1. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática Marilene Dilem da Silva
2. Este trabalho teve como finalidade utilizar aula de campo no ensino/aprendizagem de Ciências do Ensino Básico, tendo sido direcionado para as áreas: Praia dos Castelhanos e rio/manguezal Benevente, no Município de Anchieta-ES. Para tanto, foi necessário estudar e conhecer as dinâmicas de uma aula de campo como estratégias do ensino de ciências de forma a desenvolver no indivíduo o conhecimento sobre os fenômenos da natureza, a afetividade, os valores e as atitudes em relação ao meio ambiente.
3. Para a realização da pesquisa, foram delimitados três ecossistemas que, de certa forma, estão interligados: rio, manguezal e praia. A pesquisa foi baseada em conhecimentos prévios e vivências de professores que atuam nos ensinos fundamental e médio locais e em relatos dos residentes do município de Anchieta-ES. Os ambientes foram caracterizados quanto à localização, aos aspectos históricos, de biodiversidade e importância para o turismo ambiental. Para viabilizar e socializar a pesquisa, foi organizado um b log ( www.auladecampo.wordpress.com ) com informações direcionadas aos docentes, estudantes e ambientalistas, visando subsidiar o planejamento e a execução de um trabalho extraclasse no rio/manguezal Benevente, do Município de Anchieta-ES.
4. A pesquisa foi desenvolvida considerando-se suporte teórico de autores renomados na área da pesquisa e da educação – CAVALCANTI, 2002; COMPIANI, 1991; GIL, 2006; GRÜN, 1996;;KRASILCHIK, 1986, MATURANA, 1995; MENEZES, 2000; MOCHCOVITCH,1990; MORIN, 1997, 2000, 2001, 2004; PERRENOUD, 1999, entre outros.
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9. De acordo com COMPINANI (1999), os trabalhos de campo e as práticas investigativas devem direcionar o aluno para um conhecimento globalizado de determinada área de estudo e possibilitar uma visão mais abrangente sobre os estudos das ciências. Segundo KRASILCHIK (1986), as relações entre alunos e professores fora do formalismo da sala de aula acabam sofrendo modificações que perduram depois da volta à escola, criando um companheirismo oriundo de uma experiência comum e de uma convivência muito agradável e produtiva. Segundo MATURANA (1995), o conhecimento é um sistema de “informação” sobre o mundo ambiente, e o processo de viver é, portanto, um conhecimento sobre como ”adaptar-se” a este mundo adquirindo, constantemente, mais e mais “informações” sobre sua natureza .
20. A pesquisa foi realizada no município de Anchieta-ES, nos ecossistemas praia e manguezal, incluiu pesquisa de campo, que teve como objetivo conseguir informações ou conhecimentos acerca de um problema para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese que se queira comprovar, ou ainda descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. (MARCONI & LAKATOS, 1999) A pesquisa utilizada nesta área está relacionada ao uso de métodos “quali-quantitativos”, tendo início com a pesquisa bibliográfica sobre assuntos como, por exemplo, trabalho de campo e ecossistemas. Segundo GIL (2006), a análise qualitativa é menos formal do que a quantitativa, sendo que, nesta, os passos podem ser definidos de maneira relativamente simples. Já aquela depende de muitos fatores, tais como a natureza dos dados coletados, a extensão da amostra, os instrumentos de pesquisa e os pressupostos teóricos que nortearam a investigação. METODOLOGIA
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25. 2. Providências: Elaboração de comunicado para os pais com ficha de autorização (disponibilizar modelo); Elaboração de comunicado aos pais; Documentação de autorização dos pais ou responsáveis; Documentação para requerer autorização do juiz (disponibilizar modelo); Organização de um croqui para reconhecimento da área; Mapas e fotografias do local de visita; Reunião com pais e alunos para definição de regras e combinados; Normas de segurança; Contato com o local da visita; Organização de questionário-sondagem para os alunos; Leitura e análise de textos informativos sobre os locais a serem visitados; Organização do roteiro de campo; Responsabilidades individuais – documentos, remédios, roupa, calçado, alimentação e objetos pessoais;
26. Durante: I. Visitação: Chegada ao local da visita; Acomodação; Orientações gerais com reconhecimento da área; Formação dos grupos de trabalho; Entrega dos croquis/mapas de orientação; Entrega do roteiro de estudo; Realização da visita com orientação dos professores e/ou guias; Realização de dinâmicas educativas para retomada dos conhecimentos. Sugerem-se jogos educativos. Depois: I. Retorno à Escola: Escolha de uma equipe para compatibilizar os trabalhos desenvolvidos; Organização um jornal com informações sobre a viagem de estudo; Montagem um mural com fotografias; Organização um vídeo sobre a viagem; Avaliação da viagem com destaque para os aspectos positivos e negativos; Avaliação da viagem com destaque para as informações não programadas e que causaram encantamento aos alunos; Sistematização final de conhecimentos, com a apresentação de seminários, relatórios ou outras formas de conclusão que poderão compor as avaliações individual e grupal (PCNs, 1998).
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28. Equipe 5 : Tarefa: 1 - Observar a vegetação local e caracterizá-la, relacionando isso aos impactos an-trópicos na região. 2 – Esquematizar a paisagem indicando os impactos antrópicos e sugerir formas de recuperação para as áreas degradadas. 3 – Apresentar os resultados. Equipe 6 : Tarefa: 1- Observar as artes de pesca utilizadas na aula prática e relacioná-las com o esforço de pesca. 2 - Identificar os peixes coletados, analisando a diversidade do grupo entre as coletas noturnas e diurnas. 3 - Apresentar os resultados Equipe 7 : Tarefa: 1- Observar as artes de pesca utilizadas na aula prática e relacioná-las com o esforço de pesca. 2 – Analisar os peixes coletados quanto à sua alimentação e aspectos reprodutivos. 3 – Montar uma cadeia alimentar dos animais observados durante a subida ao rio Benevente.
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30. “ Promover a vivência e conhecimento de causa sobre o conteúdo desenvolvido na aula; visualizar os conteúdos trabalhados; reforçar o conteúdo aprendido em sala de aula; entrosamento da turma; maior contato com a natureza”. Relatos dos Professores: “ Todos possíveis a serem visualizados; postura ecologicamente correta?; conteúdos relacionados à fauna e à flora do lugar; de preferência os conteúdos ministrados em sala de aula” . “ Na forma de relatórios e exercícios; exposição de opinião; forma de debate; através de roteiro ”. “ Eles esperam atividades dinâmicas; ficam surpresos quanto às coisas que não são do cotidiano; ficam empolgados e interessados em ter aula extraclasse; outros consideram como passeio; os olhos brilham diante de fatos vistos. ” “ Maior participação dos alunos; relação dos conteúdos com os fatos reais; maior integração; objeto de estudo de fácil acesso; maior entrosamento; maior atenção dos alunos ”. “ Questões financeiras para deslocamentos; tumulto dos alunos durante a organização; cuidados quanto à segurança; falta de transporte; liberação dos alunos pelos pais e pela escola; dificuldade de acesso ao local.”
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33. “ Não tinha mercearia; a praia era mais rústica; as barracas eram de palha; o fluxo de turista era pequeno.” Residente da Praia dos Castelhanos Eis alguns relatos: “ O rio era mais fundo, dava muito mais caranguejo, muitas ostras; o rio tinha mais água”. Pescador do manguezal “ Havia poucas casas na praia; a restinga cobria quase toda a areia; as marés eram mais calmas.” Residentes da praia “ Tinha mais peixe, mais animais como capivara; o rio era mais limpo, tinha mais caranguejo; o rio tinha mais água”. Pescadores “ Está bem melhor; está mais urbanizada; a praia está mais extensa, pois não tem mais a mata; aumentou a população; boa. Tem limpeza diária; o comércio melhorou com expectativa da chegada de empresas para a região.” Residentes da Praia dos Castelhanos “ O rio está assoreado, o controle ambiental fica a desejar; há muitos bancos de areia; o rio está mais seco; diminuiu a quantidade de peixe; os barcos têm dificuldades de passar pelo rio; tem muita pesca predatória”. Pescadores do manguezal “ A iluminação, água potável, o transporte diário; muito organizados, mais turistas; chegada de empresas; limpeza; o comércio”. Residentes da Praia dos Castelhanos
34. “ Campanhas feitas pelas ONGs; instalação do mercado de peixe; a ponte de cimento; os projetos para melhorar o manguezal; nada”. Pescadores do rio/manguezal “ Nada, só está melhorando; a falta de segurança, os roubos; o medo com o aumento populacional; não piorou”. Residentes da Praia dos Castelhanos “ Aparecimento de bancos de areia; invasão na área de manguezal; chegada de pessoas estranhas; a poluição; esgoto jogado no mar; a falta de conscientização”. Pescadores do rio/manguezal “ Maior segurança para os moradores; maior segurança nas praias; construção de rede de esgoto; ter salva-vidas; calçamento na rua principal; maior segurança; construção de postos de saúde; padronização dos quiosques; construção de banheiros públicos; melhorar informações para os turistas”. Residentes da Praia dos Castelhano “ Dragagem dos canais; construção de rede de esgoto; fazer mais obra; continuar a fiscalização; sistema de educação ambiental para os pescadores; proibição de entrada de turista em áreas proibidas; pescar apenas os peixes adultos; colocar em prática as leis de conservação dos animais que habitam o manguezal”. Pescadores do rio/manguezal
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36. Ao entrevistar os professores sobre sua prática de sala de aula tivemos a oportunidade de obter, por meio destes, relatos de alunos que conheceram os ecossistemas Praia dos Castelhanos e rio Benevente/ Manguezal de Anchieta através de sua participação em aula de campo nesses ambientes. A pedagoga do Centro Educacional São Camilo – Espírito Santo apresentou o planejamento da aula de campo, a programação do Seminário Temático que foi desenvolvido pelos alunos após a viagem e a notícia que foi veiculada no jornal ONLINE. Apêndice 5, 6, e 7. Segue os depoimentos dos alunos do 6ª Ano: “ Na viagem de estudo no Município de Anchieta o que mais eu gostei foi de andar de barco no rio Benevente. No rio indo para o local marcado pela professora passamos por mangues e vimos nele garças e caranguejos. Foi muito divertido o passeio da minha turma”. Criança 1 A criança demonstra preocupação com o assoreamento do rio durante todo o trajeto da viagem de barco. Um dos depoimentos relacionados à criança 2 foi o relato de sua mãe: “ Minha filha juntamente com sua turma participou da viagem de estudo com roteiro Cachoeiro-Anchieta-Guarapari-ES. Segundo depoimento dela o que mais chamou sua atenção foi o passeio pelo rio Benevente. Ela visualizou o manguezal, que segundo informação na viagem é o maior do Espírito Santo. Descreveu ainda a paisagem local e relatou sobre o assoreamento. Como mãe relato a importância da viagem como uma aula ‘in locus’”.
37. É interessante ressaltar o relato da Professora que organizou a aula de campo: “ Gostaria de destacar a importância” dos recursos hídricos para a sociedade, por isso vejo com muita alegria os alunos participarem de viagens de estudos, principalmente a realizada neste ano de 2007 pelos alunos do 6° Ano para conhecer a história e a importância de um dos rios de maior destaque em nosso estado – o rio Benevente. O rio Benevente apresenta inúmeras espécies vegetais e animais formando um verdadeiro santuário ecológico, onde se destaca a cata do caranguejo como uma atividade econômica e ambiental de grande importância para nosso estado. Professora