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O dia de finados para o 
Espírita 
Por: Christina Nunes 
A propósito do dia de finados, é interessante 
discorrer sobre questionamentos com os quais de 
vez em quando somos colhidos por parte de 
conhecidos, curiosos ou interessados em se iniciar 
nos assuntos relativos à espiritualidade. 
De vez em quando alguém pergunta "por que o 
espírita não vai ao cemitério" (no dia de finados, 
mais especificamente). Cabe aqui, portanto, um 
esclarecimento útil. 
Primeiro: nenhum espírita, em virtude de ideologia 
religiosa, ou limitação de qualquer tipo imposta
pela doutrina, "não pode" ir ao cemitério em 
qualquer época. Efetivamente conheço muitos, 
simpatizantes, ou espiritualistas convictos, que 
narram de suas visitas a túmulos de parentes ou 
conhecidos. 
Segundo: o que ocorre mais amiúde é que, em 
detendo o espírita a tranqüila convicção de que 
seu ente querido não mais se demora por estas 
bandas, tendo demandado estâncias outras, mais 
ricas, de vida, guarda a consciência clara de que 
tudo o que ficou na sepultura foi a "roupagem 
gasta", e não mais, portanto, a pessoa com quem 
compartilhou experiências e afeto. 
Terceiro: isto não implica em que o espírita sincero 
condene ou critique o posicionamento dos demais 
semelhantes que, de todo o coração, prestam com 
sinceridade as suas homenagens aos seus 
afeiçoados que se anteciparam na viagem deste 
para o outro lado da vida. Aliás, reza no próprio 
conhecimento da doutrina que muitos 
desencarnados visitam, efetivamente, os 
cemitérios por ocasião da data, em consideração 
às demonstração de amor com que ali são 
distinguidos. E muitos outros ainda, afeitos aos 
costumes dentro dos quais desenvolveram suas 
experiências na matéria, conferem ainda subida 
importância a este gesto, ressentindo-se, de fato, 
daqueles que não o prestem nas datas de molde a 
serem lembrados. 
Vistas estas considerações, é sensata a conclusão 
de que jamais cabe padrão algum de conduta no 
que toca ao sagrado universo íntimo humano. 
Cada agrupamento familiar terreno é único e 
peculiar, e ninguém melhor do que os seus 
componentes para estarem inteirados do que
atinge ou não atinge mais de perto a cada um; o 
que convém ou o que não convém em matéria de 
sentimento e dedicação, cujos estágios e 
características se multiplicam ao infinito 
correspondente do número de habitantes do vasto 
universo humano. 
Efetivamente, somos do lado de "lá" o que fomos 
aqui. É dever comezinho não só do espírita, quanto 
de qualquer pessoa que se diga civilizada, 
respeitar a diversidade dos caminhos escolhidos 
que, destarte, haverão de conduzir a cada ser, no 
tempo certo, ao mesmo ponto de encontro comum 
na intimidade das luzes divinas. Questão de 
temperamento, de agrupamento humano, de fé e 
de hábitos, o ir ou não ir ao cemitério, de vez que 
é na sinceridade do gesto, e não no gesto em si, 
que se vislumbra a verdadeira homenagem aos 
desencarnados, de forma que, amor pelos 
mesmos, podemos dirigir-lhes tanto do recesso 
abençoado do nosso recanto de meditação no lar, 
quanto do ambiente de qualquer templo religioso, 
ou ainda diariamente, no movimento tumultuado 
das ruas, ou também no cemitério, a qualquer dia 
do ano. 
De forma que aqueles que partiram nos amando de 
todo o coração haverão de valorizar e entender a 
nossa melhor intenção ao seu respeito, seja de 
onde for que se irradie, colhendo-os de pronto, 
pela linguagem instantânea do coração e do 
pensamento. Os que foram afeitos aos hábitos 
costumeiros do dia de finados, na medida de suas 
possibilidades espirituais após a transição lá 
estarão, junto à sepultura física, colhendo com 
sincera afeição os votos de paz e as preces que 
lhes estejam sendo dirigidas. Os provenientes dos 
lares espiritualistas na Terra receberão as mesmas 
demonstrações de amor a qualquer tempo, em
qualquer data que faça emergir naqueles que 
ficaram para trás no aprendizado físico as gratas 
lembranças com que são evocados. 
O importante é que espíritas e não espíritas têm 
em comum, em relação aos seus amados que já se 
foram, à qualquer época, a linguagem 
inconfundível do amor entre as almas. 
Enxerguemos acima dos horizontes das limitações 
de visão humanas para alcançarmos com clareza a 
compreensão de que é assunto individual a forma 
como celebramos o nosso afeto para com os 
nossos entes queridos, e que o fator da 
sinceridade e da intenção é o que de fato conta, na 
hora da certeza de que nossas preces e votos de 
paz serão bem recebidos por aqueles que 
prosseguem nos amando de igual forma na 
continuidade pura e simples da vida, que a todos 
aguarda para além das portas da sepultura, sob as 
bênçãos de Jesus. 
Dia de Finados? 
Passos Lírio 
O Cristianismo é, por excelência, a Doutrina do Espírito,
fundada em fatos que demonstram, à evidência, a sua 
presença e atuação, em qualquer circunstância, sempre que 
necessário. 
Seus ensinamentos primam pela tese comprobatória da 
realidade da existência da alma e de sua faculdade de entrar 
em relação conosco, em estado de vigília ou durante o sono, 
como que a mostrar-nos à saciedade que há entre os dois 
planos, material e espiritual, corpóreo e incorpóreo, estreito 
entrosamento. 
Maria de Nazaré recebe a visita do Anjo Gabriel, que lhe 
anuncia a maternidade de agraciada do Senhor. 
José, em se propondo deixar a esposa secretamente, é 
avisado em sonho de que não faça tal, porque o que nela fora 
gerado era do Espírito Santo. 
Isabel, visitada pela gestante eleita, recebe o impacto de 
poderoso influxo magnético, que faz que a criança - ela 
também estava para ser mãe -, lhe estremeça no ventre. 
Os magos visualizam no Oriente uma estrela que os guia 
em dois estafantes anos de viagem e os conduz, não à gruta, 
mas à casa onde se achavam José e Maria e, de regresso, 
são “por divina advertência prevenidos em sonho para não 
voltarem à presença de Herodes”. 
Em sonho ainda, “eis que aparece um anjo do Senhor a 
José”, induzindo-o à fuga para o Egito a fim de salvar o 
menino da sanha sanguinária de Herodes, ordenando-lhe que 
retornasse à “terra de Israel” e aconselhando-o a que se 
retirasse “para as regiões da Galilé ia”. 
Uma entidade angelical, na calada da noite, aparece aos 
pastores dando-lhes a boa nova do Nascimento do Salvador. 
“Movido pelo Espírito”, Simeão foi ao templo, onde tomou 
nos braços o Filho de Deus, bendizendo ao Pai pela bênção de 
tê-Lo visto antes de partir e profetizando acerca do Seu 
messianato. 
Ana, a profetisa, mediunizada, “chegando naquela hora, 
dava graças a Deus, e falava a respeito do menino a todos os 
que esperavam a redenção de Jerusalém”. 
Antes do Nascimento de Jesus, houve o de João,
caracterizado também por manifestações espirituais 
ostensivas. 
Quando Zacharias oficiava no templo, “na ordem do seu 
turno”, surge-lhe um Emissário Celestial que lhe prediz o 
nascimento do Precursor. 
No Jordão, ao se processar o batismo de Jesus, uma voz 
reboa pelo ar, dizendo: - “Este é o meu filho amado, em quem 
me comprazo. 
Este mesmo fenômeno de pneumatofonia repete-se quando 
da transfiguração do Mestre no Monte Tabor, presentes os 
Espíritos de Moisés e Elias, profetas da antiga dispensação. 
Ressuscita, o Messias, a filha de Jairo, o filho da viúva de 
Naim e o irmão de Marta e Maria. 
Na parábola do rico e Lázaro, infunde-nos Ele a convicção 
na realidade da comunicação dos Espíritos com os homens, 
fazendo que Abraão ponderasse ao rico, que queria falar a 
cinco irmãos seus, ser inútil aparecer-lhes porque eles não lhe 
dariam crédito e não porque fosse impossível fazer-se-lhes 
visível para adverti-los. 
Liberta endemoninhados, cujos Espíritos impuros e 
obsessores confessavam conhecê-Lo e reconhecer-Lhe a 
autoridade de Filho do Altíssimo. 
- “Porque buscais entre os e mortos ao que vive?” Foi a 
pergunta que “dois varões com vestes resplandecentes” 
fizeram às mulheres que levavam aromas e bálsamos para 
depositar no túmulo de Jesus, cuja pedra encontraram 
removida, sem o corpo no seu interior. 
- “O Senhor ressuscitou e já apareceu a Simão!” Assim se 
expressavam os dois discípulos que, a caminho de Emaús, 
tiveram a companhia do Mestre, com quem confabularam 
durante toda a viagem e a quem pediram, ao término da 
jornada: - “Fica conosco, porque é tarde e o dia já declina.” 
“E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para 
Jerusalém onde acharam reunidos os onze e outros com eles. 
Então os dois contaram o que lhes acontecera no caminho, e 
como fora por eles reconhecido no partir do pão.” 
“O Espiritismo, que se funda estruturalmente no 
Cristianismo, cuja pureza primitiva restaura em toda a
plenitude, desfralda também a bandeira da imortalidade da 
alma, da eternidade do ser no Infinito do Tempo e do Espaço”. 
- “Paz seja convosco.” -“Porque estais perturbados? E por 
que sobem dúvidas aos vossos corações?” Foram palavras de 
Jesus, na Sua primeira aparição aos Discípulos, no Cenáculo 
de Jerusalém. 
- “Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não 
viram, e creram.” Outras palavras de Jesus, em Sua segunda 
aparição aos Discípulos, dirigidas especialmente a Tomé, que, 
por não estar presente na primeira, não dera crédito à versão 
divulgada pelos seus companheiros, de que o Senhor lhes 
aparecera. 
“Depois disto, tornou Jesus a manifestar-se aos Discípulos 
junto do mar de Tiberíades”, onde se desenrolam 
acontecimentos de assinalada importância que culminam com 
o famoso diálogo entre Ele e Simão Pedro, o Pescador de 
Calarnaum. 
Finalmente, apareceu o Nazareno, no monte, aos 
quinhentos da Galiléia, a quem endereça, pela última vez, a 
Sua Palavra de Vida Eterna, após o que ocorre a Ascensão 
definitiva. 
Isto sem falar de aparições, no cenário de Jerusalém, a 
Maria Madalena; a Maria de Nazaré, em Éfeso, na casa de João 
Evangelista; a Pedro, por algumas vezes; a Saulo de Tarso, às 
portas de Damasco. 
Onde, em tudo isso, a idéia de morte? Antes não 
ressumbra, de todos esses sucessos, a noção de “vida 
abundante”, de pensamento e ação por parte daqueles que 
formam o mundo incorpóreo? 
O Espiritismo, que se funda estruturalmente no 
Cristianismo, cuja pureza primitiva restaura em toda a 
plenitude, desfralda também a bandeira da imortalidade da 
alma, da eternidade do ser no Infinito do Tempo e do Espaço. 
Não há mortos e vivos, nem do lado de lá, nem do lado de 
cá, embora possa haver, tanto num quanto noutro plano, 
mortos-vivos e vivos-mortos. Ninguém vai, ninguém fica, 
apenas alguns chegam e outros voltam, na longa caminhada 
de poder subir para saber descer, ajudando os outros a fim de 
ajudar-se a si próprio.
A mediunidade, disciplinada espiriticamente, nos 
descortinou novas dimensões de vida, revelando ao mundo a 
existência de outros mundos e à Humanidade a presença de 
outras Humanidades disseminadas no turbilhão de astros que 
gravitam nos arcanos do Universo. 
2 de Novembro... Como os demais, dia de todos nós, 
encarnados e desencarnados, que buscamos na Terra ou na 
Erraticidade os valores do Espírito, a gloriosa realização de 
nós mesmos em Deus, libertos e purificados por todo o 
sempre, para empunhamos na destra a palma da vitória e 
cingirmos à frente a coroa de louros de almas redimidas e 
ressurrectas, integradas nas sublimes claridades dos cimos. 
Fonte: Reformador nº1976 – Novembro/1993 
Responsável pela transcrição: Wadi Ibrahim 
Dia de Finados 
Azamor Cirne 
“A Morte é o veíc ulo c ondutor enc arregado de transferir a mec ânic a da vida de 
um apara 
outra vibraç ão”. - Joanna de Ângelis 
Dizer que a existência dos Espíritos foi invenção de Allan Kardec, 
não passe de uma inverdade formulada, a priori, sem conhecimento 
de causa. Ora, não se inventa o que está na Natureza. 
Newton não inventou a Lei da Gravitação. Esta lei já existia, 
antes dele. Pasteur não inventou as bactérias; elas já 
existiam. Estes cientistas, apenas, as descobriram. São muitos 
os exemplos. 
Allan Kardec nada julgou, a priori. As experimentações positivas, 
por ele realizadas, vieram revelar os fatos e confirmar, a posteriori, 
as teorias. Foram os próprios Espíritos que se revelaram, como sendo 
as almas dos mortos. 
Ao Espiritismo, isto sim, coube a honra de ter sido o primeiro a se 
interessar, de maneira séria, e observar, cientificamente, a origem, a 
natureza e o destino dos Espíritos, depois da morte do corpo físico, 
além de comprovar as comunicações que podem estabelecer com os 
encarnados. 
Aliás, entre os fundamentos dessa Doutrina, quatro estão na base 
de todas as religiões: Deus, alma, imortalidade e vida futura.
“A idéia vaga da vida futura acrescenta a revelação da existência 
do mundo invisível que nos rodeia e povoa o espaço, e, com isso, 
precisa a crença, dá-lhe um corpo, uma consistência, uma realidade à 
idéia”- afirma o Codificador. 
Após o fenômeno da morte a alma (Espírito) desprende-se do 
corpo, com o rompimento do laço sutil que a prendia: o cordão 
fluídico. No mundo dos Espíritos - que é o mundo normal, primitivo, 
eterno, preexistente, e sobrevivente - o Espírito, ligado ao corpo 
espiritual (perispírito) passa por um estado de perturbação, com 
quem acorda de um sonho, em um outro lugar. Sua mente, já 
desligada do cérebro, portanto, traz-lhe à consciência os registros 
(lembranças) dessa última existência e de outras. 
Como a Doutrina refuta a hipótese de céu e inferno, inclusive, por 
questão de lógica, o desencarnado não vai desfrutar dos gozos 
eternos e nem estará, irremediavelmente, condenado ao suplício 
interminável. Aqueles que estiverem condicionados aos interesses 
mundanos, materiais, que os prendiam, quando na Terra, continuam 
a eles atraídos, na ilusão de, ainda, controlá-los; perturbados e 
perturbando a quem eles se acercam. Assim, permanecem, até que 
encontrem o esclarecimento fraterno, em nome do Amor. 
O Dia de Finados, em si, não representa nada de especial, para 
quem, daqui, já partiu. Nessa data, como em qualquer outra, eles são 
mais tocados pela lembrança que deles se tenha. Os espíritas não 
acendem velas para os mortos e sabem que o cemitério não é o lugar 
dos Espíritos, a não ser que os evoquem, prática que, em princípio, 
foge à sua orientação doutrinária. 
Todavia, a Doutrina nos ensina a respeitar a crença e os 
sentimentos alheios, como gostaríamos que respeitassem os nossos, 
pois “coração dos outros é terra aonde ninguém anda”. 
Na questão nº 212 de “O Livros dos Espíritos”, encontramos o 
“porquê” que complementa o nosso parágrafo anterior: “Aquele que 
visita um túmulo, apenas manifesta, por essa forma, que pensa no 
Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um ato 
íntimo. Já dissemos que a prece é que santifica o ato de 
rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o 
coração”. 
Na de nº 934, Kardec indaga dos Mentores da Codificação a 
respeito da perda de entes queridos, recebendo, como resposta, o 
imenso bem da esperança e do consolo de que a vida continua: “Essa 
causa de dor atinge, assim, o rico, como o pobre; representa uma 
prova ou expiação e lei para todos. Tendes, porém, uma consolação,
em poderdes comunicar-vos com os vossos amigos, pelos meios que 
vos estão ao alcance, enquanto não dispondes de outros mais diretos 
e mais acessíveis aos vossos sentidos”. 
O próprio Jesus, o Mestre, por excelência, deu-nos o maior 
exemplo de que a vida continua após a morte, aparecendo, como a 
outras pessoas, em lugares diferentes. 
“A vida não termina, onde a morte aparec e. Não transformes saudades, em fel, 
nos que 
se foram (...)” Emmanuel / Chico Xavier, Uberaba-MG, 11.10.78. 
Tribuna Espírita - Setembro/Outubro de 2000 
PARENTES MORTOS 
Emmanuel 
Não olvides que além da morte continua vivendo e lutando o 
espírito amado que partiu... 
Tuas lágrimas são gotas de fel em sua taça de esperança. 
Tuas aflições são espinhos a se lhe implantarem no coração. 
* 
Tua mágoa destrutiva é como neve de angústia a congelar-lhe 
os sonhos. 
Tua tristeza é sombra a escurecer-lhe a nova senda. 
* 
Por mais que a separação te lacere a alma sensível , levanta-te 
e segue para a frente, honrando-lhe a confiança com a fiel execução 
das tarefas que o mundo te reservou. 
* 
Não vale a deserção do sofrimento, porque a fuga é sempre a 
dilatação do labirinto que nos arroja à invigilancia, compelindo-nos a 
despender longo tempo na recuperação do rumo certo. 
* 
Recorda que a lei de renovação atinge a todos e auxilia quem 
te antecedeu na grande viagem com o valor de tua renuncia e com a 
fortaleza de tua fé, sem esmorecer no trabalho – nosso invariável 
caminho para o triunfo. 
* 
Converte a dor em lição e a saudade em consolo porque, de 
outros domínios vibratórios, as afeições inesquecíveis te 
acompanham os passos, regozijando-se com as outras tuas vitórias 
solitárias, portas adentro de teu mundo interior. 
* 
Todas as provas objetivam o aperfeiçoamento do aprendize,
por enquanto, não passamos de meros aprendizes na Terra, 
amealhando o conhecimento e a virtude, em gradativa e laboriosa 
ascensão para a Vida Eterna. 
Deus, a Suprema Sabedoria e a Suprema Bondade, não criaria 
a inteligência e o amor, a beleza e a vida, para arremessá-la às 
trevas. 
* 
Repara em torno dos teus próprios passos. A cada noite no 
mundo, segue-se o esplendor do alvorecer. 
O inverno áspero é sucedido pela primavera estuante de 
renascimento e floração. 
* 
A lagarta, que hoje se arrasta no solo, amanhã librará em 
pleno espaço com asas multicores de borboleta. 
Nada perece. 
Tudo se transforma na direção do Infinito Bem. 
* 
Compreendendo, desta forma, a Verdade, entesourando-lhe as 
bênçãos, aprendamos a encontrar na morte o grande portal da vida e 
estaremos incorporando, em nosso próprio espírito, a luz 
inextinguível da Gloriosa Imortalidade 
Chico Xavier - Livro- Paz e Libertação. 
DANÇANDO COM A SAUDADE 
Amílcar Del Chiaro Filho 
Foi no dia de finados. Seguimos a nossa opção de décadas e não 
fomos ao cemitério que abrigou e abriga ainda os restos mortais de 
pessoas tão queridas para mim. Fiz as minhas preces, logo pela 
manhã, envolvendo todos aqueles que passaram pela minha vida, 
deixando marcas profundas, iluminadas pela amizade e pelo amor. 
À tarde, estava escrevendo textos para a Rádio Boa Nova e 
resolvi ouvir música enquanto trabalhava. Era uma seleção de boleros 
que amávamos muito, eu e ela, minha companheira que desencarnou 
há um ano, deixando uma intensa saudade. 
Parei de digitar e fechei os olhos. Imaginei-me dançando com ela 
nas nuvens, entre flocos brancos de algodão, Vi-a jovem e feliz. 
Eu a conduzia na contradança por um salão infinito, um vestido 
branco, com 
ligeiros tons rosa, amplamente rodado, envolvia seu corpo delicado. 
Com uma das mãos ela segurava a minha mão e uma das pontas do 
vestido, com a outra envolvia-me num carinhoso abraço. Eu sentia-me 
jovem e saudável, vestindo um terno azul marinho. 
Dançávamos enlevados, na marcação romântica do bolero, dois 
pra lá, dois pra cá, como fizéramos muitas vezes na Terra. Tinha
tanta coisa a perguntar, mas não ousava falar com medo que tudo 
aquilo se desvanecesse, como o cessar de um encantamento. Afastei-me 
um passo e olhei sua perna que fora doente, reverberando luz. 
Comecei a perceber que havia outras pessoas queridas presentes, 
mas postavam-se distantes, como a dizer que aquele era o nosso 
momento. 
Quanto tempo rodopiamos pelo salão sem sentir e sem ver 
nossos 
pés, ou a orquestra, não sei. Mas senti que o meu tempo se escoava, 
e pensei 
em 
escrever sobre esse encontro, mas tive receio. Olhei para ela, e 
recebi um ligeiro sinal afirmativo da sua cabeça. Porque era o 
momento de dizer, com o apóstolo Paulo: O último inimigo a ser 
vencido é a morte. 
A música foi cessando. Seu corpo desvaneceu em meus braços. 
Meus olhos ficaram marejados de lágrimas, e a saudade pungente foi 
balsamizada 
por aqueles instantes encantadores. 
Obrigado, meu Deus. Sinto-me mais fortalecido e sei, com 
certeza, que ela me espera em algum lugar do infinito. 
SOBRE FINADOS 
Chico Xavier 
“Em uma de nossas reuniões públicas foi ventilada a questão de 
nossas homenagens aos irmãos desencarnados. Como se sentem eles 
com as nossas comemorações e lembranças? 
Em torno dessa pergunta foram entretecidos comentários 
numerosos. E quando no início de nossas tarefas O Livro dos Espíritos 
nos deu para estudo a questão n.º353, que se vincula ao assunto, as 
explanações dos companheiros presentes foram as mais diversas. 
No término da reunião o nosso caro Emmanuel escreveu a 
página que lhe envio. É uma prece que nos sensibilizou e nos fez 
recordar a todos o Dia de Finados.” 
NOTA – O problema das comemorações do Dia de Finados, bem 
como dos funerais e de homenagens prestadas aos mortos, mereceu 
um tópico especial do capítulo VI de O Livro dos Espíritos. A posição 
doutrinária, ao contrário do que geralmente se pensa, é favorável a 
essas homenagens, desde que sinceras e não apenas convencionais. 
Os Espíritos, respondendo a perguntas de Kardec a respeito, 
mostraram que os laços de amor existentes entre os que partiram e
os que ficaram na Terra justificam esses atos. E declararam que no 
Dia de Finados os cemitérios ficam repletos de Espíritos que se 
alegram com a lembrança dos parentes e amigos. 
ORAÇÃO PELOS QUASE MORTOS 
Emmanuel 
Senhor Jesus!... 
Enquanto os irmãos da Terra procuram a nós outros - os 
companheiros desencarnados - nas fronteiras de cinza, rogando-te 
amparo em nosso favor, também nós, de coração reconhecido, 
suplicamos-te apoio em auxílio de todos eles, principalmente 
considerando aqueles que correm o risco de se marginalizarem nas 
trevas!... Pelos que perderam a fé, recusando o sentido real da vida, 
e jazem quase mortos de desespero; pelos que desertaram das 
responsabilidades próprias, anestesiando transitoriamente o próprio 
raciocínio, e surgem quase mortos de inanição espiritual; pelos que 
se entregaram à ambição desmesurada a se rodearem sem qualquer 
proveito dos recursos da Terra, e repontam do cotidiano quase 
mortos de penúria da alma; pelos que se hipertrofiaram na 
supercultura da inteligência, gelando o coração para o serviço da 
solidariedade, e aparecem quase mortos ao frio da indiferença; pelos 
que acreditaram na força ilusória da violência, atirando-se ao fogo da 
revolta, e se destacam quase mortos de angústia vazia; pelos que se 
perturbaram por ausência de esperança, confiando-se ao 
desequilíbrio, e se revelam quase mortos de aflição inútil; pelos que 
abraçaram o desânimo por norma de ação, parando de trabalhar, e 
repousam quase mortos de inércia; e pelos que se feriram ferindo aos 
outros, encarcerando-se nas cadeias da culpa, e estão quase mortos 
de arrependimento tardio!... 
*** 
Senhor!... 
Para todos os nossos irmãos que atravessam a experiência 
humana quase mortos de sofrimentos e agravos, complicações e 
problemas criados por eles mesmos, nós te rogamos auxílio e 
bênção!... 
Ajuda-os a se libertarem do visco de sombra em que se 
enredaram e traze-os de novo à luz da verdade e do amor, para que 
a luz do amor e da verdade lhes revitalize a existência a fim de que 
possam encontrar a felicidade real contigo, agora e para sempre. 
O CREDIÁRIO DA MORTE 
Irmão Saulo 
A morte só existe para os que querem morrer. A necrofilia ou o
amor da morte – no sentido negativo da palavra – é uma doença 
mental e psíquica, uma tendência mórbida de certos temperamentos, 
hoje bem definida em Psicologia. Não se trata da aberração sexual a 
que se aplicava a palavra tempos atrás, mas daquela “aberração da 
inteligência”, a que se referia Kardec, que leva o indivíduo a negar a 
sua própria capacidade de viver e de sentir a vida. 
Todo aquele que gosta de destruir e se destrói a si mesmo, 
aniquila as suas próprias forças vitais e mata as esperanças de vida 
que os outros acalentam e defendem, é necrófilo. Sabemos que a 
morte não existe, porque nada se acaba, tudo se transforma. O 
aniquilamento total do ser pelo simples fenômeno da morte – um 
fenômeno biológico de mutação – não pode mais ser admitido por 
uma pessoa ilustrada, pois o avanço atual do conhecimento positivo 
superou de muito as ilusões negativas do materialismo. 
Apesar dessa inegável realidade nova os necrófilos se apegam à 
idéia da morte como aniquilamento total do ser. E por isso se 
desesperam, entregando-se à própria destruição, apressando a 
própria morte “no visco de sombra em que se enredaram”, segundo a 
expressão de Emmanuel. E entregando-se ao ceticismo 
autodestruidor compram a morte por antecipação, no crediário “do 
desespero e das aflições inúteis”. São esses os “quase mortos” pelos 
quais os “mortos”, no Dia de Finados, oram do lado de lá da vi la 
A oração de Emmanuel pelos “quase mortos” não é uma peça 
de efeito religioso ou literário. É um sinal dos tempos, revelando-nos 
que, do outro lado da vida, aqueles que em nossa ignorância 
chamamos de mortos velam pelos “quase mortos” da Terra e pedem 
a Deus por eles. O verdadeiro morto não é o que deixou o seu corpo 
no túmulo, mas o que se serve do corpo para viver na Terra como um 
morto ambulante. Que essa oração nos lembre, neste Finados, as 
palavras de Isaías: “Os teus mortos viverão!”. 
Do livro “Na Era do Espírito”. Psic ografia de Franc isc o C. Xavier e Herc ulano 
Pires. Espíritos Diversos 
CONVERSA NO CAMPO SANTO 
Maria Dolores 
Sim, alma irmã, 
Teremos sempre um Dia de Finados, 
Dia de sonhos mortos, 
Supostamente mortos, porque todos eles 
Ressurgem renovados, 
No clima de outros portos, 
Onde a vida, 
Revelada em beleza indefinida,
É perene manhã. 
Agradeço-te as preces, 
Recamadas de flores, 
E as doces vibrações nas quais me aqueces 
Com pensamentos reconfortadores. 
Olha, porém, comigo, alma querida e boa, 
Este campo de mármores lavrados, 
Quantas vezes mais belas 
Que a mais formosa porcelana!... 
Aqui, em miniaturas de castelos, 
Gemem segredos de ternura humana... 
Ali, os rendilhados 
Criam lauréis no brilho das legendas; 
Além, anjos parados de mãos postas, 
Em lacrimosas oferendas, 
Mostram cruzes depostas, 
Vinculadas ao chão... 
Ainda, além, primores de escultura, 
Em lápides custosas, 
São tesouros de amor e desventura, 
Orvalhados de pranto e de aflição!... 
Na triste majestade que se estampa, 
Por traço de amargura, campa em campa, 
Não vemos luxo e sim o sofrimento 
De quem ficou a sós, 
De coração entregue ao desalento... 
Entretanto, alma boa, 
Este reino de pedras lapidadas, 
Quais lâminas de dor, 
Quer largar-se da morte, 
A fim de partilhar 
A construção de um mundo superior... 
Estas altas riquezas esquecidas 
Ficariam mais nobres 
Se pudessem levar sustentação 
Às áreas de outras vidas, 
As vidas que se vão apagando, ao relento, 
Ante a febre, ante a noite e as injúrias do vento, 
A sonharem amparo, teto e pão, 
Livro, afeto, agasalho, 
Proteção e trabalho, 
Paz e renovação... 
Nesses doces assuntos, 
Oremos todos juntos... 
E peçamos a Deus 
Para que os mortos redivivos 
Possam solicitar aos seus entres amados 
A desejada alteração. 
A fim de que o lugar dos supostos finados 
Não precise brilhar entre fortunas mortas,
Pois, todos nós, na vida, em sentido profundo, 
Queremos mais conforto e alegria no mundo!... 
Para que nos lembremos uns dos outros, 
Bastam as nossas dores como são, 
Uma pequena cruz, um nome e a relva verde e mansa, 
Que nos falem de paz e de esperança 
Na saudade sem fim do coração. 
FINADOS E REENCARNADOS 
Cornélio Pires 
Caro Armando, recebi 
Os bilhetes e os recados; 
Você deseja notícias 
De alguns dos nossos finados. 
Entendo. Finados hoje 
Para nós, é a comitiva 
Dos irmãos fora da Terra, 
Gente morta sendo viva. 
Não posso dar muitas notas 
De sentido mais profundo, 
Falarei de alguns amigos 
Já reencarnados no mundo. 
As vezes, nos cemitérios, 
A gente chora na campa 
De amados que já voltaram 
Para a Terra, em nova estampa. 
Você recorda Nhô Zeca 
Que liquidou João Matula? 
João voltou à casa dele, 
É o netinho que ele adula. 
Por causa de Frederico, 
Suicidou-se o Tonho Prata, 
Tonho, porém, renasceu... 
É o bisneto que o maltrata. 
Outro suicídio, o de Délio 
Que morreu por Lia Benta... 
Délio tomou novo berço, 
É o filho que ela amamenta. 
Por ambição, Carlomanho
Arrasou com Dona Luna; 
Ela nasceu neta dele, 
A fim de herdar-lhe a fortuna. 
Tino e Rita promoveram 
A morte de Adão Ramalho; 
Adão renasceu com eles, 
Trazendo imenso trabalho. 
Nhô Téo acabou com Joana 
Ao não querê-la por nora, 
Mas Joana já reencarnou... 
É anetinha que ele adora. 
Morreram dois inimigos: 
Tião e Juca da Barra... 
Agora nasceram Gêmeos, 
Vieram irmãos na marra. 
Desencarnado, Nhô Gino 
Que falava mal de tudo, 
Pediu corrigenda a Deus, 
Em seguida, nasceu mudo. 
Nosso assunto é isto aí... 
Recordação de finados 
É a vida em torno da vida 
Que se expressa por dois lados. 
Enquanto estamos na Terra, 
Para dizer o que posso, 
Muita vez, a gente reza 
Em campo que já foi nosso. 
Livro "Baú de Casos" - Psicografia de Francisco Cândido Xavier - Espírito Cornélio Pires 
Francisco Cândido Xavier. Da obra: Dádivas de Amor. Ditado pelo Espírito Maria Dolores 
Digitado por: Lúcia Aydir 
NO DIA DE FINADOS 
INÊS SABINO Pinho Maia * 
1. Agradeço, meu filho, a glória que me deste, 
O mármore custoso, o imponente jazigo,
A legenda piedosa, as flores que bendigo, 
A oração da saudade, a sombra do cipreste... 
Mas afasta de nós a pompa que me veste! 
6. Este luxo no chão é miséria comigo... 
Quero apenas o amor por sacrossanto abrigo, 
Dá-me teu coração por tesouro celeste. 
Não me busques, em vão, na gelidez das 
lousas! 
Transfunde-me a lembrança em pão que 
reconforte 
A quem viva de fel na aflição que te espia... 
Procura-me na dor do caminho em que pousas 
E esparze em tudo o bem, porque a bênção da 
morte, 
14. Que me acordou na luz, há-de acordar-me um 
dia... 
______ 
(*) Poetisa, jornalista e romancista. Domingos Carvalho da Silva, em sua 
obra Vozes Fem. da Poesia Brás., pág. 22, considerou-a merecedora de figurar 
num seleto grupo de poetisas da fase pós-romântica e parnasiana. Iniciou a sua 
educação literária na Inglaterra. Regressando ao Brasil ainda bem jovem, pouco 
depois dava a público as suas primeiras poesias e traduzia, para o português, 
contos, novelas e pequenos romances ingleses e franceses. Foi uma das escritoras 
que no Nordeste , em fins do século XIX, lutou pela participação da mulher nas 
lides literárias, contra um meio adverso nesse sentido. No prefácio à sua obra 
Impressões, Inês Sabino Pinho Maia fez esta judiciosa observaç ão: “Retirem-se do 
manto estrelado da poesia os salpicos do ideal, que um livro de versos não passará 
de um compêndio enjoativo das verdades amargas que nos rodeiam acremente por 
todas a parte”. O Jornal do Commércio, do Rio, em seu úmero de 14 de 
setembro de 1911, destacou-lhe a “grande nobreza de sentimento”, o “espírito 
c aridoso e esmoler” e a real educ aç ão”. (Bahia (**), 31 de dezembro de 1853 – Rio 
de Janeiro, GB, 13 de setembro de 1911). 
BIBLIOGRAFIA; Ave Libertas, poemeto; Rosas Pálidas, versos (1ª série): 
Impressões, versos (2ª série); Contos e Lapidações; etc. 
____ 
(**) Affonso Costa em “Poetas de outro Sexo”, p. III, afirma ter ela nasc ido 
na Bahia e não em Pernambuco. 
____ 
1. Enumeração 
6. Antítese 
14. Poliptoto: “Que me ac ordou..., há de acordar-te...” 
Livro: “Antologia dos Imortais” - Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo 
Vieira
DIANTE DA ATUALIDADE 
Francisco Cândido Xavier 
As presentes ocorrências do mundo nos levaram, antes da reunião, a longas 
conversações sobre os problemas da preservação do homem, no tocante à paz. 
Lembrávamos as guerras do passado e os conflitos da nossa época, imaginando como 
deve ser o nosso comportamento diante das grandes lutas da atualidade. 
Como agir contra a insegurança? De que modo assegurar a tranquilidade e os 
valores da existência? Com semelhantes perguntas em nossa mente fomos aos estudos 
programados. O Livro dos Espíritos nos ofereceu a questão 738 a exame. E vários 
comentaristas se expressaram sobre o tema. 
Ao final das atividades o nosso caro Emmanuel escreveu a página que lhe envio 
em nome dos companheiros e em meu próprio nome, rogando a. sua cooperação para 
que seja lançada com os seus comentários em nossas publicações conjuntas. 
NOTA – A questão 738, acima referida, trata do problema da guerra, dos flagelos destruidores e 
da situação do homem diante desses Acontecimentos. Os espíritos lembram a natureza espiritual do 
homem, que é imortal, e por isso mesmo não é afetada por essas destruições materiais. 
ABRIGO 
Emmanuel 
Nas grandes calamidades que irrompem na Terra, cada criatura pode construir o 
seu próprio refúgio. 
Comumente no mundo interpretamos por abrigo a fatia de espaço fechado que 
destinamos aos serviços de proteção e segurança. 
Entretanto, embora respeitemos os redutos a que se acolhem as multidões nas 
horas de crise, buscando a preservação própria, consideramos que ainda mesmo 
segregada em forte redoma, do ponto de vista material, a pessoa humana não está livre 
da trombose ou da parada cardíaca, do colapso nervoso ou da tensão emocional. Isso 
nos induz a reconhecer que em qualquer situação difícil, muito acima dos lugares de 
privilégio, precisamos de apoio íntimo que nos faculte serenidade e discernimento. Uma 
fortaleza na qual possamos colaborar dignamente na supressão do tumulto por fora, 
conservando a paz por dentro. 
Não obteremos isso, porém, fugindo da realidade, mas enfrentando-a através da 
ação construtiva, de modo a descortinar-lhe todas as lições e aproveitá-las. 
Nunca disporemos de asilo seguro, escondendo-nos em praias desertas, bojos 
metálicos, covas de pedra ou furnas da natureza. 
O abrigo real de cada um está no íntimo de si mesmo. 
A certeza de que não nos achamos sós nos campos do Universo, a confiança na 
sobrevivência do espírito além da morte, a fé na sabedoria da vida, a aceitação do dever 
de praticar o bem e a dedicação à ordem são materiais dos mais importantes com que se 
constrói a cidadela da consciência tranqüila. 
À frente de semelhante verdade, não temas a ventania das paixões 
desencadeadas, quando as tempestades da renovação agitam a Terra.
Conserva a calma e confia no Poder Maior que te insuflou a força da vida. 
Calma, no entanto, não significa inércia. Define i estado íntimo de quem se prepara, a 
fim de fazer o melhor, sejam quais forem as circunstâncias. 
Ora trabalhando e espera construindo. 
E, convençamo-nos todos, em todas as eventualidades, de que o abrigo 
invulnerável está sempre em nós mesmos, quando aceitamos a responsabilidade de 
viver com base na justiça e na misericórdia de Deus. 
OS RESTOS MORTAIS 
Irmão Saulo 
Há muitas expressões impróprias na linguagem humana. Quando falamos dos 
finados, daqueles que morreram, damos à morte um sentido absoluto que ela jamais 
possui. O que se finda com a morte não é o ser humano, mas apenas uma existência do 
ser imortal, numa breve passagem pelo plano físico. Mas a intuição da eternidade da 
vida gerou também algumas expressões acertadas. Ao falar de restos mortais, 
colocamos o problema da morte em seus devidos termos. Restos, nada mais do que 
restos de um processo biológico pelo qual o ser humano real se liberta do seu envoltório 
animal. 
Que segurança queremos ter no frágil escafandro do corpo? Que abrigo nos pode 
dar a garantia de preservação diante do perigo? Em que espécie de refúgio poderemos 
escapar da morte? Não obstante, essa garantia que procuramos no Exterior está em nós 
mesmos, em nossa própria natureza de seres imortais. A vida aparente extingue-se com 
a morte, mas a vida real nunca se extingue. 
Geração e corrupção constituem os pólos da existência física. Aquém de um e 
além de outro, a verdadeira vida se mantém inalterável Trazemos essa verdade em nós 
como potência, mas precisamos transformá-la em ato na nossa consciência para 
podermos superar as ilusões do efêmero. Inútil querermos agarrar-nos a uma vida que se 
esvai a cada minuto que passa. E chamamos a isso atitude positiva, quando a 
positividade está precisa-mente no contrário, na certeza de que nada nos pode livrar da 
morte corporal. 
Mas temos urna tarefa a cumprir nesta breve existência. Temos de aprender a 
confiar no espírito. E para isso precisamos desenvolver as nossas faculdades espirituais. 
O egocentrismo exagera o instinto de conservação. Mas as guerras, os flagelos, os 
cataclismos esmagam o nosso egoísmo e nos obrigam a sair de nós mesmos e nos 
tornarmos capazes das virtudes heróicas que nos elevam acima de nós mesmos. Foi isso 
que o Cristo ensinou ao dizer que os que se apegam à vida perdê-la-ão, mas os que a 
perderem por amor à verdade a encontrarão. 
A morte não é o fim. Nunca seremos finados. A morte é apenas a passagem de 
uma condição perecível para a incondição da verdadeira vida. 
Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos. 
Psicografia de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.
REFORMADOR - NOVEMBRO 1993 
Editorial - O Dom da Vida 
Defendendo a vida - JUVANIR BORGES DE SOUZA 
Vida - Edmundo Xavier de Barros 
O Culto de Finados - Inaldo Lacerda Lima 
A síndrome de Carolina - Richard Simonetti 
Gostar do que se faz: Uma maneira de Prevenção - Jacob Melo 
Notícias do Mundo - Hernani T. Sant'Anna 
Dia de Finados? 
ALÉM DA MORTE 
Cumprida mais uma jornada na terra, seguem os espíritos para a 
pátria espiritual, conduzindo a bagagem dos feitos acumulados em suas 
existências físicas. 
Aportam no plano espiritual, nem anjos, nem demônios. 
São homens, almas em aprendizagem despojadas da carne. 
São os mesmos homens que eram antes da morte. 
A desencarnação não lhes modifica hábitos, nem costumes. 
Não lhes outorga títulos, nem conquistas. 
Não lhes retira méritos, nem realizações. 
Cada um se apresenta após a morte como sempre viveu. 
Não ocorre nenhum milagre de transformação para aqueles que 
atingem o grande porto. 
Raros são aqueles que despertam com a consciência livre, após a 
inevitável travessia. 
A grande maioria, vinculada de forma intensa às sensações da 
matéria, demora-se, infeliz, ignorando a nova realidade. 
Muitos agem como turistas confusos em visita à grande cidade, 
buscando incessantemente endereços que não conseguem localizar. 
Sentem a alma visitada por aflições e remorsos, receios e 
ansiedades. 
Se refletissem um pouco perceberiam que a vida prossegue sem 
grandes modificações.
Os escravos do prazer prosseguem inquietos. 
Os servos do ódio demoram-se em aflição. 
Os companheiros da ilusão permanecem enganados. 
Os aficionados da mentira dementam-se sob imagens 
desordenadas. 
Os amigos da ignorância continuam perturbados. 
Além disso, a maior parte dos seres não é capaz de perceber o 
apoio dispensado pelos espíritos superiores. 
Sim, porque mesmo os seres mais infelizes e voltados ao mal não 
são esquecidos ou abandonados pelo auxílio divino. 
Em toda parte e sem cessar, amigos espirituais amparam todos os 
seus irmãos, refletindo a paternal providência divina. 
Morrer, longe de ser o descansar nas mansões celestes ou o 
expurgar sem remissão nas zonas infelizes, é, pura e simplesmente, 
recomeçar a viver. 
A morte a todos aguarda. 
Preparar-se para tal acontecimento é tarefa inadiável. 
Apenas as almas esclarecidas e experimentadas na batalha 
redentora serão capazes de transpor a barreira do túmulo e caminhar em 
liberdade. 
A reencarnação é uma bendita oportunidade de evolução. 
A matéria em que nos encontramos imersos, por ora, é abençoado 
campo de luta e de aprimoramento pessoal. 
Cada dia de que dispomos na carne é nova chance de recomeço. 
Tal benefício deve ser aproveitado para aquisição dos verdadeiros 
valores que resistem à própria morte. 
Na contabilidade divina a soma de ações nobres anula a coletânea 
equivalente de atos indignos. 
Todo amor dedicado ao próximo, em serviço educativo à 
humanidade, é degrau de ascensão. 
*** 
Quando o véu da morte fechar os nossos olhos nesta existência,
continuaremos vivendo, em outro plano e em condições diversas. 
Estaremos, no entanto, imbuídos dos mesmos defeitos e das 
mesmas qualidades que nos movimentavam antes do transe da morte. 
A adaptação a essa nova realidade dependerá da forma como nos 
tivermos preparado para ela. 
Semeamos a partir de hoje a colheita de venturas, ou de desdita, do 
amanhã. 
Pense nisso. 
MORTOS AMADOS – Emmanuel 
Na Terra, quando perdemos a companhia de seres 
amados, ante a visitação da morte sentimo-nos como 
se nos arrancassem o coração para que se faça 
alvejado fora do peito. 
Ânsia de rever sorrisos que se extinguiram, fome de 
escutar palavras que emudeceram. 
E bastas vezes tudo o que nos resta no mundo íntimo 
é um veio de lágrimas estanques, sem recursos de 
evasão pelas fontes dos olhos. 
Compreendemos, sim, neste Outro Lado da Vida, o 
suplício dos que vagueiam entre as paredes do lar ou 
se imobilizam no espaço exíguo de um túmulo, 
indagando porquê... 
Se varas semelhantes sombras de saudade e distância, 
se o vazio te atormenta o espírito, asserena-te e ora, 
como saibas e como possas, desejando a paz e a 
segurança dos entes inesquecíveis que te 
antecederam na Vida Maior. 
Lembra a criatura querida que não mais te compartilha 
as experiências no Plano Físico, não por pessoa que
desapareceu para sempre e sim à feição de criatura 
invisível, mas não de todo ausente. 
Os que rumaram para outros caminhos, além das 
fronteiras que marcam a desencarnação, também 
lutam e amam, sofrem e se renovam. 
Enfeita-lhes a memória com as melhores lembranças 
que consigas enfileirar e busca tranqülizá-los com o 
apoio de tua conformidade e de teu amor. 
Se te deixas vencer pela angústia, ao recordar-lhes a 
imagem, sempre que se vejam em sintonia mental 
contigo, ei-los que suportam angústia maior, de vez 
que passam a carregar as próprias aflições 
sobretaxadas com as tuas. 
Compadece-te dos entes amados que te precederam 
na romagem da Grande Renovação. 
Chora, quando não possas evitar o pranto que se te 
derrama da alma; no entanto, converte quanto possível 
as próprias lágrimas em bênçãos de trabalho e preces 
de esperança, porquanto eles todos te ouvem o 
coração na Vida Superior, sequiosos de se reunirem 
contigo para o reencontro no trabalho do próprio 
aperfeiçoamento, à procura do amor sem adeus. 
Aos corações que 
ficaram...Scheilla 
Teu coração amoroso sofre com a partida do ser amado, que te antecedeu na 
grande viagem para o Além. 
Recordações te torturam; emoções dolorosas te abatem. 
Entretanto, raciocina um pouco. 
A morte física não separa os afetos, que seguem unidos além do tempo e do 
espaço. 
O ente querido, a quem aspiras reencontrar, segue o próprio caminho na 
espiritualidade, preparando o momento em que teus corações se tornarão a 
unir. 
Assim, reergue-te da dor e segue para frente.
Tua vontade de viver e servir se refletirá no mais além, preenchendo de ânimo 
e tranqüilidade o coração que partiu. 
Ora a Deus, rogando serenidade, a fim de que a dor de agora se converta em 
ensinamento importante, convidando-te à certeza na imortalidade espiritual. 
Do Plano Maior, o coração amado prosseguirá ligado a ti, construindo o próprio 
destino, sob o amparo de Deus. 
Scheilla / Clayton B. Levy - Novas mensagens 
O Culto a Finados 
O culto aos mortos, precisamente àqueles que se 
encontravam no purgatório, à espera do dia do 
julgamento final, foi estabelecido inicialmente por 
Odilon, Abade de Cluny, da Ordem dos Beneditinos, no 
final do século X e, em seguida decretado pela Igreja 
de Roma com o nome de Finados, a ser comemorado no 
dia 2 de novembro de cada ano, logo após o dia de 
Todos os Santos. 
É, portanto, um convencionalismo que, em princípio, 
não foi determinado que ocorresse nos cemitérios. Só 
com o tempo é que a prática adquiriu sofisticação e se 
fez acompanhar com velas e lágrimas, no local das 
catacumbas e dos mausoléus. Também não possui o 
culto dos mortos nenhum amparo escriturístico, 
embora ele se tenha verificado de maneiras 
diversificadas no seio de todos os povos das eras mais 
remotas. 
Um dos exemplos curiosos de manifestação do homem 
diante da morte é mencionado por Heródoto, o pai da 
História, conforme referência de Almerindo Martins de 
Castro, em REFORMADOR de novembro de 1950, no 
artigo intitulado "O Dois de Novembro". Informa 
Heródoto que na antiga Trácia o falecimento de um
ente querido era saudado jubilosamente, em face da 
significação da morte como uma libertação venturosa; 
enquanto isso, o nascimento de uma criança era 
recebido com lágrimas de tristeza, tendo em vista as 
possíveis provações a que deveria estar destinado o 
recém-nascido. 
O Espiritismo, que é o Consolador prometido por Jesus 
(Evangelho de João, Capítulos XIV, XV e XVI), não 
sugere o chamado culto a Finados, mas elucida que a 
morte não existe, porquanto o túmulo constitui apenas 
uma forma de dar-se sepultamento ao corpo de carne 
depois que o Espírito o abandona. 
Assim, verdadeiramente inspirado esteve o apóstolo 
Paulo quando, dirigindo-se aos companheiros de 
Corinto, esclarecia-lhes que o último inimigo a ser 
vencido seria a morte. Isto é, quando os homens 
estivessem em condição de compreender o verdadeiro 
sentido da vida, deixariam de ver na morte uma 
inimiga, uma vez que não existe morte. O que se 
habituou o homem a chamar morte nada mais é do que 
o afastamento do Espírito do corpo carnal. Temos a 
convicção de que virá o dia (e não está longe!) em que 
o dois de novembro será comemorado nos templos 
religiosos e com elucidações evangélicas. 
Pois a função dos cemitérios é muito mais digna e 
muito mais consentânea com sociedades mais 
esclarecidas e religiosamente bem formadas. Há duas 
razões para assim pensarmos. Em primeiro lugar, já o 
dissemos, não há morte, há vida. E esta não é do corpo 
mas do Espírito. E, em segundo lugar, não é nos 
cemitérios que os Espíritos devem ser procurados para 
recebimento das preces que, em seu favor, devem ser 
proferidas. 
Os cemitérios são os laboratórios de transformação 
das vestes carnais das almas que as abandonaram. Os
cemitérios devem ser visitados, sim, como um 
ambiente de respeito se ali vamos em 
acompanhamento ao corpo de alguém que deve ser 
sepultado ou se os procuramos com o objetivo sincero 
de meditação sobre a grandeza e sabedoria de nosso 
Criador e Pai. 
Aproveitemos a oportunidade para elucidar aos que 
nos lerem, mormente se esta Revista vier a cair em 
mãos não-espíritas, que a chamada morte só atinge 
aquele que se deixou perder nos caminhos do 
materialismo comportamental dos vícios e das paixões 
e que, assim, esqueceu de Deus, o Pai que nos criou a 
todos não para a morte mas para a vida eterna. 
Há efetivamente os indiferentes ao verdadeiro sentido 
da vida, que nunca têm tempo para pensar no bem, 
realizar uma ação nobre de amor e caridade e edificar-se 
espiritualmente. Esses se colocam na posição de 
mortos-vivos, porque espiritualmente nulos. 
Respeitar o sentimento e a fé dos que se fazem reter 
nos cemitérios em pranto e oração pelos seus "mortos" 
é um dever a que temos de submeter-nos por 
compreensão, mas em hipótese alguma devemos deixar 
perder-se a oportunidade (quando realmente oportuna) 
de esclarecer, elucidar e consolar aqueles que sofrem 
convencidos de que seus entes mais queridos 
realmente morreram, afirmando-lhes carinhosa e 
fraternalmente que a morte do corpo não é a morte do 
Espírito, e que, ao contrário, inanimado o corpo, o 
Espírito, agora, está mais vivo do que nunca. 
Fonte: Reformador nº1976 – Novembro/1993 
Madrugada Exuberante – Joanna de Ângelis (muito 
lindo)
A noite esplendente de círios estrelares banhava-se de suave luar, que se refletia sobre 
as águas tranqüilas do mar espelho. 
O dia havia sido caracterizado por amena temperatura, enriquecido simultaneamente por 
incontáveis emoções. 
Sucediam-se as experiências no convívio com as massas humanas, incessantes, com 
suas aflições que recordavam ondas contínuas espraiando-se nas areias imensas 
salpicadas de seixos e conchas variadas. 
O hinário da Boa Nova era cantado na região por quase todas as bocas, mas, as 
interpretações variavam de acordo com as necessidades de cada qual. 
Tinha-se a impressão que os Céus haviam descido a Terra e se fundiram umas nas 
outras as canções de amor e os lamentos clamorosos, que logo após silenc iaram suas 
vozes desesperadas. 
Jesus constituía, sem dúvida, o divisor das águas e daqueles dias turbulentos... 
Os discípulos haviam acompanhado o Mestre durante o aconselhamento a uma 
desesperada mãe, que Lhe buscara o socorro, face à perda do filho amado que o anjo da 
morte arrebatara. 
O desespero da suplicante logo se transformara em tranqüila e dúlcida alegria que lhe 
colocara luz brilhante nos olhos antes amortecidos pela aflição. 
Como a morte, sempre, era temida e certamente detestada, utilizando-se da noite 
harmoniosa, na qual o Amigo parecia aguardar as inquietações dos discípulos, sentado 
diante do mar ornado da luz da lua, musicada pelos ventos suaves, e pelo espreguiçar 
das vagas macias nas areias úmidas, formou-se o grupo gentil, cujo silêncio foi 
quebrado pela voz de João, o jovem que O amava com arrebatamento. 
Havia uma doce magia no ar, que bailava no velário das sombras salpicadas de 
pingentes de prata... 
— Como entender a morte, Mestre querido – indagou o discípulo ansioso – que sempre 
nos ameaça e apavora? Ante a sua inexorável fatalidade, nossos dias perdem a cor e a 
beleza, quase tirando-nos a razão de existir. Como entender a hedionda mensageira da 
sombra? 
O nobre Guia desenhou tranqüilo sorriso na face banhada pelo argênteo luar, e 
respondeu com doçura: 
“A morte não é mensageira da sombra, nem do pavor, mas a missionária da vida 
imperecível. É a incompreendida intermediária entre Deus e os seres sencientes, 
encarregada de reconduzir os homens ao verdadeiro lar, após terem encerrado os seus 
compromissos na escola terrestre. Suavemente ou mediante ação abrupta, sem agressão 
nem receio, convoca reis e vassalos, mendigos e poderosos, crianças e anciãos, sadios 
ou enfermos ao despertar do sono fisiológico, fazendo-os volver ao país da consciência 
desperta, ao Grande Lar. 
Portadora de alta responsabilidade, apresenta-se com a mesma nobreza a todos os seres, 
desvestindo-os das pesadas roupagens da ilusão, para a vivência da realidade inevitável. 
Sem o seu árduo trabalho a vida não teria qualquer sentido e o corpo se decomporia 
durante a existência, que se alongaria sem limite com tormentos inimagináveis... Para 
uns, todavia, é a misericórdia que chega em momento máximo, para outros, trata-se da 
libertação do cativeiro. Alguns a tomam como cruel inimiga, enquanto diversos a 
odeiam com rebeldia. Não obstante, impávida, faz-se instrumento da Vida para a 
grandeza do ser indestrutível. 
— E o sofrimento, Senhor, que ela impõe – voltou, à carga, o discípulo receoso -, não 
dilacera a alma daqueles que ficam?! Morrer, afinal, dói? 
O incomparável Benfeitor alongou o olhar pela noite feliz, e após breve reflexão,
elucidou: 
— A Casa de meu Pai tem infinitas moradas. Cada flor de luz que brilha ao longe é um 
pouso feliz que nos aguarda, após, vencidas as batalhas terrenas. Para alcançá-lo é 
necessário descer aos vales humanos nas roupas densas da matéria, a fim de tecer as 
delicadas asas de luz que nos erguerão aos seus planos quase divinos. Sem a morte 
compassiva e misericordiosa, isso não seria possível. Passo a passo, o viajante vence as 
distâncias no mundo físico. Da mesma forma, graças à morte-vida, à vida-após-a-morte 
desaparecem os abismos que medeiam entre os sublimes lares que voam na amplidão e 
a pequenina Terra onde nos encontramos. 
Silenciando novamente por breves segundos, com específica entonação de voz, 
prosseguiu: 
— Morrer não dói. O desprendimento é suave para os justos e inquietante para aqueles 
que são portadores de consciência culpada. O trânsito que leva à liberdade entre o 
cárcere e o horizonte largo, sem barreira, é sempre rico de expectativa e não de 
sofrimento. A marcha, porém, de cada qual, é resultado da conduta vivenciada no 
período do cativeiro. Quem considera o corpo como a única realidade, sofre decepção e 
angústia, medo de o abandonar e apego à forma em decomposição, fenômeno que se 
alonga por largo período, enquanto dure a alucinação. No entanto, quem o utilizou como 
educandário de iluminação para o espírito, deixa-o, qual borboleta ditosa que abandona 
o casulo pesado para flutuar na leve brisa do dia... A morte após o dever cumprido 
transforma-se em madrugada iridescente, que é o pórtico da imortalidade ditosa, onde o 
amor inunda o recém-liberto de alegria, sem dor nem saudade da caminhada terrestre. 
É necessário viver de maneira que a morte lhe signifique prosseguimento, sem qualquer 
interrupção, conduzindo o ser no rumo da plenitude, da paz inefável. 
Fez novo silêncio repassado de emoção, que igualmente dominava os ouvintes, logo 
dando continuidade: 
— Eu vim para que todos tenhais vida em abundância no meu reino, que se amplia além 
das fronteiras da morte. Sem ela, não o alcançareis. Superando os desafios e vencidas as 
paixões, o ser se sutiliza e passa a habitar em mundo feliz, sem angústia ou ansiedade 
alguma.... A fim de o conseguir, torna-se indispensável que o amor e o dever diluam as 
sombras da ignorância que encarceram nas masmorras da carne o desavisado, sem 
permitir-lhe os vôos libertadores que anela realizar. 
Quando se calou, os amigos tinham lágrimas que não se atreviam a descer da comporta 
dos olhos. Saudades de seres amados e gratidão pelo que lhes haviam oferecido, 
esperanças de vitórias futuras sobre as pesadas algemas dos desejos, das falsas 
necessidades e sonhos de felicidade, mesclavam-se nos seus sentimentos, e eles 
entenderam que o corpo é meio, é veículo de condução, mas o Espírito é o imperecível 
instrumento do Pai Criador, que nos aguarda nos penetrais do Infinito, e que a morte 
libera da injunção penosa. 
A noite harmônica e perfumada, então dominada pelo lucilar dos astros e as ânsias da 
Natureza, insculpiu no ádito daqueles corações a mensagem da imortalidade, enquanto o 
Mestre os preparava para a madrugada resplandecente do futuro reino dos Céus. 
(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na sessão da noite de 14 de 
março de 2001, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.) 
(Jornal Mundo Espírita de Junho de 2001)
A Importância Em Ser Pequeno - Amélia Rodrigues 
- Que vínheis discutindo pelo caminho? 
– Indagou sereno, Jesus, aos amigos, que chegaram esfogueados e 
suarentos à casa de Simão, filhos de Jonas, o pescador, onde os 
aguardava. 
Tomados de surpresa, os discípulos aturdidos entreolharam-se, sem 
coragem de responder. 
Eles conviviam com o Mestre, mas não O conheciam; partilhavam as Suas 
idéias, porém não haviam penetrado na sua profunda lição; ouviam, 
deslumbrados, os anúncios do reino de Deus, e permitiam-se anelar pelos 
triunfos humanos. 
Homens simples e toscos, comportavam-se, às vezes, como crianças 
desatentas em relação aos deveres, entregando-se a contendas inúteis e 
pelejas rudes por questões irrisórias... 
Assim sempre eram admoestados carinhosamente, mas com energia pelo 
Amigo, que lhes trabalhava o amadurecimento espiritual. 
A jornada que ali encerravam, havia sido traçada com segurança, 
significando-lhes o primeiro desafio a enfrentar, como preparação para os 
dias porvindouros. 
O Mestre aguardava-os com a habitual generosidade, feita de misericórdia 
e de compaixão. 
Amava-os com dúlcida ternura. Entregara-se-lhes com dedicação total, 
embora sabendo das suas dubiedades e dificuldades interiores. Por isso, 
convocara-os para o ministério, reconhecendo-lhes todos os problemas 
emocionais e debilidades morais. Alguns eram Espíritos nobres, que se 
emboscaram no corpo, que lhes amortecia a elevação, a fim de O 
seguirem, espalhando a Notícia... 
As suas inexperiências facultavam aprendizagem mais segura para os 
testemunhos do futuro. Por tal razão, tateavam nas sombras dos 
labirintos da insegurança até encontrarem o caminho que iriam percorrer 
com invulgar grandeza de alma. 
Não, porém, naqueles momentos iniciais. 
Arrancados das fainas simples e repetitivas do cotidiano monótono, a 
súbita mudança não conseguiu alçá-los de imediato à altura 
correspondente. 
Esse resultado se faria, somente, a pouco e pouco. 
É sempre assim que se dá o amadurecimento moral, que faz do pigmeu 
um gigante e do ser simples, que a fornalha do sofrimento modela, um 
verdadeiro herói. 
Aquele era o material humano disponível para a construção da Era do 
Espírito Imortal e se tornava necessário trabalhá-lo com carinho e 
firmeza. 
A pergunta permaneceu no ar, sem resposta. 
A princípio, sentiram-se constrangidos, embaraçados. Deram-se conta da 
pouca importância da questão do debate, mas constatavam novamente o 
poder de penetração do Mestre no insondável dos seus pensamentos e
atos. 
Por fim, vencendo o conflito, sem agastamento, responderam alguns: 
- Vínhamos discutindo em torno de quem de nós era o maior, o mais 
amado, o de importância mais significativa. 
“Todos reconhecemos que João é distinguido pelo vosso amor; Pedro é 
merecedor da mais expressiva confiança; Judas guarda as moedas e se 
encarrega do controle das nossas modestas finanças... E os demais? Que 
somos e que papel desempenhamos no grupo? 
“Afinal, qual de nós é o maior?” 
Certamente se sentiam contristados pela disputa, mas como houve-a, era 
justo serem honestos, libertando-se das dúvidas. 
Jesus envolveu-os na luz da compaixão, e com a sabedoria habitual, 
respondeu-lhes: 
- O grão de mostarda, menor e mais insignificante que qualquer outra 
semente, reverdece com o mesmo tom o solo abençoado pelo trigo 
vigoroso. A bolota do carvalho desenvolve a árvore grandiosa que nela 
jaz, assim como o pólen quase invisível de todas as flores se encarrega 
de transmitir beleza e perpetuar a espécie em outras plantas... Todos são 
importantes na paisagem terrestre. 
“O grão de areia se anula ante outro para construir a praia imensa que 
recebe o carinhoso movimento das ondas arrebentando-se no seu leito 
reluzente. 
“Tudo é importante diante de meu Pai, não pela grandeza, mas pelo 
significado de que cada coisa se reveste para a utilidade da vida. 
“Entre os homens, o maior é sempre aquele que se esquece de si mesmo, 
tornando-se o melhor servidor, aquele que não se cansa de ajudar, que se 
encontra sempre disposto para cooperar e servir sem outra preocupação, 
qual não seja a de beneficiar... Quem se apaga para que outro brilhe, 
torna-se o combustível, sem o qual a luminosidade desaparece. 
“Há uma grande importância em ser pequeno, graças a cuja contribuição 
se apresenta o conjunto grandioso.” 
Fez um oportuno silêncio, a fim de ensejar aos amigos maior reflexão 
para que nunca mais se esquecessem do enunciado, e prosseguiu: 
- Aquele que, dentre vós, desejar ser o maior, o mais importante, o mais 
amado, torne-se o melhor servidor, o mais atento amigo, sempre vigilante 
para ajudar e desculpar, porque esse, sim, fará falta, será notado quando 
ausente, se tornará alicerce para a construção do edifício do Bem. 
No silêncio que se fez natural, os viajantes dispersaram-se pelas diversas 
peças da casa de Simão, enquanto lá fora, o Sol de verão dardejava os 
seus raios de fogo sobre a terra que se abrasava. 
· Lucas 9-46. 
Nota da Autora espiritual 
ESTAMOS EM PAZ – Francisco C. 
Xavier
Rujam as tempestades em torno do teu caminho, tranqüiliza o coração e segue 
em paz na direção do bem. 
Não carregues no pensamento o peso da aflição inútil. 
Refugia-te na cidadela interior do dever retamente cumprido e entrega à 
Sabedoria Divina a ansiedade que te procura à feição de labareda invisível. 
Se alguém te acusa, aquieta-te e ora em favor dos irmãos desorientados e 
infelizes. 
Se alguma circunstância te contraria, asserena tua alma e espera que os 
acontecimentos te favoreçam. 
Lembra-te de que és chamado a viver um só dia de cada vez, sempre que o 
Sol se levante. 
E por mais amplas que te façam as possibilidades, tomarás uma só refeição e 
vestirás um só traje de cada vez nas tarefas de cada dia. 
Embora te atormentes pela claridade diurna, a alvorada não brilhará antes da 
hora prevista, e embora te interesses pelo fruto de determinada árvore, não 
chegarás a colhê-lo, antes do justo momento. 
A pretexto, porém, de garantir a própria serenidade,não te demores na inércia. 
Mentaliza o bem e prossegue na construção do melhor, como quem sabe que a 
colheita farta pede terra abençoada pela chuva. 
Sejam quais forem as tuas dificuldades, lembra-te de que a paz é a segurança 
da vida. 
Não nos esqueçamos de que, na hora da Manjedoura, as vozes celestiais, 
após o louvor a Deus, expressaram votos de paz à Terra, e depois da 
ressurreição, voltando, gloriosamente, ao convívio das criaturas, antes de 
qualquer plano de trabalho, disse Jesus ao discípulos espantados: 
"A PAZ SEJA CONVOSCO". 
Bem-aventurados os 
aflitos 
Que as bênçãos do Alto caiam sobre vós. Falar-vos-ei hoje sobre 
o assunto tratado no estudo do Evangelho: os motivos de 
resignação. Desde que o Mestre Francês desceu ao orbe com a 
missão de trazer aos homens uma nova visão de vida, as
interpretações dos textos bíblicos ficaram mais acessíveis às 
pessoas comuns. O capítulo das bem-aventuranças é um trecho 
dos Evangelhos que demanda uma maior sabedoria para ser 
compreendido em espírito. A Doutrina Espírita trouxe a chave do 
entendimento explicando a razão do sofrimento e a necessidade 
da alma passar pelas experiências dolorosas na matéria, se 
houver a necessidade do resgate das suas dívidas. A lei de causa 
e efeito explica todas essas questões alusivas à maioria das 
situações de dificuldades pelas quais o Espírito passa. A 
reencarnação coroou esta realidade. 
Quando o homem sofre sem saber a razão, suas amarguras são 
centuplicadas e exacerbadas pela revolta e sensação de 
impotência diante dos fatos que a ele parecem intermináveis. A 
dor que experimenta lhe parece injusta e se pára para pensar em 
seus problemas, logo culpa a Deus por não dar-lhe a devida 
atenção. Entretanto se tem em si o sentido da imortalidade da 
alma e principalmente se acreditar na transitoriedade de tudo, 
logo antevê naquele sofrimento uma forma de se libertar-se de 
sua prisão no futuro. 
Se examina a própria consciência com sincera humildade, quase 
sempre encontra lá a razão de suas dificuldades. Não se 
amargura diante das provas porque vê nelas uma válvula de 
escape para o gozo de uma felicidade em dias futuros. Se é 
atingido por uma injúria ou por qualquer situação que lhe exija 
maturidade para suportar, logo evoca suas convicções na 
assistência espiritual que a Providência Divina vos premia a todo 
instante. Portanto, este homem experimenta a felicidade, mesmo 
nas situações de sofrimento porque compreende que as suas 
aflições têm uma razão de ser e que quanto maior a doença mais 
amargo será o remédio. Para uma grande falta, uma grande 
correção. 
Bem-aventurados, portanto, são os aflitos que bem suportarem 
as suas provas com resignação, pois em breve estarão livres de 
suas amarras terrenas e poderão viver na vida verdadeira em 
companhia dos justos e dos felizes que um dia passaram pelas 
mesmas dificuldades de compreensão.
Lutai, pois, caros irmãos, para terem com urgência o fio da 
verdadeira sabedoria que vos foi trazida por Allan Kardec, a fim 
de que possais adentrar no Reino dos Céus, que está reservado 
aos que souberem fazer bom uso das oportunidades oferecidas 
pelo Pai Celestial. Colocai em vossos corações as doces palavras 
do Mestre Maior, quando vos chama com extrema compaixão: 
“Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados 
e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim 
que sou manso e humilde de coração porque o meu jugo é suave 
e meu fardo e leve”. - João de Arimatéia 
Espírito: João de Arimatéia 
Sociedade de Estudos Espíritas Allan Kardec 
São Luís – MA 
COMPANHIA DO 
AMOR 
Somente vive acompanhado realmente, aquele que ama. 
* 
O amor, à semelhança do conhecimento, é um tesouro que mais se tem 
quanto mais se reparte. 
* 
Ninguém fica em carência quando ama, quando ensina. 
* 
O amor, é igual a um espelho que reflete aquele que ama e, ao infinito, 
reflete todas as expressões de vida pujante. 
* 
Não obstante as experiências do amor são solidárias, por isso que, ao 
expandir-se, primeiro felicita a quem o irradia, sem que tenha a pretensão 
de colher o retorno. 
* 
Na área do amor, quanto em todos os campos da ação nobre da vida, é
necessário primeiro dar, a fim de um dia receber. 
* 
O amor é, por conseqüência, o mais precioso investimento até hoje 
conhecido. 
Antes que dê os resultados a que se propõe, produz, no nascedouro, as 
excelências de que se reveste: bem-estar, paz e alegria. 
* 
O amor não se queixa, não se impõe; é paciente e promissor. 
Apesar de todos os seus predicados, não impede que o homem experimente 
os métodos que propiciam a evolução, dentre os quais o sofrimento, em 
forma de testemunhos, assim logrando atrair os indecisos e inseguros. 
* 
Ninguém deve temer a experiência gratificante de amar, não se deixando 
impedir pelos obstáculos que se levantam de todo lado. 
* 
Dize uma palavra gentil a alguém; expressa solidariedade com um gesto a 
outrem; coopera com um sorriso cordial em qualquer realização digna... 
* 
Demonstra vida e sê afável com todos. Far-te-á um grande bem o ato de 
amar. Não aguardes, porém que os outros te compartam as dores e provas, 
que são sempre pessoais, intransferíveis. 
O melhor amigo e mais caro afeto, por mais participem da tua aflição, não 
conseguirão diminuir a sua profundidade e crueza. 
* 
Uma chama pintada, por mais perfeita, jamais terá o poder de atear o 
incêndio que uma insignificante fagulha produz. 
* 
Na cruz, Jesus estava acompanhado por dois delinqüentes. No entanto, cada 
um dos crucificados experimentava emoção própria... 
* 
A bala que vitimou Gandhi, alcançou-o, embora a multidão que o cercava. 
* 
O veneno que Sócrates sorveu mataria qualquer um, todavia ele o tomou a 
sós. 
* 
Os estigmas em Francisco de Assis, provocavam comoção em todos, mas ele 
os sofria em solidão. 
* 
O processo de ascensão libertadora é pessoal... 
* 
Há os que carregam cruzes invisíveis, cercados de amigos e solitários na
dor. 
* 
Ama, desse modo, a fim de que se faças solidário com esses corações 
solitários que avançam no rumo da felicidade, por enquanto sofridos e 
amorosos ou carentes e necessitados. 
* 
Sê tu aquele que ama e nada espera, felicitado pelo próprio amor que de ti 
se irradia abençoado. 
(De “Viver e amar”, de Divaldo P. Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis) 
CONQUISTAR E CONQUISTAR-SE 
Emmanuel 
"Não procures os cimos do mundo ao preço de mentira 
e astúcia, porque ninguém trai os imperativos da 
vida." 
Conquistar não é conquistar-se. 
Muitos conquistam o ouro da Terra e adquirem a 
miséria espiritual. 
Muitos conquistam a beleza corpórea e acabam no 
envilecimento da alma. 
Muitos conquistam o poder humano e perdem a paz de 
si mesmos. 
Necessário que o espírito se acrisole na experiência e 
na luta, valendo-se delas para modelar o caráter, 
senhoreando a própria vida.
Para possuirmos algo com acerto e segurança, é 
indispensável não sejamos possuídos pelas forças 
deprimentes que nos inclinam sentimento e raciocínio 
aos desequilíbrios da sombra. 
Indubitavelmente, todos podemos usufruir os 
patrimônios terrestres, nesse ou naquele setor do 
cotidiano, mas é preciso caminhar com sabedoria 
para que o abuso não nos infelicite a existência. 
É por isso que sofrimento e dificuldade, obstáculo e 
provação constituem para nós preciosos recursos de 
superação e engrandecimento. 
Todos os valores externos concedidos à personalidade, 
em trânsito no mundo, são posses precárias que a 
enfermidade e a morte arrancam de improviso, mas 
todos os valores que entesouramos no próprio ser 
representam posses eternas que brilharão conosco, aqui 
e além, hoje e amanhã. . 
Na esfera espiritual, cada criatura é aproveitada na 
posição em que se coloca somente aqueles que 
conquistaram a si mesmos, nos reiterados labores da 
educação, através do suor ou da lágrima, do trabalho 
ou da lágrima, são capazes de cooperar na extensão 
do amor e da luz, cujo crescimento na Terra exige, 
invariavelmente, o coração e o cérebro, as ações e as 
atitudes daqueles que aprenderam na lei do próprio 
sacrifício a conquista da vida imperecível. 
"Reflete naquilo que te falam, antes de te entregares 
psicologicamente ao que se te diga. . ." 
Psicografia de Francisco Cândido Xavier
"... Se eu aceito o sol, 
o calor e o arco-íris.... 
preciso aceitar também 
o trovão, o raio e 
a tempestade..." 
Gibran Khalil Gibran 
NOTAS BREVES 
Não perca tempo 
Não fuja ao dever 
Respeite os compromissos 
Sirva quanto possa 
Ame intensamente 
Trabalhe com ardor 
Ore com fé 
Fale com bondade 
Não critique 
Observe construindo 
Estude sempre 
Não se queixe 
Plante alegria
Semeie paz 
Ajude sem exigências 
Compreenda e beneficie 
Perdoe quaisquer ofensas 
Atenda à pontualidade 
Conserve a consciência tranquila 
Auxilie generosamente 
Esqueça o mal 
Cultive sinceridade, aceitando-se como é e 
acolhendo os outros comos os outros são, 
procurando, porém, fazer sempre o melhor ao 
seu alcance 
Espírito André Luiz 
Livro :"Sinal Verde" 
(psicografia :Francisco C. Xavier)
FONTE: 
O dia de finados para o 
Espírita 
Por: Christina Nunes 
A propósito do dia de finados, é interessante 
discorrer sobre questionamentos com os quais de 
vez em quando somos colhidos por parte de 
conhecidos, curiosos ou interessados em se iniciar 
nos assuntos relativos à espiritualidade. 
De vez em quando alguém pergunta "por que o 
espírita não vai ao cemitério" (no dia de finados, 
mais especificamente). Cabe aqui, portanto, um 
esclarecimento útil. 
Primeiro: nenhum espírita, em virtude de ideologia
religiosa, ou limitação de qualquer tipo imposta 
pela doutrina, "não pode" ir ao cemitério em 
qualquer época. Efetivamente conheço muitos, 
simpatizantes, ou espiritualistas convictos, que 
narram de suas visitas a túmulos de parentes ou 
conhecidos. 
Segundo: o que ocorre mais amiúde é que, em 
detendo o espírita a tranqüila convicção de que 
seu ente querido não mais se demora por estas 
bandas, tendo demandado estâncias outras, mais 
ricas, de vida, guarda a consciência clara de que 
tudo o que ficou na sepultura foi a "roupagem 
gasta", e não mais, portanto, a pessoa com quem 
compartilhou experiências e afeto. 
Terceiro: isto não implica em que o espírita sincero 
condene ou critique o posicionamento dos demais 
semelhantes que, de todo o coração, prestam com 
sinceridade as suas homenagens aos seus 
afeiçoados que se anteciparam na viagem deste 
para o outro lado da vida. Aliás, reza no próprio 
conhecimento da doutrina que muitos 
desencarnados visitam, efetivamente, os 
cemitérios por ocasião da data, em consideração 
às demonstração de amor com que ali são 
distinguidos. E muitos outros ainda, afeitos aos 
costumes dentro dos quais desenvolveram suas 
experiências na matéria, conferem ainda subida 
importância a este gesto, ressentindo-se, de fato, 
daqueles que não o prestem nas datas de molde a 
serem lembrados. 
Vistas estas considerações, é sensata a conclusão 
de que jamais cabe padrão algum de conduta no 
que toca ao sagrado universo íntimo humano. 
Cada agrupamento familiar terreno é único e 
peculiar, e ninguém melhor do que os seus
componentes para estarem inteirados do que 
atinge ou não atinge mais de perto a cada um; o 
que convém ou o que não convém em matéria de 
sentimento e dedicação, cujos estágios e 
características se multiplicam ao infinito 
correspondente do número de habitantes do vasto 
universo humano. 
Efetivamente, somos do lado de "lá" o que fomos 
aqui. É dever comezinho não só do espírita, quanto 
de qualquer pessoa que se diga civilizada, 
respeitar a diversidade dos caminhos escolhidos 
que, destarte, haverão de conduzir a cada ser, no 
tempo certo, ao mesmo ponto de encontro comum 
na intimidade das luzes divinas. Questão de 
temperamento, de agrupamento humano, de fé e 
de hábitos, o ir ou não ir ao cemitério, de vez que 
é na sinceridade do gesto, e não no gesto em si, 
que se vislumbra a verdadeira homenagem aos 
desencarnados, de forma que, amor pelos 
mesmos, podemos dirigir-lhes tanto do recesso 
abençoado do nosso recanto de meditação no lar, 
quanto do ambiente de qualquer templo religioso, 
ou ainda diariamente, no movimento tumultuado 
das ruas, ou também no cemitério, a qualquer dia 
do ano. 
De forma que aqueles que partiram nos amando de 
todo o coração haverão de valorizar e entender a 
nossa melhor intenção ao seu respeito, seja de 
onde for que se irradie, colhendo-os de pronto, 
pela linguagem instantânea do coração e do 
pensamento. Os que foram afeitos aos hábitos 
costumeiros do dia de finados, na medida de suas 
possibilidades espirituais após a transição lá 
estarão, junto à sepultura física, colhendo com 
sincera afeição os votos de paz e as preces que 
lhes estejam sendo dirigidas. Os provenientes dos 
lares espiritualistas na Terra receberão as mesmas
demonstrações de amor a qualquer tempo, em 
qualquer data que faça emergir naqueles que 
ficaram para trás no aprendizado físico as gratas 
lembranças com que são evocados. 
O importante é que espíritas e não espíritas têm 
em comum, em relação aos seus amados que já se 
foram, à qualquer época, a linguagem 
inconfundível do amor entre as almas. 
Enxerguemos acima dos horizontes das limitações 
de visão humanas para alcançarmos com clareza a 
compreensão de que é assunto individual a forma 
como celebramos o nosso afeto para com os 
nossos entes queridos, e que o fator da 
sinceridade e da intenção é o que de fato conta, na 
hora da certeza de que nossas preces e votos de 
paz serão bem recebidos por aqueles que 
prosseguem nos amando de igual forma na 
continuidade pura e simples da vida, que a todos 
aguarda para além das portas da sepultura, sob as 
bênçãos de Jesus. 
Dia de Finados? 
Passos Lírio
O Cristianismo é, por excelência, a Doutrina do Espírito, 
fundada em fatos que demonstram, à evidência, a sua 
presença e atuação, em qualquer circunstância, sempre que 
necessário. 
Seus ensinamentos primam pela tese comprobatória da 
realidade da existência da alma e de sua faculdade de entrar 
em relação conosco, em estado de vigília ou durante o sono, 
como que a mostrar-nos à saciedade que há entre os dois 
planos, material e espiritual, corpóreo e incorpóreo, estreito 
entrosamento. 
Maria de Nazaré recebe a visita do Anjo Gabriel, que lhe 
anuncia a maternidade de agraciada do Senhor. 
José, em se propondo deixar a esposa secretamente, é 
avisado em sonho de que não faça tal, porque o que nela fora 
gerado era do Espírito Santo. 
Isabel, visitada pela gestante eleita, recebe o impacto de 
poderoso influxo magnético, que faz que a criança - ela 
também estava para ser mãe -, lhe estremeça no ventre. 
Os magos visualizam no Oriente uma estrela que os guia 
em dois estafantes anos de viagem e os conduz, não à gruta, 
mas à casa onde se achavam José e Maria e, de regresso, 
são “por divina advertência prevenidos em sonho para não 
voltarem à presença de Herodes”. 
Em sonho ainda, “eis que aparece um anjo do Senhor a 
José”, induzindo-o à fuga para o Egito a fim de salvar o 
menino da sanha sanguinária de Herodes, ordenando-lhe que 
retornasse à “terra de Israel” e aconselhando-o a que se 
retirasse “para as regiões da Galilé ia”. 
Uma entidade angelical, na calada da noite, aparece aos 
pastores dando-lhes a boa nova do Nascimento do Salvador. 
“Movido pelo Espírito”, Simeão foi ao templo, onde tomou 
nos braços o Filho de Deus, bendizendo ao Pai pela bênção de 
tê-Lo visto antes de partir e profetizando acerca do Seu 
messianato. 
Ana, a profetisa, mediunizada, “chegando naquela hora, 
dava graças a Deus, e falava a respeito do menino a todos os 
que esperavam a redenção de Jerusalém”.
Antes do Nascimento de Jesus, houve o de João, 
caracterizado também por manifestações espirituais 
ostensivas. 
Quando Zacharias oficiava no templo, “na ordem do seu 
turno”, surge-lhe um Emissário Celestial que lhe prediz o 
nascimento do Precursor. 
No Jordão, ao se processar o batismo de Jesus, uma voz 
reboa pelo ar, dizendo: - “Este é o meu filho amado, em quem 
me comprazo. 
Este mesmo fenômeno de pneumatofonia repete-se quando 
da transfiguração do Mestre no Monte Tabor, presentes os 
Espíritos de Moisés e Elias, profetas da antiga dispensação. 
Ressuscita, o Messias, a filha de Jairo, o filho da viúva de 
Naim e o irmão de Marta e Maria. 
Na parábola do rico e Lázaro, infunde-nos Ele a convicção 
na realidade da comunicação dos Espíritos com os homens, 
fazendo que Abraão ponderasse ao rico, que queria falar a 
cinco irmãos seus, ser inútil aparecer-lhes porque eles não lhe 
dariam crédito e não porque fosse impossível fazer-se-lhes 
visível para adverti-los. 
Liberta endemoninhados, cujos Espíritos impuros e 
obsessores confessavam conhecê-Lo e reconhecer-Lhe a 
autoridade de Filho do Altíssimo. 
- “Porque buscais entre os e mortos ao que vive?” Foi a 
pergunta que “dois varões com vestes resplandecentes” 
fizeram às mulheres que levavam aromas e bálsamos para 
depositar no túmulo de Jesus, cuja pedra encontraram 
removida, sem o corpo no seu interior. 
- “O Senhor ressuscitou e já apareceu a Simão!” Assim se 
expressavam os dois discípulos que, a caminho de Emaús, 
tiveram a companhia do Mestre, com quem confabularam 
durante toda a viagem e a quem pediram, ao término da 
jornada: - “Fica conosco, porque é tarde e o dia já declina.” 
“E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para 
Jerusalém onde acharam reunidos os onze e outros com eles. 
Então os dois contaram o que lhes acontecera no caminho, e 
como fora por eles reconhecido no partir do pão.” 
“O Espiritismo, que se funda estruturalmente no
Cristianismo, cuja pureza primitiva restaura em toda a 
plenitude, desfralda também a bandeira da imortalidade da 
alma, da eternidade do ser no Infinito do Tempo e do Espaço”. 
- “Paz seja convosco.” -“Porque estais perturbados? E por 
que sobem dúvidas aos vossos corações?” Foram palavras de 
Jesus, na Sua primeira aparição aos Discípulos, no Cenáculo 
de Jerusalém. 
- “Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não 
viram, e creram.” Outras palavras de Jesus, em Sua segunda 
aparição aos Discípulos, dirigidas especialmente a Tomé, que, 
por não estar presente na primeira, não dera crédito à versão 
divulgada pelos seus companheiros, de que o Senhor lhes 
aparecera. 
“Depois disto, tornou Jesus a manifestar-se aos Discípulos 
junto do mar de Tiberíades”, onde se desenrolam 
acontecimentos de assinalada importância que culminam com 
o famoso diálogo entre Ele e Simão Pedro, o Pescador de 
Calarnaum. 
Finalmente, apareceu o Nazareno, no monte, aos 
quinhentos da Galiléia, a quem endereça, pela última vez, a 
Sua Palavra de Vida Eterna, após o que ocorre a Ascensão 
definitiva. 
Isto sem falar de aparições, no cenário de Jerusalém, a 
Maria Madalena; a Maria de Nazaré, em Éfeso, na casa de João 
Evangelista; a Pedro, por algumas vezes; a Saulo de Tarso, às 
portas de Damasco. 
Onde, em tudo isso, a idéia de morte? Antes não 
ressumbra, de todos esses sucessos, a noção de “vida 
abundante”, de pensamento e ação por parte daqueles que 
formam o mundo incorpóreo? 
O Espiritismo, que se funda estruturalmente no 
Cristianismo, cuja pureza primitiva restaura em toda a 
plenitude, desfralda também a bandeira da imortalidade da 
alma, da eternidade do ser no Infinito do Tempo e do Espaço. 
Não há mortos e vivos, nem do lado de lá, nem do lado de 
cá, embora possa haver, tanto num quanto noutro plano, 
mortos-vivos e vivos-mortos. Ninguém vai, ninguém fica, 
apenas alguns chegam e outros voltam, na longa caminhada 
de poder subir para saber descer, ajudando os outros a fim de 
ajudar-se a si próprio.
A mediunidade, disciplinada espiriticamente, nos 
descortinou novas dimensões de vida, revelando ao mundo a 
existência de outros mundos e à Humanidade a presença de 
outras Humanidades disseminadas no turbilhão de astros que 
gravitam nos arcanos do Universo. 
2 de Novembro... Como os demais, dia de todos nós, 
encarnados e desencarnados, que buscamos na Terra ou na 
Erraticidade os valores do Espírito, a gloriosa realização de 
nós mesmos em Deus, libertos e purificados por todo o 
sempre, para empunhamos na destra a palma da vitória e 
cingirmos à frente a coroa de louros de almas redimidas e 
ressurrectas, integradas nas sublimes claridades dos cimos. 
Fonte: Reformador nº1976 – Novembro/1993 
Responsável pela transcrição: Wadi Ibrahim 
Dia de Finados 
Azamor Cirne 
“A Morte é o veíc ulo c ondutor enc arregado de transferir a mec ânic a da vida de 
um apara 
outra vibraç ão”. - Joanna de Ângelis 
Dizer que a existência dos Espíritos foi invenção de Allan Kardec, 
não passe de uma inverdade formulada, a priori, sem conhecimento 
de causa. Ora, não se inventa o que está na Natureza. 
Newton não inventou a Lei da Gravitação. Esta lei já existia, 
antes dele. Pasteur não inventou as bactérias; elas já 
existiam. Estes cientistas, apenas, as descobriram. São muitos 
os exemplos. 
Allan Kardec nada julgou, a priori. As experimentações positivas, 
por ele realizadas, vieram revelar os fatos e confirmar, a posteriori, 
as teorias. Foram os próprios Espíritos que se revelaram, como sendo 
as almas dos mortos. 
Ao Espiritismo, isto sim, coube a honra de ter sido o primeiro a se 
interessar, de maneira séria, e observar, cientificamente, a origem, a 
natureza e o destino dos Espíritos, depois da morte do corpo físico, 
além de comprovar as comunicações que podem estabelecer com os 
encarnados. 
Aliás, entre os fundamentos dessa Doutrina, quatro estão na base
de todas as religiões: Deus, alma, imortalidade e vida futura. 
“A idéia vaga da vida futura acrescenta a revelação da existência 
do mundo invisível que nos rodeia e povoa o espaço, e, com isso, 
precisa a crença, dá-lhe um corpo, uma consistência, uma realidade à 
idéia”- afirma o Codificador. 
Após o fenômeno da morte a alma (Espírito) desprende-se do 
corpo, com o rompimento do laço sutil que a prendia: o cordão 
fluídico. No mundo dos Espíritos - que é o mundo normal, primitivo, 
eterno, preexistente, e sobrevivente - o Espírito, ligado ao corpo 
espiritual (perispírito) passa por um estado de perturbação, com 
quem acorda de um sonho, em um outro lugar. Sua mente, já 
desligada do cérebro, portanto, traz-lhe à consciência os registros 
(lembranças) dessa última existência e de outras. 
Como a Doutrina refuta a hipótese de céu e inferno, inclusive, por 
questão de lógica, o desencarnado não vai desfrutar dos gozos 
eternos e nem estará, irremediavelmente, condenado ao suplício 
interminável. Aqueles que estiverem condicionados aos interesses 
mundanos, materiais, que os prendiam, quando na Terra, continuam 
a eles atraídos, na ilusão de, ainda, controlá-los; perturbados e 
perturbando a quem eles se acercam. Assim, permanecem, até que 
encontrem o esclarecimento fraterno, em nome do Amor. 
O Dia de Finados, em si, não representa nada de especial, para 
quem, daqui, já partiu. Nessa data, como em qualquer outra, eles são 
mais tocados pela lembrança que deles se tenha. Os espíritas não 
acendem velas para os mortos e sabem que o cemitério não é o lugar 
dos Espíritos, a não ser que os evoquem, prática que, em princípio, 
foge à sua orientação doutrinária. 
Todavia, a Doutrina nos ensina a respeitar a crença e os 
sentimentos alheios, como gostaríamos que respeitassem os nossos, 
pois “coração dos outros é terra aonde ninguém anda”. 
Na questão nº 212 de “O Livros dos Espíritos”, encontramos o 
“porquê” que complementa o nosso parágrafo anterior: “Aquele que 
visita um túmulo, apenas manifesta, por essa forma, que pensa no 
Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um ato 
íntimo. Já dissemos que a prece é que santifica o ato de 
rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o 
coração”. 
Na de nº 934, Kardec indaga dos Mentores da Codificação a 
respeito da perda de entes queridos, recebendo, como resposta, o 
imenso bem da esperança e do consolo de que a vida continua: “Essa 
causa de dor atinge, assim, o rico, como o pobre; representa uma
prova ou expiação e lei para todos. Tendes, porém, uma consolação, 
em poderdes comunicar-vos com os vossos amigos, pelos meios que 
vos estão ao alcance, enquanto não dispondes de outros mais diretos 
e mais acessíveis aos vossos sentidos”. 
O próprio Jesus, o Mestre, por excelência, deu-nos o maior 
exemplo de que a vida continua após a morte, aparecendo, como a 
outras pessoas, em lugares diferentes. 
“A vida não termina, onde a morte aparec e. Não transformes saudades, em fel, 
nos que 
se foram (...)” Emmanuel / Chic o Xavier, Uberaba-MG, 11.10.78. 
Tribuna Espírita - Setembro/Outubro de 2000 
PARENTES MORTOS 
Emmanuel 
Não olvides que além da morte continua vivendo e lutando o 
espírito amado que partiu... 
Tuas lágrimas são gotas de fel em sua taça de esperança. 
Tuas aflições são espinhos a se lhe implantarem no coração. 
* 
Tua mágoa destrutiva é como neve de angústia a congelar-lhe 
os sonhos. 
Tua tristeza é sombra a escurecer-lhe a nova senda. 
* 
Por mais que a separação te lacere a alma sensível , levanta-te 
e segue para a frente, honrando-lhe a confiança com a fiel execução 
das tarefas que o mundo te reservou. 
* 
Não vale a deserção do sofrimento, porque a fuga é sempre a 
dilatação do labirinto que nos arroja à invigilancia, compelindo-nos a 
despender longo tempo na recuperação do rumo certo. 
* 
Recorda que a lei de renovação atinge a todos e auxilia quem 
te antecedeu na grande viagem com o valor de tua renuncia e com a 
fortaleza de tua fé, sem esmorecer no trabalho – nosso invariável 
caminho para o triunfo. 
* 
Converte a dor em lição e a saudade em consolo porque, de 
outros domínios vibratórios, as afeições inesquecíveis te 
acompanham os passos, regozijando-se com as outras tuas vitórias 
solitárias, portas adentro de teu mundo interior. 
*
Todas as provas objetivam o aperfeiçoamento do aprendize, 
por enquanto, não passamos de meros aprendizes na Terra, 
amealhando o conhecimento e a virtude, em gradativa e laboriosa 
ascensão para a Vida Eterna. 
Deus, a Suprema Sabedoria e a Suprema Bondade, não criaria 
a inteligência e o amor, a beleza e a vida, para arremessá-la às 
trevas. 
* 
Repara em torno dos teus próprios passos. A cada noite no 
mundo, segue-se o esplendor do alvorecer. 
O inverno áspero é sucedido pela primavera estuante de 
renascimento e floração. 
* 
A lagarta, que hoje se arrasta no solo, amanhã librará em 
pleno espaço com asas multicores de borboleta. 
Nada perece. 
Tudo se transforma na direção do Infinito Bem. 
* 
Compreendendo, desta forma, a Verdade, entesourando-lhe as 
bênçãos, aprendamos a encontrar na morte o grande portal da vida e 
estaremos incorporando, em nosso próprio espírito, a luz 
inextinguível da Gloriosa Imortalidade 
Chico Xavier - Livro- Paz e Libertação. 
DANÇANDO COM A SAUDADE 
Amílcar Del Chiaro Filho 
Foi no dia de finados. Seguimos a nossa opção de décadas e não 
fomos ao cemitério que abrigou e abriga ainda os restos mortais de 
pessoas tão queridas para mim. Fiz as minhas preces, logo pela 
manhã, envolvendo todos aqueles que passaram pela minha vida, 
deixando marcas profundas, iluminadas pela amizade e pelo amor. 
À tarde, estava escrevendo textos para a Rádio Boa Nova e 
resolvi ouvir música enquanto trabalhava. Era uma seleção de boleros 
que amávamos muito, eu e ela, minha companheira que desencarnou 
há um ano, deixando uma intensa saudade. 
Parei de digitar e fechei os olhos. Imaginei-me dançando com ela 
nas nuvens, entre flocos brancos de algodão, Vi-a jovem e feliz. 
Eu a conduzia na contradança por um salão infinito, um vestido 
branco, com 
ligeiros tons rosa, amplamente rodado, envolvia seu corpo delicado. 
Com uma das mãos ela segurava a minha mão e uma das pontas do 
vestido, com a outra envolvia-me num carinhoso abraço. Eu sentia-me 
jovem e saudável, vestindo um terno azul marinho. 
Dançávamos enlevados, na marcação romântica do bolero, dois
pra lá, dois pra cá, como fizéramos muitas vezes na Terra. Tinha 
tanta coisa a perguntar, mas não ousava falar com medo que tudo 
aquilo se desvanecesse, como o cessar de um encantamento. Afastei-me 
um passo e olhei sua perna que fora doente, reverberando luz. 
Comecei a perceber que havia outras pessoas queridas presentes, 
mas postavam-se distantes, como a dizer que aquele era o nosso 
momento. 
Quanto tempo rodopiamos pelo salão sem sentir e sem ver 
nossos 
pés, ou a orquestra, não sei. Mas senti que o meu tempo se escoava, 
e pensei 
em 
escrever sobre esse encontro, mas tive receio. Olhei para ela, e 
recebi um ligeiro sinal afirmativo da sua cabeça. Porque era o 
momento de dizer, com o apóstolo Paulo: O último inimigo a ser 
vencido é a morte. 
A música foi cessando. Seu corpo desvaneceu em meus braços. 
Meus olhos ficaram marejados de lágrimas, e a saudade pungente foi 
balsamizada 
por aqueles instantes encantadores. 
Obrigado, meu Deus. Sinto-me mais fortalecido e sei, com 
certeza, que ela me espera em algum lugar do infinito. 
SOBRE FINADOS 
Chico Xavier 
“Em uma de nossas reuniões públicas foi ventilada a questão de 
nossas homenagens aos irmãos desencarnados. Como se sentem eles 
com as nossas comemorações e lembranças? 
Em torno dessa pergunta foram entretecidos comentários 
numerosos. E quando no início de nossas tarefas O Livro dos Espíritos 
nos deu para estudo a questão n.º353, que se vincula ao assunto, as 
explanações dos companheiros presentes foram as mais diversas. 
No término da reunião o nosso caro Emmanuel escreveu a 
página que lhe envio. É uma prece que nos sensibilizou e nos fez 
recordar a todos o Dia de Finados.” 
NOTA – O problema das comemorações do Dia de Finados, bem 
como dos funerais e de homenagens prestadas aos mortos, mereceu 
um tópico especial do capítulo VI de O Livro dos Espíritos. A posição 
doutrinária, ao contrário do que geralmente se pensa, é favorável a 
essas homenagens, desde que sinceras e não apenas convencionais. 
Os Espíritos, respondendo a perguntas de Kardec a respeito,
mostraram que os laços de amor existentes entre os que partiram e 
os que ficaram na Terra justificam esses atos. E declararam que no 
Dia de Finados os cemitérios ficam repletos de Espíritos que se 
alegram com a lembrança dos parentes e amigos. 
ORAÇÃO PELOS QUASE MORTOS 
Emmanuel 
Senhor Jesus!... 
Enquanto os irmãos da Terra procuram a nós outros - os 
companheiros desencarnados - nas fronteiras de cinza, rogando-te 
amparo em nosso favor, também nós, de coração reconhecido, 
suplicamos-te apoio em auxílio de todos eles, principalmente 
considerando aqueles que correm o risco de se marginalizarem nas 
trevas!... Pelos que perderam a fé, recusando o sentido real da vida, 
e jazem quase mortos de desespero; pelos que desertaram das 
responsabilidades próprias, anestesiando transitoriamente o próprio 
raciocínio, e surgem quase mortos de inanição espiritual; pelos que 
se entregaram à ambição desmesurada a se rodearem sem qualquer 
proveito dos recursos da Terra, e repontam do cotidiano quase 
mortos de penúria da alma; pelos que se hipertrofiaram na 
supercultura da inteligência, gelando o coração para o serviço da 
solidariedade, e aparecem quase mortos ao frio da indiferença; pelos 
que acreditaram na força ilusória da violência, atirando-se ao fogo da 
revolta, e se destacam quase mortos de angústia vazia; pelos que se 
perturbaram por ausência de esperança, confiando-se ao 
desequilíbrio, e se revelam quase mortos de aflição inútil; pelos que 
abraçaram o desânimo por norma de ação, parando de trabalhar, e 
repousam quase mortos de inércia; e pelos que se feriram ferindo aos 
outros, encarcerando-se nas cadeias da culpa, e estão quase mortos 
de arrependimento tardio!... 
*** 
Senhor!... 
Para todos os nossos irmãos que atravessam a experiência 
humana quase mortos de sofrimentos e agravos, complicações e 
problemas criados por eles mesmos, nós te rogamos auxílio e 
bênção!... 
Ajuda-os a se libertarem do visco de sombra em que se 
enredaram e traze-os de novo à luz da verdade e do amor, para que 
a luz do amor e da verdade lhes revitalize a existência a fim de que 
possam encontrar a felicidade real contigo, agora e para sempre. 
O CREDIÁRIO DA MORTE 
Irmão Saulo
A morte só existe para os que querem morrer. A necrofilia ou o 
amor da morte – no sentido negativo da palavra – é uma doença 
mental e psíquica, uma tendência mórbida de certos temperamentos, 
hoje bem definida em Psicologia. Não se trata da aberração sexual a 
que se aplicava a palavra tempos atrás, mas daquela “aberração da 
inteligência”, a que se referia Kardec, que leva o indivíduo a negar a 
sua própria capacidade de viver e de sentir a vida. 
Todo aquele que gosta de destruir e se destrói a si mesmo, 
aniquila as suas próprias forças vitais e mata as esperanças de vida 
que os outros acalentam e defendem, é necrófilo. Sabemos que a 
morte não existe, porque nada se acaba, tudo se transforma. O 
aniquilamento total do ser pelo simples fenômeno da morte – um 
fenômeno biológico de mutação – não pode mais ser admitido por 
uma pessoa ilustrada, pois o avanço atual do conhecimento positivo 
superou de muito as ilusões negativas do materialismo. 
Apesar dessa inegável realidade nova os necrófilos se apegam à 
idéia da morte como aniquilamento total do ser. E por isso se 
desesperam, entregando-se à própria destruição, apressando a 
própria morte “no visco de sombra em que se enredaram”, segundo a 
expressão de Emmanuel. E entregando-se ao ceticismo 
autodestruidor compram a morte por antecipação, no crediário “do 
desespero e das aflições inúteis”. São esses os “qua se mortos” pelos 
quais os “mortos”, no Dia de Finados, oram do lado de lá da vila 
A oração de Emmanuel pelos “quase mortos” não é uma peça 
de efeito religioso ou literário. É um sinal dos tempos, revelando-nos 
que, do outro lado da vida, aqueles que em nossa ignorância 
chamamos de mortos velam pelos “quase mortos” da Terra e pedem 
a Deus por eles. O verdadeiro morto não é o que deixou o seu corpo 
no túmulo, mas o que se serve do corpo para viver na Terra como um 
morto ambulante. Que essa oração nos lembre, neste Finados, as 
palavras de Isaías: “Os teus mortos viverão!”. 
Do livro “Na Era do Espírito”. Psic ografia de Franc isc o C. Xavier e Herc ulano 
Pires. Espíritos Diversos 
CONVERSA NO CAMPO SANTO 
Maria Dolores 
Sim, alma irmã, 
Teremos sempre um Dia de Finados, 
Dia de sonhos mortos, 
Supostamente mortos, porque todos eles 
Ressurgem renovados, 
No clima de outros portos,
Onde a vida, 
Revelada em beleza indefinida, 
É perene manhã. 
Agradeço-te as preces, 
Recamadas de flores, 
E as doces vibrações nas quais me aqueces 
Com pensamentos reconfortadores. 
Olha, porém, comigo, alma querida e boa, 
Este campo de mármores lavrados, 
Quantas vezes mais belas 
Que a mais formosa porcelana!... 
Aqui, em miniaturas de castelos, 
Gemem segredos de ternura humana... 
Ali, os rendilhados 
Criam lauréis no brilho das legendas; 
Além, anjos parados de mãos postas, 
Em lacrimosas oferendas, 
Mostram cruzes depostas, 
Vinculadas ao chão... 
Ainda, além, primores de escultura, 
Em lápides custosas, 
São tesouros de amor e desventura, 
Orvalhados de pranto e de aflição!... 
Na triste majestade que se estampa, 
Por traço de amargura, campa em campa, 
Não vemos luxo e sim o sofrimento 
De quem ficou a sós, 
De coração entregue ao desalento... 
Entretanto, alma boa, 
Este reino de pedras lapidadas, 
Quais lâminas de dor, 
Quer largar-se da morte, 
A fim de partilhar 
A construção de um mundo superior... 
Estas altas riquezas esquecidas 
Ficariam mais nobres 
Se pudessem levar sustentação 
Às áreas de outras vidas, 
As vidas que se vão apagando, ao relento, 
Ante a febre, ante a noite e as injúrias do vento, 
A sonharem amparo, teto e pão, 
Livro, afeto, agasalho, 
Proteção e trabalho, 
Paz e renovação... 
Nesses doces assuntos, 
Oremos todos juntos... 
E peçamos a Deus 
Para que os mortos redivivos 
Possam solicitar aos seus entres amados 
A desejada alteração.
Dia de Finados
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Dia de Finados

  • 1. O dia de finados para o Espírita Por: Christina Nunes A propósito do dia de finados, é interessante discorrer sobre questionamentos com os quais de vez em quando somos colhidos por parte de conhecidos, curiosos ou interessados em se iniciar nos assuntos relativos à espiritualidade. De vez em quando alguém pergunta "por que o espírita não vai ao cemitério" (no dia de finados, mais especificamente). Cabe aqui, portanto, um esclarecimento útil. Primeiro: nenhum espírita, em virtude de ideologia religiosa, ou limitação de qualquer tipo imposta
  • 2. pela doutrina, "não pode" ir ao cemitério em qualquer época. Efetivamente conheço muitos, simpatizantes, ou espiritualistas convictos, que narram de suas visitas a túmulos de parentes ou conhecidos. Segundo: o que ocorre mais amiúde é que, em detendo o espírita a tranqüila convicção de que seu ente querido não mais se demora por estas bandas, tendo demandado estâncias outras, mais ricas, de vida, guarda a consciência clara de que tudo o que ficou na sepultura foi a "roupagem gasta", e não mais, portanto, a pessoa com quem compartilhou experiências e afeto. Terceiro: isto não implica em que o espírita sincero condene ou critique o posicionamento dos demais semelhantes que, de todo o coração, prestam com sinceridade as suas homenagens aos seus afeiçoados que se anteciparam na viagem deste para o outro lado da vida. Aliás, reza no próprio conhecimento da doutrina que muitos desencarnados visitam, efetivamente, os cemitérios por ocasião da data, em consideração às demonstração de amor com que ali são distinguidos. E muitos outros ainda, afeitos aos costumes dentro dos quais desenvolveram suas experiências na matéria, conferem ainda subida importância a este gesto, ressentindo-se, de fato, daqueles que não o prestem nas datas de molde a serem lembrados. Vistas estas considerações, é sensata a conclusão de que jamais cabe padrão algum de conduta no que toca ao sagrado universo íntimo humano. Cada agrupamento familiar terreno é único e peculiar, e ninguém melhor do que os seus componentes para estarem inteirados do que
  • 3. atinge ou não atinge mais de perto a cada um; o que convém ou o que não convém em matéria de sentimento e dedicação, cujos estágios e características se multiplicam ao infinito correspondente do número de habitantes do vasto universo humano. Efetivamente, somos do lado de "lá" o que fomos aqui. É dever comezinho não só do espírita, quanto de qualquer pessoa que se diga civilizada, respeitar a diversidade dos caminhos escolhidos que, destarte, haverão de conduzir a cada ser, no tempo certo, ao mesmo ponto de encontro comum na intimidade das luzes divinas. Questão de temperamento, de agrupamento humano, de fé e de hábitos, o ir ou não ir ao cemitério, de vez que é na sinceridade do gesto, e não no gesto em si, que se vislumbra a verdadeira homenagem aos desencarnados, de forma que, amor pelos mesmos, podemos dirigir-lhes tanto do recesso abençoado do nosso recanto de meditação no lar, quanto do ambiente de qualquer templo religioso, ou ainda diariamente, no movimento tumultuado das ruas, ou também no cemitério, a qualquer dia do ano. De forma que aqueles que partiram nos amando de todo o coração haverão de valorizar e entender a nossa melhor intenção ao seu respeito, seja de onde for que se irradie, colhendo-os de pronto, pela linguagem instantânea do coração e do pensamento. Os que foram afeitos aos hábitos costumeiros do dia de finados, na medida de suas possibilidades espirituais após a transição lá estarão, junto à sepultura física, colhendo com sincera afeição os votos de paz e as preces que lhes estejam sendo dirigidas. Os provenientes dos lares espiritualistas na Terra receberão as mesmas demonstrações de amor a qualquer tempo, em
  • 4. qualquer data que faça emergir naqueles que ficaram para trás no aprendizado físico as gratas lembranças com que são evocados. O importante é que espíritas e não espíritas têm em comum, em relação aos seus amados que já se foram, à qualquer época, a linguagem inconfundível do amor entre as almas. Enxerguemos acima dos horizontes das limitações de visão humanas para alcançarmos com clareza a compreensão de que é assunto individual a forma como celebramos o nosso afeto para com os nossos entes queridos, e que o fator da sinceridade e da intenção é o que de fato conta, na hora da certeza de que nossas preces e votos de paz serão bem recebidos por aqueles que prosseguem nos amando de igual forma na continuidade pura e simples da vida, que a todos aguarda para além das portas da sepultura, sob as bênçãos de Jesus. Dia de Finados? Passos Lírio O Cristianismo é, por excelência, a Doutrina do Espírito,
  • 5. fundada em fatos que demonstram, à evidência, a sua presença e atuação, em qualquer circunstância, sempre que necessário. Seus ensinamentos primam pela tese comprobatória da realidade da existência da alma e de sua faculdade de entrar em relação conosco, em estado de vigília ou durante o sono, como que a mostrar-nos à saciedade que há entre os dois planos, material e espiritual, corpóreo e incorpóreo, estreito entrosamento. Maria de Nazaré recebe a visita do Anjo Gabriel, que lhe anuncia a maternidade de agraciada do Senhor. José, em se propondo deixar a esposa secretamente, é avisado em sonho de que não faça tal, porque o que nela fora gerado era do Espírito Santo. Isabel, visitada pela gestante eleita, recebe o impacto de poderoso influxo magnético, que faz que a criança - ela também estava para ser mãe -, lhe estremeça no ventre. Os magos visualizam no Oriente uma estrela que os guia em dois estafantes anos de viagem e os conduz, não à gruta, mas à casa onde se achavam José e Maria e, de regresso, são “por divina advertência prevenidos em sonho para não voltarem à presença de Herodes”. Em sonho ainda, “eis que aparece um anjo do Senhor a José”, induzindo-o à fuga para o Egito a fim de salvar o menino da sanha sanguinária de Herodes, ordenando-lhe que retornasse à “terra de Israel” e aconselhando-o a que se retirasse “para as regiões da Galilé ia”. Uma entidade angelical, na calada da noite, aparece aos pastores dando-lhes a boa nova do Nascimento do Salvador. “Movido pelo Espírito”, Simeão foi ao templo, onde tomou nos braços o Filho de Deus, bendizendo ao Pai pela bênção de tê-Lo visto antes de partir e profetizando acerca do Seu messianato. Ana, a profetisa, mediunizada, “chegando naquela hora, dava graças a Deus, e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém”. Antes do Nascimento de Jesus, houve o de João,
  • 6. caracterizado também por manifestações espirituais ostensivas. Quando Zacharias oficiava no templo, “na ordem do seu turno”, surge-lhe um Emissário Celestial que lhe prediz o nascimento do Precursor. No Jordão, ao se processar o batismo de Jesus, uma voz reboa pelo ar, dizendo: - “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo. Este mesmo fenômeno de pneumatofonia repete-se quando da transfiguração do Mestre no Monte Tabor, presentes os Espíritos de Moisés e Elias, profetas da antiga dispensação. Ressuscita, o Messias, a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim e o irmão de Marta e Maria. Na parábola do rico e Lázaro, infunde-nos Ele a convicção na realidade da comunicação dos Espíritos com os homens, fazendo que Abraão ponderasse ao rico, que queria falar a cinco irmãos seus, ser inútil aparecer-lhes porque eles não lhe dariam crédito e não porque fosse impossível fazer-se-lhes visível para adverti-los. Liberta endemoninhados, cujos Espíritos impuros e obsessores confessavam conhecê-Lo e reconhecer-Lhe a autoridade de Filho do Altíssimo. - “Porque buscais entre os e mortos ao que vive?” Foi a pergunta que “dois varões com vestes resplandecentes” fizeram às mulheres que levavam aromas e bálsamos para depositar no túmulo de Jesus, cuja pedra encontraram removida, sem o corpo no seu interior. - “O Senhor ressuscitou e já apareceu a Simão!” Assim se expressavam os dois discípulos que, a caminho de Emaús, tiveram a companhia do Mestre, com quem confabularam durante toda a viagem e a quem pediram, ao término da jornada: - “Fica conosco, porque é tarde e o dia já declina.” “E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém onde acharam reunidos os onze e outros com eles. Então os dois contaram o que lhes acontecera no caminho, e como fora por eles reconhecido no partir do pão.” “O Espiritismo, que se funda estruturalmente no Cristianismo, cuja pureza primitiva restaura em toda a
  • 7. plenitude, desfralda também a bandeira da imortalidade da alma, da eternidade do ser no Infinito do Tempo e do Espaço”. - “Paz seja convosco.” -“Porque estais perturbados? E por que sobem dúvidas aos vossos corações?” Foram palavras de Jesus, na Sua primeira aparição aos Discípulos, no Cenáculo de Jerusalém. - “Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram, e creram.” Outras palavras de Jesus, em Sua segunda aparição aos Discípulos, dirigidas especialmente a Tomé, que, por não estar presente na primeira, não dera crédito à versão divulgada pelos seus companheiros, de que o Senhor lhes aparecera. “Depois disto, tornou Jesus a manifestar-se aos Discípulos junto do mar de Tiberíades”, onde se desenrolam acontecimentos de assinalada importância que culminam com o famoso diálogo entre Ele e Simão Pedro, o Pescador de Calarnaum. Finalmente, apareceu o Nazareno, no monte, aos quinhentos da Galiléia, a quem endereça, pela última vez, a Sua Palavra de Vida Eterna, após o que ocorre a Ascensão definitiva. Isto sem falar de aparições, no cenário de Jerusalém, a Maria Madalena; a Maria de Nazaré, em Éfeso, na casa de João Evangelista; a Pedro, por algumas vezes; a Saulo de Tarso, às portas de Damasco. Onde, em tudo isso, a idéia de morte? Antes não ressumbra, de todos esses sucessos, a noção de “vida abundante”, de pensamento e ação por parte daqueles que formam o mundo incorpóreo? O Espiritismo, que se funda estruturalmente no Cristianismo, cuja pureza primitiva restaura em toda a plenitude, desfralda também a bandeira da imortalidade da alma, da eternidade do ser no Infinito do Tempo e do Espaço. Não há mortos e vivos, nem do lado de lá, nem do lado de cá, embora possa haver, tanto num quanto noutro plano, mortos-vivos e vivos-mortos. Ninguém vai, ninguém fica, apenas alguns chegam e outros voltam, na longa caminhada de poder subir para saber descer, ajudando os outros a fim de ajudar-se a si próprio.
  • 8. A mediunidade, disciplinada espiriticamente, nos descortinou novas dimensões de vida, revelando ao mundo a existência de outros mundos e à Humanidade a presença de outras Humanidades disseminadas no turbilhão de astros que gravitam nos arcanos do Universo. 2 de Novembro... Como os demais, dia de todos nós, encarnados e desencarnados, que buscamos na Terra ou na Erraticidade os valores do Espírito, a gloriosa realização de nós mesmos em Deus, libertos e purificados por todo o sempre, para empunhamos na destra a palma da vitória e cingirmos à frente a coroa de louros de almas redimidas e ressurrectas, integradas nas sublimes claridades dos cimos. Fonte: Reformador nº1976 – Novembro/1993 Responsável pela transcrição: Wadi Ibrahim Dia de Finados Azamor Cirne “A Morte é o veíc ulo c ondutor enc arregado de transferir a mec ânic a da vida de um apara outra vibraç ão”. - Joanna de Ângelis Dizer que a existência dos Espíritos foi invenção de Allan Kardec, não passe de uma inverdade formulada, a priori, sem conhecimento de causa. Ora, não se inventa o que está na Natureza. Newton não inventou a Lei da Gravitação. Esta lei já existia, antes dele. Pasteur não inventou as bactérias; elas já existiam. Estes cientistas, apenas, as descobriram. São muitos os exemplos. Allan Kardec nada julgou, a priori. As experimentações positivas, por ele realizadas, vieram revelar os fatos e confirmar, a posteriori, as teorias. Foram os próprios Espíritos que se revelaram, como sendo as almas dos mortos. Ao Espiritismo, isto sim, coube a honra de ter sido o primeiro a se interessar, de maneira séria, e observar, cientificamente, a origem, a natureza e o destino dos Espíritos, depois da morte do corpo físico, além de comprovar as comunicações que podem estabelecer com os encarnados. Aliás, entre os fundamentos dessa Doutrina, quatro estão na base de todas as religiões: Deus, alma, imortalidade e vida futura.
  • 9. “A idéia vaga da vida futura acrescenta a revelação da existência do mundo invisível que nos rodeia e povoa o espaço, e, com isso, precisa a crença, dá-lhe um corpo, uma consistência, uma realidade à idéia”- afirma o Codificador. Após o fenômeno da morte a alma (Espírito) desprende-se do corpo, com o rompimento do laço sutil que a prendia: o cordão fluídico. No mundo dos Espíritos - que é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente, e sobrevivente - o Espírito, ligado ao corpo espiritual (perispírito) passa por um estado de perturbação, com quem acorda de um sonho, em um outro lugar. Sua mente, já desligada do cérebro, portanto, traz-lhe à consciência os registros (lembranças) dessa última existência e de outras. Como a Doutrina refuta a hipótese de céu e inferno, inclusive, por questão de lógica, o desencarnado não vai desfrutar dos gozos eternos e nem estará, irremediavelmente, condenado ao suplício interminável. Aqueles que estiverem condicionados aos interesses mundanos, materiais, que os prendiam, quando na Terra, continuam a eles atraídos, na ilusão de, ainda, controlá-los; perturbados e perturbando a quem eles se acercam. Assim, permanecem, até que encontrem o esclarecimento fraterno, em nome do Amor. O Dia de Finados, em si, não representa nada de especial, para quem, daqui, já partiu. Nessa data, como em qualquer outra, eles são mais tocados pela lembrança que deles se tenha. Os espíritas não acendem velas para os mortos e sabem que o cemitério não é o lugar dos Espíritos, a não ser que os evoquem, prática que, em princípio, foge à sua orientação doutrinária. Todavia, a Doutrina nos ensina a respeitar a crença e os sentimentos alheios, como gostaríamos que respeitassem os nossos, pois “coração dos outros é terra aonde ninguém anda”. Na questão nº 212 de “O Livros dos Espíritos”, encontramos o “porquê” que complementa o nosso parágrafo anterior: “Aquele que visita um túmulo, apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um ato íntimo. Já dissemos que a prece é que santifica o ato de rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o coração”. Na de nº 934, Kardec indaga dos Mentores da Codificação a respeito da perda de entes queridos, recebendo, como resposta, o imenso bem da esperança e do consolo de que a vida continua: “Essa causa de dor atinge, assim, o rico, como o pobre; representa uma prova ou expiação e lei para todos. Tendes, porém, uma consolação,
  • 10. em poderdes comunicar-vos com os vossos amigos, pelos meios que vos estão ao alcance, enquanto não dispondes de outros mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos”. O próprio Jesus, o Mestre, por excelência, deu-nos o maior exemplo de que a vida continua após a morte, aparecendo, como a outras pessoas, em lugares diferentes. “A vida não termina, onde a morte aparec e. Não transformes saudades, em fel, nos que se foram (...)” Emmanuel / Chico Xavier, Uberaba-MG, 11.10.78. Tribuna Espírita - Setembro/Outubro de 2000 PARENTES MORTOS Emmanuel Não olvides que além da morte continua vivendo e lutando o espírito amado que partiu... Tuas lágrimas são gotas de fel em sua taça de esperança. Tuas aflições são espinhos a se lhe implantarem no coração. * Tua mágoa destrutiva é como neve de angústia a congelar-lhe os sonhos. Tua tristeza é sombra a escurecer-lhe a nova senda. * Por mais que a separação te lacere a alma sensível , levanta-te e segue para a frente, honrando-lhe a confiança com a fiel execução das tarefas que o mundo te reservou. * Não vale a deserção do sofrimento, porque a fuga é sempre a dilatação do labirinto que nos arroja à invigilancia, compelindo-nos a despender longo tempo na recuperação do rumo certo. * Recorda que a lei de renovação atinge a todos e auxilia quem te antecedeu na grande viagem com o valor de tua renuncia e com a fortaleza de tua fé, sem esmorecer no trabalho – nosso invariável caminho para o triunfo. * Converte a dor em lição e a saudade em consolo porque, de outros domínios vibratórios, as afeições inesquecíveis te acompanham os passos, regozijando-se com as outras tuas vitórias solitárias, portas adentro de teu mundo interior. * Todas as provas objetivam o aperfeiçoamento do aprendize,
  • 11. por enquanto, não passamos de meros aprendizes na Terra, amealhando o conhecimento e a virtude, em gradativa e laboriosa ascensão para a Vida Eterna. Deus, a Suprema Sabedoria e a Suprema Bondade, não criaria a inteligência e o amor, a beleza e a vida, para arremessá-la às trevas. * Repara em torno dos teus próprios passos. A cada noite no mundo, segue-se o esplendor do alvorecer. O inverno áspero é sucedido pela primavera estuante de renascimento e floração. * A lagarta, que hoje se arrasta no solo, amanhã librará em pleno espaço com asas multicores de borboleta. Nada perece. Tudo se transforma na direção do Infinito Bem. * Compreendendo, desta forma, a Verdade, entesourando-lhe as bênçãos, aprendamos a encontrar na morte o grande portal da vida e estaremos incorporando, em nosso próprio espírito, a luz inextinguível da Gloriosa Imortalidade Chico Xavier - Livro- Paz e Libertação. DANÇANDO COM A SAUDADE Amílcar Del Chiaro Filho Foi no dia de finados. Seguimos a nossa opção de décadas e não fomos ao cemitério que abrigou e abriga ainda os restos mortais de pessoas tão queridas para mim. Fiz as minhas preces, logo pela manhã, envolvendo todos aqueles que passaram pela minha vida, deixando marcas profundas, iluminadas pela amizade e pelo amor. À tarde, estava escrevendo textos para a Rádio Boa Nova e resolvi ouvir música enquanto trabalhava. Era uma seleção de boleros que amávamos muito, eu e ela, minha companheira que desencarnou há um ano, deixando uma intensa saudade. Parei de digitar e fechei os olhos. Imaginei-me dançando com ela nas nuvens, entre flocos brancos de algodão, Vi-a jovem e feliz. Eu a conduzia na contradança por um salão infinito, um vestido branco, com ligeiros tons rosa, amplamente rodado, envolvia seu corpo delicado. Com uma das mãos ela segurava a minha mão e uma das pontas do vestido, com a outra envolvia-me num carinhoso abraço. Eu sentia-me jovem e saudável, vestindo um terno azul marinho. Dançávamos enlevados, na marcação romântica do bolero, dois pra lá, dois pra cá, como fizéramos muitas vezes na Terra. Tinha
  • 12. tanta coisa a perguntar, mas não ousava falar com medo que tudo aquilo se desvanecesse, como o cessar de um encantamento. Afastei-me um passo e olhei sua perna que fora doente, reverberando luz. Comecei a perceber que havia outras pessoas queridas presentes, mas postavam-se distantes, como a dizer que aquele era o nosso momento. Quanto tempo rodopiamos pelo salão sem sentir e sem ver nossos pés, ou a orquestra, não sei. Mas senti que o meu tempo se escoava, e pensei em escrever sobre esse encontro, mas tive receio. Olhei para ela, e recebi um ligeiro sinal afirmativo da sua cabeça. Porque era o momento de dizer, com o apóstolo Paulo: O último inimigo a ser vencido é a morte. A música foi cessando. Seu corpo desvaneceu em meus braços. Meus olhos ficaram marejados de lágrimas, e a saudade pungente foi balsamizada por aqueles instantes encantadores. Obrigado, meu Deus. Sinto-me mais fortalecido e sei, com certeza, que ela me espera em algum lugar do infinito. SOBRE FINADOS Chico Xavier “Em uma de nossas reuniões públicas foi ventilada a questão de nossas homenagens aos irmãos desencarnados. Como se sentem eles com as nossas comemorações e lembranças? Em torno dessa pergunta foram entretecidos comentários numerosos. E quando no início de nossas tarefas O Livro dos Espíritos nos deu para estudo a questão n.º353, que se vincula ao assunto, as explanações dos companheiros presentes foram as mais diversas. No término da reunião o nosso caro Emmanuel escreveu a página que lhe envio. É uma prece que nos sensibilizou e nos fez recordar a todos o Dia de Finados.” NOTA – O problema das comemorações do Dia de Finados, bem como dos funerais e de homenagens prestadas aos mortos, mereceu um tópico especial do capítulo VI de O Livro dos Espíritos. A posição doutrinária, ao contrário do que geralmente se pensa, é favorável a essas homenagens, desde que sinceras e não apenas convencionais. Os Espíritos, respondendo a perguntas de Kardec a respeito, mostraram que os laços de amor existentes entre os que partiram e
  • 13. os que ficaram na Terra justificam esses atos. E declararam que no Dia de Finados os cemitérios ficam repletos de Espíritos que se alegram com a lembrança dos parentes e amigos. ORAÇÃO PELOS QUASE MORTOS Emmanuel Senhor Jesus!... Enquanto os irmãos da Terra procuram a nós outros - os companheiros desencarnados - nas fronteiras de cinza, rogando-te amparo em nosso favor, também nós, de coração reconhecido, suplicamos-te apoio em auxílio de todos eles, principalmente considerando aqueles que correm o risco de se marginalizarem nas trevas!... Pelos que perderam a fé, recusando o sentido real da vida, e jazem quase mortos de desespero; pelos que desertaram das responsabilidades próprias, anestesiando transitoriamente o próprio raciocínio, e surgem quase mortos de inanição espiritual; pelos que se entregaram à ambição desmesurada a se rodearem sem qualquer proveito dos recursos da Terra, e repontam do cotidiano quase mortos de penúria da alma; pelos que se hipertrofiaram na supercultura da inteligência, gelando o coração para o serviço da solidariedade, e aparecem quase mortos ao frio da indiferença; pelos que acreditaram na força ilusória da violência, atirando-se ao fogo da revolta, e se destacam quase mortos de angústia vazia; pelos que se perturbaram por ausência de esperança, confiando-se ao desequilíbrio, e se revelam quase mortos de aflição inútil; pelos que abraçaram o desânimo por norma de ação, parando de trabalhar, e repousam quase mortos de inércia; e pelos que se feriram ferindo aos outros, encarcerando-se nas cadeias da culpa, e estão quase mortos de arrependimento tardio!... *** Senhor!... Para todos os nossos irmãos que atravessam a experiência humana quase mortos de sofrimentos e agravos, complicações e problemas criados por eles mesmos, nós te rogamos auxílio e bênção!... Ajuda-os a se libertarem do visco de sombra em que se enredaram e traze-os de novo à luz da verdade e do amor, para que a luz do amor e da verdade lhes revitalize a existência a fim de que possam encontrar a felicidade real contigo, agora e para sempre. O CREDIÁRIO DA MORTE Irmão Saulo A morte só existe para os que querem morrer. A necrofilia ou o
  • 14. amor da morte – no sentido negativo da palavra – é uma doença mental e psíquica, uma tendência mórbida de certos temperamentos, hoje bem definida em Psicologia. Não se trata da aberração sexual a que se aplicava a palavra tempos atrás, mas daquela “aberração da inteligência”, a que se referia Kardec, que leva o indivíduo a negar a sua própria capacidade de viver e de sentir a vida. Todo aquele que gosta de destruir e se destrói a si mesmo, aniquila as suas próprias forças vitais e mata as esperanças de vida que os outros acalentam e defendem, é necrófilo. Sabemos que a morte não existe, porque nada se acaba, tudo se transforma. O aniquilamento total do ser pelo simples fenômeno da morte – um fenômeno biológico de mutação – não pode mais ser admitido por uma pessoa ilustrada, pois o avanço atual do conhecimento positivo superou de muito as ilusões negativas do materialismo. Apesar dessa inegável realidade nova os necrófilos se apegam à idéia da morte como aniquilamento total do ser. E por isso se desesperam, entregando-se à própria destruição, apressando a própria morte “no visco de sombra em que se enredaram”, segundo a expressão de Emmanuel. E entregando-se ao ceticismo autodestruidor compram a morte por antecipação, no crediário “do desespero e das aflições inúteis”. São esses os “quase mortos” pelos quais os “mortos”, no Dia de Finados, oram do lado de lá da vi la A oração de Emmanuel pelos “quase mortos” não é uma peça de efeito religioso ou literário. É um sinal dos tempos, revelando-nos que, do outro lado da vida, aqueles que em nossa ignorância chamamos de mortos velam pelos “quase mortos” da Terra e pedem a Deus por eles. O verdadeiro morto não é o que deixou o seu corpo no túmulo, mas o que se serve do corpo para viver na Terra como um morto ambulante. Que essa oração nos lembre, neste Finados, as palavras de Isaías: “Os teus mortos viverão!”. Do livro “Na Era do Espírito”. Psic ografia de Franc isc o C. Xavier e Herc ulano Pires. Espíritos Diversos CONVERSA NO CAMPO SANTO Maria Dolores Sim, alma irmã, Teremos sempre um Dia de Finados, Dia de sonhos mortos, Supostamente mortos, porque todos eles Ressurgem renovados, No clima de outros portos, Onde a vida, Revelada em beleza indefinida,
  • 15. É perene manhã. Agradeço-te as preces, Recamadas de flores, E as doces vibrações nas quais me aqueces Com pensamentos reconfortadores. Olha, porém, comigo, alma querida e boa, Este campo de mármores lavrados, Quantas vezes mais belas Que a mais formosa porcelana!... Aqui, em miniaturas de castelos, Gemem segredos de ternura humana... Ali, os rendilhados Criam lauréis no brilho das legendas; Além, anjos parados de mãos postas, Em lacrimosas oferendas, Mostram cruzes depostas, Vinculadas ao chão... Ainda, além, primores de escultura, Em lápides custosas, São tesouros de amor e desventura, Orvalhados de pranto e de aflição!... Na triste majestade que se estampa, Por traço de amargura, campa em campa, Não vemos luxo e sim o sofrimento De quem ficou a sós, De coração entregue ao desalento... Entretanto, alma boa, Este reino de pedras lapidadas, Quais lâminas de dor, Quer largar-se da morte, A fim de partilhar A construção de um mundo superior... Estas altas riquezas esquecidas Ficariam mais nobres Se pudessem levar sustentação Às áreas de outras vidas, As vidas que se vão apagando, ao relento, Ante a febre, ante a noite e as injúrias do vento, A sonharem amparo, teto e pão, Livro, afeto, agasalho, Proteção e trabalho, Paz e renovação... Nesses doces assuntos, Oremos todos juntos... E peçamos a Deus Para que os mortos redivivos Possam solicitar aos seus entres amados A desejada alteração. A fim de que o lugar dos supostos finados Não precise brilhar entre fortunas mortas,
  • 16. Pois, todos nós, na vida, em sentido profundo, Queremos mais conforto e alegria no mundo!... Para que nos lembremos uns dos outros, Bastam as nossas dores como são, Uma pequena cruz, um nome e a relva verde e mansa, Que nos falem de paz e de esperança Na saudade sem fim do coração. FINADOS E REENCARNADOS Cornélio Pires Caro Armando, recebi Os bilhetes e os recados; Você deseja notícias De alguns dos nossos finados. Entendo. Finados hoje Para nós, é a comitiva Dos irmãos fora da Terra, Gente morta sendo viva. Não posso dar muitas notas De sentido mais profundo, Falarei de alguns amigos Já reencarnados no mundo. As vezes, nos cemitérios, A gente chora na campa De amados que já voltaram Para a Terra, em nova estampa. Você recorda Nhô Zeca Que liquidou João Matula? João voltou à casa dele, É o netinho que ele adula. Por causa de Frederico, Suicidou-se o Tonho Prata, Tonho, porém, renasceu... É o bisneto que o maltrata. Outro suicídio, o de Délio Que morreu por Lia Benta... Délio tomou novo berço, É o filho que ela amamenta. Por ambição, Carlomanho
  • 17. Arrasou com Dona Luna; Ela nasceu neta dele, A fim de herdar-lhe a fortuna. Tino e Rita promoveram A morte de Adão Ramalho; Adão renasceu com eles, Trazendo imenso trabalho. Nhô Téo acabou com Joana Ao não querê-la por nora, Mas Joana já reencarnou... É anetinha que ele adora. Morreram dois inimigos: Tião e Juca da Barra... Agora nasceram Gêmeos, Vieram irmãos na marra. Desencarnado, Nhô Gino Que falava mal de tudo, Pediu corrigenda a Deus, Em seguida, nasceu mudo. Nosso assunto é isto aí... Recordação de finados É a vida em torno da vida Que se expressa por dois lados. Enquanto estamos na Terra, Para dizer o que posso, Muita vez, a gente reza Em campo que já foi nosso. Livro "Baú de Casos" - Psicografia de Francisco Cândido Xavier - Espírito Cornélio Pires Francisco Cândido Xavier. Da obra: Dádivas de Amor. Ditado pelo Espírito Maria Dolores Digitado por: Lúcia Aydir NO DIA DE FINADOS INÊS SABINO Pinho Maia * 1. Agradeço, meu filho, a glória que me deste, O mármore custoso, o imponente jazigo,
  • 18. A legenda piedosa, as flores que bendigo, A oração da saudade, a sombra do cipreste... Mas afasta de nós a pompa que me veste! 6. Este luxo no chão é miséria comigo... Quero apenas o amor por sacrossanto abrigo, Dá-me teu coração por tesouro celeste. Não me busques, em vão, na gelidez das lousas! Transfunde-me a lembrança em pão que reconforte A quem viva de fel na aflição que te espia... Procura-me na dor do caminho em que pousas E esparze em tudo o bem, porque a bênção da morte, 14. Que me acordou na luz, há-de acordar-me um dia... ______ (*) Poetisa, jornalista e romancista. Domingos Carvalho da Silva, em sua obra Vozes Fem. da Poesia Brás., pág. 22, considerou-a merecedora de figurar num seleto grupo de poetisas da fase pós-romântica e parnasiana. Iniciou a sua educação literária na Inglaterra. Regressando ao Brasil ainda bem jovem, pouco depois dava a público as suas primeiras poesias e traduzia, para o português, contos, novelas e pequenos romances ingleses e franceses. Foi uma das escritoras que no Nordeste , em fins do século XIX, lutou pela participação da mulher nas lides literárias, contra um meio adverso nesse sentido. No prefácio à sua obra Impressões, Inês Sabino Pinho Maia fez esta judiciosa observaç ão: “Retirem-se do manto estrelado da poesia os salpicos do ideal, que um livro de versos não passará de um compêndio enjoativo das verdades amargas que nos rodeiam acremente por todas a parte”. O Jornal do Commércio, do Rio, em seu úmero de 14 de setembro de 1911, destacou-lhe a “grande nobreza de sentimento”, o “espírito c aridoso e esmoler” e a real educ aç ão”. (Bahia (**), 31 de dezembro de 1853 – Rio de Janeiro, GB, 13 de setembro de 1911). BIBLIOGRAFIA; Ave Libertas, poemeto; Rosas Pálidas, versos (1ª série): Impressões, versos (2ª série); Contos e Lapidações; etc. ____ (**) Affonso Costa em “Poetas de outro Sexo”, p. III, afirma ter ela nasc ido na Bahia e não em Pernambuco. ____ 1. Enumeração 6. Antítese 14. Poliptoto: “Que me ac ordou..., há de acordar-te...” Livro: “Antologia dos Imortais” - Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira
  • 19. DIANTE DA ATUALIDADE Francisco Cândido Xavier As presentes ocorrências do mundo nos levaram, antes da reunião, a longas conversações sobre os problemas da preservação do homem, no tocante à paz. Lembrávamos as guerras do passado e os conflitos da nossa época, imaginando como deve ser o nosso comportamento diante das grandes lutas da atualidade. Como agir contra a insegurança? De que modo assegurar a tranquilidade e os valores da existência? Com semelhantes perguntas em nossa mente fomos aos estudos programados. O Livro dos Espíritos nos ofereceu a questão 738 a exame. E vários comentaristas se expressaram sobre o tema. Ao final das atividades o nosso caro Emmanuel escreveu a página que lhe envio em nome dos companheiros e em meu próprio nome, rogando a. sua cooperação para que seja lançada com os seus comentários em nossas publicações conjuntas. NOTA – A questão 738, acima referida, trata do problema da guerra, dos flagelos destruidores e da situação do homem diante desses Acontecimentos. Os espíritos lembram a natureza espiritual do homem, que é imortal, e por isso mesmo não é afetada por essas destruições materiais. ABRIGO Emmanuel Nas grandes calamidades que irrompem na Terra, cada criatura pode construir o seu próprio refúgio. Comumente no mundo interpretamos por abrigo a fatia de espaço fechado que destinamos aos serviços de proteção e segurança. Entretanto, embora respeitemos os redutos a que se acolhem as multidões nas horas de crise, buscando a preservação própria, consideramos que ainda mesmo segregada em forte redoma, do ponto de vista material, a pessoa humana não está livre da trombose ou da parada cardíaca, do colapso nervoso ou da tensão emocional. Isso nos induz a reconhecer que em qualquer situação difícil, muito acima dos lugares de privilégio, precisamos de apoio íntimo que nos faculte serenidade e discernimento. Uma fortaleza na qual possamos colaborar dignamente na supressão do tumulto por fora, conservando a paz por dentro. Não obteremos isso, porém, fugindo da realidade, mas enfrentando-a através da ação construtiva, de modo a descortinar-lhe todas as lições e aproveitá-las. Nunca disporemos de asilo seguro, escondendo-nos em praias desertas, bojos metálicos, covas de pedra ou furnas da natureza. O abrigo real de cada um está no íntimo de si mesmo. A certeza de que não nos achamos sós nos campos do Universo, a confiança na sobrevivência do espírito além da morte, a fé na sabedoria da vida, a aceitação do dever de praticar o bem e a dedicação à ordem são materiais dos mais importantes com que se constrói a cidadela da consciência tranqüila. À frente de semelhante verdade, não temas a ventania das paixões desencadeadas, quando as tempestades da renovação agitam a Terra.
  • 20. Conserva a calma e confia no Poder Maior que te insuflou a força da vida. Calma, no entanto, não significa inércia. Define i estado íntimo de quem se prepara, a fim de fazer o melhor, sejam quais forem as circunstâncias. Ora trabalhando e espera construindo. E, convençamo-nos todos, em todas as eventualidades, de que o abrigo invulnerável está sempre em nós mesmos, quando aceitamos a responsabilidade de viver com base na justiça e na misericórdia de Deus. OS RESTOS MORTAIS Irmão Saulo Há muitas expressões impróprias na linguagem humana. Quando falamos dos finados, daqueles que morreram, damos à morte um sentido absoluto que ela jamais possui. O que se finda com a morte não é o ser humano, mas apenas uma existência do ser imortal, numa breve passagem pelo plano físico. Mas a intuição da eternidade da vida gerou também algumas expressões acertadas. Ao falar de restos mortais, colocamos o problema da morte em seus devidos termos. Restos, nada mais do que restos de um processo biológico pelo qual o ser humano real se liberta do seu envoltório animal. Que segurança queremos ter no frágil escafandro do corpo? Que abrigo nos pode dar a garantia de preservação diante do perigo? Em que espécie de refúgio poderemos escapar da morte? Não obstante, essa garantia que procuramos no Exterior está em nós mesmos, em nossa própria natureza de seres imortais. A vida aparente extingue-se com a morte, mas a vida real nunca se extingue. Geração e corrupção constituem os pólos da existência física. Aquém de um e além de outro, a verdadeira vida se mantém inalterável Trazemos essa verdade em nós como potência, mas precisamos transformá-la em ato na nossa consciência para podermos superar as ilusões do efêmero. Inútil querermos agarrar-nos a uma vida que se esvai a cada minuto que passa. E chamamos a isso atitude positiva, quando a positividade está precisa-mente no contrário, na certeza de que nada nos pode livrar da morte corporal. Mas temos urna tarefa a cumprir nesta breve existência. Temos de aprender a confiar no espírito. E para isso precisamos desenvolver as nossas faculdades espirituais. O egocentrismo exagera o instinto de conservação. Mas as guerras, os flagelos, os cataclismos esmagam o nosso egoísmo e nos obrigam a sair de nós mesmos e nos tornarmos capazes das virtudes heróicas que nos elevam acima de nós mesmos. Foi isso que o Cristo ensinou ao dizer que os que se apegam à vida perdê-la-ão, mas os que a perderem por amor à verdade a encontrarão. A morte não é o fim. Nunca seremos finados. A morte é apenas a passagem de uma condição perecível para a incondição da verdadeira vida. Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos. Psicografia de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.
  • 21. REFORMADOR - NOVEMBRO 1993 Editorial - O Dom da Vida Defendendo a vida - JUVANIR BORGES DE SOUZA Vida - Edmundo Xavier de Barros O Culto de Finados - Inaldo Lacerda Lima A síndrome de Carolina - Richard Simonetti Gostar do que se faz: Uma maneira de Prevenção - Jacob Melo Notícias do Mundo - Hernani T. Sant'Anna Dia de Finados? ALÉM DA MORTE Cumprida mais uma jornada na terra, seguem os espíritos para a pátria espiritual, conduzindo a bagagem dos feitos acumulados em suas existências físicas. Aportam no plano espiritual, nem anjos, nem demônios. São homens, almas em aprendizagem despojadas da carne. São os mesmos homens que eram antes da morte. A desencarnação não lhes modifica hábitos, nem costumes. Não lhes outorga títulos, nem conquistas. Não lhes retira méritos, nem realizações. Cada um se apresenta após a morte como sempre viveu. Não ocorre nenhum milagre de transformação para aqueles que atingem o grande porto. Raros são aqueles que despertam com a consciência livre, após a inevitável travessia. A grande maioria, vinculada de forma intensa às sensações da matéria, demora-se, infeliz, ignorando a nova realidade. Muitos agem como turistas confusos em visita à grande cidade, buscando incessantemente endereços que não conseguem localizar. Sentem a alma visitada por aflições e remorsos, receios e ansiedades. Se refletissem um pouco perceberiam que a vida prossegue sem grandes modificações.
  • 22. Os escravos do prazer prosseguem inquietos. Os servos do ódio demoram-se em aflição. Os companheiros da ilusão permanecem enganados. Os aficionados da mentira dementam-se sob imagens desordenadas. Os amigos da ignorância continuam perturbados. Além disso, a maior parte dos seres não é capaz de perceber o apoio dispensado pelos espíritos superiores. Sim, porque mesmo os seres mais infelizes e voltados ao mal não são esquecidos ou abandonados pelo auxílio divino. Em toda parte e sem cessar, amigos espirituais amparam todos os seus irmãos, refletindo a paternal providência divina. Morrer, longe de ser o descansar nas mansões celestes ou o expurgar sem remissão nas zonas infelizes, é, pura e simplesmente, recomeçar a viver. A morte a todos aguarda. Preparar-se para tal acontecimento é tarefa inadiável. Apenas as almas esclarecidas e experimentadas na batalha redentora serão capazes de transpor a barreira do túmulo e caminhar em liberdade. A reencarnação é uma bendita oportunidade de evolução. A matéria em que nos encontramos imersos, por ora, é abençoado campo de luta e de aprimoramento pessoal. Cada dia de que dispomos na carne é nova chance de recomeço. Tal benefício deve ser aproveitado para aquisição dos verdadeiros valores que resistem à própria morte. Na contabilidade divina a soma de ações nobres anula a coletânea equivalente de atos indignos. Todo amor dedicado ao próximo, em serviço educativo à humanidade, é degrau de ascensão. *** Quando o véu da morte fechar os nossos olhos nesta existência,
  • 23. continuaremos vivendo, em outro plano e em condições diversas. Estaremos, no entanto, imbuídos dos mesmos defeitos e das mesmas qualidades que nos movimentavam antes do transe da morte. A adaptação a essa nova realidade dependerá da forma como nos tivermos preparado para ela. Semeamos a partir de hoje a colheita de venturas, ou de desdita, do amanhã. Pense nisso. MORTOS AMADOS – Emmanuel Na Terra, quando perdemos a companhia de seres amados, ante a visitação da morte sentimo-nos como se nos arrancassem o coração para que se faça alvejado fora do peito. Ânsia de rever sorrisos que se extinguiram, fome de escutar palavras que emudeceram. E bastas vezes tudo o que nos resta no mundo íntimo é um veio de lágrimas estanques, sem recursos de evasão pelas fontes dos olhos. Compreendemos, sim, neste Outro Lado da Vida, o suplício dos que vagueiam entre as paredes do lar ou se imobilizam no espaço exíguo de um túmulo, indagando porquê... Se varas semelhantes sombras de saudade e distância, se o vazio te atormenta o espírito, asserena-te e ora, como saibas e como possas, desejando a paz e a segurança dos entes inesquecíveis que te antecederam na Vida Maior. Lembra a criatura querida que não mais te compartilha as experiências no Plano Físico, não por pessoa que
  • 24. desapareceu para sempre e sim à feição de criatura invisível, mas não de todo ausente. Os que rumaram para outros caminhos, além das fronteiras que marcam a desencarnação, também lutam e amam, sofrem e se renovam. Enfeita-lhes a memória com as melhores lembranças que consigas enfileirar e busca tranqülizá-los com o apoio de tua conformidade e de teu amor. Se te deixas vencer pela angústia, ao recordar-lhes a imagem, sempre que se vejam em sintonia mental contigo, ei-los que suportam angústia maior, de vez que passam a carregar as próprias aflições sobretaxadas com as tuas. Compadece-te dos entes amados que te precederam na romagem da Grande Renovação. Chora, quando não possas evitar o pranto que se te derrama da alma; no entanto, converte quanto possível as próprias lágrimas em bênçãos de trabalho e preces de esperança, porquanto eles todos te ouvem o coração na Vida Superior, sequiosos de se reunirem contigo para o reencontro no trabalho do próprio aperfeiçoamento, à procura do amor sem adeus. Aos corações que ficaram...Scheilla Teu coração amoroso sofre com a partida do ser amado, que te antecedeu na grande viagem para o Além. Recordações te torturam; emoções dolorosas te abatem. Entretanto, raciocina um pouco. A morte física não separa os afetos, que seguem unidos além do tempo e do espaço. O ente querido, a quem aspiras reencontrar, segue o próprio caminho na espiritualidade, preparando o momento em que teus corações se tornarão a unir. Assim, reergue-te da dor e segue para frente.
  • 25. Tua vontade de viver e servir se refletirá no mais além, preenchendo de ânimo e tranqüilidade o coração que partiu. Ora a Deus, rogando serenidade, a fim de que a dor de agora se converta em ensinamento importante, convidando-te à certeza na imortalidade espiritual. Do Plano Maior, o coração amado prosseguirá ligado a ti, construindo o próprio destino, sob o amparo de Deus. Scheilla / Clayton B. Levy - Novas mensagens O Culto a Finados O culto aos mortos, precisamente àqueles que se encontravam no purgatório, à espera do dia do julgamento final, foi estabelecido inicialmente por Odilon, Abade de Cluny, da Ordem dos Beneditinos, no final do século X e, em seguida decretado pela Igreja de Roma com o nome de Finados, a ser comemorado no dia 2 de novembro de cada ano, logo após o dia de Todos os Santos. É, portanto, um convencionalismo que, em princípio, não foi determinado que ocorresse nos cemitérios. Só com o tempo é que a prática adquiriu sofisticação e se fez acompanhar com velas e lágrimas, no local das catacumbas e dos mausoléus. Também não possui o culto dos mortos nenhum amparo escriturístico, embora ele se tenha verificado de maneiras diversificadas no seio de todos os povos das eras mais remotas. Um dos exemplos curiosos de manifestação do homem diante da morte é mencionado por Heródoto, o pai da História, conforme referência de Almerindo Martins de Castro, em REFORMADOR de novembro de 1950, no artigo intitulado "O Dois de Novembro". Informa Heródoto que na antiga Trácia o falecimento de um
  • 26. ente querido era saudado jubilosamente, em face da significação da morte como uma libertação venturosa; enquanto isso, o nascimento de uma criança era recebido com lágrimas de tristeza, tendo em vista as possíveis provações a que deveria estar destinado o recém-nascido. O Espiritismo, que é o Consolador prometido por Jesus (Evangelho de João, Capítulos XIV, XV e XVI), não sugere o chamado culto a Finados, mas elucida que a morte não existe, porquanto o túmulo constitui apenas uma forma de dar-se sepultamento ao corpo de carne depois que o Espírito o abandona. Assim, verdadeiramente inspirado esteve o apóstolo Paulo quando, dirigindo-se aos companheiros de Corinto, esclarecia-lhes que o último inimigo a ser vencido seria a morte. Isto é, quando os homens estivessem em condição de compreender o verdadeiro sentido da vida, deixariam de ver na morte uma inimiga, uma vez que não existe morte. O que se habituou o homem a chamar morte nada mais é do que o afastamento do Espírito do corpo carnal. Temos a convicção de que virá o dia (e não está longe!) em que o dois de novembro será comemorado nos templos religiosos e com elucidações evangélicas. Pois a função dos cemitérios é muito mais digna e muito mais consentânea com sociedades mais esclarecidas e religiosamente bem formadas. Há duas razões para assim pensarmos. Em primeiro lugar, já o dissemos, não há morte, há vida. E esta não é do corpo mas do Espírito. E, em segundo lugar, não é nos cemitérios que os Espíritos devem ser procurados para recebimento das preces que, em seu favor, devem ser proferidas. Os cemitérios são os laboratórios de transformação das vestes carnais das almas que as abandonaram. Os
  • 27. cemitérios devem ser visitados, sim, como um ambiente de respeito se ali vamos em acompanhamento ao corpo de alguém que deve ser sepultado ou se os procuramos com o objetivo sincero de meditação sobre a grandeza e sabedoria de nosso Criador e Pai. Aproveitemos a oportunidade para elucidar aos que nos lerem, mormente se esta Revista vier a cair em mãos não-espíritas, que a chamada morte só atinge aquele que se deixou perder nos caminhos do materialismo comportamental dos vícios e das paixões e que, assim, esqueceu de Deus, o Pai que nos criou a todos não para a morte mas para a vida eterna. Há efetivamente os indiferentes ao verdadeiro sentido da vida, que nunca têm tempo para pensar no bem, realizar uma ação nobre de amor e caridade e edificar-se espiritualmente. Esses se colocam na posição de mortos-vivos, porque espiritualmente nulos. Respeitar o sentimento e a fé dos que se fazem reter nos cemitérios em pranto e oração pelos seus "mortos" é um dever a que temos de submeter-nos por compreensão, mas em hipótese alguma devemos deixar perder-se a oportunidade (quando realmente oportuna) de esclarecer, elucidar e consolar aqueles que sofrem convencidos de que seus entes mais queridos realmente morreram, afirmando-lhes carinhosa e fraternalmente que a morte do corpo não é a morte do Espírito, e que, ao contrário, inanimado o corpo, o Espírito, agora, está mais vivo do que nunca. Fonte: Reformador nº1976 – Novembro/1993 Madrugada Exuberante – Joanna de Ângelis (muito lindo)
  • 28. A noite esplendente de círios estrelares banhava-se de suave luar, que se refletia sobre as águas tranqüilas do mar espelho. O dia havia sido caracterizado por amena temperatura, enriquecido simultaneamente por incontáveis emoções. Sucediam-se as experiências no convívio com as massas humanas, incessantes, com suas aflições que recordavam ondas contínuas espraiando-se nas areias imensas salpicadas de seixos e conchas variadas. O hinário da Boa Nova era cantado na região por quase todas as bocas, mas, as interpretações variavam de acordo com as necessidades de cada qual. Tinha-se a impressão que os Céus haviam descido a Terra e se fundiram umas nas outras as canções de amor e os lamentos clamorosos, que logo após silenc iaram suas vozes desesperadas. Jesus constituía, sem dúvida, o divisor das águas e daqueles dias turbulentos... Os discípulos haviam acompanhado o Mestre durante o aconselhamento a uma desesperada mãe, que Lhe buscara o socorro, face à perda do filho amado que o anjo da morte arrebatara. O desespero da suplicante logo se transformara em tranqüila e dúlcida alegria que lhe colocara luz brilhante nos olhos antes amortecidos pela aflição. Como a morte, sempre, era temida e certamente detestada, utilizando-se da noite harmoniosa, na qual o Amigo parecia aguardar as inquietações dos discípulos, sentado diante do mar ornado da luz da lua, musicada pelos ventos suaves, e pelo espreguiçar das vagas macias nas areias úmidas, formou-se o grupo gentil, cujo silêncio foi quebrado pela voz de João, o jovem que O amava com arrebatamento. Havia uma doce magia no ar, que bailava no velário das sombras salpicadas de pingentes de prata... — Como entender a morte, Mestre querido – indagou o discípulo ansioso – que sempre nos ameaça e apavora? Ante a sua inexorável fatalidade, nossos dias perdem a cor e a beleza, quase tirando-nos a razão de existir. Como entender a hedionda mensageira da sombra? O nobre Guia desenhou tranqüilo sorriso na face banhada pelo argênteo luar, e respondeu com doçura: “A morte não é mensageira da sombra, nem do pavor, mas a missionária da vida imperecível. É a incompreendida intermediária entre Deus e os seres sencientes, encarregada de reconduzir os homens ao verdadeiro lar, após terem encerrado os seus compromissos na escola terrestre. Suavemente ou mediante ação abrupta, sem agressão nem receio, convoca reis e vassalos, mendigos e poderosos, crianças e anciãos, sadios ou enfermos ao despertar do sono fisiológico, fazendo-os volver ao país da consciência desperta, ao Grande Lar. Portadora de alta responsabilidade, apresenta-se com a mesma nobreza a todos os seres, desvestindo-os das pesadas roupagens da ilusão, para a vivência da realidade inevitável. Sem o seu árduo trabalho a vida não teria qualquer sentido e o corpo se decomporia durante a existência, que se alongaria sem limite com tormentos inimagináveis... Para uns, todavia, é a misericórdia que chega em momento máximo, para outros, trata-se da libertação do cativeiro. Alguns a tomam como cruel inimiga, enquanto diversos a odeiam com rebeldia. Não obstante, impávida, faz-se instrumento da Vida para a grandeza do ser indestrutível. — E o sofrimento, Senhor, que ela impõe – voltou, à carga, o discípulo receoso -, não dilacera a alma daqueles que ficam?! Morrer, afinal, dói? O incomparável Benfeitor alongou o olhar pela noite feliz, e após breve reflexão,
  • 29. elucidou: — A Casa de meu Pai tem infinitas moradas. Cada flor de luz que brilha ao longe é um pouso feliz que nos aguarda, após, vencidas as batalhas terrenas. Para alcançá-lo é necessário descer aos vales humanos nas roupas densas da matéria, a fim de tecer as delicadas asas de luz que nos erguerão aos seus planos quase divinos. Sem a morte compassiva e misericordiosa, isso não seria possível. Passo a passo, o viajante vence as distâncias no mundo físico. Da mesma forma, graças à morte-vida, à vida-após-a-morte desaparecem os abismos que medeiam entre os sublimes lares que voam na amplidão e a pequenina Terra onde nos encontramos. Silenciando novamente por breves segundos, com específica entonação de voz, prosseguiu: — Morrer não dói. O desprendimento é suave para os justos e inquietante para aqueles que são portadores de consciência culpada. O trânsito que leva à liberdade entre o cárcere e o horizonte largo, sem barreira, é sempre rico de expectativa e não de sofrimento. A marcha, porém, de cada qual, é resultado da conduta vivenciada no período do cativeiro. Quem considera o corpo como a única realidade, sofre decepção e angústia, medo de o abandonar e apego à forma em decomposição, fenômeno que se alonga por largo período, enquanto dure a alucinação. No entanto, quem o utilizou como educandário de iluminação para o espírito, deixa-o, qual borboleta ditosa que abandona o casulo pesado para flutuar na leve brisa do dia... A morte após o dever cumprido transforma-se em madrugada iridescente, que é o pórtico da imortalidade ditosa, onde o amor inunda o recém-liberto de alegria, sem dor nem saudade da caminhada terrestre. É necessário viver de maneira que a morte lhe signifique prosseguimento, sem qualquer interrupção, conduzindo o ser no rumo da plenitude, da paz inefável. Fez novo silêncio repassado de emoção, que igualmente dominava os ouvintes, logo dando continuidade: — Eu vim para que todos tenhais vida em abundância no meu reino, que se amplia além das fronteiras da morte. Sem ela, não o alcançareis. Superando os desafios e vencidas as paixões, o ser se sutiliza e passa a habitar em mundo feliz, sem angústia ou ansiedade alguma.... A fim de o conseguir, torna-se indispensável que o amor e o dever diluam as sombras da ignorância que encarceram nas masmorras da carne o desavisado, sem permitir-lhe os vôos libertadores que anela realizar. Quando se calou, os amigos tinham lágrimas que não se atreviam a descer da comporta dos olhos. Saudades de seres amados e gratidão pelo que lhes haviam oferecido, esperanças de vitórias futuras sobre as pesadas algemas dos desejos, das falsas necessidades e sonhos de felicidade, mesclavam-se nos seus sentimentos, e eles entenderam que o corpo é meio, é veículo de condução, mas o Espírito é o imperecível instrumento do Pai Criador, que nos aguarda nos penetrais do Infinito, e que a morte libera da injunção penosa. A noite harmônica e perfumada, então dominada pelo lucilar dos astros e as ânsias da Natureza, insculpiu no ádito daqueles corações a mensagem da imortalidade, enquanto o Mestre os preparava para a madrugada resplandecente do futuro reino dos Céus. (Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na sessão da noite de 14 de março de 2001, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.) (Jornal Mundo Espírita de Junho de 2001)
  • 30. A Importância Em Ser Pequeno - Amélia Rodrigues - Que vínheis discutindo pelo caminho? – Indagou sereno, Jesus, aos amigos, que chegaram esfogueados e suarentos à casa de Simão, filhos de Jonas, o pescador, onde os aguardava. Tomados de surpresa, os discípulos aturdidos entreolharam-se, sem coragem de responder. Eles conviviam com o Mestre, mas não O conheciam; partilhavam as Suas idéias, porém não haviam penetrado na sua profunda lição; ouviam, deslumbrados, os anúncios do reino de Deus, e permitiam-se anelar pelos triunfos humanos. Homens simples e toscos, comportavam-se, às vezes, como crianças desatentas em relação aos deveres, entregando-se a contendas inúteis e pelejas rudes por questões irrisórias... Assim sempre eram admoestados carinhosamente, mas com energia pelo Amigo, que lhes trabalhava o amadurecimento espiritual. A jornada que ali encerravam, havia sido traçada com segurança, significando-lhes o primeiro desafio a enfrentar, como preparação para os dias porvindouros. O Mestre aguardava-os com a habitual generosidade, feita de misericórdia e de compaixão. Amava-os com dúlcida ternura. Entregara-se-lhes com dedicação total, embora sabendo das suas dubiedades e dificuldades interiores. Por isso, convocara-os para o ministério, reconhecendo-lhes todos os problemas emocionais e debilidades morais. Alguns eram Espíritos nobres, que se emboscaram no corpo, que lhes amortecia a elevação, a fim de O seguirem, espalhando a Notícia... As suas inexperiências facultavam aprendizagem mais segura para os testemunhos do futuro. Por tal razão, tateavam nas sombras dos labirintos da insegurança até encontrarem o caminho que iriam percorrer com invulgar grandeza de alma. Não, porém, naqueles momentos iniciais. Arrancados das fainas simples e repetitivas do cotidiano monótono, a súbita mudança não conseguiu alçá-los de imediato à altura correspondente. Esse resultado se faria, somente, a pouco e pouco. É sempre assim que se dá o amadurecimento moral, que faz do pigmeu um gigante e do ser simples, que a fornalha do sofrimento modela, um verdadeiro herói. Aquele era o material humano disponível para a construção da Era do Espírito Imortal e se tornava necessário trabalhá-lo com carinho e firmeza. A pergunta permaneceu no ar, sem resposta. A princípio, sentiram-se constrangidos, embaraçados. Deram-se conta da pouca importância da questão do debate, mas constatavam novamente o poder de penetração do Mestre no insondável dos seus pensamentos e
  • 31. atos. Por fim, vencendo o conflito, sem agastamento, responderam alguns: - Vínhamos discutindo em torno de quem de nós era o maior, o mais amado, o de importância mais significativa. “Todos reconhecemos que João é distinguido pelo vosso amor; Pedro é merecedor da mais expressiva confiança; Judas guarda as moedas e se encarrega do controle das nossas modestas finanças... E os demais? Que somos e que papel desempenhamos no grupo? “Afinal, qual de nós é o maior?” Certamente se sentiam contristados pela disputa, mas como houve-a, era justo serem honestos, libertando-se das dúvidas. Jesus envolveu-os na luz da compaixão, e com a sabedoria habitual, respondeu-lhes: - O grão de mostarda, menor e mais insignificante que qualquer outra semente, reverdece com o mesmo tom o solo abençoado pelo trigo vigoroso. A bolota do carvalho desenvolve a árvore grandiosa que nela jaz, assim como o pólen quase invisível de todas as flores se encarrega de transmitir beleza e perpetuar a espécie em outras plantas... Todos são importantes na paisagem terrestre. “O grão de areia se anula ante outro para construir a praia imensa que recebe o carinhoso movimento das ondas arrebentando-se no seu leito reluzente. “Tudo é importante diante de meu Pai, não pela grandeza, mas pelo significado de que cada coisa se reveste para a utilidade da vida. “Entre os homens, o maior é sempre aquele que se esquece de si mesmo, tornando-se o melhor servidor, aquele que não se cansa de ajudar, que se encontra sempre disposto para cooperar e servir sem outra preocupação, qual não seja a de beneficiar... Quem se apaga para que outro brilhe, torna-se o combustível, sem o qual a luminosidade desaparece. “Há uma grande importância em ser pequeno, graças a cuja contribuição se apresenta o conjunto grandioso.” Fez um oportuno silêncio, a fim de ensejar aos amigos maior reflexão para que nunca mais se esquecessem do enunciado, e prosseguiu: - Aquele que, dentre vós, desejar ser o maior, o mais importante, o mais amado, torne-se o melhor servidor, o mais atento amigo, sempre vigilante para ajudar e desculpar, porque esse, sim, fará falta, será notado quando ausente, se tornará alicerce para a construção do edifício do Bem. No silêncio que se fez natural, os viajantes dispersaram-se pelas diversas peças da casa de Simão, enquanto lá fora, o Sol de verão dardejava os seus raios de fogo sobre a terra que se abrasava. · Lucas 9-46. Nota da Autora espiritual ESTAMOS EM PAZ – Francisco C. Xavier
  • 32. Rujam as tempestades em torno do teu caminho, tranqüiliza o coração e segue em paz na direção do bem. Não carregues no pensamento o peso da aflição inútil. Refugia-te na cidadela interior do dever retamente cumprido e entrega à Sabedoria Divina a ansiedade que te procura à feição de labareda invisível. Se alguém te acusa, aquieta-te e ora em favor dos irmãos desorientados e infelizes. Se alguma circunstância te contraria, asserena tua alma e espera que os acontecimentos te favoreçam. Lembra-te de que és chamado a viver um só dia de cada vez, sempre que o Sol se levante. E por mais amplas que te façam as possibilidades, tomarás uma só refeição e vestirás um só traje de cada vez nas tarefas de cada dia. Embora te atormentes pela claridade diurna, a alvorada não brilhará antes da hora prevista, e embora te interesses pelo fruto de determinada árvore, não chegarás a colhê-lo, antes do justo momento. A pretexto, porém, de garantir a própria serenidade,não te demores na inércia. Mentaliza o bem e prossegue na construção do melhor, como quem sabe que a colheita farta pede terra abençoada pela chuva. Sejam quais forem as tuas dificuldades, lembra-te de que a paz é a segurança da vida. Não nos esqueçamos de que, na hora da Manjedoura, as vozes celestiais, após o louvor a Deus, expressaram votos de paz à Terra, e depois da ressurreição, voltando, gloriosamente, ao convívio das criaturas, antes de qualquer plano de trabalho, disse Jesus ao discípulos espantados: "A PAZ SEJA CONVOSCO". Bem-aventurados os aflitos Que as bênçãos do Alto caiam sobre vós. Falar-vos-ei hoje sobre o assunto tratado no estudo do Evangelho: os motivos de resignação. Desde que o Mestre Francês desceu ao orbe com a missão de trazer aos homens uma nova visão de vida, as
  • 33. interpretações dos textos bíblicos ficaram mais acessíveis às pessoas comuns. O capítulo das bem-aventuranças é um trecho dos Evangelhos que demanda uma maior sabedoria para ser compreendido em espírito. A Doutrina Espírita trouxe a chave do entendimento explicando a razão do sofrimento e a necessidade da alma passar pelas experiências dolorosas na matéria, se houver a necessidade do resgate das suas dívidas. A lei de causa e efeito explica todas essas questões alusivas à maioria das situações de dificuldades pelas quais o Espírito passa. A reencarnação coroou esta realidade. Quando o homem sofre sem saber a razão, suas amarguras são centuplicadas e exacerbadas pela revolta e sensação de impotência diante dos fatos que a ele parecem intermináveis. A dor que experimenta lhe parece injusta e se pára para pensar em seus problemas, logo culpa a Deus por não dar-lhe a devida atenção. Entretanto se tem em si o sentido da imortalidade da alma e principalmente se acreditar na transitoriedade de tudo, logo antevê naquele sofrimento uma forma de se libertar-se de sua prisão no futuro. Se examina a própria consciência com sincera humildade, quase sempre encontra lá a razão de suas dificuldades. Não se amargura diante das provas porque vê nelas uma válvula de escape para o gozo de uma felicidade em dias futuros. Se é atingido por uma injúria ou por qualquer situação que lhe exija maturidade para suportar, logo evoca suas convicções na assistência espiritual que a Providência Divina vos premia a todo instante. Portanto, este homem experimenta a felicidade, mesmo nas situações de sofrimento porque compreende que as suas aflições têm uma razão de ser e que quanto maior a doença mais amargo será o remédio. Para uma grande falta, uma grande correção. Bem-aventurados, portanto, são os aflitos que bem suportarem as suas provas com resignação, pois em breve estarão livres de suas amarras terrenas e poderão viver na vida verdadeira em companhia dos justos e dos felizes que um dia passaram pelas mesmas dificuldades de compreensão.
  • 34. Lutai, pois, caros irmãos, para terem com urgência o fio da verdadeira sabedoria que vos foi trazida por Allan Kardec, a fim de que possais adentrar no Reino dos Céus, que está reservado aos que souberem fazer bom uso das oportunidades oferecidas pelo Pai Celestial. Colocai em vossos corações as doces palavras do Mestre Maior, quando vos chama com extrema compaixão: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração porque o meu jugo é suave e meu fardo e leve”. - João de Arimatéia Espírito: João de Arimatéia Sociedade de Estudos Espíritas Allan Kardec São Luís – MA COMPANHIA DO AMOR Somente vive acompanhado realmente, aquele que ama. * O amor, à semelhança do conhecimento, é um tesouro que mais se tem quanto mais se reparte. * Ninguém fica em carência quando ama, quando ensina. * O amor, é igual a um espelho que reflete aquele que ama e, ao infinito, reflete todas as expressões de vida pujante. * Não obstante as experiências do amor são solidárias, por isso que, ao expandir-se, primeiro felicita a quem o irradia, sem que tenha a pretensão de colher o retorno. * Na área do amor, quanto em todos os campos da ação nobre da vida, é
  • 35. necessário primeiro dar, a fim de um dia receber. * O amor é, por conseqüência, o mais precioso investimento até hoje conhecido. Antes que dê os resultados a que se propõe, produz, no nascedouro, as excelências de que se reveste: bem-estar, paz e alegria. * O amor não se queixa, não se impõe; é paciente e promissor. Apesar de todos os seus predicados, não impede que o homem experimente os métodos que propiciam a evolução, dentre os quais o sofrimento, em forma de testemunhos, assim logrando atrair os indecisos e inseguros. * Ninguém deve temer a experiência gratificante de amar, não se deixando impedir pelos obstáculos que se levantam de todo lado. * Dize uma palavra gentil a alguém; expressa solidariedade com um gesto a outrem; coopera com um sorriso cordial em qualquer realização digna... * Demonstra vida e sê afável com todos. Far-te-á um grande bem o ato de amar. Não aguardes, porém que os outros te compartam as dores e provas, que são sempre pessoais, intransferíveis. O melhor amigo e mais caro afeto, por mais participem da tua aflição, não conseguirão diminuir a sua profundidade e crueza. * Uma chama pintada, por mais perfeita, jamais terá o poder de atear o incêndio que uma insignificante fagulha produz. * Na cruz, Jesus estava acompanhado por dois delinqüentes. No entanto, cada um dos crucificados experimentava emoção própria... * A bala que vitimou Gandhi, alcançou-o, embora a multidão que o cercava. * O veneno que Sócrates sorveu mataria qualquer um, todavia ele o tomou a sós. * Os estigmas em Francisco de Assis, provocavam comoção em todos, mas ele os sofria em solidão. * O processo de ascensão libertadora é pessoal... * Há os que carregam cruzes invisíveis, cercados de amigos e solitários na
  • 36. dor. * Ama, desse modo, a fim de que se faças solidário com esses corações solitários que avançam no rumo da felicidade, por enquanto sofridos e amorosos ou carentes e necessitados. * Sê tu aquele que ama e nada espera, felicitado pelo próprio amor que de ti se irradia abençoado. (De “Viver e amar”, de Divaldo P. Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis) CONQUISTAR E CONQUISTAR-SE Emmanuel "Não procures os cimos do mundo ao preço de mentira e astúcia, porque ninguém trai os imperativos da vida." Conquistar não é conquistar-se. Muitos conquistam o ouro da Terra e adquirem a miséria espiritual. Muitos conquistam a beleza corpórea e acabam no envilecimento da alma. Muitos conquistam o poder humano e perdem a paz de si mesmos. Necessário que o espírito se acrisole na experiência e na luta, valendo-se delas para modelar o caráter, senhoreando a própria vida.
  • 37. Para possuirmos algo com acerto e segurança, é indispensável não sejamos possuídos pelas forças deprimentes que nos inclinam sentimento e raciocínio aos desequilíbrios da sombra. Indubitavelmente, todos podemos usufruir os patrimônios terrestres, nesse ou naquele setor do cotidiano, mas é preciso caminhar com sabedoria para que o abuso não nos infelicite a existência. É por isso que sofrimento e dificuldade, obstáculo e provação constituem para nós preciosos recursos de superação e engrandecimento. Todos os valores externos concedidos à personalidade, em trânsito no mundo, são posses precárias que a enfermidade e a morte arrancam de improviso, mas todos os valores que entesouramos no próprio ser representam posses eternas que brilharão conosco, aqui e além, hoje e amanhã. . Na esfera espiritual, cada criatura é aproveitada na posição em que se coloca somente aqueles que conquistaram a si mesmos, nos reiterados labores da educação, através do suor ou da lágrima, do trabalho ou da lágrima, são capazes de cooperar na extensão do amor e da luz, cujo crescimento na Terra exige, invariavelmente, o coração e o cérebro, as ações e as atitudes daqueles que aprenderam na lei do próprio sacrifício a conquista da vida imperecível. "Reflete naquilo que te falam, antes de te entregares psicologicamente ao que se te diga. . ." Psicografia de Francisco Cândido Xavier
  • 38. "... Se eu aceito o sol, o calor e o arco-íris.... preciso aceitar também o trovão, o raio e a tempestade..." Gibran Khalil Gibran NOTAS BREVES Não perca tempo Não fuja ao dever Respeite os compromissos Sirva quanto possa Ame intensamente Trabalhe com ardor Ore com fé Fale com bondade Não critique Observe construindo Estude sempre Não se queixe Plante alegria
  • 39. Semeie paz Ajude sem exigências Compreenda e beneficie Perdoe quaisquer ofensas Atenda à pontualidade Conserve a consciência tranquila Auxilie generosamente Esqueça o mal Cultive sinceridade, aceitando-se como é e acolhendo os outros comos os outros são, procurando, porém, fazer sempre o melhor ao seu alcance Espírito André Luiz Livro :"Sinal Verde" (psicografia :Francisco C. Xavier)
  • 40. FONTE: O dia de finados para o Espírita Por: Christina Nunes A propósito do dia de finados, é interessante discorrer sobre questionamentos com os quais de vez em quando somos colhidos por parte de conhecidos, curiosos ou interessados em se iniciar nos assuntos relativos à espiritualidade. De vez em quando alguém pergunta "por que o espírita não vai ao cemitério" (no dia de finados, mais especificamente). Cabe aqui, portanto, um esclarecimento útil. Primeiro: nenhum espírita, em virtude de ideologia
  • 41. religiosa, ou limitação de qualquer tipo imposta pela doutrina, "não pode" ir ao cemitério em qualquer época. Efetivamente conheço muitos, simpatizantes, ou espiritualistas convictos, que narram de suas visitas a túmulos de parentes ou conhecidos. Segundo: o que ocorre mais amiúde é que, em detendo o espírita a tranqüila convicção de que seu ente querido não mais se demora por estas bandas, tendo demandado estâncias outras, mais ricas, de vida, guarda a consciência clara de que tudo o que ficou na sepultura foi a "roupagem gasta", e não mais, portanto, a pessoa com quem compartilhou experiências e afeto. Terceiro: isto não implica em que o espírita sincero condene ou critique o posicionamento dos demais semelhantes que, de todo o coração, prestam com sinceridade as suas homenagens aos seus afeiçoados que se anteciparam na viagem deste para o outro lado da vida. Aliás, reza no próprio conhecimento da doutrina que muitos desencarnados visitam, efetivamente, os cemitérios por ocasião da data, em consideração às demonstração de amor com que ali são distinguidos. E muitos outros ainda, afeitos aos costumes dentro dos quais desenvolveram suas experiências na matéria, conferem ainda subida importância a este gesto, ressentindo-se, de fato, daqueles que não o prestem nas datas de molde a serem lembrados. Vistas estas considerações, é sensata a conclusão de que jamais cabe padrão algum de conduta no que toca ao sagrado universo íntimo humano. Cada agrupamento familiar terreno é único e peculiar, e ninguém melhor do que os seus
  • 42. componentes para estarem inteirados do que atinge ou não atinge mais de perto a cada um; o que convém ou o que não convém em matéria de sentimento e dedicação, cujos estágios e características se multiplicam ao infinito correspondente do número de habitantes do vasto universo humano. Efetivamente, somos do lado de "lá" o que fomos aqui. É dever comezinho não só do espírita, quanto de qualquer pessoa que se diga civilizada, respeitar a diversidade dos caminhos escolhidos que, destarte, haverão de conduzir a cada ser, no tempo certo, ao mesmo ponto de encontro comum na intimidade das luzes divinas. Questão de temperamento, de agrupamento humano, de fé e de hábitos, o ir ou não ir ao cemitério, de vez que é na sinceridade do gesto, e não no gesto em si, que se vislumbra a verdadeira homenagem aos desencarnados, de forma que, amor pelos mesmos, podemos dirigir-lhes tanto do recesso abençoado do nosso recanto de meditação no lar, quanto do ambiente de qualquer templo religioso, ou ainda diariamente, no movimento tumultuado das ruas, ou também no cemitério, a qualquer dia do ano. De forma que aqueles que partiram nos amando de todo o coração haverão de valorizar e entender a nossa melhor intenção ao seu respeito, seja de onde for que se irradie, colhendo-os de pronto, pela linguagem instantânea do coração e do pensamento. Os que foram afeitos aos hábitos costumeiros do dia de finados, na medida de suas possibilidades espirituais após a transição lá estarão, junto à sepultura física, colhendo com sincera afeição os votos de paz e as preces que lhes estejam sendo dirigidas. Os provenientes dos lares espiritualistas na Terra receberão as mesmas
  • 43. demonstrações de amor a qualquer tempo, em qualquer data que faça emergir naqueles que ficaram para trás no aprendizado físico as gratas lembranças com que são evocados. O importante é que espíritas e não espíritas têm em comum, em relação aos seus amados que já se foram, à qualquer época, a linguagem inconfundível do amor entre as almas. Enxerguemos acima dos horizontes das limitações de visão humanas para alcançarmos com clareza a compreensão de que é assunto individual a forma como celebramos o nosso afeto para com os nossos entes queridos, e que o fator da sinceridade e da intenção é o que de fato conta, na hora da certeza de que nossas preces e votos de paz serão bem recebidos por aqueles que prosseguem nos amando de igual forma na continuidade pura e simples da vida, que a todos aguarda para além das portas da sepultura, sob as bênçãos de Jesus. Dia de Finados? Passos Lírio
  • 44. O Cristianismo é, por excelência, a Doutrina do Espírito, fundada em fatos que demonstram, à evidência, a sua presença e atuação, em qualquer circunstância, sempre que necessário. Seus ensinamentos primam pela tese comprobatória da realidade da existência da alma e de sua faculdade de entrar em relação conosco, em estado de vigília ou durante o sono, como que a mostrar-nos à saciedade que há entre os dois planos, material e espiritual, corpóreo e incorpóreo, estreito entrosamento. Maria de Nazaré recebe a visita do Anjo Gabriel, que lhe anuncia a maternidade de agraciada do Senhor. José, em se propondo deixar a esposa secretamente, é avisado em sonho de que não faça tal, porque o que nela fora gerado era do Espírito Santo. Isabel, visitada pela gestante eleita, recebe o impacto de poderoso influxo magnético, que faz que a criança - ela também estava para ser mãe -, lhe estremeça no ventre. Os magos visualizam no Oriente uma estrela que os guia em dois estafantes anos de viagem e os conduz, não à gruta, mas à casa onde se achavam José e Maria e, de regresso, são “por divina advertência prevenidos em sonho para não voltarem à presença de Herodes”. Em sonho ainda, “eis que aparece um anjo do Senhor a José”, induzindo-o à fuga para o Egito a fim de salvar o menino da sanha sanguinária de Herodes, ordenando-lhe que retornasse à “terra de Israel” e aconselhando-o a que se retirasse “para as regiões da Galilé ia”. Uma entidade angelical, na calada da noite, aparece aos pastores dando-lhes a boa nova do Nascimento do Salvador. “Movido pelo Espírito”, Simeão foi ao templo, onde tomou nos braços o Filho de Deus, bendizendo ao Pai pela bênção de tê-Lo visto antes de partir e profetizando acerca do Seu messianato. Ana, a profetisa, mediunizada, “chegando naquela hora, dava graças a Deus, e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém”.
  • 45. Antes do Nascimento de Jesus, houve o de João, caracterizado também por manifestações espirituais ostensivas. Quando Zacharias oficiava no templo, “na ordem do seu turno”, surge-lhe um Emissário Celestial que lhe prediz o nascimento do Precursor. No Jordão, ao se processar o batismo de Jesus, uma voz reboa pelo ar, dizendo: - “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo. Este mesmo fenômeno de pneumatofonia repete-se quando da transfiguração do Mestre no Monte Tabor, presentes os Espíritos de Moisés e Elias, profetas da antiga dispensação. Ressuscita, o Messias, a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim e o irmão de Marta e Maria. Na parábola do rico e Lázaro, infunde-nos Ele a convicção na realidade da comunicação dos Espíritos com os homens, fazendo que Abraão ponderasse ao rico, que queria falar a cinco irmãos seus, ser inútil aparecer-lhes porque eles não lhe dariam crédito e não porque fosse impossível fazer-se-lhes visível para adverti-los. Liberta endemoninhados, cujos Espíritos impuros e obsessores confessavam conhecê-Lo e reconhecer-Lhe a autoridade de Filho do Altíssimo. - “Porque buscais entre os e mortos ao que vive?” Foi a pergunta que “dois varões com vestes resplandecentes” fizeram às mulheres que levavam aromas e bálsamos para depositar no túmulo de Jesus, cuja pedra encontraram removida, sem o corpo no seu interior. - “O Senhor ressuscitou e já apareceu a Simão!” Assim se expressavam os dois discípulos que, a caminho de Emaús, tiveram a companhia do Mestre, com quem confabularam durante toda a viagem e a quem pediram, ao término da jornada: - “Fica conosco, porque é tarde e o dia já declina.” “E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém onde acharam reunidos os onze e outros com eles. Então os dois contaram o que lhes acontecera no caminho, e como fora por eles reconhecido no partir do pão.” “O Espiritismo, que se funda estruturalmente no
  • 46. Cristianismo, cuja pureza primitiva restaura em toda a plenitude, desfralda também a bandeira da imortalidade da alma, da eternidade do ser no Infinito do Tempo e do Espaço”. - “Paz seja convosco.” -“Porque estais perturbados? E por que sobem dúvidas aos vossos corações?” Foram palavras de Jesus, na Sua primeira aparição aos Discípulos, no Cenáculo de Jerusalém. - “Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram, e creram.” Outras palavras de Jesus, em Sua segunda aparição aos Discípulos, dirigidas especialmente a Tomé, que, por não estar presente na primeira, não dera crédito à versão divulgada pelos seus companheiros, de que o Senhor lhes aparecera. “Depois disto, tornou Jesus a manifestar-se aos Discípulos junto do mar de Tiberíades”, onde se desenrolam acontecimentos de assinalada importância que culminam com o famoso diálogo entre Ele e Simão Pedro, o Pescador de Calarnaum. Finalmente, apareceu o Nazareno, no monte, aos quinhentos da Galiléia, a quem endereça, pela última vez, a Sua Palavra de Vida Eterna, após o que ocorre a Ascensão definitiva. Isto sem falar de aparições, no cenário de Jerusalém, a Maria Madalena; a Maria de Nazaré, em Éfeso, na casa de João Evangelista; a Pedro, por algumas vezes; a Saulo de Tarso, às portas de Damasco. Onde, em tudo isso, a idéia de morte? Antes não ressumbra, de todos esses sucessos, a noção de “vida abundante”, de pensamento e ação por parte daqueles que formam o mundo incorpóreo? O Espiritismo, que se funda estruturalmente no Cristianismo, cuja pureza primitiva restaura em toda a plenitude, desfralda também a bandeira da imortalidade da alma, da eternidade do ser no Infinito do Tempo e do Espaço. Não há mortos e vivos, nem do lado de lá, nem do lado de cá, embora possa haver, tanto num quanto noutro plano, mortos-vivos e vivos-mortos. Ninguém vai, ninguém fica, apenas alguns chegam e outros voltam, na longa caminhada de poder subir para saber descer, ajudando os outros a fim de ajudar-se a si próprio.
  • 47. A mediunidade, disciplinada espiriticamente, nos descortinou novas dimensões de vida, revelando ao mundo a existência de outros mundos e à Humanidade a presença de outras Humanidades disseminadas no turbilhão de astros que gravitam nos arcanos do Universo. 2 de Novembro... Como os demais, dia de todos nós, encarnados e desencarnados, que buscamos na Terra ou na Erraticidade os valores do Espírito, a gloriosa realização de nós mesmos em Deus, libertos e purificados por todo o sempre, para empunhamos na destra a palma da vitória e cingirmos à frente a coroa de louros de almas redimidas e ressurrectas, integradas nas sublimes claridades dos cimos. Fonte: Reformador nº1976 – Novembro/1993 Responsável pela transcrição: Wadi Ibrahim Dia de Finados Azamor Cirne “A Morte é o veíc ulo c ondutor enc arregado de transferir a mec ânic a da vida de um apara outra vibraç ão”. - Joanna de Ângelis Dizer que a existência dos Espíritos foi invenção de Allan Kardec, não passe de uma inverdade formulada, a priori, sem conhecimento de causa. Ora, não se inventa o que está na Natureza. Newton não inventou a Lei da Gravitação. Esta lei já existia, antes dele. Pasteur não inventou as bactérias; elas já existiam. Estes cientistas, apenas, as descobriram. São muitos os exemplos. Allan Kardec nada julgou, a priori. As experimentações positivas, por ele realizadas, vieram revelar os fatos e confirmar, a posteriori, as teorias. Foram os próprios Espíritos que se revelaram, como sendo as almas dos mortos. Ao Espiritismo, isto sim, coube a honra de ter sido o primeiro a se interessar, de maneira séria, e observar, cientificamente, a origem, a natureza e o destino dos Espíritos, depois da morte do corpo físico, além de comprovar as comunicações que podem estabelecer com os encarnados. Aliás, entre os fundamentos dessa Doutrina, quatro estão na base
  • 48. de todas as religiões: Deus, alma, imortalidade e vida futura. “A idéia vaga da vida futura acrescenta a revelação da existência do mundo invisível que nos rodeia e povoa o espaço, e, com isso, precisa a crença, dá-lhe um corpo, uma consistência, uma realidade à idéia”- afirma o Codificador. Após o fenômeno da morte a alma (Espírito) desprende-se do corpo, com o rompimento do laço sutil que a prendia: o cordão fluídico. No mundo dos Espíritos - que é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente, e sobrevivente - o Espírito, ligado ao corpo espiritual (perispírito) passa por um estado de perturbação, com quem acorda de um sonho, em um outro lugar. Sua mente, já desligada do cérebro, portanto, traz-lhe à consciência os registros (lembranças) dessa última existência e de outras. Como a Doutrina refuta a hipótese de céu e inferno, inclusive, por questão de lógica, o desencarnado não vai desfrutar dos gozos eternos e nem estará, irremediavelmente, condenado ao suplício interminável. Aqueles que estiverem condicionados aos interesses mundanos, materiais, que os prendiam, quando na Terra, continuam a eles atraídos, na ilusão de, ainda, controlá-los; perturbados e perturbando a quem eles se acercam. Assim, permanecem, até que encontrem o esclarecimento fraterno, em nome do Amor. O Dia de Finados, em si, não representa nada de especial, para quem, daqui, já partiu. Nessa data, como em qualquer outra, eles são mais tocados pela lembrança que deles se tenha. Os espíritas não acendem velas para os mortos e sabem que o cemitério não é o lugar dos Espíritos, a não ser que os evoquem, prática que, em princípio, foge à sua orientação doutrinária. Todavia, a Doutrina nos ensina a respeitar a crença e os sentimentos alheios, como gostaríamos que respeitassem os nossos, pois “coração dos outros é terra aonde ninguém anda”. Na questão nº 212 de “O Livros dos Espíritos”, encontramos o “porquê” que complementa o nosso parágrafo anterior: “Aquele que visita um túmulo, apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um ato íntimo. Já dissemos que a prece é que santifica o ato de rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o coração”. Na de nº 934, Kardec indaga dos Mentores da Codificação a respeito da perda de entes queridos, recebendo, como resposta, o imenso bem da esperança e do consolo de que a vida continua: “Essa causa de dor atinge, assim, o rico, como o pobre; representa uma
  • 49. prova ou expiação e lei para todos. Tendes, porém, uma consolação, em poderdes comunicar-vos com os vossos amigos, pelos meios que vos estão ao alcance, enquanto não dispondes de outros mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos”. O próprio Jesus, o Mestre, por excelência, deu-nos o maior exemplo de que a vida continua após a morte, aparecendo, como a outras pessoas, em lugares diferentes. “A vida não termina, onde a morte aparec e. Não transformes saudades, em fel, nos que se foram (...)” Emmanuel / Chic o Xavier, Uberaba-MG, 11.10.78. Tribuna Espírita - Setembro/Outubro de 2000 PARENTES MORTOS Emmanuel Não olvides que além da morte continua vivendo e lutando o espírito amado que partiu... Tuas lágrimas são gotas de fel em sua taça de esperança. Tuas aflições são espinhos a se lhe implantarem no coração. * Tua mágoa destrutiva é como neve de angústia a congelar-lhe os sonhos. Tua tristeza é sombra a escurecer-lhe a nova senda. * Por mais que a separação te lacere a alma sensível , levanta-te e segue para a frente, honrando-lhe a confiança com a fiel execução das tarefas que o mundo te reservou. * Não vale a deserção do sofrimento, porque a fuga é sempre a dilatação do labirinto que nos arroja à invigilancia, compelindo-nos a despender longo tempo na recuperação do rumo certo. * Recorda que a lei de renovação atinge a todos e auxilia quem te antecedeu na grande viagem com o valor de tua renuncia e com a fortaleza de tua fé, sem esmorecer no trabalho – nosso invariável caminho para o triunfo. * Converte a dor em lição e a saudade em consolo porque, de outros domínios vibratórios, as afeições inesquecíveis te acompanham os passos, regozijando-se com as outras tuas vitórias solitárias, portas adentro de teu mundo interior. *
  • 50. Todas as provas objetivam o aperfeiçoamento do aprendize, por enquanto, não passamos de meros aprendizes na Terra, amealhando o conhecimento e a virtude, em gradativa e laboriosa ascensão para a Vida Eterna. Deus, a Suprema Sabedoria e a Suprema Bondade, não criaria a inteligência e o amor, a beleza e a vida, para arremessá-la às trevas. * Repara em torno dos teus próprios passos. A cada noite no mundo, segue-se o esplendor do alvorecer. O inverno áspero é sucedido pela primavera estuante de renascimento e floração. * A lagarta, que hoje se arrasta no solo, amanhã librará em pleno espaço com asas multicores de borboleta. Nada perece. Tudo se transforma na direção do Infinito Bem. * Compreendendo, desta forma, a Verdade, entesourando-lhe as bênçãos, aprendamos a encontrar na morte o grande portal da vida e estaremos incorporando, em nosso próprio espírito, a luz inextinguível da Gloriosa Imortalidade Chico Xavier - Livro- Paz e Libertação. DANÇANDO COM A SAUDADE Amílcar Del Chiaro Filho Foi no dia de finados. Seguimos a nossa opção de décadas e não fomos ao cemitério que abrigou e abriga ainda os restos mortais de pessoas tão queridas para mim. Fiz as minhas preces, logo pela manhã, envolvendo todos aqueles que passaram pela minha vida, deixando marcas profundas, iluminadas pela amizade e pelo amor. À tarde, estava escrevendo textos para a Rádio Boa Nova e resolvi ouvir música enquanto trabalhava. Era uma seleção de boleros que amávamos muito, eu e ela, minha companheira que desencarnou há um ano, deixando uma intensa saudade. Parei de digitar e fechei os olhos. Imaginei-me dançando com ela nas nuvens, entre flocos brancos de algodão, Vi-a jovem e feliz. Eu a conduzia na contradança por um salão infinito, um vestido branco, com ligeiros tons rosa, amplamente rodado, envolvia seu corpo delicado. Com uma das mãos ela segurava a minha mão e uma das pontas do vestido, com a outra envolvia-me num carinhoso abraço. Eu sentia-me jovem e saudável, vestindo um terno azul marinho. Dançávamos enlevados, na marcação romântica do bolero, dois
  • 51. pra lá, dois pra cá, como fizéramos muitas vezes na Terra. Tinha tanta coisa a perguntar, mas não ousava falar com medo que tudo aquilo se desvanecesse, como o cessar de um encantamento. Afastei-me um passo e olhei sua perna que fora doente, reverberando luz. Comecei a perceber que havia outras pessoas queridas presentes, mas postavam-se distantes, como a dizer que aquele era o nosso momento. Quanto tempo rodopiamos pelo salão sem sentir e sem ver nossos pés, ou a orquestra, não sei. Mas senti que o meu tempo se escoava, e pensei em escrever sobre esse encontro, mas tive receio. Olhei para ela, e recebi um ligeiro sinal afirmativo da sua cabeça. Porque era o momento de dizer, com o apóstolo Paulo: O último inimigo a ser vencido é a morte. A música foi cessando. Seu corpo desvaneceu em meus braços. Meus olhos ficaram marejados de lágrimas, e a saudade pungente foi balsamizada por aqueles instantes encantadores. Obrigado, meu Deus. Sinto-me mais fortalecido e sei, com certeza, que ela me espera em algum lugar do infinito. SOBRE FINADOS Chico Xavier “Em uma de nossas reuniões públicas foi ventilada a questão de nossas homenagens aos irmãos desencarnados. Como se sentem eles com as nossas comemorações e lembranças? Em torno dessa pergunta foram entretecidos comentários numerosos. E quando no início de nossas tarefas O Livro dos Espíritos nos deu para estudo a questão n.º353, que se vincula ao assunto, as explanações dos companheiros presentes foram as mais diversas. No término da reunião o nosso caro Emmanuel escreveu a página que lhe envio. É uma prece que nos sensibilizou e nos fez recordar a todos o Dia de Finados.” NOTA – O problema das comemorações do Dia de Finados, bem como dos funerais e de homenagens prestadas aos mortos, mereceu um tópico especial do capítulo VI de O Livro dos Espíritos. A posição doutrinária, ao contrário do que geralmente se pensa, é favorável a essas homenagens, desde que sinceras e não apenas convencionais. Os Espíritos, respondendo a perguntas de Kardec a respeito,
  • 52. mostraram que os laços de amor existentes entre os que partiram e os que ficaram na Terra justificam esses atos. E declararam que no Dia de Finados os cemitérios ficam repletos de Espíritos que se alegram com a lembrança dos parentes e amigos. ORAÇÃO PELOS QUASE MORTOS Emmanuel Senhor Jesus!... Enquanto os irmãos da Terra procuram a nós outros - os companheiros desencarnados - nas fronteiras de cinza, rogando-te amparo em nosso favor, também nós, de coração reconhecido, suplicamos-te apoio em auxílio de todos eles, principalmente considerando aqueles que correm o risco de se marginalizarem nas trevas!... Pelos que perderam a fé, recusando o sentido real da vida, e jazem quase mortos de desespero; pelos que desertaram das responsabilidades próprias, anestesiando transitoriamente o próprio raciocínio, e surgem quase mortos de inanição espiritual; pelos que se entregaram à ambição desmesurada a se rodearem sem qualquer proveito dos recursos da Terra, e repontam do cotidiano quase mortos de penúria da alma; pelos que se hipertrofiaram na supercultura da inteligência, gelando o coração para o serviço da solidariedade, e aparecem quase mortos ao frio da indiferença; pelos que acreditaram na força ilusória da violência, atirando-se ao fogo da revolta, e se destacam quase mortos de angústia vazia; pelos que se perturbaram por ausência de esperança, confiando-se ao desequilíbrio, e se revelam quase mortos de aflição inútil; pelos que abraçaram o desânimo por norma de ação, parando de trabalhar, e repousam quase mortos de inércia; e pelos que se feriram ferindo aos outros, encarcerando-se nas cadeias da culpa, e estão quase mortos de arrependimento tardio!... *** Senhor!... Para todos os nossos irmãos que atravessam a experiência humana quase mortos de sofrimentos e agravos, complicações e problemas criados por eles mesmos, nós te rogamos auxílio e bênção!... Ajuda-os a se libertarem do visco de sombra em que se enredaram e traze-os de novo à luz da verdade e do amor, para que a luz do amor e da verdade lhes revitalize a existência a fim de que possam encontrar a felicidade real contigo, agora e para sempre. O CREDIÁRIO DA MORTE Irmão Saulo
  • 53. A morte só existe para os que querem morrer. A necrofilia ou o amor da morte – no sentido negativo da palavra – é uma doença mental e psíquica, uma tendência mórbida de certos temperamentos, hoje bem definida em Psicologia. Não se trata da aberração sexual a que se aplicava a palavra tempos atrás, mas daquela “aberração da inteligência”, a que se referia Kardec, que leva o indivíduo a negar a sua própria capacidade de viver e de sentir a vida. Todo aquele que gosta de destruir e se destrói a si mesmo, aniquila as suas próprias forças vitais e mata as esperanças de vida que os outros acalentam e defendem, é necrófilo. Sabemos que a morte não existe, porque nada se acaba, tudo se transforma. O aniquilamento total do ser pelo simples fenômeno da morte – um fenômeno biológico de mutação – não pode mais ser admitido por uma pessoa ilustrada, pois o avanço atual do conhecimento positivo superou de muito as ilusões negativas do materialismo. Apesar dessa inegável realidade nova os necrófilos se apegam à idéia da morte como aniquilamento total do ser. E por isso se desesperam, entregando-se à própria destruição, apressando a própria morte “no visco de sombra em que se enredaram”, segundo a expressão de Emmanuel. E entregando-se ao ceticismo autodestruidor compram a morte por antecipação, no crediário “do desespero e das aflições inúteis”. São esses os “qua se mortos” pelos quais os “mortos”, no Dia de Finados, oram do lado de lá da vila A oração de Emmanuel pelos “quase mortos” não é uma peça de efeito religioso ou literário. É um sinal dos tempos, revelando-nos que, do outro lado da vida, aqueles que em nossa ignorância chamamos de mortos velam pelos “quase mortos” da Terra e pedem a Deus por eles. O verdadeiro morto não é o que deixou o seu corpo no túmulo, mas o que se serve do corpo para viver na Terra como um morto ambulante. Que essa oração nos lembre, neste Finados, as palavras de Isaías: “Os teus mortos viverão!”. Do livro “Na Era do Espírito”. Psic ografia de Franc isc o C. Xavier e Herc ulano Pires. Espíritos Diversos CONVERSA NO CAMPO SANTO Maria Dolores Sim, alma irmã, Teremos sempre um Dia de Finados, Dia de sonhos mortos, Supostamente mortos, porque todos eles Ressurgem renovados, No clima de outros portos,
  • 54. Onde a vida, Revelada em beleza indefinida, É perene manhã. Agradeço-te as preces, Recamadas de flores, E as doces vibrações nas quais me aqueces Com pensamentos reconfortadores. Olha, porém, comigo, alma querida e boa, Este campo de mármores lavrados, Quantas vezes mais belas Que a mais formosa porcelana!... Aqui, em miniaturas de castelos, Gemem segredos de ternura humana... Ali, os rendilhados Criam lauréis no brilho das legendas; Além, anjos parados de mãos postas, Em lacrimosas oferendas, Mostram cruzes depostas, Vinculadas ao chão... Ainda, além, primores de escultura, Em lápides custosas, São tesouros de amor e desventura, Orvalhados de pranto e de aflição!... Na triste majestade que se estampa, Por traço de amargura, campa em campa, Não vemos luxo e sim o sofrimento De quem ficou a sós, De coração entregue ao desalento... Entretanto, alma boa, Este reino de pedras lapidadas, Quais lâminas de dor, Quer largar-se da morte, A fim de partilhar A construção de um mundo superior... Estas altas riquezas esquecidas Ficariam mais nobres Se pudessem levar sustentação Às áreas de outras vidas, As vidas que se vão apagando, ao relento, Ante a febre, ante a noite e as injúrias do vento, A sonharem amparo, teto e pão, Livro, afeto, agasalho, Proteção e trabalho, Paz e renovação... Nesses doces assuntos, Oremos todos juntos... E peçamos a Deus Para que os mortos redivivos Possam solicitar aos seus entres amados A desejada alteração.