1) O documento é um trabalho acadêmico sobre as variedades da língua portuguesa no Brasil, produzido por alunas do 1o semestre de Letras. 2) Aborda dialetos regionais como o do Norte, Nordeste e o gaúcho. 3) Inclui referências bibliográficas e explicações sobre origens e influências nos diferentes dialetos.
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
VARIEDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL
1. CENTRO UNIVERSITARIO UNIEURO
DISCIPLINA: LINGUA PORTUGUESA I
PROFESSORA: NAJLA FOUAD SAGHIE
TRABALHO DE PORTUGUÊS
VARIEDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL
Alunas :
Aline Suares
Aline
Daniela
Denise
Marianne
Marinalva
1° Semestre de Letras
Brasília
Novembro de 2010
3. 3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS
DUARTE, Marcelo. Guia dos Curiosos Língua Portuguesa. São Paulo:
Editora Panda, 2003.
LOPES,Neto. Contos Gauchescos. Porto Alegre: L&PM, 1998.
LOPES, Neto. Lendas do Sul. Porto Alegre: L&PM, 1998.
LIVREIRO, Martins. Vocabulário Pampeano- Pátria, fogões e legendas, 1987.
CAETANO, Jayme. Vocabulário Pampeano - Pátria, Fogões e Legendas.
Dicionário de regionalismos, Martins Livreiro Editor, 1987
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<http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?materia=8526.>
Acesso em : 07 nov. 2010
EDUCAÇÃO, uol. Disponível em :
<http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1693u60.jhtm;>
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<http://acd.ufrj.br/~pead/tema01/variacao.html;>
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Acesso em : 06 nov. 2010
< http://www.nataltrip.com/termos_regionais/A ;>
<http://linguagemcontemporanea.wordpress.com/category/dialetos-regionais/a-rota-
bandeirante-no-centro-oeste/>
Acesso em : 08 nov. 2010
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De onde veio a Língua Portuguesa?
O português é uma língua latina, de origem românica, desenvolvida a
partir do século III a.C. na província de Lusitânia, que hoje corresponde a uma
parte dos atuais territórios de Portugal e Espanha. Ao longo de formação e vida
dessa língua, o contato com os outros povos gerou uma serie de influências,
cuja manifestação pode se facilmente vista no vocabulário. Foram viagens às
Américas, convívio intenso com africanos, interação com antigos povos e
invasores da Península Ibérica, passagem pela Índia, China e Japão, sem
contar inúmeros imigrantes recebidos pelos países de língua portuguesa – com
destaque para o Brasil- nos últimos 200 anos.
Quantas línguas ainda existem no Brasil?
Incluindo o português, o idioma oficial do país, existem 192 línguas vivas
em território brasileiro. O levantamento foi feito pelo Summer Institute of
Linguistics, uma ONG como sede nos Estados Unidos. As 192 línguas que
restaram:
• 42 são consideradas praticamente extintas, como aricapu (região do rio
Guaporé, em Rondônia), o oro win (fronteira Brasil/Bolívia) e o juma (interior da
Amazônia);
• 91 correm alto risco de extinção, por serem línguas faladas por
comunidades indígenas formadas por, no máximo, 100 indivíduos, número
insuficiente oara garantir sua preservação. Casos de anambé e creie (interior
do Pará), aruá, caripuná, monde (Rondônia) e carahawiana e tora (norte do
Amazonas).
Entre as línguas brasileiras que não correm risco de extinção imediata
estão:
Creole : 25 mil pessoas, Amapá
Cangangue: 18 mil pessoas, sete estados (incluindo São Paulo e
Paraná)
Caiwá: 15 mil pessoas, Mato Grosso do sul
Terena: 15 mil pessoas, interior do Mato Grosso do Sul
Ticuna: 12 mil pessoas, norte da Amazonas
Guarani: 5 mil pessoas, centro-oeste Paranaense
Sotaque
Ao longo dos cinco séculos que se seguiram á descoberta do Brasil,
povos nativos e imigrantes, assim como geografia, costumes, atividades
culturais, políticas e sociais, foram aos poucos moldando sotaques- pronúncia
característica de um país ou região etc. – e termos que não apenas diferencia o
português brasileiro do de Portugal, mas ainda geraram inúmeras
peculiaridades regionais da língua. Isso explica as diferenças nos falarem
nordestinos, mineiros, nortistas, gaúchos, paulistas e cariocas.
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O linguajar Norte da Região
Uma série de razões é levantada para justificar as características
específicas do modo de falar do povo do norte, destacando, especialmente as
influências vindas do português falado em determinadas áreas de Portugal
durante a colonização. E tem muito a ver também, com termos regionalistas,
com as adaptações e corruptela de palavras usadas para designar objetos,
animais, fenômenos atmosférico, por influencia da língua indígena
predominante na região, de invasores estrangeiros (holandeses, espanhóis e
franceses), de ingleses que implantaram as ferrovias, de escravos vindos de
várias regiões do continente africano, de imigrantes europeus, americanos e
asiáticos.
O filólogo, professor Serafim da Silva neto escreveu no livro
Introdução ao Estudo da Língua Portuguesa no Brasil a respeito de um dialeto
intitulado: “canua cheia de cucos de pupa a prua”, que seria na língua culta
canoa cheia de cocos de popa a proa. Esse filólogo se referiu a esse dialeto
que falam amazonenses e paraenses com esse nome, por ser um dialeto cuja
marca essencial é a modificação da pronuncia da vogal „o‟ tônica em „u‟. Então
em vez de canoa, se diz canua; em vez de coco, se diz cuco; em vez de popa,
se diz pupa; em vez de proa, se diz prua, explica o professor Orlando Cassique
Sobrinho Alves, do departamento de língua e literatura Vernácula da UFPA
(Universidade federal do Pará).
Ele lembra que esse fenômeno é classificado tecnicamente como
alteamento: Quer dizer, a vogal média „o‟ passa a ser uma vogal alta „u‟.
Existem em outros dialetos brasileiros, só que não é na tônica. Por exemplo,
quando lá no Rio se diz „culégio‟ (no lugar de colégio).
O professor da UFPA lembra ainda que haja dois outros dialetos
específicos no Pará. ”O da zona bragantina, que era uma antiga estrada de
ferro velho, que ligava o estado do Pará com a cidade de Bragança, próxima do
Nordeste. Esse dialeto da zona bragantina é também um dialeto tradicional do
Pará, historicamente representativo e é falado por pessoas que ajudaram a
construir o estado. Ele tem muita influência de cearenses e maranhenses,
influencia de nordestino”.
“Há outro dialeto muito difuso, amorfo neste momento, porque se
constitui no sul do Pará, nessa área onde a migração foi forte nos últimos anos
por causa das riquezas do Pará, do ouro, da madeira, de fazendas etc. Ele
resulta da influência de baianos, mineiros, paulistas, paranaenses, gaúchos no
Sul do Pará”, conclui Alves.
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O dialeto do Norte
Jerimum = Abóbora na língua tupi;
Muitcho = Muito em castelhano, por causa da invasão espanhola;
Chulipa = Dormente para trilhos de trem veio de “sleaper”, que era o
termo usado pelos ingleses que construíram as primeiras ferrovias no Brasil;
Macaxeira = Mandioca = Maniva = termos indígenas;
Tapioca = Termo indígena para goma de mandioca;
Beiju = Biscoito de massa de mandioca na língua indígena;
Tacacá = Mingau líquido de mandioca, nome caribenho;
Tucupi = Suco temperado e apimentado da mandioca na linguagem
indígena;
Tracajá = Palavra tupi para designar quelônios conhecidos
genericamente por tartaruga;
Teiú = Nome indígena para lagarto;
Caititu = Nome indígena para javali;
Igará = Canoa pequena dos índios;
Piroga = Canoa indígena escavada em tronco;
Igarapé = Braço de rio na língua indígena;
Papudinho = pessoa alcoólatra;
Xibé = prato feito de farinha de mandioca com farinha;
Mão-de-mucurra-assada = Sovina
Goiás = da mesma raça, igual
Grajaú = Pássaro que come
Variedades do português no Nordeste Brasileiro
Foi no Nordeste do país que, primeiramente, a língua portuguesa se
fixou em nosso território. O início da colonização portuguesa se deu justamente
entre os estados de Pernambuco e Bahia, enquanto outras partes do país só
vieram a receber a influência lusitana bem mais adiante.
"Quando nós fomos colonizados pelos portugueses, as duas primeiras
vertentes da língua pode-se dizer, foram Pernambuco e Bahia, porque ficavam
mais perto do Velho Continente. Havia um porto em Recife, outro em Salvador.
Mas era dividido por uma barreira natural, que era o Rio São Francisco.
Salvador se tornou a capital do Brasil.
A modalidade de português falada nessa região foi se arcaizando
durante a evolução do país. "Em Portugal o português avançou. O que veio
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para o Brasil foi o português dos colonos, dos degredados, das prostitutas, que
eram chamadas raparigas, jesuítas que foram para o Sul e que na maioria
eram espanhóis" lembra a Nelly Carvalho, professora do Departamento de
Letras da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
A Bahia e o Pernambuco tiveram uma história diferenciada do resto do
Brasil. Durante os dois primeiros séculos de colonização, a Bahia e
Pernambuco foram os dois maiores centros. Tanto que o movimento literário
Barroco foi na Bahia e Pernambuco.
É importante observar que o processo de variação ocorre em
todos os níveis de funcionamento da linguagem, sendo mais perceptível
na pronúncia e no vocabulário. Esse fenômeno da variação se torna
mais complexo porque os níveis não se apresentam de maneira
estanque, eles se superpõem.
Nesta dimensão, incluem-se as diferenças lingüísticas observadas entre
pessoas de regiões distintas, onde se fala a mesma língua. Exemplos claros
desta variação são as diferenças encontradas entre os diversos países de
língua portuguesa (Brasil, Portugal, Angola, por exemplo) ou entre regiões do
Brasil (região sul, região norte, região centro-oeste, região sudeste e a região
nordeste).
Nesse tipo de variação, as diferenças mais comuns são as que
encontramos no plano fonético (pronúncia, entonação) e no plano lexical (uso
de palavras distintas para designar o mesmo referente, palavras com sentidos
que variam de uma região para outra).
É comum nas regiões do Brasil nos deparar com os mais variados e
diferentes dialetos e principalmente no Nordeste brasileiro, onde as pessoas
regionais falam palavras com significado muito diferente como, por exemplo:
Apetrechada-Dotada de beleza física;
Aperrear - Encher o saco, perturbar;
Avexado - Com pressa;
Bater a caçuleta - Morrer;
Bruguelo – Bebê;
Brenha - Local longe de difícil acesso
Cabreiro – Desconfiado;
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Cagado e cuspido - Muito parecido;
Desmentir - torcer o pé;
Desmilinguido - Muito magro, sem força;
Din-din - Sacolé, chupe-chupe, gelinho;
Entojo – Enjôo;
Farda - Uniforme escolar.
Fez mal - Engravidou alguém;
Gaia - Chifre.
Mangar – Ridicularizar;
Pelejar - Tentar várias vezes;
Visse- Certo/OK;
Xodó - Amor, paixão, pessoa querida;
Zambeta - De pernas tortas...
Essas são alguns sotaques e palavras muitas vezes são cheias de
efeitos e ate mesmo maliciosos que é uma característica do Nordeste
brasileiro.
Gaúcho, o Dialeto Crioulo Rio-Grandense
Historicamente, o Rio Grande do Sul, estado ao extremo sul do Brasil,
sempre foi uma região de conflitos e de culturas diversas. Numa área
pertencente à Espanha pelo Tratado de Tordesilhas, alguns portugueses
fincaram o pé em partes da localidade no intuito de tomar as terras dos
espanhóis, mas esqueciam-se todos que os donos legítimos da terra eram os
índios. Na prática, nunca houve divisão de fato dos territórios do pampa rio-
grandense, pampa argentino e pampa uruguaio, proporcionando uma
integração – nem sempre pacífica – entre os três povos. Do convívio entre os
imigrantes espanhóis e portugueses com os índios surgiram muitas misturas
raciais originando o que se chamou de “raça gaúcha” (cafuzos de índios je-tupi-
guarani com ibero-europeus) e o surgimento involuntário de uma cultura
completa que era compartilhada pelos povos.
Em conflito constante com os “castelhanos” (argentinos e uruguaios de
ascendência castelhana) e com os portugueses (então colonizadores do
Brasil), os gaúchos continuavam ignorando os limites políticos entre os
territórios, mas criavam seu próprio isolamento cultural.
Na tentativa de não se identificarem nem com os portugueses
(dominadores) e, posteriormente, brasileiros, nem com os espanhóis
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(invasores), os rio-grandenses criaram um modo particular de vestir, falar e
agir, que pouco se diferenciava das características típicas dos “gauchos” (lê-se
„gáutxos‟ em espanhol) dos pampas cisplatino e platino. Os hábitos do
churrasco, do chimarrão, da indumentária e quase toda a tradição
permaneceram muito semelhantes após todo o período de ebulição, mas a
língua foi diferenciando-se.
A formação do dialeto se dá, basicamente, por:
1. vocábulos hispano-luso-indígenas
2. aumentativos e diminutivos hispânicos
3. escrita lusitana
4. pronúncia baseada no português, mas lida como no
espanhol
5. falta de uma gramática oficial, mantendo o dialeto
constantemente mutante e flexível
6. A pronúncia do “o” e do “e” são feitas como no Espanhol
quando se alterariam para “u” e “i” no Português.
7. O diminutivo “inho” quase sempre e substituído por “ito”,
mas há casos onde sobrevive. Recorde-se que não há regra oficial para
a fala campeira e que a maioria das pessoas sequer sabem que não
falam Português nem Espanhol.
8. O pronome “lhe”, quase sempre é pronunciado “le”.
9. Há uma grande dificuldade entre os nativos para saberem
quando pronunciar “b” ou “v”, pois flutuam entre a gramática portuguesa
e espanhola.
10. As palavras que têm dupla escrita de “x” ou “ch”, têm no
“ch” sua escrita castelhana e “x” lusitana (galega).
Algumas expressões típicas da gauchada:
Abichornado – acovardado, apequenado.
Afeitar – espanhol – fazer a barba
Alcaide – provavelmente espanhol, pois tem significado
muito oposto do homônimo português, oriundo do árabe – cavalo velho,
ruim inútil; serve para pessoas também.
Andar a/pelo cabresto – português – o mesmo termo que
designa a condução do animal, indica que alguém está sendo conduzido
por outro.
Bagual – crioulo – cavalo que não foi castrado; homem.
Barbaridade – português – barbarismo. Tanto adjetiva
como pode ser uma interjeição de espanto.
Bate-coxa – português – baile, dança.
Bombacha – espanhol platino – peça (calça) que
caracteriza a indumentária gaúcha. Tem origem turca e foi introduzida
na América pelos comerciantes ingleses, de presença marcante no
pampa platino.
Capilé – francês – refresco de verão, feita com um pouco
de vinho tinto, água e muito açúcar.
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Cevador – português – pessoa que prepara o chimarrão e
o distribui entre os que estão tomando.
Charque – espanhol platino – carne de gado, salgada em
mantas.
Chucro (xucro) – quíchua – animal arisco, nunca domado;
pessoa de mesmo temperamento ou sem empirismo, inexperiente.
Cusco – espanhol platino, provavelmente já emprestado do
quíchua – cachorro pequeno e de raça ordinária (ou sem); guaipeca.
Engasga-gato – português – ensopado feito com pedaços
de charque da manta da barrigueira.
Garupa – francês - A parte superior do corpo das
cavalgaduras que se estende do lombo aos quartos traseiros; também
usado para definir a mesma área no corpo humano.
Gaúcho – origem desconhecida – termo, inicialmente,
utilizado de forma pejorativa para descrever a cruza ibero-indígena, hoje
é o gentílico de quem nasce no estado do Rio Grande do Sul.
Gauderiar – espanhol platino – vagabundear, andar
errante, sem ocupação séria; haragano.
Gaudério – espanhol platino – vagabundo, desocupado,
nômade. Atualmente, é uma referência estadual ao povo da campanha,
simplesmente, como gaúcho.
Guaiaca – quíchua – invenção gauchesca que se usa
sobre o “cinturão europeu”. Significa bolsa em sua língua original.
Guaipeca – tupi – cachorro pequeno e de raça ordinária
(ou sem).
Guri – tupi – criança, menino; serviçais que faziam trabalho
leve nas estâncias.
Japiraca – tupi – mulher de temperamento irascível,
insuportável.
Jururu – tupi – triste, cabisbaixo, pensativo.
Mate – quíchua – bebida preparada em um porongo, com
erva-mate e água quente; chimarrão.
Morocha – espanhol platino – moça morena, mestiça,
mulata; rapariga de campanha.
Nativismo – português – amor pelo chão onde se nasce e
sua tradição.
Orelhano (aurelhano) – espanhol platino – animal sem
marca nem sinal; também serve para pessoas.
Pampa – quíchua – vastas planícies do Rio Grande do Sul,
Uruguai e Argentina, coberta de excelentes pastagens que servem para
criação de gado. Em quíchua, “pampa” significa “planície”.
Paisano – português/espanhol – patrício, amigo,
camarada; camponês e não-militares.
Pêlo duro – espanhol – crioulo, genuinamente rio-
grandense; também significa pessoa ou animal sem estirpe.
Poncho – origem incerta, araucano ou espanhol – espécie
de capa de pano de lã de forma retangular, ovalada ou redonda, com
uma abertura no centro, para a passagem da cabeça.
Puchero (putchero) – espanhol – sopão com muito
vegetal e carne de peito, sem tutano e sem pirão.
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Querência – espanhol – o lugar onde se vive. Derivado de
“querer”, caracteriza o amor que o gaúcho tem pela sua terra.
Tapejara – tupi – vaqueano, guia ou prático dos caminhos;
gaúcho perito, conhecedor da região.
Tchê – provavelmente espanhol – termo vocativo pelo qual
se tratam os gaúchos. É o mesmo “che” („txê‟) do espanhol, que se
consagrou com Ernesto Guevara, o “Che”.
Topete – português/espanhol – audácia, arrogância,
atrevimento; saliência da erva-mate que fica fora d‟água na cuia de
chimarrão.
Tropeiro – português/espanhol – condutor de tropas, de
gado.
Dialeto Centro - Oeste
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. Esses
quatro estados compõem a região Centro-Oeste do Brasil, que, assim como as
outras, possui características linguísticas próprias.
Na colonização Centro-Oeste, as rotas bandeirantes estiveram muito
presentes, tanto no Mato Grosso quanto em Goiás e, de alguma forma, a
linguagem que eles levaram influenciou a fala local.
O goiano fala com os traços muito puxados no “r” que é normalmente chamado
de “r” caipira, ou linguisticamente falando, o “r” retroflexo. Como o goiano fala
com esse “r” puxado, supôe-se que isso possa ter vindo ao longo da história
um influência da linguagem utilizada pelos bandeirantes que viviam na região
do Estado de São Paulo. Esses bandeirantes tinham o português marcado por
esses traços, já que eram das áreas mais interioranas do Brasil, principalmente
as que a gente chamaria de fala caipira.
N época da colonização, os bandeirantes que penetraram pelo norte do Estado
do Mato Grosso e levaram a suposta língua geral paulista, que era de base
indígena (tupi). O contato do português colonizador com as línguas indígenas
locais resultou no dialeto cuiabano.
Algumas características muito fortes nessa fala regionalizada específica do
Mato Grosso é que os mato-grossenses não falam chuva e peixe, com esse
som de “che” que nós temos, fala-se “tchuva” e “petche”. Também não se fala
caju e laranja, com esse som de “gê”, fala-se “cadju” e “larandja”.
Todo esse som “che” transformado em “tchê” e todo esse som “che”
transformado em “djê” existiam em uma das línguas indígenas que ainda
sobrevivem no Brasil e tem algumas aldeias próximas à Cuianá. que é a língua
Bororó. Existe essa hipótese, que esses fonemas possam ter vindo de
influência da indígena local, pois em outras regiões do Brasil a gente não
encontra esse som facilmente. É uma coisa típica do dialeto mato-grossense.