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Maria Emilia Cappa




Profa. Ms. Márcia Oliveira Maciel Lopes




                                São Paulo
                         Novembro de 2010
Maria Emilia Cappa




     Web 2.0: O Conhecimento Invisível




       Trabalho de conclusão de curso apresentado
       à Coordenação do Curso de Especialização
       Tecnologias em Educação como requisito
       parcial para obtenção de título de
       Especialista em Tecnologias em Educação




                                      Orientador
     Profa. Ms. Márcia Oliveira Maciel Lopes




   Coordenação Central de Educação a Distância
Curso de Especialização Tecnologias em Educação




                                        São Paulo
                                Novembro de 2010
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem
autorização do autor, do orientador e da universidade.




Maria Emilia Cappa

Graduada em Matemática e Pedagogia, atuando na Rede Estadual de Ensino da
Secretaria de Educação do Estado de São Paulo desde 2000 onde lecionou as
disciplinas de Ciências e Matemática. Em 2002, foi designada Professora
Coordenadora da Oficina Pedagógica na área Tecnologia Educacional junto ao
Núcleo Regional de Tecnologia Educacional (NRTE) da Diretoria de Ensino
Região de Campinas Oeste, vinculada à Secretaria de Estado da Educação de São
Paulo, onde permaneço até hoje, trabalhando na coordenação, monitoria, tutoria,
desenvolvimento, aplicações e capacitações de projetos que utilizam as
Tecnologias de Informação e Comunicação com ênfase na educação.
http://lattes.cnpq.br/5261564604162396
Dedicatória




                                         Para minha Mãe, Filomena Luiz Cappa

                                          que sobreviveu a tudo para que todos

                                   pudessem continuar sendo apenas, os Filhos!

                            Para minha filha Giovanna Maria Cappa Hernandes,

              e todo o conhecimento ―Visível‖ que ela representa em minha vida.

                                                Para meu Pai Ermelindo Cappa,

                             apenas sinto muito sua falta, muita, muita saudade!
Agradecimentos




                 Agradeço a nossa orientadora Profa. Márcia
                 Oliveira Lopes e nosso mediador Prof. José
                 Manuel, ambos demonstram competência,
                 sensibilidade, alegria, carinho, amizade e
                 disponibilidade   em    suas   orientações,
                 contribuindo assim, para mais essa etapa em
                 minha vida.
Resumo

         A Web 2.0, é a chamada ―segunda geração de serviços na rede‖, caracterizada por
ampliar as formas de cooperação e produção independente. Apesar de seu aspecto
tecnológico, da idéia do “broadcast yourself” ou “mostre-se ao mundo”, o termo por si
só não se reduz a isso, trata-se de um conceito que foi construído dentro de uma evolução
histórica da web. Há cerca de dez anos, a empresa Google revolucionou a história da
internet, com sua filosofia de “você pode ganhar dinheiro sem ser mal‖ e “você pode ser
sério sem um terno”. Seus conceitos e aplicativos antecederam, e muito o termo o termo
Web 2.0 mudando toda uma forma das pessoas relacionarem-se com a internet. Não
foram as pessoas que tiveram que se adaptar a internet, foi o Google que adaptou a
internet para as pessoas, mudando toda uma forma de pensar e relacionar-se com ela,
apenas aconteceu, de maneira invisível. E é essa invisibilidade de fato, que precisa chegar
às escolas, em nossos alunos e educadores, de maneira que possam reunir todas as
possibilidades em um só espaço, criando uma memória e troca de experiências através do
uso dos blogs.




Palavras-chave: Web 2.0, Conhecimento Invisível, Ciberespaço, Google, Blogs.
SUMÁRIO

Introdução ....................................................................................................      11

Capitulo 1 Abordagem Histórica: Como chegamos à Web 2.0....................                                          14
Capitulo 2 O Passado e o Futuro do Pensamento Virtual ............................. 22

Capitulo 3 O Conceito de Web 2.0 ...............................................................                     28
               3.1 A Geração Interativa e a Web 2.0 ............................................                     32

               3.2 Uma breve história do Google contada pelo Google ...............                                  35

Capitulo 4 “Blogo‖, logo existo! O conhecimento Invisível, Individual e                                              42
Coletivo em Ambientes Compartilhados na Web 2..0...................................

Considerações Finais ...................................................................................             47

Referências Bibliográficas ........................................................................... 50

Anexos ...........................................................................................................   51
Lista de Figuras

Figura 1 Web 1.0 x Web 2.0 .........................................................................   29

Figura 2 Mapa Mental Web 2.0.....................................................................      34
Figura 3 Mapa Mental Cibercultura............................................................... 36

Figura 4 Mapa Mental Blogs e o Contexto Educacional ..............................                     43
Figura 5 Tag Cloud: Conceitos Abordados na pesquisa.............................                       49
Anexos


Anexo I Mapa Mental Cibercultura (Alex Primo, 2009)..............................        53
Anexo II Portal Educarede (Projeto Minha Terra).......................................   53

Anexo III Comunidades Virtuais Portal Educarede..................................... 55

Anexo IV Oficinas Temáticas: Blogs e Web 2.0 – Mídias em Ação.............               60
Epígrafe




                                          Pedra filosofal

                   Eles não sabem que o sonho é uma
           constante na vida tão concreta e definida,
           como outra coisa qualquer.
                   Como esta pedra cinzenta, em que me
           sento e descanso, como este ribeiro manso em
           serenos sobressaltos.
                   Como estes pinheiros altos, que em
           verde-oiro se agitam, como essas aves que
           gritam em bebedeiras de azul.
                   Eles não sabem que o sonho é vinho, é
           espuma, é fermento, bichinho álacre, sedento,
           de focinho pontiagudo, num perpétuo
           movimento.
                   Eles não sabem que o sonho é tela, é
           flor, é pincel, base, fuste ou capitel, arco e
           ogiva, vitrais, pináculo de catedral,
           contraponto, sinfonia, máscara, careta, magia,
           que é retorta de alquimista, mapa do mundo
           distante, rosa-dos-ventos, Infante, caravela
           quinhentista, que é cabo da Boa Esperança,
           ouro, canela, marfim, florete de espadachim,
           bastidor passo de dança, colombina e
           arlequim, passarola voadora, pára-raios.
           locomotiva, alto-forno, geradora, barco de
           proa festiva, cisão de átomo, radar, ultra-som,
           televisão, desembarque em foguetão, na
           superfície lunar.
                   Eles não sabem, nem sonham, que o
           sonho comanda a vida e que sempre que um
           homem sonha o mundo pula e avança como
           bola colorida entre as mãos de uma criança.


                             Gedeão, A; Freire M., 1969
Introdução


         Trabalho como Professora Coordenadora da Oficina Pedagógica de
Tecnologia Educacional (PCOP1), desde o ano de 2000, onde tiveram início
algumas das ações realizadas pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo
(SEE), no referente às implementações de tecnologias voltadas a educação.
         Ao longo de todo esse processo, tive oportunidade de participar de ―tudo‖
o que tem acontecido nesta área, tais como seminários, autores, ferramentas, além
de mantermos uma rede, onde trocamos informações entre os NTEs do Brasil,
conforme apontado por Cappa (20082):
                  [t]alvez, toda essa inspiração tenha sua origem em ―nada‖, ou talvez no
                  ―muito‖ que observo, analiso ou simplesmente incorporo. Há bem pouco
                  tempo ao fazer a matricula de minha filha no Ensino Médio, entre outras
                  proibições e obrigações escritas em um documento, cujos pais deveriam
                  dar ciência, destaco uma frase: Proibido portar celulares, mp3, 4, 5 e 6.
                  Não pude deixar de pensar, 6? Mp6 já passou, já aconteceu há muito
                  tempo! Em meus pensamentos eu comparei a gestão da escola com a
                  minha mãe, que nos anos 80 me perguntou: Porque você quer um Atari?
                  Para que serve isso? E respondi: quero saber como funciona. Sempre foi
                  assim, destruía aquelas ―buzinas‖ que faziam as bonecas chorarem,
                  quebrava carrinhos de cordas dos meus irmãos, desmontava
                  despertadores e cartuchos de vídeo games só para ver como funcionavam.
                  Aquilo tudo me fascinava, mas logo depois estava incorporado,
                  esquecido, não interessava mais, tornou-se invisível.

         Este pensamento pode nos conduzir a uma reflexão de que talvez, o
conceito de ―nova era‖ tecnológica ou o termo Web 2.0, não sejam tão novos
assim e o ―conhecimento invisível‖, seja apenas o conhecimento que pode ser
absorvido, incorporado ou simplesmente esquecido.
         Evidentemente, que no limite de tempo de cada uma dessas ―inovações‖
tecnológicas, passaram antes por uma técnica3, até que finalmente fossem
aprimoradas, compreendidas e incorporadas pela sociedade, ou seja, toda
mudança tecnológica inicia-se como uma inovação técnica, mas vira cultura ao
transformar-se em conhecimento, ao ficar invisível.

1
  PCOP são professores afastados da sala de aula capazes de integrar o uso das tecnologias existentes as
práticas pedagógicas. São responsáveis pelas ações e implantações de informática educacional nos NRTE.
2
  Extraído do Blog: http://memoriasdeumaloira.blogspot.com/2008/12/o-conhecimento-invisvel.html
3
  Técnica é o procedimento ou o conjunto de procedimentos que têm como objetivo obter um determinado
resultado. No ser humano, a técnica surge de sua relação com o meio e se caracteriza por ser consciente,
reflexiva, inventiva e fundamentalmente individual. O indivíduo aaprende e a faz progredir.
http://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A9cnica
12




          Assim, é um engano achar, que a Internet e tudo que vem com ela é algo
"tecnológico", totalmente inovador. É, mas apenas no início de uma linha de
pensamento. Tecnologia4 é assim, inovadora, revolucionária, mas depois de um
tempo, é incorporada em nosso cotidiano ou simplesmente esquecida.
          A telefonia é outro exemplo de técnica que foi se aprimorando ao longo
dos tempos, e hoje, com a telefonia móvel é uma tecnologia que faz parte de
nossas vidas como se estivesse sempre conosco, foi incorporada, tornou-se
invisível, como uma extensão de nosso corpo, de nosso próprio pensamento. Para
uma criança de dez anos o computador e tudo o que ele proporciona, é assim, faz
parte de sua vida como se sempre estivesse lá. Apenas, já foi, aconteceu.
          É dentro deste contexto e seguindo o curso natural de sua própria dinâmica
de funcionamento no ―mundo atual‖ de nossos alunos, que nos deparamos com as
novas tecnologias proporcionadas pelos computadores.
          A internet e sua concepção de Web 2.0 e o seu ―broadcast yourself 5, pode
favorecer a criação de espaços virtuais de aprendizagem e a introdução de uma
nova cultura no ambiente escolar. É neste sentido que essa invisibilidade de fato,
pode chegar até as escolas quebrando paredes, rompendo paradigmas.
          Destaco a citação abaixo:
                    [e]scolas devem ajudar as pessoas a avaliar e reconhecer o conhecimento
                    que esta no outro. Talvez deva ser o lugar onde se aprende a gerir
                    conhecimento e a produzi-lo coletivamente. Não podemos impor uma
                    nova cultura. Ela precisa crescer naturalmente. (Lévy, 2007, p. 46).

        Entendo nas palavras do autor, que escolas podem ser espaços de criação e
aprendizagem coletiva, do saber compartilhado e troca de experiências, dentro de
um contexto que tenha significado na vida de alunos e professores, respeitando-se
o tempo, o individual e o coletivo, para que possam ser aprendidas, incorporadas e
transformadas em conhecimento.
         A metodologia de análise deste trabalho esta fundamentada, conforme
proposto por esta Universidade, em uma revisão apoiada em referências


4
  Tecnologia (do grego τεχνη — "técnica, arte, ofício" e λογια — "estudo") é um termo que envolve o
conhecimento técnico e científico e as ferramentas, processos e materiais criados e/ou utilizados a partir de tal
conhecimento. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia
5
  Neste vídeo, Rafael Bastos (CQC), faz uma analogia da maneira como a geração atual, interage em
ambientes chamados 2.0e sobre o conceito do broadcast yourself, ou simplesmente: mostre-se ao mundo.
http://www.youtube.com/watch?v=UI2m5knVrvg
13




bibliográficas sobre os temas e teorias de aprendizagem que abordem as
tecnologias na educação, o conceito de Web 2.0 e sua práxis.
       Considerei em seu desenvolvimento a introdução de situações empíricas
vivenciadas enquanto usuária, estudante, educadora e profissional das tecnologias,
buscando um eixo de ligação entre as teorias da aprendizagem utilizadas no
contexto tecnológico e o cotidiano escolar.
       Não pretendo com ele, criar uma metodologia de ensino e nem estipular
passos rígidos para uma concepção sobre o conceito de Web 2.0, mas quero
acreditar que espaços virtuais de aprendizagem possam vir a ser uma alternativa
pedagógica para a melhoria do ensino e da aprendizagem.
       No primeiro capítulo: Abordagem Histórica: Como chegamos até o
conceito de Web 2.0, realizei uma pesquisa histórica com base em registros que
preservam os conceitos iniciais da Computação, procurando assim, entender como
a humanidade chegou ao conceito de Web 2.0.
       No segundo capítulo: O Passado e o Futuro do Pensamento, busquei um
embasamento teórico em autores, cujas teorias e pensamentos transcorrem sobre
as tecnologias na educação e o conceito Web 2.0.
       No terceiro capitulo, O Conceito de Web 2.0, procurei esclarecer este
conceito, determinando a sua origem e conteúdo de significação, descrevendo os
principais aspectos culturais e processos de transformação social que o favorecem.
       No quarto capítulo, ―Blogo”, Logo, Existo! O Conhecimento Invisível,
Individual e Coletivo em Ambientes Compartilhados na Web 2.0, explorei, o
efeito acelerado e ampliador da Web 2.0, através da criação dos blogs e buscando
como referencial de trabalho, oportunidades oferecidas pelo Portal Educarede, da
Fundação Telefônica6, através de sua metodologia e espaços colaborativos.
       Nas Considerações Finais, transcorro sobre algumas previsões de autores e
desafios enfrentados no presente e futuro para quem ensina e para quem aprende
nesta nova realidade virtual, encerrando com uma tag cloud, onde foram são
destacados alguns conceitos utilizados, ilustrando assim, o ―ícone‖ da web 2.07


6
  http://www.educarede.org.br
7
  Tag Clouds, ou Nuvem de Tags são listas hierarquizadas visualmente, ou seja, uma forma de apresentar os
itens de um website. As tags disponibilizadas na nuvem são links que levam a conexões através de hiperlink
no item relacionado às palavras da tag. Fonte: Wikipédia.
14




Capítulo 1 Abordagem Histórica: Como chegamos à Web 2.0?


         Para chegarmos ao conceito de Web 2.0 e a utilização de Blogs na
educação, procurei determinar historicamente, algumas técnicas criadas ao longo
dos tempos, e nesta breve retomada histórica, o que pode ser observado é que as
primeiras aplicações dos computadores8 foram totalmente estrategistas e sua
função primordial era ser um facilitador de cálculos.
         A origem historica da computação9 não possui uma data exata, mas
durante milhares de anos, na forma de cálculo, foi executada com os dedos das
mãos (sistema decimal), pés, pedras, caneta e papel, giz e ardósia, algumas vezes
com o auxilio de tabelas, instrumentos ou calculos mentais (Boyer, 1974).
         Um dos primeiros instrumentos utilizados na forma de computação, foi
criado na China (Abaco, 2000 a.C),                      operando basicamente com o sistema
posicional decimal. Este instrumento ainda é muito utilizado na alfabetização
matemática de séries iniciais (Boyer, 1974).
         Por volta de 1590, John Napier, desenvolveu os ossos de Napier. Uma
espécie de tabelas de multiplicação gravadas em bastão, o que evitava a
memorização da tabuada, sendo reconhecido como o descodificador do logaritmo
natural e por ter popularizado o ponto decimal (Boyer, 1974).
         Na decodificação dos logaritmos naturais, ele usou uma constante que,
embora não a tenha descrito, foi a primeira referência ao notável "e", descrito
quase 100 anos depois por Euler, e nessa compreensão dos números complexos,
certos "defeitos" existentes no conjunto dos números reais foram "consertados".
Os procedimentos (algoritmos) recursivos (iterativos ou recorrentes) no plano
complexo criaram na maioria das vezes figuras invariantes por escala
denominadas fractais 10 (Boyer, 1974).


8  Computador (ou ordenador) é uma máquina capaz de variados tipos de tratamento automático de
informações ou processamento de dados.
9
   A computação pode ser definida como a busca de uma solução para um problema a partir de entradas
(inputs) e saídas (outputs) através de um algoritmo matemático9
10
   Fractais (do latim fractus, fração, quebrado) são figuras da geometria não-Euclidiana. As raízes conceituais
dos fractais remontam a tentativas de medir o tamanho de objetos para os quais as definições tradicionais
baseadas na geometria euclidiana falham. Um fractal é um objeto geométrico que pode ser dividido em
partes, cada uma das quais semelhante ao objeto original. Diz-se que os fractais têm infinitos detalhes, são
geralmente autossimilares e independem de escala. Em muitos casos um fractal pode ser gerado por um
padrão repetido, tipicamente um processo recorrente ou iterativo.
15




         Estas formas geométricas de dimensão fracionária servem como
ferramenta para: descrever as formas irregulares da superfície da terra; modelar
fenômenos        aparentemente         imprevisíveis        (teoria     do    caos),     de    natureza
meteorológica, astronômica, econômica, biológica e arte gerada por computador.
A computação gráfica surge em decorrências destas teorias (Boyer, 1974).
         Por volta de 1642, na forma de uma espécie de calculadora, Blaise Pascal
criou um instrumento que transferia os números mecanicamente da coluna de
unidades para a coluna de dezenas e foi chamada de ―Pascalina‖ (Boyer, 1974).
         Em 1822, Charles Babbage, apresentou o primeiro modelo de uma
máquina capaz de fazer cálculos e elaborar tabelas logarítmicas, baseados nos
princípios de Napier, concebidos por volta de 1560 (Boyer, 1974).
         Em 1850, George Boole, teve seu primeiro trabalho publicado sobre a
lógica booleana através das combinações em códigos binários. Como a
humanidade operava em base decimal, teve seus conceitos ignorados pela maioria
dos matemáticos, exceto por alguns, que reconheceram ali a genese de algo de
supremo interesse para a matemática (Boyer, 1974).
         Foi por volta de 1936, que Babbage e Boole tiveram suas teorias aceitas
no mundo científico e baseado nelas, durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945),
foi desenvolvido o primeiro modelo de computador chamado de ENIAC11, cuja
―arquitetura‖ e princípios matemáticos criados por Napier (1590), Pascal (1642),
Euler (1690), Babbage (1822) e Boole (1850), foram utilizadas nos primeiros
processadores, permanecendo, desde 1970, nos modelos de microprocessadores
fabricados para computadores. (c.f. Cappa, 200312).
         Podemos perceber, portanto, nos intervalos de tempo em que essas
evoluções matemáticas ocorreram e apenas pensar que máquinas, foram criadas
para serem invisíveis, são apenas inovações técnicas que favorecem o
desenvolvimento humano ao longo de uma história que se renova.
         Desenvolvido os princípios computacionais e o computador propriamente
dito, surgia a necessidade de preparar pessoas para sua utilização.



11
   O ENIAC (Electrical Numerical Integrator and Computer) foi o primeiro computador digital eletrônico de
grande escala. Criado em fevereiro de 1946 pelos cientistas norte-americanos John Eckert e John Mauchly, da
Electronic Control Company. http://pt.wikipedia.org/wiki/Eniac
12
   Projeto Aluno Monitor, Diretoria de Ensino Região de Campinas Oeste – A História do Computador:
http://decampinasoeste.edunet.sp.gov.br/nrte/apostilas/História_do_Computador_2003.pdf.
16




         Nas décadas de 1950 e 1960, seguindo o conceito de computação, a
informática era tratada apenas como um meio gerador de aprendizagem, sendo
aulas que procuravam atender uma demanda de mão de obra qualificada para a
utilização das novas tecnologias, ou seja, o primeiro uso da informática na
educação foi o próprio ensino da informática e da computação.
         Nesta retomada histórica, busquei embasamento em informações
disponibilizadas pelo Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo)13,
onde pude deduzir, que a idéia de utilização desses conceitos aplicados
efetivamente na formação básica de alunos, nasceu no início dos anos 70, partindo
de experiências da comunidade científica das seguintes universidades:
         a. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que utilizou
              computadores de grande porte para auxiliar no ensino e avaliação em
              Química;
         b. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o Laboratório
              de Estudos Cognitivos do Instituto de Psicologia (LEC), baseados nas
              teorias de Piaget e Papert focaram pesquisas em crianças com
              dificuldades de aprendizagem;
         c. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) que iníciou uma
              cooperação com o Media Lab do Massachussts Institute of Technology
              (MIT14), criando um grupo interdisciplinar para o uso de computadores
              com a linguagem LOGO15, cuja parceria permanece e foi acrescida
              pelo Bradesco Instituto de Tecnologia (BIT) e as Secretaria Estaduais16
              e Municipais de Educação.
         Entretanto, a implantação de programas do ProInfo tiveram início
efetivamente, com os Seminários Nacionais de Informática em Educação,


13
    O Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo Portaria nº 522/MEC de 09/04/97), para
promover o uso pedagógico das tecnologias de informática e comunicações (TICs), nas redes públicas de
ensino, atuando através dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE).
14
   http://web.mit.edu/
15
   A Linguagem LOGO envolve uma tartaruga gráfica, um robô pronto para responder aos comandos do
usuário. Uma vez que a linguagem é interpretada, o resultado é mostrado imediatamente após digitar-se o
comando. Nela, o aluno aprende com seus erros. Se algo esta errado em seu raciocínio, isto é demonstrado na
tela, fazendo com que o aluno pense sobre o que poderia estar errado e tente encontrar soluções corretas para
os problemas: Para saber mais: http://www.din.uem.br/ia/a_correl/iaedu/menu_logo.htm
16
   . A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo atua em parceria com o BIT, através de programas
educacionais que utilizam recursos midiáticos com ênfase na capacitação de alunos e professores, através de
projetos como o Intel Educar, Microsoft, Lego, Portal Educarede e Pró Menino da Fundação Telefônica.
17




realizados na Universidade de Brasília em 1981 e na Universidade Federal da
Bahia em 1982, e foi através desses seminários que foram estabelecidas as bases
para a estruturação do Projeto EDUCOM17.
         Foi somente em 1989, que o Ministério da Educação e Cultura (MEC),
lançou o Programa Nacional de Informática Educativa (PRONINFE)18,
patrocinado pelo Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento ou
                                 19
Banco Mundial (BIRD)                  , e o computador foi reconhecido como um meio de
ampliação das funções do professor e desse movimento, surgiu a primeira idéia de
implantação de projetos experimentais em universidades, criando embasamento
para a Política Nacional de Informatização da Educação e tendo como eixo
norteador o documento de Diretrizes20. (Cappa, c.f. 2007, pag. 17).
         Este modelo, ainda permanece e baseia-se na observância das
especificidades regionais e metas educacionais definidas pelos conjuntos de leis
governamentais (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN
9394/96)21.
         Na busca para se atingir tais objetivos, surgiram as primeiras estruturas
organizadas nos Estados, os chamados Núcleos de Tecnologia Educacional
(NTE), cujas ações seguem basicamente o modelo elaborado pelo ProInfo, e neste
sentido, embora tenham sido propostas inovadoras, ainda configuram um modelo
complexo, deixando a cargo da escola, a criação de projetos envolvendo a
informática educacional, tarefa pelas quais a comunidade escolar como um todo,
não esta preparada para elaborar (Cappa, 2007, pag. 22).
         Posso basear estas afirmações nas colocações de Moraes22, onde afirma
que dentro da concepção de ―pedagogia de projetos‖ estabelecida nos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN)23, o computador ainda é visto como ―ferramenta

17
   O projeto EDUCOM foi o primeiro e principal projeto público a tratar da informática educacional,
originou-se do 1º Seminário Nacional de Informática na Educação (1981). Uma das metas do projeto, era
perceber como o aluno aprende apoiado pelas tecnologias e se isso melhora efetivamente sua aprendizagem.
18
   A base teórica estabelecida em 1981, possibilitou ao MEC (Portaria 549/89), instituir o Programa Nacional
de Informática na Educação (PRONINFE).
19
   Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento ( Banco Mundial), é uma agência das Nações
Unidas, fundada em 1/07/1944 com representantes de 44 governos e surgiu da necessidade de financiamento
à países devastados durante a 2ª Guerra e atualmente luta contra a pobreza mundial.
20
   Fonte: http://www.proinfo.gov.br/ http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9424.pdf
21
   LDBEN: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Diretrizes_e_Bases_da_Educa%C3%A7%C3%A3o
22
    Maria Cândida Moraes, foi coordenadora das atividades relacionadas às Tecnologias na Educação,
desenvolvidas pelo MEC no período de 1981 a 1992
23
   PCN disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf
18




auxiliar‖ ou como ‖recurso didático‖ e o professor visto como o ―facilitador‖
preparado pelos ―multiplicadores‖, os quais deverão disseminar ―o mesmo‖ para
muitos (Moraes, 1997).
         De maneira geral, os educadores trabalham os conceitos estabelecidos nos
PCN, enfatizando o uso de editores de textos para a estética e organização do
trabalho, planilhas eletrônicas para a construção de gráficos ou tabelas e
finalmente, utilizam sites de buscas para ―pesquisas‖ (Moraes, 1997). Neste
cenário, podemos criar uma situação hipotética:
         Para a elaboração de um projeto proposto por um professor, os alunos
poderiam realizar uma pesquisa consultando periódicos ou enciclopédias, a edição
poderia ser datilografada, os gráficos tabulados e desenhados em folhas
quadriculadas, poderiam ser utilizadas fotos ou recortes de jornais ou revistas e o
produto final, exposto em folhas de cartolina no pátio da escola.
         Em um exemplo recente, a Professora Coordenadora de uma unidade
escolar, pediu para fosse conhecer o trabalho das oficinas de informática
educacional, em uma escola cujo modelo na Rede Estadual de São Paulo é
chamado de (ETI) Escola de Tempo Integral24, ou seja, teoricamente, trata-se de
um professor que trabalha somente com os recursos midiáticos, sendo capaz para
o exercício desta atividade.
         Sob o olhar dos gestores, a atuação da professora é considerada
―fantástica‖. Tais colocações despertaram minha curiosidade profissional e fui
conhecer o trabalho desenvolvido.
         Na sala de informática, encontrei o projetor ligado, um texto projetado no
telão e os alunos copiando-o no editor de texto, e , neste contexto, foi inevitável a
                                               25
lembrança de um vídeo intitulado                    ―metodologia ou tecnologia‖ (YoutTube,
2010) que reproduz o seguinte cenário:




24
   Para subsidiar as ações da Escola de Tempo Integral, foram reunidos vários, artigos, links e referências
bibliográficas referentes às questões do planejamento, da proposta pedagógica, autonomia da escola,
avaliação, projeto pedagógico, gestão e atividades escolares:
http://www.crmariocovas.sp.gov.br/etm_l.php?t=001
http://cenp.edunet.sp.gov.br/escola_integral/2007/cadernosofc.asp
http://decampinasoeste.edunet.sp.gov.br/nrte/frameset.htm
25
   http://www.youtube.com/watch?v=lWLXerJMwGA&feature=player_embedded – Vídeo elaborado pela
UNIPAC – Universidade Presidente Antônio Carlos. Metodologia ou Tecnologia?
19




       A professora e seus alunos, cada um com o seu notebook, recitando
tabuadas simultaneamente projetadas na tela e no telão da sala. Só pude
concordar: “Realmente, fantástico!”. E pensar: ―Estamos mesmo no caminho
errado”. Neste contexto, o computador pode ser entendido, literalmente, como
uma ―ferramenta pedagógica‖.
               [o]s ―mestres do oficio‖, ainda são formados de forma tradicionalista e
               onde o ―saber fazer‖ dos mestres do passado ainda deixam marcas nas
               práticas dos educadores atuais, privilegiando a transmissão de
               informações de um professor que é o detentor do conhecimento para um
               aluno que não tenha seu conhecimento prévio considerado. Assim, a
               formação deste professor não lhe permite uma postura participativa ou
               investigativa e tão pouco colaborativa, limita-se apenas a reproduzir
               conteúdos pré-estabelecidos (Arroyo, 2000).


        Entendo a situação das educadoras nas colocações do autor, ao afirmar a
deficiência na formação de sua graduação, ou seja, nossos professores são
formados de maneira tradicional e exige-se um conhecimento ―tecnológico‖ que
ele previamente não vivenciou. Para aprendermos bem, é preciso relacionar e
integrar, utilizando-se todas as tecnologias e técnicas visuais, orais lúdicas e
corporais. ―O professor precisa aprender a explorar adequadamente as várias
opções metodológicas possibilitando assim, que a comunicação tenha significado
e transforme-se em conhecimento‖ (Cappa, 2007, pag. 13).
       Podemos pensar, que um dos principais desafios da Educação para o autor,
―não é superar as dificuldades dos conhecimentos técnicos para se trabalhar em
um ambiente virtual, mas sim, como desenvolver uma cultura de colaboração no
âmbito escolar‖ (Cappa, 2007, pag. 49, i.e. Lévy, 1999)
       Nesta frase especificamente, podemos perceber, que as grandes
modificações, não são apenas de ordem tecnológica, mas sim culturais. Ou seja,
como educadores, ainda negamos o ―novo‖ ou aquilo que é muito visível ainda,
ou incomodante, pois são paradigmas que interferem na maneira como ensinamos.
Se conseguirmos de fato, criar uma condição de troca e co-participação,‖Aí, tanto
faz, estar no presencial ou no virtual‖. (Lévy, 1999, pag. 46).
       Entendo, portanto, segundo o autor, que a criação de espaços virtuais de
aprendizagem, podem ser o caminho mais rápido para a introdução de uma nova
cultura nas escolas, baseada no conhecimento global e na troca de experiências
20




entre alunos e professores. O conhecimento, não se restringiria somente no espaço
da sala de aula e o grande avanço seria a troca de experiências, de conhecimento e
conseqüentemente de uma formação mais abrangente (c.f. Cappa, 2007, pag. 50).
       Se pensarmos, portanto, na história das tecnologias que envolvem a
computação, sua dinâmica e os intervalos de tempo transcorridos, a internet é sem
dúvida, a tecnologia que mais sofreu mutações e evoluções em um curto espaço
de tempo. Mas isso não quer dizer que, enquanto educadores, precisamos nos
adaptar a essa nova realidade com imediatismo e urgência. Tal situação pode ser
paradoxal, afinal, a compreensão de tais recursos, exige um tempo para que sejam
apreendidas de fato e passa pelo reconhecimento de nossas limitações pessoais e o
discernimento de que nem todas as possibilidades oferecidas pela internet são
adequadas à realidade escolar.
       Ao definir minha pesquisa, baseie-me nos atuais recursos midiáticos
existentes nas escolas publicas da Rede Estadual de São Paulo e em possibilidades
da internet que dispensam uma apropriação técnica em nível de usuários; ou seja,
a tecnologia esta cada vez mais presente no cotidiano das escolas.
       Paradoxalmente, educadores – e isso não decorre de idade ou geração -
não possuem uma formação na sua graduação ou na continuidade de seus estudos,
que lhes dê segurança suficiente para utilizar tais recursos no processo de ensino e
de aprendizagem, o que, talvez, pudesse garantir aulas mais desafiadoras e
motivadoras. A pergunta de partida para a definição deste trabalho foi: Como
utilizar os recursos da Web 2.0 no contexto educacional?
       Com absoluta certeza, eu sabia tratar-se de um tema amplo, complexo e
com poucos registros de caráter científico e acadêmico, fato esse decorrente
talvez da sua falta de linearidade ou de sua natureza recente, todavia, quis
transgredir e assim, elaborar um estudo, onde ―todas‖ ou apenas ―algumas‖
possibilidades oferecidas pelo conceito de Web 2.0, pudessem ser apropriadas
pelos professores em co-produção com alunos. E a resposta para minha pergunta
foi: Os blogs.
       O mais notável deste aplicativo, é que eles não são de um só autor,
podendo ser editados e compartilhados por todos que tenham interesses comuns.
Sua plataforma interativa e amigável, que em geral já fazem parte do cotidiano de
21




alunos, permitindo a apropriação pelos professores de alguns desses recursos em
produção conjunta, estabelecendo assim, uma relação de troca.
       O referencial teórico desta concepção, ainda é muito pequeno e não existe
uma comprovação científica de que a utilização de blogs como ―estratégias
pedagógicas‖ possam contribuir de fato para a uma aprendizagem significativa,
mas podemos pensar sobre este momento e juntos buscarmos alternativas de
aprendizagem, não como um fim, mas sim como um meio.
22




Capitulo 2 O Passado e o Futuro do Pensamento Virtual


         Eu já me sentia uma criança diferente. Sabia ler e escrever antes de entrar
na escola, tinha um talento natural para a arte e a matemática e assistia muita TV
nos anos 70, mas o fato mais memorável de minha infância são as horas dedicadas
a ouvir musicas em discos de vinil, com a vitrola desligada. Girava o disco com
as mãos e conseguia ouvir o som e, simplesmente queria entender: como aquilo
tudo era possível. Assim, mal podia esperar para começar a freqüentar a escola.
         A direção de uma escola, percebendo minha grande vontade de estudar,
permitiu em caráter experimental, meu ingresso na escola, um ano antes do
permitido na legislação vigente (LDB 5692/71, art. 20). Após uma semana, fui
matriculada em caráter permanente, tirava altas notas sem estudar profundamente
e muito pouco do que era ensinado me interessava de fato.
         Contrariando minha expectativa inicial, mal podia esperar a aula terminar
e voltar para casa, desmontar brinquedos e ler livros de histórias.
         Permanecia portanto, a vontade insaciável de saber ―coisas‖ que lá não
eram ensinadas e a escola tornou-se apenas um lugar para encontrar os amigos.
Não a considerava suficientemente interessante para aprender e nunca supriu
minha curiosidade natural, mesmo sendo uma aluna brilhante, considerando os
padrões da época.
         Em 2007, na graduação de pedagogia, buscando um melhor entendimento
da teoria Behaviorista26, testei o simulador de um programa que foi amplamente
enaltecido em sua época, chamado de ―A Máquina de Ensinar‖ ou ―Máquina de
Skinner‖ (Skinner, 1968)27 e ao utilizá-la, os níveis eram avançados
mecanicamente, por tentativas e erros - “alternativa errada - tente outra vez”.
         O que talvez, possa relatar dessa experiência, é que fui imediatamente
remetida para os ―tempos de ginásio‖ nos anos 80, onde questionários e

26
   Behaviorismo (Behaviorism em inglês):, é o conjunto das teorias psicológicas (dentre elas a Análise do
Comportamento, a Psicologia Objetiva) que postulam o comportamento como o mais adequado objeto de
estudo da Psicologia. Comportamento geralmente é definido por meio das unidades analíticas respostas e
estímulos..http://pt.wikipedia.org/wiki/Behaviorismo
27
   A teoria de Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) baseia-se na idéia de que o aprendizado ocorre em
função de mudança no comportamento manifesto, conduzindo ao resultado de uma resposta individual a
eventos (estímulos) que ocorrem no meio. Uma resposta produz uma conseqüência, bater em uma bola,
solucionar um problema matemático. Quando um padrão particular Estímulo-Resposta (S-R) é reforçado
(recompensado), o indivíduo é condicionado a reagir.
23




conteúdos, previamente decorados marcaram profundamente a minha geração e
no ingresso nos anos 70, na tão sonhada escola onde fui da euforia ao tédio.
Podemos contrapor aqui: Os jovens mudaram tanto, ou somos nós que
esquecemos como é ser curioso, destemido, abusado ou simplesmente transgredir?
                   [p]elo fato de ser o professor um agente de mudança, olhando sempre
                   para o futuro, no afã de educar alunos (e não para o passado) e dessa
                   maneira, transgredindo, muitas vezes, regras e normas estabelecidas (...),
                   o educador é, portanto, um transgressor do que existe, pronto, acabado,
                   constituído e passado. Por acompanhar a dinâmica da sociedade, inova
                   em termos de atitudes e comportamentos, tendendo à mudança de
                   mentalidades, a par do questionamento sempre presente e base - assim
                   como a atividade de pesquisa - para a construção do conhecimento.
                   (Hernández, 1998, pag. 14)

         O autor é que melhor conceitua o termo transgredir na educação, que
entendo como uma aventura em torno da mudança escolar, talvez um aspecto que
defina a intenção da mudança, do olhar. Ao transgredirmos, quebramos regras,
podemos nos colocar no lugar do outro, lembrar como era difícil ser criança,
aluno e tornar-se um cidadão, buscando assim, significação para a profissão
docente.
                   [p]or estarmos vivendo em uma época de grandes mudanças sociais,
                   passou a ser função da escola não apenas a transmissão de conteúdos,
                   mas ajudar a construir a identidade e a subjetividade de cada criança e
                   adolescente, tanto como sujeito histórico, como cidadão, ensinando-os a
                   elaborar estratégias e recursos para interpretar o mundo em que vivem, a
                   escrever suas próprias histórias, as relações estabelecidas através das
                   diferentes experiências culturais e os conhecimentos relevantes para eles.
                   (Hernández, 1998, pag. 14)


         Assim, de acordo com o autor, vou transgredir e contrapor aqui ao algumas
teorias educacionais, que também abordam conceitos que envolvam as tecnologias
da educação e suas possibilidades: Da teoria de Skinner e sua ―Máquina de
Ensinar‖ à ―Máquina que pode ser ensinada‖ de Papert28 onde denomina de
―Construcionista‖ a abordagem pela qual o aprendiz constrói, por intermédio do
computador, o seu próprio conhecimento (Papert, 1985).




28
  Segundo Papert, aprendendo a dominar o computador, e a fazê-lo executar os seus objetivos, a criança é
colocada em contato com as idéias mais profundas das Ciências e da Matemática, com a filosofia por detrás
do método científico, com a heurística e teoria dos modelos, com os princípios e as técnicas mais profundas
de solução de problema. É esta filosofia do uso do computador que é enfatizada pela linguagem LOGO.
24




         Podemos entender essa abordagem, como sendo um modelo delineado por
projetos baseados em interatividade29 e interconectividade30 (Moraes, 1997), e que
busca embasamento científico na teoria construtivista31 de Piaget onde considera a
construção do conhecimento baseada na realização de uma ação concreta que
resulta em um produto palpável. O construcionismo, portanto                              implica numa
interação aluno-objeto, mediada por uma linguagem de programação, neste caso,
especificamente a linguagem LOGO (Papert, 1985).
                   [b]ehaviorismo, cognitivismo e construtivismo são as três grandes teorias
                   da aprendizagem mais freqüentemente usadas na criação de ambientes
                   instrucionais. Essas teorias, contudo, foram desenvolvidas em um tempo
                   em que a aprendizagem não sofria o impacto da tecnologia. Através dos
                   últimos vinte anos, a tecnologia reorganizou o modo como vivemos,
                   como nos comunicamos e como aprendemos. As necessidades de
                   aprendizagem e teorias que descrevem os princípios e processos de
                   aprendizagem, devem refletir o ambiente social vigente. (Siemens, 2004).


         Na opinião do autor, o conhecimento e aprendizagem estão na vanguarda
do progresso e avanço da humanidade, e em nenhum outro momento da história,
tivemos diante de nós, esse panorama de oportunidades.
                   [p]ortanto, teorias da cognição e da aprendizagem que tem servido bem
                   no passado, parecem frágeis, ineficazes e fora de contato com a realidade
                   dos alunos, do novo contexto e as características do conhecimento hoje
                   (Siemens, 2004).


         A preocupação do autor é no sentido de como podemos lidar com todo
esse excesso de informação envolvendo alunos e professores e aproveitar esse
momento único na história, proporcionado pelos recursos da Web 2.0, de
―maneira a transpor as paredes da sala de aula‖ (Siemens, 2004).



29
   Interatividade ou inter-atuação multitemporal representa a possibilidade de acesso em tempo real, o que
representa o tempo de acesso, no entorno de zero, à diferentes estoques de informação; possibilita o acesso
em múltiplas formas de interação entre o usuário e a própria estrutura da informação neste espaço. A
interatividade modifica o fluxo usuário - tempo - informação.
30
   A interconectividade reposiciona a relação usuário-espaço-informação; opera uma mudança estrutural no
fluxo de informação que se torna multiorientado. Quando o tempo se aproxima de zero e a velocidade do
infinito, os espaços perdem seus limites dando ao indivíduo a condição de contigüidade, onde a possibilidade
de vizinhança se estende para a região do infinito e permite ao usuário da informação ter a possibilidade de
deslocar-se de um espaço de informação para outro espaço de informação.
31
   Construtivismo: Esta teoria, tem como principio, avaliações contínuas onde trabalhos são elaborados a
partir de pesquisas e em grupos, valorizando a troca de informações. A Escola deve ser um ambiente
especialmente criado para o ensino, rica em recursos, possibilitando ao aluno construir seu próprio
conhecimento, usando seu próprio estilo de aprendizagem.O Professor passa a ser um mediador e não mais
um detentor do conhecimento ou um mero transmissor de conteúdos.
25




       Quando o autor questiona as atuais teorias da aprendizagem, penso
exatamente nos modelos reproduzidos pelos PCNs (Moraes, 1997) e em minha
experiência com colegas de trabalho que são ―formados‖ por ―formadores‖ e
formam ―formadores‖ que ―formarão‖ professores que efetivamente as
―informações‖ são ―transmitidas‖ aos alunos. (Moraes, 1997)
       Embora considerados especialistas dentro de suas disciplinas de formação,
o que se observa em sua práxis é que ainda se apóiam em paradigmas e verdades
absolutas, não transgridem e não conseguem efetivamente ―enxergar‖ conteúdos
disciplinares integrados aos recursos midiáticos, utilizando-os apenas para
produzir    apresentações    ou    reproduzir     vídeos    em     suas    formações.
Conseqüentemente, este modelo é reproduzido nas escolas (Moraes, 1997). Talvez
por isso os alunos pensem na escola apenas como um lugar encontrar os amigos.
       Seria possível reverter tudo isso?
       Não creio que alguém tenha a resposta, mas a PUC-SP, em sua 2ª Versão
do Seminário Web Currículo, 2010, apresentou propostas, para a reformulação do
currículo de formação docente. Foi a primeira vez que conheci a expressão:
(TDIC) Tecnologia Digital de Informação e Comunicação (Valente, 2010).
       Após a introdução do tema, o autor explicou que o currículo atual (de
todas as disciplinas) foi desenvolvido para a era do lápis e papel.
               [as] TDIC não só fazem parte, mas elas transformaram muitas atividades
               que fazemos hoje. ―As escolas que usam as TDIC ―brigam‖ com o
               currículo da era do lápis e papel e à medida que as TDIC passam a fazer,
               cada vez mais, parte do cotidiano da vida dos alunos, vai ficar difícil
               controlar essa ―briga‖ e questiona: Qual a razão da não integração das
               TDIC no currículo? (Valente, 2010).

       Aqui, faço um contraponto com os ―formadores‖ mencionados
anteriormente e a citação de Valente, 2010. Enquanto especialista em tecnologias,
em algumas situações, costumava sugerir para os colegas formadores (PCOP de
áreas curriculares) sugestões onde poderiam surgir a integração de currículos e a
utilização de recursos midiáticos. Tais intervenções, eram decorrentes de uma
expectativa pessoal, no sentido de contribuir de alguma forma na formação dos
docentes, refletindo assim, em mudanças no cotidiano escolar.
       Surpreendentemente, ao contrário do esperado em sua grande maioria
percebia-se um ―ego‖ ferido, como se a sugestão fosse algo ofensivo como ―acha
26




que não sei isso‖ ou então, ―nossa, quer mandar em todas as disciplinas‖. Ao
contrário do que meu trabalho se propõe, em algumas ocasiões sou solicitada até
mesmo com certa agressividade ou ironia, para ―consertar‖ computadores ou ligar
aparelhos na tomada e quase sempre acompanhadas da frase: Afinal, você não é
técnica em informática‖?
            Todos, sem exceção, são convidados a participarem das formações
realizadas através do NRTE, mas são praticamente os mesmos educadores, que
procuram ―experimentar‖ novas possibilidades, e isso não decorre de idade ou
geração, pois os mais entusiasmados, já passaram e muito dos cinqüenta anos.
            Nessa tentativa, criei uma página na internet32 e desde sua criação em
2007, o que é notável de fato, é que se trata de um sitio abandonado e inacabado
que não atingiu sua proposta inicial: criar um espaço de criação coletiva, onde
cada um, dentro de sua disciplina de atuação, pudesse gerir seus próprios espaços
integrando currículos e trocas de experiências.
            Poderia aqui dizer ser essa experiência, um caso de sucesso, mas como
decorre de uma situação empírica e não exclusa do órgão onde atuo, podemos
apenas pensar: O paradoxo novamente: acontece. Justamente no topo, em nível de
formadores, onde em tais espaços de experimentações, poderiam incorrer em
mudanças isso não acontece, ao contrário das escolas, onde realmente podemos
observar pequenos movimentos, que aos poucos estão gerando resultados.
            A explicação mais próxima dentro de um pensamento racional, talvez seja
que no ambiente escolar, a presença dos alunos é uma constante e conseguem
atuar diretamente na construção desses espaços. Tal situação só pode acontecer de
fato nas escolas, porque são eles (alunos) que representam a continuidade e
promovem de fato essa relação de co-autoria e produção coletiva33.
            Enfim, confesso que ao longo desses dez anos de tentativas, também me
deixei influenciar por esse comportamento geral e para poder ser ―aceita‖ no
grupo, sucumbi apenas ao trabalho que desenvolvo: Criar situações onde as
tecnologias possam aos poucos ir acontecendo nas escolas, onde as formações,
seguem basicamente a filosofia de que nada pode ser alterado sem que a mudança


32
     http://decampinasoeste.edunet.sp.gov.br/oficina_pedagogica/frameset.htm
33
     http://decampinasoeste.edunet.sp.gov.br/links_outras_diretorias/página_inicial_links_escolas.htm
27




ocorra principalmente no comportamento das pessoas, de maneira gradativa e
respeitando-se o tempo de cada um. Inevitavelmente, pelo menos uma vez por
semana eu tenho que repetir a frase ―não, eu não sou técnica de informática‖.
        Valente sugere algumas estratégias para que tais paradigmas sejam
efetivamente mudados: (Valente, 2010)
       a. Entender que nada esta terminado, mas em processo de produção
           (depuração e espiral de aprendizagem);
       b. Desenvolver novas posturas pedagógicas explorando a conectividade e
           não esperar que haja um consenso pedagógico;
       c. Incentivar a criatividade e múltiplas experiências;
       d. Dar voz ao aprendiz;
       e. Promover experiências que visam a apropriação tecnológica
       Assim, penso, ter encontrado o embasamento teórico a que este trabalho se
propôs. Em sua elaboração, considerei, baseado em situações que vivencio, que
apenas relatar experiências de utilização de blogs em escolas, de maneira
expositiva ou as ferramentas que possibilitam sua construção, não validaria o fato,
de que toda a mudança deve ser antes de tudo conceitual, baseado em experiências
do passado e técnicas que se renovam e que aos poucos possam ser integradas ao
cotidiano escolar.
       Para tanto, pode-se apenas estabelecer os blogs como um ponto de partida,
e acreditando que daí para frente será como algumas tecnologias do passado ou
como o lápis, apenas o utilizaremos, fará parte da memória da escola, tornando-se
apenas o conhecimento ―invisível‖.
28




Capitulo 3 O Conceito de Web 2.0


       Embora o termo, sugira uma nova versão do World Wide Web (www) 34, ele
não se refere nas especificações técnicas, mas sim às mudanças culturais e na sua
forma de utilização . O termo "Web 2.0" foi citado pela primeira vez em um artigo
chamado "Fragmentado Futuro" (Revista Print News, EUA, 1999)
                  [os] primeiros vislumbres da Web 2.0 estão começando a aparecer, e nós
                  estamos apenas começando a ver como que o embrião pode se
                  desenvolver (...) A Web vai ser entendido não como screenfuls de texto e
                  gráficos, mas como um mecanismo de transporte, o éter através da
                  interatividade que acontece.Ela ainda vai aparecer na tela do computador,
                  transformado em vídeo e outras mídias dinâmicas possibilitadas pelas
                  tecnologias de conexão rápida que começam a surgir. A Web também irá
                  aparecer, em diferentes formas, na sua televisão (conteúdo interativo
                  tecido perfeitamente na programação e comerciais), no painel do carro
                  (mapas, páginas amarelas, outro navegadores de informações), no seu
                  telefone celular (notícias, cotações de ações, vôo atualizações), máquinas
                  de jogos portáteis (que liga os jogadores com os adversarios na Net), e
                  talvez até mesmo no seu microondas - que automaticamente irá encontrar
                  os tempos de cozimento dos alimentos (DiNucci, 1999).35


       A utilização do termo, naquele momento, estava relacionada principalmente
com web design, estética e a interligação de objetos do cotidiano na internet, e não
ao conceito que se formou nas palavras de Tim O´Reilly. De qualquer maneira, o
mérito da criação, não ficou com o seu criador.
       Foi em 2004, que o termo Web 2.0 aumentou de popularidade e começou a
ser visto com mais respeito nos meios científicos e acadêmicos. Foi quando em
uma conferência o autor do conceito afirmou que a internet estava se tornando
―mais importante do que nunca, com novas e excitantes aplicações e um grande
número de sites surgindo com mais freqüência‖ (C.f., Tim O‘Reilly, 2004).
       Ele completou afirmando que estávamos diante ―da mudança para uma
internet como plataforma, e um entendimento das regras para obter sucesso neste
novo espaço, entre outras, a regra mais importante é a de desenvolver aplicativos

34
   A World Wide Web (que em português significa, "Rede de alcance mundial"; também conhecida como
Web e www) é um sistema de documentos em hipermídia que são interligados e executados na Internet., onde
o usuário pode então seguir as hiperligações na página ou enviar informações de volta para o servidor. 34
http://www.cole20.com/the-history-of-the-web-20-starts-at-darcy-dinuccy-the-proof/
34
   O artigo original, onde aparece mencionado pela primeira os o termo Web 2.0 foi retirado da página da
revista, existe apenas um fragmento no site oficial da autora.
29




que aproveitem os efeitos de rede para que estas se tornarem melhores, já que
quanto mais são usados pelas pessoas, mais se deve aproveitar a inteligência
coletiva" (Tim O‘Reilly, 2004), conforme observamos na Figura 1 (c.f. O‘Reilly,
2004).




                         Figura 1 O.Reilly: web 1.0 X web 2.0


      O termo web 2.0, é uma analogia a sua rápida evolução. Quando softwares
são desenvolvidos, na medida de sua evolução são denominados de versões 1.0,
1.1, 1.2 e assim sucessivamente até chegarem em 2.0, 3.0, etc. Na internet o salto
em sua evolução foi tão intenso, que ela teria ultrapassado todas essas etapas, indo
diretamente de uma versão 1.0 para uma versão 2.0, pulando etapas.
      Portanto, o conceito de Web 2.0 refere-se a uma segunda geração de
serviços online da World Wide Web e sua principal característica deve-se ao fato
principalmente, da forma como estão organizadas as informações e as ferramentas
que podem ser apropriadas pelos usuários. Desta forma, ela não se refere, portanto
apenas a uma inovação técnica, mas sim a um determinado período tecnológico,
que potencializa a criação de espaços coletivos e processos de comunicação
mediados pelo computador através de uma plataforma interativa que possibilita as
produções on-line. (c.f. O‘Reilly, 2004).
30




               [t]rata-se de um núcleo ao redor do qual gravitam princípios e práticas
               que aproximam diversos sites que os seguem. Um desses princípios
               fundamentais é trabalhar a Web como uma plataforma, isto é,
               viabilizando funções online que antes só poderiam ser conduzidas por
               programas instalados em um computador. Porém, mais do que o
               aperfeiçoamento da ―usabilidade‖, o autor enfatiza o desenvolvimento do
               que chama de ―arquitetura de participação‖: o sistema informático
               incorpora recursos de interconexão e compartilhamento. Por exemplo,
               nas redes peer-to-peer (P2P), voltadas para a troca de arquivos digitais,
               cada computador conectado à rede torna-se tanto ―cliente‖ (que pode
               fazer download de arquivos disponíveis na rede) quanto um ―servidor‖
               (oferta seus próprios arquivos para que outros possam ―baixá-lo‖). Dessa
               forma, quanto mais pessoas na rede, mais arquivos se tornam disponíveis
               (O‘Reilly 2005, op. Primo, 2009)

      Isso pode demonstrar, segundo o autor, que o principio chave da Web 2.0,
são os serviços, que melhoram na medida em que as pessoas o utilizam ou
migram para outros serviços, ou seja, se na ―primeira geração os sites eram
trabalhados como unidades isoladas, passa-se agora para uma estrutura integrada
de funcionalidades e conteúdo‖ (Primo, 2009).
      Mesmos os blogs sendo considerados ―ícones‖ dentro da concepção de web
2.0, em 1998, o grupo Yahoo oferecia em seus serviços, emails e espaços de
criação gratuitos para hospedagem de sites chamado de GeoCities. Eram páginas
prontas (templates) com visuais interessantes, criações on-line e a possibilidade de
hospedagem de páginas em HTML criadas em aplicativos como o Front Page ou
Publisher da Microsoft. A própria concepção de web 1.0 não era muito atrativa,
porque fornecia apenas informações e configuravam em modelos onde os usuários
eram apenas leitores ou navegavam de forma hipertextual.
      Em 1999, através do serviço gratuito Blogger, foi possível criar blogs
facilmente em diversos idiomas, que originalmente tiveram sua utilização na
forma de diários ou registros pessoais.
      Em 2002, o Blogger foi adquirido pelo Google, e desde então, é uma das
plataformas mais procuradas para a criação de blogs. Além da facilidade na
utilização de suas ferramentas é possível integrá-los a ilimitados blogs dentro de
uma mesma plataforma gerida pelo Google, ou ainda sites que podem ser
provedores de documentos criados com ferramentas virtuais ou anexados,
editados em conjunto ou compartilhados entre os seus usuários.
31




       O aspecto mais favorável desta ferramenta refere-se a possibilidade de
convidar outros usuários a participar de sua edição, ao mesmo tempo, em tempo
real, coexistindo. A partir das versões 2007, os aplicativos da Microsoft, tais como
editores de texto, planilhas, e apresentações, podem ser editados no computador e
publicados diretamente nas páginas do blog, além de inúmeros gadgets 36. Ou seja,
além do fato da grande maioria destes professores já estarem familiarizados com
esses aplicativos soma-se a isso o fato de poder escrever sem a conexão da
internet, editá-lo, revisá-lo e posteriormente publicá-lo.
         Surpreendentemente, ao contrário do que muitos poderiam esperar, o
teórico da revolução digital rejeita completamente, a idéia de que houve mudança
nos conceitos da internet (Lévy, 2007). Um dos principais teóricos da revolução
digital, filósofo da informação e professor de comunicação na Universidade de
Ottawa (Canadá), acredita que a diferença básica entre a chamada web 1.0 e a web
2.0 é a forma como as pessoas estão se apropriando deste conhecimento, e não as
técnicas em si.
                   [a] Web 2.0 significa apenas que tem muito mais gente se apropriando da
                   tecnologia da internet, o que a torna um fenômeno social de massa.
                   Significa que não é mais necessário recorrer a intermediários ou técnicos.
                   Do ponto vista de conceito de base não há uma grande diferença em
                   relação à internet original. (...) Lévy acha que a grande questão colocada
                   hoje para a rede é apenas aumentar as informações disponíveis, o que é o
                   objeto de sua nova linha de pesquisa no mundo atual (Lévy, 2007).


       Entendo nas palavras do autor, que as possibilidades oferecidas pela
internet, seguiram apenas uma tendência tecnológica, uma evolução dentro de sua
própria história e na forma como essas informações estão chegando para as
pessoas. Como educadores, talvez seja esse, o momento único para aproveitarmos
todas essas possibilidades oferecidas e de encararmos a migração digital como um
desafio em nossas vidas, inexorável e a internet como uma grande aliada no
entendimento de nossos ―nativos digitais.


36
   Gadget (em inglês: geringonça, dispositivo) Em outras palavras, é uma "geringonça" eletrônica.Na Internet
ou mesmo dentro de algum sistema computacional (sistema operacional, navegador web ou desktop), chama-
se também de gadget algum pequeno software, pequeno módulo, ferramenta ou serviço que pode ser
agregado a um ambiente maior. Além de seu mencionado uso como gíria tecnológica, cabe pontuar que o
termo "gadget" ganha contornos específicos no campo da Psicanálise quando, na segunda metade do século
XX, o psicanalista francês Jacques Lacan passa a dele fazer uso para referir-se aos objetos de consumo
produzidos e ofertados como se fossem "desejos" pela lógica capitalista - na qual estão agregados o saber
científico e as tecnologias em geral. (Wikipédia, 2010).
32




         3.1 Uma breve história do Google contada pelo Google


         Desde que Gutenberg inventou a prensa, há mais de 500 anos, fazendo
com que os livros e periódicos, se tornassem acessíveis e amplamente disponíveis
para as massas, nenhuma nova invenção deu poder aos indivíduos e transformou
os modos de acesso à informação tão profundamente como o Google.
         Décadas passadas, a IBM e seus mainframes solucionaram os problemas
de processamento de dados para as grandes corporações. Conseqüentemente
surgiram a Intel, Apple e Microsoft, aprimorando o processamento de dados
através da criação de microprocessadores, a comercialização de computadores
pessoais e o desenvolvimento de softwares e aplicativos, respectivamente,
favorecendo assim, uma autonomia e independência tecnológica para o usuário
comum, que não possui nenhuma especialização técnica.
         A Internet, que originalmente foi um projeto do Departamento de Defesa
norte americano, emerge como a plataforma escolhida e, sem dúvida, ninguém
incomoda mais do que o Google, a grande marca criada em meio a empresas de
Internet na última década, e o grande marco nas mudanças na internet, na verdade,
início em 1995, quando dois jovens estudantes de Stanford, iniciaram uma
verdadeira revolução e modificaram toda a estrutura da web, até então
predominante.
         Assim como Steve Jobs e Bill Gates revolucionaram o conceito de
computadores pessoais na década de 80, esses dois jovens revolucionaram sua
utilização na internet diante de um simples conceito: ―você pode ganhar dinheiro
sem fazer o mal‖ e ―você pode ser sério sem um terno‖ (Page, Brin, 1998).
         Em 1996, foi criado um sistema de busca por informações chamado de
BackRub37, baseado na lógica booleana (Boole, 1850), podendo ser considerado o
ancestral do Google que conhecemos atualmente.


37
  BackRub antecedeu o nome PageRank™ que é uma família de algoritmos de análise de rede que dá pesos
numéricos a cada elemento de uma coleção de documentos hiperligados, como as páginas da e pateInternet,
com o propósito de medir a sua importância nesse grupo por meio de um motor de busca. O algoritmo pode
ser aplicado a qualquer coleção de objetos com ligações recíprocas e referências. O peso numérico dado a
cada elemento E é chamado PageRank de E e notado como PR(E). O processo do PageRank™ foi patenteado
pela Universidade de Stanford nos Estados Unidos da América sob o número 6.285.999. Somente o nome
PageRank™ é uma marca registrada do Google.
33




         Até então a internet não possuía ferramentas de busca tão eficazes para a
localização de conteúdos a partir de palavras-chave. Dois anos depois, o site já se
chamava Google e hoje virou um neologismo: o verbo ―googlar”.
         O nome Google foi escolhido devido a expressão matemática googol, que

representa o número                  , para demonstrar assim a imensidão da Web, pois tal
expressão é impossivel de ser representada numericamente.
         Já a expressão googol surgiu de um fato um tanto curioso, onde o
matemático Edward Kasner questionou o seu sobrinho de oito anos sobre a forma
como ele descreveria um número grande, um número realmente grande, o maior
número que ele imaginasse. O pequeno Milton Sirotta emitiu um som de resposta
que Kasner traduziu por "googol". Mais tarde, Kasner definiu um número ainda
maior: o googolplex38.
         Segundo o documentário do Biography Channel39 sobre os criadores do
Google, quando o primeiro investidor da empresa passou um cheque de 100 mil
dólares perguntou a que ordem o devia passar. Brin e Page disseram que estavam
pensando em dar o nome de "Googol" à empresa em homenagem ao matemático,
mas o empresário, possivelmente por ignorância, escreveu "Google", obrigando,
assim, a que a empresa tivesse este nome, para efetivarem o investimento.
         O Google, portanto, é a maior prova do poder da nova web, a empresa
nunca investiu dinheiro para promover ou anunciar sua empresa. Foi acontecendo
através de amigos que convidavam amigos, e muito rapidamente, as pessoas
começaram a se sentir emocionalmente ligadas a essa ferramenta de busca,
evocando-a sempre que desejavam satisfazer seus interesses ou curiosidades.
         Diferentemente da maioria das grandes empresas, é um lugar onde seus
criadores pensam prioritariamente em inovações, e somente depois, se possível e
conseqüentemente, transformar tais inovações em lucro.




38
   Um googolplex é dez elevado a um googol.), ou seja, 1 seguido de googol zeros. Se imaginarmos que o
conjunto de todas as partículas do Universo é igual a 1080 (inferior a um googol) podemos perceber o quão
enorme é este número. Escrever um googolplex é impossível. Mesmo que se transformasse toda a matéria
existente no Universo em tinta e papel não teríamos ainda material suficiente para escrever todos os zeros que
o compõem. Mesmo se começássemos a escrever desde o Big Bang até hoje, não teria havido tempo
suficiente para escrever um googoplex.
39
   Criadores do Google (1995), Larry Page (1973) http://www.biography.com/articles/Larry-Page-12103347
e Sergei Brin http://www.biography.com/articles/Sergey-Brin-12103333
34




         Sobretudo, permanece sua filosofia inicial: atender os interesses dos
usuários do Google. Ao mesmo tempo, criadores e criatura são ainda muito
jovens, o que pode representar que este é apenas o começo40.




                                        Figura 2 - Web 2.0
               (Adaptado do Mapa Mental de Alex Primo, 2007 – C.f. Anexo I)


         Se imaginarmos, portanto, que a Web 2.0 é apenas uma criatura, e o
Google é o seu maior criador, podemos conceituar algumas das principais
ferramentas utilizadas atualmente na internet e representadas neste mapa
conceitual e apenas pensar: ―Google, Logo Existo!‖.

40
  (Texto Adaptado do blog oficial do Google http://googleblog.blogspot.com/ e do site Wayback Machine,
que armazena índex de vários sites desde a criação da internet em 1994. (http://www.archive.org/web)
35




         3.2 A Geração Interativa e a Web 2.0


         Teorias da cognição e da aprendizagem que tem servido bem no passado,
parecem frágeis, ineficazes e fora de contato com a realidade dos alunos e do novo
contexto e características do conhecimento hoje (Siemens, 2004).
         Assim como na reportagem da Folha de São Paulo (Lévy, 2007), o novo
contexto que o autor refere-se, seria a ―facilidade de acesso a informações,
conhecimento global, pesquisas e experiências de gerações passadas que fornecem
uma base sólida sobre a qual construir a sociedade de amanhã‖ (Siemens, 2004).
         Sua preocupação é justamente no sentido de como lidar com essa
avalanche de conhecimento envolvendo alunos e professores, em uma forma de
aproveitar esse momento histórico das tecnologias que envolvem a internet e
proporcionar um ambiente de co-criação de conteúdos, ―transpondo as paredes da
sala de aula‖ (Siemens, 2003). Ao questionar as atuais teorias de aprendizagem,
ele propõe uma teoria alternativa chamada de Conectivismo41 (Siemens, 2003).
         A teoria de Siemens pode ser considerada uma nova oportunidade para
embasar cientificamente as concepções de ambientes compartilhados, mas é em
Lévy, que encontro significado para o momento que vivemos na chamada ―nova
era‖ tecnológica ou no conceito de Web 2.0.
                   (...) O possível é exatamente como o real: só lhe falta a existência.(...) Já
                   o virtual não se opõe ao real, mas sim ao atual. Contrariamente ao
                   possível, estático e já constituído, o virtual é como o complexo
                   problemático, o nó de tendências onde forças que acompanha uma
                   situação, um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer, e que
                   chama um processo de resolução: a atualização.(...) Por exemplo, se a
                   execução de um programa informático, puramente lógica, tem a ver com
                   o par possível/real, a interação entre humanos e sistemas informáticos
                   tem a ver com a dialética do virtual e do atual (Lévy, 1996, pag.17)



41
   George Siemens (17-10-2003), no seu Learning Ecology, Communities, and Networks: Extending the
Classroom, manifestava estas e outras preocupações, de simbiose entre o virtual e o físico, entre o mundo do
trabalho, a aprendizagem formal e a aprendizagem informal, contínua, permanente, face a uma cultura
institucional universitária e educativa, em geral, que pareciam alheias das grandes mudanças em curso. E
escrevia o que parecia ser (e revelar-se-ia assim) o embrião para uma nova visão do conhecimento e da
aprendizagem: Aceitando que existe alguma aprendizagem que passa pela aquisição de conhecimento,
Siemens sustenta que a aprendizagem é, sobretudo e mais freqüentemente, um processo com vários estágios e
diferentes componentes e muitas atividades que antecedem a aprendizagem, tais como exploração, tomada de
decisões, seleções, etc. A experiência de aprendizagem, ela mesma, pode definir-se como o momento em que
adquirimos, de forma ativa o conhecimento que nos faltava para completarmos uma tarefa necessária ou
resolvermos um problema. http://orfeu.org/weblearning20/4_2_conectivismo
36




         Vamos pensar na oposição entre real e virtual. Nas definições do autor, o
real seria a ordem do ―tenho‖, enquanto o virtual seria a ordem do ―terás‖ (Lévy,
1996, pag. 15). Nessas definições, o autor adota como linha de pensamento, a
palavra ciberespaço42 remetendo-a ao conceito de cibercultura43, e define este
modelo como um conjunto de técnicas ―materiais e intelectuais, de práticas, de
atitudes, de modos de pensamento e de valores virtuais, originando uma nova
modalidade de ser: a ―virtualização‖ (Lévy, 1999).


                                       Figura 3 – Cibercultura
            (Adaptada do Mapa Mental de Cibercultura, Primo, 2007. C.f anexo I)




42
   O termo ciberespaço foi criado em 1984 por William Gibson, e usou o termo em seu livro de ficção
científica, Neuromancer., cuja realidade se constitui através da produção de um conjunto de tecnologias,
enraizadas na sociedade, e que acaba por modificar estruturas e princípios desta e dos indivíduos que nela
estão inseridos. O ciberespaço é definido como ―o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial
dos computadores e das memórias dos computadores‖ (Lévy, 1999, pág. 92).
43
    A cibercultura é um termo utilizado na definição dos agenciamentos sociais das comunidades no espaço
eletrônico virtual. Estas comunidades estão ampliando e popularizando a utilização da Internet e outras
tecnologias de comunicação, possibilitando assim maior aproximação entre as pessoas do mundo
37




                   [a] virtualização pode ser definida como o movimento inverso da
                   atualização. Consiste em uma passagem do atual ao virtual, em uma
                   'elevação à potência' da entidade considerada. A virtualização não é uma
                   desrealização (a transformação de uma realidade num conjunto de
                   possíveis), mas uma mutação de identidade, um deslocamento do centro
                   de gravidade ontológico do objecto considerado: ('uma solução'), a
                   entidade passa a encontrar sua consistência essencial num corpo
                   problemático (Lévy, 1996, p.17).


         Vamos considerar as definições no mapa conceitual da figura 3, e as
citações entre o real e o virtual. Podemos entender, portanto, que quando o
indivíduo ou o coletivo ―virtualizam‖ uma informação e apesar da forma ―não-
presente‖, ela se torna real, em tempo real, possibilitando novos meios de
interação e troca de informações, aproximando espaços, coexistindo.
                   [a]s realidades virtuais compartilhadas que podem fazer comunicar
                   milhares ou mesmo milhões de pessoas devem ser consideradas como
                   dispositivos de comunicação ―todos - todos‖, típicos da cibercultura
                   (Lévy, 1999, pag. 105).

         O imaginário pode tornar-se real, o mesmo conteúdo pode ser
compartilhado simultaneamente em vários lugares do mundo, por várias pessoas,
com interesses em comum, ou não, tudo dentro de um só espaço de comunicação
e o futuro do pensamento, portanto, não se restringe aos conceitos de Web 2.0, é o
passado que projeta um futuro e se completa de maneira invisível, inexorável.
         ―A Web, esta criando a geração mais inteligente de todas, onde hoje em
dia, o que conta não é o que você sabe, mas o que pode aprender‖ (Tapscott,
         44
2010)         . Este artigo, cuja capa trás o título ―A internet esta deixando você
burro?‖, demonstra as opções disponíveis para a nova geração de usuários, e
transcorre sobre a idéia, de que não devemos temer a internet, pois a mente da
geração digital parece ser incrivelmente flexível, adaptável e ter um profundo
conhecimento da mídia.
                   A leitura hipertextual, por meio de links, permite a não-linearidade, na
                   qual o usuário empenha-se em um processo de interconexões que podem
                   levá-lo tanto para o interior do próprio espaço de leitura, quanto para
                   outros textos, em outros lugares do ciberespaço (LÉVY, 1999).


44
   Don Tapscott é autor do Livro A Hora da Geração Digital, do best-seller ―Wikinomics‖ e um dos maiores
estudiosos da influência das novas tecnologias no mundo atual. O livro parte de uma pesquisa realizada com
cerca de dez mil jovens americanos sobre seus hábitos e padrões de consumo e relacionamento para fazer um
mapeamento sobre como a internet revolucionou as formas de se pensar, interagir, trabalhar e se relacionar,
dando origem a uma geração multifuncional
38




      Neste cenário, podemos pensar que embora o desempenho de muitas tarefas
simultaneamente possa colocar em risco todas as teorias tradicionais de ensino,
outras maneiras de aproveitar a internet e tudo o que ela pode proporcionar em
termos de informação e conhecimento, podem trazer novas formas de inteligência
para a sociedade.
              Fazemos parte dos migrantes digitais, acessamos o YouTube para assistir
              a vídeos, os nativos digitais o acessam para acompanhar as novidades,
              compramos um novo telefone e lemos o manual e raramente entendemos
              tudo o que pode ser feito com ele, eles simplesmente o usam, utilizamos
              emails e sites de relacionamentos de maneira tímida, formal, eles usam
              estes ambientes para estabelecer relações, trocar experiências entre si
              (Tapscott, pag.19, 2010).


      O autor escreveu o seu livro, partindo de uma pesquisa com cerca de dez
mil jovens americanos sobre seus hábitos e padrões de consumo e relacionamento
para fazer um mapeamento sobre como ―a internet revolucionou as formas de se
pensar, interagir, trabalhar e se relacionar, dando origem a uma geração
multifuncional‖ (Tapscott, pag.19, 2010).
      Entendo, na citação do autor, que como ―migrantes‖ digitais, essa
adequação tecnologia é necessária para nos ―enquadrarmos‖ nesta nova realidade,
mas essencialmente, ainda preferimos e muito, algumas técnicas ―antigas‖.
      Em contrapartida, os chamados nativos digitais, sequer se reconhecem neste
―rótulo‖ e nem entendem muito bem o sentido do antigo, para eles antigo é
―over‖, ou então ―isso é tão 2008‖, ou seja, sabem usar e demonstram uma
habilidade natural em lidar com tudo o que é tecnologicamente correto e estão
atentos a essas inovações. O resto é apenas passado, já aconteceu.
      Ao contrário das gerações que apenas recebiam informações na frente de
um televisor, ou da própria web 1.0, onde éramos apenas leitores, nessa nova
visão de Web 2.0, ―os usuários interagem e sabem que neste novo mundo,
precisam aprender constantemente, por toda a vida‖ (Tapscott, pag. 19, 2010).
      O mais notável não é apenas como eles usam as tecnologias, mas sim a
forma como se comportam diante das tecnologias. ―parecem até mesmo ser
diferentes‖ (Tapscott, pag. 20, 2010). Como professores, percebemos que os
jovens não conseguem manter longos intervalos de atenção, demonstrando de fato
que aprendem de forma diferente, ou seja, algo está acontecendo.
39




      Com propriedade, pensamos ser apenas falta de limites, interesse, problemas
sociais ou quase sempre atribuímos aos professores essa dificuldade em lidar com
essa nova situação ou a sua formação precária, enfim, mas quase nunca pensamos
que ―talvez o fato de terem praticamente nascido em um ambiente digital tenha
causado um impacto profundo no seu modo de pensar, a ponto de mudar a
maneira como o seu cérebro esta programado‖ (Tapscott, pag. 20, 2010). Baseada
nesta citação, vou novamente contrapor aqui:
      Comecei a trabalhar em 1982, aos quatorze anos. Naquela época, tive a
oportunidade de iniciar meu aprendizado com os primeiros computadores e pude
assim, acompanhar de perto, toda essa revolução em curto prazo. Particularmente,
foi neste contexto, que tudo aconteceu de forma muito natural.
      A geração digital, e posso citar minha filha, que em 1994, antes mesmo de
falar ou andar, já sabia como interagir com o mouse e o computador e escolher os
aplicativos que mais lhe atraiam, assustava meus pais. Lembro claramente das
palavras de minha mãe, ―você vai deixar essa menina doente‖ e faço um
comparativo com a situação atual de nossos professores: o medo do desconhecido
e a insegurança frente à geração interativa.
      Nos últimos dez anos, atuo diretamente na formação de professores e
adolescentes do ensino médio para o uso das tecnologias e foi neste ambiente, que
pude observar situações inusitadas, como no início da chegada dos computadores
nas escolas.
      Nessas primeiras capacitações, onde devido minha total inexperiência na
formação de professores para o uso das tecnologias, passava as instruções como
se tudo fosse muito normal, ―clique na tela‖ e o professor tocou a tela literalmente
e uma segunda situação, onde um professor apontou o mouse para a tela como se
fosse um controle remoto, além de emails que recebemos e que contam situações
de usuários telefonando para helpdesk, onde tenho quase certeza, de que não são
apenas piadas engraçadas.
      Em contrapartida, houve uma ocasião onde um aluno da quinta série do
ensino fundamental na escola onde lecionei, precisou telefonar para os pais e ficou
parado na frente do telefone com disco, pois não sabia como utilizá-lo e
recentemente, quatro estagiários universitários que fazem parte de minha equipe
40




de trabalho, estavam parados em frente a um aparelho de fax, tentando descobrir
onde colocavam o papel e qual botão deveriam apertar
      Neste cenário, em um passado bem recente, os recursos tecnológicos
conhecidos pelos educadores, eram o giz, a lousa, controles remotos, vídeo
cassetes, retroprojetores e mimeógrafos, apenas citando alguns recursos que
sempre existiram no cotidiano escolar e cada uma dessas tecnologias teve sua
importância dentro do contexto de sua utilização. Algumas se mantiveram, outras
foram apenas esquecidas ou incorporadas no cotidiano escolar.
      É apenas uma questão de colocar-se no lugar do outro, e lembrar-se de que
toda mudança cultural, passa antes por uma adaptação técnica até que sejam
compreendidas. Enfim, embora pareçam engraçadas, essas atitudes fazem muito
sentido.
      A diferença básica é que de maneira geral, alunos não tem medo do
desconhecido, encarando com naturalidade seus erros e compartilhando seus
acertos e sabem que ninguém tem o domínio absoluto de tudo o que acontece na
internet, portanto, ao contrário do que se possa imaginar, não esperam isso de
professores. Na verdade, a web ele já dominam, o que procuram de fato, é um
significado real em sua utilização.
      Não dizemos: vou utilizar um lápis para escrever um texto, apenas o
utilizamos e crianças não falam sobre tecnologia, apenas olham para um
computador da mesma maneira que olhamos para a televisão, simplesmente
apertamos um botão e assistimos (c.f. Tapscott, pag. 20, 2010).
      Para esta geração, computadores, celulares e a própria internet são como o
ar, totalmente invisível e assim são os blogs na vida destes alunos, e ―esta
comprovado, que eles acreditam mais em nas informações disponibilizadas na
rede na hora de tomar suas decisões do que em comerciais veiculados por outras
mídias‖ (Tapscott, pag. 20, 2010).
      Na hora de assistir um filme, ouvir uma musica, ler sobre uma noticia ou
escolher a roupa que irão usar é à internet que recorrem, e são críticos em suas
escolhas na web, porque ao invés de simplesmente mudarem de canal, eles podem
ao mesmo tempo assistir a vídeos no youtube, conversar com amigos no MSN,
enviar convites para a ―galera‖ no Orkut ou no Facebook, postar seus próprios
41




vídeos, criar vídeos com amigos, escrever seus próprios roteiros e reunir tudo isso
em um só lugar: os blogs. (c.f. Tapscott, pag. 20, 2010).
      Quando ouvimos frases como de nossos professores como ―não faço parte
deste mundo tecnológico‖, podemos apenas pensar, de acordo com o pensamento
do autor, que somos únicos e privilegiados, porque ao contrário das novas
gerações, pudemos participar, mesmo que como expectadores das mudanças que
ocorrem nos últimos 20 anos.
      Quem melhor do que nós mesmos para entenderemos o processo inexorável
dessas inovações e usar tal fato a nosso favor? Quando não tivermos as respostas,
podemos apenas ―googlar‖ ou quem sabe perguntar sem medo para a geração
internet?
      O autor, em seu texto, faz uma comparação entre as gerações que cresceram
com tecnologia da televisão e o nasceram nesta nova ―era tecnológica‖ e os chama
de nativos digitais e migrantes digitais, respectivamente.
      Portanto, penso ser, imprescindível a participação de uma, duas ou três
gerações neste processo, reunindo assim conhecimentos e troca de experiências
que nunca foram vivenciadas pela nova geração, aproximando de fato alunos e
professores em uma rede de conhecimento.
      Os blogs seriam essa primeira possibilidade, e depois com certeza, surgirão
outras. A conclusão para este capítulo em especial, pode ser: ―Se você entender a
Geração Internet, entenderá o futuro. Também compreenderá como as nossas
instituições e a sociedade precisam mudar hoje‖ (Tapscott, pag. 20, 2010).
42




Capitulo 4 “Blogo”, Logo Existo! O Conhecimento “Invisível”,
Individual e Coletivo em Ambientes Compartilhados na Web 2.0


       Celestin Freinet (1925), foi uma referência da pedagogia de sua época. Na
década de 20, iníciou-se na carreira do magistério e devido a uma lesão pulmonar
adquirida durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que impossibilitava
longos períodos de utilização de sua voz, adquiriu um tipógrafo para auxiliá-lo em
sua atividades de ensino. Sua carreira docente teve início construindo os
princípios educativos de sua prática (Freinet, 1925, Wikipédia).
               Freinet inovou em seu trabalho com crianças organizando aulas-passeio.
               Na volta dessas atividades extra-classe, os alunos empolgados, queriam
               contar suas descobertas durante os passeios. Os alunos criavam textos em
               seus cadernos, mas apesar do entusiasmo na elaboração, os textos não
               eram mais lidos por ninguém. Acabavam ali. Foi então que ele teve a
               idéia de imprimir aqueles textos para que pudessem ser passados de mão
               em mão, lidos e relidos por outras pessoas. Adquiriu um tipógrafo,
               componentes e tipos e passou a imprimi-los. Para a surpresa de Freinet,
               eles queriam mostra-los aos pais e amigos. Não se cansavam nunca!
               (Cappa, 2002, pag 2, Jornal O Galhardão)


       Essa proposta e mudanças na escola, dava-se ao fato de Freinet considerá-
la teórica e distante da realidade dos alunos, sendo a interação professor-aluno, em
sua concepção, essencial para a aprendizagem ―direcionando o movimento
pedagógico em defesa da fraternidade, respeito e crescimento de uma sociedade
cooperativa e feliz‖. (Freinet, 1925, Wikipédia).
               [p]ode-se considerar que um dos grandes desafios da escola, mais do que
               utilizar os recursos tecnológicos, é modificar os modelos de comunicação
               existentes. Esforços nesse sentido já foram observados no final do século
               19, quando alguns educadores começaram a usar métodos e concepções
               baseados na interação, independentemente das tecnologias de que
               dispunham. (Gonçalves, Educarede, 2006).

       O autor faz um contraponto com os postulados de Freinet (1925), que já
podiam ser considerados uma espécie de blog de sua época.                  Embora, a
denominação blog, conceitualmente seja a abreviatura do termo em inglês
weblogs ou logado na rede, originalmente foi criado com o conceito de ―diário‖
ou ―registros on-line‖. Nos postulados de Freinet (1925), ele já utilizava modelos
muito próximo das concepções originais dos blogs, e expressões como ―diário de
classe‖ ou ―jornal escolar‖.
43




       O mapa mental (figura 4) foi construído baseado em fragmentos dos
autores citados e conceitos ―inovadores‖. Mas é a na aproximação de alunos e
professores que podem ser destacados a sua principal contribuição para o processo
de ensino e aprendizagem. Freinet (1925).




      Figura 4 Conceitos que favorecem a criação de blogs no contexto educacional

              [a] exemplo disso, Freinet, (1925), defendia que a escola deveria
              considerar o contexto sociocultural do qual a criança fazia parte. (...) Nas
              atividades desenvolvidas em sua prática, prevalecia o espírito
              cooperativo, os trabalhos eram apresentados, discutidos e posteriormente
              impressos, com o objetivo de criar um ―diário de classe‖ e um ―jornal
              escolar‖. ―Posturas educativas como essa, envolvem outro modelo
              comunicacional, baseado na troca e na negociação de sentido entre os
              envolvidos no processo da comunicação. Para esse paradigma, fazemos
              alusão à imagem de rede, constituída por muitos pontos interligados, que
              atuam, ao mesmo tempo, como emissores e receptores de mensagens‖
              (Gonçalves, Educarede, 2006).
44




           Eu procurei, portanto demonstrar através de uma maneira não linear
experiências do passado, conceitos que se renovam ou que foram esquecidos
dentro de sua própria história, que se complementam e de certa forma             se
conectam, formando talvez o conceito de rede. Apenas possibilidades.
           Freinet (1925), talvez seja o modelo mais próximo do que do que seria
transgredir nas palavras de Hernandez (1998), criando espaços compartilhados de
aprendizagem em co-produção com alunos e de ser o autor de sua própria historia.
Vamos imaginar que ao sair com seus alunos para passeios que depois eram
transformados em relatos e posteriormente impressos na forma de jornais
compartilhados entre amigos e familiares. Podemos pensar na internet, portanto,
como um grande passeio virtual e os blogs como um pequeno Neste momento, a
tecnologia vira ―conhecimento invisível‖ e o que importa de fato, é a história que
será contada e compartilhada nestes espaços. Por pessoas.
           Ao “goolglar‖ minhas pesquisas sobre resultados de blogs utilizados para
fins educacionais, surgiram centenas de informações que poderiam ser descritas
como casos de sucesso. Mas optei por trilhar em caminhos conhecidos e foi
através do Portal Educarede45, que encontrei todas as possibilidades reunidas em
termos de aprendizagem significativa com o uso das tecnologias, relatos de
experiências de alunos e professores, diversidade cultural, projetos temáticos,
além de reunir várias ferramentas da web 2.0 em um só espaço.
           O Programa EducaRede é uma iniciativa da Fundação Telefônica iniciou
suas atividades na Espanha. No Brasil é coordenador pela Fundação Telefônica
em parceria com o CENPEC Centro de Estudos e Pesquisas em Educação Cultura
e Ação Comunitária - coordenador-executivo e gestor pedagógico - e a Fundação
Vanzolini da POLI/USP - coordenação tecnológica. (Fonte: Educarede, 2010)
           Como formadora do NRTE, tive a oportunidade de participar deste projeto
desde o início de sua estruturação em 2002. O portal, no início de sua concepção,
era um local onde abrigava apresentações, projetos escritos em editores de texto e
algumas tentativas de produções em vídeo foram gravadas em filmadoras
analógicas e convertidas em mídia digital através de um processo bem minucioso,
em seguida eram enviadas para o portal e publicadas.

45
     http://www.educarede.org.br/
45




             O resultado era bem ruim, mas o interessante, é que eram produções de
alunos e professores em uma época de poucos recursos, e qualquer resultado era
comemorado. Uma possibilidade para rever os primórdios deste e de outros sites
da rede, também oferecida pela tecnologia web 2.0, é o chamado ―wayback
machine46‖, e hospeda a maioria das páginas produzidas desde 1996.
            Aos poucos e graças às inovações tecnológicas proporcionadas pelo
conceito         web      2.0   e   as   oficinas   temáticas      oferecidas   pelas   equipes
interdisciplinares, (ver Anexo 2 – Projeto Minha Terra47) foram surgindo
resultados que ainda permanecem armazenados desde o início de sua criação.
Criou-se a memória virtual de centenas de escolas em todo o território nacional.
(ver Anexo 3 – Projetos e Comunidades Virtuais do Portal Educarede48).
            O Portal atualmente tem conteúdos exclusivos, preparados por
especialistas em diversas áreas, que apóiam educadores e estudantes na
abordagem de temas atuais e desafiadores. Possuí também canais de cultura e
informação, apoio à pesquisa, conteúdos sobre tecnologia e educação.
            Há, ainda, ambientes interativos especialmente criados para a troca de
reflexões e de práticas educativas: fóruns, salas de bate-papo agendadas pelos
usuários, galeria de arte para exposição de projetos, comunidade virtual, oficina
de criação coletiva de textos, além de espaço para contribuição de internautas em
todos os canais.
            Desde sua concepção original, a idéia que permanece ainda é bem simples,
contar os ―causos‖ da comunidade escolar, conteúdos por áreas ou
interdisciplinares, informativos, notícias, montar uma rede de informações entre
as escolas, seguidores, comunidades virtuais no Orkut, ou simplesmente, quem
sabe, apenas estar lá, ser visto na web
            Baseado na concepção deste projeto, em 2006, foi iniciado um trabalho
junto aos professores coordenadores das escolas que atuam sob a Diretoria de
Ensino Região de Campinas Oeste, onde foi disponibilizada uma página dentro do
site oficial que pudessem reunir os blogs construídos através de oficinas
oferecidas pelo Núcleo Regional de Tecnologia Educacional – NRTE, com as

46
     http://web.archive.org
47
     http://decampinasoeste.edunet.sp.gov.br/Minha_Terra_2009_emailesite2.htm
48
     http://www.educarede.org.br/educa/index.cfm?pg=quem_somos.index
46




ferramentas do Blogspot, recursos proporcionados pelo Google e projetos
realizados nas escolas, notícias veiculadas na mídia, enfim, uma maneira de reunir
informações das comunidades locais. (Anexo 4 – Oficinas Temáticas – Mídias em
Ação - NRTE Diretoria de Ensino Campinas Oeste)
            Os resultados podem ser conferidos na página chamada de Blogs e Sites
das U.E. (Unidades Escolares)49 e pode ser considerado um avanço e uma
mudança comportamental de nossas escolas.
            As escolas criam seus espaços partindo de perguntas inicias que lhe são
propostas, tais como, qual é a importância de se criar um blog dentro do contexto
educacional, de que maneira a integração das propostas curriculares podem
acontecer, como pode acontecer a co-autoria entre alunos e professores, como
deve ser direcionado essa pesquisa, direitos autorais, preocupação com a
elaboração da primeira página, estética, clareza nas informações e principalmente
manter o foco na questão fundamental: buscar de fato uma contribuição na
aprendizagem dos alunos.
            Sonhar, é fundamental, mesmo sem as condições físicas idealizadas,
devemos pensar que o uso das tecnologias na educação, não se limita, ou sequer
estar diretamente relacionado ao uso dos computadores, mas, em sua concepção,
em um trabalho orientado, com objetividade, formando grupos de pesquisas e
propostas definidas que não implicam na utopia de um computador por aluno.
            O mais importante, é termos em mente, que a inclusão social ou digital,
passa fundamentalmente por um trabalho cujo papel do professor ainda é e sempre
será o de articulador de todo e qualquer processo.




49
     http://decampinasoeste.edunet.sp.gov.br/links_outras_diretorias/página_inicial_links_escolas.htm
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Maria emiliacappa vfinal

  • 1. Maria Emilia Cappa Profa. Ms. Márcia Oliveira Maciel Lopes São Paulo Novembro de 2010
  • 2. Maria Emilia Cappa Web 2.0: O Conhecimento Invisível Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação do Curso de Especialização Tecnologias em Educação como requisito parcial para obtenção de título de Especialista em Tecnologias em Educação Orientador Profa. Ms. Márcia Oliveira Maciel Lopes Coordenação Central de Educação a Distância Curso de Especialização Tecnologias em Educação São Paulo Novembro de 2010
  • 3. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização do autor, do orientador e da universidade. Maria Emilia Cappa Graduada em Matemática e Pedagogia, atuando na Rede Estadual de Ensino da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo desde 2000 onde lecionou as disciplinas de Ciências e Matemática. Em 2002, foi designada Professora Coordenadora da Oficina Pedagógica na área Tecnologia Educacional junto ao Núcleo Regional de Tecnologia Educacional (NRTE) da Diretoria de Ensino Região de Campinas Oeste, vinculada à Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, onde permaneço até hoje, trabalhando na coordenação, monitoria, tutoria, desenvolvimento, aplicações e capacitações de projetos que utilizam as Tecnologias de Informação e Comunicação com ênfase na educação. http://lattes.cnpq.br/5261564604162396
  • 4. Dedicatória Para minha Mãe, Filomena Luiz Cappa que sobreviveu a tudo para que todos pudessem continuar sendo apenas, os Filhos! Para minha filha Giovanna Maria Cappa Hernandes, e todo o conhecimento ―Visível‖ que ela representa em minha vida. Para meu Pai Ermelindo Cappa, apenas sinto muito sua falta, muita, muita saudade!
  • 5. Agradecimentos Agradeço a nossa orientadora Profa. Márcia Oliveira Lopes e nosso mediador Prof. José Manuel, ambos demonstram competência, sensibilidade, alegria, carinho, amizade e disponibilidade em suas orientações, contribuindo assim, para mais essa etapa em minha vida.
  • 6. Resumo A Web 2.0, é a chamada ―segunda geração de serviços na rede‖, caracterizada por ampliar as formas de cooperação e produção independente. Apesar de seu aspecto tecnológico, da idéia do “broadcast yourself” ou “mostre-se ao mundo”, o termo por si só não se reduz a isso, trata-se de um conceito que foi construído dentro de uma evolução histórica da web. Há cerca de dez anos, a empresa Google revolucionou a história da internet, com sua filosofia de “você pode ganhar dinheiro sem ser mal‖ e “você pode ser sério sem um terno”. Seus conceitos e aplicativos antecederam, e muito o termo o termo Web 2.0 mudando toda uma forma das pessoas relacionarem-se com a internet. Não foram as pessoas que tiveram que se adaptar a internet, foi o Google que adaptou a internet para as pessoas, mudando toda uma forma de pensar e relacionar-se com ela, apenas aconteceu, de maneira invisível. E é essa invisibilidade de fato, que precisa chegar às escolas, em nossos alunos e educadores, de maneira que possam reunir todas as possibilidades em um só espaço, criando uma memória e troca de experiências através do uso dos blogs. Palavras-chave: Web 2.0, Conhecimento Invisível, Ciberespaço, Google, Blogs.
  • 7. SUMÁRIO Introdução .................................................................................................... 11 Capitulo 1 Abordagem Histórica: Como chegamos à Web 2.0.................... 14 Capitulo 2 O Passado e o Futuro do Pensamento Virtual ............................. 22 Capitulo 3 O Conceito de Web 2.0 ............................................................... 28 3.1 A Geração Interativa e a Web 2.0 ............................................ 32 3.2 Uma breve história do Google contada pelo Google ............... 35 Capitulo 4 “Blogo‖, logo existo! O conhecimento Invisível, Individual e 42 Coletivo em Ambientes Compartilhados na Web 2..0................................... Considerações Finais ................................................................................... 47 Referências Bibliográficas ........................................................................... 50 Anexos ........................................................................................................... 51
  • 8. Lista de Figuras Figura 1 Web 1.0 x Web 2.0 ......................................................................... 29 Figura 2 Mapa Mental Web 2.0..................................................................... 34 Figura 3 Mapa Mental Cibercultura............................................................... 36 Figura 4 Mapa Mental Blogs e o Contexto Educacional .............................. 43 Figura 5 Tag Cloud: Conceitos Abordados na pesquisa............................. 49
  • 9. Anexos Anexo I Mapa Mental Cibercultura (Alex Primo, 2009).............................. 53 Anexo II Portal Educarede (Projeto Minha Terra)....................................... 53 Anexo III Comunidades Virtuais Portal Educarede..................................... 55 Anexo IV Oficinas Temáticas: Blogs e Web 2.0 – Mídias em Ação............. 60
  • 10. Epígrafe Pedra filosofal Eles não sabem que o sonho é uma constante na vida tão concreta e definida, como outra coisa qualquer. Como esta pedra cinzenta, em que me sento e descanso, como este ribeiro manso em serenos sobressaltos. Como estes pinheiros altos, que em verde-oiro se agitam, como essas aves que gritam em bebedeiras de azul. Eles não sabem que o sonho é vinho, é espuma, é fermento, bichinho álacre, sedento, de focinho pontiagudo, num perpétuo movimento. Eles não sabem que o sonho é tela, é flor, é pincel, base, fuste ou capitel, arco e ogiva, vitrais, pináculo de catedral, contraponto, sinfonia, máscara, careta, magia, que é retorta de alquimista, mapa do mundo distante, rosa-dos-ventos, Infante, caravela quinhentista, que é cabo da Boa Esperança, ouro, canela, marfim, florete de espadachim, bastidor passo de dança, colombina e arlequim, passarola voadora, pára-raios. locomotiva, alto-forno, geradora, barco de proa festiva, cisão de átomo, radar, ultra-som, televisão, desembarque em foguetão, na superfície lunar. Eles não sabem, nem sonham, que o sonho comanda a vida e que sempre que um homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança. Gedeão, A; Freire M., 1969
  • 11. Introdução Trabalho como Professora Coordenadora da Oficina Pedagógica de Tecnologia Educacional (PCOP1), desde o ano de 2000, onde tiveram início algumas das ações realizadas pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (SEE), no referente às implementações de tecnologias voltadas a educação. Ao longo de todo esse processo, tive oportunidade de participar de ―tudo‖ o que tem acontecido nesta área, tais como seminários, autores, ferramentas, além de mantermos uma rede, onde trocamos informações entre os NTEs do Brasil, conforme apontado por Cappa (20082): [t]alvez, toda essa inspiração tenha sua origem em ―nada‖, ou talvez no ―muito‖ que observo, analiso ou simplesmente incorporo. Há bem pouco tempo ao fazer a matricula de minha filha no Ensino Médio, entre outras proibições e obrigações escritas em um documento, cujos pais deveriam dar ciência, destaco uma frase: Proibido portar celulares, mp3, 4, 5 e 6. Não pude deixar de pensar, 6? Mp6 já passou, já aconteceu há muito tempo! Em meus pensamentos eu comparei a gestão da escola com a minha mãe, que nos anos 80 me perguntou: Porque você quer um Atari? Para que serve isso? E respondi: quero saber como funciona. Sempre foi assim, destruía aquelas ―buzinas‖ que faziam as bonecas chorarem, quebrava carrinhos de cordas dos meus irmãos, desmontava despertadores e cartuchos de vídeo games só para ver como funcionavam. Aquilo tudo me fascinava, mas logo depois estava incorporado, esquecido, não interessava mais, tornou-se invisível. Este pensamento pode nos conduzir a uma reflexão de que talvez, o conceito de ―nova era‖ tecnológica ou o termo Web 2.0, não sejam tão novos assim e o ―conhecimento invisível‖, seja apenas o conhecimento que pode ser absorvido, incorporado ou simplesmente esquecido. Evidentemente, que no limite de tempo de cada uma dessas ―inovações‖ tecnológicas, passaram antes por uma técnica3, até que finalmente fossem aprimoradas, compreendidas e incorporadas pela sociedade, ou seja, toda mudança tecnológica inicia-se como uma inovação técnica, mas vira cultura ao transformar-se em conhecimento, ao ficar invisível. 1 PCOP são professores afastados da sala de aula capazes de integrar o uso das tecnologias existentes as práticas pedagógicas. São responsáveis pelas ações e implantações de informática educacional nos NRTE. 2 Extraído do Blog: http://memoriasdeumaloira.blogspot.com/2008/12/o-conhecimento-invisvel.html 3 Técnica é o procedimento ou o conjunto de procedimentos que têm como objetivo obter um determinado resultado. No ser humano, a técnica surge de sua relação com o meio e se caracteriza por ser consciente, reflexiva, inventiva e fundamentalmente individual. O indivíduo aaprende e a faz progredir. http://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A9cnica
  • 12. 12 Assim, é um engano achar, que a Internet e tudo que vem com ela é algo "tecnológico", totalmente inovador. É, mas apenas no início de uma linha de pensamento. Tecnologia4 é assim, inovadora, revolucionária, mas depois de um tempo, é incorporada em nosso cotidiano ou simplesmente esquecida. A telefonia é outro exemplo de técnica que foi se aprimorando ao longo dos tempos, e hoje, com a telefonia móvel é uma tecnologia que faz parte de nossas vidas como se estivesse sempre conosco, foi incorporada, tornou-se invisível, como uma extensão de nosso corpo, de nosso próprio pensamento. Para uma criança de dez anos o computador e tudo o que ele proporciona, é assim, faz parte de sua vida como se sempre estivesse lá. Apenas, já foi, aconteceu. É dentro deste contexto e seguindo o curso natural de sua própria dinâmica de funcionamento no ―mundo atual‖ de nossos alunos, que nos deparamos com as novas tecnologias proporcionadas pelos computadores. A internet e sua concepção de Web 2.0 e o seu ―broadcast yourself 5, pode favorecer a criação de espaços virtuais de aprendizagem e a introdução de uma nova cultura no ambiente escolar. É neste sentido que essa invisibilidade de fato, pode chegar até as escolas quebrando paredes, rompendo paradigmas. Destaco a citação abaixo: [e]scolas devem ajudar as pessoas a avaliar e reconhecer o conhecimento que esta no outro. Talvez deva ser o lugar onde se aprende a gerir conhecimento e a produzi-lo coletivamente. Não podemos impor uma nova cultura. Ela precisa crescer naturalmente. (Lévy, 2007, p. 46). Entendo nas palavras do autor, que escolas podem ser espaços de criação e aprendizagem coletiva, do saber compartilhado e troca de experiências, dentro de um contexto que tenha significado na vida de alunos e professores, respeitando-se o tempo, o individual e o coletivo, para que possam ser aprendidas, incorporadas e transformadas em conhecimento. A metodologia de análise deste trabalho esta fundamentada, conforme proposto por esta Universidade, em uma revisão apoiada em referências 4 Tecnologia (do grego τεχνη — "técnica, arte, ofício" e λογια — "estudo") é um termo que envolve o conhecimento técnico e científico e as ferramentas, processos e materiais criados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia 5 Neste vídeo, Rafael Bastos (CQC), faz uma analogia da maneira como a geração atual, interage em ambientes chamados 2.0e sobre o conceito do broadcast yourself, ou simplesmente: mostre-se ao mundo. http://www.youtube.com/watch?v=UI2m5knVrvg
  • 13. 13 bibliográficas sobre os temas e teorias de aprendizagem que abordem as tecnologias na educação, o conceito de Web 2.0 e sua práxis. Considerei em seu desenvolvimento a introdução de situações empíricas vivenciadas enquanto usuária, estudante, educadora e profissional das tecnologias, buscando um eixo de ligação entre as teorias da aprendizagem utilizadas no contexto tecnológico e o cotidiano escolar. Não pretendo com ele, criar uma metodologia de ensino e nem estipular passos rígidos para uma concepção sobre o conceito de Web 2.0, mas quero acreditar que espaços virtuais de aprendizagem possam vir a ser uma alternativa pedagógica para a melhoria do ensino e da aprendizagem. No primeiro capítulo: Abordagem Histórica: Como chegamos até o conceito de Web 2.0, realizei uma pesquisa histórica com base em registros que preservam os conceitos iniciais da Computação, procurando assim, entender como a humanidade chegou ao conceito de Web 2.0. No segundo capítulo: O Passado e o Futuro do Pensamento, busquei um embasamento teórico em autores, cujas teorias e pensamentos transcorrem sobre as tecnologias na educação e o conceito Web 2.0. No terceiro capitulo, O Conceito de Web 2.0, procurei esclarecer este conceito, determinando a sua origem e conteúdo de significação, descrevendo os principais aspectos culturais e processos de transformação social que o favorecem. No quarto capítulo, ―Blogo”, Logo, Existo! O Conhecimento Invisível, Individual e Coletivo em Ambientes Compartilhados na Web 2.0, explorei, o efeito acelerado e ampliador da Web 2.0, através da criação dos blogs e buscando como referencial de trabalho, oportunidades oferecidas pelo Portal Educarede, da Fundação Telefônica6, através de sua metodologia e espaços colaborativos. Nas Considerações Finais, transcorro sobre algumas previsões de autores e desafios enfrentados no presente e futuro para quem ensina e para quem aprende nesta nova realidade virtual, encerrando com uma tag cloud, onde foram são destacados alguns conceitos utilizados, ilustrando assim, o ―ícone‖ da web 2.07 6 http://www.educarede.org.br 7 Tag Clouds, ou Nuvem de Tags são listas hierarquizadas visualmente, ou seja, uma forma de apresentar os itens de um website. As tags disponibilizadas na nuvem são links que levam a conexões através de hiperlink no item relacionado às palavras da tag. Fonte: Wikipédia.
  • 14. 14 Capítulo 1 Abordagem Histórica: Como chegamos à Web 2.0? Para chegarmos ao conceito de Web 2.0 e a utilização de Blogs na educação, procurei determinar historicamente, algumas técnicas criadas ao longo dos tempos, e nesta breve retomada histórica, o que pode ser observado é que as primeiras aplicações dos computadores8 foram totalmente estrategistas e sua função primordial era ser um facilitador de cálculos. A origem historica da computação9 não possui uma data exata, mas durante milhares de anos, na forma de cálculo, foi executada com os dedos das mãos (sistema decimal), pés, pedras, caneta e papel, giz e ardósia, algumas vezes com o auxilio de tabelas, instrumentos ou calculos mentais (Boyer, 1974). Um dos primeiros instrumentos utilizados na forma de computação, foi criado na China (Abaco, 2000 a.C), operando basicamente com o sistema posicional decimal. Este instrumento ainda é muito utilizado na alfabetização matemática de séries iniciais (Boyer, 1974). Por volta de 1590, John Napier, desenvolveu os ossos de Napier. Uma espécie de tabelas de multiplicação gravadas em bastão, o que evitava a memorização da tabuada, sendo reconhecido como o descodificador do logaritmo natural e por ter popularizado o ponto decimal (Boyer, 1974). Na decodificação dos logaritmos naturais, ele usou uma constante que, embora não a tenha descrito, foi a primeira referência ao notável "e", descrito quase 100 anos depois por Euler, e nessa compreensão dos números complexos, certos "defeitos" existentes no conjunto dos números reais foram "consertados". Os procedimentos (algoritmos) recursivos (iterativos ou recorrentes) no plano complexo criaram na maioria das vezes figuras invariantes por escala denominadas fractais 10 (Boyer, 1974). 8 Computador (ou ordenador) é uma máquina capaz de variados tipos de tratamento automático de informações ou processamento de dados. 9 A computação pode ser definida como a busca de uma solução para um problema a partir de entradas (inputs) e saídas (outputs) através de um algoritmo matemático9 10 Fractais (do latim fractus, fração, quebrado) são figuras da geometria não-Euclidiana. As raízes conceituais dos fractais remontam a tentativas de medir o tamanho de objetos para os quais as definições tradicionais baseadas na geometria euclidiana falham. Um fractal é um objeto geométrico que pode ser dividido em partes, cada uma das quais semelhante ao objeto original. Diz-se que os fractais têm infinitos detalhes, são geralmente autossimilares e independem de escala. Em muitos casos um fractal pode ser gerado por um padrão repetido, tipicamente um processo recorrente ou iterativo.
  • 15. 15 Estas formas geométricas de dimensão fracionária servem como ferramenta para: descrever as formas irregulares da superfície da terra; modelar fenômenos aparentemente imprevisíveis (teoria do caos), de natureza meteorológica, astronômica, econômica, biológica e arte gerada por computador. A computação gráfica surge em decorrências destas teorias (Boyer, 1974). Por volta de 1642, na forma de uma espécie de calculadora, Blaise Pascal criou um instrumento que transferia os números mecanicamente da coluna de unidades para a coluna de dezenas e foi chamada de ―Pascalina‖ (Boyer, 1974). Em 1822, Charles Babbage, apresentou o primeiro modelo de uma máquina capaz de fazer cálculos e elaborar tabelas logarítmicas, baseados nos princípios de Napier, concebidos por volta de 1560 (Boyer, 1974). Em 1850, George Boole, teve seu primeiro trabalho publicado sobre a lógica booleana através das combinações em códigos binários. Como a humanidade operava em base decimal, teve seus conceitos ignorados pela maioria dos matemáticos, exceto por alguns, que reconheceram ali a genese de algo de supremo interesse para a matemática (Boyer, 1974). Foi por volta de 1936, que Babbage e Boole tiveram suas teorias aceitas no mundo científico e baseado nelas, durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), foi desenvolvido o primeiro modelo de computador chamado de ENIAC11, cuja ―arquitetura‖ e princípios matemáticos criados por Napier (1590), Pascal (1642), Euler (1690), Babbage (1822) e Boole (1850), foram utilizadas nos primeiros processadores, permanecendo, desde 1970, nos modelos de microprocessadores fabricados para computadores. (c.f. Cappa, 200312). Podemos perceber, portanto, nos intervalos de tempo em que essas evoluções matemáticas ocorreram e apenas pensar que máquinas, foram criadas para serem invisíveis, são apenas inovações técnicas que favorecem o desenvolvimento humano ao longo de uma história que se renova. Desenvolvido os princípios computacionais e o computador propriamente dito, surgia a necessidade de preparar pessoas para sua utilização. 11 O ENIAC (Electrical Numerical Integrator and Computer) foi o primeiro computador digital eletrônico de grande escala. Criado em fevereiro de 1946 pelos cientistas norte-americanos John Eckert e John Mauchly, da Electronic Control Company. http://pt.wikipedia.org/wiki/Eniac 12 Projeto Aluno Monitor, Diretoria de Ensino Região de Campinas Oeste – A História do Computador: http://decampinasoeste.edunet.sp.gov.br/nrte/apostilas/História_do_Computador_2003.pdf.
  • 16. 16 Nas décadas de 1950 e 1960, seguindo o conceito de computação, a informática era tratada apenas como um meio gerador de aprendizagem, sendo aulas que procuravam atender uma demanda de mão de obra qualificada para a utilização das novas tecnologias, ou seja, o primeiro uso da informática na educação foi o próprio ensino da informática e da computação. Nesta retomada histórica, busquei embasamento em informações disponibilizadas pelo Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo)13, onde pude deduzir, que a idéia de utilização desses conceitos aplicados efetivamente na formação básica de alunos, nasceu no início dos anos 70, partindo de experiências da comunidade científica das seguintes universidades: a. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que utilizou computadores de grande porte para auxiliar no ensino e avaliação em Química; b. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o Laboratório de Estudos Cognitivos do Instituto de Psicologia (LEC), baseados nas teorias de Piaget e Papert focaram pesquisas em crianças com dificuldades de aprendizagem; c. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) que iníciou uma cooperação com o Media Lab do Massachussts Institute of Technology (MIT14), criando um grupo interdisciplinar para o uso de computadores com a linguagem LOGO15, cuja parceria permanece e foi acrescida pelo Bradesco Instituto de Tecnologia (BIT) e as Secretaria Estaduais16 e Municipais de Educação. Entretanto, a implantação de programas do ProInfo tiveram início efetivamente, com os Seminários Nacionais de Informática em Educação, 13 O Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo Portaria nº 522/MEC de 09/04/97), para promover o uso pedagógico das tecnologias de informática e comunicações (TICs), nas redes públicas de ensino, atuando através dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE). 14 http://web.mit.edu/ 15 A Linguagem LOGO envolve uma tartaruga gráfica, um robô pronto para responder aos comandos do usuário. Uma vez que a linguagem é interpretada, o resultado é mostrado imediatamente após digitar-se o comando. Nela, o aluno aprende com seus erros. Se algo esta errado em seu raciocínio, isto é demonstrado na tela, fazendo com que o aluno pense sobre o que poderia estar errado e tente encontrar soluções corretas para os problemas: Para saber mais: http://www.din.uem.br/ia/a_correl/iaedu/menu_logo.htm 16 . A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo atua em parceria com o BIT, através de programas educacionais que utilizam recursos midiáticos com ênfase na capacitação de alunos e professores, através de projetos como o Intel Educar, Microsoft, Lego, Portal Educarede e Pró Menino da Fundação Telefônica.
  • 17. 17 realizados na Universidade de Brasília em 1981 e na Universidade Federal da Bahia em 1982, e foi através desses seminários que foram estabelecidas as bases para a estruturação do Projeto EDUCOM17. Foi somente em 1989, que o Ministério da Educação e Cultura (MEC), lançou o Programa Nacional de Informática Educativa (PRONINFE)18, patrocinado pelo Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento ou 19 Banco Mundial (BIRD) , e o computador foi reconhecido como um meio de ampliação das funções do professor e desse movimento, surgiu a primeira idéia de implantação de projetos experimentais em universidades, criando embasamento para a Política Nacional de Informatização da Educação e tendo como eixo norteador o documento de Diretrizes20. (Cappa, c.f. 2007, pag. 17). Este modelo, ainda permanece e baseia-se na observância das especificidades regionais e metas educacionais definidas pelos conjuntos de leis governamentais (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN 9394/96)21. Na busca para se atingir tais objetivos, surgiram as primeiras estruturas organizadas nos Estados, os chamados Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE), cujas ações seguem basicamente o modelo elaborado pelo ProInfo, e neste sentido, embora tenham sido propostas inovadoras, ainda configuram um modelo complexo, deixando a cargo da escola, a criação de projetos envolvendo a informática educacional, tarefa pelas quais a comunidade escolar como um todo, não esta preparada para elaborar (Cappa, 2007, pag. 22). Posso basear estas afirmações nas colocações de Moraes22, onde afirma que dentro da concepção de ―pedagogia de projetos‖ estabelecida nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)23, o computador ainda é visto como ―ferramenta 17 O projeto EDUCOM foi o primeiro e principal projeto público a tratar da informática educacional, originou-se do 1º Seminário Nacional de Informática na Educação (1981). Uma das metas do projeto, era perceber como o aluno aprende apoiado pelas tecnologias e se isso melhora efetivamente sua aprendizagem. 18 A base teórica estabelecida em 1981, possibilitou ao MEC (Portaria 549/89), instituir o Programa Nacional de Informática na Educação (PRONINFE). 19 Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento ( Banco Mundial), é uma agência das Nações Unidas, fundada em 1/07/1944 com representantes de 44 governos e surgiu da necessidade de financiamento à países devastados durante a 2ª Guerra e atualmente luta contra a pobreza mundial. 20 Fonte: http://www.proinfo.gov.br/ http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9424.pdf 21 LDBEN: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Diretrizes_e_Bases_da_Educa%C3%A7%C3%A3o 22 Maria Cândida Moraes, foi coordenadora das atividades relacionadas às Tecnologias na Educação, desenvolvidas pelo MEC no período de 1981 a 1992 23 PCN disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf
  • 18. 18 auxiliar‖ ou como ‖recurso didático‖ e o professor visto como o ―facilitador‖ preparado pelos ―multiplicadores‖, os quais deverão disseminar ―o mesmo‖ para muitos (Moraes, 1997). De maneira geral, os educadores trabalham os conceitos estabelecidos nos PCN, enfatizando o uso de editores de textos para a estética e organização do trabalho, planilhas eletrônicas para a construção de gráficos ou tabelas e finalmente, utilizam sites de buscas para ―pesquisas‖ (Moraes, 1997). Neste cenário, podemos criar uma situação hipotética: Para a elaboração de um projeto proposto por um professor, os alunos poderiam realizar uma pesquisa consultando periódicos ou enciclopédias, a edição poderia ser datilografada, os gráficos tabulados e desenhados em folhas quadriculadas, poderiam ser utilizadas fotos ou recortes de jornais ou revistas e o produto final, exposto em folhas de cartolina no pátio da escola. Em um exemplo recente, a Professora Coordenadora de uma unidade escolar, pediu para fosse conhecer o trabalho das oficinas de informática educacional, em uma escola cujo modelo na Rede Estadual de São Paulo é chamado de (ETI) Escola de Tempo Integral24, ou seja, teoricamente, trata-se de um professor que trabalha somente com os recursos midiáticos, sendo capaz para o exercício desta atividade. Sob o olhar dos gestores, a atuação da professora é considerada ―fantástica‖. Tais colocações despertaram minha curiosidade profissional e fui conhecer o trabalho desenvolvido. Na sala de informática, encontrei o projetor ligado, um texto projetado no telão e os alunos copiando-o no editor de texto, e , neste contexto, foi inevitável a 25 lembrança de um vídeo intitulado ―metodologia ou tecnologia‖ (YoutTube, 2010) que reproduz o seguinte cenário: 24 Para subsidiar as ações da Escola de Tempo Integral, foram reunidos vários, artigos, links e referências bibliográficas referentes às questões do planejamento, da proposta pedagógica, autonomia da escola, avaliação, projeto pedagógico, gestão e atividades escolares: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/etm_l.php?t=001 http://cenp.edunet.sp.gov.br/escola_integral/2007/cadernosofc.asp http://decampinasoeste.edunet.sp.gov.br/nrte/frameset.htm 25 http://www.youtube.com/watch?v=lWLXerJMwGA&feature=player_embedded – Vídeo elaborado pela UNIPAC – Universidade Presidente Antônio Carlos. Metodologia ou Tecnologia?
  • 19. 19 A professora e seus alunos, cada um com o seu notebook, recitando tabuadas simultaneamente projetadas na tela e no telão da sala. Só pude concordar: “Realmente, fantástico!”. E pensar: ―Estamos mesmo no caminho errado”. Neste contexto, o computador pode ser entendido, literalmente, como uma ―ferramenta pedagógica‖. [o]s ―mestres do oficio‖, ainda são formados de forma tradicionalista e onde o ―saber fazer‖ dos mestres do passado ainda deixam marcas nas práticas dos educadores atuais, privilegiando a transmissão de informações de um professor que é o detentor do conhecimento para um aluno que não tenha seu conhecimento prévio considerado. Assim, a formação deste professor não lhe permite uma postura participativa ou investigativa e tão pouco colaborativa, limita-se apenas a reproduzir conteúdos pré-estabelecidos (Arroyo, 2000). Entendo a situação das educadoras nas colocações do autor, ao afirmar a deficiência na formação de sua graduação, ou seja, nossos professores são formados de maneira tradicional e exige-se um conhecimento ―tecnológico‖ que ele previamente não vivenciou. Para aprendermos bem, é preciso relacionar e integrar, utilizando-se todas as tecnologias e técnicas visuais, orais lúdicas e corporais. ―O professor precisa aprender a explorar adequadamente as várias opções metodológicas possibilitando assim, que a comunicação tenha significado e transforme-se em conhecimento‖ (Cappa, 2007, pag. 13). Podemos pensar, que um dos principais desafios da Educação para o autor, ―não é superar as dificuldades dos conhecimentos técnicos para se trabalhar em um ambiente virtual, mas sim, como desenvolver uma cultura de colaboração no âmbito escolar‖ (Cappa, 2007, pag. 49, i.e. Lévy, 1999) Nesta frase especificamente, podemos perceber, que as grandes modificações, não são apenas de ordem tecnológica, mas sim culturais. Ou seja, como educadores, ainda negamos o ―novo‖ ou aquilo que é muito visível ainda, ou incomodante, pois são paradigmas que interferem na maneira como ensinamos. Se conseguirmos de fato, criar uma condição de troca e co-participação,‖Aí, tanto faz, estar no presencial ou no virtual‖. (Lévy, 1999, pag. 46). Entendo, portanto, segundo o autor, que a criação de espaços virtuais de aprendizagem, podem ser o caminho mais rápido para a introdução de uma nova cultura nas escolas, baseada no conhecimento global e na troca de experiências
  • 20. 20 entre alunos e professores. O conhecimento, não se restringiria somente no espaço da sala de aula e o grande avanço seria a troca de experiências, de conhecimento e conseqüentemente de uma formação mais abrangente (c.f. Cappa, 2007, pag. 50). Se pensarmos, portanto, na história das tecnologias que envolvem a computação, sua dinâmica e os intervalos de tempo transcorridos, a internet é sem dúvida, a tecnologia que mais sofreu mutações e evoluções em um curto espaço de tempo. Mas isso não quer dizer que, enquanto educadores, precisamos nos adaptar a essa nova realidade com imediatismo e urgência. Tal situação pode ser paradoxal, afinal, a compreensão de tais recursos, exige um tempo para que sejam apreendidas de fato e passa pelo reconhecimento de nossas limitações pessoais e o discernimento de que nem todas as possibilidades oferecidas pela internet são adequadas à realidade escolar. Ao definir minha pesquisa, baseie-me nos atuais recursos midiáticos existentes nas escolas publicas da Rede Estadual de São Paulo e em possibilidades da internet que dispensam uma apropriação técnica em nível de usuários; ou seja, a tecnologia esta cada vez mais presente no cotidiano das escolas. Paradoxalmente, educadores – e isso não decorre de idade ou geração - não possuem uma formação na sua graduação ou na continuidade de seus estudos, que lhes dê segurança suficiente para utilizar tais recursos no processo de ensino e de aprendizagem, o que, talvez, pudesse garantir aulas mais desafiadoras e motivadoras. A pergunta de partida para a definição deste trabalho foi: Como utilizar os recursos da Web 2.0 no contexto educacional? Com absoluta certeza, eu sabia tratar-se de um tema amplo, complexo e com poucos registros de caráter científico e acadêmico, fato esse decorrente talvez da sua falta de linearidade ou de sua natureza recente, todavia, quis transgredir e assim, elaborar um estudo, onde ―todas‖ ou apenas ―algumas‖ possibilidades oferecidas pelo conceito de Web 2.0, pudessem ser apropriadas pelos professores em co-produção com alunos. E a resposta para minha pergunta foi: Os blogs. O mais notável deste aplicativo, é que eles não são de um só autor, podendo ser editados e compartilhados por todos que tenham interesses comuns. Sua plataforma interativa e amigável, que em geral já fazem parte do cotidiano de
  • 21. 21 alunos, permitindo a apropriação pelos professores de alguns desses recursos em produção conjunta, estabelecendo assim, uma relação de troca. O referencial teórico desta concepção, ainda é muito pequeno e não existe uma comprovação científica de que a utilização de blogs como ―estratégias pedagógicas‖ possam contribuir de fato para a uma aprendizagem significativa, mas podemos pensar sobre este momento e juntos buscarmos alternativas de aprendizagem, não como um fim, mas sim como um meio.
  • 22. 22 Capitulo 2 O Passado e o Futuro do Pensamento Virtual Eu já me sentia uma criança diferente. Sabia ler e escrever antes de entrar na escola, tinha um talento natural para a arte e a matemática e assistia muita TV nos anos 70, mas o fato mais memorável de minha infância são as horas dedicadas a ouvir musicas em discos de vinil, com a vitrola desligada. Girava o disco com as mãos e conseguia ouvir o som e, simplesmente queria entender: como aquilo tudo era possível. Assim, mal podia esperar para começar a freqüentar a escola. A direção de uma escola, percebendo minha grande vontade de estudar, permitiu em caráter experimental, meu ingresso na escola, um ano antes do permitido na legislação vigente (LDB 5692/71, art. 20). Após uma semana, fui matriculada em caráter permanente, tirava altas notas sem estudar profundamente e muito pouco do que era ensinado me interessava de fato. Contrariando minha expectativa inicial, mal podia esperar a aula terminar e voltar para casa, desmontar brinquedos e ler livros de histórias. Permanecia portanto, a vontade insaciável de saber ―coisas‖ que lá não eram ensinadas e a escola tornou-se apenas um lugar para encontrar os amigos. Não a considerava suficientemente interessante para aprender e nunca supriu minha curiosidade natural, mesmo sendo uma aluna brilhante, considerando os padrões da época. Em 2007, na graduação de pedagogia, buscando um melhor entendimento da teoria Behaviorista26, testei o simulador de um programa que foi amplamente enaltecido em sua época, chamado de ―A Máquina de Ensinar‖ ou ―Máquina de Skinner‖ (Skinner, 1968)27 e ao utilizá-la, os níveis eram avançados mecanicamente, por tentativas e erros - “alternativa errada - tente outra vez”. O que talvez, possa relatar dessa experiência, é que fui imediatamente remetida para os ―tempos de ginásio‖ nos anos 80, onde questionários e 26 Behaviorismo (Behaviorism em inglês):, é o conjunto das teorias psicológicas (dentre elas a Análise do Comportamento, a Psicologia Objetiva) que postulam o comportamento como o mais adequado objeto de estudo da Psicologia. Comportamento geralmente é definido por meio das unidades analíticas respostas e estímulos..http://pt.wikipedia.org/wiki/Behaviorismo 27 A teoria de Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) baseia-se na idéia de que o aprendizado ocorre em função de mudança no comportamento manifesto, conduzindo ao resultado de uma resposta individual a eventos (estímulos) que ocorrem no meio. Uma resposta produz uma conseqüência, bater em uma bola, solucionar um problema matemático. Quando um padrão particular Estímulo-Resposta (S-R) é reforçado (recompensado), o indivíduo é condicionado a reagir.
  • 23. 23 conteúdos, previamente decorados marcaram profundamente a minha geração e no ingresso nos anos 70, na tão sonhada escola onde fui da euforia ao tédio. Podemos contrapor aqui: Os jovens mudaram tanto, ou somos nós que esquecemos como é ser curioso, destemido, abusado ou simplesmente transgredir? [p]elo fato de ser o professor um agente de mudança, olhando sempre para o futuro, no afã de educar alunos (e não para o passado) e dessa maneira, transgredindo, muitas vezes, regras e normas estabelecidas (...), o educador é, portanto, um transgressor do que existe, pronto, acabado, constituído e passado. Por acompanhar a dinâmica da sociedade, inova em termos de atitudes e comportamentos, tendendo à mudança de mentalidades, a par do questionamento sempre presente e base - assim como a atividade de pesquisa - para a construção do conhecimento. (Hernández, 1998, pag. 14) O autor é que melhor conceitua o termo transgredir na educação, que entendo como uma aventura em torno da mudança escolar, talvez um aspecto que defina a intenção da mudança, do olhar. Ao transgredirmos, quebramos regras, podemos nos colocar no lugar do outro, lembrar como era difícil ser criança, aluno e tornar-se um cidadão, buscando assim, significação para a profissão docente. [p]or estarmos vivendo em uma época de grandes mudanças sociais, passou a ser função da escola não apenas a transmissão de conteúdos, mas ajudar a construir a identidade e a subjetividade de cada criança e adolescente, tanto como sujeito histórico, como cidadão, ensinando-os a elaborar estratégias e recursos para interpretar o mundo em que vivem, a escrever suas próprias histórias, as relações estabelecidas através das diferentes experiências culturais e os conhecimentos relevantes para eles. (Hernández, 1998, pag. 14) Assim, de acordo com o autor, vou transgredir e contrapor aqui ao algumas teorias educacionais, que também abordam conceitos que envolvam as tecnologias da educação e suas possibilidades: Da teoria de Skinner e sua ―Máquina de Ensinar‖ à ―Máquina que pode ser ensinada‖ de Papert28 onde denomina de ―Construcionista‖ a abordagem pela qual o aprendiz constrói, por intermédio do computador, o seu próprio conhecimento (Papert, 1985). 28 Segundo Papert, aprendendo a dominar o computador, e a fazê-lo executar os seus objetivos, a criança é colocada em contato com as idéias mais profundas das Ciências e da Matemática, com a filosofia por detrás do método científico, com a heurística e teoria dos modelos, com os princípios e as técnicas mais profundas de solução de problema. É esta filosofia do uso do computador que é enfatizada pela linguagem LOGO.
  • 24. 24 Podemos entender essa abordagem, como sendo um modelo delineado por projetos baseados em interatividade29 e interconectividade30 (Moraes, 1997), e que busca embasamento científico na teoria construtivista31 de Piaget onde considera a construção do conhecimento baseada na realização de uma ação concreta que resulta em um produto palpável. O construcionismo, portanto implica numa interação aluno-objeto, mediada por uma linguagem de programação, neste caso, especificamente a linguagem LOGO (Papert, 1985). [b]ehaviorismo, cognitivismo e construtivismo são as três grandes teorias da aprendizagem mais freqüentemente usadas na criação de ambientes instrucionais. Essas teorias, contudo, foram desenvolvidas em um tempo em que a aprendizagem não sofria o impacto da tecnologia. Através dos últimos vinte anos, a tecnologia reorganizou o modo como vivemos, como nos comunicamos e como aprendemos. As necessidades de aprendizagem e teorias que descrevem os princípios e processos de aprendizagem, devem refletir o ambiente social vigente. (Siemens, 2004). Na opinião do autor, o conhecimento e aprendizagem estão na vanguarda do progresso e avanço da humanidade, e em nenhum outro momento da história, tivemos diante de nós, esse panorama de oportunidades. [p]ortanto, teorias da cognição e da aprendizagem que tem servido bem no passado, parecem frágeis, ineficazes e fora de contato com a realidade dos alunos, do novo contexto e as características do conhecimento hoje (Siemens, 2004). A preocupação do autor é no sentido de como podemos lidar com todo esse excesso de informação envolvendo alunos e professores e aproveitar esse momento único na história, proporcionado pelos recursos da Web 2.0, de ―maneira a transpor as paredes da sala de aula‖ (Siemens, 2004). 29 Interatividade ou inter-atuação multitemporal representa a possibilidade de acesso em tempo real, o que representa o tempo de acesso, no entorno de zero, à diferentes estoques de informação; possibilita o acesso em múltiplas formas de interação entre o usuário e a própria estrutura da informação neste espaço. A interatividade modifica o fluxo usuário - tempo - informação. 30 A interconectividade reposiciona a relação usuário-espaço-informação; opera uma mudança estrutural no fluxo de informação que se torna multiorientado. Quando o tempo se aproxima de zero e a velocidade do infinito, os espaços perdem seus limites dando ao indivíduo a condição de contigüidade, onde a possibilidade de vizinhança se estende para a região do infinito e permite ao usuário da informação ter a possibilidade de deslocar-se de um espaço de informação para outro espaço de informação. 31 Construtivismo: Esta teoria, tem como principio, avaliações contínuas onde trabalhos são elaborados a partir de pesquisas e em grupos, valorizando a troca de informações. A Escola deve ser um ambiente especialmente criado para o ensino, rica em recursos, possibilitando ao aluno construir seu próprio conhecimento, usando seu próprio estilo de aprendizagem.O Professor passa a ser um mediador e não mais um detentor do conhecimento ou um mero transmissor de conteúdos.
  • 25. 25 Quando o autor questiona as atuais teorias da aprendizagem, penso exatamente nos modelos reproduzidos pelos PCNs (Moraes, 1997) e em minha experiência com colegas de trabalho que são ―formados‖ por ―formadores‖ e formam ―formadores‖ que ―formarão‖ professores que efetivamente as ―informações‖ são ―transmitidas‖ aos alunos. (Moraes, 1997) Embora considerados especialistas dentro de suas disciplinas de formação, o que se observa em sua práxis é que ainda se apóiam em paradigmas e verdades absolutas, não transgridem e não conseguem efetivamente ―enxergar‖ conteúdos disciplinares integrados aos recursos midiáticos, utilizando-os apenas para produzir apresentações ou reproduzir vídeos em suas formações. Conseqüentemente, este modelo é reproduzido nas escolas (Moraes, 1997). Talvez por isso os alunos pensem na escola apenas como um lugar encontrar os amigos. Seria possível reverter tudo isso? Não creio que alguém tenha a resposta, mas a PUC-SP, em sua 2ª Versão do Seminário Web Currículo, 2010, apresentou propostas, para a reformulação do currículo de formação docente. Foi a primeira vez que conheci a expressão: (TDIC) Tecnologia Digital de Informação e Comunicação (Valente, 2010). Após a introdução do tema, o autor explicou que o currículo atual (de todas as disciplinas) foi desenvolvido para a era do lápis e papel. [as] TDIC não só fazem parte, mas elas transformaram muitas atividades que fazemos hoje. ―As escolas que usam as TDIC ―brigam‖ com o currículo da era do lápis e papel e à medida que as TDIC passam a fazer, cada vez mais, parte do cotidiano da vida dos alunos, vai ficar difícil controlar essa ―briga‖ e questiona: Qual a razão da não integração das TDIC no currículo? (Valente, 2010). Aqui, faço um contraponto com os ―formadores‖ mencionados anteriormente e a citação de Valente, 2010. Enquanto especialista em tecnologias, em algumas situações, costumava sugerir para os colegas formadores (PCOP de áreas curriculares) sugestões onde poderiam surgir a integração de currículos e a utilização de recursos midiáticos. Tais intervenções, eram decorrentes de uma expectativa pessoal, no sentido de contribuir de alguma forma na formação dos docentes, refletindo assim, em mudanças no cotidiano escolar. Surpreendentemente, ao contrário do esperado em sua grande maioria percebia-se um ―ego‖ ferido, como se a sugestão fosse algo ofensivo como ―acha
  • 26. 26 que não sei isso‖ ou então, ―nossa, quer mandar em todas as disciplinas‖. Ao contrário do que meu trabalho se propõe, em algumas ocasiões sou solicitada até mesmo com certa agressividade ou ironia, para ―consertar‖ computadores ou ligar aparelhos na tomada e quase sempre acompanhadas da frase: Afinal, você não é técnica em informática‖? Todos, sem exceção, são convidados a participarem das formações realizadas através do NRTE, mas são praticamente os mesmos educadores, que procuram ―experimentar‖ novas possibilidades, e isso não decorre de idade ou geração, pois os mais entusiasmados, já passaram e muito dos cinqüenta anos. Nessa tentativa, criei uma página na internet32 e desde sua criação em 2007, o que é notável de fato, é que se trata de um sitio abandonado e inacabado que não atingiu sua proposta inicial: criar um espaço de criação coletiva, onde cada um, dentro de sua disciplina de atuação, pudesse gerir seus próprios espaços integrando currículos e trocas de experiências. Poderia aqui dizer ser essa experiência, um caso de sucesso, mas como decorre de uma situação empírica e não exclusa do órgão onde atuo, podemos apenas pensar: O paradoxo novamente: acontece. Justamente no topo, em nível de formadores, onde em tais espaços de experimentações, poderiam incorrer em mudanças isso não acontece, ao contrário das escolas, onde realmente podemos observar pequenos movimentos, que aos poucos estão gerando resultados. A explicação mais próxima dentro de um pensamento racional, talvez seja que no ambiente escolar, a presença dos alunos é uma constante e conseguem atuar diretamente na construção desses espaços. Tal situação só pode acontecer de fato nas escolas, porque são eles (alunos) que representam a continuidade e promovem de fato essa relação de co-autoria e produção coletiva33. Enfim, confesso que ao longo desses dez anos de tentativas, também me deixei influenciar por esse comportamento geral e para poder ser ―aceita‖ no grupo, sucumbi apenas ao trabalho que desenvolvo: Criar situações onde as tecnologias possam aos poucos ir acontecendo nas escolas, onde as formações, seguem basicamente a filosofia de que nada pode ser alterado sem que a mudança 32 http://decampinasoeste.edunet.sp.gov.br/oficina_pedagogica/frameset.htm 33 http://decampinasoeste.edunet.sp.gov.br/links_outras_diretorias/página_inicial_links_escolas.htm
  • 27. 27 ocorra principalmente no comportamento das pessoas, de maneira gradativa e respeitando-se o tempo de cada um. Inevitavelmente, pelo menos uma vez por semana eu tenho que repetir a frase ―não, eu não sou técnica de informática‖. Valente sugere algumas estratégias para que tais paradigmas sejam efetivamente mudados: (Valente, 2010) a. Entender que nada esta terminado, mas em processo de produção (depuração e espiral de aprendizagem); b. Desenvolver novas posturas pedagógicas explorando a conectividade e não esperar que haja um consenso pedagógico; c. Incentivar a criatividade e múltiplas experiências; d. Dar voz ao aprendiz; e. Promover experiências que visam a apropriação tecnológica Assim, penso, ter encontrado o embasamento teórico a que este trabalho se propôs. Em sua elaboração, considerei, baseado em situações que vivencio, que apenas relatar experiências de utilização de blogs em escolas, de maneira expositiva ou as ferramentas que possibilitam sua construção, não validaria o fato, de que toda a mudança deve ser antes de tudo conceitual, baseado em experiências do passado e técnicas que se renovam e que aos poucos possam ser integradas ao cotidiano escolar. Para tanto, pode-se apenas estabelecer os blogs como um ponto de partida, e acreditando que daí para frente será como algumas tecnologias do passado ou como o lápis, apenas o utilizaremos, fará parte da memória da escola, tornando-se apenas o conhecimento ―invisível‖.
  • 28. 28 Capitulo 3 O Conceito de Web 2.0 Embora o termo, sugira uma nova versão do World Wide Web (www) 34, ele não se refere nas especificações técnicas, mas sim às mudanças culturais e na sua forma de utilização . O termo "Web 2.0" foi citado pela primeira vez em um artigo chamado "Fragmentado Futuro" (Revista Print News, EUA, 1999) [os] primeiros vislumbres da Web 2.0 estão começando a aparecer, e nós estamos apenas começando a ver como que o embrião pode se desenvolver (...) A Web vai ser entendido não como screenfuls de texto e gráficos, mas como um mecanismo de transporte, o éter através da interatividade que acontece.Ela ainda vai aparecer na tela do computador, transformado em vídeo e outras mídias dinâmicas possibilitadas pelas tecnologias de conexão rápida que começam a surgir. A Web também irá aparecer, em diferentes formas, na sua televisão (conteúdo interativo tecido perfeitamente na programação e comerciais), no painel do carro (mapas, páginas amarelas, outro navegadores de informações), no seu telefone celular (notícias, cotações de ações, vôo atualizações), máquinas de jogos portáteis (que liga os jogadores com os adversarios na Net), e talvez até mesmo no seu microondas - que automaticamente irá encontrar os tempos de cozimento dos alimentos (DiNucci, 1999).35 A utilização do termo, naquele momento, estava relacionada principalmente com web design, estética e a interligação de objetos do cotidiano na internet, e não ao conceito que se formou nas palavras de Tim O´Reilly. De qualquer maneira, o mérito da criação, não ficou com o seu criador. Foi em 2004, que o termo Web 2.0 aumentou de popularidade e começou a ser visto com mais respeito nos meios científicos e acadêmicos. Foi quando em uma conferência o autor do conceito afirmou que a internet estava se tornando ―mais importante do que nunca, com novas e excitantes aplicações e um grande número de sites surgindo com mais freqüência‖ (C.f., Tim O‘Reilly, 2004). Ele completou afirmando que estávamos diante ―da mudança para uma internet como plataforma, e um entendimento das regras para obter sucesso neste novo espaço, entre outras, a regra mais importante é a de desenvolver aplicativos 34 A World Wide Web (que em português significa, "Rede de alcance mundial"; também conhecida como Web e www) é um sistema de documentos em hipermídia que são interligados e executados na Internet., onde o usuário pode então seguir as hiperligações na página ou enviar informações de volta para o servidor. 34 http://www.cole20.com/the-history-of-the-web-20-starts-at-darcy-dinuccy-the-proof/ 34 O artigo original, onde aparece mencionado pela primeira os o termo Web 2.0 foi retirado da página da revista, existe apenas um fragmento no site oficial da autora.
  • 29. 29 que aproveitem os efeitos de rede para que estas se tornarem melhores, já que quanto mais são usados pelas pessoas, mais se deve aproveitar a inteligência coletiva" (Tim O‘Reilly, 2004), conforme observamos na Figura 1 (c.f. O‘Reilly, 2004). Figura 1 O.Reilly: web 1.0 X web 2.0 O termo web 2.0, é uma analogia a sua rápida evolução. Quando softwares são desenvolvidos, na medida de sua evolução são denominados de versões 1.0, 1.1, 1.2 e assim sucessivamente até chegarem em 2.0, 3.0, etc. Na internet o salto em sua evolução foi tão intenso, que ela teria ultrapassado todas essas etapas, indo diretamente de uma versão 1.0 para uma versão 2.0, pulando etapas. Portanto, o conceito de Web 2.0 refere-se a uma segunda geração de serviços online da World Wide Web e sua principal característica deve-se ao fato principalmente, da forma como estão organizadas as informações e as ferramentas que podem ser apropriadas pelos usuários. Desta forma, ela não se refere, portanto apenas a uma inovação técnica, mas sim a um determinado período tecnológico, que potencializa a criação de espaços coletivos e processos de comunicação mediados pelo computador através de uma plataforma interativa que possibilita as produções on-line. (c.f. O‘Reilly, 2004).
  • 30. 30 [t]rata-se de um núcleo ao redor do qual gravitam princípios e práticas que aproximam diversos sites que os seguem. Um desses princípios fundamentais é trabalhar a Web como uma plataforma, isto é, viabilizando funções online que antes só poderiam ser conduzidas por programas instalados em um computador. Porém, mais do que o aperfeiçoamento da ―usabilidade‖, o autor enfatiza o desenvolvimento do que chama de ―arquitetura de participação‖: o sistema informático incorpora recursos de interconexão e compartilhamento. Por exemplo, nas redes peer-to-peer (P2P), voltadas para a troca de arquivos digitais, cada computador conectado à rede torna-se tanto ―cliente‖ (que pode fazer download de arquivos disponíveis na rede) quanto um ―servidor‖ (oferta seus próprios arquivos para que outros possam ―baixá-lo‖). Dessa forma, quanto mais pessoas na rede, mais arquivos se tornam disponíveis (O‘Reilly 2005, op. Primo, 2009) Isso pode demonstrar, segundo o autor, que o principio chave da Web 2.0, são os serviços, que melhoram na medida em que as pessoas o utilizam ou migram para outros serviços, ou seja, se na ―primeira geração os sites eram trabalhados como unidades isoladas, passa-se agora para uma estrutura integrada de funcionalidades e conteúdo‖ (Primo, 2009). Mesmos os blogs sendo considerados ―ícones‖ dentro da concepção de web 2.0, em 1998, o grupo Yahoo oferecia em seus serviços, emails e espaços de criação gratuitos para hospedagem de sites chamado de GeoCities. Eram páginas prontas (templates) com visuais interessantes, criações on-line e a possibilidade de hospedagem de páginas em HTML criadas em aplicativos como o Front Page ou Publisher da Microsoft. A própria concepção de web 1.0 não era muito atrativa, porque fornecia apenas informações e configuravam em modelos onde os usuários eram apenas leitores ou navegavam de forma hipertextual. Em 1999, através do serviço gratuito Blogger, foi possível criar blogs facilmente em diversos idiomas, que originalmente tiveram sua utilização na forma de diários ou registros pessoais. Em 2002, o Blogger foi adquirido pelo Google, e desde então, é uma das plataformas mais procuradas para a criação de blogs. Além da facilidade na utilização de suas ferramentas é possível integrá-los a ilimitados blogs dentro de uma mesma plataforma gerida pelo Google, ou ainda sites que podem ser provedores de documentos criados com ferramentas virtuais ou anexados, editados em conjunto ou compartilhados entre os seus usuários.
  • 31. 31 O aspecto mais favorável desta ferramenta refere-se a possibilidade de convidar outros usuários a participar de sua edição, ao mesmo tempo, em tempo real, coexistindo. A partir das versões 2007, os aplicativos da Microsoft, tais como editores de texto, planilhas, e apresentações, podem ser editados no computador e publicados diretamente nas páginas do blog, além de inúmeros gadgets 36. Ou seja, além do fato da grande maioria destes professores já estarem familiarizados com esses aplicativos soma-se a isso o fato de poder escrever sem a conexão da internet, editá-lo, revisá-lo e posteriormente publicá-lo. Surpreendentemente, ao contrário do que muitos poderiam esperar, o teórico da revolução digital rejeita completamente, a idéia de que houve mudança nos conceitos da internet (Lévy, 2007). Um dos principais teóricos da revolução digital, filósofo da informação e professor de comunicação na Universidade de Ottawa (Canadá), acredita que a diferença básica entre a chamada web 1.0 e a web 2.0 é a forma como as pessoas estão se apropriando deste conhecimento, e não as técnicas em si. [a] Web 2.0 significa apenas que tem muito mais gente se apropriando da tecnologia da internet, o que a torna um fenômeno social de massa. Significa que não é mais necessário recorrer a intermediários ou técnicos. Do ponto vista de conceito de base não há uma grande diferença em relação à internet original. (...) Lévy acha que a grande questão colocada hoje para a rede é apenas aumentar as informações disponíveis, o que é o objeto de sua nova linha de pesquisa no mundo atual (Lévy, 2007). Entendo nas palavras do autor, que as possibilidades oferecidas pela internet, seguiram apenas uma tendência tecnológica, uma evolução dentro de sua própria história e na forma como essas informações estão chegando para as pessoas. Como educadores, talvez seja esse, o momento único para aproveitarmos todas essas possibilidades oferecidas e de encararmos a migração digital como um desafio em nossas vidas, inexorável e a internet como uma grande aliada no entendimento de nossos ―nativos digitais. 36 Gadget (em inglês: geringonça, dispositivo) Em outras palavras, é uma "geringonça" eletrônica.Na Internet ou mesmo dentro de algum sistema computacional (sistema operacional, navegador web ou desktop), chama- se também de gadget algum pequeno software, pequeno módulo, ferramenta ou serviço que pode ser agregado a um ambiente maior. Além de seu mencionado uso como gíria tecnológica, cabe pontuar que o termo "gadget" ganha contornos específicos no campo da Psicanálise quando, na segunda metade do século XX, o psicanalista francês Jacques Lacan passa a dele fazer uso para referir-se aos objetos de consumo produzidos e ofertados como se fossem "desejos" pela lógica capitalista - na qual estão agregados o saber científico e as tecnologias em geral. (Wikipédia, 2010).
  • 32. 32 3.1 Uma breve história do Google contada pelo Google Desde que Gutenberg inventou a prensa, há mais de 500 anos, fazendo com que os livros e periódicos, se tornassem acessíveis e amplamente disponíveis para as massas, nenhuma nova invenção deu poder aos indivíduos e transformou os modos de acesso à informação tão profundamente como o Google. Décadas passadas, a IBM e seus mainframes solucionaram os problemas de processamento de dados para as grandes corporações. Conseqüentemente surgiram a Intel, Apple e Microsoft, aprimorando o processamento de dados através da criação de microprocessadores, a comercialização de computadores pessoais e o desenvolvimento de softwares e aplicativos, respectivamente, favorecendo assim, uma autonomia e independência tecnológica para o usuário comum, que não possui nenhuma especialização técnica. A Internet, que originalmente foi um projeto do Departamento de Defesa norte americano, emerge como a plataforma escolhida e, sem dúvida, ninguém incomoda mais do que o Google, a grande marca criada em meio a empresas de Internet na última década, e o grande marco nas mudanças na internet, na verdade, início em 1995, quando dois jovens estudantes de Stanford, iniciaram uma verdadeira revolução e modificaram toda a estrutura da web, até então predominante. Assim como Steve Jobs e Bill Gates revolucionaram o conceito de computadores pessoais na década de 80, esses dois jovens revolucionaram sua utilização na internet diante de um simples conceito: ―você pode ganhar dinheiro sem fazer o mal‖ e ―você pode ser sério sem um terno‖ (Page, Brin, 1998). Em 1996, foi criado um sistema de busca por informações chamado de BackRub37, baseado na lógica booleana (Boole, 1850), podendo ser considerado o ancestral do Google que conhecemos atualmente. 37 BackRub antecedeu o nome PageRank™ que é uma família de algoritmos de análise de rede que dá pesos numéricos a cada elemento de uma coleção de documentos hiperligados, como as páginas da e pateInternet, com o propósito de medir a sua importância nesse grupo por meio de um motor de busca. O algoritmo pode ser aplicado a qualquer coleção de objetos com ligações recíprocas e referências. O peso numérico dado a cada elemento E é chamado PageRank de E e notado como PR(E). O processo do PageRank™ foi patenteado pela Universidade de Stanford nos Estados Unidos da América sob o número 6.285.999. Somente o nome PageRank™ é uma marca registrada do Google.
  • 33. 33 Até então a internet não possuía ferramentas de busca tão eficazes para a localização de conteúdos a partir de palavras-chave. Dois anos depois, o site já se chamava Google e hoje virou um neologismo: o verbo ―googlar”. O nome Google foi escolhido devido a expressão matemática googol, que representa o número , para demonstrar assim a imensidão da Web, pois tal expressão é impossivel de ser representada numericamente. Já a expressão googol surgiu de um fato um tanto curioso, onde o matemático Edward Kasner questionou o seu sobrinho de oito anos sobre a forma como ele descreveria um número grande, um número realmente grande, o maior número que ele imaginasse. O pequeno Milton Sirotta emitiu um som de resposta que Kasner traduziu por "googol". Mais tarde, Kasner definiu um número ainda maior: o googolplex38. Segundo o documentário do Biography Channel39 sobre os criadores do Google, quando o primeiro investidor da empresa passou um cheque de 100 mil dólares perguntou a que ordem o devia passar. Brin e Page disseram que estavam pensando em dar o nome de "Googol" à empresa em homenagem ao matemático, mas o empresário, possivelmente por ignorância, escreveu "Google", obrigando, assim, a que a empresa tivesse este nome, para efetivarem o investimento. O Google, portanto, é a maior prova do poder da nova web, a empresa nunca investiu dinheiro para promover ou anunciar sua empresa. Foi acontecendo através de amigos que convidavam amigos, e muito rapidamente, as pessoas começaram a se sentir emocionalmente ligadas a essa ferramenta de busca, evocando-a sempre que desejavam satisfazer seus interesses ou curiosidades. Diferentemente da maioria das grandes empresas, é um lugar onde seus criadores pensam prioritariamente em inovações, e somente depois, se possível e conseqüentemente, transformar tais inovações em lucro. 38 Um googolplex é dez elevado a um googol.), ou seja, 1 seguido de googol zeros. Se imaginarmos que o conjunto de todas as partículas do Universo é igual a 1080 (inferior a um googol) podemos perceber o quão enorme é este número. Escrever um googolplex é impossível. Mesmo que se transformasse toda a matéria existente no Universo em tinta e papel não teríamos ainda material suficiente para escrever todos os zeros que o compõem. Mesmo se começássemos a escrever desde o Big Bang até hoje, não teria havido tempo suficiente para escrever um googoplex. 39 Criadores do Google (1995), Larry Page (1973) http://www.biography.com/articles/Larry-Page-12103347 e Sergei Brin http://www.biography.com/articles/Sergey-Brin-12103333
  • 34. 34 Sobretudo, permanece sua filosofia inicial: atender os interesses dos usuários do Google. Ao mesmo tempo, criadores e criatura são ainda muito jovens, o que pode representar que este é apenas o começo40. Figura 2 - Web 2.0 (Adaptado do Mapa Mental de Alex Primo, 2007 – C.f. Anexo I) Se imaginarmos, portanto, que a Web 2.0 é apenas uma criatura, e o Google é o seu maior criador, podemos conceituar algumas das principais ferramentas utilizadas atualmente na internet e representadas neste mapa conceitual e apenas pensar: ―Google, Logo Existo!‖. 40 (Texto Adaptado do blog oficial do Google http://googleblog.blogspot.com/ e do site Wayback Machine, que armazena índex de vários sites desde a criação da internet em 1994. (http://www.archive.org/web)
  • 35. 35 3.2 A Geração Interativa e a Web 2.0 Teorias da cognição e da aprendizagem que tem servido bem no passado, parecem frágeis, ineficazes e fora de contato com a realidade dos alunos e do novo contexto e características do conhecimento hoje (Siemens, 2004). Assim como na reportagem da Folha de São Paulo (Lévy, 2007), o novo contexto que o autor refere-se, seria a ―facilidade de acesso a informações, conhecimento global, pesquisas e experiências de gerações passadas que fornecem uma base sólida sobre a qual construir a sociedade de amanhã‖ (Siemens, 2004). Sua preocupação é justamente no sentido de como lidar com essa avalanche de conhecimento envolvendo alunos e professores, em uma forma de aproveitar esse momento histórico das tecnologias que envolvem a internet e proporcionar um ambiente de co-criação de conteúdos, ―transpondo as paredes da sala de aula‖ (Siemens, 2003). Ao questionar as atuais teorias de aprendizagem, ele propõe uma teoria alternativa chamada de Conectivismo41 (Siemens, 2003). A teoria de Siemens pode ser considerada uma nova oportunidade para embasar cientificamente as concepções de ambientes compartilhados, mas é em Lévy, que encontro significado para o momento que vivemos na chamada ―nova era‖ tecnológica ou no conceito de Web 2.0. (...) O possível é exatamente como o real: só lhe falta a existência.(...) Já o virtual não se opõe ao real, mas sim ao atual. Contrariamente ao possível, estático e já constituído, o virtual é como o complexo problemático, o nó de tendências onde forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução: a atualização.(...) Por exemplo, se a execução de um programa informático, puramente lógica, tem a ver com o par possível/real, a interação entre humanos e sistemas informáticos tem a ver com a dialética do virtual e do atual (Lévy, 1996, pag.17) 41 George Siemens (17-10-2003), no seu Learning Ecology, Communities, and Networks: Extending the Classroom, manifestava estas e outras preocupações, de simbiose entre o virtual e o físico, entre o mundo do trabalho, a aprendizagem formal e a aprendizagem informal, contínua, permanente, face a uma cultura institucional universitária e educativa, em geral, que pareciam alheias das grandes mudanças em curso. E escrevia o que parecia ser (e revelar-se-ia assim) o embrião para uma nova visão do conhecimento e da aprendizagem: Aceitando que existe alguma aprendizagem que passa pela aquisição de conhecimento, Siemens sustenta que a aprendizagem é, sobretudo e mais freqüentemente, um processo com vários estágios e diferentes componentes e muitas atividades que antecedem a aprendizagem, tais como exploração, tomada de decisões, seleções, etc. A experiência de aprendizagem, ela mesma, pode definir-se como o momento em que adquirimos, de forma ativa o conhecimento que nos faltava para completarmos uma tarefa necessária ou resolvermos um problema. http://orfeu.org/weblearning20/4_2_conectivismo
  • 36. 36 Vamos pensar na oposição entre real e virtual. Nas definições do autor, o real seria a ordem do ―tenho‖, enquanto o virtual seria a ordem do ―terás‖ (Lévy, 1996, pag. 15). Nessas definições, o autor adota como linha de pensamento, a palavra ciberespaço42 remetendo-a ao conceito de cibercultura43, e define este modelo como um conjunto de técnicas ―materiais e intelectuais, de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores virtuais, originando uma nova modalidade de ser: a ―virtualização‖ (Lévy, 1999). Figura 3 – Cibercultura (Adaptada do Mapa Mental de Cibercultura, Primo, 2007. C.f anexo I) 42 O termo ciberespaço foi criado em 1984 por William Gibson, e usou o termo em seu livro de ficção científica, Neuromancer., cuja realidade se constitui através da produção de um conjunto de tecnologias, enraizadas na sociedade, e que acaba por modificar estruturas e princípios desta e dos indivíduos que nela estão inseridos. O ciberespaço é definido como ―o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores‖ (Lévy, 1999, pág. 92). 43 A cibercultura é um termo utilizado na definição dos agenciamentos sociais das comunidades no espaço eletrônico virtual. Estas comunidades estão ampliando e popularizando a utilização da Internet e outras tecnologias de comunicação, possibilitando assim maior aproximação entre as pessoas do mundo
  • 37. 37 [a] virtualização pode ser definida como o movimento inverso da atualização. Consiste em uma passagem do atual ao virtual, em uma 'elevação à potência' da entidade considerada. A virtualização não é uma desrealização (a transformação de uma realidade num conjunto de possíveis), mas uma mutação de identidade, um deslocamento do centro de gravidade ontológico do objecto considerado: ('uma solução'), a entidade passa a encontrar sua consistência essencial num corpo problemático (Lévy, 1996, p.17). Vamos considerar as definições no mapa conceitual da figura 3, e as citações entre o real e o virtual. Podemos entender, portanto, que quando o indivíduo ou o coletivo ―virtualizam‖ uma informação e apesar da forma ―não- presente‖, ela se torna real, em tempo real, possibilitando novos meios de interação e troca de informações, aproximando espaços, coexistindo. [a]s realidades virtuais compartilhadas que podem fazer comunicar milhares ou mesmo milhões de pessoas devem ser consideradas como dispositivos de comunicação ―todos - todos‖, típicos da cibercultura (Lévy, 1999, pag. 105). O imaginário pode tornar-se real, o mesmo conteúdo pode ser compartilhado simultaneamente em vários lugares do mundo, por várias pessoas, com interesses em comum, ou não, tudo dentro de um só espaço de comunicação e o futuro do pensamento, portanto, não se restringe aos conceitos de Web 2.0, é o passado que projeta um futuro e se completa de maneira invisível, inexorável. ―A Web, esta criando a geração mais inteligente de todas, onde hoje em dia, o que conta não é o que você sabe, mas o que pode aprender‖ (Tapscott, 44 2010) . Este artigo, cuja capa trás o título ―A internet esta deixando você burro?‖, demonstra as opções disponíveis para a nova geração de usuários, e transcorre sobre a idéia, de que não devemos temer a internet, pois a mente da geração digital parece ser incrivelmente flexível, adaptável e ter um profundo conhecimento da mídia. A leitura hipertextual, por meio de links, permite a não-linearidade, na qual o usuário empenha-se em um processo de interconexões que podem levá-lo tanto para o interior do próprio espaço de leitura, quanto para outros textos, em outros lugares do ciberespaço (LÉVY, 1999). 44 Don Tapscott é autor do Livro A Hora da Geração Digital, do best-seller ―Wikinomics‖ e um dos maiores estudiosos da influência das novas tecnologias no mundo atual. O livro parte de uma pesquisa realizada com cerca de dez mil jovens americanos sobre seus hábitos e padrões de consumo e relacionamento para fazer um mapeamento sobre como a internet revolucionou as formas de se pensar, interagir, trabalhar e se relacionar, dando origem a uma geração multifuncional
  • 38. 38 Neste cenário, podemos pensar que embora o desempenho de muitas tarefas simultaneamente possa colocar em risco todas as teorias tradicionais de ensino, outras maneiras de aproveitar a internet e tudo o que ela pode proporcionar em termos de informação e conhecimento, podem trazer novas formas de inteligência para a sociedade. Fazemos parte dos migrantes digitais, acessamos o YouTube para assistir a vídeos, os nativos digitais o acessam para acompanhar as novidades, compramos um novo telefone e lemos o manual e raramente entendemos tudo o que pode ser feito com ele, eles simplesmente o usam, utilizamos emails e sites de relacionamentos de maneira tímida, formal, eles usam estes ambientes para estabelecer relações, trocar experiências entre si (Tapscott, pag.19, 2010). O autor escreveu o seu livro, partindo de uma pesquisa com cerca de dez mil jovens americanos sobre seus hábitos e padrões de consumo e relacionamento para fazer um mapeamento sobre como ―a internet revolucionou as formas de se pensar, interagir, trabalhar e se relacionar, dando origem a uma geração multifuncional‖ (Tapscott, pag.19, 2010). Entendo, na citação do autor, que como ―migrantes‖ digitais, essa adequação tecnologia é necessária para nos ―enquadrarmos‖ nesta nova realidade, mas essencialmente, ainda preferimos e muito, algumas técnicas ―antigas‖. Em contrapartida, os chamados nativos digitais, sequer se reconhecem neste ―rótulo‖ e nem entendem muito bem o sentido do antigo, para eles antigo é ―over‖, ou então ―isso é tão 2008‖, ou seja, sabem usar e demonstram uma habilidade natural em lidar com tudo o que é tecnologicamente correto e estão atentos a essas inovações. O resto é apenas passado, já aconteceu. Ao contrário das gerações que apenas recebiam informações na frente de um televisor, ou da própria web 1.0, onde éramos apenas leitores, nessa nova visão de Web 2.0, ―os usuários interagem e sabem que neste novo mundo, precisam aprender constantemente, por toda a vida‖ (Tapscott, pag. 19, 2010). O mais notável não é apenas como eles usam as tecnologias, mas sim a forma como se comportam diante das tecnologias. ―parecem até mesmo ser diferentes‖ (Tapscott, pag. 20, 2010). Como professores, percebemos que os jovens não conseguem manter longos intervalos de atenção, demonstrando de fato que aprendem de forma diferente, ou seja, algo está acontecendo.
  • 39. 39 Com propriedade, pensamos ser apenas falta de limites, interesse, problemas sociais ou quase sempre atribuímos aos professores essa dificuldade em lidar com essa nova situação ou a sua formação precária, enfim, mas quase nunca pensamos que ―talvez o fato de terem praticamente nascido em um ambiente digital tenha causado um impacto profundo no seu modo de pensar, a ponto de mudar a maneira como o seu cérebro esta programado‖ (Tapscott, pag. 20, 2010). Baseada nesta citação, vou novamente contrapor aqui: Comecei a trabalhar em 1982, aos quatorze anos. Naquela época, tive a oportunidade de iniciar meu aprendizado com os primeiros computadores e pude assim, acompanhar de perto, toda essa revolução em curto prazo. Particularmente, foi neste contexto, que tudo aconteceu de forma muito natural. A geração digital, e posso citar minha filha, que em 1994, antes mesmo de falar ou andar, já sabia como interagir com o mouse e o computador e escolher os aplicativos que mais lhe atraiam, assustava meus pais. Lembro claramente das palavras de minha mãe, ―você vai deixar essa menina doente‖ e faço um comparativo com a situação atual de nossos professores: o medo do desconhecido e a insegurança frente à geração interativa. Nos últimos dez anos, atuo diretamente na formação de professores e adolescentes do ensino médio para o uso das tecnologias e foi neste ambiente, que pude observar situações inusitadas, como no início da chegada dos computadores nas escolas. Nessas primeiras capacitações, onde devido minha total inexperiência na formação de professores para o uso das tecnologias, passava as instruções como se tudo fosse muito normal, ―clique na tela‖ e o professor tocou a tela literalmente e uma segunda situação, onde um professor apontou o mouse para a tela como se fosse um controle remoto, além de emails que recebemos e que contam situações de usuários telefonando para helpdesk, onde tenho quase certeza, de que não são apenas piadas engraçadas. Em contrapartida, houve uma ocasião onde um aluno da quinta série do ensino fundamental na escola onde lecionei, precisou telefonar para os pais e ficou parado na frente do telefone com disco, pois não sabia como utilizá-lo e recentemente, quatro estagiários universitários que fazem parte de minha equipe
  • 40. 40 de trabalho, estavam parados em frente a um aparelho de fax, tentando descobrir onde colocavam o papel e qual botão deveriam apertar Neste cenário, em um passado bem recente, os recursos tecnológicos conhecidos pelos educadores, eram o giz, a lousa, controles remotos, vídeo cassetes, retroprojetores e mimeógrafos, apenas citando alguns recursos que sempre existiram no cotidiano escolar e cada uma dessas tecnologias teve sua importância dentro do contexto de sua utilização. Algumas se mantiveram, outras foram apenas esquecidas ou incorporadas no cotidiano escolar. É apenas uma questão de colocar-se no lugar do outro, e lembrar-se de que toda mudança cultural, passa antes por uma adaptação técnica até que sejam compreendidas. Enfim, embora pareçam engraçadas, essas atitudes fazem muito sentido. A diferença básica é que de maneira geral, alunos não tem medo do desconhecido, encarando com naturalidade seus erros e compartilhando seus acertos e sabem que ninguém tem o domínio absoluto de tudo o que acontece na internet, portanto, ao contrário do que se possa imaginar, não esperam isso de professores. Na verdade, a web ele já dominam, o que procuram de fato, é um significado real em sua utilização. Não dizemos: vou utilizar um lápis para escrever um texto, apenas o utilizamos e crianças não falam sobre tecnologia, apenas olham para um computador da mesma maneira que olhamos para a televisão, simplesmente apertamos um botão e assistimos (c.f. Tapscott, pag. 20, 2010). Para esta geração, computadores, celulares e a própria internet são como o ar, totalmente invisível e assim são os blogs na vida destes alunos, e ―esta comprovado, que eles acreditam mais em nas informações disponibilizadas na rede na hora de tomar suas decisões do que em comerciais veiculados por outras mídias‖ (Tapscott, pag. 20, 2010). Na hora de assistir um filme, ouvir uma musica, ler sobre uma noticia ou escolher a roupa que irão usar é à internet que recorrem, e são críticos em suas escolhas na web, porque ao invés de simplesmente mudarem de canal, eles podem ao mesmo tempo assistir a vídeos no youtube, conversar com amigos no MSN, enviar convites para a ―galera‖ no Orkut ou no Facebook, postar seus próprios
  • 41. 41 vídeos, criar vídeos com amigos, escrever seus próprios roteiros e reunir tudo isso em um só lugar: os blogs. (c.f. Tapscott, pag. 20, 2010). Quando ouvimos frases como de nossos professores como ―não faço parte deste mundo tecnológico‖, podemos apenas pensar, de acordo com o pensamento do autor, que somos únicos e privilegiados, porque ao contrário das novas gerações, pudemos participar, mesmo que como expectadores das mudanças que ocorrem nos últimos 20 anos. Quem melhor do que nós mesmos para entenderemos o processo inexorável dessas inovações e usar tal fato a nosso favor? Quando não tivermos as respostas, podemos apenas ―googlar‖ ou quem sabe perguntar sem medo para a geração internet? O autor, em seu texto, faz uma comparação entre as gerações que cresceram com tecnologia da televisão e o nasceram nesta nova ―era tecnológica‖ e os chama de nativos digitais e migrantes digitais, respectivamente. Portanto, penso ser, imprescindível a participação de uma, duas ou três gerações neste processo, reunindo assim conhecimentos e troca de experiências que nunca foram vivenciadas pela nova geração, aproximando de fato alunos e professores em uma rede de conhecimento. Os blogs seriam essa primeira possibilidade, e depois com certeza, surgirão outras. A conclusão para este capítulo em especial, pode ser: ―Se você entender a Geração Internet, entenderá o futuro. Também compreenderá como as nossas instituições e a sociedade precisam mudar hoje‖ (Tapscott, pag. 20, 2010).
  • 42. 42 Capitulo 4 “Blogo”, Logo Existo! O Conhecimento “Invisível”, Individual e Coletivo em Ambientes Compartilhados na Web 2.0 Celestin Freinet (1925), foi uma referência da pedagogia de sua época. Na década de 20, iníciou-se na carreira do magistério e devido a uma lesão pulmonar adquirida durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que impossibilitava longos períodos de utilização de sua voz, adquiriu um tipógrafo para auxiliá-lo em sua atividades de ensino. Sua carreira docente teve início construindo os princípios educativos de sua prática (Freinet, 1925, Wikipédia). Freinet inovou em seu trabalho com crianças organizando aulas-passeio. Na volta dessas atividades extra-classe, os alunos empolgados, queriam contar suas descobertas durante os passeios. Os alunos criavam textos em seus cadernos, mas apesar do entusiasmo na elaboração, os textos não eram mais lidos por ninguém. Acabavam ali. Foi então que ele teve a idéia de imprimir aqueles textos para que pudessem ser passados de mão em mão, lidos e relidos por outras pessoas. Adquiriu um tipógrafo, componentes e tipos e passou a imprimi-los. Para a surpresa de Freinet, eles queriam mostra-los aos pais e amigos. Não se cansavam nunca! (Cappa, 2002, pag 2, Jornal O Galhardão) Essa proposta e mudanças na escola, dava-se ao fato de Freinet considerá- la teórica e distante da realidade dos alunos, sendo a interação professor-aluno, em sua concepção, essencial para a aprendizagem ―direcionando o movimento pedagógico em defesa da fraternidade, respeito e crescimento de uma sociedade cooperativa e feliz‖. (Freinet, 1925, Wikipédia). [p]ode-se considerar que um dos grandes desafios da escola, mais do que utilizar os recursos tecnológicos, é modificar os modelos de comunicação existentes. Esforços nesse sentido já foram observados no final do século 19, quando alguns educadores começaram a usar métodos e concepções baseados na interação, independentemente das tecnologias de que dispunham. (Gonçalves, Educarede, 2006). O autor faz um contraponto com os postulados de Freinet (1925), que já podiam ser considerados uma espécie de blog de sua época. Embora, a denominação blog, conceitualmente seja a abreviatura do termo em inglês weblogs ou logado na rede, originalmente foi criado com o conceito de ―diário‖ ou ―registros on-line‖. Nos postulados de Freinet (1925), ele já utilizava modelos muito próximo das concepções originais dos blogs, e expressões como ―diário de classe‖ ou ―jornal escolar‖.
  • 43. 43 O mapa mental (figura 4) foi construído baseado em fragmentos dos autores citados e conceitos ―inovadores‖. Mas é a na aproximação de alunos e professores que podem ser destacados a sua principal contribuição para o processo de ensino e aprendizagem. Freinet (1925). Figura 4 Conceitos que favorecem a criação de blogs no contexto educacional [a] exemplo disso, Freinet, (1925), defendia que a escola deveria considerar o contexto sociocultural do qual a criança fazia parte. (...) Nas atividades desenvolvidas em sua prática, prevalecia o espírito cooperativo, os trabalhos eram apresentados, discutidos e posteriormente impressos, com o objetivo de criar um ―diário de classe‖ e um ―jornal escolar‖. ―Posturas educativas como essa, envolvem outro modelo comunicacional, baseado na troca e na negociação de sentido entre os envolvidos no processo da comunicação. Para esse paradigma, fazemos alusão à imagem de rede, constituída por muitos pontos interligados, que atuam, ao mesmo tempo, como emissores e receptores de mensagens‖ (Gonçalves, Educarede, 2006).
  • 44. 44 Eu procurei, portanto demonstrar através de uma maneira não linear experiências do passado, conceitos que se renovam ou que foram esquecidos dentro de sua própria história, que se complementam e de certa forma se conectam, formando talvez o conceito de rede. Apenas possibilidades. Freinet (1925), talvez seja o modelo mais próximo do que do que seria transgredir nas palavras de Hernandez (1998), criando espaços compartilhados de aprendizagem em co-produção com alunos e de ser o autor de sua própria historia. Vamos imaginar que ao sair com seus alunos para passeios que depois eram transformados em relatos e posteriormente impressos na forma de jornais compartilhados entre amigos e familiares. Podemos pensar na internet, portanto, como um grande passeio virtual e os blogs como um pequeno Neste momento, a tecnologia vira ―conhecimento invisível‖ e o que importa de fato, é a história que será contada e compartilhada nestes espaços. Por pessoas. Ao “goolglar‖ minhas pesquisas sobre resultados de blogs utilizados para fins educacionais, surgiram centenas de informações que poderiam ser descritas como casos de sucesso. Mas optei por trilhar em caminhos conhecidos e foi através do Portal Educarede45, que encontrei todas as possibilidades reunidas em termos de aprendizagem significativa com o uso das tecnologias, relatos de experiências de alunos e professores, diversidade cultural, projetos temáticos, além de reunir várias ferramentas da web 2.0 em um só espaço. O Programa EducaRede é uma iniciativa da Fundação Telefônica iniciou suas atividades na Espanha. No Brasil é coordenador pela Fundação Telefônica em parceria com o CENPEC Centro de Estudos e Pesquisas em Educação Cultura e Ação Comunitária - coordenador-executivo e gestor pedagógico - e a Fundação Vanzolini da POLI/USP - coordenação tecnológica. (Fonte: Educarede, 2010) Como formadora do NRTE, tive a oportunidade de participar deste projeto desde o início de sua estruturação em 2002. O portal, no início de sua concepção, era um local onde abrigava apresentações, projetos escritos em editores de texto e algumas tentativas de produções em vídeo foram gravadas em filmadoras analógicas e convertidas em mídia digital através de um processo bem minucioso, em seguida eram enviadas para o portal e publicadas. 45 http://www.educarede.org.br/
  • 45. 45 O resultado era bem ruim, mas o interessante, é que eram produções de alunos e professores em uma época de poucos recursos, e qualquer resultado era comemorado. Uma possibilidade para rever os primórdios deste e de outros sites da rede, também oferecida pela tecnologia web 2.0, é o chamado ―wayback machine46‖, e hospeda a maioria das páginas produzidas desde 1996. Aos poucos e graças às inovações tecnológicas proporcionadas pelo conceito web 2.0 e as oficinas temáticas oferecidas pelas equipes interdisciplinares, (ver Anexo 2 – Projeto Minha Terra47) foram surgindo resultados que ainda permanecem armazenados desde o início de sua criação. Criou-se a memória virtual de centenas de escolas em todo o território nacional. (ver Anexo 3 – Projetos e Comunidades Virtuais do Portal Educarede48). O Portal atualmente tem conteúdos exclusivos, preparados por especialistas em diversas áreas, que apóiam educadores e estudantes na abordagem de temas atuais e desafiadores. Possuí também canais de cultura e informação, apoio à pesquisa, conteúdos sobre tecnologia e educação. Há, ainda, ambientes interativos especialmente criados para a troca de reflexões e de práticas educativas: fóruns, salas de bate-papo agendadas pelos usuários, galeria de arte para exposição de projetos, comunidade virtual, oficina de criação coletiva de textos, além de espaço para contribuição de internautas em todos os canais. Desde sua concepção original, a idéia que permanece ainda é bem simples, contar os ―causos‖ da comunidade escolar, conteúdos por áreas ou interdisciplinares, informativos, notícias, montar uma rede de informações entre as escolas, seguidores, comunidades virtuais no Orkut, ou simplesmente, quem sabe, apenas estar lá, ser visto na web Baseado na concepção deste projeto, em 2006, foi iniciado um trabalho junto aos professores coordenadores das escolas que atuam sob a Diretoria de Ensino Região de Campinas Oeste, onde foi disponibilizada uma página dentro do site oficial que pudessem reunir os blogs construídos através de oficinas oferecidas pelo Núcleo Regional de Tecnologia Educacional – NRTE, com as 46 http://web.archive.org 47 http://decampinasoeste.edunet.sp.gov.br/Minha_Terra_2009_emailesite2.htm 48 http://www.educarede.org.br/educa/index.cfm?pg=quem_somos.index
  • 46. 46 ferramentas do Blogspot, recursos proporcionados pelo Google e projetos realizados nas escolas, notícias veiculadas na mídia, enfim, uma maneira de reunir informações das comunidades locais. (Anexo 4 – Oficinas Temáticas – Mídias em Ação - NRTE Diretoria de Ensino Campinas Oeste) Os resultados podem ser conferidos na página chamada de Blogs e Sites das U.E. (Unidades Escolares)49 e pode ser considerado um avanço e uma mudança comportamental de nossas escolas. As escolas criam seus espaços partindo de perguntas inicias que lhe são propostas, tais como, qual é a importância de se criar um blog dentro do contexto educacional, de que maneira a integração das propostas curriculares podem acontecer, como pode acontecer a co-autoria entre alunos e professores, como deve ser direcionado essa pesquisa, direitos autorais, preocupação com a elaboração da primeira página, estética, clareza nas informações e principalmente manter o foco na questão fundamental: buscar de fato uma contribuição na aprendizagem dos alunos. Sonhar, é fundamental, mesmo sem as condições físicas idealizadas, devemos pensar que o uso das tecnologias na educação, não se limita, ou sequer estar diretamente relacionado ao uso dos computadores, mas, em sua concepção, em um trabalho orientado, com objetividade, formando grupos de pesquisas e propostas definidas que não implicam na utopia de um computador por aluno. O mais importante, é termos em mente, que a inclusão social ou digital, passa fundamentalmente por um trabalho cujo papel do professor ainda é e sempre será o de articulador de todo e qualquer processo. 49 http://decampinasoeste.edunet.sp.gov.br/links_outras_diretorias/página_inicial_links_escolas.htm