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Plano Integrado de
ENFRENTAMENTO
  à FEMINIZAÇÃO
 da Epidemia de Aids
     e outras DST


      Julho, 2007
© 2007. Ministério da Saúde
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
2ª edição – tiragem: 110 exemplares

Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva

Ministro de Estado da Saúde
José Gomes Temporão

Secretário de Vigilância em Saúde
Gerson Penna de Oliveira

Elaboração, distribuição e informações:
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Vigilância em Saúde
Programa Nacional de DST e Aids
SEPN, 511, Bloco C
CEP.: 70.750, Brasília, DF
E-mail: aids@aids.gov.br / edicao@aids.gov.br
Homepage: http://www.aids.gov.br
Disque Saúde / Pergunte Aids: 0800 61 1997

Publicação financiada com recursos do UNFPA e do Ministério da Saúde
Organizadoras: Katia Guimarães e Ângela Donini
Colaborações: Simone Diniz – Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo

Projeto gráfico: Isabela Faria
Diagramação: Alexsandro de Brito Almeida

Programa Nacional de DST e Aids – Ministério da Saúde

Diretora: Mariângela Batista Galvão Simão
Responsável pela Unidade de Prevenção: Ivo Brito
Assessoras e Assessores:
Ana Paula Prado
Artur Iuri
Denis Ribeiro
Dulce Ferraz
Gerson Fernandes
Ivana Drummond Cordeiro
Karen Bruck
Kátia Abreu
Liliana Ribeiro
Mie Okamura
Nair Brito
Valdir Pinto
Vera Lopes

Secretaria de Atenção à Saúde
José Carvalho de Noronha

Área Técnica de Saúde da Mulher – Ministério da Saúde
Coordenadora: Regina Coeli Viola
Assessoras:
Cláudia Araújo de Lima
Giani Silvana Schwengber Cezimbra
Iolanda Vaz Guimarães
Isa Paula Hamouche Abreu
Lidiane Ferreira Gonçalves
Regina Rodrigues de Moraes
Rurany Ester Silva

Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres - Presidência da República
Ministra: Nilcéa Freire
Secretária-adjunta: Teresa Sousa
Assessora Especial: Laisy Morière
Subsecretária de Monitoramento e Ações Temáticas: Aparecida Gonçalves
Assessora de Imprensa: Maria Clara Notaroberto

Fundo de População das Nações Unidas – UNFPA/Brasil
Representante: Alanna Armitage
Assessora de Comunicação e Advocacy: Etienne França
Consultora para a Juventude: Ana Laura Becker Aguiar
SUMÁRIO


                          5
               A P R E S E N TA Ç Ã O


                          6
   A F E M I N I Z AÇÃO DA E P I D E M I A D E
            AIDS E OUTRAS DST


                         11
O E N F R E N TA M E N T O D A F E M I N I Z A Ç Ã O
    D A E P I D E M I A : D E S A F I O S PA R A A
S U P E R AÇÃO DA S V U L N E R A B I L I DA D E S


                         20
      P O L Í T I CA S I N T E R S E TO R I A I S
             PA R A A S M U L H E R E S



                         23
              O B J E T I VO G E R A L
                   DO PLANO

        O B J E T I VO S E S P E C Í F I C O S
                    DO PLANO

                  DIRETRIZES
24
        A Ç Õ E S E S T R AT É G I C A S



                     26
                   M E TA S



                     27
      AT I V I D A D E S S U G E R I D A S


                     30
                      anexo
       MARCOS QUE NORTEIAM
       A S P O L Í T I CA S P Ú B L I CA S
B R A S I L E I R A S PA R A A S M U L H E R E S
5

                  A P R E S E N TA Ç Ã O

    A Secretaria Especial de Políticas para as Mulhe-   mar que a incorporação da perspecti-
res e o Ministério da Saúde, por meio do Programa       va de gênero e a garantia dos direitos
Nacional de DST e Aids e da Área Técnica de Saúde       humanos de todas as pessoas são con-
da Mulher, apresentam às instituições que atuam         dições fundamentais para a redução
no campo dos direitos humanos, direitos sexuais         das vulnerabilidades e da ocorrência
e direitos reprodutivos das mulheres brasileiras o      de infecções provocadas por relações
Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização          sexuais desprotegidas.
da Epidemia da Aids e outras DST. A execução do
Plano contou com o apoio do Fundo de População              O Plano propõe-se a nortear a
das Nações Unidas (UNPFA), do Fundo das Nações          implantação e a implementação de
Unidas para a Infância (UNICEF) e do Fundo das          ações de promoção de saúde sexual e
Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM).                   de saúde reprodutiva, nos níveis fede-
                                                        ral, estadual e municipal. Para tanto,
                 Resultado de uma parceria que          estabeleceu-se estratégias interseto-
             procurou reunir esforços e alçar vôo       riais que possam acelerar o acesso aos
             a partir da articulação intersetorial      insumos de prevenção, ao diagnóstico
             e da participação de parceiras/os da       e ao tratamento das doenças sexual-
             sociedade civil, o Plano tem como          mente transmissíveis e da aids, para
             elemento fundamental o enfrenta-           as mulheres das diferentes regiões de
             mento das múltiplas vulnerabilidades       nosso país.
             que contribuem para que as mulheres
             brasileiras estejam mais suscetíveis à        O cumprimento do Plano está as-
             infecção pelo HIV e a outras doenças       sociado a uma agenda destinada a
             sexualmente transmissíveis.                ampliar o diálogo e a estruturação de
                                                        ações nos níveis estaduais e municipais.
                Nos últimos anos, o principal           O êxito das ações e a consolidação do
             aprendizado no enfrentamento à epi-        Plano dependem do compromisso dos
             demia é o de que se deve considerar os     gestores, dos profissionais de saúde e
             componentes socioeconômicos e cul-         da participação ativa da comunidade
             turais que estruturam a desigualdade       para que as diferentes necessidades
             entre homens e mulheres. A violência       das mulheres sejam contempladas nos
             doméstica e sexual contra mulheres e       planejamentos regionais.
             meninas, bem como a discriminação
             e o preconceito relacionados à raça,            Finalmente, esperamos que este
             etnia, lesbianidade e bissexualidade       Plano seja mais um instrumento na luta
             feminina são expressões dessa desi-        pela conquista da igualdade e da cida-
             gualdade.                                  dania plena das mulheres brasileiras.

                O estabelecimento dessas novas                            Ministério da Saúde
             parcerias e espaços institucionais,              Secretaria Especial de Políticas
             aqui apresentados, para atuar na              para as Mulheres da Presidência da
             prevenção das doenças sexualmente                                      República
             transmissíveis visa, sobretudo, reafir-
6

             A FEMINIZAÇÃO DA
            EPIDEMIA DE AIDS E
                OUTRAS DST

       O Plano Integrado representa a consolidação      te por atores governamentais e não-
    de uma política intersetorial para o enfrentamen-   governamentais em todas as regiões
    to da epidemia de aids e a prevenção de doenças     de nosso país. Iniciativas que coti-
    sexualmente transmissíveis entre as mulheres. A     dianamente se apóiam na luta pelos
    construção de uma resposta integrada para a redu-   direitos sexuais e pelos direitos re-
    ção dos contextos de vulnerabilidade, que deixam    produtivos para promover a melhoria
    as mulheres mais suscetíveis à infecção pelo HIV    da qualidade de vida das mulheres,
    e a outras doenças sexualmente transmissíveis, é    como é o caso do Plano Nacional de
    um importante marco histórico de fortalecimento     Políticas para as Mulheres.
    da atuação no campo dos direitos das mulheres, da
    promoção da saúde e da prevenção.                           Em termos globais, a epide-
                                                        mia de aids se constituiu em uma
                    O enfrentamento da feminização      realidade para as mulheres, desde o
                da epidemia exige que os esforços se    seu surgimento. A ocorrência da in-
                concentrem na redução dos fatores       fecção pelo HIV foi detectada em mu-
                de ordem social, individual e progra-   lheres, em 1981, nos Estados Unidos.
                mático que implicam na limitação de     Entretanto, como a existência desses
                acesso à informação, aos insumos de     casos era entendida como restrita às
                prevenção, ao diagnóstico e ao trata-   mulheres parceiras de usuários de
                mento. Essas limitações, somadas aos    drogas injetáveis, de hemofílicos e
                aspectos socioculturais relacionados    de homens bissexuais, ou mulheres
                às desigualdades de gênero, são os      envolvidas na prática da prostituição,
                principais desafios para a implanta-    foi somente no início da década de 90
                ção do Plano.                           que surgiram as primeiras respostas
                                                        coordenadas voltadas para esse seg-
                    O cenário atual demonstra clara-    mento.
                mente que o enfrentamento da fe-
                minização da epidemia de aids deve          No primeiro momento, a resposta
                incluir a análise e o tratamento ade-   foi construída a partir da estratégia
                quado de todas as variáveis e fatores   de fortalecimento das ações junto às
                a ela associados. Portanto, uma res-    mulheres para que tomassem consci-
                posta intersetorial e de mobilização    ência de sua vulnerabilidade social
                comunitária exige um forte compro-      e individual e de ações para deter o
                misso dos diferentes atores sociais     crescimento da transmissão vertical.
                que compõem o cotidiano das políti-     No entanto, observou-se que as va-
                cas públicas e do controle social.      riáveis vinculadas à desigualdade de
                                                        gênero deveriam ser consideradas,
                    O Plano vem somar esforços às       quais sejam:
                diferentes iniciativas levadas adian-
7

• A inexistência ou a insuficiência de       Em termos do cenário internacio-
   políticas públicas que efetivem os    nal podemos destacar que:
   direitos humanos das mulheres,
   conforme estabelecido em dife-        • Estima-se que 90% das pessoas vi-
   rentes instrumentos acordados            vendo com HIV, em todo o mundo,
   internacionalmente como a Plata-         não sabem que estão infectadas,
   forma de Ação da IV Conferência          e menos de 10% das mulheres grá-
   Mundial sobre a Mulher (Beijing,         vidas fizeram teste de HIV.
   1995) e o Plano de Ação da Con-       • 76% de todas as mulheres HIV posi-
   ferência Mundial de População e          tivas vivem na África Sub-Saaria-
   Desenvolvimento (Cairo, 1994);           na, onde as mulheres represen-
• A persistência de um olhar sobre a        tam 59% dos adultos vivendo com
   saúde das mulheres com um enfo-          HIV. Três a cada quatro (74%) pes-
   que meramente reprodutivo, con-          soas jovens, entre 15 e 24 anos,
   centrando esforços na proteção à         vivendo com HIV são do sexo fe-
   maternidade;                             minino.
• A falta de acesso a serviços de saú-   • Na Ásia, as mulheres representam
   de que promovam a efetivação             30% dos adultos vivendo com HIV.
   dos direitos sexuais e reproduti-        Os números são mais altos em al-
   vos de meninas e mulheres;               guns países da região, alcançando
• A falta de acesso à educação por          39% na Tailândia e 46% no Cam-
   parte de vastos contingentes de          boja.
   meninas e mulheres, notadamen-        • No Caribe, 51% dos adultos vivendo
   te na África e alguns países da          com HIV são mulheres, enquan-
   América Latina e Caribe;                 to nas Bahamas e em Trinidade e
• A persistência de padrões culturais       Tobago, as estatísticas são 59% e
   e religiosos que interferem nega-        56%, respectivamente.
   tivamente na adoção de medidas        • Na Europa do Leste e na América
   preventivas, como o uso do pre-          Latina, uma crescente proporção
   servativo tanto masculino quanto         de pessoas vivendo com HIV é de
   feminino;                                mulheres.
• A menor empregabilidade femini-        • Na Ucrânia, que tem uma das epi-
   na, a ocupação das posições mais         demias que crescem mais rapi-
   precárias pelas mulheres e nos           damente na Europa, as mulheres
   setores informais da economia;           agora representam quase metade
• A violência doméstica e sexual;           (46%) dos adultos vivendo com
                                            HIV.
    Para além dessas variáveis, veri-    • Em todo o mundo, são usualmente
                                            as mulheres que cuidam de do-
ficou-se também a necessidade de
                                            entes e crianças. Nos locais que
desenvolver estudos e pesquisas que         estão entrando em colapso sob
levem em consideração as especifi-          o impacto da aids, são principal-
cidades orgânicas e psicossociais de        mente as mulheres – incluindo as
mulheres e meninas, no tocante aos          mais velhas – que assumem, com
métodos de prevenção e tratamento           pouco apoio, essa assistência.
da infecção/doença.                      • Menos de uma a cada cinco mu-
                                            lheres casadas em Bangladesh
   Em todo o mundo, 17,3 milhões            tinham ouvido falar da aids. No
de mulheres com 15 anos ou mais es-         Sudão, apenas 5% das mulheres
tão vivendo com HIV. Isso representa        sabiam que a utilização de pre-
cerca de 50% do total das pessoas in-       servativos poderia prevenir a in-
                                            fecção por HIV. Mais de 2/3 das
fectadas.
8

        mulheres nunca tinham visto ou         de aids em mulheres desde 1980, o
        ouvido falar sobre preservativos.      que indica que a interiorização vem
    •   Estudos na África do Sul e Tanzâ-      sendo acompanhada por um processo
        nia mostram que as mulheres que        de feminização da epidemia. Tal pro-
        sofreram violência eram até três       cesso se apresenta mais acentuado
        vezes mais propensas a estar in-       em algumas regiões do que em outras
        fectadas por HIV que as mulheres
                                               e tende a acompanhar o deslocamen-
        que não haviam sofrido violência.
    •   A violência – e mesmo o medo           to que se verifica com a mobilidade
        de sofrer violência – impede que       populacional sazonal e permanente
        muitas mulheres e meninas to-          nas zonas de expansão das fronteiras
        mem conhecimento de/ou infor-          agropecuária e de mineração.
        mem seu status de soropositivida-
        de para HIV, ou mesmo procurem             A epidemia de aids vem, pro-
        serviços de saúde especializados.      gressivamente, se interiorizando e
    •   No Camboja, o medo da violência        atingindo as pessoas em situação de
        doméstica é aparentemente uma          pobreza. Tanto no Brasil quanto em
        das razões que levam ao baixo nú-      outros países em desenvolvimento,
        mero de mulheres que têm utili-        a pobreza é apontada como um dos
        zado serviços de aconselhamento
                                               contextos estruturais de vulnerabili-
        e testagem para HIV em algumas
        clínicas de pré-natal.                 dade para as DST/HIV/aids.
    •   Mulheres HIV positivas sofrem dis-
        criminação, abandono e violência.          Embora o grau de escolaridade
        O mesmo acontece com mulheres          isoladamente não seja suficiente para
        cujos parceiros ficam doentes ou       indicar a condição socioeconômica
        morrem devido a doenças opor-          da população afetada pela epidemia,
        tunistas relacionadas à aids. Elas     essa medida é a que mais se aproxi-
        perdem seus lares, herança, pos-       ma como indicador de pobreza. Nesse
        ses, meios de subsistência e mes-      sentido, os dados mostram que 52%
        mo suas crianças.                      dos casos entre mulheres são entre
        No Brasil, do total de casos notifi-   aquelas que não têm nenhuma es-
    cados até junho de 2006, 67,2% foram       colaridade e entre aquelas que não
    do sexo masculino (290.917 casos) e        concluíram o primeiro grau do ensino
    32,8% do feminino (142.138 casos) e,       fundamental (com um a três anos de
    em 2003, a taxa de incidência foi de       estudos 29% e com quatro a sete anos
    25,4 por 100.000 hab. entre homens         de estudo 19%).
    e 16,1 por 100.000 hab. entre mulhe-
    res. A razão de sexos vem diminuin-           Outro indicador importante é a
    do sistematicamente, passando de           escolaridade das mulheres gestantes
    15,1 homens por mulher, em 1986,           diagnosticadas com HIV, que confirma
    para 1,5 homens por mulher, em 2005        a tendência verificada de pauperiza-
    (gráfico I).                               ção da epidemia. Dos 31.921 casos de
                                               gestantes HIV+, 3% são analfabetas,
       Verifica-se, também, um aumento         13% têm apenas três anos de estudos
    progressivo do número de municípios        e 39% têm entre quatro e sete anos de
    brasileiros com pelo menos um caso         estudos.
9

    O enquadramento da resposta                                                              nadas à aids, promovendo melhora na
brasileira às tendências apresentadas                                                        qualidade de vida. Entretanto, muitos
deve estar orientado para as carac-                                                          são os desafios para que as múltiplas
terísticas que a epidemia assume em                                                          vulnerabilidades sejam superadas e
cada contexto social particular, dando                                                       que ações em prevenção positHIVa
atenção às dimensões socioculturais,                                                         atendam às necessidades das mulhe-
programáticas e de direitos humanos.                                                         res que vivem com HIV/aids em sua
                                                                                             integralidade. Nesse sentido, o Plano
    No Brasil, o acesso universal ao                                                         também prioriza ações estratégicas de
tratamento, desde 1996, tem resul-                                                           prevenção, protagonismo e qualidade
tado na queda do número de óbitos,                                                           de vida para as mulheres que vivem
na diminuição das internações relacio-                                                       com HIV/aids.




                                                                                               GRÁFICO I


                                                RAZÃO DE SEXOS ENTRE OS CASOS DE AIDS POR ANO DE DIAGNÓSTICO
                                                                     Brasil, 1986 a 2005*
                             30


                                                 26,5

                             25




                             20
                                         18,0
      Razão de sexos (H:M)




                                                        15,1
                             15

                                  12,0


                             10                                9,0


                                                                     6,3   6,0
                                                                                 5,3
                                                                                       4,7
                             5                                                               3,9
                                                                                                   3,5   3,2
                                                                                                               2,8
                                                                                                                     2,4   2,1   1,9   1,8   1,7   1,6   1,6   1,5   1,5   1,4

                             0
                                  1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

                                                                                                          Ano de diagnóstico
                             * Casos notificados no SINAN e registrados no SISCEL até 31/12/2005 e SIM de 2000 a 2004.
                             Fonte: MS/SVS/PN-DST/AIDS.
CASOS DE AIDS POR MUNICÍPIO

                      GRÁFICO II                                      GRÁFICO III


      MUNICÍPIOS COM PELO MENOS                MUNICÍPIOS COM PELO MENOS 01 CASO DE
      01 CASO DE AIDS EM MULHER.                          AIDS EM MULHER.
           Brasil, 1980-1989*                             Brasil, 1990-1995*




nenhum caso                                      nenhum caso

pelo menos um caso                               pelo menos um caso




  * Casos notificados no Sinan e registrados      * Casos notificados no Sinan e registrados
          no Siscel até 30/06/2005.                       no Siscel até 30/06/2005.



                     GRÁFICO IV                                       GRÁFICO V


    MUNICÍPIOS COM PELO MENOS                  MUNICÍPIOS COM PELO MENOS 01 CASO DE
    01 CASO DE AIDS EM MULHER.                            AIDS EM MULHER.
         Brasil, 1996-2000*                              Brasil, 2001-2005*.




nenhum caso                                      nenhum caso

pelo menos um caso                               pelo menos um caso




  * Casos notificados no Sinan e registrados      * Casos notificados no Sinan e registrados
          no Siscel até 30/06/2005.                       no Siscel até 30/06/2005.
11




      O E N F R E N TA M E N T O D A
 FEMINIZAÇÃO DA EPIDEMIA:
D E S A F I O S PA R A A S U P E R A Ç Ã O
    DAS VULNERABILIDADES

      O principal desafio social e programático a ser    na sua autonomia para tomar deci-
  considerado é traduzir as soluções para a supera-      sões. Historicamente, essas diferen-
  ção dos diferentes contextos de vulnerabilidade        ças se expressam de forma desfavo-
  das mulheres as DST e HIV/aids em ações concre-        rável às mulheres, transformando-se
  tas, que assegurem o acesso aos métodos de pre-        em desigualdades que as prejudicam
  venção disponíveis nos sistema de saúde e, no caso     fortemente, por exemplo, no acesso
  de exposição a um determinado agravo, tenham a         ao emprego, à educação, à moradia e
  garantia de assistência de qualidade.                  à renda. Essas desigualdades também
                                                         delineiam diferentes formas e níveis
                  Nesse sentido, o Plano desenca-        de discriminação quanto ao exercício
               deará ações estratégicas para incidir     da sexualidade feminina.
               sobre os contextos e fatores mais im-
               portantes de produção e de supera-            Com efeito, esse poder diferencia-
               ção de vulnerabilidades. São eles:        do entre mulheres e homens também
                                                         amplia a vulnerabilidade das mulhe-
                                                         res, pois relega a sexualidade femini-
               1- As relações desiguais de               na ao silêncio, sobretudo, no que diz
               gênero                                    respeito aos cuidados com o corpo e
                                                         com a saúde sexual; e ainda pela vio-
                   Um aspecto de fundamental im-         lência física e sexual contra mulheres
               portância a ser considerado na análi-     adultas, crianças e adolescentes.
               se, tanto da vulnerabilidade individu-
               al quanto da social, são as relações de      Na perspectiva dos papéis relacio-
               gênero, isto é, as relações de poder      nados ao exercício da masculinidade
               existentes entre homens e mulheres.       em nossa sociedade, noções como
                                                         a de que os homens devem iniciar a
                  Em todas as sociedades, há dife-       vida sexual o mais cedo possível, ter
               renças entre os papéis sociais desem-     muitas parceiras sexuais, “controlar”
               penhados por homens e mulheres, no        suas parceiras e que as práticas se-
               seu acesso aos recursos produtivos e      xuais sem o uso do preservativo são
12

     mais prazerosas, se constituem o cen-      entre as pessoas; gera preconceito e
     tro da vulnerabilidade das mulheres        discriminação, afetando duplamente
     no que diz respeito à prevenção da         as mulheres negras, também vitima-
     infecção pelo HIV/aids e outras DST.       das pelo machismo e pelos preconcei-
     A reprodução de papéis tradicionais        tos de gênero.
     nas relações de gênero, e das rela-
     ções de poder entre os gêneros, in-            Reforça-se nesse contexto que,
     terfere na capacidade de negociação        para a promoção da eqüidade em
     de práticas de sexo mais seguro com        saúde, a relação entre racismo e vul-
     seus parceiros.                            nerabilidade deve estar presente na
                                                formulação de políticas públicas. No
        Por essas razões, é de suma rele-       campo do enfrentamento das DST,
     vância a inserção de atividades vol-       do HIV e aids, prioritariamente três
     tadas para a sensibilização e envolvi-     aspectos devem ser considerados: o
     mento dos homens nas estratégias de        racismo, o racismo institucional, in-
     prevenção das DST/aids e do enfren-        clusive no âmbito do Sistema Único
     tamento da violência contra a mulher       de Saúde, e o reconhecimento das
     durante todo o processo de implanta-       desigualdades étnico-raciais.
     ção e implementação do Plano.
                                                3- Pobreza
     2- Racismo e Desigualdades
     Étnico-raciais                                 O enfrentamento da pobreza en-
                                                tre as mulheres é condição essencial
         É necessário, ao se analisar os con-   para o controle da epidemia. Pobre-
     textos de vulnerabilidade da mulher        za, DST e aids são interdependentes.
     às DST e ao HIV/aids, considerar o re-     A epidemia de aids agrava as condi-
     corte étnico e racial. No contexto da      ções já precárias de reprodução so-
     feminização e pauperização da epi-         cial das famílias pobres, pois os cus-
     demia, as mulheres negras e índias se      tos relativos ao cuidado com algum
     encontram em situação especialmen-         membro da família repercutem na
     te vulnerável. Condições socioeconô-       renda familiar, mesmo considerando
     micas desfavoráveis e especificidades      sistemas de saúde mais inclusivos,
     culturais, representações em relação       como o sistema de saúde brasileiro, a
     ao cuidado com o corpo, à sexuali-         maior carga social recai sobre as mu-
     dade e em relação ao adoecimento           lheres, em particular, as mulheres jo-
     e suas conseqüências sociais, devem        vens, que passam assumir os cuidados
     ser consideradas, inclusive, como fa-      com os membros da família que estão
     tores que podem gerar ou acrescer          doentes. Nas famílias em situação de
     vulnerabilidade ao HIV e aids.             pobreza onde a composição da ren-
                                                da conta com a soma do trabalho da
         O racismo, como condição histó-        mulher, o adoecimento de um de seus
     rica, reafirma-se no dia-a-dia pela        membros é sem dúvida um fator eco-
     linguagem, práticas e relações. Man-       nômico que compromete sua estabili-
     tém-se e alimenta-se pela tradição e       dade e sua reprodução, sobretudo se
     pela cultura. Influencia o funciona-        a mulher for a pessoa atingida pela
     mento das instituições e as relações       doença.
13

    Há que se considerar, em um pro-     4- Violência Sexual e Doméstica
grama de enfrentamento da femini-
zação da epidemia, estratégias que           A violência contra as mulheres
visem ao fortalecimento da mulher        – seja ela física, psicológica, sexu-
que se encontra em situação de po-       al ou de outra ordem – constitui um
breza. Adoção de medidas de geração      grave risco à saúde e amplia as pos-
de renda, de participação cidadã nas     sibilidades de infecção por doenças
instâncias de controle social, nas or-   sexualmente transmissíveis e pelo
ganizações políticas e na mobilização    HIV/aids.
social em torno dos seus direitos de
cidadania, são de fundamental im-            Considerando a magnitude do pro-
portância para se reverter o cenário     blema da violência doméstica e sexu-
atual da epidemia de DST e aids no       al contra mulheres, crianças e ado-
país.                                    lescentes no Brasil, o Ministério da
                                         Saúde e a Secretaria Especial de Polí-
    Nesse sentido, a estratégia de co-   ticas para as Mulheres da Presidência
locar no centro das ações de controle    da República, estimulam a sensibili-
da epidemia o combate à pobreza é        zação de gestores e profissionais das
sem dúvida um desafio de todos nós       diversas estruturas, para a organiza-
e o caminho possível está dado pela      ção de serviços de referência e con-
experiência acumulada do Programa        tra-referência e de redes integradas
Bolsa Família. É imperiosa a integra-    para atenção às pessoas em situação
ção das ações de controle das DST e      de violência doméstica e sexual. Essa
do HIV/aids nesse Programa, onde         rede converge para que sejam ado-
90% das beneficiárias são mulheres e     tadas ações integradas, envolvendo
se mobilizadas podem de fato fazer a     atuações com governos estaduais,
diferença, reduzindo a velocidade da     municipais e Organizações da Socie-
epidemia entre mulheres pobres.          dade Civil (OSC), dirigidas para pre-
                                         venção, atenção e protagonismo ju-
   Para isso, será necessária a com-     venil. Essa iniciativa compõe o que
binação de múltiplos esforços inter-     se define como Redes de Atenção In-
setoriais do governo, que articule os    tegral para Mulheres e Adolescentes
esforços de combate a pobreza com        em situação de violência doméstica e
esforços de mobilização no enfrenta-     sexual.
mento da feminização do HIV/aids.
14

         Entende-se nesse contexto que           Muitos são os desafios no que tan-
     Rede de Atenção Integral para Mu-        ge ao combate a violação dos direitos
     lheres e Adolescentes em situação ou     humanos e seu impacto na prevenção
     risco de violência doméstica e sexual    das DST/aids. Pode-se destacar a si-
     é uma pactuação para a atuação ar-       tuação de privação de liberdade em
     ticulada entre instituições e serviços   que vive uma parte significativa de
     governamentais e não-governamen-         mulheres adultas e jovens em nosso
     tais, visando à ampliação e a melho-     país. Essas mulheres encontram difi-
     ria da qualidade da prevenção, do        culdades em acessar insumos e orien-
     acolhimento, atenção e encaminha-        tações necessárias em saúde sexual
     mento adequado de casos existentes       e reprodutiva e se tornam mais sus-
     nas comunidades, bem como o desen-       cetíveis a infecção pelo HIV e outras
     volvimento de estratégias para a ges-    DST.
     tão compartilhada das ações.
                                                  Historicamente, grupos organiza-
                                              dos de mulheres representantes do
     5- Estigma e violação de direi-          movimento feminista, do movimen-
     tos humanos                              to de prostitutas, do movimento de
                                              lésbicas e do movimento de pessoas
         O estigma se constitui como uma      vivendo com HIV/Aids, entre outros,
     das mais significativas formas de        estiveram sempre presentes na luta
     violência e violação dos direitos hu-    pelos direitos das mulheres. A união
     manos das mulheres no Brasil. Para       dos diferentes movimentos em prol
     a superação da epidemia de aids o        da realização das ações previstas no
     enfrentamento do estigma tem sido        Plano possibilitará a redução do es-
     fundamental para a redução das           tigma, o fortalecimento da articula-
     vulnerabilidades. A realização de        ção intersetorial e, por conseguinte a
     ações para a promoção da igualdade       promoção do acesso aos dispositivos
     e equidade de gênero, raça, etnia e      sociais necessários para o exercício
     orientação sexual contribuem para        da cidadania.
     estimular a difusão de imagens não
     discriminatórias e não-esteriotipadas
     das mulheres.
15

6- Pouco reconhecimento dos               jeto Saúde e Prevenção nas Escolas,
                                          uma parceria entre os Ministérios da
direitos dos adolescentes e dos
                                          Saúde e o da Educação tem se cons-
jovens                                    tituído em um exemplo de iniciativa
                                          governamental de grande envergadu-
    O Plano contempla ações estraté-
                                          ra, pois trouxe para dentro da escola
gicas integradas ao Projeto Saúde e
                                          a reflexão sobre sexualidade, saúde
Prevenção nas Escolas. As respostas à
                                          reprodutiva, cuidado com a saúde de
ocorrência de doenças sexualmente
                                          modo geral, mobilizando toda a co-
transmissíveis entre jovens não po-
                                          munidade escolar.
dem prescindir de ações estruturadas
para a promoção dos direitos sexuais
                                              Por outro lado, apesar dos avan-
e direitos reprodutivos, contribuindo
                                          ços alcançados até aqui, sobretudo
para a redução das vulnerabilidades,
                                          no que se refere ao uso da camisinha,
sobretudo quando nos reportamos a
                                          os jovens continuam se infectando e
feminização da epidemia em nosso
                                          muitas de suas necessidades de saúde
país.
                                          não são resolvidas.
    Fatores externos constituem uma
                                              Quando se traz à tona a situação
poderosa influência sobre como os
                                          da epidemia entre os jovens, desta-
adolescentes e os jovens pensam e se
                                          ca-se o cenário em que vivem as mu-
comportam – o meio em que eles vi-
                                          lheres jovens, pois muitas delas ain-
vem, os veículos de comunicação de
                                          da são privadas do acesso à educação
massa, a indústria do entretenimen-
                                          formal, principalmente meninas que
to, as instituições comunitárias e re-
                                          vivem em situação de pobreza. Muitas
ligiosas, e o sistema legal e político.
                                          encontram dificuldades de diálogo e
Tais fatores podem se constituir em
                                          de negociação de práticas sexuais se-
importantes fontes para o equaciona-
                                          guras com seus parceiros, muitas são
mento da epidemia entre os jovens e
                                          vítimas de violência sexual dentro da
como referências para a promoção de
                                          própria casa e muitas outras entram
práticas sexuais mais seguras e sau-
                                          na prostituição como forma de com-
dáveis.
                                          pensar as privações econômicas e so-
                                          ciais em que vivem.
   Estudos de opinião demonstram
que os jovens estão cada vez mais
                                              Tal situação, em que se imbri-
participativos e conscientes em re-
                                          cam fatores biológicos e psicológicos,
lação ao exercício da sexualidade
                                          culturais, socioeconômicos e políti-
de forma saudável e segura. O Pro-
                                          cos, pode aumentar a vulnerabilida-
16

     de desse segmento populacional aos        7- As Doenças Sexualmente
     mais diversificados agravos à saúde,
                                               Transmissíveis (DST)
     especialmente em situações em que
     não haja a garantia dos direitos de
                                                   As DST são muitas vezes assintomá-
     cidadania.
                                               ticas, principalmente entre mulheres.
                                               A ausência de sintomas visíveis pode
          Pesquisa desenvolvida pelo Insti-
                                               acarretar uma série de complicações.
     tuto Cidadania (2005) evidencia ele-
                                               Vários fatores, além das característi-
     mentos que apontam para a vulnera-
                                               cas biológicas, contribuem para que
     bilidade dos jovens: a inserção social,
                                               a mulher esteja mais vulnerável a ter
     profissional e educacional, além das
                                               DST, como por exemplo: as relações
     dificuldades de serem ouvidos em
                                               desiguais entre homens e mulheres, a
     suas opiniões e necessidades, são os
                                               falta de oportunidade de falar sobre
     maiores problemas enfrentados pe-
                                               sexualidade e conhecer seu corpo,
     los jovens brasileiros na atualidade.
                                               a dificuldade de negociação do uso
     Dados referentes ao ano de 2000, ci-
                                               do preservativo com o parceiro, e as
     tados na referida Pesquisa, demons-
                                               condições econômico-culturais que
     tram que apenas 41.3% dos jovens vi-
                                               podem limitar o acesso a serviços e
     viam em famílias com renda familiar
                                               informações adequadas.
     per capita acima de um salário míni-
     mo, sendo que 12.25 (4,2) viviam em
                                                    Com o avanço da epidemia da in-
     famílias com renda per capita de até
                                               fecção pelo HIV, as DST assumiram
     ¼ de salário mínimo. Em 2001, mais
                                               um papel ainda mais relevante, ao
     da metade dos jovens entre 15 e 24
                                               ser demonstrado que facilitavam a
     anos não estudava e apenas 42% che-
                                               propagação do HIV. As lesões provo-
     gavam ao ensino médio. Com efeito,
                                               cadas pelas DST facilitam a entrada
     as pessoas jovens estão entre as prin-
                                               do vírus no organismo, aumentando
     cipais vítimas do modelo econômico
                                               os riscos de uma pessoa se infectar
     adotado nas últimas décadas, no qual
                                               pelo HIV, em até 10 vezes no caso de
     a exclusão social se aprofunda.
                                               sífilis, 6 vezes no caso da clamídia,
17

9 vezes nos casos de herpes genital       ano, levando muitas mulheres à mor-
e gonorréia e em até 18 vezes pela        te e internações que poderiam ser
presença de úlceras genitais, por         evitadas, visto ser um agravo curável
exemplo. Portanto, o tratamento das       a custos baixíssimos.
DST, associado à promoção do uso do
preservativo, induz à redução signifi-        Estratégias de prevenção primá-
cativa da incidência de HIV.              ria (uso do preservativo) e secundária
                                          (diagnóstico e tratamento precoces)
    As pessoas que vivem com HIV          podem permitir o controle das DST e
apresentam maior risco de adquirir        de suas conseqüências. Para ampliar
outras DST, em função da baixa imu-       o controle e o tratamento das DST, a
nidade provocada pelo vírus, fazendo      “Abordagem Sindrômica” vem sendo
com que as doenças se manifestarem        adotada como estratégia pelo Minis-
de formas atípicas, possam levar a        tério da Saúde, e consiste na identifi-
diagnósticos errôneos e requerer um       cação de um grupo de sinais e sinto-
tratamento mais prolongado.               mas comuns a determinadas DST e no
    A maioria das DST tem cura e          tratamento simultâneo delas, tornan-
normalmente os sintomas desapare-         do o diagnóstico e o tratamento mais
cem em curto espaço de tempo. Se          rápido e eficaz.
não forem tratadas adequadamente,
podem trazer sérias conseqüências,             As ações existentes no país ainda
como esterilidade, aborto, natimor-       se apresentam de forma pulverizada,
tos, partos prematuros, infecção con-     com importantes diferenças regio-
gênita, câncer do colo do útero e até     nais. São essenciais as ações no cam-
a morte.                                  po da atenção básica, com ênfase no
                                          controle das DST e eliminação da sífi-
    Levantamento realizado no Brasil      lis congênita, no acesso ao diagnósti-
em 2004 demonstrou a internação de        co precoce da sífilis e do HIV e na pre-
mais de 93 mil mulheres com doença        venção ao câncer de colo de útero.
inflamatória pélvica (DIP). Em 2006,
este mesmo levantamento acusou                Além do diagnóstico e tratamento
que 10 mil mulheres foram internadas      medicamentosos, os serviços devem
em decorrência de gravidezes fora do      contar com a oferta de atividades de
útero. Em ambos os eventos, a gran-       orientação preventiva, disponibiliza-
de maioria das causas é as DST não        ção de insumos de prevenção (preser-
tratadas, que levam muitas mulheres       vativos masculinos e femininos, gel
a perderem a funcionalidade de suas       lubrificante) e de mecanismos para
trompas, podendo chegar a infecção        tratamento dos parceiros. É neces-
generalizada e até a morte.               sário, portanto, um esforço coletivo
                                          para divulgar a relevância das DST,
    A prevalência de sífilis em gestan-   capacitar os serviços para atender as
tes no Brasil é de 1,6%5, sendo espe-     mulheres e aperfeiçoar o sistema de
rado um total de aproximadamente          informação desses agravos.
10.000 casos de sífilis congênita, por
18

     8- Uso de drogas                        zem uso do preservativo nas relações
                                             sexuais com companheiros usuários
         A estratégia de redução de da-      de drogas injetáveis.
     nos pressupõe respeito aos direitos
     humanos e a promoção da qualidade           No que diz respeito ao uso de ou-
     de vida. A política de aids no Brasil   tras drogas é importante considerar o
     tem considerado essa perspectiva no     relaxamento em relação à adoção de
     modelo de atenção para as usuárias e    praticas sexuais seguras. É freqüente
     os usuários de drogas em geral, e não   em nossa cultura, a ingesta de álco-
     somente para os usuários de drogas      ol ou outras drogas como mecanismo
     injetáveis (UDI).                       de desbloqueio nas relações sexuais,
                                             principalmente entre os jovens, o
         Um dos principais fatores de vul-   que os leva ao não-uso do preserva-
     nerabilidade para as mulheres é o uso   tivo. No caso do uso de drogas entre
     de drogas injetáveis. Os dados de-      mulheres, convém salientar que em
     monstram que a forma de exposição       muitas situações as desigualdades de
     por uso de droga injetável é respon-    gênero são mais acentuadas, tornan-
     sável por uma importante taxa de in-    do-se uma desvantagem no que se re-
     fecção nas mulheres, seja porque há     fere ao controle da epidemia do HIV/
     mulheres que fazem uso freqüente de     aids, pois são estigmatizadas pela
     drogas injetáveis e compartilham se-    condição de usuárias de droga.
     ringas e agulhas, seja porque não fa-
GRÁFICO VI

CASOS DE AIDS EM MULHERES SEGUNDO PARCERIA SEXUAL
      INFORMADA POR CATEGORIA DE EXPOSIÇÃO.
                 Brasil, 1980 - 2006(1)

                                                                                                                56
                  parceiro HIV+
                                                                                                    43,8



                                                  11,4
                   parceiro UDI
                                                                                      34,1



                                                                     23,2
             múltiplos parceiros
                                                              19,8



                                              9,3
parceiro com múltiplos parceiros
                                       2,4


                                   0         10          20                 30                40           50        60   70

                                                                                 percentual

                                                                            hetero            UDI


FONTE:MS/SVS/PN-DST/AIDS
NOTA: (1) Casos notificados no SINAN até 30/06/06.
20




                     POLÍTICAS
                INTERSETORIAIS
               PA R A A S M U L H E R E S


          Tomando como referência os Direitos Sexuais     dem da mobilização dos diferentes
     e os Direitos Reprodutivos (tais como proposto nas   atores governamentais e não-gover-
     Conferências de Cairo, 1994; Beijing 1995 e na I     namentais envolvidos em programas,
     Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres   projetos e ações e precisam contem-
     2004), as estratégias do Plano devem contemplar      plar as diferentes especificidades re-
     as mulheres em suas especificidades: gestantes;      gionais e culturais. Para tanto, a pro-
     mulheres vivendo com HIV e aids; adolescentes e      posta é que o Plano seja trabalhado
     jovens; lésbicas, bissexuais e outras mulheres que   em atividades de planejamento no
     fazem sexo com mulheres; transexuais; negras;        âmbito regional, incluindo a participa-
     indígenas; mulheres em situação de prisão; pro-      ção de diferentes setores que atuam
     fissionais do sexo; trabalhadoras do campo e da      no campo dos direitos das mulheres.
     cidade; mulheres em situação de violência sexual
     e doméstica; portadoras de deficiência; mulheres         O Plano possibilita a consolidação
     no climatério e as mulheres idosas.                  do compromisso que vem sendo assu-
                                                          mido historicamente pela Secretaria
                     Na perspectiva do acesso univer-     Especial de Políticas para as mulheres,
                 sal, da integralidade e eqüidade à       pelo Ministério da Saúde, por meio da
                 prevenção e à assistência em saúde,      Área Técnica de Saúde da Mulher e do
                 torna-se urgente o fortalecimento de     Programa Nacional de DST/aids, e pe-
                 ações contextualizadas em uma políti-    los demais parceiros governamentais e
                 ca que contemple as diferentes neces-    não-governamentais que trabalham no
                 sidades de saúde das mulheres e suas     sentido de afirmar e efetivar os direitos
                 formas de expressão, assegurando: o      assegurados às mulheres na legislação
                 acesso aos serviços de saúde qualifi-    brasileira e implementar políticas com
                 cados para a identificação das vulne-    vistas a redução das desigualdades em
                 rabilidades, para a atenção à saúde      nosso país. A integração entre essas
                 sexual e a saúde reprodutiva, para o     diferentes áreas será capaz de promo-
                 acolhimento de demandas em direitos      ver respostas efetivas que contemple
                 humanos, educação e promoção em          a sustentabilidade, descentralização e
                 saúde, assistência social, e para pro-   atenção integral às mulheres.
                 teção em situações de violência.
                                                              As desigualdades entre os gêneros
                    A implantação e implementação         estruturam diferentes graus de dis-
                 das ações propostas no Plano depen-      criminação das mulheres, as excluem
21

da participação em dimensões funda-            Em 2004, convocada pelo Governo
mentais da vida em sociedade e res-        Federal e pelo Conselho Nacional dos
tringem sua liberdade para exercer         Direitos da Mulher (CNDM), foi realiza-
plenamente os seus direitos humanos        da a I Conferência Nacional de Políti-
fundamentais. No mundo, há cada vez        cas para as Mulheres (CNPM) que en-
mais consenso que mulheres com saú-        volveu em seu processo, diretamente,
de, escolaridade e autonomia incidem       mais de 120 mil mulheres de todos os
positivamente na produtividade eco-        26 estados e do Distrito Federal e mais
nômica, na educação das gerações fu-       de dois mil municípios do País. Desta,
turas e na construção de uma cultura       resultou o Plano Nacional de Políticas
de paz.                                    para as Mulheres (PNPM) que vem sen-
                                           do colocado em prática sob a coorde-
    No Brasil, durante muito tempo,        nação da SPM, de forma transversal e
as mulheres estiveram excluídas do         com impactos estaduais e municipais.
exercício de cidadania. Basta lembrar      O PNPM é um documento estratégico
que somente em 1932, com o Código          para todo o governo federal no que diz
Eleitoral Brasileiro, foi assegurado às    respeito a políticas para as mulheres.
brasileiras o direito ao voto.             É estruturado em torno de quatro eixos
                                           de atuação: Autonomia; Igualdade no
    A Constituição Federal Brasileira      Mundo do Trabalho e Cidadania; Edu-
de 1988 representou um marco políti-       cação Inclusiva e não Sexista; Saúde
co, institucional e jurídico que consa-    das Mulheres e Direitos Reprodutivos;
grou o preceito da igualdade entre ho-     e Enfrentamento à Violência Contra as
mens e mulheres. Neste processo de         Mulheres.
revisão constitucional, a atuação do
movimento feminista e de mulheres,             Por sua vez, a proposta de enfren-
conhecida como o “lobby do batom”          tamento da feminização da epidemia
foi fundamental para a ruptura com os      do HIV/aids tem como eixo de refe-
princípios herdados de uma sociedade       rência a mobilização da sociedade em
patriarcal e patrimonialista.              relação aos direitos políticos, sociais,
                                           econômicos e reprodutivos das mu-
    É nesse contexto histórico e políti-   lheres e sua aplicação compreende a
co que, em 2003, foi criada a Secreta-     articulação com estados, municípios
ria Especial de Políticas para as Mulhe-   e sociedade civil. Nessa área a SPM e
res da Presidência da República (SPM),     o Ministério da Saúde atuam no sen-
com a finalidade de “assessorar, direta    tido de instituir e fortalecer medidas
e imediatamente, o Presidente da Re-       e ações de enfrentamento à violência
pública na formulação, coordenação         contra as mulheres – seja ela física,
e articulação de políticas para as mu-     psicológica ou sexual.
lheres” e “elaborar o planejamento
de gênero que contribua na ação do             No Brasil, a saúde da mulher se
governo federal e demais esferas de        incorpora às políticas nacionais de
governo, com vistas na promoção da         saúde nas primeiras décadas do Sécu-
igualdade”. A SPM tem importante pa-       lo XX, sendo limitada, nesse período,
pel articulador das políticas do Gover-    às demandas relativas à gravidez e ao
no Federal voltadas para as mulheres.      parto. Os programas materno-infan-
22

     tis, elaborados nas décadas de 30, 50     saúde para mulheres. O PAISM cons-
     e 70, traduzem uma visão incompleta       tituiu a base dos esforços governa-
     das necessidades de saúde das mu-         mentais relacionados ao campo das
     lheres, baseada em sua especificida-      políticas, estratégias e programas do
     de biológica e no seu papel social de     sistema de saúde na área da saúde da
     mãe e dona de casa, responsável pela      mulher. Em 2004, esse programa toma
     criação, pela educação e pelo cuidado     a forma da Política Nacional de Aten-
     com a saúde dos filhos e demais fami-     ção Integral à Saúde da Mulher. A de-
     liares.                                   finição das prioridades dessa Política
                                               baseou-se em um quadro sobre a situ-
         Esses programas foram vigoro-         ação de saúde das mulheres no Brasil
     samente criticados pela perspecti-        e levou também em consideração as
     va reducionista com que tratavam a        reivindicações dos movimentos sociais
     mulher, pois tornavam evidentes as        que lutam pelos direitos humanos das
     desigualdades nas condições de vida       mulheres na área da saúde.
     e nas relações entre os homens e as
     mulheres, os problemas associados à           A Política Nacional de Atenção In-
     sexualidade e à reprodução, as dificul-   tegral à Saúde da Mulher define ações
     dades relacionadas à anticoncepção e      estratégicas voltadas para o combate
     à prevenção de Doenças Sexualmente        à feminização da epidemia e atenção à
     Transmissíveis (DST), e a sobrecarga      saúde das mulheres vivendo com HIV/
     de trabalho das mulheres, respon-         aids. No âmbito da implantação e im-
     sáveis pelo trabalho doméstico e de       plementação do Plano, a Área Técnica
     criação dos filhos.                       da Saúde da Mulher prevê a promoção
                                               conjunta da prevenção e do controle
         Em 1984, o Ministério da Saúde,       das doenças sexualmente transmis-
     atendendo às reivindicações do movi-      síveis e da infecção pelo HIV/aids na
     mento de mulheres, elaborou o Pro-        população feminina e a ampliação e
     grama de Assistência Integral à Saúde     qualificação da atenção clínico-gine-
     da Mulher (PAISM), marcando, sobre-       cológica, inclusive para as portadoras
     tudo, uma ruptura conceitual com os       de infecção pelo HIV e outras DST.
     princípios norteadores das políticas de
23

                OBJETIVO GERAL
                   DO PLANO
   Enfrentar a feminização da epidemia do HIV/aids e outras DST por meio da redução
das vulnerabilidades que atingem as mulheres, estabelecendo políticas de prevenção,
promoção e atenção integral.



         OBJETIVOS
    ESPECÍFICOS DO PLANO

1.   Promover o acesso universal à atenção integral em DST/aids para as mulheres;

2. Reduzir a morbidade das mulheres relacionadas as DST;
3. Reduzir os índices de violência sexual e doméstica contra as mulheres;
4. Reduzir a Transmissão Vertical do HIV e da sífilis;
5. Promover a qualidade de vida das mulheres vivendo com HIV/aids.

                         DIRETRIZES
•    Promover a defesa dos direitos humanos, direitos sexuais e direitos reprodutivos das
     mulheres;

•    Reduzir o estigma ao HIV/aids e a discriminação em relação às mulheres em situação
     de vulnerabilidade;

•    Reduzir as iniqüidades regionais, territoriais e de contexto de pobreza;

•    Promover a equidade racial, étnica, de gênero e de orientação sexual das mulheres no
     acesso a informação, diagnóstico e tratamento;

•    Fortalecer, implementar e ampliar as ações de prevenção, promoção e assistência as
     DST, HIV e aids de forma integral e eqüânime, conforme os princípios do Sistema Único
     de Saúde e do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.
24



                                        •   Ampliação da cobertura e garantia     •   Apoio ao fortalecimento das ações
                                            de acesso à insumos de prevenção;         em redes entre os diferentes mo-
                                            ao diagnóstico do HIV e da sífilis;       vimentos de mulheres;
                                            a serviços de saúde de qualidade;
     A Ç Õ E S E S T R AT É G I C A S


                                            universal e gratuito ao tratamen-     •   Estabelecimento de mecanismos
                                            to; à informação e às ações educa-        para monitoramento do cumpri-
                                            tivas sobre DST e HIV/aids para às        mento das pactuações, por parte
                                            mulheres;                                 dos três níveis de governo;

                                        •   Estabelecimento de parcerias com      •   Qualificação da atenção a saúde
                                            setores governamentais, não-go-           mental das mulheres;
                                            vernamentais e sociedades cientí-
                                            ficas para implementação do Pla-      •   Realização de capacitação perma-
                                            no;                                       nente para gestores e profissionais
                                                                                      de saúde e educação em Gênero,
                                        •   Interlocução com novas ações e            Direitos Humanos, Direitos Sexuais
                                            Programas de Governo já existen-          e Direitos Reprodutivos;
                                            tes, nas três esferas de gestão;
                                                                                  •   Inclusão dos temas Gênero, Vio-
                                        •   Integração entre as redes de mu-          lência, Direitos Humanos, Direitos
                                            lheres, redes de serviços de saú-         Sexuais e Direitos Reprodutivos em
                                            de, segurança pública, justiça, as-       todas as ações em DST/aids;
                                            sistência social – estabelecimento
                                            de referência e contra-referência;    •   Apoio técnico na elaboração de
                                                                                      protocolos e fluxos de atenção in-
                                        •   Aprimoramento, ampliação e qua-           tegral para as redes e serviços es-
                                            lificação da informação sobre cân-        pecializados;
                                            cer ginecológico;
                                                                                  •   Promoção de estratégias de sensi-
                                        •   Realização de oficinas de apoio           bilização de gestores e integrantes
                                            aos estados e municípios para efe-        das redes locais;
                                            tivação do Plano e para o reforço
                                            da capacidade técnica e da gestão     •   Estabelecimento de estratégias
                                            local;                                    regionais de informação e comu-
                                                                                      nicação em DST e aids (vulnerabi-
                                        •   Articulação com estados e municí-         lidades, direitos sexuais, direitos
                                            pios para a aplicação de recursos         reprodutivos, violência, preven-
                                            para ações de enfrentamento da            ção, diagnóstico, assistência, tra-
                                            feminização da epidemia do HIV/           tamento e direitos humanos);
                                            Aids e outras DST;
25



•   Disponibilização dos exames la-              cia (notificação da aids, sífilis na
    boratoriais para o diagnóstico e             gestante, sífilis congênita e violên-
    monitoramento de HIV e sífilis e             cia), segurança pública, assistên-
    outras DST;                                  cia social e direitos humanos);

•   Revisão do quantitativo e da lo-         •   Implementação do processo de ca-
    gística de distribuição de insumos           pacitação e treinamento dos pro-
    essenciais para as atividades de             fissionais atuantes nos serviços de
    controle da transmissão vertical             prevenção e atenção integral para
    do HIV e sífilis, profilaxia em situa-       mulheres em situação de violência
    ção de violência sexual e DST;               sexual e doméstica;

•   Estabelecimento de mecanismos            •   Regulamentação e implementa-
    que incluam os quesitos raça/cor/            ção da legislação em vigor para
    etnia na implementação do Plano;             garantir os mecanismos do enfren-
                                                 tamento da violência contra a mu-
•   Estabelecimento de estratégias               lher;
    com setores governamentais e
    não-governamentais que atuam no          •   Articulação com o Conselho Nacio-
    campo do enfrentamento da po-                nal dos Direitos da Mulher(CNDM),
    breza;                                       Conselho Nacional de Saúde (CNS),
                                                 Conselho Nacional de Secretários
•   Estabelecimento de estratégias               de Saúde (CONASS), Conselho Na-
    direcionadas aos homens para as              cional de Secretários Municipais
    ações de enfrentamento da femi-              de Saúde (CONASEMS), outros con-
    nização da epidemia do HIV/aids e            selhos e instancias de controle so-
    outras DST;                                  cial.

•   Implantação e implementação do           •   Fortalecimento das redes de mu-
    Sistema Nacional de Informações              lheres vivendo com HIV/aids.
    sobre violência contra a mulher;

•   Consolidação e integração dos sis-
    temas de informação em vigilân-
26




                                 M E TA S
     1.   Ter reduzido, até 2008, a taxa      7.    Ter aumentado de 35% para 70%
          da transmissão vertical do HIV            a proporção de mulheres que
          de 4% para menos de 1%;                   relatam já terem sido testadas
                                                    para o HIV; (PCAP, 2004);
     2.    Ter eliminado a sífilis congêni-
          ta;                                 8.    Ter aumentado de 70% para 90%
                                                    a proporção de mulheres que
     3.   Ter integrado em 100% a rede              referem ter realizados exames
          básica de atenção integral para           ginecológicos com preventi-
          mulheres em situação de vio-              vo nos últimos 3 anos (PCAP,
          lência doméstica e sexual;                2004);

     4.   Ter implementado em 100% dos        9.    Ter aumentado de 17% para
          municípios que têm a políti-              50% o número de escolas de
          ca de incentivo no âmbito dos             ensino médio da rede pública
          Programas de DST e Aids e Saú-            que disponibilizam preservati-
          de da Mulher, ações de enfren-            vos (Censo Escolar, 2005);
          tamento da violência sexual e
          doméstica;                          10.   Ter estabelecido linha de base
                                                    para diagnóstico e ampliação
     5.   Ter ampliado as redes de aten-            do conhecimento sobre sexua-
          ção às pessoas em situação de             lidade e reprodução em mulhe-
          violência sexual e doméstica              res vivendo com HIV/aids;
          em 100% dos municípios priori-
          tários.                             11.   Ter estabelecido uma linha de
                                                    base para diagnóstico e am-
     6.   Ter aumentado de 90,2% para               pliação do conhecimento sobre
          95% a proporção de mulhe-                 a prevalência de DST em mu-
          res que relatam espontanea-               lheres;
          mente a relação sexual como
          forma de transmissão do HIV         12.   Ter adquirido 10 milhões de
          (PCAP,2004);                              preservativos femininos.
27

                          AT I V I D A D E S
                          SUGERIDAS
               META                         ATIVIDADE                       EXECUTORES

Ter reduzido, até 2008, a taxa   Divulgação dos manuais e          Ministério da Saúde
da transmissão vertical do HIV   protocolos;
de 4% para menos de 1%;                                            Secretarias Estaduais
                                 Capacitação de recursos           e Municipais de Saúde
Ter eliminado a sífilis          humanos para atendimento
congênita.                       especializados;

                                 Operacionalização do plano
                                 de redução da Transmissão
                                 Vertical do HIV e sífilis no
                                 País;

                                 Implantação de teste rápido
                                 para o HIV e sífilis, com acon-
                                 selhamento,
                                 em cenários específicos;



Ter integrado em 100% a rede     Implementação das diretrizes,     Ministério da Saúde
básica de atenção integral       normas técnicas, protocolos e     Secretaria Especial de Políti-
para mulheres em situação de     fluxos de atendimento a pes-       cas para as Mulheres
violência doméstica e sexual;    soas em situação de violência
                                 sexual e doméstica;               Secretarias Estaduais
Ter implementado em 100%                                           e Municipais de Saúde
dos municípios que tem a         Articulação e mobilização téc-
política de incentivo no âm-     nica e política nos municípios    Coordenadorias e Secretarias
bito dos Programas de DST e      prioritários;                     Estaduais de Mulheres
Aids e Saúde da Mulher, ações
de enfrentamento da violên-      Apoio técnico-financeiro por
cia sexual e doméstica;          meio de convênios para a
                                 operacionalização de centros
Ter ampliado as redes de         de qualificação de profission-
atenção às pessoas em            ais que atendem pessoas em
situação de violência sexual     situação de violência domésti-
e doméstica em 100% dos          ca e sexual.
municípios prioritários.
28

                  META                         ATIVIDADE                        EXECUTORES
     Ter aumentado de 90,2% para     Formação de um GT para           Ministério da Saúde
     95% a proporção de mulheres     definição de uma estratégia
     que relatam espontanea-         de comunicação;                  Ministério da Educação
     mente a relação sexual como
     forma de transmissão do HIV     Elaboração de material edu-      Secretaria Especial de Políticas
     (PCAP,2004);                    cativo;                          para as Mulheres

     Ter aumentado de 35% para       Realização de campanhas;         Secretarias de Saúde e Educa-
     70% a proporção de mulheres                                      ção de estados e municípios
     que relatam já terem sido       Realização de oficinas para
     testadas para o HIV (PCAP,      profissionais de saúde, edu-     Coordenadorias de Mulheres
     2004);                          cação e comunicação;

     Ter aumentado de 70% para       Formação de profissionais
     90% a proporção de mulheres     de saúde e educação, e de
     que referem terem realizados    jovens nos temas gênero,
     exames ginecológicos com        DDHH; DDSS e DDRR no âmbi-
     preventivo nos últimos 3 anos   to do Saúde e
     (PCAP, 2004);                   Prevenção nas Escolas;

     Ter aumentado de 17% para       Disponibilização de
     50% o número de escolas de      insumos por meio de grades
     ensino médio da rede pública    de distribuição de preservati-
     que disponibilizam preserva-    vos para estados e escolas.
     tivos (Censo Escolar, 2005).

     Ter estabelecido linha de       Elaboração e publicação de       Ministério da Saúde
     base para diagnóstico e am-     edital de pesquisa;
     pliação do conhecimento so-                                      Secretaria Especial de Políticas
     bre sexualidade e reprodução    Formação de GT para es-          para as Mulheres
     em mulheres vivendo com         truturação de uma agenda
     HIV/aids.                       integrada para efetivação do
                                     Planejamento Reprodutivo
                                     em Casais que convivem com
                                     HIV no âmbito da Política
                                     Nacional de Atenção Integral
                                     em Reprodução Humana As-
                                     sistida/Adoção, no SUS;

                                     Fortalecimento das redes
                                     das mulheres vivendo com
                                     HIV/aids;

                                     Realização de seminários
                                     e oficinas para formulação
                                     de políticas voltadas para a
                                     qualidade de vida das mul-
                                     heres vivendo com HIV/aids,
                                     a partir da linha de base.
29

             META                     ATIVIDADE                      EXECUTORES

Ter estabelecido uma linha   Elaboração e publicação      Ministério da Saúde
de base para diagnóstico e   de edital pesquisa;
ampliação do conhecimento                                 Secretarias Estaduais e
sobre a prevalência de DST   Fortalecimento das redes     Municipais de Saúde
em mulheres.                 das mulheres para o con-
                             texto das DST – evitando     Secretaria Especial de Políticas
                             complicações;                para as Mulheres

                             Implementação da política
                             de incentivo para o desen-
                             volvimento de pesquisas
                             em DST.



Adquirir 10 milhões de       Publicação de edital para    Ministério da Saúde
preservativos feminino.      aquisição de preservativo
                             feminino;

                             Publicação de edital para
                             a realização do estudo de
                             aceitabilidade;

                             Realização de estudo de
                             aceitabilidade das várias
                             apresentações da matéria
                             prima;

                             Aquisição dos preservati-
                             vos feminino.
ANEXO


                MARCOS QUE NORTEIAM
                AS POLÍTICAS PÚBLICAS
                   B R A S I L E I R A S PA R A
                       AS MULHERES
        •   Constituição Federal Brasileira de 1988:         sibilidade e interrelação dos direitos huma-
            estabelece direitos e garantias fundamen-        nos;
            tais e reconhece a universalidade do di-
            reito à saúde e o dever do Estado de ofe-    •   Conferência de Cairo sobre População e
            recer acesso a esse direito e a igualdade        Desenvolvimento, 1994 – promoveu uma
            de direitos entre homens e mulheres;             mudança na abordagem dos temas relacio-
                                                             nados à população com foco especial nos
        •   Declaração Universal dos Direitos Huma-          direitos humanos, particularmente os direi-
            nos, 1948 – primeiro instrumento univer-         tos das mulheres e formalizou o conceito de
            sal a consagrar os direitos humanos de           “direitos reprodutivos”;
            homens e mulheres;
                                                         •   Convenção de Belém do Pará (1994) ou Con-
        •   Convenção OIT nº 103, 1953- dispõe sobre         venção Interamericana para Prevenir, Punir
            a igualdade de remuneração entre ho-             e Erradicar a Violência contra a Mulher – fó-
            mens e mulheres;                                 rum regional, no âmbito da OEA e define a
        •   Pacto Internacional dos Direitos Civis e         violência contra a mulher estabelecendo
            Políticos, 1966 – primeiro documento que         sua dimensão;
            vincula legalmente direitos humanos,
            econômicos, sociais e culturais;             •   IV Conferência Mundial sobre as Mulheres -
                                                             Declaração de Beijing, 1995 - foram assina-
        •   Convenção Americana sobre Direitos Hu-           das a Declaração e a Plataforma Política;
            manos, 1969 - conhecida como Pacto de
            San Jose da Costa Rica;                      •   Declaração do Milênio das Nações Unidas,
                                                             2000 – estabelece 8 Objetivos de Desenvol-
        •   I Conferência Mundial sobre a Mulher,            vimento, incluindo a promoção da igualdade
            1975 – teve como ponto central de debate         entre os sexos e autonomia das mulheres,
            a igualdade entre sexos e a consolidação         com metas a serem alcançadas até 2015;
            de mecanismos para a sua promoção;
                                                         •   Conferência Mundial contra o Racismo, a
        •   Convenção sobre a Eliminação de todas as         Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas
            formas de Discriminação contra a Mulher,         Correlatas de Intolerância (CMR) em Durban
            1979 - mais conhecida como CEDAW, trata          (2001);
            da discriminação contra a mulher em sen-
            tido mais amplo;                             •   Assembléia Especial da Assembléia Geral
                                                             da ONU sobre HIV/Aids (UNGASS), 2001 - lí-
        •   II Conferencia Mundial sobre a Mulher,           deres globais se comprometeram com uma
            1980 – convocou os governos a promove-           ampliação maciça da prevenção, tratamen-
            rem a igualdade entre os sexos;                  to e assistência ao HIV;

        •   III Conferência Mundial sobre a Mulher,      •   I Conferência Nacional de Políticas para as
            1985 – aprovadas e adotadas estratégias          Mulheres, 2004 – amplo processo participa-
            para o futuro avanço da mulher;                  tivo que resultou na construção democrá-
                                                             tica do Plano Nacional de Políticas para as
        •   Declaração e Programa de Ação de Viena,          Mulheres.
            1993 – consagrou a universalidade, indivi-
Plano integrado para enfrentar a feminização da epidemia de AIDS e DST
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Plano integrado para enfrentar a feminização da epidemia de AIDS e DST

  • 1.
  • 2.
  • 3. Plano Integrado de ENFRENTAMENTO à FEMINIZAÇÃO da Epidemia de Aids e outras DST Julho, 2007
  • 4. © 2007. Ministério da Saúde É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. 2ª edição – tiragem: 110 exemplares Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro de Estado da Saúde José Gomes Temporão Secretário de Vigilância em Saúde Gerson Penna de Oliveira Elaboração, distribuição e informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Programa Nacional de DST e Aids SEPN, 511, Bloco C CEP.: 70.750, Brasília, DF E-mail: aids@aids.gov.br / edicao@aids.gov.br Homepage: http://www.aids.gov.br Disque Saúde / Pergunte Aids: 0800 61 1997 Publicação financiada com recursos do UNFPA e do Ministério da Saúde Organizadoras: Katia Guimarães e Ângela Donini Colaborações: Simone Diniz – Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo Projeto gráfico: Isabela Faria Diagramação: Alexsandro de Brito Almeida Programa Nacional de DST e Aids – Ministério da Saúde Diretora: Mariângela Batista Galvão Simão Responsável pela Unidade de Prevenção: Ivo Brito Assessoras e Assessores: Ana Paula Prado Artur Iuri Denis Ribeiro Dulce Ferraz Gerson Fernandes Ivana Drummond Cordeiro Karen Bruck Kátia Abreu Liliana Ribeiro Mie Okamura Nair Brito Valdir Pinto Vera Lopes Secretaria de Atenção à Saúde José Carvalho de Noronha Área Técnica de Saúde da Mulher – Ministério da Saúde Coordenadora: Regina Coeli Viola Assessoras: Cláudia Araújo de Lima Giani Silvana Schwengber Cezimbra Iolanda Vaz Guimarães Isa Paula Hamouche Abreu Lidiane Ferreira Gonçalves Regina Rodrigues de Moraes Rurany Ester Silva Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres - Presidência da República Ministra: Nilcéa Freire Secretária-adjunta: Teresa Sousa Assessora Especial: Laisy Morière Subsecretária de Monitoramento e Ações Temáticas: Aparecida Gonçalves Assessora de Imprensa: Maria Clara Notaroberto Fundo de População das Nações Unidas – UNFPA/Brasil Representante: Alanna Armitage Assessora de Comunicação e Advocacy: Etienne França Consultora para a Juventude: Ana Laura Becker Aguiar
  • 5. SUMÁRIO 5 A P R E S E N TA Ç Ã O 6 A F E M I N I Z AÇÃO DA E P I D E M I A D E AIDS E OUTRAS DST 11 O E N F R E N TA M E N T O D A F E M I N I Z A Ç Ã O D A E P I D E M I A : D E S A F I O S PA R A A S U P E R AÇÃO DA S V U L N E R A B I L I DA D E S 20 P O L Í T I CA S I N T E R S E TO R I A I S PA R A A S M U L H E R E S 23 O B J E T I VO G E R A L DO PLANO O B J E T I VO S E S P E C Í F I C O S DO PLANO DIRETRIZES
  • 6. 24 A Ç Õ E S E S T R AT É G I C A S 26 M E TA S 27 AT I V I D A D E S S U G E R I D A S 30 anexo MARCOS QUE NORTEIAM A S P O L Í T I CA S P Ú B L I CA S B R A S I L E I R A S PA R A A S M U L H E R E S
  • 7. 5 A P R E S E N TA Ç Ã O A Secretaria Especial de Políticas para as Mulhe- mar que a incorporação da perspecti- res e o Ministério da Saúde, por meio do Programa va de gênero e a garantia dos direitos Nacional de DST e Aids e da Área Técnica de Saúde humanos de todas as pessoas são con- da Mulher, apresentam às instituições que atuam dições fundamentais para a redução no campo dos direitos humanos, direitos sexuais das vulnerabilidades e da ocorrência e direitos reprodutivos das mulheres brasileiras o de infecções provocadas por relações Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização sexuais desprotegidas. da Epidemia da Aids e outras DST. A execução do Plano contou com o apoio do Fundo de População O Plano propõe-se a nortear a das Nações Unidas (UNPFA), do Fundo das Nações implantação e a implementação de Unidas para a Infância (UNICEF) e do Fundo das ações de promoção de saúde sexual e Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM). de saúde reprodutiva, nos níveis fede- ral, estadual e municipal. Para tanto, Resultado de uma parceria que estabeleceu-se estratégias interseto- procurou reunir esforços e alçar vôo riais que possam acelerar o acesso aos a partir da articulação intersetorial insumos de prevenção, ao diagnóstico e da participação de parceiras/os da e ao tratamento das doenças sexual- sociedade civil, o Plano tem como mente transmissíveis e da aids, para elemento fundamental o enfrenta- as mulheres das diferentes regiões de mento das múltiplas vulnerabilidades nosso país. que contribuem para que as mulheres brasileiras estejam mais suscetíveis à O cumprimento do Plano está as- infecção pelo HIV e a outras doenças sociado a uma agenda destinada a sexualmente transmissíveis. ampliar o diálogo e a estruturação de ações nos níveis estaduais e municipais. Nos últimos anos, o principal O êxito das ações e a consolidação do aprendizado no enfrentamento à epi- Plano dependem do compromisso dos demia é o de que se deve considerar os gestores, dos profissionais de saúde e componentes socioeconômicos e cul- da participação ativa da comunidade turais que estruturam a desigualdade para que as diferentes necessidades entre homens e mulheres. A violência das mulheres sejam contempladas nos doméstica e sexual contra mulheres e planejamentos regionais. meninas, bem como a discriminação e o preconceito relacionados à raça, Finalmente, esperamos que este etnia, lesbianidade e bissexualidade Plano seja mais um instrumento na luta feminina são expressões dessa desi- pela conquista da igualdade e da cida- gualdade. dania plena das mulheres brasileiras. O estabelecimento dessas novas Ministério da Saúde parcerias e espaços institucionais, Secretaria Especial de Políticas aqui apresentados, para atuar na para as Mulheres da Presidência da prevenção das doenças sexualmente República transmissíveis visa, sobretudo, reafir-
  • 8. 6 A FEMINIZAÇÃO DA EPIDEMIA DE AIDS E OUTRAS DST O Plano Integrado representa a consolidação te por atores governamentais e não- de uma política intersetorial para o enfrentamen- governamentais em todas as regiões to da epidemia de aids e a prevenção de doenças de nosso país. Iniciativas que coti- sexualmente transmissíveis entre as mulheres. A dianamente se apóiam na luta pelos construção de uma resposta integrada para a redu- direitos sexuais e pelos direitos re- ção dos contextos de vulnerabilidade, que deixam produtivos para promover a melhoria as mulheres mais suscetíveis à infecção pelo HIV da qualidade de vida das mulheres, e a outras doenças sexualmente transmissíveis, é como é o caso do Plano Nacional de um importante marco histórico de fortalecimento Políticas para as Mulheres. da atuação no campo dos direitos das mulheres, da promoção da saúde e da prevenção. Em termos globais, a epide- mia de aids se constituiu em uma O enfrentamento da feminização realidade para as mulheres, desde o da epidemia exige que os esforços se seu surgimento. A ocorrência da in- concentrem na redução dos fatores fecção pelo HIV foi detectada em mu- de ordem social, individual e progra- lheres, em 1981, nos Estados Unidos. mático que implicam na limitação de Entretanto, como a existência desses acesso à informação, aos insumos de casos era entendida como restrita às prevenção, ao diagnóstico e ao trata- mulheres parceiras de usuários de mento. Essas limitações, somadas aos drogas injetáveis, de hemofílicos e aspectos socioculturais relacionados de homens bissexuais, ou mulheres às desigualdades de gênero, são os envolvidas na prática da prostituição, principais desafios para a implanta- foi somente no início da década de 90 ção do Plano. que surgiram as primeiras respostas coordenadas voltadas para esse seg- O cenário atual demonstra clara- mento. mente que o enfrentamento da fe- minização da epidemia de aids deve No primeiro momento, a resposta incluir a análise e o tratamento ade- foi construída a partir da estratégia quado de todas as variáveis e fatores de fortalecimento das ações junto às a ela associados. Portanto, uma res- mulheres para que tomassem consci- posta intersetorial e de mobilização ência de sua vulnerabilidade social comunitária exige um forte compro- e individual e de ações para deter o misso dos diferentes atores sociais crescimento da transmissão vertical. que compõem o cotidiano das políti- No entanto, observou-se que as va- cas públicas e do controle social. riáveis vinculadas à desigualdade de gênero deveriam ser consideradas, O Plano vem somar esforços às quais sejam: diferentes iniciativas levadas adian-
  • 9. 7 • A inexistência ou a insuficiência de Em termos do cenário internacio- políticas públicas que efetivem os nal podemos destacar que: direitos humanos das mulheres, conforme estabelecido em dife- • Estima-se que 90% das pessoas vi- rentes instrumentos acordados vendo com HIV, em todo o mundo, internacionalmente como a Plata- não sabem que estão infectadas, forma de Ação da IV Conferência e menos de 10% das mulheres grá- Mundial sobre a Mulher (Beijing, vidas fizeram teste de HIV. 1995) e o Plano de Ação da Con- • 76% de todas as mulheres HIV posi- ferência Mundial de População e tivas vivem na África Sub-Saaria- Desenvolvimento (Cairo, 1994); na, onde as mulheres represen- • A persistência de um olhar sobre a tam 59% dos adultos vivendo com saúde das mulheres com um enfo- HIV. Três a cada quatro (74%) pes- que meramente reprodutivo, con- soas jovens, entre 15 e 24 anos, centrando esforços na proteção à vivendo com HIV são do sexo fe- maternidade; minino. • A falta de acesso a serviços de saú- • Na Ásia, as mulheres representam de que promovam a efetivação 30% dos adultos vivendo com HIV. dos direitos sexuais e reproduti- Os números são mais altos em al- vos de meninas e mulheres; guns países da região, alcançando • A falta de acesso à educação por 39% na Tailândia e 46% no Cam- parte de vastos contingentes de boja. meninas e mulheres, notadamen- • No Caribe, 51% dos adultos vivendo te na África e alguns países da com HIV são mulheres, enquan- América Latina e Caribe; to nas Bahamas e em Trinidade e • A persistência de padrões culturais Tobago, as estatísticas são 59% e e religiosos que interferem nega- 56%, respectivamente. tivamente na adoção de medidas • Na Europa do Leste e na América preventivas, como o uso do pre- Latina, uma crescente proporção servativo tanto masculino quanto de pessoas vivendo com HIV é de feminino; mulheres. • A menor empregabilidade femini- • Na Ucrânia, que tem uma das epi- na, a ocupação das posições mais demias que crescem mais rapi- precárias pelas mulheres e nos damente na Europa, as mulheres setores informais da economia; agora representam quase metade • A violência doméstica e sexual; (46%) dos adultos vivendo com HIV. Para além dessas variáveis, veri- • Em todo o mundo, são usualmente as mulheres que cuidam de do- ficou-se também a necessidade de entes e crianças. Nos locais que desenvolver estudos e pesquisas que estão entrando em colapso sob levem em consideração as especifi- o impacto da aids, são principal- cidades orgânicas e psicossociais de mente as mulheres – incluindo as mulheres e meninas, no tocante aos mais velhas – que assumem, com métodos de prevenção e tratamento pouco apoio, essa assistência. da infecção/doença. • Menos de uma a cada cinco mu- lheres casadas em Bangladesh Em todo o mundo, 17,3 milhões tinham ouvido falar da aids. No de mulheres com 15 anos ou mais es- Sudão, apenas 5% das mulheres tão vivendo com HIV. Isso representa sabiam que a utilização de pre- cerca de 50% do total das pessoas in- servativos poderia prevenir a in- fecção por HIV. Mais de 2/3 das fectadas.
  • 10. 8 mulheres nunca tinham visto ou de aids em mulheres desde 1980, o ouvido falar sobre preservativos. que indica que a interiorização vem • Estudos na África do Sul e Tanzâ- sendo acompanhada por um processo nia mostram que as mulheres que de feminização da epidemia. Tal pro- sofreram violência eram até três cesso se apresenta mais acentuado vezes mais propensas a estar in- em algumas regiões do que em outras fectadas por HIV que as mulheres e tende a acompanhar o deslocamen- que não haviam sofrido violência. • A violência – e mesmo o medo to que se verifica com a mobilidade de sofrer violência – impede que populacional sazonal e permanente muitas mulheres e meninas to- nas zonas de expansão das fronteiras mem conhecimento de/ou infor- agropecuária e de mineração. mem seu status de soropositivida- de para HIV, ou mesmo procurem A epidemia de aids vem, pro- serviços de saúde especializados. gressivamente, se interiorizando e • No Camboja, o medo da violência atingindo as pessoas em situação de doméstica é aparentemente uma pobreza. Tanto no Brasil quanto em das razões que levam ao baixo nú- outros países em desenvolvimento, mero de mulheres que têm utili- a pobreza é apontada como um dos zado serviços de aconselhamento contextos estruturais de vulnerabili- e testagem para HIV em algumas clínicas de pré-natal. dade para as DST/HIV/aids. • Mulheres HIV positivas sofrem dis- criminação, abandono e violência. Embora o grau de escolaridade O mesmo acontece com mulheres isoladamente não seja suficiente para cujos parceiros ficam doentes ou indicar a condição socioeconômica morrem devido a doenças opor- da população afetada pela epidemia, tunistas relacionadas à aids. Elas essa medida é a que mais se aproxi- perdem seus lares, herança, pos- ma como indicador de pobreza. Nesse ses, meios de subsistência e mes- sentido, os dados mostram que 52% mo suas crianças. dos casos entre mulheres são entre No Brasil, do total de casos notifi- aquelas que não têm nenhuma es- cados até junho de 2006, 67,2% foram colaridade e entre aquelas que não do sexo masculino (290.917 casos) e concluíram o primeiro grau do ensino 32,8% do feminino (142.138 casos) e, fundamental (com um a três anos de em 2003, a taxa de incidência foi de estudos 29% e com quatro a sete anos 25,4 por 100.000 hab. entre homens de estudo 19%). e 16,1 por 100.000 hab. entre mulhe- res. A razão de sexos vem diminuin- Outro indicador importante é a do sistematicamente, passando de escolaridade das mulheres gestantes 15,1 homens por mulher, em 1986, diagnosticadas com HIV, que confirma para 1,5 homens por mulher, em 2005 a tendência verificada de pauperiza- (gráfico I). ção da epidemia. Dos 31.921 casos de gestantes HIV+, 3% são analfabetas, Verifica-se, também, um aumento 13% têm apenas três anos de estudos progressivo do número de municípios e 39% têm entre quatro e sete anos de brasileiros com pelo menos um caso estudos.
  • 11. 9 O enquadramento da resposta nadas à aids, promovendo melhora na brasileira às tendências apresentadas qualidade de vida. Entretanto, muitos deve estar orientado para as carac- são os desafios para que as múltiplas terísticas que a epidemia assume em vulnerabilidades sejam superadas e cada contexto social particular, dando que ações em prevenção positHIVa atenção às dimensões socioculturais, atendam às necessidades das mulhe- programáticas e de direitos humanos. res que vivem com HIV/aids em sua integralidade. Nesse sentido, o Plano No Brasil, o acesso universal ao também prioriza ações estratégicas de tratamento, desde 1996, tem resul- prevenção, protagonismo e qualidade tado na queda do número de óbitos, de vida para as mulheres que vivem na diminuição das internações relacio- com HIV/aids. GRÁFICO I RAZÃO DE SEXOS ENTRE OS CASOS DE AIDS POR ANO DE DIAGNÓSTICO Brasil, 1986 a 2005* 30 26,5 25 20 18,0 Razão de sexos (H:M) 15,1 15 12,0 10 9,0 6,3 6,0 5,3 4,7 5 3,9 3,5 3,2 2,8 2,4 2,1 1,9 1,8 1,7 1,6 1,6 1,5 1,5 1,4 0 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Ano de diagnóstico * Casos notificados no SINAN e registrados no SISCEL até 31/12/2005 e SIM de 2000 a 2004. Fonte: MS/SVS/PN-DST/AIDS.
  • 12. CASOS DE AIDS POR MUNICÍPIO GRÁFICO II GRÁFICO III MUNICÍPIOS COM PELO MENOS MUNICÍPIOS COM PELO MENOS 01 CASO DE 01 CASO DE AIDS EM MULHER. AIDS EM MULHER. Brasil, 1980-1989* Brasil, 1990-1995* nenhum caso nenhum caso pelo menos um caso pelo menos um caso * Casos notificados no Sinan e registrados * Casos notificados no Sinan e registrados no Siscel até 30/06/2005. no Siscel até 30/06/2005. GRÁFICO IV GRÁFICO V MUNICÍPIOS COM PELO MENOS MUNICÍPIOS COM PELO MENOS 01 CASO DE 01 CASO DE AIDS EM MULHER. AIDS EM MULHER. Brasil, 1996-2000* Brasil, 2001-2005*. nenhum caso nenhum caso pelo menos um caso pelo menos um caso * Casos notificados no Sinan e registrados * Casos notificados no Sinan e registrados no Siscel até 30/06/2005. no Siscel até 30/06/2005.
  • 13. 11 O E N F R E N TA M E N T O D A FEMINIZAÇÃO DA EPIDEMIA: D E S A F I O S PA R A A S U P E R A Ç Ã O DAS VULNERABILIDADES O principal desafio social e programático a ser na sua autonomia para tomar deci- considerado é traduzir as soluções para a supera- sões. Historicamente, essas diferen- ção dos diferentes contextos de vulnerabilidade ças se expressam de forma desfavo- das mulheres as DST e HIV/aids em ações concre- rável às mulheres, transformando-se tas, que assegurem o acesso aos métodos de pre- em desigualdades que as prejudicam venção disponíveis nos sistema de saúde e, no caso fortemente, por exemplo, no acesso de exposição a um determinado agravo, tenham a ao emprego, à educação, à moradia e garantia de assistência de qualidade. à renda. Essas desigualdades também delineiam diferentes formas e níveis Nesse sentido, o Plano desenca- de discriminação quanto ao exercício deará ações estratégicas para incidir da sexualidade feminina. sobre os contextos e fatores mais im- portantes de produção e de supera- Com efeito, esse poder diferencia- ção de vulnerabilidades. São eles: do entre mulheres e homens também amplia a vulnerabilidade das mulhe- res, pois relega a sexualidade femini- 1- As relações desiguais de na ao silêncio, sobretudo, no que diz gênero respeito aos cuidados com o corpo e com a saúde sexual; e ainda pela vio- Um aspecto de fundamental im- lência física e sexual contra mulheres portância a ser considerado na análi- adultas, crianças e adolescentes. se, tanto da vulnerabilidade individu- al quanto da social, são as relações de Na perspectiva dos papéis relacio- gênero, isto é, as relações de poder nados ao exercício da masculinidade existentes entre homens e mulheres. em nossa sociedade, noções como a de que os homens devem iniciar a Em todas as sociedades, há dife- vida sexual o mais cedo possível, ter renças entre os papéis sociais desem- muitas parceiras sexuais, “controlar” penhados por homens e mulheres, no suas parceiras e que as práticas se- seu acesso aos recursos produtivos e xuais sem o uso do preservativo são
  • 14. 12 mais prazerosas, se constituem o cen- entre as pessoas; gera preconceito e tro da vulnerabilidade das mulheres discriminação, afetando duplamente no que diz respeito à prevenção da as mulheres negras, também vitima- infecção pelo HIV/aids e outras DST. das pelo machismo e pelos preconcei- A reprodução de papéis tradicionais tos de gênero. nas relações de gênero, e das rela- ções de poder entre os gêneros, in- Reforça-se nesse contexto que, terfere na capacidade de negociação para a promoção da eqüidade em de práticas de sexo mais seguro com saúde, a relação entre racismo e vul- seus parceiros. nerabilidade deve estar presente na formulação de políticas públicas. No Por essas razões, é de suma rele- campo do enfrentamento das DST, vância a inserção de atividades vol- do HIV e aids, prioritariamente três tadas para a sensibilização e envolvi- aspectos devem ser considerados: o mento dos homens nas estratégias de racismo, o racismo institucional, in- prevenção das DST/aids e do enfren- clusive no âmbito do Sistema Único tamento da violência contra a mulher de Saúde, e o reconhecimento das durante todo o processo de implanta- desigualdades étnico-raciais. ção e implementação do Plano. 3- Pobreza 2- Racismo e Desigualdades Étnico-raciais O enfrentamento da pobreza en- tre as mulheres é condição essencial É necessário, ao se analisar os con- para o controle da epidemia. Pobre- textos de vulnerabilidade da mulher za, DST e aids são interdependentes. às DST e ao HIV/aids, considerar o re- A epidemia de aids agrava as condi- corte étnico e racial. No contexto da ções já precárias de reprodução so- feminização e pauperização da epi- cial das famílias pobres, pois os cus- demia, as mulheres negras e índias se tos relativos ao cuidado com algum encontram em situação especialmen- membro da família repercutem na te vulnerável. Condições socioeconô- renda familiar, mesmo considerando micas desfavoráveis e especificidades sistemas de saúde mais inclusivos, culturais, representações em relação como o sistema de saúde brasileiro, a ao cuidado com o corpo, à sexuali- maior carga social recai sobre as mu- dade e em relação ao adoecimento lheres, em particular, as mulheres jo- e suas conseqüências sociais, devem vens, que passam assumir os cuidados ser consideradas, inclusive, como fa- com os membros da família que estão tores que podem gerar ou acrescer doentes. Nas famílias em situação de vulnerabilidade ao HIV e aids. pobreza onde a composição da ren- da conta com a soma do trabalho da O racismo, como condição histó- mulher, o adoecimento de um de seus rica, reafirma-se no dia-a-dia pela membros é sem dúvida um fator eco- linguagem, práticas e relações. Man- nômico que compromete sua estabili- tém-se e alimenta-se pela tradição e dade e sua reprodução, sobretudo se pela cultura. Influencia o funciona- a mulher for a pessoa atingida pela mento das instituições e as relações doença.
  • 15. 13 Há que se considerar, em um pro- 4- Violência Sexual e Doméstica grama de enfrentamento da femini- zação da epidemia, estratégias que A violência contra as mulheres visem ao fortalecimento da mulher – seja ela física, psicológica, sexu- que se encontra em situação de po- al ou de outra ordem – constitui um breza. Adoção de medidas de geração grave risco à saúde e amplia as pos- de renda, de participação cidadã nas sibilidades de infecção por doenças instâncias de controle social, nas or- sexualmente transmissíveis e pelo ganizações políticas e na mobilização HIV/aids. social em torno dos seus direitos de cidadania, são de fundamental im- Considerando a magnitude do pro- portância para se reverter o cenário blema da violência doméstica e sexu- atual da epidemia de DST e aids no al contra mulheres, crianças e ado- país. lescentes no Brasil, o Ministério da Saúde e a Secretaria Especial de Polí- Nesse sentido, a estratégia de co- ticas para as Mulheres da Presidência locar no centro das ações de controle da República, estimulam a sensibili- da epidemia o combate à pobreza é zação de gestores e profissionais das sem dúvida um desafio de todos nós diversas estruturas, para a organiza- e o caminho possível está dado pela ção de serviços de referência e con- experiência acumulada do Programa tra-referência e de redes integradas Bolsa Família. É imperiosa a integra- para atenção às pessoas em situação ção das ações de controle das DST e de violência doméstica e sexual. Essa do HIV/aids nesse Programa, onde rede converge para que sejam ado- 90% das beneficiárias são mulheres e tadas ações integradas, envolvendo se mobilizadas podem de fato fazer a atuações com governos estaduais, diferença, reduzindo a velocidade da municipais e Organizações da Socie- epidemia entre mulheres pobres. dade Civil (OSC), dirigidas para pre- venção, atenção e protagonismo ju- Para isso, será necessária a com- venil. Essa iniciativa compõe o que binação de múltiplos esforços inter- se define como Redes de Atenção In- setoriais do governo, que articule os tegral para Mulheres e Adolescentes esforços de combate a pobreza com em situação de violência doméstica e esforços de mobilização no enfrenta- sexual. mento da feminização do HIV/aids.
  • 16. 14 Entende-se nesse contexto que Muitos são os desafios no que tan- Rede de Atenção Integral para Mu- ge ao combate a violação dos direitos lheres e Adolescentes em situação ou humanos e seu impacto na prevenção risco de violência doméstica e sexual das DST/aids. Pode-se destacar a si- é uma pactuação para a atuação ar- tuação de privação de liberdade em ticulada entre instituições e serviços que vive uma parte significativa de governamentais e não-governamen- mulheres adultas e jovens em nosso tais, visando à ampliação e a melho- país. Essas mulheres encontram difi- ria da qualidade da prevenção, do culdades em acessar insumos e orien- acolhimento, atenção e encaminha- tações necessárias em saúde sexual mento adequado de casos existentes e reprodutiva e se tornam mais sus- nas comunidades, bem como o desen- cetíveis a infecção pelo HIV e outras volvimento de estratégias para a ges- DST. tão compartilhada das ações. Historicamente, grupos organiza- dos de mulheres representantes do 5- Estigma e violação de direi- movimento feminista, do movimen- tos humanos to de prostitutas, do movimento de lésbicas e do movimento de pessoas O estigma se constitui como uma vivendo com HIV/Aids, entre outros, das mais significativas formas de estiveram sempre presentes na luta violência e violação dos direitos hu- pelos direitos das mulheres. A união manos das mulheres no Brasil. Para dos diferentes movimentos em prol a superação da epidemia de aids o da realização das ações previstas no enfrentamento do estigma tem sido Plano possibilitará a redução do es- fundamental para a redução das tigma, o fortalecimento da articula- vulnerabilidades. A realização de ção intersetorial e, por conseguinte a ações para a promoção da igualdade promoção do acesso aos dispositivos e equidade de gênero, raça, etnia e sociais necessários para o exercício orientação sexual contribuem para da cidadania. estimular a difusão de imagens não discriminatórias e não-esteriotipadas das mulheres.
  • 17. 15 6- Pouco reconhecimento dos jeto Saúde e Prevenção nas Escolas, uma parceria entre os Ministérios da direitos dos adolescentes e dos Saúde e o da Educação tem se cons- jovens tituído em um exemplo de iniciativa governamental de grande envergadu- O Plano contempla ações estraté- ra, pois trouxe para dentro da escola gicas integradas ao Projeto Saúde e a reflexão sobre sexualidade, saúde Prevenção nas Escolas. As respostas à reprodutiva, cuidado com a saúde de ocorrência de doenças sexualmente modo geral, mobilizando toda a co- transmissíveis entre jovens não po- munidade escolar. dem prescindir de ações estruturadas para a promoção dos direitos sexuais Por outro lado, apesar dos avan- e direitos reprodutivos, contribuindo ços alcançados até aqui, sobretudo para a redução das vulnerabilidades, no que se refere ao uso da camisinha, sobretudo quando nos reportamos a os jovens continuam se infectando e feminização da epidemia em nosso muitas de suas necessidades de saúde país. não são resolvidas. Fatores externos constituem uma Quando se traz à tona a situação poderosa influência sobre como os da epidemia entre os jovens, desta- adolescentes e os jovens pensam e se ca-se o cenário em que vivem as mu- comportam – o meio em que eles vi- lheres jovens, pois muitas delas ain- vem, os veículos de comunicação de da são privadas do acesso à educação massa, a indústria do entretenimen- formal, principalmente meninas que to, as instituições comunitárias e re- vivem em situação de pobreza. Muitas ligiosas, e o sistema legal e político. encontram dificuldades de diálogo e Tais fatores podem se constituir em de negociação de práticas sexuais se- importantes fontes para o equaciona- guras com seus parceiros, muitas são mento da epidemia entre os jovens e vítimas de violência sexual dentro da como referências para a promoção de própria casa e muitas outras entram práticas sexuais mais seguras e sau- na prostituição como forma de com- dáveis. pensar as privações econômicas e so- ciais em que vivem. Estudos de opinião demonstram que os jovens estão cada vez mais Tal situação, em que se imbri- participativos e conscientes em re- cam fatores biológicos e psicológicos, lação ao exercício da sexualidade culturais, socioeconômicos e políti- de forma saudável e segura. O Pro- cos, pode aumentar a vulnerabilida-
  • 18. 16 de desse segmento populacional aos 7- As Doenças Sexualmente mais diversificados agravos à saúde, Transmissíveis (DST) especialmente em situações em que não haja a garantia dos direitos de As DST são muitas vezes assintomá- cidadania. ticas, principalmente entre mulheres. A ausência de sintomas visíveis pode Pesquisa desenvolvida pelo Insti- acarretar uma série de complicações. tuto Cidadania (2005) evidencia ele- Vários fatores, além das característi- mentos que apontam para a vulnera- cas biológicas, contribuem para que bilidade dos jovens: a inserção social, a mulher esteja mais vulnerável a ter profissional e educacional, além das DST, como por exemplo: as relações dificuldades de serem ouvidos em desiguais entre homens e mulheres, a suas opiniões e necessidades, são os falta de oportunidade de falar sobre maiores problemas enfrentados pe- sexualidade e conhecer seu corpo, los jovens brasileiros na atualidade. a dificuldade de negociação do uso Dados referentes ao ano de 2000, ci- do preservativo com o parceiro, e as tados na referida Pesquisa, demons- condições econômico-culturais que tram que apenas 41.3% dos jovens vi- podem limitar o acesso a serviços e viam em famílias com renda familiar informações adequadas. per capita acima de um salário míni- mo, sendo que 12.25 (4,2) viviam em Com o avanço da epidemia da in- famílias com renda per capita de até fecção pelo HIV, as DST assumiram ¼ de salário mínimo. Em 2001, mais um papel ainda mais relevante, ao da metade dos jovens entre 15 e 24 ser demonstrado que facilitavam a anos não estudava e apenas 42% che- propagação do HIV. As lesões provo- gavam ao ensino médio. Com efeito, cadas pelas DST facilitam a entrada as pessoas jovens estão entre as prin- do vírus no organismo, aumentando cipais vítimas do modelo econômico os riscos de uma pessoa se infectar adotado nas últimas décadas, no qual pelo HIV, em até 10 vezes no caso de a exclusão social se aprofunda. sífilis, 6 vezes no caso da clamídia,
  • 19. 17 9 vezes nos casos de herpes genital ano, levando muitas mulheres à mor- e gonorréia e em até 18 vezes pela te e internações que poderiam ser presença de úlceras genitais, por evitadas, visto ser um agravo curável exemplo. Portanto, o tratamento das a custos baixíssimos. DST, associado à promoção do uso do preservativo, induz à redução signifi- Estratégias de prevenção primá- cativa da incidência de HIV. ria (uso do preservativo) e secundária (diagnóstico e tratamento precoces) As pessoas que vivem com HIV podem permitir o controle das DST e apresentam maior risco de adquirir de suas conseqüências. Para ampliar outras DST, em função da baixa imu- o controle e o tratamento das DST, a nidade provocada pelo vírus, fazendo “Abordagem Sindrômica” vem sendo com que as doenças se manifestarem adotada como estratégia pelo Minis- de formas atípicas, possam levar a tério da Saúde, e consiste na identifi- diagnósticos errôneos e requerer um cação de um grupo de sinais e sinto- tratamento mais prolongado. mas comuns a determinadas DST e no A maioria das DST tem cura e tratamento simultâneo delas, tornan- normalmente os sintomas desapare- do o diagnóstico e o tratamento mais cem em curto espaço de tempo. Se rápido e eficaz. não forem tratadas adequadamente, podem trazer sérias conseqüências, As ações existentes no país ainda como esterilidade, aborto, natimor- se apresentam de forma pulverizada, tos, partos prematuros, infecção con- com importantes diferenças regio- gênita, câncer do colo do útero e até nais. São essenciais as ações no cam- a morte. po da atenção básica, com ênfase no controle das DST e eliminação da sífi- Levantamento realizado no Brasil lis congênita, no acesso ao diagnósti- em 2004 demonstrou a internação de co precoce da sífilis e do HIV e na pre- mais de 93 mil mulheres com doença venção ao câncer de colo de útero. inflamatória pélvica (DIP). Em 2006, este mesmo levantamento acusou Além do diagnóstico e tratamento que 10 mil mulheres foram internadas medicamentosos, os serviços devem em decorrência de gravidezes fora do contar com a oferta de atividades de útero. Em ambos os eventos, a gran- orientação preventiva, disponibiliza- de maioria das causas é as DST não ção de insumos de prevenção (preser- tratadas, que levam muitas mulheres vativos masculinos e femininos, gel a perderem a funcionalidade de suas lubrificante) e de mecanismos para trompas, podendo chegar a infecção tratamento dos parceiros. É neces- generalizada e até a morte. sário, portanto, um esforço coletivo para divulgar a relevância das DST, A prevalência de sífilis em gestan- capacitar os serviços para atender as tes no Brasil é de 1,6%5, sendo espe- mulheres e aperfeiçoar o sistema de rado um total de aproximadamente informação desses agravos. 10.000 casos de sífilis congênita, por
  • 20. 18 8- Uso de drogas zem uso do preservativo nas relações sexuais com companheiros usuários A estratégia de redução de da- de drogas injetáveis. nos pressupõe respeito aos direitos humanos e a promoção da qualidade No que diz respeito ao uso de ou- de vida. A política de aids no Brasil tras drogas é importante considerar o tem considerado essa perspectiva no relaxamento em relação à adoção de modelo de atenção para as usuárias e praticas sexuais seguras. É freqüente os usuários de drogas em geral, e não em nossa cultura, a ingesta de álco- somente para os usuários de drogas ol ou outras drogas como mecanismo injetáveis (UDI). de desbloqueio nas relações sexuais, principalmente entre os jovens, o Um dos principais fatores de vul- que os leva ao não-uso do preserva- nerabilidade para as mulheres é o uso tivo. No caso do uso de drogas entre de drogas injetáveis. Os dados de- mulheres, convém salientar que em monstram que a forma de exposição muitas situações as desigualdades de por uso de droga injetável é respon- gênero são mais acentuadas, tornan- sável por uma importante taxa de in- do-se uma desvantagem no que se re- fecção nas mulheres, seja porque há fere ao controle da epidemia do HIV/ mulheres que fazem uso freqüente de aids, pois são estigmatizadas pela drogas injetáveis e compartilham se- condição de usuárias de droga. ringas e agulhas, seja porque não fa-
  • 21. GRÁFICO VI CASOS DE AIDS EM MULHERES SEGUNDO PARCERIA SEXUAL INFORMADA POR CATEGORIA DE EXPOSIÇÃO. Brasil, 1980 - 2006(1) 56 parceiro HIV+ 43,8 11,4 parceiro UDI 34,1 23,2 múltiplos parceiros 19,8 9,3 parceiro com múltiplos parceiros 2,4 0 10 20 30 40 50 60 70 percentual hetero UDI FONTE:MS/SVS/PN-DST/AIDS NOTA: (1) Casos notificados no SINAN até 30/06/06.
  • 22. 20 POLÍTICAS INTERSETORIAIS PA R A A S M U L H E R E S Tomando como referência os Direitos Sexuais dem da mobilização dos diferentes e os Direitos Reprodutivos (tais como proposto nas atores governamentais e não-gover- Conferências de Cairo, 1994; Beijing 1995 e na I namentais envolvidos em programas, Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres projetos e ações e precisam contem- 2004), as estratégias do Plano devem contemplar plar as diferentes especificidades re- as mulheres em suas especificidades: gestantes; gionais e culturais. Para tanto, a pro- mulheres vivendo com HIV e aids; adolescentes e posta é que o Plano seja trabalhado jovens; lésbicas, bissexuais e outras mulheres que em atividades de planejamento no fazem sexo com mulheres; transexuais; negras; âmbito regional, incluindo a participa- indígenas; mulheres em situação de prisão; pro- ção de diferentes setores que atuam fissionais do sexo; trabalhadoras do campo e da no campo dos direitos das mulheres. cidade; mulheres em situação de violência sexual e doméstica; portadoras de deficiência; mulheres O Plano possibilita a consolidação no climatério e as mulheres idosas. do compromisso que vem sendo assu- mido historicamente pela Secretaria Na perspectiva do acesso univer- Especial de Políticas para as mulheres, sal, da integralidade e eqüidade à pelo Ministério da Saúde, por meio da prevenção e à assistência em saúde, Área Técnica de Saúde da Mulher e do torna-se urgente o fortalecimento de Programa Nacional de DST/aids, e pe- ações contextualizadas em uma políti- los demais parceiros governamentais e ca que contemple as diferentes neces- não-governamentais que trabalham no sidades de saúde das mulheres e suas sentido de afirmar e efetivar os direitos formas de expressão, assegurando: o assegurados às mulheres na legislação acesso aos serviços de saúde qualifi- brasileira e implementar políticas com cados para a identificação das vulne- vistas a redução das desigualdades em rabilidades, para a atenção à saúde nosso país. A integração entre essas sexual e a saúde reprodutiva, para o diferentes áreas será capaz de promo- acolhimento de demandas em direitos ver respostas efetivas que contemple humanos, educação e promoção em a sustentabilidade, descentralização e saúde, assistência social, e para pro- atenção integral às mulheres. teção em situações de violência. As desigualdades entre os gêneros A implantação e implementação estruturam diferentes graus de dis- das ações propostas no Plano depen- criminação das mulheres, as excluem
  • 23. 21 da participação em dimensões funda- Em 2004, convocada pelo Governo mentais da vida em sociedade e res- Federal e pelo Conselho Nacional dos tringem sua liberdade para exercer Direitos da Mulher (CNDM), foi realiza- plenamente os seus direitos humanos da a I Conferência Nacional de Políti- fundamentais. No mundo, há cada vez cas para as Mulheres (CNPM) que en- mais consenso que mulheres com saú- volveu em seu processo, diretamente, de, escolaridade e autonomia incidem mais de 120 mil mulheres de todos os positivamente na produtividade eco- 26 estados e do Distrito Federal e mais nômica, na educação das gerações fu- de dois mil municípios do País. Desta, turas e na construção de uma cultura resultou o Plano Nacional de Políticas de paz. para as Mulheres (PNPM) que vem sen- do colocado em prática sob a coorde- No Brasil, durante muito tempo, nação da SPM, de forma transversal e as mulheres estiveram excluídas do com impactos estaduais e municipais. exercício de cidadania. Basta lembrar O PNPM é um documento estratégico que somente em 1932, com o Código para todo o governo federal no que diz Eleitoral Brasileiro, foi assegurado às respeito a políticas para as mulheres. brasileiras o direito ao voto. É estruturado em torno de quatro eixos de atuação: Autonomia; Igualdade no A Constituição Federal Brasileira Mundo do Trabalho e Cidadania; Edu- de 1988 representou um marco políti- cação Inclusiva e não Sexista; Saúde co, institucional e jurídico que consa- das Mulheres e Direitos Reprodutivos; grou o preceito da igualdade entre ho- e Enfrentamento à Violência Contra as mens e mulheres. Neste processo de Mulheres. revisão constitucional, a atuação do movimento feminista e de mulheres, Por sua vez, a proposta de enfren- conhecida como o “lobby do batom” tamento da feminização da epidemia foi fundamental para a ruptura com os do HIV/aids tem como eixo de refe- princípios herdados de uma sociedade rência a mobilização da sociedade em patriarcal e patrimonialista. relação aos direitos políticos, sociais, econômicos e reprodutivos das mu- É nesse contexto histórico e políti- lheres e sua aplicação compreende a co que, em 2003, foi criada a Secreta- articulação com estados, municípios ria Especial de Políticas para as Mulhe- e sociedade civil. Nessa área a SPM e res da Presidência da República (SPM), o Ministério da Saúde atuam no sen- com a finalidade de “assessorar, direta tido de instituir e fortalecer medidas e imediatamente, o Presidente da Re- e ações de enfrentamento à violência pública na formulação, coordenação contra as mulheres – seja ela física, e articulação de políticas para as mu- psicológica ou sexual. lheres” e “elaborar o planejamento de gênero que contribua na ação do No Brasil, a saúde da mulher se governo federal e demais esferas de incorpora às políticas nacionais de governo, com vistas na promoção da saúde nas primeiras décadas do Sécu- igualdade”. A SPM tem importante pa- lo XX, sendo limitada, nesse período, pel articulador das políticas do Gover- às demandas relativas à gravidez e ao no Federal voltadas para as mulheres. parto. Os programas materno-infan-
  • 24. 22 tis, elaborados nas décadas de 30, 50 saúde para mulheres. O PAISM cons- e 70, traduzem uma visão incompleta tituiu a base dos esforços governa- das necessidades de saúde das mu- mentais relacionados ao campo das lheres, baseada em sua especificida- políticas, estratégias e programas do de biológica e no seu papel social de sistema de saúde na área da saúde da mãe e dona de casa, responsável pela mulher. Em 2004, esse programa toma criação, pela educação e pelo cuidado a forma da Política Nacional de Aten- com a saúde dos filhos e demais fami- ção Integral à Saúde da Mulher. A de- liares. finição das prioridades dessa Política baseou-se em um quadro sobre a situ- Esses programas foram vigoro- ação de saúde das mulheres no Brasil samente criticados pela perspecti- e levou também em consideração as va reducionista com que tratavam a reivindicações dos movimentos sociais mulher, pois tornavam evidentes as que lutam pelos direitos humanos das desigualdades nas condições de vida mulheres na área da saúde. e nas relações entre os homens e as mulheres, os problemas associados à A Política Nacional de Atenção In- sexualidade e à reprodução, as dificul- tegral à Saúde da Mulher define ações dades relacionadas à anticoncepção e estratégicas voltadas para o combate à prevenção de Doenças Sexualmente à feminização da epidemia e atenção à Transmissíveis (DST), e a sobrecarga saúde das mulheres vivendo com HIV/ de trabalho das mulheres, respon- aids. No âmbito da implantação e im- sáveis pelo trabalho doméstico e de plementação do Plano, a Área Técnica criação dos filhos. da Saúde da Mulher prevê a promoção conjunta da prevenção e do controle Em 1984, o Ministério da Saúde, das doenças sexualmente transmis- atendendo às reivindicações do movi- síveis e da infecção pelo HIV/aids na mento de mulheres, elaborou o Pro- população feminina e a ampliação e grama de Assistência Integral à Saúde qualificação da atenção clínico-gine- da Mulher (PAISM), marcando, sobre- cológica, inclusive para as portadoras tudo, uma ruptura conceitual com os de infecção pelo HIV e outras DST. princípios norteadores das políticas de
  • 25. 23 OBJETIVO GERAL DO PLANO Enfrentar a feminização da epidemia do HIV/aids e outras DST por meio da redução das vulnerabilidades que atingem as mulheres, estabelecendo políticas de prevenção, promoção e atenção integral. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO PLANO 1. Promover o acesso universal à atenção integral em DST/aids para as mulheres; 2. Reduzir a morbidade das mulheres relacionadas as DST; 3. Reduzir os índices de violência sexual e doméstica contra as mulheres; 4. Reduzir a Transmissão Vertical do HIV e da sífilis; 5. Promover a qualidade de vida das mulheres vivendo com HIV/aids. DIRETRIZES • Promover a defesa dos direitos humanos, direitos sexuais e direitos reprodutivos das mulheres; • Reduzir o estigma ao HIV/aids e a discriminação em relação às mulheres em situação de vulnerabilidade; • Reduzir as iniqüidades regionais, territoriais e de contexto de pobreza; • Promover a equidade racial, étnica, de gênero e de orientação sexual das mulheres no acesso a informação, diagnóstico e tratamento; • Fortalecer, implementar e ampliar as ações de prevenção, promoção e assistência as DST, HIV e aids de forma integral e eqüânime, conforme os princípios do Sistema Único de Saúde e do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.
  • 26. 24 • Ampliação da cobertura e garantia • Apoio ao fortalecimento das ações de acesso à insumos de prevenção; em redes entre os diferentes mo- ao diagnóstico do HIV e da sífilis; vimentos de mulheres; a serviços de saúde de qualidade; A Ç Õ E S E S T R AT É G I C A S universal e gratuito ao tratamen- • Estabelecimento de mecanismos to; à informação e às ações educa- para monitoramento do cumpri- tivas sobre DST e HIV/aids para às mento das pactuações, por parte mulheres; dos três níveis de governo; • Estabelecimento de parcerias com • Qualificação da atenção a saúde setores governamentais, não-go- mental das mulheres; vernamentais e sociedades cientí- ficas para implementação do Pla- • Realização de capacitação perma- no; nente para gestores e profissionais de saúde e educação em Gênero, • Interlocução com novas ações e Direitos Humanos, Direitos Sexuais Programas de Governo já existen- e Direitos Reprodutivos; tes, nas três esferas de gestão; • Inclusão dos temas Gênero, Vio- • Integração entre as redes de mu- lência, Direitos Humanos, Direitos lheres, redes de serviços de saú- Sexuais e Direitos Reprodutivos em de, segurança pública, justiça, as- todas as ações em DST/aids; sistência social – estabelecimento de referência e contra-referência; • Apoio técnico na elaboração de protocolos e fluxos de atenção in- • Aprimoramento, ampliação e qua- tegral para as redes e serviços es- lificação da informação sobre cân- pecializados; cer ginecológico; • Promoção de estratégias de sensi- • Realização de oficinas de apoio bilização de gestores e integrantes aos estados e municípios para efe- das redes locais; tivação do Plano e para o reforço da capacidade técnica e da gestão • Estabelecimento de estratégias local; regionais de informação e comu- nicação em DST e aids (vulnerabi- • Articulação com estados e municí- lidades, direitos sexuais, direitos pios para a aplicação de recursos reprodutivos, violência, preven- para ações de enfrentamento da ção, diagnóstico, assistência, tra- feminização da epidemia do HIV/ tamento e direitos humanos); Aids e outras DST;
  • 27. 25 • Disponibilização dos exames la- cia (notificação da aids, sífilis na boratoriais para o diagnóstico e gestante, sífilis congênita e violên- monitoramento de HIV e sífilis e cia), segurança pública, assistên- outras DST; cia social e direitos humanos); • Revisão do quantitativo e da lo- • Implementação do processo de ca- gística de distribuição de insumos pacitação e treinamento dos pro- essenciais para as atividades de fissionais atuantes nos serviços de controle da transmissão vertical prevenção e atenção integral para do HIV e sífilis, profilaxia em situa- mulheres em situação de violência ção de violência sexual e DST; sexual e doméstica; • Estabelecimento de mecanismos • Regulamentação e implementa- que incluam os quesitos raça/cor/ ção da legislação em vigor para etnia na implementação do Plano; garantir os mecanismos do enfren- tamento da violência contra a mu- • Estabelecimento de estratégias lher; com setores governamentais e não-governamentais que atuam no • Articulação com o Conselho Nacio- campo do enfrentamento da po- nal dos Direitos da Mulher(CNDM), breza; Conselho Nacional de Saúde (CNS), Conselho Nacional de Secretários • Estabelecimento de estratégias de Saúde (CONASS), Conselho Na- direcionadas aos homens para as cional de Secretários Municipais ações de enfrentamento da femi- de Saúde (CONASEMS), outros con- nização da epidemia do HIV/aids e selhos e instancias de controle so- outras DST; cial. • Implantação e implementação do • Fortalecimento das redes de mu- Sistema Nacional de Informações lheres vivendo com HIV/aids. sobre violência contra a mulher; • Consolidação e integração dos sis- temas de informação em vigilân-
  • 28. 26 M E TA S 1. Ter reduzido, até 2008, a taxa 7. Ter aumentado de 35% para 70% da transmissão vertical do HIV a proporção de mulheres que de 4% para menos de 1%; relatam já terem sido testadas para o HIV; (PCAP, 2004); 2. Ter eliminado a sífilis congêni- ta; 8. Ter aumentado de 70% para 90% a proporção de mulheres que 3. Ter integrado em 100% a rede referem ter realizados exames básica de atenção integral para ginecológicos com preventi- mulheres em situação de vio- vo nos últimos 3 anos (PCAP, lência doméstica e sexual; 2004); 4. Ter implementado em 100% dos 9. Ter aumentado de 17% para municípios que têm a políti- 50% o número de escolas de ca de incentivo no âmbito dos ensino médio da rede pública Programas de DST e Aids e Saú- que disponibilizam preservati- de da Mulher, ações de enfren- vos (Censo Escolar, 2005); tamento da violência sexual e doméstica; 10. Ter estabelecido linha de base para diagnóstico e ampliação 5. Ter ampliado as redes de aten- do conhecimento sobre sexua- ção às pessoas em situação de lidade e reprodução em mulhe- violência sexual e doméstica res vivendo com HIV/aids; em 100% dos municípios priori- tários. 11. Ter estabelecido uma linha de base para diagnóstico e am- 6. Ter aumentado de 90,2% para pliação do conhecimento sobre 95% a proporção de mulhe- a prevalência de DST em mu- res que relatam espontanea- lheres; mente a relação sexual como forma de transmissão do HIV 12. Ter adquirido 10 milhões de (PCAP,2004); preservativos femininos.
  • 29. 27 AT I V I D A D E S SUGERIDAS META ATIVIDADE EXECUTORES Ter reduzido, até 2008, a taxa Divulgação dos manuais e Ministério da Saúde da transmissão vertical do HIV protocolos; de 4% para menos de 1%; Secretarias Estaduais Capacitação de recursos e Municipais de Saúde Ter eliminado a sífilis humanos para atendimento congênita. especializados; Operacionalização do plano de redução da Transmissão Vertical do HIV e sífilis no País; Implantação de teste rápido para o HIV e sífilis, com acon- selhamento, em cenários específicos; Ter integrado em 100% a rede Implementação das diretrizes, Ministério da Saúde básica de atenção integral normas técnicas, protocolos e Secretaria Especial de Políti- para mulheres em situação de fluxos de atendimento a pes- cas para as Mulheres violência doméstica e sexual; soas em situação de violência sexual e doméstica; Secretarias Estaduais Ter implementado em 100% e Municipais de Saúde dos municípios que tem a Articulação e mobilização téc- política de incentivo no âm- nica e política nos municípios Coordenadorias e Secretarias bito dos Programas de DST e prioritários; Estaduais de Mulheres Aids e Saúde da Mulher, ações de enfrentamento da violên- Apoio técnico-financeiro por cia sexual e doméstica; meio de convênios para a operacionalização de centros Ter ampliado as redes de de qualificação de profission- atenção às pessoas em ais que atendem pessoas em situação de violência sexual situação de violência domésti- e doméstica em 100% dos ca e sexual. municípios prioritários.
  • 30. 28 META ATIVIDADE EXECUTORES Ter aumentado de 90,2% para Formação de um GT para Ministério da Saúde 95% a proporção de mulheres definição de uma estratégia que relatam espontanea- de comunicação; Ministério da Educação mente a relação sexual como forma de transmissão do HIV Elaboração de material edu- Secretaria Especial de Políticas (PCAP,2004); cativo; para as Mulheres Ter aumentado de 35% para Realização de campanhas; Secretarias de Saúde e Educa- 70% a proporção de mulheres ção de estados e municípios que relatam já terem sido Realização de oficinas para testadas para o HIV (PCAP, profissionais de saúde, edu- Coordenadorias de Mulheres 2004); cação e comunicação; Ter aumentado de 70% para Formação de profissionais 90% a proporção de mulheres de saúde e educação, e de que referem terem realizados jovens nos temas gênero, exames ginecológicos com DDHH; DDSS e DDRR no âmbi- preventivo nos últimos 3 anos to do Saúde e (PCAP, 2004); Prevenção nas Escolas; Ter aumentado de 17% para Disponibilização de 50% o número de escolas de insumos por meio de grades ensino médio da rede pública de distribuição de preservati- que disponibilizam preserva- vos para estados e escolas. tivos (Censo Escolar, 2005). Ter estabelecido linha de Elaboração e publicação de Ministério da Saúde base para diagnóstico e am- edital de pesquisa; pliação do conhecimento so- Secretaria Especial de Políticas bre sexualidade e reprodução Formação de GT para es- para as Mulheres em mulheres vivendo com truturação de uma agenda HIV/aids. integrada para efetivação do Planejamento Reprodutivo em Casais que convivem com HIV no âmbito da Política Nacional de Atenção Integral em Reprodução Humana As- sistida/Adoção, no SUS; Fortalecimento das redes das mulheres vivendo com HIV/aids; Realização de seminários e oficinas para formulação de políticas voltadas para a qualidade de vida das mul- heres vivendo com HIV/aids, a partir da linha de base.
  • 31. 29 META ATIVIDADE EXECUTORES Ter estabelecido uma linha Elaboração e publicação Ministério da Saúde de base para diagnóstico e de edital pesquisa; ampliação do conhecimento Secretarias Estaduais e sobre a prevalência de DST Fortalecimento das redes Municipais de Saúde em mulheres. das mulheres para o con- texto das DST – evitando Secretaria Especial de Políticas complicações; para as Mulheres Implementação da política de incentivo para o desen- volvimento de pesquisas em DST. Adquirir 10 milhões de Publicação de edital para Ministério da Saúde preservativos feminino. aquisição de preservativo feminino; Publicação de edital para a realização do estudo de aceitabilidade; Realização de estudo de aceitabilidade das várias apresentações da matéria prima; Aquisição dos preservati- vos feminino.
  • 32. ANEXO MARCOS QUE NORTEIAM AS POLÍTICAS PÚBLICAS B R A S I L E I R A S PA R A AS MULHERES • Constituição Federal Brasileira de 1988: sibilidade e interrelação dos direitos huma- estabelece direitos e garantias fundamen- nos; tais e reconhece a universalidade do di- reito à saúde e o dever do Estado de ofe- • Conferência de Cairo sobre População e recer acesso a esse direito e a igualdade Desenvolvimento, 1994 – promoveu uma de direitos entre homens e mulheres; mudança na abordagem dos temas relacio- nados à população com foco especial nos • Declaração Universal dos Direitos Huma- direitos humanos, particularmente os direi- nos, 1948 – primeiro instrumento univer- tos das mulheres e formalizou o conceito de sal a consagrar os direitos humanos de “direitos reprodutivos”; homens e mulheres; • Convenção de Belém do Pará (1994) ou Con- • Convenção OIT nº 103, 1953- dispõe sobre venção Interamericana para Prevenir, Punir a igualdade de remuneração entre ho- e Erradicar a Violência contra a Mulher – fó- mens e mulheres; rum regional, no âmbito da OEA e define a • Pacto Internacional dos Direitos Civis e violência contra a mulher estabelecendo Políticos, 1966 – primeiro documento que sua dimensão; vincula legalmente direitos humanos, econômicos, sociais e culturais; • IV Conferência Mundial sobre as Mulheres - Declaração de Beijing, 1995 - foram assina- • Convenção Americana sobre Direitos Hu- das a Declaração e a Plataforma Política; manos, 1969 - conhecida como Pacto de San Jose da Costa Rica; • Declaração do Milênio das Nações Unidas, 2000 – estabelece 8 Objetivos de Desenvol- • I Conferência Mundial sobre a Mulher, vimento, incluindo a promoção da igualdade 1975 – teve como ponto central de debate entre os sexos e autonomia das mulheres, a igualdade entre sexos e a consolidação com metas a serem alcançadas até 2015; de mecanismos para a sua promoção; • Conferência Mundial contra o Racismo, a • Convenção sobre a Eliminação de todas as Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas formas de Discriminação contra a Mulher, Correlatas de Intolerância (CMR) em Durban 1979 - mais conhecida como CEDAW, trata (2001); da discriminação contra a mulher em sen- tido mais amplo; • Assembléia Especial da Assembléia Geral da ONU sobre HIV/Aids (UNGASS), 2001 - lí- • II Conferencia Mundial sobre a Mulher, deres globais se comprometeram com uma 1980 – convocou os governos a promove- ampliação maciça da prevenção, tratamen- rem a igualdade entre os sexos; to e assistência ao HIV; • III Conferência Mundial sobre a Mulher, • I Conferência Nacional de Políticas para as 1985 – aprovadas e adotadas estratégias Mulheres, 2004 – amplo processo participa- para o futuro avanço da mulher; tivo que resultou na construção democrá- tica do Plano Nacional de Políticas para as • Declaração e Programa de Ação de Viena, Mulheres. 1993 – consagrou a universalidade, indivi-