SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 11
Água em extinção


Mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo não têm acesso à água potável. Mais de
o dobro desse número não conta com saneamento adequado. As doenças transmitidas
pela água matam pelo menos seis mil crianças diariamente nos países em
desenvolvimento. Na metade do século, de dois e sete bilhões de pessoas sofrerão falta
d’água. Cerca de dois bilhões de toneladas de lixo são jogados em rios e lagos todos os
dias. Um litro de água residual polui em media oito litros de água doce.

Os dados fazem parte do Relatório Mundial sobre o Desenvolvimento dos Recursos
Hídricos da Unesco, discutido por cientistas, ecologistas e políticos no Terceiro Fórum
Mundial sobre a Água, em Kioto, Japão. O documento será apresentado formalmente no
Dia Mundial da Água, 22 de março. Este é o Ano Internacional da Água Potável.

Segundo o Fundo Mundial para a Natureza, o planeta perde por ano 6% dos recursos de
água doce por ano e 4% de água salgada. De acordo com o professor Reinaldo Luiz
Bozelli, do Laboratório de Limnologia do Departamento de Ecologia da
UFRJ e "Cientista do nosso Estado" da Faperj, a água é o principal problema ambiental
do mundo. "Por um lado aumenta a demanda, com o crescimento populacional, e por
outro o homem degrada. Ao mesmo tempo que queremos mais água, destruímos mais
água", diz, acrescentando que anualmente cerca de 5 milhões de pessoas morrem no
mundo por doenças causadas pelo consumo de água sem qualidade.

No Brasil, a situação é preocupante. Para Bozelli, o que se fez no país desde a ECO-92
em termos de tratamento da água é desestimulante. "O crescimento nessa área foi de
apenas 1 a 2%", lamenta. Segundo o professor, o esgoto é o maior problema dos
ambientes aquáticos, afetando diretamente a saúde pública. Ele defende que se atue
preventivamente. "Para cada real investido em saneamento básico, economiza-se de
quatro a cinco reais em saúde pública.

A escassez de água doce no mundo é tão preocupante que só a Faperj concede
atualmente 14 auxílios à pesquisa voltados diretamente para o estudo do tema. Os
pesquisadores buscam novas formas de conservação e tratamento dos recursos hídricos
e trabalham no desenvolvimento de tecnologias para o seu uso racional.
A Água em extinção!

22 de março de 2010 | Escrito por Felipe Esotico

Olá amigos!

A escassez de água no planeta já não é novidade para ninguém. De toda a água de nosso
planeta, cerca de 3% é doce, o que não se mostra suficiente para toda a população.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil tem 11,6% de toda a
água doce do planeta. Em pesquisa feita pela Agência Nacional de Águas (ANA),
mostra-se que a demanda de água nas regiões metropolitanas é maior que a produção
atual dos recursos.

Para impedir problemas com a falta de água nos próximos 15 anos, será necessário um
investimento de R$ 27,7 bilhões em produção, tratamento, fornecimento de águas e
tratamento de esgotos.

Para evitarmos que o mundo chegue a essa situação, várias medidas podem ser tomadas,
entre elas está o reuso da água, que já vem sendo utilizado por muitas empresas para
diminuir seus gastos e também colaborar com o meio ambiente. No Brasil, 80% do
esgoto coletado vai parar em cursos d’água sem receber nenhum tratamento.

A população também pode contribuir evitando o desperdício de água com pequenas
mudanças no cotidiano em suas casas, propriedades, estabelecimentos comerciais, etc.

No Brasil gasta-se cerca de cinco vezes mais água do que o necessário. Nosso consumo
é de cerca de 200 litros por dia por pessoa, sendo que a OMS recomenda gastos de 40
litros por dia por pessoa. Este desperdício todo preocupa – afinal, o ser humano é capaz
de ficar 60 dias sem comer, mas só resiste cinco horas sem água.

Vários países têm adotado programas de conscientização e medidas específicas para
diminuir o desperdício de água. No Japão, por exemplo, os orientais aproveitam a água
depois de tratada em processos industriais. A água que vem dos ralos do Box ou das
banheiras também pode seguir por um cano até chegar a um pequeno reservatório e
assim reabastecer os vasos sanitários de condomínios, hotéis, hospitais, clínicas, etc.
Na cidade do México, o governo substituiu três milhões e meio de válvulas por vasos
sanitários com caixa acoplada, de 6 litros por descarga, resultando numa redução de
consumo de 5 mil litros de água por segundo.

Nos Estados Unidos, além de ser obrigatório o limite de 6 litros para a descarga, a
legislação também limitou a vazão de chuveiros e torneiras em 9 litros de água por
minuto, o que resultou numa redução de 30% no consumo de água.

E você o que tem feito para economizar água?
FATO SOCIAL
   •   Fato Social - todos os fenômenos que se passam no interior da
       sociedade, mesmo que apresentem pouco interesse social;

Exterior ao indivíduo - independem do indivíduo; Exerce uma ação
coerciva sobre o indivíduo; O indivíduo não é autônomo.
   • As atividades individuais não interessam a sociologia, mas sim a
       biologia ou psicologia. A sociologia trata dos fatos realizados por
       toda sociedade.

   •   A educação é a responsável pela propagação dos Fatos Sociais
       (direitos e costumes).

   •   Nascemos com os Fatos Socais estabelecidos.

   •   Modos de agir, de pensar e de sentir existem fora do indivíduo.

"A coerção social não exclui necessariamente a personalidade
individual".
   • Coação permanente sobre o indivíduo, desde criança;

O clima está mudando?

Vários cientistas estão estudando a mudança do clima no planeta.

Se há uma pergunta que não sai da cabeça dos meteorologistas e cidadãos comuns
atualmente, é: o que acontecerá com o clima do planeta no pró-ximo século? Haverá um
supera-quecimento da Terra? Ou um des-tempero total, com calor no inverno e frio no
verão? A seguir, alguns dos fatos que su--ge-rem o início dessas mudanças, e os dados
básicos, cruciais para se entender o mundo do clima.



No começo do ano no Rio de Janeiro, quando o calor costuma ser sufocante, uma cena
inusitada virou notícia na imprensa carioca. É que o dono do restaurante Vice Rey, na
Barra da Tijuca, teve que tirar as teias de aranha da lareira, construída para acalentar
uma eventual noite de inverno, e acendê-la pela primeira vez em 18 anos porque fazia
frio na cidade. Moderados 17°C, é verdade, mas o fato chamou a atenção porque, afinal,
era pleno verão no Rio. Ao mesmo tempo, em São Joaquim, Santa Catarina,
termômetros instalados no solo marcavam abaixo de 0°C, na pior onda de frio fora de
época desde 1971.

Destemperos desse tipo ocorreram em todo o mundo. A região de Medina, no interior
da Arábia Saudita, onde os invernos são geralmente suaves, enfrentou inéditos graus
negativos e neve, nos dois últimos anos. Nos Estados Unidos, caíram os recordes
históricos de temperatura em nada menos que seis cidades. Há 119 anos Nova York não
via a marca de -20°C, e a de Washington (-22°C) foi a menor desde o início do século.
Outros recordes: Columbus, Pittsburgh e Louisville (-30°C) e Indianápolis (-33°C).
Diante disso, é natural perguntar se o tempo não estaria ficando louco. Há mesmo quem
pense que as instabilidades são o prenúncio de um novo mundo: a Terra do século XXI,
cujo clima seria radicalmente diferente do de hoje.



A possibilidade de uma transição climática é assunto freqüente nos jornais e na
televisão, mas muito pouco se sabe sobre ela. E seria prematuro afirmar que já estaria
começando. Primeiro, porque não é claro se está sendo causada por problemas bem
conhecidos: emissão de gases tóxicos pela indústria; desnudamento do solo após o corte
das matas; a redução das próprias matas; o endurecimento do solo devido ao plantio;
além de muitas outras práticas canhestras da civilização. Embora tudo isso seja perigoso
para o planeta, não se sabe exatamente até que ponto pode alterar o regime climático. A
verdade é que não se conhece bem os mecanismos do clima: é difícil determinar se uma
temperatura mais alta é uma anomalia normal, ou se é indício de uma transformação
geral. É o que previu, há pouco, um supercomputator Cray YMP8/864, do Centro
Metereológico de Bracknell, em Londres. Com capacidade de análise um milhão de
vezes maior que a humana, ele pintou um quadro apocalíptico para depois da virada do
milênio. O superaquecimento do globo irá realmente acontecer, com secas no sul da
Europa e centro dos Estados Unidos; deslocamento das chuvas para os pólos; as calotas
polares, desprendendo-se e descongelando-se, elevarão o nível e a temperatura dos
oceanos. Onde há frio e chuva, hoje, haverá calor e seca, ou vice-versa. Será? Talvez,
diz o pesquisador Paulo Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), de
São José dos Campos, SP. Ele acredita que, hoje, os fenômenos apresentam mudanças
mais bruscas que em passado recente. Saímos de calor intenso para frio rigoroso em
pouquíssimo tempo. E oscilações súbitas são suspeitas, concorda Prakky Satyamurti,
também do INPE. Embora não esteja confirmado que viveremos um novo modelo de
clima, a possibilidade me assusta. Esses pesquisadores colocam bem o problema. Em
resumo, é certo que, se houver transição, ela será precedida de oscilações no clima;
também há sinais de atribulações nos fenômenos, atualmente; o problema é que não há
garantia de que estas últimas sejam prenúncio de um novo regime no planeta. A cidade
de São Paulo fornece um bom exemplo.

Há 50 anos, a cidade era bem mais fria. A temperatura média mínima do inverno, por
exemplo, ficava perto de 9,7ºC. Mas ficou em 12,1ºC no ano passado, quando
praticamente não houve frio. No dia 4 de julho, apesar de ser inverno, a capital alcançou
28,9ºC 1,8ºC a mais que no verão propriamente dito, em dezembro de 1993. E essa
mudança não começou agora. Nos últimos dez anos constata-se um aumento de até 2°C
na cidade. A alteração parece mínima, mas não é, ensina Neide Oliveira, do 7.º Distrito
do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), em São Paulo. O aumento é maior que
o da média da Terra, que desde 1942 subiu de 0.5ºC a 1ºC, conforme o World Climate
Research Program, dos Estados Unidos. Apesar disso, não se pode dizer que a alteração
em São Paulo tenha maior significado. Seria preciso observar as mudanças ao longo de
muitos anos para se ter certeza, afirma o meteorologista Luís Cavalcanti, do INMET de
Brasília.

O clima não muda em menos de 200 anos. A atmosfera é um corpo que se auto-regula,
acrescenta Cavalcanti. Por isso ,quedas ou aumentos de temperatura em alguns lugares
são normais. O panorama desenhado pelo supercomputador londrino é pura ficção
científica. Embora calcado em um modelo matemático, o resultado não é confiável.
Nem todos os cientistas e meteorologistas pensam da mesma maneira. Na dúvida, é
melhor ter cautela e, acima de tudo, disposição para estudar e conhecer melhor o clima.



Quem sabe um dia, quando vier a conhecer melhor a atmosfera, o homem possa
manipular o clima, em vez de apenas falar sobre ele. Essa ironia do escritor americano
Isaac Asimov não é inteiramente justa. Muito já se aprendeu e a muito custo sobre o
sistema incrivelmente complexo que é o envelope de gases da Terra. O problema é que,
para entender o que provoca secas devastadoras ou chuvas torrenciais, ainda é preciso
saber muito mais.

A atmosfera além de invisível é feita de gases, ou seja, matéria que não se pode pegar
com as mãos. Mas pesa 5 500 bilhões de toneladas e, embora 90% dela esteja abaixo de
10 quilômetros, se eleva, muito rarefeita, até 1 000 quilômetros de altitude. Trata-se de
uma mistura principalmente de nitrogênio, que perfaz 78,1% do volume total, e
oxigênio, com 20,95% do total. Há muitos outros componentes gasosos, como argônio,
neônio, hélio, criptônio, xenônio e hidrogênio, assim como diversas partículas em
suspensão, como fumaça, sal, pólens, areia e cinzas vulcânicas.

Com exceção do argônio (0,9%), suas quantidades são minúsculas. Quantidade, porém,
não é tudo: o dióxido de carbono tem influência decisiva sobre a saúde do planeta é
apontado como um dos principais responsáveis pelo efeito estufa que parece estar
elevando a temperatura. No entanto, existe na proporção de apenas 0,03%. Ele é
particularmente eficaz em reter calor (ou radiação infravermelha, mais precisamente)
que o solo emite para o espaço após receber a energia da luz solar. O ozônio, por sua
vez, é bom absorvedor de radiação ultravioleta, emitida pelo Sol em menor proporção
que a luz, mas altamente energética e prejudicial à vida. Assim, apesar de haver bem
pouco ozônio, ele confere uma proteção essencial (é difícil avaliar a concentração de
ozônio: se a atmosfera fosse colocada num tubo de 8 quilômetros de comprimento, a
camada de ozônio ocuparia 0,3 centímetros do tubo). Já o vapor de água tem papel
decisivo nos fenômenos chuvosos. Com um detalhe curioso: sua quantidade na
atmosfera não é fixa, pois quando há excesso, simplesmente chove. A chuva, de certo
modo, é um meio de a atmosfera enxugar-se, livrando-se de água excedente.

Basicamente, a chuva está estreitamente ligada à temperatura e controlar esta última é
uma das mais importantes missões do envelope gasoso da Terra. É que o envelope atua
como um termostato, regulando o calor que a superfície terrestre recebe e emite. A troca
de calor, por sua vez, provoca o movimento das massas de ar, que podem conter maior
ou menor quantidade de vapor. Assim, elas determinam, em cada região, se vai ou não
haver precipitações. As mudanças térmicas são uma constante ao longo dos quase 1 000
quilômetros de espessura da atmosfera. A temperatura sobe e desce, descrevendo uma
linha em ziguezague a partir da camada mais próxima da superfície, a troposfera, onde
certamente nascem todas as mudanças climáticas. De modo geral, a temperatura diminui
6,4 graus a cada quilômetro de altitude. Mas quando chega ao topo da troposfera,
começa a aumentar com a altura. Isso ocorre na estratosfera, no alto da qual há nova
inversão. Isto é, a temperatura passa a diminuir com a altura, indicando uma nova
camada, a mesosfera. Chega a cerca de 100°C negativos apenas para elevar-se até os
500°C na termosfera. Esse zigue-zague depende da quantidade de radiação que cada
camada gasosa absorve do Sol e remete à de baixo onde se-rá filtrada ou processada por
gases como ozônio, dióxido de carbono e vapor de água.

É na troposfera que esse processo influencia o clima. Perto dos pólos, essa camada tem
de 8 000 a 10 000 metros de espessura, contra 15 000 a 18 000 no equador. Contém
mais de 75% do peso total do ar; quase toda a umidade; e a maior parte da poeira.
Assim, toda essa massa se põe em movimento sob a ação do Sol. Quando ela se aquece,
o ar fica um pouco mais rarefeito e se expande. Ele sobe até as camadas mais altas e
geladas da troposfera e esfria à medida que ganha altura. É possível ler esse fato nos
barômetros, que medem a pressão do ar: geralmente, onde o ar sobe a pressão na
superfície diminui. É o que muitas vezes se observa logo antes de começar uma
tempestade.

Essas diferenças térmicas favorecem o deslocamento das massas de ar, tanto no sentido
vertical quanto horizontal. Há por isso um intercâmbio vital entre o equador e os pólos.
Em suma, a máquina do clima é fruto de um complexo trabalho de equipe. O Sol produz
o combustível a luz que coloca em marcha a engrenagem. Parte da energia chega ao
solo e volta para a atmosfera, que atua como um laboratório para os fenômenos
atmosféricos.

Nem sempre a combinação é tranqüila. O tempo, às vezes, se torna violento, a ponto de
fazer pensar que Deus está de mal com o mundo. A expressão maior do suposto mau
humor divino, dizem os índios do Caribe, é o furacão Hunrakén, o deus das tormentas.
De fato, os furacões são comuns nas proximidades do equador, como é o caso do
Caribe. No verão e no outono, massas quentes, repletas de vapor, elevam-se sobre os
ocea-nos e liberam calor. O ar gira em espiral para formar um anel de nuvens altas.
Afinal, o va-por tende a voltar ao estado líquido e se condensa. Isto é, forma blocos que
são as gotas e já não pode manter-se no ar. A chuva, então, despenca numa torrente
chamada furacão.

O centro do torvelinho chama-se olho, com um di-â-metro de 6 a 40 quilô-metros. Aí, a
pressão é baixa, o vento suave, o ar quente e úmido. Fora, o ciclone arrasa tudo. Gerado
sobre o oceano, o furacão morre quando avança para o continente e sai dos trópicos. Ao
lado de fenômenos como tormentas ou tornados, ele revela, de modo simples e
impressionante, porque é tão difícil manipular essa máquina vasta e complexa a que se
deu o nome de clima.




O Sol é mais uma estrela entre os milhões que queimam na Galáxia. Mas, como está
comparativamente próxima, tem 1 390 473 quilômetros de diâmetro e temperatura
acima de 6 000°C, na superfície, serve de motor para os movimentos que animam a face
dos planetas à sua volta. Durante séculos, boa parte das relações entre a Terra e o Sol
não era bem compreendida. Não foi fácil, por exemplo, explicar as estações, causadas
por uma inclinação de 23,5 graus do globo terrestre (ele às vezes expõe ao Sol o
Hemisfério Norte, outras vezes o Hemisfério Sul). Não se suspeitava disso até o século
XVI, quando Copérnico formulou a teoria de que a Terra gira ao redor do Sol, e não o
contrário. Vê-se, por aí, como foi longo o caminho para se compreender por que e como
o Sol influencia o clima. Embora muito perto, comparado a outras estrelas, o Sol está
muito longe da Terra 150 milhões de quilômetros para os padrões humanos. Além disso,
devido a essa mesma distância, a Terra capta ínfima parcela de toda a energia que os
astro-rei espalha em todas as direções: 2 milésimos de 1 milionésimo do total. O que
vale é que isso basta para manter a casca terrestre a uma temperatura média de 14 graus.
Mais ainda: se retivesse toda a energia recebida, o planeta torraria e os organismos
vivos desapareceriam. Por isso, a natureza também providenciou um mecanismo para
manter o necessário equilíbrio: parte dos raios solares, quando incidem na atmosfera,
são refletidos para o espaço, como se batessem num espelho. Uma terça parte da energia
solar, dessa forma, nunca chega a penetrar no ar. Dos dois terços restantes (cerca de
67%), parte fica retida nas diferentes camadas atmosféricas; de modo que somente 45%
chegam à superfície.

Dito isto, é importante perceber que a energia sempre faz uma viagem de ida e volta:
depois que chega ao planeta, este volta a irradiá-la para o espaço, em quantidade
exatamente igual à que recebera. É porque devolve energia que a Terra não se aquece
demais. A única diferença é que a energia caminha na forma de luz, entre o Sol e a
Terra, e na forma de radiação infravermelha, da Terra para o espaço vazio (apenas a
energia refletida, como num espelho, preserva a forma de luz). Isso é fundamental, pois
o ar deixa entrar a luz mas tende a reter o infravermelho, contribuindo para esquentar
certa região. O ar sobre os pólos, por exemplo, tem pouco vapor de água, que é bom
absorvedor de infravermelho. Assim, a energia, ao ser irradiada, não encontra obstáculo:
perde-se no espaço e não ajuda a elevar a temperatura.

Nas zonas equatoriais ocorre o contrário: como contêm dez vezes mais vapor que os
pólos, armazenam melhor o calor. O ajuste dessa defasagem térmica é feito pela
circulação geral atmosférica: as massas de ar deslocando-se de um ponto para outro
transportam calor junto com elas. E esse intercâmbio se dá entre o ar quente das
latitudes tropicais e o ar frio das latitudes polares.

Em princípio, para restaurar o equilíbrio, bastaria que o ar quente dos trópicos fluísse
verticalmente até os pólos. Os trópicos perderiam calor que o ar deixaria nos pólos,
voltando frio ao ponto de partida. Essa proposta de circulação foi realmente feita, em
1735, pelo cientista inglês George Hadley (1685-1768). Mas provou ser inviável porque
a Terra não está imóvel, ela gira. E a rotação, devido a um complicado componente da
gravidade chamada força de Coriolis entorta os ventos, por assim dizer. Sempre que o ar
tende a correr de norte para sul, por exemplo, é obrigado a dobrar na direção leste-oeste.
Por isso, não há caminho direto do equador para o pólo ou vice-versa. No caso dos
ventos de direção norte-sul, as trajetórias são elípticas ou concêntricas. As primeiras
ocorrem nas zonas de alta pressão, ou anticiclones. As segundas ocorrem nas zonas de
baixa pressão, chamadas ciclones.

O encontro entre massas de ar dos pólos e do equador é que gera frentes frias ou
quentes. Dependendo de como se formam, as massas de ar são úmidas ou secas: sobre
os oceanos, são úmidas; sobre os continentes, secas. Os ventos alísios, por exemplo,
sopram dos trópicos para o equador, convergindo para a franja equatorial. Assim,
provocam a chamada zona de convergência intertropical, uma das áreas mais chuvosas
do planeta. De fato, nela se encontram as matas equato-riais e florestas chuvosas, seja
na Ásia ou na América do Sul.
Numa situação inversa, nos continentes em que há pouca penetração de vento marítimo
equatorial, pode haver forte carência de água. No deserto tropical, chega-se a um limite:
menos de 100 milímetros anuais, comparados aos 1 500 a 2 000 milímetros de chuva
carregados pelos ventos alísios. Esse sistema de circulação geral é vital para a saúde do
planeta, pois influi decisivamente sobre a vida dos organismos e dos ecossistemas, que,
por tabela, volta a a mexer com animais e plantas.




A maior parte da umidade da Terra, como não podia deixar de ser, encontra-se nos
oceanos: eles ocupam 70,8% da superfície e respondem por 84% da água atmosférica.
Os raios solares evaporam água oceânica, assim como dos mares, rios e lagos. Por ser
mais leve que o ar, o vapor vai para as camadas altas da atmosfera, mas só permanece
no céu enquanto houver calor. A capacidade da atmosfera não é ilimitada: se ela
concentra vapor em demasia, ocorre saturação, que se traduz em ar carregado de chuva
em potencial.

Pode-se avaliar o grau de umidade em números. Basta dividir a quantidade de vapor
contida em certo volume de ar pelo máximo valor admissível. A regra é: quanto maior a
temperatura, mais vapor pode haver. O resultado é uma porcentagem que mede a
umidade relativa do ar: em Brasília, no inverno, che--ga-se a um limite 12% em que o
corpo hu-mano começa a ser prejudicado pela falta de umidade. O inverso ocorre
quando o ar está saturado, com 100% de umidade. O ar, então, fica à beira de uma
mudança em grande escala, pois é incapaz de admitir mais vapor. Imagine-se que, por
algum motivo, haja uma pequena redução na temperatura: como a umidade já estava no
máximo, parte do vapor é forçada a passar para o estado líquido, em minúsculas
partículas cujo diâmetro não supera 3 centésimos de milímetro. Agrupadas em nuvens,
elas constituem a chuva.

Pluviômetro é o aparelho que mede a quantidade de chuva curiosamente, em milímetros
(mm), uma unidade de comprimento. Mas quando se diz que choveu 0,5 mm, significa
que esta é a profundidade de água que cobria todo o solo na região da precipitação.
Considera-se chuva leve se caiu 0,5 mm em 24 horas; e forte, se a queda foi maior que 4
mm. Quando a chuva se deve ao ar frio procedente dos pólos, se diz que a chu-- va
procede de uma frente fria. Mas a precipitação também pode ser causada por um
processo oposto: quando é uma frente quente e úmida que atropela massas de ar em
região fria.

Há ainda chuvas produzidas por propagação. É que as massas de ar quente sempre
sobem e esfriam à medida que sobem. Assim, o vapor de água contido no ar esfria e se
precipita. É fácil identificar esse tipo de chuva, pois decorre de nuvens brancas, densas e
algodoadas, chamadas cúmulos. Quando há muita umidade, o branco torna-se cinza-
escuro e a nuvem ganha o nome cúmulo-nimbo, que verte sua carga de forma
particularmente intensa, acompanhada de tormenta, raios e granizo. Em outras ocasiões,
as chuvas são ditas de convergência porque as massas de ar sobem com ajuda de ventos,
os alísios. Estas chuvas também geram pancadas fortes, próprias das zonas equatoriais.
Enfim, há precipitações causadas por montanhas no caminho das massas de ar. Para
atravessar o obstáculo, o ar tem que subir, o que resfria o vapor quando chega do outro
lado da montanha, a nuvem está completamente vazia. A se--ca é um problema bem
diferente: ao contrário da chuva, ela se dá pela descida de ar para a superfície. Isso
impede a formação habitual de nuvens, situação que ocorre nos anticiclones. Entre os
fatores que influenciam o início desse fenômeno devastador encontra-se a ausência de
ventos úmidos, a oscilação dos níveis de radiação solar ou distância muito grande de
uma região aos oceanos.



Para saber mais:

O fim da natureza

(SUPER número 2, ano 4)

Redomas de calor

(SUPER número 4, ano 6)

Secou porque não ventou

(SUPER número11, ano 8)

O que a ciência sabe

(e o que a ciência não sabe)

(SUPER número 6, ano 9)

Será que vai chover ?

(SUPER número 3, ano 11)




Vestígios de uma seca do passado



Acredita-se que uma erupção vulcânica e 300 anos de seca tenham levado ao declínio
do império mesopotâmico, há cerca de 3 500 anos. A tese é do arqueólogo americano
Harvey Weiss, da Universidade Yale, e da geóloga francesa Marie-Agnes Courty, cujo
traba-lho foi publicado recentemente pela revista americana Science. A erupção,
comprovada pela geóloga, fez cair a temperatura. Ao mesmo tempo, diz Weiss, uma
mudança climática diminuiu o nível de chuvas e trouxe a seca. Embora ainda seja fértil,
a região tem hoje várias áreas desertificadas.
Microclimas



Em um bosque frondoso, a copa das árvores acumula a maior parte da radiação solar, o
que significa que o chão, permanecendo quase todo o dia na penumbra, é bem mais
fresco. Assim se define um microclima ou seja, um local restrito, ou isolado da região
em torno. Assim, a temperatura na região de um bosque, no verão, pode ser 5°C mais
alta que a do próprio bosque. As metrópoles são outro tipo de microclima nesse caso
porque geralmente estão cobertas por massas de ar quente, situadas a cerca de 120
metros de altura, criadas pela poluição. O resultado é a criação de ilhas de calor: assim,
a temperatura no centro de uma cidade, por exemplo, pode estar 6°C acima da de
bairros distantes, ou mais arborizados, e da zona rural.



Tempo quente



A cada onze anos, o Sol muda de cara: em um período, não apresenta nenhum traço
especial e em outro, aparece salpicado de manchas escuras. Quando elas ocorrem, o Sol
mostra maior atividade e radiação. O desaparecimento das manchas causa diminuição
da temperatura global em até 2 graus. O Pequeno Período Glacial entre 1450 e 1850
coincidiu com a escassa presença de manchas solares. O ciclo de onze anos de duração
das manchas foi estabelecido pelos registros feitos entre 1750 e 1980. Na Antigüidade,
os astrônomos chineses e gregos sabiam da existência dessas manchas escuras.




Tornados, tomentas e furacões



Os tornados têm diâmetro entre 50 e 500 metros, e velocidade supe-rior a 75 metros por
segundo. Nos Estados Unidos, são a tempestade atmosférica mais temida. Aparecem
onde há diferenças extremas entre a direção das massas de ar frio e quente. As
tormentas têm outra origem. Nascem no encontro de ar quente das camadas baixas da
atmosfera e o ar frio das camadas mais altas. Cristais de gelo são jogados para cima e
para baixo, literalmente criando eletricidade no céu: eles colidem contra gotas de água e
provocam troca de elétrons em suas moléculas. As partículas eletrizadas desse modo
acabam descarregando a tremenda energia acumulada na forma de relâmpagos. As
descargas elétrica viajam do céu para o solo ou vice-versa, e têm até 100 milhões de
volts. Furacões, enfim, nascem do ar quente sobre o mar, sobem espirais para o céu e
são enormes.




A cara das nuvens muda com a altura



Os nimbos-estratos são densos, cinzentos e chuvosos, e ficam a 1 quilômetro de altura.
Depois vêm os estratos, 1 000 metros acima, que produzem chuvas e neve. O cúmulo-
nimbo (3 quilômetros) e o nimbo (5 quilômetros) são nuvens verticais densas, que
lembram couves-flores. O primeiro é escuro, e o segundo, claro. Entre 6 e 8 quilômetros
se formam os estratos-cúmulos e altos-cúmulos, de distribuição irregular e com
ondulações. Entre 9 e 12 quilômetros estão, em or-dem de altura, os altos-estratos,
cirros-cúmulos, cirros-estratos e cirros.




Os muitos caminhos do ar

Entenda a escala de ventos (em quilômetros por hora), criada pelo almirante irlandês
Francis Beaufort, em 1805:

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Influência do Homem no Ambiente e vice-versa
Influência do Homem no Ambiente e vice-versaInfluência do Homem no Ambiente e vice-versa
Influência do Homem no Ambiente e vice-versaJuliana Costa
 
Impactos Ambientais
Impactos AmbientaisImpactos Ambientais
Impactos AmbientaisLucas Santos
 
Água esgotabilidade, responsabilidade e sustentabilidade
Água esgotabilidade, responsabilidade e sustentabilidadeÁgua esgotabilidade, responsabilidade e sustentabilidade
Água esgotabilidade, responsabilidade e sustentabilidadepedagogicosjdelrei
 
Meio ambiente e desenvolvimento sustentvel
Meio ambiente e desenvolvimento sustentvelMeio ambiente e desenvolvimento sustentvel
Meio ambiente e desenvolvimento sustentveljaneibe
 
Palestra Meio Ambiente
Palestra Meio AmbientePalestra Meio Ambiente
Palestra Meio Ambienteadelsonb
 
Educopédia importancia da agua
Educopédia importancia da aguaEducopédia importancia da agua
Educopédia importancia da aguanelnoronha
 
Cf 2011
Cf 2011Cf 2011
Cf 2011babins
 
Aula 06 de ciências humanas e suas tecnologias
Aula 06 de ciências humanas e suas tecnologiasAula 06 de ciências humanas e suas tecnologias
Aula 06 de ciências humanas e suas tecnologiasHomero Alves de Lima
 
Roteiro de atividades do Ciclo Autoral de 27 até 31 de julho de 2020.
Roteiro de atividades do Ciclo Autoral de 27 até 31 de julho de 2020.Roteiro de atividades do Ciclo Autoral de 27 até 31 de julho de 2020.
Roteiro de atividades do Ciclo Autoral de 27 até 31 de julho de 2020.escolacaiosergio
 
Trabalho do enzo 123 (1) sustentabilidade
Trabalho do enzo 123 (1) sustentabilidadeTrabalho do enzo 123 (1) sustentabilidade
Trabalho do enzo 123 (1) sustentabilidadenorivalfp
 
A sociedade de consumo e a degradação do
A sociedade de consumo e a degradação doA sociedade de consumo e a degradação do
A sociedade de consumo e a degradação doProfessor
 
Jornal - O movimento
Jornal - O movimentoJornal - O movimento
Jornal - O movimentonancydeborah
 
Saudeambientalenf (1)
Saudeambientalenf (1)Saudeambientalenf (1)
Saudeambientalenf (1)karensuelen
 

Mais procurados (20)

Influência do Homem no Ambiente e vice-versa
Influência do Homem no Ambiente e vice-versaInfluência do Homem no Ambiente e vice-versa
Influência do Homem no Ambiente e vice-versa
 
Impactos Ambientais
Impactos AmbientaisImpactos Ambientais
Impactos Ambientais
 
Água esgotabilidade, responsabilidade e sustentabilidade
Água esgotabilidade, responsabilidade e sustentabilidadeÁgua esgotabilidade, responsabilidade e sustentabilidade
Água esgotabilidade, responsabilidade e sustentabilidade
 
Meio ambiente e desenvolvimento sustentvel
Meio ambiente e desenvolvimento sustentvelMeio ambiente e desenvolvimento sustentvel
Meio ambiente e desenvolvimento sustentvel
 
Palestra Meio Ambiente
Palestra Meio AmbientePalestra Meio Ambiente
Palestra Meio Ambiente
 
Educopédia importancia da agua
Educopédia importancia da aguaEducopédia importancia da agua
Educopédia importancia da agua
 
Cf 2011
Cf 2011Cf 2011
Cf 2011
 
Cuidar do meio ambiente
Cuidar do meio ambienteCuidar do meio ambiente
Cuidar do meio ambiente
 
Meio ambiente 1º
Meio ambiente 1ºMeio ambiente 1º
Meio ambiente 1º
 
Meio ambiente
Meio ambienteMeio ambiente
Meio ambiente
 
Meio ambiente powerpoint
Meio ambiente powerpointMeio ambiente powerpoint
Meio ambiente powerpoint
 
Aula 06 de ciências humanas e suas tecnologias
Aula 06 de ciências humanas e suas tecnologiasAula 06 de ciências humanas e suas tecnologias
Aula 06 de ciências humanas e suas tecnologias
 
Roteiro de atividades do Ciclo Autoral de 27 até 31 de julho de 2020.
Roteiro de atividades do Ciclo Autoral de 27 até 31 de julho de 2020.Roteiro de atividades do Ciclo Autoral de 27 até 31 de julho de 2020.
Roteiro de atividades do Ciclo Autoral de 27 até 31 de julho de 2020.
 
Trabalho do enzo 123 (1) sustentabilidade
Trabalho do enzo 123 (1) sustentabilidadeTrabalho do enzo 123 (1) sustentabilidade
Trabalho do enzo 123 (1) sustentabilidade
 
A sociedade de consumo e a degradação do
A sociedade de consumo e a degradação doA sociedade de consumo e a degradação do
A sociedade de consumo e a degradação do
 
Meio ambiente
Meio ambienteMeio ambiente
Meio ambiente
 
Jornal - O movimento
Jornal - O movimentoJornal - O movimento
Jornal - O movimento
 
Texto de opinião
Texto de opiniãoTexto de opinião
Texto de opinião
 
Meio ambiente
Meio ambiente Meio ambiente
Meio ambiente
 
Saudeambientalenf (1)
Saudeambientalenf (1)Saudeambientalenf (1)
Saudeambientalenf (1)
 

Semelhante a O clima está mudando

Manual de Etiqueta - Planeta Sustentável - 5º Ano
Manual de Etiqueta - Planeta Sustentável - 5º AnoManual de Etiqueta - Planeta Sustentável - 5º Ano
Manual de Etiqueta - Planeta Sustentável - 5º AnoVanise Potenciano Queiroz
 
áGua que nasce na fonte
áGua que nasce na fonteáGua que nasce na fonte
áGua que nasce na fonteLidiane Menezes
 
TRABALHO DE LINGUA PORTUGUESA.docx
TRABALHO DE LINGUA PORTUGUESA.docxTRABALHO DE LINGUA PORTUGUESA.docx
TRABALHO DE LINGUA PORTUGUESA.docxjessika80
 
Aula a crise socioambiental planetária (atual)
Aula   a crise socioambiental planetária (atual)Aula   a crise socioambiental planetária (atual)
Aula a crise socioambiental planetária (atual)João Alfredo Telles Melo
 
TRABALHO COLABORATIVO AUTORAL MEIO AMBIENTE
TRABALHO COLABORATIVO AUTORAL MEIO AMBIENTETRABALHO COLABORATIVO AUTORAL MEIO AMBIENTE
TRABALHO COLABORATIVO AUTORAL MEIO AMBIENTECarla Fernandes
 
Mudanças climáticas se tornam debate urgente em 2014
Mudanças climáticas se tornam debate urgente em 2014Mudanças climáticas se tornam debate urgente em 2014
Mudanças climáticas se tornam debate urgente em 2014Fernando Júnior Antunes
 
Aula a crise socioambiental planetária (atual)
Aula   a crise socioambiental planetária (atual)Aula   a crise socioambiental planetária (atual)
Aula a crise socioambiental planetária (atual)João Alfredo Telles Melo
 
Aula a crise socioambiental planetária (atual)
Aula   a crise socioambiental planetária (atual)Aula   a crise socioambiental planetária (atual)
Aula a crise socioambiental planetária (atual)João Alfredo Telles Melo
 
Mudancas climaticas - INPE
Mudancas climaticas - INPEMudancas climaticas - INPE
Mudancas climaticas - INPEGuellity Marcel
 
Preservar o meio ambiente é preservar a vida
Preservar o meio ambiente é preservar a vidaPreservar o meio ambiente é preservar a vida
Preservar o meio ambiente é preservar a vidadrxato
 
Aula a crise socioambiental planetária (atual)
Aula   a crise socioambiental planetária (atual)Aula   a crise socioambiental planetária (atual)
Aula a crise socioambiental planetária (atual)João Alfredo Telles Melo
 

Semelhante a O clima está mudando (20)

Informativo insp 12
Informativo insp   12Informativo insp   12
Informativo insp 12
 
Manual de Etiqueta - Planeta Sustentável - 5º Ano
Manual de Etiqueta - Planeta Sustentável - 5º AnoManual de Etiqueta - Planeta Sustentável - 5º Ano
Manual de Etiqueta - Planeta Sustentável - 5º Ano
 
áGua que nasce na fonte
áGua que nasce na fonteáGua que nasce na fonte
áGua que nasce na fonte
 
TRABALHO DE LINGUA PORTUGUESA.docx
TRABALHO DE LINGUA PORTUGUESA.docxTRABALHO DE LINGUA PORTUGUESA.docx
TRABALHO DE LINGUA PORTUGUESA.docx
 
Informativo insp 59
Informativo insp   59Informativo insp   59
Informativo insp 59
 
Informativo insp 48
Informativo insp   48Informativo insp   48
Informativo insp 48
 
Aula a crise socioambiental planetária (atual)
Aula   a crise socioambiental planetária (atual)Aula   a crise socioambiental planetária (atual)
Aula a crise socioambiental planetária (atual)
 
Agenda ambiental
Agenda ambientalAgenda ambiental
Agenda ambiental
 
TRABALHO COLABORATIVO AUTORAL MEIO AMBIENTE
TRABALHO COLABORATIVO AUTORAL MEIO AMBIENTETRABALHO COLABORATIVO AUTORAL MEIO AMBIENTE
TRABALHO COLABORATIVO AUTORAL MEIO AMBIENTE
 
74780 20080910014926
74780 2008091001492674780 20080910014926
74780 20080910014926
 
ApresentaçãO1
ApresentaçãO1ApresentaçãO1
ApresentaçãO1
 
Atividade 9º Ano - Geografia Camões
Atividade 9º Ano - Geografia CamõesAtividade 9º Ano - Geografia Camões
Atividade 9º Ano - Geografia Camões
 
Atividades do 9º Ano Geografia - Camões
Atividades do 9º Ano Geografia - CamõesAtividades do 9º Ano Geografia - Camões
Atividades do 9º Ano Geografia - Camões
 
Mudanças climáticas se tornam debate urgente em 2014
Mudanças climáticas se tornam debate urgente em 2014Mudanças climáticas se tornam debate urgente em 2014
Mudanças climáticas se tornam debate urgente em 2014
 
Aula a crise socioambiental planetária (atual)
Aula   a crise socioambiental planetária (atual)Aula   a crise socioambiental planetária (atual)
Aula a crise socioambiental planetária (atual)
 
Aula a crise socioambiental planetária (atual)
Aula   a crise socioambiental planetária (atual)Aula   a crise socioambiental planetária (atual)
Aula a crise socioambiental planetária (atual)
 
Mudancas climaticas - INPE
Mudancas climaticas - INPEMudancas climaticas - INPE
Mudancas climaticas - INPE
 
Outros problemas ambientais
Outros problemas ambientaisOutros problemas ambientais
Outros problemas ambientais
 
Preservar o meio ambiente é preservar a vida
Preservar o meio ambiente é preservar a vidaPreservar o meio ambiente é preservar a vida
Preservar o meio ambiente é preservar a vida
 
Aula a crise socioambiental planetária (atual)
Aula   a crise socioambiental planetária (atual)Aula   a crise socioambiental planetária (atual)
Aula a crise socioambiental planetária (atual)
 

O clima está mudando

  • 1. Água em extinção Mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo não têm acesso à água potável. Mais de o dobro desse número não conta com saneamento adequado. As doenças transmitidas pela água matam pelo menos seis mil crianças diariamente nos países em desenvolvimento. Na metade do século, de dois e sete bilhões de pessoas sofrerão falta d’água. Cerca de dois bilhões de toneladas de lixo são jogados em rios e lagos todos os dias. Um litro de água residual polui em media oito litros de água doce. Os dados fazem parte do Relatório Mundial sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos da Unesco, discutido por cientistas, ecologistas e políticos no Terceiro Fórum Mundial sobre a Água, em Kioto, Japão. O documento será apresentado formalmente no Dia Mundial da Água, 22 de março. Este é o Ano Internacional da Água Potável. Segundo o Fundo Mundial para a Natureza, o planeta perde por ano 6% dos recursos de água doce por ano e 4% de água salgada. De acordo com o professor Reinaldo Luiz Bozelli, do Laboratório de Limnologia do Departamento de Ecologia da UFRJ e "Cientista do nosso Estado" da Faperj, a água é o principal problema ambiental do mundo. "Por um lado aumenta a demanda, com o crescimento populacional, e por outro o homem degrada. Ao mesmo tempo que queremos mais água, destruímos mais água", diz, acrescentando que anualmente cerca de 5 milhões de pessoas morrem no mundo por doenças causadas pelo consumo de água sem qualidade. No Brasil, a situação é preocupante. Para Bozelli, o que se fez no país desde a ECO-92 em termos de tratamento da água é desestimulante. "O crescimento nessa área foi de apenas 1 a 2%", lamenta. Segundo o professor, o esgoto é o maior problema dos ambientes aquáticos, afetando diretamente a saúde pública. Ele defende que se atue preventivamente. "Para cada real investido em saneamento básico, economiza-se de quatro a cinco reais em saúde pública. A escassez de água doce no mundo é tão preocupante que só a Faperj concede atualmente 14 auxílios à pesquisa voltados diretamente para o estudo do tema. Os pesquisadores buscam novas formas de conservação e tratamento dos recursos hídricos e trabalham no desenvolvimento de tecnologias para o seu uso racional.
  • 2. A Água em extinção! 22 de março de 2010 | Escrito por Felipe Esotico Olá amigos! A escassez de água no planeta já não é novidade para ninguém. De toda a água de nosso planeta, cerca de 3% é doce, o que não se mostra suficiente para toda a população. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil tem 11,6% de toda a água doce do planeta. Em pesquisa feita pela Agência Nacional de Águas (ANA), mostra-se que a demanda de água nas regiões metropolitanas é maior que a produção atual dos recursos. Para impedir problemas com a falta de água nos próximos 15 anos, será necessário um investimento de R$ 27,7 bilhões em produção, tratamento, fornecimento de águas e tratamento de esgotos. Para evitarmos que o mundo chegue a essa situação, várias medidas podem ser tomadas, entre elas está o reuso da água, que já vem sendo utilizado por muitas empresas para diminuir seus gastos e também colaborar com o meio ambiente. No Brasil, 80% do esgoto coletado vai parar em cursos d’água sem receber nenhum tratamento. A população também pode contribuir evitando o desperdício de água com pequenas mudanças no cotidiano em suas casas, propriedades, estabelecimentos comerciais, etc. No Brasil gasta-se cerca de cinco vezes mais água do que o necessário. Nosso consumo é de cerca de 200 litros por dia por pessoa, sendo que a OMS recomenda gastos de 40 litros por dia por pessoa. Este desperdício todo preocupa – afinal, o ser humano é capaz de ficar 60 dias sem comer, mas só resiste cinco horas sem água. Vários países têm adotado programas de conscientização e medidas específicas para diminuir o desperdício de água. No Japão, por exemplo, os orientais aproveitam a água depois de tratada em processos industriais. A água que vem dos ralos do Box ou das banheiras também pode seguir por um cano até chegar a um pequeno reservatório e assim reabastecer os vasos sanitários de condomínios, hotéis, hospitais, clínicas, etc. Na cidade do México, o governo substituiu três milhões e meio de válvulas por vasos sanitários com caixa acoplada, de 6 litros por descarga, resultando numa redução de consumo de 5 mil litros de água por segundo. Nos Estados Unidos, além de ser obrigatório o limite de 6 litros para a descarga, a legislação também limitou a vazão de chuveiros e torneiras em 9 litros de água por minuto, o que resultou numa redução de 30% no consumo de água. E você o que tem feito para economizar água?
  • 3. FATO SOCIAL • Fato Social - todos os fenômenos que se passam no interior da sociedade, mesmo que apresentem pouco interesse social; Exterior ao indivíduo - independem do indivíduo; Exerce uma ação coerciva sobre o indivíduo; O indivíduo não é autônomo. • As atividades individuais não interessam a sociologia, mas sim a biologia ou psicologia. A sociologia trata dos fatos realizados por toda sociedade. • A educação é a responsável pela propagação dos Fatos Sociais (direitos e costumes). • Nascemos com os Fatos Socais estabelecidos. • Modos de agir, de pensar e de sentir existem fora do indivíduo. "A coerção social não exclui necessariamente a personalidade individual". • Coação permanente sobre o indivíduo, desde criança; O clima está mudando? Vários cientistas estão estudando a mudança do clima no planeta. Se há uma pergunta que não sai da cabeça dos meteorologistas e cidadãos comuns atualmente, é: o que acontecerá com o clima do planeta no pró-ximo século? Haverá um supera-quecimento da Terra? Ou um des-tempero total, com calor no inverno e frio no verão? A seguir, alguns dos fatos que su--ge-rem o início dessas mudanças, e os dados básicos, cruciais para se entender o mundo do clima. No começo do ano no Rio de Janeiro, quando o calor costuma ser sufocante, uma cena inusitada virou notícia na imprensa carioca. É que o dono do restaurante Vice Rey, na Barra da Tijuca, teve que tirar as teias de aranha da lareira, construída para acalentar uma eventual noite de inverno, e acendê-la pela primeira vez em 18 anos porque fazia frio na cidade. Moderados 17°C, é verdade, mas o fato chamou a atenção porque, afinal, era pleno verão no Rio. Ao mesmo tempo, em São Joaquim, Santa Catarina, termômetros instalados no solo marcavam abaixo de 0°C, na pior onda de frio fora de época desde 1971. Destemperos desse tipo ocorreram em todo o mundo. A região de Medina, no interior da Arábia Saudita, onde os invernos são geralmente suaves, enfrentou inéditos graus negativos e neve, nos dois últimos anos. Nos Estados Unidos, caíram os recordes históricos de temperatura em nada menos que seis cidades. Há 119 anos Nova York não via a marca de -20°C, e a de Washington (-22°C) foi a menor desde o início do século. Outros recordes: Columbus, Pittsburgh e Louisville (-30°C) e Indianápolis (-33°C).
  • 4. Diante disso, é natural perguntar se o tempo não estaria ficando louco. Há mesmo quem pense que as instabilidades são o prenúncio de um novo mundo: a Terra do século XXI, cujo clima seria radicalmente diferente do de hoje. A possibilidade de uma transição climática é assunto freqüente nos jornais e na televisão, mas muito pouco se sabe sobre ela. E seria prematuro afirmar que já estaria começando. Primeiro, porque não é claro se está sendo causada por problemas bem conhecidos: emissão de gases tóxicos pela indústria; desnudamento do solo após o corte das matas; a redução das próprias matas; o endurecimento do solo devido ao plantio; além de muitas outras práticas canhestras da civilização. Embora tudo isso seja perigoso para o planeta, não se sabe exatamente até que ponto pode alterar o regime climático. A verdade é que não se conhece bem os mecanismos do clima: é difícil determinar se uma temperatura mais alta é uma anomalia normal, ou se é indício de uma transformação geral. É o que previu, há pouco, um supercomputator Cray YMP8/864, do Centro Metereológico de Bracknell, em Londres. Com capacidade de análise um milhão de vezes maior que a humana, ele pintou um quadro apocalíptico para depois da virada do milênio. O superaquecimento do globo irá realmente acontecer, com secas no sul da Europa e centro dos Estados Unidos; deslocamento das chuvas para os pólos; as calotas polares, desprendendo-se e descongelando-se, elevarão o nível e a temperatura dos oceanos. Onde há frio e chuva, hoje, haverá calor e seca, ou vice-versa. Será? Talvez, diz o pesquisador Paulo Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), de São José dos Campos, SP. Ele acredita que, hoje, os fenômenos apresentam mudanças mais bruscas que em passado recente. Saímos de calor intenso para frio rigoroso em pouquíssimo tempo. E oscilações súbitas são suspeitas, concorda Prakky Satyamurti, também do INPE. Embora não esteja confirmado que viveremos um novo modelo de clima, a possibilidade me assusta. Esses pesquisadores colocam bem o problema. Em resumo, é certo que, se houver transição, ela será precedida de oscilações no clima; também há sinais de atribulações nos fenômenos, atualmente; o problema é que não há garantia de que estas últimas sejam prenúncio de um novo regime no planeta. A cidade de São Paulo fornece um bom exemplo. Há 50 anos, a cidade era bem mais fria. A temperatura média mínima do inverno, por exemplo, ficava perto de 9,7ºC. Mas ficou em 12,1ºC no ano passado, quando praticamente não houve frio. No dia 4 de julho, apesar de ser inverno, a capital alcançou 28,9ºC 1,8ºC a mais que no verão propriamente dito, em dezembro de 1993. E essa mudança não começou agora. Nos últimos dez anos constata-se um aumento de até 2°C na cidade. A alteração parece mínima, mas não é, ensina Neide Oliveira, do 7.º Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), em São Paulo. O aumento é maior que o da média da Terra, que desde 1942 subiu de 0.5ºC a 1ºC, conforme o World Climate Research Program, dos Estados Unidos. Apesar disso, não se pode dizer que a alteração em São Paulo tenha maior significado. Seria preciso observar as mudanças ao longo de muitos anos para se ter certeza, afirma o meteorologista Luís Cavalcanti, do INMET de Brasília. O clima não muda em menos de 200 anos. A atmosfera é um corpo que se auto-regula, acrescenta Cavalcanti. Por isso ,quedas ou aumentos de temperatura em alguns lugares são normais. O panorama desenhado pelo supercomputador londrino é pura ficção científica. Embora calcado em um modelo matemático, o resultado não é confiável.
  • 5. Nem todos os cientistas e meteorologistas pensam da mesma maneira. Na dúvida, é melhor ter cautela e, acima de tudo, disposição para estudar e conhecer melhor o clima. Quem sabe um dia, quando vier a conhecer melhor a atmosfera, o homem possa manipular o clima, em vez de apenas falar sobre ele. Essa ironia do escritor americano Isaac Asimov não é inteiramente justa. Muito já se aprendeu e a muito custo sobre o sistema incrivelmente complexo que é o envelope de gases da Terra. O problema é que, para entender o que provoca secas devastadoras ou chuvas torrenciais, ainda é preciso saber muito mais. A atmosfera além de invisível é feita de gases, ou seja, matéria que não se pode pegar com as mãos. Mas pesa 5 500 bilhões de toneladas e, embora 90% dela esteja abaixo de 10 quilômetros, se eleva, muito rarefeita, até 1 000 quilômetros de altitude. Trata-se de uma mistura principalmente de nitrogênio, que perfaz 78,1% do volume total, e oxigênio, com 20,95% do total. Há muitos outros componentes gasosos, como argônio, neônio, hélio, criptônio, xenônio e hidrogênio, assim como diversas partículas em suspensão, como fumaça, sal, pólens, areia e cinzas vulcânicas. Com exceção do argônio (0,9%), suas quantidades são minúsculas. Quantidade, porém, não é tudo: o dióxido de carbono tem influência decisiva sobre a saúde do planeta é apontado como um dos principais responsáveis pelo efeito estufa que parece estar elevando a temperatura. No entanto, existe na proporção de apenas 0,03%. Ele é particularmente eficaz em reter calor (ou radiação infravermelha, mais precisamente) que o solo emite para o espaço após receber a energia da luz solar. O ozônio, por sua vez, é bom absorvedor de radiação ultravioleta, emitida pelo Sol em menor proporção que a luz, mas altamente energética e prejudicial à vida. Assim, apesar de haver bem pouco ozônio, ele confere uma proteção essencial (é difícil avaliar a concentração de ozônio: se a atmosfera fosse colocada num tubo de 8 quilômetros de comprimento, a camada de ozônio ocuparia 0,3 centímetros do tubo). Já o vapor de água tem papel decisivo nos fenômenos chuvosos. Com um detalhe curioso: sua quantidade na atmosfera não é fixa, pois quando há excesso, simplesmente chove. A chuva, de certo modo, é um meio de a atmosfera enxugar-se, livrando-se de água excedente. Basicamente, a chuva está estreitamente ligada à temperatura e controlar esta última é uma das mais importantes missões do envelope gasoso da Terra. É que o envelope atua como um termostato, regulando o calor que a superfície terrestre recebe e emite. A troca de calor, por sua vez, provoca o movimento das massas de ar, que podem conter maior ou menor quantidade de vapor. Assim, elas determinam, em cada região, se vai ou não haver precipitações. As mudanças térmicas são uma constante ao longo dos quase 1 000 quilômetros de espessura da atmosfera. A temperatura sobe e desce, descrevendo uma linha em ziguezague a partir da camada mais próxima da superfície, a troposfera, onde certamente nascem todas as mudanças climáticas. De modo geral, a temperatura diminui 6,4 graus a cada quilômetro de altitude. Mas quando chega ao topo da troposfera, começa a aumentar com a altura. Isso ocorre na estratosfera, no alto da qual há nova inversão. Isto é, a temperatura passa a diminuir com a altura, indicando uma nova camada, a mesosfera. Chega a cerca de 100°C negativos apenas para elevar-se até os 500°C na termosfera. Esse zigue-zague depende da quantidade de radiação que cada
  • 6. camada gasosa absorve do Sol e remete à de baixo onde se-rá filtrada ou processada por gases como ozônio, dióxido de carbono e vapor de água. É na troposfera que esse processo influencia o clima. Perto dos pólos, essa camada tem de 8 000 a 10 000 metros de espessura, contra 15 000 a 18 000 no equador. Contém mais de 75% do peso total do ar; quase toda a umidade; e a maior parte da poeira. Assim, toda essa massa se põe em movimento sob a ação do Sol. Quando ela se aquece, o ar fica um pouco mais rarefeito e se expande. Ele sobe até as camadas mais altas e geladas da troposfera e esfria à medida que ganha altura. É possível ler esse fato nos barômetros, que medem a pressão do ar: geralmente, onde o ar sobe a pressão na superfície diminui. É o que muitas vezes se observa logo antes de começar uma tempestade. Essas diferenças térmicas favorecem o deslocamento das massas de ar, tanto no sentido vertical quanto horizontal. Há por isso um intercâmbio vital entre o equador e os pólos. Em suma, a máquina do clima é fruto de um complexo trabalho de equipe. O Sol produz o combustível a luz que coloca em marcha a engrenagem. Parte da energia chega ao solo e volta para a atmosfera, que atua como um laboratório para os fenômenos atmosféricos. Nem sempre a combinação é tranqüila. O tempo, às vezes, se torna violento, a ponto de fazer pensar que Deus está de mal com o mundo. A expressão maior do suposto mau humor divino, dizem os índios do Caribe, é o furacão Hunrakén, o deus das tormentas. De fato, os furacões são comuns nas proximidades do equador, como é o caso do Caribe. No verão e no outono, massas quentes, repletas de vapor, elevam-se sobre os ocea-nos e liberam calor. O ar gira em espiral para formar um anel de nuvens altas. Afinal, o va-por tende a voltar ao estado líquido e se condensa. Isto é, forma blocos que são as gotas e já não pode manter-se no ar. A chuva, então, despenca numa torrente chamada furacão. O centro do torvelinho chama-se olho, com um di-â-metro de 6 a 40 quilô-metros. Aí, a pressão é baixa, o vento suave, o ar quente e úmido. Fora, o ciclone arrasa tudo. Gerado sobre o oceano, o furacão morre quando avança para o continente e sai dos trópicos. Ao lado de fenômenos como tormentas ou tornados, ele revela, de modo simples e impressionante, porque é tão difícil manipular essa máquina vasta e complexa a que se deu o nome de clima. O Sol é mais uma estrela entre os milhões que queimam na Galáxia. Mas, como está comparativamente próxima, tem 1 390 473 quilômetros de diâmetro e temperatura acima de 6 000°C, na superfície, serve de motor para os movimentos que animam a face dos planetas à sua volta. Durante séculos, boa parte das relações entre a Terra e o Sol não era bem compreendida. Não foi fácil, por exemplo, explicar as estações, causadas por uma inclinação de 23,5 graus do globo terrestre (ele às vezes expõe ao Sol o Hemisfério Norte, outras vezes o Hemisfério Sul). Não se suspeitava disso até o século XVI, quando Copérnico formulou a teoria de que a Terra gira ao redor do Sol, e não o contrário. Vê-se, por aí, como foi longo o caminho para se compreender por que e como
  • 7. o Sol influencia o clima. Embora muito perto, comparado a outras estrelas, o Sol está muito longe da Terra 150 milhões de quilômetros para os padrões humanos. Além disso, devido a essa mesma distância, a Terra capta ínfima parcela de toda a energia que os astro-rei espalha em todas as direções: 2 milésimos de 1 milionésimo do total. O que vale é que isso basta para manter a casca terrestre a uma temperatura média de 14 graus. Mais ainda: se retivesse toda a energia recebida, o planeta torraria e os organismos vivos desapareceriam. Por isso, a natureza também providenciou um mecanismo para manter o necessário equilíbrio: parte dos raios solares, quando incidem na atmosfera, são refletidos para o espaço, como se batessem num espelho. Uma terça parte da energia solar, dessa forma, nunca chega a penetrar no ar. Dos dois terços restantes (cerca de 67%), parte fica retida nas diferentes camadas atmosféricas; de modo que somente 45% chegam à superfície. Dito isto, é importante perceber que a energia sempre faz uma viagem de ida e volta: depois que chega ao planeta, este volta a irradiá-la para o espaço, em quantidade exatamente igual à que recebera. É porque devolve energia que a Terra não se aquece demais. A única diferença é que a energia caminha na forma de luz, entre o Sol e a Terra, e na forma de radiação infravermelha, da Terra para o espaço vazio (apenas a energia refletida, como num espelho, preserva a forma de luz). Isso é fundamental, pois o ar deixa entrar a luz mas tende a reter o infravermelho, contribuindo para esquentar certa região. O ar sobre os pólos, por exemplo, tem pouco vapor de água, que é bom absorvedor de infravermelho. Assim, a energia, ao ser irradiada, não encontra obstáculo: perde-se no espaço e não ajuda a elevar a temperatura. Nas zonas equatoriais ocorre o contrário: como contêm dez vezes mais vapor que os pólos, armazenam melhor o calor. O ajuste dessa defasagem térmica é feito pela circulação geral atmosférica: as massas de ar deslocando-se de um ponto para outro transportam calor junto com elas. E esse intercâmbio se dá entre o ar quente das latitudes tropicais e o ar frio das latitudes polares. Em princípio, para restaurar o equilíbrio, bastaria que o ar quente dos trópicos fluísse verticalmente até os pólos. Os trópicos perderiam calor que o ar deixaria nos pólos, voltando frio ao ponto de partida. Essa proposta de circulação foi realmente feita, em 1735, pelo cientista inglês George Hadley (1685-1768). Mas provou ser inviável porque a Terra não está imóvel, ela gira. E a rotação, devido a um complicado componente da gravidade chamada força de Coriolis entorta os ventos, por assim dizer. Sempre que o ar tende a correr de norte para sul, por exemplo, é obrigado a dobrar na direção leste-oeste. Por isso, não há caminho direto do equador para o pólo ou vice-versa. No caso dos ventos de direção norte-sul, as trajetórias são elípticas ou concêntricas. As primeiras ocorrem nas zonas de alta pressão, ou anticiclones. As segundas ocorrem nas zonas de baixa pressão, chamadas ciclones. O encontro entre massas de ar dos pólos e do equador é que gera frentes frias ou quentes. Dependendo de como se formam, as massas de ar são úmidas ou secas: sobre os oceanos, são úmidas; sobre os continentes, secas. Os ventos alísios, por exemplo, sopram dos trópicos para o equador, convergindo para a franja equatorial. Assim, provocam a chamada zona de convergência intertropical, uma das áreas mais chuvosas do planeta. De fato, nela se encontram as matas equato-riais e florestas chuvosas, seja na Ásia ou na América do Sul.
  • 8. Numa situação inversa, nos continentes em que há pouca penetração de vento marítimo equatorial, pode haver forte carência de água. No deserto tropical, chega-se a um limite: menos de 100 milímetros anuais, comparados aos 1 500 a 2 000 milímetros de chuva carregados pelos ventos alísios. Esse sistema de circulação geral é vital para a saúde do planeta, pois influi decisivamente sobre a vida dos organismos e dos ecossistemas, que, por tabela, volta a a mexer com animais e plantas. A maior parte da umidade da Terra, como não podia deixar de ser, encontra-se nos oceanos: eles ocupam 70,8% da superfície e respondem por 84% da água atmosférica. Os raios solares evaporam água oceânica, assim como dos mares, rios e lagos. Por ser mais leve que o ar, o vapor vai para as camadas altas da atmosfera, mas só permanece no céu enquanto houver calor. A capacidade da atmosfera não é ilimitada: se ela concentra vapor em demasia, ocorre saturação, que se traduz em ar carregado de chuva em potencial. Pode-se avaliar o grau de umidade em números. Basta dividir a quantidade de vapor contida em certo volume de ar pelo máximo valor admissível. A regra é: quanto maior a temperatura, mais vapor pode haver. O resultado é uma porcentagem que mede a umidade relativa do ar: em Brasília, no inverno, che--ga-se a um limite 12% em que o corpo hu-mano começa a ser prejudicado pela falta de umidade. O inverso ocorre quando o ar está saturado, com 100% de umidade. O ar, então, fica à beira de uma mudança em grande escala, pois é incapaz de admitir mais vapor. Imagine-se que, por algum motivo, haja uma pequena redução na temperatura: como a umidade já estava no máximo, parte do vapor é forçada a passar para o estado líquido, em minúsculas partículas cujo diâmetro não supera 3 centésimos de milímetro. Agrupadas em nuvens, elas constituem a chuva. Pluviômetro é o aparelho que mede a quantidade de chuva curiosamente, em milímetros (mm), uma unidade de comprimento. Mas quando se diz que choveu 0,5 mm, significa que esta é a profundidade de água que cobria todo o solo na região da precipitação. Considera-se chuva leve se caiu 0,5 mm em 24 horas; e forte, se a queda foi maior que 4 mm. Quando a chuva se deve ao ar frio procedente dos pólos, se diz que a chu-- va procede de uma frente fria. Mas a precipitação também pode ser causada por um processo oposto: quando é uma frente quente e úmida que atropela massas de ar em região fria. Há ainda chuvas produzidas por propagação. É que as massas de ar quente sempre sobem e esfriam à medida que sobem. Assim, o vapor de água contido no ar esfria e se precipita. É fácil identificar esse tipo de chuva, pois decorre de nuvens brancas, densas e algodoadas, chamadas cúmulos. Quando há muita umidade, o branco torna-se cinza- escuro e a nuvem ganha o nome cúmulo-nimbo, que verte sua carga de forma particularmente intensa, acompanhada de tormenta, raios e granizo. Em outras ocasiões, as chuvas são ditas de convergência porque as massas de ar sobem com ajuda de ventos, os alísios. Estas chuvas também geram pancadas fortes, próprias das zonas equatoriais.
  • 9. Enfim, há precipitações causadas por montanhas no caminho das massas de ar. Para atravessar o obstáculo, o ar tem que subir, o que resfria o vapor quando chega do outro lado da montanha, a nuvem está completamente vazia. A se--ca é um problema bem diferente: ao contrário da chuva, ela se dá pela descida de ar para a superfície. Isso impede a formação habitual de nuvens, situação que ocorre nos anticiclones. Entre os fatores que influenciam o início desse fenômeno devastador encontra-se a ausência de ventos úmidos, a oscilação dos níveis de radiação solar ou distância muito grande de uma região aos oceanos. Para saber mais: O fim da natureza (SUPER número 2, ano 4) Redomas de calor (SUPER número 4, ano 6) Secou porque não ventou (SUPER número11, ano 8) O que a ciência sabe (e o que a ciência não sabe) (SUPER número 6, ano 9) Será que vai chover ? (SUPER número 3, ano 11) Vestígios de uma seca do passado Acredita-se que uma erupção vulcânica e 300 anos de seca tenham levado ao declínio do império mesopotâmico, há cerca de 3 500 anos. A tese é do arqueólogo americano Harvey Weiss, da Universidade Yale, e da geóloga francesa Marie-Agnes Courty, cujo traba-lho foi publicado recentemente pela revista americana Science. A erupção, comprovada pela geóloga, fez cair a temperatura. Ao mesmo tempo, diz Weiss, uma mudança climática diminuiu o nível de chuvas e trouxe a seca. Embora ainda seja fértil, a região tem hoje várias áreas desertificadas.
  • 10. Microclimas Em um bosque frondoso, a copa das árvores acumula a maior parte da radiação solar, o que significa que o chão, permanecendo quase todo o dia na penumbra, é bem mais fresco. Assim se define um microclima ou seja, um local restrito, ou isolado da região em torno. Assim, a temperatura na região de um bosque, no verão, pode ser 5°C mais alta que a do próprio bosque. As metrópoles são outro tipo de microclima nesse caso porque geralmente estão cobertas por massas de ar quente, situadas a cerca de 120 metros de altura, criadas pela poluição. O resultado é a criação de ilhas de calor: assim, a temperatura no centro de uma cidade, por exemplo, pode estar 6°C acima da de bairros distantes, ou mais arborizados, e da zona rural. Tempo quente A cada onze anos, o Sol muda de cara: em um período, não apresenta nenhum traço especial e em outro, aparece salpicado de manchas escuras. Quando elas ocorrem, o Sol mostra maior atividade e radiação. O desaparecimento das manchas causa diminuição da temperatura global em até 2 graus. O Pequeno Período Glacial entre 1450 e 1850 coincidiu com a escassa presença de manchas solares. O ciclo de onze anos de duração das manchas foi estabelecido pelos registros feitos entre 1750 e 1980. Na Antigüidade, os astrônomos chineses e gregos sabiam da existência dessas manchas escuras. Tornados, tomentas e furacões Os tornados têm diâmetro entre 50 e 500 metros, e velocidade supe-rior a 75 metros por segundo. Nos Estados Unidos, são a tempestade atmosférica mais temida. Aparecem onde há diferenças extremas entre a direção das massas de ar frio e quente. As tormentas têm outra origem. Nascem no encontro de ar quente das camadas baixas da atmosfera e o ar frio das camadas mais altas. Cristais de gelo são jogados para cima e para baixo, literalmente criando eletricidade no céu: eles colidem contra gotas de água e provocam troca de elétrons em suas moléculas. As partículas eletrizadas desse modo acabam descarregando a tremenda energia acumulada na forma de relâmpagos. As descargas elétrica viajam do céu para o solo ou vice-versa, e têm até 100 milhões de
  • 11. volts. Furacões, enfim, nascem do ar quente sobre o mar, sobem espirais para o céu e são enormes. A cara das nuvens muda com a altura Os nimbos-estratos são densos, cinzentos e chuvosos, e ficam a 1 quilômetro de altura. Depois vêm os estratos, 1 000 metros acima, que produzem chuvas e neve. O cúmulo- nimbo (3 quilômetros) e o nimbo (5 quilômetros) são nuvens verticais densas, que lembram couves-flores. O primeiro é escuro, e o segundo, claro. Entre 6 e 8 quilômetros se formam os estratos-cúmulos e altos-cúmulos, de distribuição irregular e com ondulações. Entre 9 e 12 quilômetros estão, em or-dem de altura, os altos-estratos, cirros-cúmulos, cirros-estratos e cirros. Os muitos caminhos do ar Entenda a escala de ventos (em quilômetros por hora), criada pelo almirante irlandês Francis Beaufort, em 1805: