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Cap´ıtulo 15
Corpos menores do Sistema
Solar
15.1 Aster´oides
Aster´oides s˜ao um grupo numeroso de pequenos corpos (planetas menores)
que orbitam o Sol. A maior parte dos aster´oides conhecidos tˆem ´orbitas
situadas entre as ´orbitas de Marte e J´upiter, a uma distˆancia da ordem de
2,8 unidades astronˆomicas (UA) do Sol. Essa regi˜ao ´e conhecida como o
Cintur˜ao de Aster´oides.
O maior objeto do Cintur˜ao de Aster´oides ´e Ceres, que foi tamb´em o
primeiro aster´oide a ser descoberto, em 1801, pelo italiano Giuseppe Piazzi
(1746-1826). Ceres tem 1000 km de diˆametro e massa de um cent´esimo
da massa da Lua. Outros aster´oides grandes dessa regi˜ao s˜ao Palas, desco-
berto em 1802, por Heinrich Wilhelm Matt¨aus Olbers (1758-1840) e Juno,
descoberto em 1804 por Karl Ludwig Harding ((1765-1834).
A partir de 1992 foram descobertos v´arios aster´oides situados al´em da
´orbita de Netuno, chamados objetos transnetunianos. Esses objetos formam
o chamado Cintur˜ao de Kuiper, um cintur˜ao de restos gelados que est´a
no plano do sistema solar e se estende desde ap´os a ´orbita de Netuno at´e
150 UA do Sol. A forma achatada do cintur˜ao de Kuiper indica que os
objetos que o forma s˜ao remanescentes dos planetesimais formados no disco
da nebulosa solar. Todos os aster´oides, sejam do cintur˜ao principal, sejam
do cintur˜ao de Kuiper, s˜ao menores do que a Lua. Atualmente, existem mais
de 12000 aster´oides catalogados, cerca de 30 tˆem diˆametros maiores do que
200m, mas devem existir acima de 100 mil com mais de 1 km de diˆametro.
Devem existir no m´ınimo 70000 com diˆametros maiores do que 100 km no
143
cintur˜ao de Kuiper.
15.2 Objetos do Cintur˜ao de Kuiper
Este cintur˜ao foi predito pelos c´alculos dos astrˆonomos Kenneth Essex Ed-
geworth (1880-1972) em 1949 e e Gerard Peter Kuiper (1905-1973) em 1951.
Desde a primeira descoberta de um aster´oide transnetuniano por David C.
Jewitt & Jane X. Luu em 1992, foram descobertos mais de 600 aster´oides
candidatos a a pertencerem ao Cintur˜ao de Kuiper, a maioria com cerca de
100 km de diˆametro. Entre os maiores est˜ao Varuna e 2002 AW197, ambos
com 450 km de raio, Ixion, com 530 km de raio, e 1996TL66, com raio de
316 km. 1996TL66 e 2002AW197 n˜ao s˜ao objetos transnetunianos cl´assicos,
pois sua ´orbita vai muito al´em da m´edia do cintur˜ao de Kuiper. 1966TL66,
por exemplo, tem ´orbita com semi-eixo maior de 85 UA (o semi-eixo maior
da ´orbita de Plut˜ao ´e 39 UA), e uma excentricidade que o leva de uma
distˆancia m´ınima do Sol de 35 UA a uma distˆancia m´axima de 136 UA. Sua
descoberta sugere que o Cintur˜ao de Kuiper se estende al´em de 50 UA, e
pode conter muito mais massa ( 0, 5 M⊗) do que anteriomente se pensava.
Em 2002 foi descoberto o objeto transnetuniano 2002LM60, com 1250 km
de diˆametro, maior do que Ceres. Esse aster´oide foi batizado de Quaoar,
“for¸ca de cria¸c˜ao” na l´ıngua da tripo Tongva, os primeiros habitantes da
bacia de Los Angeles. Em fevereiro de 2004 foi descoberto o Sedna, com
raio entre 550 e 900 km, a uma distˆancia de 13 bilh˜oes de km, que passou a
ser considerado o maior aster´oide do sistema solar.
´Eris (2003 UB313), um aster´oide do cintur˜ao de Kuiper (aster´oide trans-
netuniano), descoberto em 2005 por Michael E. Brown (1965-), Chadwick A.
Trujillo (1973-) e David Lincoln Rabinowitz (1960-), ´e maior do que Plut˜ao,
conforme as medidas feitas com o Telesc´opio Espacial Hubble em 9 e 10
de dezembro de 2005, que resultaram em um diˆametro de 2398 ± 97 km,
comparado com 2288 km de Plut˜ao. O aster´oide Eris varia de distˆancia ao
Sol entre 38 UA e 98 UA (a=67,73 UA, P=557,44 anos), provavelmente foi
deslocado de sua ´orbita por Netuno, e tem um plano de ´orbita bem incli-
nado em rela¸c˜ao ao dos planetas (44o). O aster´oide 2003 UB313 tem um
sat´elite, S/2005 (2003 UB313) 1, fotografado pela primeira vez por Michael
E. Brown com um dos telesc´opios de 10 m do W.M. Keck Observatory, no
Hawai’i. O planeta an˜ao 2003 UB313 recebeu em 13 de setembro e 2006 o
nome oficial de ´Eris, a deusa da disc´ordia na mitologia grega. Seu sat´elite
recebeu o nome Dysnomia, que na mitologia ´e o esp´ırito demon´ıaco da falta
de lei. Pela ´orbita de Dysnomia se mede que Eris ´e 27% mais massivo que
144
Plut˜ao.
15.3 Meteoros
Meteoros s˜ao pequenos aster´oides, chamados meteor´oides, que se chocam
com a Terra. O termo vem do grego meteoron, que significa fenˆomeno no
c´eu. Ao penetrar na atmosfera da Terra geram calor por atrito com a at-
mosfera, deixando um rastro brilhante facilmente vis´ıvel a olho nu. Existem
aproximadamente 50 aster´oides com diˆametro maior de 20 km, que se apro-
ximam da Terra, colidindo com uma taxa de aproximadamente 1 a cada 1
milh˜ao de anos. Dois a trˆes novos s˜ao descobertos por ano e suas ´orbitas
s˜ao muitas vezes inst´aveis.
Meteoritos s˜ao meteoros que atravessam a atmosfera da Terra sem serem
completamente vaporizados, caindo ao solo. Do estudo dos meteoritos se
pode aprender muito sobre o tipo de material a partir do qual se formaram
os planetas interiores, uma vez que s˜ao fragmentos primitivos do sistema
solar.
Existem 3 tipos de meteoritos: os met´alicos, os rochosos, e os met´ali-
co-rochosos. Os rochosos s˜ao os mais abundantes, compreendendo 90% de
todos meteoritos conhecidos. Um tipo de meteoritos rochosos s˜ao os con-
dritos carbon´aceos, que representam o tipo mais antigo de meteoritos, com
aproximadamente 4,5 bilh˜oes de anos, e n˜ao parecem ter sofrido altera¸c˜ao
desde a ´epoca de sua forma¸c˜ao. Os met´alicos s˜ao compostos principalmente
de ferro e n´ıquel. Na Terra, caem aproximadamente 25 milh˜oes por dia, a
grande maioria com algumas microgramas.
O aster´oide Ida, com 50 km de diˆametro, foi fotografado em 1993 pela
sonda Galileo, e foi, ent˜ao, descoberto que ele possui um sat´elite, Dactyl, de
1,5 km de diˆametro, a 100 km de distˆancia.
Mais de 9000 aster´oides tˆem ´orbitas bem determinadas. Eles orbitam o
Sol aproximadamente na mesma dire¸c˜ao dos planetas (de oeste para leste)
e a maioria no mesmo plano.
O Cintur˜ao de Aster´oides principal cont´em aster´oides com semi-eixo
maior de 2,2 a 3,3 UA, correspondendo a per´ıodos orbitais de 3,3 a 6 anos.
Provavelmente, mais de 90% de todos os aster´oides est˜ao nesse Cintur˜ao.
Os grandes aster´oides tˆem densidade da ordem de 2,5 g/cm3.
145
Em agosto de 1996, cientistas da NASA revelaram evidˆencias indiretas de
poss´ıveis f´osseis microsc´opicos que poderiam ter se desenvolvido em Marte
3,6 bilh˜oes de anos atr´as no meteorito marciano ALH84001. Sua deno-
mina¸c˜ao vem do fato de ter sido o meteorito n´umero 001, coletado em 1984,
na regi˜ao chamada Allan Hills, na Ant´artica. Esse meteorito, de 1,9 kg, ´e um
dos 30 meteoritos j´a coletados na Terra, que, se acredita, foram arrancados
de Marte por colis˜oes de aster´oides. ALH84001 cristalizou-se no magma de
Marte 4,5 bilh˜oes de anos atr´as, foi arrancado de Marte 16 milh˜oes de anos
atr´as, e caiu na Ant´artica 13 mil anos atr´as. Ele mostra tra¸cos de hidrocar-
bonetos polic´ıclicos arom´aticos e dep´ositos minerais parecidos com os causa-
dos por nanobact´erias na Terra e, portanto, indicando que poderia ter havido
vida em Marte no passado remoto. Essa ´e a primeira evidˆencia da poss´ıvel
existˆencia de vida fora da Terra e levanta a quest˜ao de se a vida come¸cou em
outros pontos do Universo al´em da Terra, espontaneamente. Em outubro de
1996, cientistas ingleses descobriram tra¸cos de carbono orgˆanico em outro
meteorito marciano, ETA79001, novamente uma evidˆencia circunstancial,
para a qual vida ´e somente uma das poss´ıveis interpreta¸c˜oes. A sonda So-
journer, da miss˜ao Mars Pathfinder de julho a setembro de 1997, comprovou
que a composi¸c˜ao qu´ımica das rochas marcianas ´e, de fato, muito similar `a
composi¸c˜ao dos meteoritos como o ALH84001.
15.4 Impactos na Terra
Duas vezes no s´eculo XX grandes objetos colidiram com a Terra. Em 30 de
junho de 1908, um aster´oide ou cometa de aproximadamente 100 mil tone-
ladas explodiu na atmosfera perto do Rio Tunguska, na Sib´eria, derrubando
milhares de km2 de ´arvores, e matando muitos animais. O segundo impacto
ocorreu em 12 de fevereiro de 1947, na cadeia de montanhas Sikhote-Alin,
perto de Vladivostok, tamb´em na Sib´eria. O impacto, causado por um as-
ter´oide de ferro-n´ıquel de aproximadamente 100 toneladas que se rompeu no
146
Figura 15.1: Foto da Meteor Crater, ou Cratera Barringer [Daniel Moreau
Barringer (1860-1929), que demonstrou que a cratera era devido ao impacto
de um meteorito], no Arizona, que tem 1,2 km de diˆametro e 50 mil anos.
ar, foi visto por centenas de pessoas e deixou mais de 106 crateras, com ta-
manhos de at´e 28 m de diˆametro. Mais de 28 toneladas em 9000 meteoritos
met´alicos foram recuperados. O maior peda¸co pesa 1745 kg.
A extin¸c˜ao dos dinossauros, 65 milh˜oes de anos atr´as, ´e consistente com
um impacto de um aster´oide ou cometa de mais de 10 km de diˆametro, que
abriu uma cratera de 200 km de diˆametro perto de Chicxulub, na pen´ınsula
de Yucatan, no M´exico. O impacto liberou uma energia equivalente a 5
bilh˜oes de bombas atˆomicas como a usada sobre Hiroshima em 1945. A
imagem mostra as varia¸c˜oes gravim´etricas do local, j´a que parte est´a sob
o oceano. Outras crateras com a mesma idade tˆem sido descobertas, como
a cratera Boltysh, de 24 km de largura na Ucrˆania e a cratera Silverpit,
no fundo do Mar do Norte na costa da Inglaterra, com 19 km de largura.
A proposta de que a grande extin¸c˜ao de organismos terrestres e marinhos,
vertebrados e invertebrados que ocorreu h´a 65 milh˜oes de anos (transi¸c˜ao
do per´ıodo Cret´aceo para o Terci´ario) tem origem num grande impacto ´e do
f´ısico americano Luis Walter Alvarez (1911-1988), ganhador do prˆemio Nobel
em 1968 por seus estudos de part´ıculas sub-atˆomicas, e seu filho Walter
Alvarez (1940-), ge´ologo americano, que notaram que a extin¸c˜ao se deu por
altera¸c˜oes clim´aticas que atingiram toda a Terra, com um esfriamento na
superf´ıcie e pela existˆencia de uma fina camada de barro com uma alta taxa
de ir´ıdio (um metal raro, similar `a platina) em v´arias partes do globo nesta
´epoca, consistente com uma grande nuvem de p´o que se espalhou por todo
o planeta, cobrindo a luz do Sol. Com a queda da fotoss´ıntese, as plantas
147
Figura 15.2: Medidas gravim´etricas de Chicxulub.
morreriam e os dinossauros morreriam por falta de alimentos. Um evento
similar poderia ser uma grande explos˜ao vulcˆanica, mas isto n˜ao explicaria
a deposi¸c˜ao de ir´ıdio, nem a existˆencia da cratera de Chicxulub. Aster´oides
s˜ao mais ricos em ir´ıdio do que a crosta da Terra.
Esse n˜ao ´e um evento ´unico; a cada dia, a Terra ´e atingida por corpos
interplanet´arios, a maioria deles microsc´opicos, com uma massa acumulada
de 10 000 toneladas, e a cada aproximadamente 30 milh˜oes de anos, um
grande impacto ocorre na Terra.
15.5 Sat´elites
Em geral, o n´umero de sat´elites de um planeta est´a associado `a sua massa.
O maior sat´elite do sistema solar ´e Ganimedes, um dos quatro sat´elites
galileanos de J´upiter, com raio de 2631 km. O segundo ´e Titan, de Saturno,
com 2575 km de raio. Ambos s˜ao maiores do que o planeta Merc´urio, que
tem 2439 km de raio. Titan apresenta a not´avel caracter´ıstica de possuir
uma atmosfera densa, rica em compostos de carbono e metano. Note que a
Lua, com 3475 km de diˆametro, ´e maior do que Plut˜ao, que tem 2350 km
148
de diˆametro.
A maioria dos sat´elites revolve em torno do respectivo planeta no sen-
tido de oeste para leste e a maioria tem ´orbita aproximadamente no plano
equatorial de seu planeta.
15.6 An´eis
Figura 15.3: An´eis de Saturno.
Os quatro planetas jovianos apresentam um sistema de an´eis, cons-
titu´ıdos por bilh˜oes de pequenas part´ıculas orbitando muito pr´oximo de
seu planeta. Nos quatro planetas, os an´eis est˜ao dentro do limite de Roche,
e devem ter se formado pela quebra de um sat´elite ou a partir de material
que nunca se aglomerou para formar um sat´elite. Saturno ´e, de longe, o
que possui an´eis mais espetaculares. Eles s˜ao constitu´ıdos, principalmente,
149
por pequenas part´ıculas de gelo, que refletem muito bem a luz. J´a os an´eis
de Urano, Netuno e J´upiter (nessa ordem de massa constituinte), s˜ao feitos
de part´ıculas escuras, sendo invis´ıveis da Terra. J´a em 1857, James Clerk
Maxwell (1831-1879) demonstrou que os an´eis s´o poderiam permanecer em
´orbitas est´aveis se fossem constitu´ıdos de pequenas part´ıculas.
15.7 Cometas
Os cometas constituem outro conjunto de pequenos corpos orbitando o Sis-
tema Solar. Suas ´orbitas s˜ao elipses muito alongadas. Eles s˜ao muito peque-
nos e fracos para serem vistos mesmo com um telesc´opio, a n˜ao ser quando
se aproximam do Sol. Nessas ocasi˜oes, eles desenvolvem caudas brilhantes
que algumas vezes podem ser vistas mesmo a olho nu.
Os cometas s˜ao feitos de uma mistura de gelo e poeira, como uma bola
de gelo sujo, segundo o proposto em 1950 por Fred Lawrence Whipple (1906-
2004). `A medida que se aproximam do Sol, parte do gelo sublima, formando
uma grande nuvem de g´as e poeira ao redor do cometa, chamada coma. A
parte s´olida e gelada no interior ´e o n´ucleo. A press˜ao de radia¸c˜ao do Sol
empurra as part´ıculas de g´as e a poeira da coma formando a cauda. Essa
cauda sempre aponta na dire¸c˜ao oposta `a do Sol e pode estender-se at´e 1 UA
de comprimento.
Existem dois tipos de cauda: a cauda de Tipo I ´e reta, estreita e azulada;
a cauda de Tipo II ´e curva, larga e amarelada. Um cometa pode apresentar
apenas uma das caudas, mas frequentemente apresenta as duas. A cauda
azulada ´e constitu´ıda de gases ionizados pela radia¸c˜ao ultravioleta do Sol,
principalmente CO+, N+
2 , e CO+
2 , que brilham por fluorescˆencia, emitindo
luz azul (a emiss˜ao do mon´oxido de carbono ionizado fica em λ = 4200 ˚A).
Esses gases ionizados seguem as part´ıculoas ionizadas expelidas pelo Sol, o
vento Solar. A cauda amarelada ´e constitu´ıda de gr˜aos de poeira empurrados
pela press˜ao de radia¸c˜ao do Sol, que brilham porque refletem a luz solar. As
part´ıculas de poeira seguem ´orbitas keplerianas, quanto mais distante do Sol
mais devagar elas andam, portanto as mas distantes v˜ao ficando para tr´as
em rela¸c˜ao `as mais pr´oximas, dando `a cauda a forma curva caracter´ıstica.
Algumas vezes, ´e observada tamb´em uma anticauda, isto ´e, uma cauda
na dire¸c˜ao do Sol. Essa cauda ´e um efeito de perspectiva, causado por
part´ıculas grandes (0,1 a 1 mm de diˆametro), ejetadas do n´ucleo, que n˜ao
s˜ao arrastadas pela press˜ao de radia¸c˜ao do Sol, permanecendo na ´orbita.
150
O n´ucleo irregular do Cometa Halley foi fotografado pela nave europ´eia
Giotto, que chegou a 1000 km do n´ucleo do cometa, que tem 13 por 8 km,
densidade pr´oxima a 1,0 g/cm3, e massa de 6 × 1014 kg.
Edmond Halley (1656-1742), astrˆonomo britˆanico amigo de Isaac Newton
foi o primeiro a mostrar que os cometas vistos em 1531, 1607 e 1682 eram,
na verdade, o mesmo cometa, e portanto peri´odico, que ´e, desde ent˜ao,
chamado de Cometa Halley.
No in´ıcio de 1997, o Cometa Hale–Bopp esteve vis´ıvel a olho nu em
praticamente todo o mundo, inclusive todo o Brasil.
Em julho de 1994, o cometa Shoemaker-Levy 9, descoberto por Carolyn
Jean Spellmann Shoemaker (1929-), Eugene Merle Shoemaker (1928-1997)
e David H. Levy (1948-) em 24 de mar¸co de 1993, e que tinha se fragmen-
tado em mais de 21 peda¸cos, os maiores de at´e 1 km, colidiu com J´upiter,
explodindo nas nuvens de amˆonia da atmosfera de J´upiter.
Concluindo, se um corpo pequeno apresenta uma atmosfera vol´atil vi-
s´ıvel, chama-se cometa. Se n˜ao, chama-se aster´oide.
15.7.1 Origem dos Cometas
Acredita-se que os cometas s˜ao corpos primitivos, presumivelmente sobras
da forma¸c˜ao do sistema solar, que se deu pelo colapso de uma nuvem mo-
lecular gigante. Esses corpos formariam uma vasta nuvem circundando o
Sistema Solar, em ´orbitas com af´elios a uma distˆancia de aproximadamente
50 000 UA do Sol: a “Nuvem de Oort”. Haveria aproximadamente 100
bilh˜oes de n´ucleos comet´arios nessa nuvem. Eventualmente, a intera¸c˜ao
gravitacional com uma estrela pr´oxima perturbaria a ´orbita de algum co-
meta, fazendo com que ele fosse lan¸cado para as partes mais internas do
sistema solar. Por exemplo, a estrela GL710, da constela¸c˜ao do Sagit´ario,
151
que se encontra hoje a 63 anos-luz do Sol, vai passar dentro da nuvem de
Oort daqui a aproximadamente 6 bilh˜oes de anos, chegando a 1,1 anos-luz
de distˆancia do Sol. Outras estrelas que perturbar˜ao a Nuvem de Oort,
nos pr´oximos bilh˜oes de anos, s˜ao S´ırius, Pr´oxima Centauri e a estrela de
Barnard [Edward Emerson Barnard (1857-1923)]. Uma vez que o cometa ´e
desviado para o interior do sistema solar, ele n˜ao sobrevive a mais do que
1000 passagens peri´elicas antes de perder todos os seus elementos vol´ateis.
15.8 Planeta X
Desde a descoberta de Plut˜ao por Clyde William Tombaugh (1906-1997), em
1930, muitos astrˆonomos procuraram evidˆencias dinˆamicas ou fotogr´aficas
da existˆencia de um 10◦ planeta, muitas vezes chamado Planeta X. A raz˜ao
dessa procura ´e que a massa de Plut˜ao parece muito pequena para dar conta
de todas as irregularidades observadas no movimento de Netuno, que foi o
que j´a havia motivado as pesquisas que levaram `a descoberta de Plut˜ao.
Nenhum outro planeta do tamanho de Plut˜ao foi encontrado, mas foram
descobertos muitos objetos menores, com diˆametros da ordem de algumas
centenas de quilˆometros. Essas descobertas sugeriram a id´eia, atualmente
defendida por muitos astrˆonomos, de que a regi˜ao externa do sistema solar
´e povoada por milhares de corpos gelados do tipo de Plut˜ao, que formam o
cintur˜ao de Kuiper.
15.9 Chuva de meteoros
Cada vez que um cometa passa perto do Sol, ele perde, junto com seus com-
ponentes vol´ateis, parte de seus componentes s´olidos, na forma de part´ıculas
que ficam orbitando em torno do Sol na mesma ´orbita do cometa. Cada vez
que a Terra cruza a ´orbita de um cometa, ela encontra essa “nuvem” de
part´ıculas, e uma chuva de meteoros ocorre.
15.10 Luz zodiacal
No plano do Sistema Solar, que no c´eu fica na regi˜ao do Zod´ıaco, existe
grande concentra¸c˜ao de poeira comet´aria. A reflex˜ao da luz solar nessa
poeira chama-se luz zodiacal e pode ser vista algumas horas ap´os o pˆor-do-
sol ou antes de seu nascer, em lugares suficientemente escuros.
152

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  • 1. Cap´ıtulo 15 Corpos menores do Sistema Solar 15.1 Aster´oides Aster´oides s˜ao um grupo numeroso de pequenos corpos (planetas menores) que orbitam o Sol. A maior parte dos aster´oides conhecidos tˆem ´orbitas situadas entre as ´orbitas de Marte e J´upiter, a uma distˆancia da ordem de 2,8 unidades astronˆomicas (UA) do Sol. Essa regi˜ao ´e conhecida como o Cintur˜ao de Aster´oides. O maior objeto do Cintur˜ao de Aster´oides ´e Ceres, que foi tamb´em o primeiro aster´oide a ser descoberto, em 1801, pelo italiano Giuseppe Piazzi (1746-1826). Ceres tem 1000 km de diˆametro e massa de um cent´esimo da massa da Lua. Outros aster´oides grandes dessa regi˜ao s˜ao Palas, desco- berto em 1802, por Heinrich Wilhelm Matt¨aus Olbers (1758-1840) e Juno, descoberto em 1804 por Karl Ludwig Harding ((1765-1834). A partir de 1992 foram descobertos v´arios aster´oides situados al´em da ´orbita de Netuno, chamados objetos transnetunianos. Esses objetos formam o chamado Cintur˜ao de Kuiper, um cintur˜ao de restos gelados que est´a no plano do sistema solar e se estende desde ap´os a ´orbita de Netuno at´e 150 UA do Sol. A forma achatada do cintur˜ao de Kuiper indica que os objetos que o forma s˜ao remanescentes dos planetesimais formados no disco da nebulosa solar. Todos os aster´oides, sejam do cintur˜ao principal, sejam do cintur˜ao de Kuiper, s˜ao menores do que a Lua. Atualmente, existem mais de 12000 aster´oides catalogados, cerca de 30 tˆem diˆametros maiores do que 200m, mas devem existir acima de 100 mil com mais de 1 km de diˆametro. Devem existir no m´ınimo 70000 com diˆametros maiores do que 100 km no 143
  • 2. cintur˜ao de Kuiper. 15.2 Objetos do Cintur˜ao de Kuiper Este cintur˜ao foi predito pelos c´alculos dos astrˆonomos Kenneth Essex Ed- geworth (1880-1972) em 1949 e e Gerard Peter Kuiper (1905-1973) em 1951. Desde a primeira descoberta de um aster´oide transnetuniano por David C. Jewitt & Jane X. Luu em 1992, foram descobertos mais de 600 aster´oides candidatos a a pertencerem ao Cintur˜ao de Kuiper, a maioria com cerca de 100 km de diˆametro. Entre os maiores est˜ao Varuna e 2002 AW197, ambos com 450 km de raio, Ixion, com 530 km de raio, e 1996TL66, com raio de 316 km. 1996TL66 e 2002AW197 n˜ao s˜ao objetos transnetunianos cl´assicos, pois sua ´orbita vai muito al´em da m´edia do cintur˜ao de Kuiper. 1966TL66, por exemplo, tem ´orbita com semi-eixo maior de 85 UA (o semi-eixo maior da ´orbita de Plut˜ao ´e 39 UA), e uma excentricidade que o leva de uma distˆancia m´ınima do Sol de 35 UA a uma distˆancia m´axima de 136 UA. Sua descoberta sugere que o Cintur˜ao de Kuiper se estende al´em de 50 UA, e pode conter muito mais massa ( 0, 5 M⊗) do que anteriomente se pensava. Em 2002 foi descoberto o objeto transnetuniano 2002LM60, com 1250 km de diˆametro, maior do que Ceres. Esse aster´oide foi batizado de Quaoar, “for¸ca de cria¸c˜ao” na l´ıngua da tripo Tongva, os primeiros habitantes da bacia de Los Angeles. Em fevereiro de 2004 foi descoberto o Sedna, com raio entre 550 e 900 km, a uma distˆancia de 13 bilh˜oes de km, que passou a ser considerado o maior aster´oide do sistema solar. ´Eris (2003 UB313), um aster´oide do cintur˜ao de Kuiper (aster´oide trans- netuniano), descoberto em 2005 por Michael E. Brown (1965-), Chadwick A. Trujillo (1973-) e David Lincoln Rabinowitz (1960-), ´e maior do que Plut˜ao, conforme as medidas feitas com o Telesc´opio Espacial Hubble em 9 e 10 de dezembro de 2005, que resultaram em um diˆametro de 2398 ± 97 km, comparado com 2288 km de Plut˜ao. O aster´oide Eris varia de distˆancia ao Sol entre 38 UA e 98 UA (a=67,73 UA, P=557,44 anos), provavelmente foi deslocado de sua ´orbita por Netuno, e tem um plano de ´orbita bem incli- nado em rela¸c˜ao ao dos planetas (44o). O aster´oide 2003 UB313 tem um sat´elite, S/2005 (2003 UB313) 1, fotografado pela primeira vez por Michael E. Brown com um dos telesc´opios de 10 m do W.M. Keck Observatory, no Hawai’i. O planeta an˜ao 2003 UB313 recebeu em 13 de setembro e 2006 o nome oficial de ´Eris, a deusa da disc´ordia na mitologia grega. Seu sat´elite recebeu o nome Dysnomia, que na mitologia ´e o esp´ırito demon´ıaco da falta de lei. Pela ´orbita de Dysnomia se mede que Eris ´e 27% mais massivo que 144
  • 3. Plut˜ao. 15.3 Meteoros Meteoros s˜ao pequenos aster´oides, chamados meteor´oides, que se chocam com a Terra. O termo vem do grego meteoron, que significa fenˆomeno no c´eu. Ao penetrar na atmosfera da Terra geram calor por atrito com a at- mosfera, deixando um rastro brilhante facilmente vis´ıvel a olho nu. Existem aproximadamente 50 aster´oides com diˆametro maior de 20 km, que se apro- ximam da Terra, colidindo com uma taxa de aproximadamente 1 a cada 1 milh˜ao de anos. Dois a trˆes novos s˜ao descobertos por ano e suas ´orbitas s˜ao muitas vezes inst´aveis. Meteoritos s˜ao meteoros que atravessam a atmosfera da Terra sem serem completamente vaporizados, caindo ao solo. Do estudo dos meteoritos se pode aprender muito sobre o tipo de material a partir do qual se formaram os planetas interiores, uma vez que s˜ao fragmentos primitivos do sistema solar. Existem 3 tipos de meteoritos: os met´alicos, os rochosos, e os met´ali- co-rochosos. Os rochosos s˜ao os mais abundantes, compreendendo 90% de todos meteoritos conhecidos. Um tipo de meteoritos rochosos s˜ao os con- dritos carbon´aceos, que representam o tipo mais antigo de meteoritos, com aproximadamente 4,5 bilh˜oes de anos, e n˜ao parecem ter sofrido altera¸c˜ao desde a ´epoca de sua forma¸c˜ao. Os met´alicos s˜ao compostos principalmente de ferro e n´ıquel. Na Terra, caem aproximadamente 25 milh˜oes por dia, a grande maioria com algumas microgramas. O aster´oide Ida, com 50 km de diˆametro, foi fotografado em 1993 pela sonda Galileo, e foi, ent˜ao, descoberto que ele possui um sat´elite, Dactyl, de 1,5 km de diˆametro, a 100 km de distˆancia. Mais de 9000 aster´oides tˆem ´orbitas bem determinadas. Eles orbitam o Sol aproximadamente na mesma dire¸c˜ao dos planetas (de oeste para leste) e a maioria no mesmo plano. O Cintur˜ao de Aster´oides principal cont´em aster´oides com semi-eixo maior de 2,2 a 3,3 UA, correspondendo a per´ıodos orbitais de 3,3 a 6 anos. Provavelmente, mais de 90% de todos os aster´oides est˜ao nesse Cintur˜ao. Os grandes aster´oides tˆem densidade da ordem de 2,5 g/cm3. 145
  • 4. Em agosto de 1996, cientistas da NASA revelaram evidˆencias indiretas de poss´ıveis f´osseis microsc´opicos que poderiam ter se desenvolvido em Marte 3,6 bilh˜oes de anos atr´as no meteorito marciano ALH84001. Sua deno- mina¸c˜ao vem do fato de ter sido o meteorito n´umero 001, coletado em 1984, na regi˜ao chamada Allan Hills, na Ant´artica. Esse meteorito, de 1,9 kg, ´e um dos 30 meteoritos j´a coletados na Terra, que, se acredita, foram arrancados de Marte por colis˜oes de aster´oides. ALH84001 cristalizou-se no magma de Marte 4,5 bilh˜oes de anos atr´as, foi arrancado de Marte 16 milh˜oes de anos atr´as, e caiu na Ant´artica 13 mil anos atr´as. Ele mostra tra¸cos de hidrocar- bonetos polic´ıclicos arom´aticos e dep´ositos minerais parecidos com os causa- dos por nanobact´erias na Terra e, portanto, indicando que poderia ter havido vida em Marte no passado remoto. Essa ´e a primeira evidˆencia da poss´ıvel existˆencia de vida fora da Terra e levanta a quest˜ao de se a vida come¸cou em outros pontos do Universo al´em da Terra, espontaneamente. Em outubro de 1996, cientistas ingleses descobriram tra¸cos de carbono orgˆanico em outro meteorito marciano, ETA79001, novamente uma evidˆencia circunstancial, para a qual vida ´e somente uma das poss´ıveis interpreta¸c˜oes. A sonda So- journer, da miss˜ao Mars Pathfinder de julho a setembro de 1997, comprovou que a composi¸c˜ao qu´ımica das rochas marcianas ´e, de fato, muito similar `a composi¸c˜ao dos meteoritos como o ALH84001. 15.4 Impactos na Terra Duas vezes no s´eculo XX grandes objetos colidiram com a Terra. Em 30 de junho de 1908, um aster´oide ou cometa de aproximadamente 100 mil tone- ladas explodiu na atmosfera perto do Rio Tunguska, na Sib´eria, derrubando milhares de km2 de ´arvores, e matando muitos animais. O segundo impacto ocorreu em 12 de fevereiro de 1947, na cadeia de montanhas Sikhote-Alin, perto de Vladivostok, tamb´em na Sib´eria. O impacto, causado por um as- ter´oide de ferro-n´ıquel de aproximadamente 100 toneladas que se rompeu no 146
  • 5. Figura 15.1: Foto da Meteor Crater, ou Cratera Barringer [Daniel Moreau Barringer (1860-1929), que demonstrou que a cratera era devido ao impacto de um meteorito], no Arizona, que tem 1,2 km de diˆametro e 50 mil anos. ar, foi visto por centenas de pessoas e deixou mais de 106 crateras, com ta- manhos de at´e 28 m de diˆametro. Mais de 28 toneladas em 9000 meteoritos met´alicos foram recuperados. O maior peda¸co pesa 1745 kg. A extin¸c˜ao dos dinossauros, 65 milh˜oes de anos atr´as, ´e consistente com um impacto de um aster´oide ou cometa de mais de 10 km de diˆametro, que abriu uma cratera de 200 km de diˆametro perto de Chicxulub, na pen´ınsula de Yucatan, no M´exico. O impacto liberou uma energia equivalente a 5 bilh˜oes de bombas atˆomicas como a usada sobre Hiroshima em 1945. A imagem mostra as varia¸c˜oes gravim´etricas do local, j´a que parte est´a sob o oceano. Outras crateras com a mesma idade tˆem sido descobertas, como a cratera Boltysh, de 24 km de largura na Ucrˆania e a cratera Silverpit, no fundo do Mar do Norte na costa da Inglaterra, com 19 km de largura. A proposta de que a grande extin¸c˜ao de organismos terrestres e marinhos, vertebrados e invertebrados que ocorreu h´a 65 milh˜oes de anos (transi¸c˜ao do per´ıodo Cret´aceo para o Terci´ario) tem origem num grande impacto ´e do f´ısico americano Luis Walter Alvarez (1911-1988), ganhador do prˆemio Nobel em 1968 por seus estudos de part´ıculas sub-atˆomicas, e seu filho Walter Alvarez (1940-), ge´ologo americano, que notaram que a extin¸c˜ao se deu por altera¸c˜oes clim´aticas que atingiram toda a Terra, com um esfriamento na superf´ıcie e pela existˆencia de uma fina camada de barro com uma alta taxa de ir´ıdio (um metal raro, similar `a platina) em v´arias partes do globo nesta ´epoca, consistente com uma grande nuvem de p´o que se espalhou por todo o planeta, cobrindo a luz do Sol. Com a queda da fotoss´ıntese, as plantas 147
  • 6. Figura 15.2: Medidas gravim´etricas de Chicxulub. morreriam e os dinossauros morreriam por falta de alimentos. Um evento similar poderia ser uma grande explos˜ao vulcˆanica, mas isto n˜ao explicaria a deposi¸c˜ao de ir´ıdio, nem a existˆencia da cratera de Chicxulub. Aster´oides s˜ao mais ricos em ir´ıdio do que a crosta da Terra. Esse n˜ao ´e um evento ´unico; a cada dia, a Terra ´e atingida por corpos interplanet´arios, a maioria deles microsc´opicos, com uma massa acumulada de 10 000 toneladas, e a cada aproximadamente 30 milh˜oes de anos, um grande impacto ocorre na Terra. 15.5 Sat´elites Em geral, o n´umero de sat´elites de um planeta est´a associado `a sua massa. O maior sat´elite do sistema solar ´e Ganimedes, um dos quatro sat´elites galileanos de J´upiter, com raio de 2631 km. O segundo ´e Titan, de Saturno, com 2575 km de raio. Ambos s˜ao maiores do que o planeta Merc´urio, que tem 2439 km de raio. Titan apresenta a not´avel caracter´ıstica de possuir uma atmosfera densa, rica em compostos de carbono e metano. Note que a Lua, com 3475 km de diˆametro, ´e maior do que Plut˜ao, que tem 2350 km 148
  • 7. de diˆametro. A maioria dos sat´elites revolve em torno do respectivo planeta no sen- tido de oeste para leste e a maioria tem ´orbita aproximadamente no plano equatorial de seu planeta. 15.6 An´eis Figura 15.3: An´eis de Saturno. Os quatro planetas jovianos apresentam um sistema de an´eis, cons- titu´ıdos por bilh˜oes de pequenas part´ıculas orbitando muito pr´oximo de seu planeta. Nos quatro planetas, os an´eis est˜ao dentro do limite de Roche, e devem ter se formado pela quebra de um sat´elite ou a partir de material que nunca se aglomerou para formar um sat´elite. Saturno ´e, de longe, o que possui an´eis mais espetaculares. Eles s˜ao constitu´ıdos, principalmente, 149
  • 8. por pequenas part´ıculas de gelo, que refletem muito bem a luz. J´a os an´eis de Urano, Netuno e J´upiter (nessa ordem de massa constituinte), s˜ao feitos de part´ıculas escuras, sendo invis´ıveis da Terra. J´a em 1857, James Clerk Maxwell (1831-1879) demonstrou que os an´eis s´o poderiam permanecer em ´orbitas est´aveis se fossem constitu´ıdos de pequenas part´ıculas. 15.7 Cometas Os cometas constituem outro conjunto de pequenos corpos orbitando o Sis- tema Solar. Suas ´orbitas s˜ao elipses muito alongadas. Eles s˜ao muito peque- nos e fracos para serem vistos mesmo com um telesc´opio, a n˜ao ser quando se aproximam do Sol. Nessas ocasi˜oes, eles desenvolvem caudas brilhantes que algumas vezes podem ser vistas mesmo a olho nu. Os cometas s˜ao feitos de uma mistura de gelo e poeira, como uma bola de gelo sujo, segundo o proposto em 1950 por Fred Lawrence Whipple (1906- 2004). `A medida que se aproximam do Sol, parte do gelo sublima, formando uma grande nuvem de g´as e poeira ao redor do cometa, chamada coma. A parte s´olida e gelada no interior ´e o n´ucleo. A press˜ao de radia¸c˜ao do Sol empurra as part´ıculas de g´as e a poeira da coma formando a cauda. Essa cauda sempre aponta na dire¸c˜ao oposta `a do Sol e pode estender-se at´e 1 UA de comprimento. Existem dois tipos de cauda: a cauda de Tipo I ´e reta, estreita e azulada; a cauda de Tipo II ´e curva, larga e amarelada. Um cometa pode apresentar apenas uma das caudas, mas frequentemente apresenta as duas. A cauda azulada ´e constitu´ıda de gases ionizados pela radia¸c˜ao ultravioleta do Sol, principalmente CO+, N+ 2 , e CO+ 2 , que brilham por fluorescˆencia, emitindo luz azul (a emiss˜ao do mon´oxido de carbono ionizado fica em λ = 4200 ˚A). Esses gases ionizados seguem as part´ıculoas ionizadas expelidas pelo Sol, o vento Solar. A cauda amarelada ´e constitu´ıda de gr˜aos de poeira empurrados pela press˜ao de radia¸c˜ao do Sol, que brilham porque refletem a luz solar. As part´ıculas de poeira seguem ´orbitas keplerianas, quanto mais distante do Sol mais devagar elas andam, portanto as mas distantes v˜ao ficando para tr´as em rela¸c˜ao `as mais pr´oximas, dando `a cauda a forma curva caracter´ıstica. Algumas vezes, ´e observada tamb´em uma anticauda, isto ´e, uma cauda na dire¸c˜ao do Sol. Essa cauda ´e um efeito de perspectiva, causado por part´ıculas grandes (0,1 a 1 mm de diˆametro), ejetadas do n´ucleo, que n˜ao s˜ao arrastadas pela press˜ao de radia¸c˜ao do Sol, permanecendo na ´orbita. 150
  • 9. O n´ucleo irregular do Cometa Halley foi fotografado pela nave europ´eia Giotto, que chegou a 1000 km do n´ucleo do cometa, que tem 13 por 8 km, densidade pr´oxima a 1,0 g/cm3, e massa de 6 × 1014 kg. Edmond Halley (1656-1742), astrˆonomo britˆanico amigo de Isaac Newton foi o primeiro a mostrar que os cometas vistos em 1531, 1607 e 1682 eram, na verdade, o mesmo cometa, e portanto peri´odico, que ´e, desde ent˜ao, chamado de Cometa Halley. No in´ıcio de 1997, o Cometa Hale–Bopp esteve vis´ıvel a olho nu em praticamente todo o mundo, inclusive todo o Brasil. Em julho de 1994, o cometa Shoemaker-Levy 9, descoberto por Carolyn Jean Spellmann Shoemaker (1929-), Eugene Merle Shoemaker (1928-1997) e David H. Levy (1948-) em 24 de mar¸co de 1993, e que tinha se fragmen- tado em mais de 21 peda¸cos, os maiores de at´e 1 km, colidiu com J´upiter, explodindo nas nuvens de amˆonia da atmosfera de J´upiter. Concluindo, se um corpo pequeno apresenta uma atmosfera vol´atil vi- s´ıvel, chama-se cometa. Se n˜ao, chama-se aster´oide. 15.7.1 Origem dos Cometas Acredita-se que os cometas s˜ao corpos primitivos, presumivelmente sobras da forma¸c˜ao do sistema solar, que se deu pelo colapso de uma nuvem mo- lecular gigante. Esses corpos formariam uma vasta nuvem circundando o Sistema Solar, em ´orbitas com af´elios a uma distˆancia de aproximadamente 50 000 UA do Sol: a “Nuvem de Oort”. Haveria aproximadamente 100 bilh˜oes de n´ucleos comet´arios nessa nuvem. Eventualmente, a intera¸c˜ao gravitacional com uma estrela pr´oxima perturbaria a ´orbita de algum co- meta, fazendo com que ele fosse lan¸cado para as partes mais internas do sistema solar. Por exemplo, a estrela GL710, da constela¸c˜ao do Sagit´ario, 151
  • 10. que se encontra hoje a 63 anos-luz do Sol, vai passar dentro da nuvem de Oort daqui a aproximadamente 6 bilh˜oes de anos, chegando a 1,1 anos-luz de distˆancia do Sol. Outras estrelas que perturbar˜ao a Nuvem de Oort, nos pr´oximos bilh˜oes de anos, s˜ao S´ırius, Pr´oxima Centauri e a estrela de Barnard [Edward Emerson Barnard (1857-1923)]. Uma vez que o cometa ´e desviado para o interior do sistema solar, ele n˜ao sobrevive a mais do que 1000 passagens peri´elicas antes de perder todos os seus elementos vol´ateis. 15.8 Planeta X Desde a descoberta de Plut˜ao por Clyde William Tombaugh (1906-1997), em 1930, muitos astrˆonomos procuraram evidˆencias dinˆamicas ou fotogr´aficas da existˆencia de um 10◦ planeta, muitas vezes chamado Planeta X. A raz˜ao dessa procura ´e que a massa de Plut˜ao parece muito pequena para dar conta de todas as irregularidades observadas no movimento de Netuno, que foi o que j´a havia motivado as pesquisas que levaram `a descoberta de Plut˜ao. Nenhum outro planeta do tamanho de Plut˜ao foi encontrado, mas foram descobertos muitos objetos menores, com diˆametros da ordem de algumas centenas de quilˆometros. Essas descobertas sugeriram a id´eia, atualmente defendida por muitos astrˆonomos, de que a regi˜ao externa do sistema solar ´e povoada por milhares de corpos gelados do tipo de Plut˜ao, que formam o cintur˜ao de Kuiper. 15.9 Chuva de meteoros Cada vez que um cometa passa perto do Sol, ele perde, junto com seus com- ponentes vol´ateis, parte de seus componentes s´olidos, na forma de part´ıculas que ficam orbitando em torno do Sol na mesma ´orbita do cometa. Cada vez que a Terra cruza a ´orbita de um cometa, ela encontra essa “nuvem” de part´ıculas, e uma chuva de meteoros ocorre. 15.10 Luz zodiacal No plano do Sistema Solar, que no c´eu fica na regi˜ao do Zod´ıaco, existe grande concentra¸c˜ao de poeira comet´aria. A reflex˜ao da luz solar nessa poeira chama-se luz zodiacal e pode ser vista algumas horas ap´os o pˆor-do- sol ou antes de seu nascer, em lugares suficientemente escuros. 152