O documento discute os desafios do monitoramento das plataformas digitais e quem monitora os dados produzidos. Aponta que as próprias plataformas detêm acesso privilegiado aos dados dos usuários e controlam a interpretação dos fenômenos sociais. Defende a importância da divulgação científica para que outros atores possam ocupar espaços de fala sobre a realidade e criticar resumos de dados selecionados.
3. QUEM MONITORA OS MONITORADORES?
PLATAFORMAS
USUÁRIOS
• Quem são os usuários das plataformas digitais?
• Que traços caracterizam colaboração e conflito nas
mídias sociais?
• Como se informam sobre o ambiente social?
• Como Facebook, Google, Twitter etc utilizam os dados
dos usuários?
• Podemos falar de “panóptico” reformulado?
• Algoritmos de exibição de conteúdo, homofilia e
filtros-bolha.
• Gate keeping nos espaços de visibilidade.
QUESTÕES EM PAUTA
4. QUEM MONITORA OS MONITORADORES?
PLATAFORMAS
USUÁRIOS
DATA-EXPERTS
QUESTÕES SUB-REPRESENTADAS
O ambiente digital não é uma questão binária quando se
fala de informações, “big data” e afins.
Quais são os mercados da informação? Quem são seus
atores e como observá-los, mapeá-los e entende-los?
6. QUEM MONITORA OS MONITORADORES?
Plataformas mantem
equipes de cientistas de
dados, muitas vezes
provenientes de grandes
universidades e com
acesso privilegiado – e
exclusivo – a seus dados.
8. Estudos, infográficos artigos e mesmo experimentos
são realizados no contexto da plataformas de mídias
sociais e conteúdo. Em boa parte dos casos, por
profissionais formados longe das Ciências Sociais e
Humanas.
9. QUEM MONITORA OS MONITORADORES?
O acesso a informação é extremamente
limitado a poucos atores com a) capacidade de
compra de dados; b) recursos humanos
especializados em programação e ciência de
dados.
10. Cultura da quantificação faz
pender a balança para quem tem
acesso aos dados, ainda que não
totalmente abrangente.
11. QUEM MONITORA OS MONITORADORES?
Facebook: plataforma, data broker, intérprete, interessado e mídia.
O acúmulo de papéis lhe dá posição privilegiada na interpretação e
mesmo enquadramento da realidade.
13. QUEM MONITORA OS MONITORADORES?
De forma crescente, o jornalismo recorre a
indicadores bem selecionados para reforçar
posições editoriais.
14. QUEM MONITORA OS MONITORADORES?
Dados fornecidos por atores com
posições privilegiadas na cadeia
produtiva da transformação dos dados
não são objetivos. Qual a
16. ENTRAVES PARA USO DO MONITORAMENTO
ENTRAVE Desafio Caminhos
Acessibilidade dos
Dados
• A maior parte do que é
produzido pelos usuários nas
mídias sociais é acessível
somente a própria plataforma.
• Plataformas alternativas
• Métodos inventivos de pesquisa
• Transparência e legislação
Custo dos Dados • Os dados e ferramentas de
coleta possuem custo elevado.
• Ferramentas Acadêmicas
• Open Science e bases abertas
• Coleta direta por API / scraping
Capacidade de
Análise
• Processos de coleta, classificação
e manipulação de grande
quantidade de dados são ainda
raras.
• Visibilizar a Ciência
• Interdisciplinaridade
• Relativizar aversão ao mercado
Visibilidade • As interpretações de fenômenos
sociais são ocupadas por novos
atores.
• Incubadoras nas Universidades
• Relevância da Divulgação Científica
• Media Training
• Produtos de Dados para além do artigo.
17. CONCLUINDO
• A ideia de uma transformação radical no conhecimento através do acesso à
inteligência coletiva é uma utopia.
• É necessário observar a rede de trocas de dados e transformação de informações e
traços digitais em commodities comerciais em seus vários aspectos.
• Consciência metodológica e capacidade de criticar “resumos” dos dados é
necessária para a sociedade e para a percepção do papel da ciência (ex: iniciativa
NetSciEd).
• Divulgação científica como imperativo para preencher (retomar?) lugares de fala
tomados por novos atores no mercado de interpretação a realidade. Pontos de
contato mais frequentes (blogs? Imprensa?) com a sociedade.
• A revolução será/está, com certeza, monitorada. Mas por quem será?
18. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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