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cantigas
líricas
De amor
De amigo
sátiricas
De escárnio
De maldizer
De amor
- As cantigas eram cantadas por
um cavalheiro;
- O homem por sua vez tenta
cortejar a dama á quem se
refere;
- Os poemas são caracterizados
por palavras sofridas;
- O homem se refere a dama
como “senhor”;
- A mulher era caracterizada
como “senhor”, revelando no
poema a sua condição
hierárquica superior.
Um exemplo de uma cantiga lírica de amor de Bernal de
Bonaval:
"A dona que eu am'e tenho por Senhor
amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for,
se non dade-me-a morte.
A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus
e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,
se non dade-me-a morte.
Essa que Vós fezestes melhor parecer
de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,
se non dade-me-a morte.
A Deus, que me-a fizestes mais amar,
mostrade-me-a algo possa con ela falar,
se non dade-me-a morte."
De amigo
- Nas cantigas líricas de amigo
quem canta o poema é
sempre uma mulher;
- O homem apenas compõe a
cantiga;
- A proposta do texto é mostrar
o ponto de vista feminino do
relacionamento amoroso;
- Os ciúmes, dor do amor não
correspondido, saudades eram
um exemplo do que retratado;
Logo abaixo tem-se um exemplo de uma cantiga lírica de amigo de D. Dinis:
“Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado!
ai Deus, e u é?”
De escárnio
- O eu lírico no caso, , no caso
faz indiretamente uma critica
pessoal á
alguém, apresentando duplos
sentidos;
- A técnica de apresentar a
critica leva ao ouvinte á uma
reflexão, deixando-o
representar do modo que
quiser;
- Essa linguagem é
caracterizada como
sutil, repleta de trocadilhos e
peculiaridades.
Um exemplo de uma cantiga
satíricas de escárnio:
Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu
cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
De Maldizer
- Nas cantigas de maldizer a
critica, não apresenta duplos
sentidos, isto é, o contrário das
cantigas de escárnio;
- No poema o nome da pessoa
retratada, pode ou não ser
apresentada;
- É característico nessas cantigas
a linguagem informal, o uso de
agressões verbais e palavrões.
Logo abaixo está exemplo dessas cantigas, de Joan Garcia de Guilhade:
"Ai dona fea! Foste-vos queixar
Que vos nunca louv'en meu trobar
Mais ora quero fazer un cantar
En que vos loarei toda via;
E vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!
Ai dona fea! Se Deus mi pardon!
E pois havedes tan gran coraçon
Que vos eu loe en esta razon,
Vos quero já loar toda via;
E vedes qual será a loaçon:
Dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
En meu trobar, pero muito trobei;
Mais ora já en bom cantar farei
En que vos loarei toda via;
E direi-vos como vos loarei:
Dona fea, velha e sandia!"
Aluno: Thiago Moraes Simbol
Numero: 24
Série: 1 A
Matéria: HCAL (História Critica da Arte e Literatura)
Professora: Ingrid Galleazzo

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  • 1.
  • 3. De amor - As cantigas eram cantadas por um cavalheiro; - O homem por sua vez tenta cortejar a dama á quem se refere; - Os poemas são caracterizados por palavras sofridas; - O homem se refere a dama como “senhor”; - A mulher era caracterizada como “senhor”, revelando no poema a sua condição hierárquica superior.
  • 4. Um exemplo de uma cantiga lírica de amor de Bernal de Bonaval: "A dona que eu am'e tenho por Senhor amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for, se non dade-me-a morte. A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus, se non dade-me-a morte. Essa que Vós fezestes melhor parecer de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer, se non dade-me-a morte. A Deus, que me-a fizestes mais amar, mostrade-me-a algo possa con ela falar, se non dade-me-a morte."
  • 5. De amigo - Nas cantigas líricas de amigo quem canta o poema é sempre uma mulher; - O homem apenas compõe a cantiga; - A proposta do texto é mostrar o ponto de vista feminino do relacionamento amoroso; - Os ciúmes, dor do amor não correspondido, saudades eram um exemplo do que retratado;
  • 6. Logo abaixo tem-se um exemplo de uma cantiga lírica de amigo de D. Dinis: “Ai flores, ai flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo! ai Deus, e u é? Ai flores, ai flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado! ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pôs comigo! ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que mi há jurado! ai Deus, e u é?”
  • 7. De escárnio - O eu lírico no caso, , no caso faz indiretamente uma critica pessoal á alguém, apresentando duplos sentidos; - A técnica de apresentar a critica leva ao ouvinte á uma reflexão, deixando-o representar do modo que quiser; - Essa linguagem é caracterizada como sutil, repleta de trocadilhos e peculiaridades. Um exemplo de uma cantiga satíricas de escárnio: Ai, dona fea, foste-vos queixar que vos nunca louv[o] em meu cantar; mais ora quero fazer um cantar em que vos loarei toda via; e vedes como vos quero loar: dona fea, velha e sandia!
  • 8. De Maldizer - Nas cantigas de maldizer a critica, não apresenta duplos sentidos, isto é, o contrário das cantigas de escárnio; - No poema o nome da pessoa retratada, pode ou não ser apresentada; - É característico nessas cantigas a linguagem informal, o uso de agressões verbais e palavrões.
  • 9. Logo abaixo está exemplo dessas cantigas, de Joan Garcia de Guilhade: "Ai dona fea! Foste-vos queixar Que vos nunca louv'en meu trobar Mais ora quero fazer un cantar En que vos loarei toda via; E vedes como vos quero loar: Dona fea, velha e sandia! Ai dona fea! Se Deus mi pardon! E pois havedes tan gran coraçon Que vos eu loe en esta razon, Vos quero já loar toda via; E vedes qual será a loaçon: Dona fea, velha e sandia! Dona fea, nunca vos eu loei En meu trobar, pero muito trobei; Mais ora já en bom cantar farei En que vos loarei toda via; E direi-vos como vos loarei: Dona fea, velha e sandia!"
  • 10. Aluno: Thiago Moraes Simbol Numero: 24 Série: 1 A Matéria: HCAL (História Critica da Arte e Literatura) Professora: Ingrid Galleazzo