miguel Littin, selecionado para o
Festival de Roma.

Desde 1989 trabalha na sua produtora e distribuidora VPC Cinemavídeo, produzindo filmes e vídeos
institucionais. Com uma visão dinamizadora, em 2005 idealizou o Seminário Internacional de Cinema
e Audiovisual, um evento que já teve sete edições realizadas em Salvador, voltado para quem faz e
pensa o cinema e o audiovisual.




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Realizações em cinema e vídeo


   Técnico de som do filme “O Carvoeiro” de Ney Negrão, produção do Grupo Experimental de
    Cinema da Bahia – GECIBA, 1965.
   Assistente de direção do filme “O Ferroviário” de Ronaldo Senna, produção do GECIBA, 1966.
   Assistente de direção do filme “Cachoeira” de Ney Negrão, produção GECIBA, 1967.
   Assistente de direção do filme "Meteorango Kid", longa metragem de André Luís Oliveira,
    1969.
   Assistente de direção do filme "O Cangaceiro", longa metragem de produção italiana, direção
    de Giovanni Fago, 1970.
   Assistente de direção do filme "Capitães de Areia" longa metragem de produção americana,
    1972.
   Direção de "Os Índios Cariris", filme documentário sócio-antropológico sobre a tribo dos
    índios cariris de Mirandela/Bahia, 1971.
   Assistente de direção da novela "Gabriela" - TV Globo/ Rio de Janeiro, 1974.
   Direção de "O Alquimista do Som", filme ensaio -documentário sobre o musicólogo Walter
    Smetak, direção de fotografia de Mario Cravo neto, 1976.
   Direção de "Nós Por Exemplo", filme curta metragem de ficção, direção de fotografia de
    Mario Cravo Neto, 1978.
   Direção de "Brasilienses", vídeo-ensaio sobre a cultura brasileira, direção conjunta com
    Carlos Vasconcelos Domingues, direção de fotografia de Marco Maciel, 1984.
   Direção de "Pelourinho" vídeo documentário, direção conjunta com Carlos Vasconcelos
    Domingues, direção de fotografia de Vito Diniz, 1986.
   Direção de "Dom Timóteo Amoroso Anastácio", vídeo documentário, direção de fotografia de
    Vito Diniz, 1992.



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   Produção e direção de diversos vídeos institucionais realizados pela VPC Cinemavídeo - de
    1990 a 1996, dentre eles destaca-se "Amar, amar", vídeo musical ficção sobre a AIDS.
   Direção de "Sante Scaldaferri, a Dramarturgia dos Sertões" vídeoarte sobre a obra do artista
    plástico Sante Scaldaferri, produzido pelo MAM - Museu de Arte Moderna da Bahia, direção
    de fotografia de Mario Cravo Neto, 1999.
   Direção de “Um Vento Sagrado”, documentário sobre o olwô de candomblé Agenor Miranda
    Rocha, direção de fotografia de Mario Cravo Neto, 2001.
   Direção de “Oropa, França e Bahia” (filme digital). 2º lugar no Festival do Filme Celular –
    Bahia, 2007.
   Co-produtor do filme “Dawson Isla 10” de Miguel Littin, co-produção Chile/Brasil, 2009.
   Direção de "Antonio Conselheiro - o Taumaturgo dos Sertões”, Brasil, 2010.




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Principais atividades em artes plásticas


Mostras Individuais:

      1996 - Casa do Brasil - Madri, Espanha
      1999 - Associazione Culturale "Marcello Rumma – Roma, Itália
      2001 - Galeria Prova do Artista - Salvador, Bahia
      2001 - Ana Cláudia Roso - Escritório de Arte, São Paulo
      2002 - Espaço Cultural Eliane - Salvador, Bahia
      2004 - GOETHE–INSTITUT (participação especial do poeta e músico Jorge Mautner) -
       Salvador, Bahia
      2004 - Museu de Arte de Brasília (participação especial do poeta e músico Jorge Mautner)–
       Brasília, Distrito Federal.
      2005 - Galerie Forum Berlin am Meer - Berlim, Alemanha
      2005 - Embaixada do Brasil na Alemanha – Berlim, Alemanha



Exposições Coletivas:

      1993 - Fundação Mokiti Okada - Salvador, Bahia
      1995 - I Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu de Arte Moderna da Bahia
      1995 - Artistas baianos no SEBRAE (organizada pelo Museu de Arte Moderna da Bahia) -
       Salvador, Bahia
      1996 – Bienal do Recôncavo
      1997 - Sete Artistas Contemporâneos Baianos (organizada pelo Museu de Arte Moderna da
       Bahia) - Central Hispano 20, Barcelona, Espanha




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   1998 - Terza Edizione Festival Sguardi il Terzo Millennio Torri D'Avvistamento - Comune di
       Tuscania, Itália
      2001 - Moseo Aldo Brandini - Frascatti, Itália
      2007 - Museu Afro Brasil (Viva Cultura Viva do Povo Brasileiro), São Paulo
      2008 – 100 artistas. Museu de Arte Contemporânea de Feira de Santana, Bahia
      2008 – Galerie Beyer – Três artistas brasileiros: Mario Cravo Neto, Manfredo Souza Neto e
       Walter Lima - Dresden, Alemanha



Obras em acervo:

      Casa do Brasil, Madrid, Espanha
      Museu da Cidade do Salvador, Bahia, Brasil
      Secretaria de Cultura e Turismo do Estado da Bahia, Brasil
      Fundação Dannemman, Bahia, Brasil
      Galeria Prova do Artista, Bahia, Brasil
      Galeria Paulo Darzé, Bahia, Brasil
      Coleções Particulares: Sonia Draibe, Gilberto Salvador, Marcos Truyjo, Emanoel Araujo (São
       Paulo, Brasil), Paola Zugaro, Luigi Maccella, Elio Rumma (Itália) George Gund (USA), Strawalde
       (Alemanha), Partido Verde (Alemanha), Michael Muller, Gunter Baby Sommer.




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  • 1. ANTONIO CONSELHEIRO O TAUMATURGO DOS SERTÕES Um filme de José Walter Lima Duração: 86’ Classificação Indicativa: 12 anos Locação: Canudos, Monte Santo, Crisópolis, Chorrochó e Salvador Produção: 2010 www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 2. Contato para informações: VPC Cinemavídeo Produções Artísticas Rua Marechal Floriano, nº 28, sala 203 CEP: 40 1110 – 010 Tel: 55 71 3018-0042/0043 / 8768-2734 E-mail: vpc@vpccinemavideo.com.br Salvador – Bahia – Brasil www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 3. s Ficha Técnica ............................. 4 Elenco Principal ............................. 7 Sinopse ............................. 8 Histórico do filme ......................... 9 Reflexões sobre o filme, por José Walter Lima ........ 10 Antônio Conselheiro: o Jesus Cristo brasileiro, por Gilberto Vasconcelos ....... 13 Antonio Conselheiro: o taumaturgo dos sertões, por André Setaro ................ 14 A linguagem em Chamas, por José Umberto ............................. 17 Sobre o diretor ............................. 20  Realizações em cinema e vídeo ............................. 21  Principais atividades em artes plásticas ............................. 23 www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 4. FICHA-TÉCNICA Direção José Walter Lima Co-direção Carlos Vasconcelos Domingues Argumento e Roteiro José Walter Lima e Carlos Vasconcelos Domingues Produção Executvia Chico Drumond e Alberto Luiz Viana Carlos Petrovich, Harildo Deda, Leonel Nunes, Wilson Melo Álvaro Guimarães, Chico Drumond, Haidil Linhares, Passos Neto, Iami Elenco Rebouças, Ari Barata, Bertrand Duarte, Júlio Goés, Alberto Luiz Viana, Jorge Gaspari, Nilson Mendes e Antônia Adorno Povo de Crisópolis, povo de Canudos, povo de Chorrochó e povo de Monte Participação Especial Santo Produção Neusa Barbosa Cássio Sader e Ediane do Monte Assistentes de Produção Produção (2009) Associação Virgo Cultural Produção (Filmagem Sheila Gomes Complementar) Assistentes de Produção Daniela Floquet, Dicinho, Luciana Vasconcelos e (Filmagem Complementar) Milena Raynal Fotografia e Câmera Vito Diniz Fotografia e Câmera Pedro Semanovchi Complementar Assistentes de Fotografia Rômulo Drumond, Vicenti Sampaio e Celso Campinho Assistente de Câmera Dão Steadycam Paulo Hermida Montagem Roberto Pires, Fiorella Amico e Marcos Povoas Assistente de Montagem Roque Araújo e Paula Damasceno Som Timo Andrade Som Complementar Nicolas Hallet, Simone Dourado e Ana Luiza Penna Direção de Arte José Walter Lima e Wilson D’Argollo Maquiagem Wilson D’Argollo e Marie Trauront Pinturas e Desenhos Trípoli Gudenzzi Animação Caó Cruz Alves Preparação de Elenco Deusi de Magalhães e Júlio Goés www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 5. Geraldo “Beatinho”, Ajurimar, Marinaldo Nunes, Roque Carvalho, Célia Valadares, Celice Valadares, Adriana, Neusa, Clara Vasconcelos, Marília Participação Valadares, Rosa Leiro, Paulo Antônio, Vera Leonelli, Marília Miranda, Peti, Iackson, Hayalla, Aleluia Simões, Rose Fotos e digitalização Claudiomar Gonçalves Produção de pós-produção Sheila Gomes Finalização de pós-produção Cinema Produções Digitais Supervisão de color grading Telecine On Line HDSR e Márcio Pasqualino Coloristas Márcio Pasqualino e Fernando Lui Latorre Gerente de pós-produção Zeca Daniel Atendimento Andrea Nero Telecine Fernando Lui Latorre e Adonias Dantas Smoke Marcelo Cois e Mario Cassiano Film recorder Uilian Mendes Suporte técnico Thiago Cabral Final Cut Clayton Viana Laboratório Mega Color Supervisão geral David Trejo Gerente de atendimento Sylvia Levy Assistentes de atendimento Regiane Cruz e Claúdia Anaya Reis Supervisão de revelação Jony H. H. Sugo Supervisão de transfer Joaquim R. Santana Assistente superv. de transfer Reginaldo Veloso Coordenação de produção Jony H. H. Sugo Montagem Paulo Ferreira e Wanderley Gomes da Cruz Operador de color analyser Nório Oshikawa Pós-produção de som Estúdio Base Supervisão de som Eduardo Joffily Ayrosa Mixagem Beto Neves Edição de Som Alex Reis Ruídos de Sala Lucas Uscal Tradução Mollie Cerqueira Legendagem Zilah Azevedo e Fábio Rocha “Zabumba” (Banda de Pífanos de Bendengó), “Modas: O Velho Kaimbé” Músicas (Massacará – Euclides da Cunha), “Lamentação e Disciplina” (Penitentes de Xique – Xique), Presto – Concerto nº 2 (Vivaldi), “Allegro – Concerto nº3“ www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 6. (Vivaldi), “Reis do Deus Menino” (Reis de Egídio – Andaraí), “Requiem Sequentia – Rex Tremendae” (Wolfgang Amadeus Mozart), “Sanctus” (Wolfgang Amadeus Mozart), “Prelúdio” (Liszt), “Fuga Sobre o Nome de Bach” (Liszt), “Esmola do Divino Espírito Santo” (Folia de Marcolino – Barreiras), “Sagração da Primavera” (Igor Strawinsky), “Don Giovanni” (Wolfgang Amadeus Mozart), “Dansa Brasileira” (Camargo Guarnieri), “Dansa Negra” (Camargo Guarnieri), “Lenda do Caboclo” (Heitor Villa-Lobos), “Baião do Espaço” (Zé do Pife), “Bachianas nº 4” (Heitor Vila-Lobos), “Choros nº 10” (Heitor Vila-Lobos), “Canudos Não Se Rendeu” (Carlos Pita), “Sinos” (Mosteiro De São Bento – Salvador / Bahia) DIMAS, IRDEB, DOCDOMA Filmes, BA do Brasil, Estúdio Base, povo de Crisópolis, povo de Chorrochó, povo de Monte Santo, povo de Canudos, Megacolor, Estúdio Mega, Helena Martinho da Rocha, Fábio Paes, Bernard Attal, Diana Gurgel, Padre Enoch, Oleone Coelho Fontes, Prof. José Agradecimentos Cesalasans (in memorian), Roque Araújo, Miguel Littin, Silvia Levy, José Augusto Barreto (in memorian), Chico Liberato, Raul Moreira, Vovô (Ilê Ayê), Ivan Mariotti, Lula Queiroz (in memorian), Selma Nunes, José Umberto Dias, David Trijo, Strawalde, Michael Müller, Pola Ribeiro, D. Emanuel D’able do Amaral, Profº Manoel Barros, Dom Gregório da Paixão www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 7. ELENCO PRINCIPAL Carlos Petrovich ............................................................. Antônio Conselheiro Harildo Deda ................................................................... Barão de Canabrava Leonel Nunes ..................................................................... Eculides da Cunha Chico Drumond .................................................................. Pageú Alvaro Guimarães ....................................................... Coronel Moreira Cesár Wilson Melo ..................................................................... Governador www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 8. SINOPSE ANTÔNIO CONSELHEIRO - O TAUMATURGO DOS SERTÕES é o encontro de Antônio Conselheiro, ressurgindo nos sertões da Bahia, com seu próprio mito no imaginário popular. O filme é uma metáfora sobre os sertões, uma epopeia sobre a guerra de Canudos. O filme se desenvolve seguindo duas linhas: a do sagrado ou apostolado, e a da campanha militar. A confluência dessa narrativa se dá no reencontro dos mitos do Cel. Moreira Cezar e do Antônio Conselheiro, o primeiro como Anticristo e o segundo como Iluminado. Em comum ambos têm a morte, que os transformou em mito no imaginário popular, tal como o Demônio e o Santo. Um vive pelo outro. Ambos morrem, mas o mito, atemporal, sobrevive. www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 9. HISTÓRICO DO FILME As primeiras imagens deste filme foram realizadas com o ator Carlos Petrovich (Idade da Terra, Glauber Rocha) no final de 1987. Após três anos de espera o projeto foi aprovado e, quando a primeira parcela dos recursos foi liberada, o governo Collor de Melo a confiscou. Em seguida, uma tragédia se abateu sobre o cinema brasileiro com a extinção da Embrafilme. Os recursos confiscados foram liberados em 18 parcelas, o que resultou em um grande prejuízo para produção do filme. Além disso, um incêndio ocorrido no inicío da década de 90 consumiu 40% dos negativos e 100% do som original. O processo de finalização do filme foi retomado em 2009 através de uma imensa garimpagem e restauração do material de áudio e vídeo. Foram necessários o emprego de soluções criativas e a realização de filmagens complementares para enfim deixar pronto esse longa-metragem que documenta um importante momento da história do Brasil. www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 10. Reflexões sobre o filme Antonio Conselheiro – O Taumaturgo dos Sertões Por José Walter Lima (diretor e roteirista) Após a conclusão do filme “Antonio Conselheiro – O Taumaturgo dos Sertões” comecei a fazer uma análise crítica, e cheguei à conclusão que é muito difícil fazer um filme-ensaio. Porque o filme experimental já nasce estigmatizado, rejeitado. Normalmente existe um preconceito e uma má vontade para com esse tipo de produção. Atualmente é quase um suicídio realizar um filme de arte. Antes nós tínhamos a censura da ditadura, hoje nós temos a censura de mercado e dos festivais, que exigem um padrão dentro dos parâmetros estabelecidos pela cultura mainstream, que não aceita a desconstrução da narrativa convencional. Nesse momento do cinema de mercado o “Conselheiro” está indo na contra-mão do sistema, está na contra-corrente. Isso porque ele foi concebido para ser poético, filosófico, pictórico, imagético e reflexivo, dando ênfase na cor (cinema - pintura) e na trilha sonora, como elementos fundamentais para a funcionalidade dramática. A construção de uma estrutura não convencional exige uma desconstrução narrativa experimentalista, através de uma proposta vanguardista que incorpora vários elementos de outras linguagens, agregando sentimento e emoção para tentar uma sinestesia entre o autor e o espectador. A pulsação obsessiva é expressada através do imaginário popular e do erudito, do realismo e do delírio. www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 11. Delírio conceitual relativo à criatividade, construído com diferenças significativas de ismos e com uma atmosfera onírica entre os limites da ficção e a realidade. Dessa forma repudiando cenários caros e artificiais, com um elenco de atores profissionais e amadores, e uma equipe mínima, com uma montagem circular e recorrente, recorrendo ainda a narração em off. Solucionamos uma complexidade estrutural, onde através de uma pós-produção criativa resultou um produto diferente da mesmice atualmente imposta pelo mercado. Foi dentro dessa concepção que foi realizado o filme “Antonio Conselheiro – O Taumaturgo dos Sertões”. Ele foi construído através de uma plasticidade alquímica. Diversas dificuldades foram superadas na produção do filme, como o confisco dos recursos pelo Plano Collor, a extinção da Embrafilme, e a perda de grande parte dos materiais de imagem e som. Passaram-se 23 anos, o que quase levou a perda do sentimento inicial. Mas a força do pensamento voltou sintonizada com toda a criação, e então foi retomado nessa película o mesmo ímpeto. Tudo isso culminou num outro projeto, num outro direcionamento para suprir as deficiências do material reduzido. Foi necessário colocar a imaginação, a inventividade, associando o que eu denomino de “soluções criativas” para se conseguir chegar a uma combinação, a uma costura, um ensaio. Uma expressão com diversas derivações e influências, mas com uma grafia e estilo próprio. Partindo desse princípio foram utilizadas várias linguagens para dar concretude a essa dramaturgia, para isso foi necessário usar elementos de vários “ismos” e segmentos artísticos, tais como a teatralização, o cromatismo pictórico, o uso da música de uma maneira polifônica, um desenho de sons e ruídos compatível ao drama. A junção de tudo isso gerou uma dramatização singular, fora dos padrões convencionais. Dando uma roupagem barroca e delirante. Uma estrutura audiovisual que fugisse da sintaxe griffithiana, mais próxima da estética da fome. Na premissa de que com recursos escassos pode-se fazer um filme rigoroso e decente. www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 12. O “Antonio Conselheiro” foi também pensado como uma ópera visual, uma ópera sertaneja, uma fantasia leiga de um discurso messiânico popular. Agregado ainda a uma plasticidade e a um discurso interior expressado através de uma composição que sintetiza uma orquestração, um pensamento lógico entrelaçado a um contexto emocional. Uma peça imagética composta de várias partituras: música, teatro, pintura, poesia, literatura, fotografia. Uma síntese audiovisival com os três gêneros do cinema: ficção, documentário e animação. Isso se transformou num mosaico delirante dessa epopeia mitológica. A dramaturgia dos sertões com um distanciamento brechtiniano. Para compor o personagem do ator Carlos Petrovich, recorremos à gestualidade eisensteiniana, ao expressionismo alemão e a teatralidade shakespeariana, incorporado a tudo isso a retórica barroca baiana. Este filme retrata a tragédia republicana que exterminou o Cristo do terceiro mundo. O Cristo revolucionário e apocalíptico que lutou até o fim ao lado dos seus seguidores. Pregava num tom incisivo e sem complacência para com seus opressores. O Cristo da ressurreição e não o crucificado na cruz da Igreja Católica. O mito que ficou no imaginário popular, retratado por Euclides da Cunha, o nosso Homero. www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 13. Antônio Conselheiro, o Jesus Cristo brasileiro Por Gilberto Felisberto Vasconcelos (Sociólogo, jornalista e escritor) José Walter Lima fez um filme corajoso e inventivo sobre a medula da civilização brasileira: Antônio Conselheiro. Canudos está no ser e não ser da nossa gente. Ou todo mundo sobe socialmente e se dá bem, ou vamos todos para o tombo. A metáfora mar/sertão transcende a localização geográfica, por isso está na literatura de Euclides, de Rosa e no cinema de Glauber Rocha, de onde procede a inteligência imagética de Carlos Petrovich. O ator que faz Conselheiro é extraordinário, sua atuação já seria um esplendor somente andando, mas é também fala, verbo, discurso, pois quem tirou Cristo da cruz para convertê-lo em Cristo vivo irado foi Antonio Conselheiro. O filme de Waltinho faz jus a esta verdade histórica tecida na beleza da arte. www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 14. Antonio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões Por André Setaro (Crítico de cinema) “Antonio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões”, primeiro longa metragem de José Walter Lima, não é uma obra cinematográfica para ser apreciada por quem procura os modelos tradicionais da narrativa fílmica. É um filme que se situa em outros parâmetros de construção, rasgando o evoluir dramático griffithiano (de David Wark Griffith, pai da narrativa clássica com O nascimento de uma nação/The birth of a nation, 1914), para se situar como filme-poema, discurso apoteótico, e barroco, em torno de Antonio Conselheiro. Há influências diversas na concepção da mise-en-scène de José Walter Lima e, entre elas, a do cinema-poesia, de Pier Paolo Pasolini, e, principalmente, os brados retumbantes do discurso glauberiano. O filme começou a ser rodado há mais de vinte anos, mas circunstâncias de ordem econômica determinaram-lhe a paralisação. Somente no ano passado, o autor resolveu tentar solucionar os obstáculos, para, aproveitando o material já filmado, dar a seu trabalho um acabamento final. Inconcluso há décadas atrás, Walter Lima precisou filmar novas cenas com a finalidade de concluir o longa. Várias dificuldades, porém, se interpuseram, como o fato de vários atores já terem morrido durante o período, inclusive Carlos Petrovich, que faz o papel principal, o de Antonio Conselheiro. E Álvaro Guimarães, o Moreira César, entre outros. Na apreciação de “Antonio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões”, nota-se diferenças na qualidade da fotografia, pois o desgaste pelo tempo tirou as características originais da iluminação de Vito Diniz (que também já faleceu). Há, portanto, um contraste entre o que foi filmado no pretérito e o www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 15. que foi filmado no presente. À primeira vista, o fato poderia prejudicar a uniformidade da obra, constituindo-se num defeito de estrutura, todavia o default se transforma em estética. Mas o discurso apoteótico, no entanto, não enfatiza verossimilhanças no corpus estrutural, mas solicita, inclusive, a fragmentação de sua narrativa que pode ser lida em três níveis: a história em si de Antonio Conselheiro massacrado pelas tropas do exército; a collage de fragmentos diversos numa perspectiva mais de retórica do que de lógica; e, também, num subtexto, a exaltação da memória como elo não perdido e, por extensão, a memória de um tempo que excede o da ação para se encontrar um tempo da história do próprio processo de criação cinematográfico do cinema baiano. A utilização do cinema de animação na descrição das batalhas, por exemplo, dá uma ideia da estrutura de “Antonio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões”, como uma estrutura fragmentária, e, com isso, desloca o centro nevrálgico do discurso da opacidade em função da transparência. O autor não se intimida com a urgência do brado, e, no seu filme, a estrutura da fragmentação dá o tom da irrealidade para que a retórica prevaleça sobre os conflitos básicos e se estabeleça uma poética: a poética que é específica do cinema. O tênue limite que separa o documentário da ficção se parte, estilhaça-se, e, por assim dizer, explode na narrativa do filme, mais acentuada de um propósito poético-retórico do que propriamente descritivo. O espectador que não está acostumado a um cinema de poesia pode até recusar, a princípio, as diretrizes da mise-en-scène de “Antonio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões”. E não seria, por acaso, um filme dentro do filme? Há, neste particular, uma metalinguagem que se faz sentir na história de Canudos e no processo de criação do filme. Na evocação do mitológico Conselheiro, José Walter Lima procede a uma espécie de delírio de imagens e sons. E confirma, neste tour de force, a assertiva de que o cinema é uma estrutura audiovisual. www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 16. Há muitas décadas no batente cinematográfico, José Walter Lima é um homem de mil instrumentos, pois, além de realizador, é produtor cultural e cinematográfico (é o principal organizador do Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual), produziu, em parceria, um filme internacional, Ilha Dawson, do chileno Miguel Littin, exerceu, durante muito tempo, a coordenação do DIMAS da Fundação Cultural do Estado da Bahia e, justiça se lhe faça, na sua melhor fase. No campo estritamente cinematográfico, o de fazer filmes, escreveu vários roteiros com seu amigo e parceiro Carlos Vasconcelos Domingues (de saudosa memória) e realizou, solo, “O alquimista do som” (documento raro sobre o músico de vanguarda Walter Smetak), “Nós, por exemplo”, entre outros. O filme sobre Canudos começou como uma proposta de média metragem, “O império do Belo Monte”, que se estendeu como um longa. Há, também, em “Antonio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões”, uma plástica da imagem que desenvolve a temática por meio de uma profusão de cores, de grafites, de desenhos, de materiais diversos, em suma, aos termos da ação propriamente dita. A montagem, como já foi referida, segue o princípio da collage. E o espírito do Conselheiro permanece vivo nas imagens compostas pelo cineasta José Walter Lima. www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 17. A Linguagem em Chamas Por José Umberto (Cineasta) O sertão vira cinema quando bate na tela Antônio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões de José Walter Lima. Um filme que invade a veia de sangue e faz sua âncora na praia do coração. O cineasta opta pelo ensaio. A ficcionalização da circunstância histórica é o emblema cuja linguagem se inclina ao plano mítico. E aí a perspectiva do real ganha contornos elípticos de montagem de atração e seus específicos sob a força telúrica da magia que nasce da cultura popular sertaneja. É o barroquismo baiano na expressão de bárbaro em sintonia pictórica com a retórica pastoril. E em sendo, também, o paroxismo da guerra patética com a couraça do misticismo: política e fé. O cinema de José Walter Lima rompe com o glamour da sociedade de espetáculo. Para mergulhar à fundo numa anti-narrativa que desmistifica a epopéia. Nada de grandiloqüência. Importa tecer o fio das contradições históricas sem recorrer à retórica vazia. Mas sim percorrer o épico-didático similar à espontaneidade da poética de cordel. O mito popular originando-se de um imaginário com o corolário direto da geografia da fome. Num ritmo cinematográfico de abundância metafórica gerada no grito da terra. Uma sinfonia de imagens dodecafônicas brotada na autenticidade do conflito coletivo: a origem do regime republicano sob a sombra em negativo de genocídio. Um cinema de sensibilidade, à flor da pele. Uma linguagem que não racionaliza o caos social. Nem silencia diante da injustiça. Antônio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões decide-se pela denúncia sem a deselegância do panfleto. Por que acredita no cinema de poesia. José Walter Lima se inquieta com a câmera em espasmo, com uma arquitetura de palavras, com os cortes melódicos, com a sonoridade plástica dum sertão que rompe a moldura da tela cinematográfica. Há qualquer explosão inconformista/instintivo-criadora que aponta para além do horizonte em brasa. Uma forma artística gestada no desejo de expandir o real. E alcançar a fantasmagoria hiperbólica de uma civilização incompleta. De uma comunidade sertaneja incompreendida. De uma vergonha nacional que não se apaga nem com fogo e ferro tampouco com água. A carpintaria do movimento Um cinema que só se apreende pela insuperável roda da paixão. Numa sede de comunicar/dialogar sob o signo da iluminação. Onde cada fotograma obedece à alquimia da imaginação como propulsora construtivista. A elaboração da matriz vai à fonte histórico-literária, sobretudo alicerçada www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 18. no verbo numinoso de Euclides da Cunha e na arqueológica verve ibérica/armorial dos versos cordelescos, para em seguida estruturar-se na carpintaria rítmica da montagem vibratória. E é a partir desse princípio estético de associações, superposições, sinestesias e embates de signos que o filme baiano de José Walter Lima se afirma na muralística dos 24 quadros por segundo. Enquanto o espectador vai sendo tomado pela personalidade mítica do Conselheiro de Canudos (admiravelmente encarnado pelo saudoso ator Carlos Petrovich, numa interpretação que eu diria científico-sentimental insuperável do taumaturgo cearense que sintetiza as perplexidades do oprimido). Esse itinerário cinematográfico exprime a dimensão do sofrimento pautada no êxtase da catarse. Quando então a dor humana recebe a clarividência da purificação: aquela senda incomensurável do “forte” de espírito. O risco fosforescente da História como memória física e como presença da fé. São camadas heróicas, traumáticas e sublimes transubstanciadas na velocidade tempo-espacial do cinema. O lirismo das individualidades e o trágico do coletivo elaborados na alquimia artística primada na fidelidade ao passado com vistas à consciência do presente. Embora se destaque a energia telúrica de um povo que vibra na nervura da caatinga. O filme apalpa a ferida. Estabelece-se o grau do trauma. O escritor amadurece no front. A política se alimenta da demência ideológica. O militar burocrático-técnico admite a derrota diante da guerrilha ecológica. O sertanejo revela a sua face oculta por trás de uma pirâmide de cactos. O regionalismo desvela o sincretismo pancontinental. E o Brasil se defronta com o abismo. Pois a morte não salva. E então os fantasmas desfilam na tela com a granulação pictórica da fotografia de Vito Diniz que é subliminar da contextualização do conflito civilizatório. Nada de espetacularização. José Walter Lima assume o despojamento da deslinearidade crítica como suporte do autêntico. Rasga-se desse modo o véu do pastiche grotesco em favor da expressão da paisagem autóctone que se elastece brandamente entre a foto de grão e a foto dourada de Pedro Semanovschi. Com o reforço de uma postura de humildade. Num gestual de solidariedade que transcende ao patamar ético. Um cinema, portanto, comprometido com a alteridade. Já que o Cinema é o Outro. Vê-se na diferença o respeito ao princípio de igualdade. Sendo Canudos a cidadela de um aceno à integridade: o símbolo da resistência até a última gota de sangue no solo seco e lascado pela ausência da chuva. Antônio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões de José Walter Lima resgata o código de honra de uma comunidade camponesa que soube defender sua fronteira com o pathos do destemor. E o seu discurso evangélico de couro cru, incrustado em hierática autodeterminação e vertical autodisciplina moral, ainda se constitui num desafio à nossa compreensão plena. Persiste um quê de vácuo no significante de sua gestalt analfabeta. Pois o seu estilo de “luta” deixa várias lacunas www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 19. de dúvida e interrogação. E o filme enfatiza esse mistério, embora sinalize para a nossa cumplicidade diante dos erros acumulados. Canudos insiste com a mácula ou nódoa de caju na alma. Com o desencanto. E a vergonha pelo massacre com degola: o cinema é testemunha. A fábula do vulcão A práxis da profecia justaposta à montagem de fotogramas exacerbados. O milenarismo onírico equilibrado na câmera de raiz. Fato dialético paralelo à fenomenologia social. Daí que a linguagem do filme de José Walter Lima embala-se pelo prisma da expansão, na amplidão do universo. Flagrando o ritmo cósmico na latitude do nacional-popular. Numa reflexão, numa respiração, numa transpiração e numa intuição fílmicas aonde se possibilite atingir o núcleo da conflagração do arcaísmo redentor de um cristianismo catecúmeno áspero. Jogo de pontos de vista: o taumaturgo e o cineasta se defrontam em ações simultâneas. Superando-se a subjetividade para o ingresso no macrocosmo do arquétipo. Um vôo rasante na intemporalidade que pinta as rebarbas do alvorecer transcendental da fábula tosca. Com uma energia entrópica que brota do vulcão da coletividade desejante. Esse fogo fátuo incondicional na iminência do êxtase místico. Ou a crescente ânsia da independência em correspondência ao ímpeto sagrado da salvação. São circunstâncias em ebulição contínua: o samsara em transe. E o cinema, que também é movimento permanente, registra com acuidade o lance meteórico desse peregrino solitário que arrebata a multidão assombrada. Num magnetismo de massa que oscila da exaltação irracional à depressão neurastênica. Num crescendo de confronto entre o sertão e a praia. Ao passo que a visão afasta-se do litoral de coqueiros e se embrenha no interior inóspito de vegetação rala. Desloca-se o eixo em panorâmica cinematográfica que busca frisar o campo inusitado. Enquadra-se então a antiga luminosidade abrupta deixada no céu pelo impacto tenebroso do meteorito de Bendengó na caatinga. Somos envolvidos nessa dinâmica que exige a construção de uma nova linguagem inspirada nos eventos inesperados e insuspeitos. Uma câmera no sertão e todo o sentimento do mundo. Para uma tela que se vislumbra. www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 20. SOBRE O DIRETOR Cineasta, produtor e artista plástico, foi um dos fundadores do Grupo Experimental de Cinema da Bahia em 1965, uma iniciativa coletiva de cineastas com o objetivo de dinamizar a produção cinematográfica baiana. Foi assistente de direção de diversos filmes como "O Ferroviário" (1966), de Ronaldo Senna; "Cachoeira" (1967), de Ney Negrão; "Meteorango Kid" (1969), de André Luis de Oliveira; e também da novela "Gabriela" (1974). Entre 1972 e 1974, em parceria com Guilherme Araújo, produziu apresentações de Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Luís Melodia, Jorge Mautner e Jards Macalé pelo Brasil. Como diretor assinou documentários e ficções, entre eles os filmes "Os Índios Cariris" (1971); "O Alquimista do Som" (1976); "Nós Por Exemplo", (1978); "Brasilienses" (1984); "Pelourinho" (1986); "Dom Timóteo Amoroso Anastácio" (1992); "Sante Scaldaferri a Dramarturgia dos Sertões" (1999); “Um Vento Sagrado” (2001); “Oropa, França e Bahia” (2007); e "Antônio Conselheiro - O Taumaturgo dos Sertões" (2010). Foi assistente de direção em produções estrangeiras como o italiano "O Cangaceiro" (1970), de Giovanni Fago; e o norte-americano "The Sandpit Generals" "Capitães da Areia" (1972), de Hal Bartlett. Em 2009 co-produziu o longa chileno "Dawson Isla 10", de Miguel Littin, selecionado para o Festival de Roma. Desde 1989 trabalha na sua produtora e distribuidora VPC Cinemavídeo, produzindo filmes e vídeos institucionais. Com uma visão dinamizadora, em 2005 idealizou o Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, um evento que já teve sete edições realizadas em Salvador, voltado para quem faz e pensa o cinema e o audiovisual. www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 21. Realizações em cinema e vídeo  Técnico de som do filme “O Carvoeiro” de Ney Negrão, produção do Grupo Experimental de Cinema da Bahia – GECIBA, 1965.  Assistente de direção do filme “O Ferroviário” de Ronaldo Senna, produção do GECIBA, 1966.  Assistente de direção do filme “Cachoeira” de Ney Negrão, produção GECIBA, 1967.  Assistente de direção do filme "Meteorango Kid", longa metragem de André Luís Oliveira, 1969.  Assistente de direção do filme "O Cangaceiro", longa metragem de produção italiana, direção de Giovanni Fago, 1970.  Assistente de direção do filme "Capitães de Areia" longa metragem de produção americana, 1972.  Direção de "Os Índios Cariris", filme documentário sócio-antropológico sobre a tribo dos índios cariris de Mirandela/Bahia, 1971.  Assistente de direção da novela "Gabriela" - TV Globo/ Rio de Janeiro, 1974.  Direção de "O Alquimista do Som", filme ensaio -documentário sobre o musicólogo Walter Smetak, direção de fotografia de Mario Cravo neto, 1976.  Direção de "Nós Por Exemplo", filme curta metragem de ficção, direção de fotografia de Mario Cravo Neto, 1978.  Direção de "Brasilienses", vídeo-ensaio sobre a cultura brasileira, direção conjunta com Carlos Vasconcelos Domingues, direção de fotografia de Marco Maciel, 1984.  Direção de "Pelourinho" vídeo documentário, direção conjunta com Carlos Vasconcelos Domingues, direção de fotografia de Vito Diniz, 1986.  Direção de "Dom Timóteo Amoroso Anastácio", vídeo documentário, direção de fotografia de Vito Diniz, 1992. www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 22. Produção e direção de diversos vídeos institucionais realizados pela VPC Cinemavídeo - de 1990 a 1996, dentre eles destaca-se "Amar, amar", vídeo musical ficção sobre a AIDS.  Direção de "Sante Scaldaferri, a Dramarturgia dos Sertões" vídeoarte sobre a obra do artista plástico Sante Scaldaferri, produzido pelo MAM - Museu de Arte Moderna da Bahia, direção de fotografia de Mario Cravo Neto, 1999.  Direção de “Um Vento Sagrado”, documentário sobre o olwô de candomblé Agenor Miranda Rocha, direção de fotografia de Mario Cravo Neto, 2001.  Direção de “Oropa, França e Bahia” (filme digital). 2º lugar no Festival do Filme Celular – Bahia, 2007.  Co-produtor do filme “Dawson Isla 10” de Miguel Littin, co-produção Chile/Brasil, 2009.  Direção de "Antonio Conselheiro - o Taumaturgo dos Sertões”, Brasil, 2010. www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 23. Principais atividades em artes plásticas Mostras Individuais:  1996 - Casa do Brasil - Madri, Espanha  1999 - Associazione Culturale "Marcello Rumma – Roma, Itália  2001 - Galeria Prova do Artista - Salvador, Bahia  2001 - Ana Cláudia Roso - Escritório de Arte, São Paulo  2002 - Espaço Cultural Eliane - Salvador, Bahia  2004 - GOETHE–INSTITUT (participação especial do poeta e músico Jorge Mautner) - Salvador, Bahia  2004 - Museu de Arte de Brasília (participação especial do poeta e músico Jorge Mautner)– Brasília, Distrito Federal.  2005 - Galerie Forum Berlin am Meer - Berlim, Alemanha  2005 - Embaixada do Brasil na Alemanha – Berlim, Alemanha Exposições Coletivas:  1993 - Fundação Mokiti Okada - Salvador, Bahia  1995 - I Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu de Arte Moderna da Bahia  1995 - Artistas baianos no SEBRAE (organizada pelo Museu de Arte Moderna da Bahia) - Salvador, Bahia  1996 – Bienal do Recôncavo  1997 - Sete Artistas Contemporâneos Baianos (organizada pelo Museu de Arte Moderna da Bahia) - Central Hispano 20, Barcelona, Espanha www.antonioconselheiroofilme.com.br
  • 24. 1998 - Terza Edizione Festival Sguardi il Terzo Millennio Torri D'Avvistamento - Comune di Tuscania, Itália  2001 - Moseo Aldo Brandini - Frascatti, Itália  2007 - Museu Afro Brasil (Viva Cultura Viva do Povo Brasileiro), São Paulo  2008 – 100 artistas. Museu de Arte Contemporânea de Feira de Santana, Bahia  2008 – Galerie Beyer – Três artistas brasileiros: Mario Cravo Neto, Manfredo Souza Neto e Walter Lima - Dresden, Alemanha Obras em acervo:  Casa do Brasil, Madrid, Espanha  Museu da Cidade do Salvador, Bahia, Brasil  Secretaria de Cultura e Turismo do Estado da Bahia, Brasil  Fundação Dannemman, Bahia, Brasil  Galeria Prova do Artista, Bahia, Brasil  Galeria Paulo Darzé, Bahia, Brasil  Coleções Particulares: Sonia Draibe, Gilberto Salvador, Marcos Truyjo, Emanoel Araujo (São Paulo, Brasil), Paola Zugaro, Luigi Maccella, Elio Rumma (Itália) George Gund (USA), Strawalde (Alemanha), Partido Verde (Alemanha), Michael Muller, Gunter Baby Sommer. www.antonioconselheiroofilme.com.br