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Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva

       Ministro da Educação
    Fernando Haddad

       Secretário-Executivo
  José Henrique Paim

Secretário da Educação Continuada,
    Alfabetização e Diversidade
    Ricardo Henriques
TRABALHANDO
COM A EDUCAÇÃO
DE JOVENS
E ADULTOS



 AVALIAÇÃO E
 PLANEJAMENTO
Diretor do Departamento
    de Educação de Jovens e Adultos
     Timothy Denis Ireland
          Coordenadora-Geral
    de Educação de Jovens e Adultos
Cláudia Veloso Torres Guimarães

     Equipe de elaboração
                 Redação:
        Cecília Bueno
     Maria Suemi Salvador
               Coordenação:
            Vera Barreto
                  Revisão:
      Maria Luisa Simões
     Glória Maria Motta Lara
      Design gráfico, ilustração e capa
         Amilton Santana
              Fotos da capa:
          Moisés Moraes
             Agradecimentos:
         Alice Cerqueira
             Agda F
            Edna Aoki
           Elena Abreu
          Helena Singer
          Laura Moraes
         Lourdes Aquino
          Mara Sanches
        Regina Fulgêncio
     Rita de Cássia Almeida
          Rosa Antunes
       Sandra de Oliveira


           Brasília - 2006
Apresentação
O Ministério da Educação, para enfrentar os processos excludentes que marcam os sistemas de
educação no país, cria, em 2004, a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade
(SECAD). Respeitar e valorizar a diversidade da população, garantindo políticas públicas como
instrumentos de cidadania e de contribuição para a redução das desigualdades são os objetivos desta
nova Secretaria.

A SECAD, por meio do Departamento de Educação de Jovens e Adultos, busca contribuir para atenuar a
dívida histórica que o Brasil tem para com todos os cidadãos de 15 anos ou mais que não concluíram a
educação básica. Para tanto, é fundamental que os professores e professoras dos sistemas públicos de
ensino saibam trabalhar com esses alunos, utilizando metodologias e práticas pedagógicas capazes de
respeitar e valorizar suas especificidades. Esse olhar voltado para o aluno como o sujeito de sua própria
aprendizagem, que traz para a escola um conhecimento vasto e diferenciado, contribui, efetivamente,
para sua permanência na escola e uma aprendizagem com qualidade.

Apesar de a educação de jovens e adultos ser uma atividade especializada e com características
próprias, são raros os cursos de formação de professores e as universidades que oferecem formação
específica aos que queiram trabalhar ou já trabalham nesta modalidade de ensino. Igualmente, não são
muitos os subsídios escritos destinados a responder às necessidades pedagógicas dos educadores que
atuam nas salas de aula da educação de jovens e adultos. Procurando apoiar esses educadores, a
SECAD apresenta a coleção Trabalhando com a Educação de Jovens e Adultos, composta de cinco
cadernos temáticos. O material trata de situações concretas, familiares aos professores e professoras, e
permite a visualização de modelos que podem ser comparados com suas práticas, a partir das quais são
ampliadas as questões teóricas.

O primeiro caderno, ALUNAS E ALUNOS DA EJA, traz informações, estratégias e procedimentos que
ajudam os educadores a conhecerem quem são os seus alunos e alunas. Questões que abordam o perfil
do público da educação de jovens e adultos, tais como: porque procuram os cursos, o que querem
saber, o que já sabem e o que não sabem, suas relações com o mundo do trabalho e na sociedade
onde vivem.

Em A SALA DE AULA COMO UM GRUPO DE VIVÊNCIA E APRENDIZAGEM, segundo caderno desta
coleção, são apresentadas algumas estratégias capazes de gerar, desenvolver e manter a sala de aula
como um grupo de aprendizagem onde cresçam os vínculos entre educador/educando e educandos
entre si.

Nos dois cadernos seguintes são abordados quatro instrumentos importantes para a prática pedagógica
dos professores e professoras: OBSERVAÇÃO E REGISTRO, AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO. São
desenvolvidas, entre o conjunto de questões pertinentes aos temas, suas funções e utilidades no
cotidiano do educador.

O último caderno, O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DOS ALUNOS E PROFESSORES, apresenta
orientações e discussões relativas à teoria do conhecimento: como os alunos aprendem e como os
professores aprendem ensinando.

Boa leitura!

                                          Ricardo Henriques
                    Secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade



                                                                                                            1
Índice
          A Avaliação e o Planejamento
              Introdução 3

    Parte 1
          A Avaliação
              A avaliação na escola 4
              A avaliação como instrumento do(a) professor(a) e do aluno 5

    Parte 2
          A avaliação um processo contínuo
               A avaliação inicial 8
               Conhecendo e avaliando 9
               A avaliação que acompanha todo o ano letivo 17
               Como avaliar o trabalho realizado 18
               Toda atividade de sala de aula pode servir de avaliação 19
               A auto avaliação 24
               A avaliação como primeiro passo para o planejamento 25

    Parte 3
          O planejamento
               Introdução 26
               Um pouco da história do planejamento 27
               Planejar X Improvisar 28
               Planejamento - o que diz esta palavra? 29

    Parte 4
          O planejamento do(a) professor(a)
               Como planejar
                   Para que ensinar 33
                   O que ensinar? 34
                   Como ensinar? 37
               O planejamento do(a) professor(a) e o uso do livro didático 40

    Parte 5
          O planejamento da escola
               O Projeto Político Pedagógico 42
               A integração da prática do(a) professor(a) ao projeto político pedagógico
               da escola 45
               Resumindo alguns pontos significativos 45
               Algumas conclusões 48

    Bibliografia 49
2
A AVALIAÇÃO E O PLANEJAMENTO


INTRODUÇÃO

Pensar e agir é uma marca de todos nós, seres humanos. Afinal, foi pensando
e agindo que chegamos ao nosso complexo mundo de hoje. Durante toda
nossa história, mulheres e homens criaram, aprenderam e transformaram o
mundo tendo em mente alcançar determinados sonhos ou resultados.

Algumas vezes, agiram sem ter clareza do lugar onde queriam chegar. Foram,
simplesmente, fazendo e constatando o feito. Outras vezes, agiram de modo
planejado, estabeleceram objetivos e buscaram alcançá-los intencionalmente.

Planejar é a atividade em que se projetam fins e se estabelecem os meios
para chegar até eles.

Planejar implica fazer escolhas. E, para bem fazê-las é preciso conhecer a
realidade para poder determinar onde chegar e de que forma ir até lá.

Mas, antes de planejar é necessário descobrir onde estamos, para estabelecer
as bases que garantirão a construção do planejamento. Esta prática que
precede o planejamento é a avaliação.

Neste sentido, avaliação e planejamento caminham juntos.

Na escola não é diferente. Avaliação e planejamento se unem à prática
pedagógica numa relação contínua. O(a) professor(a) avalia para planejar,
planeja para atuar junto aos alunos, para voltar a avaliar, novamente planejar,
novamente atuar,... numa onda sem fim.




                                                                                  3
Para facilitar o nosso estudo, vamos tratar a avaliação e o planejamento em
    momentos separados. Apenas para facilitar a nossa análise. Na prática estão
    sempre juntos.


    Parte    1



    A AVALIAÇÃO

    Diz o dicionário que avaliar significa dar valor de uma realidade com
    referência a uma expectativa ideal. A definição pode parecer complicada, mas
    de uma forma ou de outra todos nós nos envolvemos, freqüentemente, com
    algum tipo de avaliação.

    É o que fazemos quando consideramos uma música bonita, um objeto pesado,
    uma bolsa cara, uma roupa apertada etc.

    Embora presente em atos tão simples do dia a dia, a avaliação é também uma
    forma de localizar as necessidades e se comprometer com sua superação.

    Na escola, ela só deveria existir para orientar o trabalho dos(as)
    professores(as) e dos alunos.

    A AVALIAÇÃO NA ESCOLA

    Durante muito tempo, a avaliação foi considerada pelos professores e alunos
    como um instrumento para medir os acertos e erros dos estudantes, com o
    objetivo de dar a eles uma nota ou conceito. Era usada como uma espécie de
    fita métrica, colocada na mão do(a) professor(a) para medir o nível de
    conhecimentos dos alunos.

    Os professores da educação de jovens e adultos sabem muito bem como este
    modelo de avaliação contribuiu para a baixa-estima dos alunos que hoje
    retornam à escola, cheios de temor e insegurança. Além disso, essa

4
avaliação quase nada interferiu para mudar o jeito de ensinar do(a)
professor(a) e o jeito de estudar do(a) aluno(a).

Como na educação, geralmente, as mudanças acontecem muito lentamente
existe, ainda hoje, muita gente que continua pensando e agindo dessa forma.

A AVALIAÇÃO, COMO INSTRUMENTO
DO(A) PROFESSOR(A) E DO ALUNO(A)

A avaliação tem como função primeira orientar o trabalho do(a) professor(a) e
o estudo dos alunos.

Assim compreendida, ela se faz presente, desde o início da prática educativa,
quando oferece elementos para que o(a) professor(a) possa fazer o seu
planejamento. Além disso, a avaliação acompanha todo o processo educativo,
orientando o(a) professor(a) e os alunos na busca dos objetivos planejados.

Vamos ver como isso acontece, seguindo um relato feito por Sandra, uma
professora da EJA, em São Bernardo do Campo:

           “Esta semana choveu sem parar e vários alunos perguntavam por
           que a rua onde moravam estava alagando se antes isso nunca
           havia acontecido. Com jornais e revistas, previamente escolhidos,
           buscamos respostas para as nossas perguntas.

           Encontramos muitas explicações para as enchentes que
           atrapalhavam a vida dos moradores em muitos pontos da cidade.
           Foi, também, uma boa oportunidade para analisar o texto
           informativo de um jornal ou revista.

           No final, pedi aos alunos que em grupos apresentassem o que
           mais havia chamado a atenção deles e o que haviam aprendido
           com o trabalho. Minha surpresa foi muito grande quando, indo de
           grupo em grupo, fui descobrindo que as dificuldades eram grandes
           e os enganos numerosos. As interpretações dadas ao material lido
           eram muito distantes das reais intenções dos autores. Por se tratar

                                                                                 5
de textos informativos esta situação gerou grandes distorções. Na
               apresentação dos grupos, avaliei melhor o quanto me enganei com
               a forma escolhida para o trabalho. Tive que reorganizar o meu
               planejamento agora com outros materiais e partindo de noções que
               tinha considerado desnecessárias. Se a própria origem da chuva
               era desconhecida, como poderiam ser compreendidas todas as
               questões que, no primeiro momento planejei estudar?”
                                                                 Sandra Oliveira

    Sandra se valeu da avaliação em dois momentos: no primeiro, para escolher o
    que ia trabalhar na sala de aula e, no segundo, para descobrir o quanto os
    alunos atingiram dos objetivos esperados.

    No primeiro momento, a avaliação orientou o trabalho da professora: ela
    avaliou que as perguntas dos alunos, vindas da situação que viviam,
    apontavam as chuvas e suas conseqüências como um tema significativo.
    Percebeu também que esse conteúdo, mais próximo da geografia, propor-
    cionaria conhecimentos da linguagem informativa (dos jornais, revistas, livros
    didáticos), da matemática (cálculos dos prejuízos causados pelas cheias,
    comparação de volumes de água e outros mais).

    Com esses dados, mais os conhecimentos que tinha dos alunos, ela planejou
    o seu trabalho. Em seguida, partiu para a realização dele.

    Sandra valeu-se novamente da avaliação para observar o trabalho dos alunos
    e descobriu que haviam sérios enganos na forma como entenderam o
    conteúdo apresentado.

    Para chegar a essa constatação, ela não precisou fazer nenhuma prova
    escrita, com perguntas e respostas. A simples 'leitura' das produções dos
    alunos indicou que os objetivos esperados não tinham sido atingidos.

    Sandra se valeu dessa avaliação para ajustar o seu planejamento às reais
    necessidades dos alunos. Procurou textos mais simples, começando o
    desenvolvimento do tema pela questão da origem da chuva (ciclo da água).



6
A avaliação possibilita aos alunos e ao(a)
                professor(a) rever até onde conseguiram
                atingir seus objetivos. Mostra, também, onde
                eles precisam agir para alcançar os objetivos
                esperados.


O processo vivido pela professora Sandra é o mesmo que o professor
espanhol, Antoni Zaballa, nos aponta através de uma comparação entre as
ações de um(a) professor(a) no ato de avaliar e as que uma dona de casa
realiza ao fazer compras domésticas.



           Dona de casa                           Professor

  Observa o que tem na despensa        Procura saber o que os alunos
                                       já sabem e o que necessitam
                                       aprender (avaliação inicial)

  Anota o que falta. Faz isso de       Seleciona os conteúdos e
  acordo com seus objetivos:           atividades que serão
  propiciar uma alimentação            desenvolvidas.
  saudável, não desperdiçar etc.

  Vai ao lugar das compras. Vê         Periodicamente, observa o que
  produtos novos, promoções que        já foi conseguido analisando o
  podem mudar o seu                    desempenho dos alunos.
  planejamento inicial.

  Faz mudanças, como trocar um         Repensa todo o processo para
  produto por outro de melhor          reforçar os pontos considerados
  preço, de fabricação mais            deficientes e facilitar a
  recente.                             aprendizagem.




                                                                          7
Parte     2


    A AVALIAÇÃO - UM PROCESSO CONTÍNUO

    A avaliação, tal como a vemos, é um valioso instrumento do(a) professor(a) e
    acompanha todo o processo de ensino/aprendizagem.

    Diferentemente da avaliação tradicional, que é realizada geralmente no final
    do ano letivo, falamos de uma avaliação que se faz presente durante toda a
    duração do processo educativo.

    No início, ela serve para dar aos professores os elementos fundamentais para
    a realização do seu planejamento. Para isso informa: quem são os alunos, que
    conhecimentos trazem, quais suas curiosidades frente ao saber, seus desejos
    etc.

    Durante o trabalho de sala de aula, ela oferece os dados para que o(a)
    professor(a) possa agir como um(a) orientador(a) sempre atento(a) para que
    todos consigam chegar, com ele(a) até a meta esperada. Para isso 'puxa pela
    mão' os que ficam atrasados, diminui os passos para ter certeza que o grupo
    está conseguindo acompanhá-lo(a), imagina formas para diminuir as
    dificuldades encontradas, levando todos a se envolver e se ajudar. Para
    desenvolver esse papel, o(a) professor(a) precisa da avaliação para estar
    atento(a) ao que acontece com seus alunos.

    A AVALIAÇÃO INICIAL

    Estamos chamando de avaliação inicial aquela que se dá no começo do
    trabalho escolar, quando começamos a saber quem são as alunas e alunos, os
    colegas professores e a realidade que envolve a todos nós.

    Na EJA, muitas vezes, a avaliação tem seu começo na formação das turmas.

    Todos os anos chegam à escola alunos e alunas em diferentes níveis de
    escolaridade. Nem sempre é fácil definir qual a série ou etapa mais adequada
    para cada um deles. Tem gente que traz no histórico escolar uma escolaridade
    que o passar do tempo em grande parte já apagou da memória de quem traz o
    documento. Muitos são pessimistas, acreditam não saber quase nada, quando

8
isso não corresponde à verdade. Outros não foram à escola, mas tiveram
algum parente ou amigo que desempenhou junto a eles, o papel de professor.
E tantas outras situações.

Para resolver essas questões, as escolas buscam diferentes saídas que
envolvem algum tipo de avaliação:

  — a realização de testes para conhecer o nível de escolaridade;
  — entrevistas com os interessados com o objetivo de avaliar os
    conhecimentos considerados básicos, como: ler, escrever e contar;
  — E outras formas mais... sem contar quando a única possibilidade é
    formar uma única classe com todos os candidatos.

CONHECENDO E AVALIANDO

Vamos retomar o que dizíamos. A avaliação faz parte da ação do(a)
professor(a) desde o seu primeiro contato com os alunos.

Os primeiros dias de aula são de grande importância para “quebrar” as
possíveis resistências e começar a construção de uma relação de confiança.
São, também, momentos propícios para, por exemplo, conhecer o grupo
quanto às experiências escolares já vividas; as profissões que, atualmente,
desempenham ou a forma como ganham a vida; as cidades de origem; os
grupos familiares, as expectativas em relação ao futuro etc.

Nessas conversas, vão sendo percebidos os “jeitos” de cada um - quem é
muito falante, quem é mais tímido, quem está sempre risonho, quem desponta
logo como uma liderança enfim, as características de cada um dos alunos.

A percepção dessas características levou Elena, uma professora que
começava a trabalhar com jovens e adultos, a pôr no papel suas descobertas
e encantamento em relação aos seus novos alunos:

           “Como são sabidos os meus alunos!

           Tem gente que pensa que quem não sabe ler e escrever é uma

                                                                              9
pessoa ignorante. Como estas pessoas estão enganadas!

                Sou uma alfabetizadora de jovens e adultos e cada dia vou
                descobrindo mais o quanto sabem meus alunos.

                “Seu” Luís faz bancos e cadeiras. Tudo na medida exata, com o
                maior capricho. A Elsa é cozinheira de forno e fogão. Conhece
                tudo que é receita de cor e não se atrapalha com as medidas das
                quantidades. Odailton sabe cuidar muito bem dos filhos enquanto
                vende os ovos que buscou numa granja. Desempregado há mais
                de dois anos, consegue espichar o dinheiro que ganha junto do
                que vem das faxinas feitas pela mulher. Marlene sabe muito sobre
                remédios caseiros, conhece tudo que é planta. Jorge, tem 16 anos,
                mas já entende de jardinagem, uma profissão da família dele,
                desde o tempo de seu avô. Elisa sabe andar por toda a cidade e
                resolve facilmente todos os pagamentos das contas da patroa. Aldo
                constrói casas, Manuel faz ligações elétricas e Arlinda monta
                brinquedos numa fábrica.

                “Tenho a escola da vida” dizem todos com razão. Adão é calado,
                mas resolve problemas de matemática com uma rapidez espantosa.
                Cida aprendeu a costurar com a mãe e nunca mais esqueceu.
                Mesmo sabendo tantas coisas eles acreditam que sabem muito
                pouco, quase nada. Dentro deles vive um sentimento de
                inferioridade difícil de arrancar.” Elena Abreu


                     Você se lembra de quando começou a
                     trabalhar na EJA? Tente relembrar o que
                     foi novidade para você. Não deixe de
                     escrever sobre suas descobertas.


     A avaliação inicial faz com que o(a) professor(a) tenha os elementos básicos
     para fazer seu primeiro planejamento. Ela permite a escolha do primeiro tema
     a ser desenvolvido e das primeiras atividades que serão trabalhadas.


10
Conhecer o que os alunos sabem não é uma tarefa só para primeiras semanas
de aula, mas uma preocupação permanente do(a) professor(a) em todas as
atividades que propõe.

Ele(a) deve sempre considerar o que os alunos já sabem sobre o que vai ser
tratado na sala de aula. Afinal, é partindo do que se conhece que construímos
novos conhecimentos.


             Quando o(a) professor(a) vai conhecendo seus
             alunos, vai avaliando onde deve atuar, o que
             deve priorizar, qual a melhor forma de agir.
             Esta avaliação primeira, chamada de avaliação
             diagnóstica, indica a direção a seguir.


Como sugestão, apontamos alguns aspectos que consideramos importantes na
hora de conhecer mais os alunos :


           História de vida                          O trabalho

  – Dados pessoais: nome                 – Experiências: qual o trabalho
    completo, data de nascimento,          atual, que outros trabalhos já
    cidade onde nasceu,                    teve, o que gostaria de fazer,
  – Escolaridade: se já foi à escola,    – Aprendizagem profissional:
    quando, por quanto tempo, por          como aprendeu o trabalho que
    que saiu, o que espera do              faz atualmente, já fez algum
    curso,                                 curso ligado ao trabalho,
  – Família: estado civil, com quem        gostaria de fazer algum, qual,
    mora, filhos,                        – Rotina diária: quantas horas
  – Participação comunitária:              trabalha por dia, quais as
    freqüenta igreja, faz parte de         folgas, qual o tempo gasto nas
    alguma associação, sindicato,          idas e vindas entre casa e
                                           trabalho.



                                                                                11
Descanso e diversão                   Contato com a escrita

      – O que faz nos momentos de            – Se tem jornais, revistas em
        descanso, o que gostaria de            casa, quais,
        fazer,                               – O que gosta ou gostaria de ler,
      – Qual a diversão predileta, que       – Se precisa usar a escrita no
        tempo se dedica a ela,                 trabalho, pouco, nunca, muitas
      – Em companhia de quem se                vezes,
        diverte, descansa, sai com os        – Se já escreveu ou recebeu
        filhos, onde vão,                      cartas,
      – Gosta de ver televisão, quais os     – Se precisa ir ao banco,
        programas preferidos,                – Onde sente mais a necessidade
      – Faz trabalhos manuais,                 de saber ler e escrever bem,
        artesanato,
      – Vai a festas, quermesses,
        parques.



     Além dos aspectos mais gerais, os primeiros dias de aula podem servir para o
     detalhamento de conhecimentos considerados valiosos para o trabalho
     escolar.

     Acompanhe a “pesquisa” que a professora Mara Sanches fez em relação ao
     nível de alfabetização de seus alunos de uma classe inicial de EJA.

     Como todos os professores, Mara sabia que os alunos chegam à sala de aula
     com diferentes saberes e queria levar em conta este dado tão importante.

     Para isso, propôs aos alunos que escrevessem algumas palavras e uma frase
     que ela iria ditar. Os alunos poderiam escrever da forma como imaginavam ou
     sabiam.

     A maioria deles já tinha passado pela escola, os homens trabalhavam como
     ajudantes na indústria e as mulheres, quando trabalhavam fora de casa, eram
     faxineiras. Tinham, portanto, contatos com o mundo letrado.


12
Foram ditadas palavras com diferentes níveis de escrita e uma frase:

     —    CABELO , NOVELA, NOVELO, LÁPIS, PÉ, PRATO
     —    Vivo numa cidade muito calma.

Os resultados foram colocados num quadro, segundo a classificação feita pela
professora:


               Grupo A                                Grupo B

  Inventou escritas e letras, como:       Usou letras do alfabeto mas de
                                          forma Indiscriminada, como:




               Grupo C                                Grupo D

  Escreveu silabicamente (isto é,         Escreveu alfabeticamente (cons-
  usou letras para representar síla-      truiu sílabas na maior parte das
  bas na maior parte das vezes),          vezes), como:
  como:




                                                                               13
Colocado num quadro, foi este o resultado da sondagem


            GRUPO    A   GRUPO B           GRUPO   C           GRUPO   D

            Alice        Tadeu       Nilda         Claudete   Elias
            Dalva        Carmela     Cássio        Elvira     Margarida
            Dirceu       Dirce       Orlando       Nair       Adão
                         Durval      Jandira       Jair       Jeremias
                                     Nilda         Vilma
                                     Cláudio       Marta
                                     Francisco     Mário
                                     Ondina        Gisele
                                     Rosângela     Mauro
                                     Ivanete       Célia



                 Seria possível a professora Mara desconsiderar
                 as diferenças de conhecimentos de seus alunos,
                 em relação à escrita ?


     Mara renunciou a agir como se todos os alunos estivessem à mesma distância
     do seu objetivo: saber ler e escrever. Decidiu respeitar os pontos de partida de
     cada um e criar um planejamento diferenciado em três estágios.

     Dessa forma, organizou o tempo de tal jeito que permitiria trabalhar com as
     necessidades específicas que os diferentes grupos exigiam.

     Pensando ainda nos diferentes pontos de partida que encontramos em todas
     as classes e, também nas classes da EJA, é oportuna a reflexão de Laura,
     outra professora de jovens e adultos, na cidade de Natal.

                “O ano está acabando e devo avaliar e falar do desempenho de
                meus alunos. Preciso dizer se foram bem, se progrediram como
                esperávamos ou não. Tinha certeza que 21 dos meus 32 alunos

14
tiveram sucesso, cumpriram as metas desejadas. Eram os mais
           jovens, que estiveram mais tempo na escola, quando criança. Mas
           havia um grupo, uns cinco alunos, que não conseguiu o esperado.
           Fui pensando em cada um deles. Tinham uma vida muito difícil,
           vieram da zona rural, tinham um trabalho puxado e muita vontade
           de aprender.

           Pensando, cheguei na Dona Dedé. Na minha pasta encontrei seus
           trabalhos do começo do ano. Só fazia rabiscos! Fui lembrando:
           toda hora seu lápis caía no chão, ela não conseguia segurá-lo
           bem. Depois vieram as dificuldades até para escrever seu nome,
           Deolinda. No dia que escrevi para ela 'Dedé', me perguntou se
           podia escrever só desse jeito porque Deolinda tinha muito escrito e
           'doía nos dedos'. Continuei pensando: quem disse que Dona Dedé
           não aprendeu? Meu Deus! Ela não lê nem escreve como
           gostaríamos, mas avaliando o que aprendeu para chegar onde hoje
           está, para formar pequenas frases, eu teria que dizer que ninguém,
           na minha classe, aprendeu tanto. Ela foi a campeã!

           Se olho só no que ela é capaz de fazer hoje, Dona Dedé
           fracassou. Se comparo o que sabe hoje com que sabia no começo
           do ano, Dona Dedé foi uma vencedora.”

Para decidir que tipo de ajuda é preciso dar ao(à) aluno(a), é preciso conhecer
antes quais os conhecimentos que ele(a) necessita para continuar progredindo.

AVALIANDO A ESCRITA

Ao perceber as dificuldades dos seus alunos na escrita, a professora Alice,
que considerava a alfabetização como uma tarefa de toda a escola, reuniu
suas observações num quadro. Levou-o para os outros professores, que
também trabalhavam com mesma classe, com o objetivo de traçarem,
coletivamente um plano de ação para melhoria da leitura e da escrita dos
alunos.




                                                                                  15
No quadro abaixo, os alunos estão representados por seu número de
     chamada.

                                                  ALUNOS

      ASPECTOS OBSERVADOS           1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

      1. Lê com muita dificuldade
         /sem compreensão
      2. Lê com dificuldade/com
         compreensão
      3. Lê com dificuldade
         /pouca compreensão
      4. Lê com dificuldade e boa
         compreensão
      5. Escreve muito mal/não dá
         para compreender
      6. Escreve com erros/dá
         para compreender
      7. Escreve bem/com
         compreensão
      8. Escreve ortograficamente
         /com compreensão




                   Mais uma vez, cabe ao(a) professor(a)
                   descobrir o que os alunos sabem sobre
                   determinado conceito, fato ou atitude.

                   Essa avaliação inicial indica para o(a)
                   professor(a) qual o grau de aprofundamento
                   que deverá ter como meta.

                   Além disso, dá aos alunos a consciência do
                   que sabem e do que precisam aprender.




16
No começo tudo é novo, cheio de informações que poderão ser úteis para o
conhecimento dos alunos. Ao olhar a classe, vale a pena observar não só os
aspectos ligados aos conhecimentos, mas também as diferentes formas de
atuar, as atitudes que vão sendo desenvolvidas.

Um olhar que dê conta dos que chegam atrasados, dos sempre apressados,
dos que demonstram muito cansaço, dos que são só alegria, dos muito
calados, dos que mantém a cabeça baixa, dos que têm medo de falar, dos que
trazem todos os materiais escolares e dos que chegam de mão abanando, e
assim por diante...

A AVALIAÇÃO QUE ACOMPANHA TODO O ANO LETIVO

A avaliação não acaba quando todos já são conhecidos o suficiente para o
trabalho andar.

O processo de aprender demanda um acompanhar atento sobre o que vai
acontecendo com alunos e professores.

Assim, a avaliação continuada vai indicando as dificuldades e facilidades que
estão sendo encontradas pelos alunos e professores.

Como o próprio nome indica, ela vai acontecendo durante todo o período
escolar.

É uma avaliação que exige reflexão e interpretação dos acontecimentos e
atividades realizados na sala de aula à medida em que ocorrem. Ela propicia
informações que devem ser analisadas por todos os participantes.

É, portanto, um processo que envolve professores e alunos. Os alunos
participam falando ou demonstrando o que aprenderam, as dificuldades que
conseguiram vencer e o que ainda falta aprender.

Para poder contar com a participação conseqüente dos alunos, o(a)
professor(a) precisa ouvi-los com atenção, além de valorizar as observações
que fazem.

                                                                                17
Muitas vezes um simples comentário do(a) professor(a) sobre o trabalho ou
     atitude do aluno tem um efeito imenso.

     Criar um clima que estimule a coragem de se expor em classe pode demorar
     algum tempo, particularmente quando são alunos jovens e adultos, que não
     estão habituados a ver suas opiniões levadas em conta e valorizadas.
     Entretanto, é fundamental a existência desse clima.

     A avaliação continuada ajuda o(a) professor(a) a rever os procedimentos que
     vem utilizando e a replanejar sua atuação buscando novas alternativas de
     ação.

     COMO AVALIAR O TRABALHO REALIZADO

     Existem diferentes encaminhamentos que ajudam o(a) professor(a) a avaliar o
     seu trabalho. Estas são, apenas, algumas delas:

       — a observação é o primeiro passo para perceber as dificuldades
         encontradas;
       — no diálogo professor(a) e alunos trocam suas percepções em torno da
         forma como estão reagindo frente aos novos conhecimentos. O que não
         foi bem compreendido, os possíveis motivos para as dificuldades
         encontradas, a descrição da forma como realizam as atividades
         propostas;
       — a organização do material produzido em sala de aula. A organização de
         uma pasta com os materiais produzidos pelos alunos ajuda na
         observação dos avanços individuais e coletivos de todos, faz ver onde
         os objetivos planejados estão sendo ou foram alcançados e ajuda a
         traçar a história vivida pela classe na construção do conhecimento;
       — a realização de exposições que mostrem, para a comunidade onde a
         escola está inserida, o que foi motivo de estudo e que pode ajudar a
         formar a opinião pública ou beneficiar a vida dos moradores.
         Temas como: aproveitamento da água; cuidados com a visão; lendo e
         compreendendo a conta de luz; descubra como diminuir o custo da
         construção de uma casa, e outros mais, prestam um serviço à
         comunidade e permite ao(à) professor(a) avaliar os resultados
         alcançados.
18
— a auto-avaliação - situação em que o(a) aluno(a) olha criticamente não
     só os resultados que obteve mas também o que aconteceu durante sua
     aprendizagem. É uma forma de avaliação que leva a bons resultados na
     educação de jovens e adultos.

     Por ser um tipo de atividade geralmente desconhecida dos alunos é bom
     ajudá-los, principalmente no início dessa prática. Uma sugestão é
     começar escolhendo, apenas, alguns pontos para serem observados e
     registrados por escritos.

     Alguns exemplos: comente como foi sua participação nos trabalhos de
     grupos; o que considerou mais importante no seu estudo da matemática;
     onde e por que encontrou maior facilidade e maior dificuldade nas
     atividades individuais; que assunto considerou mais interessante
     aprender e porque.

TODA ATIVIDADE DE SALA DE AULA
PODE SERVIR DE AVALIAÇÃO

Não importa se o instrumento utilizado é uma prova, uma dissertação, um
questionário, um jogo didático ou uma exposição oral.

O que precisa acontecer é o uso dos resultados para pensar sobre a prática:
o(a) professor(a) para pensar a sua prática de ensinar e o aluno para pensar
a sua prática de aprender.

Entretanto, há atividades que ajudam a avaliar mais adequadamente as
práticas dos professores e dos alunos.

Estas atividades se caracterizam por serem:

   — atividades que exigem mais o pensar do que memorizar.

Por exemplo:

Na compreensão e uso da língua escrita:

                                                                               19
Depois de observar e ler esta conta responda:

          a) É uma conta de que?               d) Em nome de quem foi feita a
          b) De que mês ela é ?                   conta ?
          c) Qual sua data de pagamento?       e) Qual o valor cobrado?


     Na matemática:

     Resolver situações que exigem pensamento.

         Quantos quadrados azuis,                    Num armazém foram empilhadas
         vermelhos e amarelos faltam para            várias caixas como mostra
         o tabuleiro ficar completo?                 o desenho. Cada caixa
                                                     pesa 5 kg.
                                                     Quanto
                                                     pesam
                                                     todas as
                                                     caixas?




20
— Outras atividades que não tenham uma única resposta, ou
    possibilitam diferentes formas de se chegar a uma conclusão.

  — Outras atividades que, no seu conjunto, utilizem diferentes tipos de
    linguagens: desenhos, textos escritos, apresentação oral, montagem
    de painéis, maquetes etc.

     –   localizar países e cidades num mapa
     –   criar cartões postais relacionados ao bairro onde vive
     –   encontrar ruas num guia
     –   usar a lista telefônica etc.

Os cartões abaixo, foram feitos por alunos da EJA e retratam o lugar onde
moram:




ATIVIDADES DO(A) PROFESSOR(A) QUE AJUDAM
NA AVALIAÇÃO DOS ALUNOS

São muitos os recursos através dos quais os professores vão avaliando seus
alunos. Vamos fazer algumas sugestões nos valendo o mais possível de
registros feitos por professores da EJA.

Registro das observações sobre o conhecimento dos alunos:

Ter um caderno para anotações do que vai sendo percebido na sala de aula

                                                                             21
pode se constituir numa boa “ajuda à memória” do(a) professor(a). O registro
     de fatos interessantes observados durante o trabalho revelam aspectos que,
     geralmente, passam despercebidos.

                “Passando pelas mesas fui descobrindo que grande parte dos
                alunos usavam o 'ce' quando queriam escrever 'que'.” (Rosa)

                “É curioso, todos pedem lição de casa mas nunca conseguem
                trazê-la feita.” (Rui)

                “Os números que estão nas notas e moedas são escritas e lidas
                com correção. O mesmo não acontece com os outros números.
                (Selma)

     Pequenas avaliações diárias ou semanais

     Esta prática está ligada ao registro da atividade do(a) professor(a).
     Poderíamos até dizer que consiste num dos primeiros passos para a sua
     realização.

     Nela o(a) professor(a) se pergunta em questões do tipo:

        – Houve algo que me surpreendeu no dia de hoje? Por quê?
        – Onde foi mais difícil chegar aos objetivos previstos? Como explico essas
          dificuldades?
        – Os alunos chamaram a minha atenção? Como? Em que momento?

     Cartas como registro da avaliação

     A carta que segue é de uma professora que vem utilizando esse tipo de texto
     para comunicar a seus alunos como foram avaliados no último bimestre.

     Os alunos recebem a carta-avaliação e respondem concordando ou
     discordando e comentando as observações da professora.

                “É uma prática bem trabalhosa mas os resultados têm
                compensado.” Comenta a professora Lourdes.
22
“Rosilda,

Esta é a segunda carta que lhe escrevo para dizer do seu
trabalho. O assunto desta vez está ligado ao trabalho nos meses
de agosto e setembro.

Primeiro, quero dizer que fiquei feliz com a sua presença quase
todos os dias. Viu como assistir às aulas ajuda a aprender? A sua
participação foi bem maior, principalmente nos trabalhos de grupo,
onde deu boas idéias e soube ouvir os colegas.

Durante estes dois meses, 'demos um duro' no projeto de escrita
da “Biografia”. Estamos no final e senti que o começo foi difícil
porque exigia um trabalho de pesquisa com as pessoas da família
e nos livros. Depois de algum tempo, você conseguiu as
informações que buscava e pôde usá-las no seu texto. Sua dupla
de revisão conseguiu os resultados esperados e as histórias
ficaram cheias de detalhes e surpresas. Deu para notar o cuidado
com a forma de escrever. As revisões são trabalhosas mas, no
final, todos podem perceber quanto o texto se tornou mais fácil e
gostoso de ser lido. As questões de ortografia continuam exigindo
atenção e, às vezes, consulta ao dicionário.

Na Matemática você é craque na conta de cabeça, mas tem muita
preguiça na hora de escrever no caderno os cálculos que fez
mentalmente. Praticando mais, o que hoje é custoso vai se
tornando mais simples. Você já passou por essa experiência no
trabalho com a biografia.

Apesar do tempo curto, houve progressos na sua forma de
organizá-lo. Não tem deixado acumular tarefas, além de conseguir
chegar no primeiro horário. Tudo isso repercutiu no seu bom
aproveitamento. Continue assim.

Um abraço
                                                  Lourdes Aquino”




                                                                     23
Como você está observando, a avaliação
                     continuada é bem diferente da avaliação
                     que acontecia quando era considerada a
                     etapa final de mais um ano letivo.



     A AUTO-AVALIAÇÃO

     A auto-avaliação incentiva o(a) aluno(a) a apropriar-se dos seus
     conhecimentos, a desenvolver maior atenção em relação aos seus progressos
     e as suas dificuldades.

     Por ser uma atividade pouco freqüente na experiência dos alunos, é
     necessário um processo de introdução a ela.

     No começo é interessante escolher o que vai ser auto-avaliado. Pode ser uma
     determinada área de conhecimento, um projeto realizado ou mesmo uma das
     muitas práticas desenvolvidas na sala de aula, como o trabalho em grupo etc.

     Algumas perguntas sempre são úteis nas primeiras auto-avaliações:

       – você realizou todas as atividades propostas na última semana?
       – o que você não fez? Por quê?
       – de qual atividade você gostou mais de participar? Por quê?
       – de qual atividade não gostou de participar? Por quê?
       – qual era a sua opinião sobre o tema analisado, quando iniciou o
         estudo?
       – com o estudo sua opinião mudou? Por quê?
       – sua opinião não mudou? Por quê?
       – e outras mais.

     Alguns alunos são extremamente rigorosos com eles. No oposto, existem
     alunos que consideram tudo o que fazem como suficiente. Nos dois casos
     o(a) professor(a) precisa agir estabelecendo parâmetros para uma auto
     avaliação mais realista.


24
PARA PENSAR             A avaliação é uma aliada do(a) professor(a) e dos
                        alunos quando:

                        — reconhece e valoriza os progressos do aluno,
                        — indica os objetivos não alcançados de forma
                          clara,
                        — sugere formas para conseguir a superação.

                        A avaliação pouco contribui para o trabalho do(a)
                        professor(a) e dos alunos quando:

                        — o aluno acaba sem entender o que errou,
                        — o aluno não tem oportunidade de resolver suas
                          dúvidas,
                        — leva o aluno a se sentir diminuído.


Parte     3



A AVALIAÇÃO - COMO PRIMEIRO PASSO
PARA O PLANEJAMENTO

Compreender a avaliação da forma como estamos fazendo, mostra que ela é o
primeiro passo para o planejamento pedagógico.

Esta afirmação representa uma virada muito grande em relação ao papel, que
durante muito tempo, a escola deu à avaliação. No nosso ponto de vista, ela
deixa de ser um julgamento final do aproveitamento do aluno para, ao
contrário, oferecer dados da realidade para que o planejamento do trabalho
pedagógico possa ser feito.

Para que a avaliação possa oferecer elementos importantes para o
planejamento, precisamos nos lembrar que:



                                                                              25
— não podemos exagerar no uso do poder, quando avaliamos.
       — a avaliação só interessa em função do que vem depois dela e do que
         ela esclarece.
       — precisamos saber que avaliar é um processo reflexivo, isto é, uma
         oportunidade de pensar a prática que fazemos.
       — o erro é uma fonte de informações para o(a) professor(a) que deve se
         sentir desafiado(a) a compreendê-lo.




     Parte    4



     O PLANEJAMENTO

     INTRODUÇÃO

     O planejamento faz parte da história da humanidade porque mulheres e
     homens sempre quiseram transformar suas idéias em realidade e isso sempre
     exigiu planejamento. Todos os dias enfrentamos inúmeras situações que
     demandam algum tipo de planejamento. Até mesmo um simples passeio
     envolve planejar: quanto dinheiro pretendo gastar, qual o tempo que disponho,
     como chegarei ao lugar escolhido, levarei que tipo de lanche, quem convidarei
     para ir junto e outras questões mais.

     Como nossas ações diárias vão se transformando em fatos rotineiros, nem nos
     damos conta dos diferentes planejamentos que estão embutidos nelas.
     Diferentemente, para realizar as atividades que fogem do dia-a-dia,
     precisamos pensar e estabelecer uma forma para chegar ao que desejamos.

     É impossível considerar todos os tipos e níveis de planejamento que são
     necessários às ações que realizamos. Por tudo isso, o planejamento sempre
     foi um instrumento importante, em qualquer setor da vida em sociedade: no
     governo, na empresa, no comércio, em casa, na igreja, na escola, em
     qualquer outro lugar.


26
Com o planejamento podemos definir o que queremos a curto, médio ou longo
prazo. Isto significa, que tanto podemos traçar planos para a noite de hoje
como para a compra de uma casa, no futuro. Além disso, o planejamento nos
leva a prever situações, organizar atividades, dividir tarefas para facilitar o
trabalho e até avaliar o que já foi feito.

VAMOS CONHECER UM POUCO DA HISTÓRIA
DO PLANEJAMENTO

Homens e mulheres fizeram planos desde que se descobriram com
capacidade de pensar antes de agir. A arqueologia nos mostra desenhos
indicando como seriam feitas construções que exigiam tarefas complicadas ou
a presença de muita gente na sua execução.

Com o crescimento do comércio, no início do capitalismo, a administração das
riquezas exigiram novas formas de conduta. O aumento da concorrência entre
os comerciantes tornou necessário o saber prever, antecipar situações,
projetar novos negócios. Com a industrialização cresceu a produtividade.
Tornaram necessárias as previsões das matérias primas, as funções dos
operários, os salários, o comportamento dos mercados.

A organização racional das empresas chegou à análise das relações entre os
trabalhadores. Mais uma vez, o planejamento entrou em cena. Com a
industrialização surgiu, também, o planejamento das vendas.

No começo do século XX, o planejamento atingiu todos os setores da
sociedade causando grande impacto.

Como vimos, o planejamento é uma arte que se desenvolveu para melhorar a
capacidade de intervenção das pessoas na sua realidade.

Na educação não é diferente. Nela o planejamento busca a intervenção mais
eficiente do(a) professor(a), organizando melhor os recursos disponíveis: o
tempo do(a) professor(a) e dos alunos, o espaço físico, os materiais
pedagógicos disponíveis, a experiência dos alunos etc.



                                                                                  27
Hoje em dia, a palavra PLANEJAMENTO faz parte do nosso vocabulário
     diário e ocupa um lugar de destaque nos meios de comunicação.

     PLANEJAR X IMPROVISAR

     Podemos dizer que uma ação planejada é uma ação que não foi improvisada.
     Mesmo assim, sabemos que os improvisos não ficam totalmente afastados
     porque fazem parte da vida e são esperados em qualquer planejamento.

     Entretanto, deixamos de improvisar, ou improvisamos menos, quando temos
     um objetivo em vista e queremos que ele se realize.

     Quando não sabemos bem aonde queremos chegar, acabamos nos limitando
     ao momento presente e nos deixamos levar pela improvisação.

     Mas existem situações onde as improvisações se tornam mais raras. São
     situações onde:

       — há várias pessoas participando da ação, todas elas comprometidas com
         os objetivos comuns e
       — os recursos para a realização dos objetivos são pequenos. Nessas
         situações usamos os meios disponíveis da forma mais eficiente possível.
         Isso exige saber o que é fundamental e que não pode ficar para depois.

     No relato que segue, a professora Rita de Cássia descreve uma situação de
     improvisação que, no final, ela considerou como acertada.

     Provavelmente, isso só foi possível porque Rita não se afastou de seu
     principal objetivo que era tornar os alunos alfabetizados.

               “Ontem foi o dia do improviso. Mas o resultado foi muito bom.
               Será que foi só improviso? Nem tanto, por que foi uma
               oportunidade de usar muitos dos nossos conhecimentos e tentar
               chegar a outros. Estava começando a aula, quando “Seu”
               Antoninho foi até a janela e chamou a minha atenção para umas


28
placas grandes que haviam fincado num terreno, bem na frente da
           nossa sala. Foi a conta. Todos queriam saber o que as placas
           diziam. Cada um imaginava que era uma coisa diferente. Pediam
           que eu lesse para eles. Tive, então, uma idéia. Saímos do prédio
           para juntos ler as placas. Cada um foi destacando o que
           conseguia ler, no meio de tanto escrito. 'Ali tem o número 2',
           'aqueles parecem número de telefone', 'olha, lá está escrito RUA,
           porque eu li'. Quem sabia mais e eu fomos ajudando até que
           lemos tudo. A placa anunciava a construção de dois prédios de
           três andares, com apartamentos de 2 dormitórios. Dizia que a obra
           ia levar 18 meses para ficar pronta e que as vendas já haviam
           começado. Voltamos para a sala contentes porque “Seu” Antoninho
           disse que a construção ia ser uma coisa boa, ia dar emprego para
           pedreiros e ajudantes e a sala está cheia de alunos com parentes
           procurando serviço. Mas, disse também, que o apartamento ia ser
           coisa cara e que nenhum deles nunca ia ter dinheiro para comprar
           um. O assunto da moradia foi tema de muitos comentários. Com a
           questão da moradia, ainda na cabeça, decidimos que cada um
           escreveria o seu endereço, bem completo: rua, bairro ou vila,
           cidade. Fiquei a disposição para ajudar nessa escrita.”
                                                      Rita de Cássia Almeida

A aula contada por Rita nos confirma que quando a professora tem clareza em
relação a seus objetivos consegue superar as deficiências da improvisação.

A professora conseguiu criar uma situação de leitura e de escrita bem
diferente naquela noite de aula. E, o mais interessante: envolveu os alunos.

PLANEJAMENTO - O QUE DIZ ESTA PALAVRA?

Consultando o dicionário encontramos:

Planejamento - Ato ou efeito de planejar. Trabalho de preparação para
qualquer empreendimento, segundo roteiro e métodos determinados.
(Dicionário Aurélio)



                                                                               29
Planejamento - Serviço de preparação de um trabalho, de uma tarefa, com o
     estabelecimento de métodos convenientes; planificação. Determinação de um
     conjunto de procedimentos, de ações, visando à realização de determinado
     projeto. (Dicionário Houaiss)

     Num sentido amplo, planejamento é um processo que visa dar respostas a um
     problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua resolução, de
     modo a atingir objetivos antes previstos, pensando e prevendo necessa-
     riamente o futuro, mas considerando as condições do presente, as
     experiências do passado e os diferentes aspectos da realidade. Desta forma,
     planejar e avaliar andam de mãos dadas.

     Na escola existem diferentes planejamentos que devem se articular em torno
     dos mesmos princípios e da mesma visão de conhecimento.

     PLANEJAMENTO CURRICULAR

     É a proposta geral das aprendizagens que serão desenvolvidas. Funciona
     como a espinha dorsal da escola. O planejamento curricular envolve os
     fundamentos das área que serão estudadas, a proposta metodológica
     escolhida e a forma como se dará a avaliação.

     PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO
     OU PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

     É o projeto integral da escola. Envolve os aspectos pedagógicos, comunitários
     e administrativos. Em função da sua grande importância, voltaremos a ele
     mais adiante.

     Existem outros termos que se referem ao planejamento.

     Vamos acrescentá-los:

     Plano: um documento utilizado para o registro de decisões, como o que se
     pensa fazer, como fazer, quando fazer, com quem fazer. Todo plano começa


30
pela discussão sobre os fins e objetivos do que se pretende realizar. Na
educação, ele apresenta de forma organizada as decisões tomadas em torno
das práticas educativas que serão desenvolvidas. O plano é produto do
planejamento e funciona como guia do(a) professor(a). Como acompanha uma
prática, está sempre sujeito a modificações.

Há diferentes planos na educação

Plano Nacional de Educação: nele se reflete a política educacional de um
povo, num determinado momento da história do país. É o de maior
abrangência porque interfere nos planejamentos feitos no nível nacional,
estadual e municipal.

Plano de Curso: é a organização do conjunto de matérias que vão ser
ensinadas e desenvolvidas durante o período de duração de um curso. O
plano sistematiza a proposta geral de trabalho do professor.

Plano de Ensino: o plano de disciplinas, de unidades e experiências
propostas pela escola, professores, alunos ou pela comunidade. Ele é mais
específico e concreto em relação aos outros planos.

Plano de Aula: é o plano mais próximo da prática do professor e da sala de
aula. Refere-se totalmente ao aspecto didático.

Projeto: a palavra projeto significa ir para a frente. O projeto traz a idéia de
movimento.

No projeto são registradas as decisões das propostas futuras. Como tudo que
envolve mudança, projetar significa sair de uma situação conhecida para
buscar uma outra.




                                                                                   31
Parte    5



     O PLANEJAMENTO DO(A) PROFESSOR(A)

     Com registros em cadernos, fichas, ou qualquer outra folha de papel, boa
     parte dos professores planeja o que pretende desenvolver na sala de aula.

     Mesmo assim, há professores que dizem que o planejamento é dispensável.
     Muitas delas afirmam que não sentem, como necessário, fazer o planejamento
     por escrito, uma vez que já tem tudo pronto na cabeça.


                  Você concorda com esta afirmação? Por quê?
                  Como você e seus colegas planejam o
                  trabalho de sala de aula?


     Para outros professores, o planejamento é o cumprimento de uma exigência
     apenas burocrática.

     Provavelmente, um planejamento feito com esse espírito não tem função no
     dia-a-dia porque não corresponde a nenhuma necessidade apontada pela
     avaliação da realidade onde o trabalho acontecerá.

     Infelizmente, existem professores que trabalham na base do improviso: “Na
     hora eu decido o que vou fazer com os alunos.”

     Outros, transformam o livro didático em plano de trabalho. Dizem: “É mais
     prático, não tenho tempo para ficar criando novidades.”

     Ainda outros, repetem todos os anos o mesmo plano: “Afinal, para que
     mudar?.”

     Para o(a) professor(a) comprometido(a) com seu trabalho, o planejamento
     faz parte do processo de tomada de decisão sobre a sua forma de agir,
     no dia-a-dia da sua prática pedagógica. Nele estão envolvidas ações e
     situações que se dão de forma continuada entre professor(a) e alunos e
     alunos entre si.

32
COMO PLANEJAR

Para planejar, o(a) professor(a) precisa responder a algumas perguntas:

Para que ensinar? Pergunta que leva aos objetivos;
O que ensinar? Pergunta que faz pensar na seleção dos conteúdos;
Como ensinar? Pergunta que faz escolher quais métodos e técnicas usar.

Para que ensinar?

Esta pergunta nos leva a considerar onde esperamos chegar com o nosso
trabalho educativo. Isto significa dizer quais os resultados que buscamos
atingir.

Mas, só temos condições de estabelecer esses objetivos depois de analisar o
grupo de alunos, com as suas características, seus limites, suas histórias de
vida e suas facilidades.

Sem estas considerações corremos o risco de tornar o nosso planejamento um
instrumento sem função, inútil por não corresponder às verdadeiras
necessidades dos envolvidos.

Esse processo de definição dos objetivos se torna muito mais eficiente quando
envolve os alunos. Afinal, esse processo é tão importante para o(a)
professor(a) quanto para eles.

Alguns cuidados são importantes na definição dos objetivos que buscamos
com o nosso trabalho.

É preciso que os objetivos escolhidos sejam:

  — claros, objetivos - para que não deixem dúvidas. Os objetivos devem
    ser expressos de tal forma que tenham o mesmo significado, tanto para
    o(a) professor(a) quanto para o aluno. Para isso devem estar numa
    linguagem simples e de fácil compreensão;


                                                                                33
— viáveis - ou de possível realização. A escolha dos objetivos deve levar
         em conta as condições reais do grupo e da escola, respeitando sua
         capacidade, interesse e motivações;

       — apresentados na sua totalidade - os objetivos devem ser apontados
         como uma ação que envolve atividades a serem realizadas ou
         comportamentos a serem demonstrados;

       — possíveis de serem avaliados - os objetivos devem deixar evidentes os
         conteúdos que serão desenvolvidos, para que permitam conhecer o
         avanço dos alunos no domínio deles.


     O que ensinar?

     O que ensinar é a pergunta que nos leva aos conteúdos, isto é, ao
     conhecimento a ser desenvolvido. Abrange tanto os conhecimentos que a
     humanidade acumulou durante sua história - informações, dados, fatos,
     princípios e conceitos - quanto atitudes e comportamentos.

     Na hora de escolher os conteúdos, alguns critérios devem ser levados em
     conta.

     Apontando alguns deles, podemos dizer que os conteúdos devem:

       — ter validade - devem ser os mais importantes e significativos para a
         realidade e a época em que se vive;
       — ter significado - devem estar relacionados com os alunos, suas
         histórias de vida, suas experiências e motivações;
       — possibilitar a reflexão - devem levar o aluno a associar, comparar,
         compreender, selecionar, organizar, criticar e avaliar os próprios
         conteúdos;
       — ser flexível - devem estar sujeitos a modificações, adaptações,
         renovações e enriquecimentos;
       — ter utilidade - deverão considerar as exigências e as características do
         contexto sócio-econômico e cultural dos alunos;


34
— ser viável - os conteúdos deverão ser possíveis de aprendizagem dentro
    das limitações de tempo e dos recursos que temos.

A razão de ser desses critérios é apontar para aspectos que facilitam o
trabalho pedagógico.

Mas, não podemos esquecer que os conteúdos mais válidos são sempre
aqueles que melhor levam os alunos a responder as suas necessidades,
fazendo-os aprender o que é mais útil para a vida deles.


     Na educação de jovens e adultos, os conteúdos devem
     permitir aos alunos o exercício pleno da cidadania, o saber
     indispensável às suas ações que vão desde desempenhar uma
     profissão até participar de sua comunidade.



A organização dos conteúdos

Precisamos lembrar que planejar não é apenas relacionar atividades a serem
desenvolvidas.

É um processo de:

  — conhecer a realidade sobre a qual se vai trabalhar;
  — propor ações para influir nela e
  — desenvolver as ações propostas avaliando sempre seus resultados para
    a continuidade do mesmo processo: avaliação, planejamento, execução
    e avaliação, e assim por diante.




                                                                             35
Pensando assim, o planejamento que o(a) professor(a) faz envolve aspectos
     que são nossos velhos conhecidos:

     O conhecimento dos alunos - o que eles já sabem, suas experiências de
     vida, suas expectativas, motivações etc;

     A concepção que orienta o nosso projeto de educação - que tipo de
     pessoa queremos formar;

     A realização de atividades de aprendizagem que respondem ao nosso
     projeto - a coerência entre o que fazemos e o projeto educativo é
     fundamental;

     A avaliação - que deve ser permanente, de todas as atividades
     desenvolvidas.


          Mais uma vez você deve ter percebido que há um emaranhado
          entre planejamento, avaliação e prática pedagógica.



          Questões fundamentais:

       — Quem são seus alunos? Em que trabalham? O que já sabem? O
         que esperam aprender?
       — Quais são os objetivos da prática educativa que vai ser
         desenvolvida?
       — Como será feita a avaliação inicial?
       — O que vai ser ensinado?
       — Qual o tempo que dispomos? Quantas horas de aula os alunos
         terão por dia?
       — Como distribuir os conteúdos que serão trabalhados?
       — Como ensinar os conteúdos previstos? Que métodos e técnicas
         poderão ajudar? Que atividades desenvolver com os alunos?
         Com quais recursos materiais poderá contar? Como utilizá-los?
       — Como esperamos avaliar de forma contínua?

36
Como ensinar?

Ao fazer esta pergunta, indagamos sobre os procedimentos, métodos e
técnicas que poderão criar as condições adequadas à aprendizagem.

Para alguns autores, as condições que melhor favorecem a aprendizagem são
aquelas que criam entre alunos e professores um clima de afetividade e
estima, etc. Para outros, são os procedimentos didáticos que garantem a
aprendizagem. Com certeza, o elemento afetivo entra no processo ensino-
aprendizagem. Mas é importante que a professora saiba definir seus objetivos,
selecionar os conteúdos, utilizar boas técnicas de ensino e avaliar
constantemente seus alunos.

Não podemos esquecer que todo projeto educativo tem como base uma
concepção de educação, acontece num determinado contexto sócio-econômico
e cultural e envolve pessoas de uma classe social bem definida na sociedade.

Desta forma, a opção que o(a) professor(a) faz por um método, uma técnica e
pela forma de orientar as atividades didáticas não pode se dar por acaso. Sua
opção precisa ser coerente com seu projeto político-pedagógico.

     Você já pensou se os procedimentos didáticos que você utiliza
     atendem às características dos seus alunos?



             Tirando as dúvidas: métodos e técnicas?

     É comum confundir método e técnica de ensino.

     Um método é o modo sistemático e organizado pelo qual o(a)
     professor(a) desenvolve suas atividades, tendo em vista à
     aprendizagem dos alunos.

     Para utilizar um método, o(a) professor(a) se vale de técnicas.
     Assim, técnica é um conjunto de procedimentos didáticos que a
     professora utiliza para operacionalizar o método.

                                                                                37
Por exemplo, o texto é um recurso que o(a) professor(a) pode
          utilizar para que os alunos aprendam um assunto. O estudo
          através da leitura de textos constitui uma técnica de ensino.

          Todas as técnicas e todos os métodos têm vantagens e
          limitações.

          As técnicas variam segundo:

          — os objetivos a alcançar - por exemplo, se queremos
            desenvolver nos alunos a capacidade de análise, devemos
            utilizar as técnicas de estudo dirigido ou de trabalho de grupo;

          — a experiência didática do(a) professor(a) - qualquer técnica
            só tem êxito quando utilizada com espontaneidade e
            segurança. Para isso o(a) professor(a) precisa saber o que
            está fazendo;

          — as características dos alunos - interesses, motivações,
            necessidades, idade etc.;

          — o tempo disponível para realizá-las - não é boa coisa deixar
            o trabalho incompleto.



     De olho na prática

     Vamos observar o planejamento de um projeto pensado e organizado para
     uma turma da EJA, numa zona rural.

          O Instituto Lumiar mantém na cidade de Mairinque, estado de São
          Paulo, um curso para jovens e adultos, em parceria com a Prefeitura
          local.

          A escola que abriga o curso fica na zona rural da cidade e os alunos
          são pequenos colonos, que se dedicam a cultivar alguns produtos
          agrícolas ou criar alguns animais.
38
Para romper com a pouca participação dos alunos, os professores
passaram a observar mais atentamente o dia-a-dia dos(as) alunos(as).
Ao ouvir os alunos e alunas, perceberam que ali estava o conteúdo para
o projeto que buscavam realizar.

Projeto da horta e derivados do leite

Áreas de concentração: Matemática & Ciências Naturais
Meses: outubro/novembro - 2005

Metas:

A partir do eixo temático “os ciclos da natureza”, serão desenvolvidos
projetos que possibilitam aprofundar e ampliar o conhecimento dos
processos da natureza, de modo a dar consistência a sua defesa e
proteção.

Objetivos
Que o estudante seja capaz de:

— ampliar e construir noções de medida, pelo estudo de diferentes
  grandezas, com base em sua utilização no contexto social e da
  análise de alguns dos problemas históricos que motivaram sua
  construção;
— trabalhar com diferentes grandezas, selecionando unidades de
  medida e instrumentos adequados a precisão requerida;
— interpretar situações de equilíbrio e desequilíbrio ambiental
  relacionando as informações sobre a interferência do ser humano e a
  dinâmica das cadeias alimentares;
— compreender a alimentação humana, a obtenção e a conservação dos
  alimentos, sua digestão no organismo e o papel dos nutrientes na sua
  constituição e saúde;
— compreender diferentes ecossistemas, incluindo o clima, o solo, a
  disponibilidade de água e suas relações com os seres vivos,
  identificados em diferentes “habitats” em diferentes níveis na cadeia
  alimentar.

                                                                          39
Temas         Educandos         Plano de Atividades        Produtos
                        Mestres
                                        — Medição da área
       Lavoura:      Robson, Meire,       para plantação das     — Horta da
       café,         Josefina,            mudas;                   escola;
       algodão,      Aparecida,
       arroz,                           — Eliminação de          — Capítulo de
                     Marlene,             pragas;                  livro sobre a
       feijão,
       milho.        Devanil,           — Queima do terreno;       lavoura;
       Produção      Antônio,           — Observação e           — Bazar com
       de            Petruquio,           registros sobre o        produtos
       derivados     Altamiro,
       de leite                           crescimento das          feitos na
                     Ademir,              plantas;                 escola;
                     Fernanda,          — Realização e           — Receitas
                     Mariluce,            registro sobre as        para livro.
                     Elisama,             reações químicas
                     Elaine, Maria        no processo de
                     das Graças,          esquentar o leite,
                     Roberto,             tirar, coalhar etc.;
                     Rodrigo,           — Estudo sobre os
                     Emília.              hábitos alimentares
                                          locais.




                 Você percebeu como a Educação de Jovens e Adultos
                 possibilita uma riqueza de conteúdos?



     O planejamento do(a) professor(a) e o uso de livro didático

     Muitas vezes os professores trocam o que seria o seu planejamento pela
     escolha de um livro didático. Infelizmente, quando isso acontece, na maioria
     das vezes, esses professores acabam se tornando simples administradoras do
     livro escolhido. Deixam de planejar seu trabalho a partir da realidade de seus
     alunos para seguir o que o autor do livro considerou como o mais indicado.


40
Os professores que são administradores de livros abandonam o seu lugar de
sujeito da prática docente e passam a se preocupar apenas com as páginas
que já foram vencidas e com as que ainda restam para percorrer, até o final do
ano.

Na EJA, tendo em vista a grande diversidade dos alunos, é praticamente
impossível existir um livro didático que dê conta das variações de idades,
experiências, interesses e conhecimentos presentes numa mesma sala de
aula.

Isso deve levar o(a) professor(a) a considerar o livro didático como um entre
outros possíveis materiais a serviço do ensino e da produção de novos
conhecimentos pelos alunos.

A professora Regina Fulgêncio, de Florianópolis, utilizou o livro didático com a
sua turma de EJA, de uma forma bem diferente:

           “Trabalho com uma classe de nível intermediário, com alunos e
           alunas de várias idades e ocupações profissionais. Nada é mais
           difícil que escolher um assunto que seja do interesse de todos.
           Esta situação me levou a experimentar as mais diferentes formas
           de trabalhar. Fizemos grupos que se organizavam segundo
           diferentes critérios: por subtemas de um grande tema, por
           interesses, por conhecimentos e, às vezes, até mesmo por
           proximidades de idades, de trabalho, de lugar de moradia.

           Outras vezes tentei escolher algum livro com textos e atividades
           porque sempre, no início do ano, os alunos diziam que queriam
           um livro. Mas, na hora do vamos ver, o livro, apesar dos meus
           esforços, motivava apenas alguns e sempre vinham os mesmos
           comentários: “é muito fácil, isso estou cansada de saber!;” “Não
           entendi nada que estão perguntando;” “Já tinha feito isso em
           casa,” e assim iam as reclamações.

           Resolvi fazer de forma diferente. Montei uma pequena biblioteca,
           na classe, com 5 ou 6 exemplares de vários livros didáticos.


                                                                                   41
Individualmente ou em grupo, os livros foram passando por todas
                   as mãos. Duas vezes por semana tínhamos um tempo reservado
                   para o trabalho com os livros. Foi muito interessante porque no
                   final os alunos tinham uma análise bem crítica em relação aos
                   livros utilizados. Indicavam em qual deles aprenderam mais, qual
                   tinha as melhores histórias, onde a matemática usava mais a
                   cabeça, qual tinha os desenhos mais bonitos e até quais não
                   pareciam feitos para pessoas adultas.

                   Gostei da experiência, afinal tivemos um contato mais produtivo
                   com livros feitos para ensinar mas mantivemos a presença dos
                   materiais que fui escolhendo porque apresentavam o que estava
                   sendo vivido por aqueles alunos, naquele determinado momento.
                   Eram recordes de jornais, de revistas, crônicas de uma situação
                   conhecida, informações em torno das nossas curiosidades que
                   mexeram com cada um de nós.”
                                                                   Regina Fulgêncio


     Parte     6



     O PLANEJAMENTO DA ESCOLA

     O planejamento do(a) professor(a) está dentro de um conjunto maior. É o
     Planejamento da Escola ou Projeto Político-Pedagógico.

     PLANEJAMENTO DA ESCOLA
     OU PLANEJAMENTO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

     É o planejamento geral que envolve o processo de reflexão, de decisões sobre
     a organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da instituição. É um
     processo de organização e coordenação da ação dos professores. Ele articula
     a atividade escolar e o contexto social da escola. É o planejamento que define
     os fins do trabalho pedagógico. Seu objetivo principal responde as perguntas
     “para quê”, “para quem” e “com o quê” a escola vai funcionar. O plano e o
     programa têm um grande significado para esse planejamento.
42
Cada vez um número maior de escolas e professores desenvolvem a idéia de
trabalhar em torno de um projeto pedagógico. Mesmo que nem sempre todas
as tentativas obtenham os resultados esperados, quase sempre expressam o
desejo de encontrar novos caminhos para responder aos grandes desafios do
aprender e ensinar.

Trabalhar em torno de um projeto pedagógico obriga o rompimento com a
visão de ensino compartimentado, em que cada professor(a) preocupa-se
apenas com a sua matéria. Como é próprio da ação humana, a execução de
qualquer projeto implica necessariamente na busca e construção dos
conhecimentos que permitam obter o sucesso pretendido. A classificação
destes conhecimentos pelas várias matérias escolares torna-se secundária.

Vale a pena observar que os projetos pedagógicos convidam a escola a
conhecer e explorar a realidade em que está situada. Um projeto que não
esteja sintonizado com esta realidade, raramente será capaz de empolgar os
alunos a ponto de envolvê-los com o difícil mas gratificante trabalho de
aprender.

O PROJETO PEDAGÓGICO
FAZ DIFERENÇA NO COTIDIANO DA ESCOLA?

Acreditamos que faz muita diferença. Basta pensar numa escola em que os
professores desenvolvem sua programação, entregam os resultados na
secretaria e apenas se encontram para discutir o destino dos alunos nos
conselhos de classe. Nessa escola não existe a possibilidade de se ter
estímulo para levar em frente o trabalho. É o exemplo de uma escola sem
projeto comum, sem organização coletiva em torno dos objetivos que podem
alimentar o esforço individual.

Outra coisa é um grupo que analisa sua escola, as características e
necessidades dos alunos, que se pergunta sobre o sentido do trabalho de
cada disciplina na consecução de metas comuns, tendo em vista a melhoria
do ensino. Uma nova organização do currículo, revisão das normas de
funcionamento, cuidadoso acompanhamento dos alunos e aperfeiçoamento da
competência do(a) professor(a) tomam o lugar dos esforços individuais e do
desgaste de todos, fazendo brotar e se instalar o trabalho coletivo, que
                                                                             43
também exige esforço e não elimina conflitos, mas confere outra qualidade ao
     trabalho e outro nível de satisfação à atuação dos professores.

     Aí, se tem uma escola que constrói seu projeto, ganhando identidade e
     autonomia pedagógica.

     Assim, faz diferença ter projeto e não basta que ele exista no papel. Algumas
     escolas podem desenvolvê-lo, mesmo que demorem para conseguir registrá-lo
     formalmente num documento. Por outro lado, sempre é possível escrever um
     bonito documento sem que ele corresponda à prática de construção do projeto
     comum.

     PARA CONSTRUIR O PROJETO PEDAGÓGICO

     É preciso pensar sobre o que pode mobilizar um grupo na direção da
     elaboração de um roteiro de ação, em torno de objetivos comuns.

     A busca da relação entre a proposta da escola e a compreensão do mundo
     passa pela análise do currículo e de toda a organização do ensino: a aposta
     na aprendizagem de todos passa a guiar esforços de toda a equipe escolar.

     Claro que tal movimento não leva a um projeto pronto e acabado. O que se
     espera é que o projeto vá se tornando mais complexo e se caracterizando,
     cada vez mais como um projeto de educação. A partir daí, o grupo de
     professores irá gradativamente tornando-o melhor e mais adequado.

     Chegar a um projeto pedagógico definido exige esforço e estudo para discutir
     os problemas que se vive na escola e explicar o que vem a ser o trabalho de
     educação. Exige força e coragem para ir além dos limites da sala de aula e da
     escola, para olhar e analisar a realidade à nossa volta, comprometer-se com
     ela, formular respostas e voltar a ver e reconhecer os alunos. Afinal, o
     trabalho de educação significa formar pessoas e isso quer dizer abrir
     caminhos e possibilitar crescimento do melhor de cada um.

     Assim sendo, o projeto político-pedagógico tem o objetivo de ajudar a
     enfrentar os desafios do cotidiano da escola de uma forma refletida. Nele é
     essencial a participação de todos os envolvidos no processo escolar.
44
A INTEGRAÇÃO DAS PRÁTICAS DO(A) PROFESSOR(A)
AO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

Os planejamentos realizados pelos professores vão se unindo coerentemente
ao projeto da escola.

O registro que se segue é um exemplo disso:

           “Como integrei as aulas de matemática ao projeto pedagógico
           da escola

           O projeto pedagógico da escola onde trabalho definiu como meta
           formar o aluno crítico e reflexivo.

           Essa decisão impôs aos professores das diferentes áreas de
           ensino vários desafios. O maior deles foi o de construir uma
           prática pedagógica coletiva a favor do alcance dessa meta, que
           deveria ser conhecida e explicitada por todos, nos diferentes
           momentos.

           Outro desafio que enfrentei foi o de buscar coerência entre o quê
           e como ensinar matemática.

           Eu já compartilhava há algum tempo da concepção de matemática
           que, através da problematização constante, busca garantir a
           participação do aluno na expressão de suas idéias, suas formas
           diferentes de pensar, na elaboração de conjecturas, no levan-
           tamento de hipóteses e no confronto de possibilidades.

           Propiciar aprendizagens significativas via contextualização a partir
           dos problemas cotidianos enfrentados pelos alunos, pelos homens
           e mulheres ao longo de sua história e na sociedade contempo-
           rânea, foi objeto de análise e reflexão.

           Busquei na história da matemática a construção e a reconstrução
           de respostas aos problemas de ordem prática enfrentados pelos

                                                                                  45
seres humanos, tais como: contagem, localização, construções,
                agricultura, divisão de terras, cálculo de créditos e dívidas.
                Esta escolha me permitiu a contextualização de conteúdos
                clássicos como: números e operações, sistema de numeração,
                geometria e medidas.

                O estudo de gráficos, por exemplo, como instrumento de leitura do
                mundo e comunicação, foi contextualizada a partir da definição da
                realidade a ser problematizada, dando significado ao seu estudo
                desde a obtenção e organização dos dados e às diferentes
                possibilidades de expô-los, até a análise e formulação de con-
                clusões que favoreçam posicionamento e tomada de decisões.

                Os jogos como forma atraente e lúdica de propor problemas são
                situações em que os alunos são levados a enfrentar desafios,
                elaborar estratégias, levantar hipóteses, argumentar e desenvolver
                atitudes de autocontrole e cooperação.

                Esse jeito de ensinar matemática, não separando conteúdo e
                forma cria desdobramentos importantes na formação de atitudes e
                valores sobre a realidade social. Favorece o desenvolvimento da
                auto-estima e a construção da identidade dos alunos.

                Favoreceu ainda um sistema de avaliação qualitativa durante todo
                o trabalho, onde os alunos e professores, individual e coletiva-
                mente conseguem identificar avanços e dificuldades se auto-
                avaliando e avaliando o processo de ensino-aprendizagem dos
                quais são sujeitos.” Edna Aoki

     Resumindo alguns pontos significativos

     Planejar é antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e agir de acordo
     com o que foi previsto. Dessa forma o planejamento é algo que se faz antes
     de agir, mas que também acompanha a execução do que foi pensado.

     Para planejar é fundamental partir da realidade e de necessidades vividas


46
pela escola e todos que estão envolvidos com ela: professores, funcionários, e
moradores do seu entorno.

Planejar é comprometer-se com o que foi considerado como de importância
para a solução de questões apresentadas pela situação e espaço onde o
trabalho educativo acontece.

Planejar exige:

  —   estar aberto para o aluno e sua realidade;
  —   eleger prioridades;
  —   ser criativo na preparação da aula;
  —   ser flexível para modificar o planejamento sempre que necessário.

Para planejar é preciso levar em conta:

  —   as características e aprendizagens dos alunos;
  —   os objetivos e o projeto pedagógico da escola;
  —   o conteúdo da etapa ou nível do curso;
  —   as condições objetivas de trabalho.

Planejar é estabelecer:

  — o que vai ensinar;
  — como vai ensinar;
  — o que, como e quando vai avaliar.

Para o(a) professor(a) o planejamento é importante para:

  —   orientá-lo no seu trabalho de ensinar:
  —   os conteúdos a serem desenvolvidos;
  —   os recursos didáticos mais adequados;
  —   os procedimentos que serão usados na avaliação.

Para os alunos o planejamento é importante para:

  — orientá-los no seu processo de aprender;
  — auxiliá-los a organizar seus esforços para atingir o que se espera deles.

                                                                                 47
ALGUMAS CONCLUSÕES

     O ideal é que o planejamento não seja realizado pelo(a) professor(a)
     sozinho(a). Afinal, ele é um processo de interação do(a) professor(a), alunos e
     todas as demais pessoas envolvidas no projeto escolar.

     Na Educação de Jovens e Adultos, é importante levar em conta que os alunos
     não têm tempo a perder. Esse dado da realidade exige uma seleção muito
     criteriosa para privilegiar o que de fato é importante aprender.

     Quando os professores colocam a serviço dos alunos sua competência e sua
     disposição para aprender e ensinar juntos, encontram no planejamento um
     auxiliar para que os alunos consigam aprender e ser mais.




48
BIBLIOGRAFIA



ALMEIDA VIANA, Ilca. Planejamento Participativo na escola - Série Temas
Básicos de Educação e Ensino, Ed. Pedagógica e Universitária, São Paulo -
1986.

DEMO, Pedro. Avaliação Qualitativa - Ed. Cortez, São Paulo - 1991.
Ferreira, Maria das Mercês. Projeto Político Pedagógico, Jornal GIZ, nº 12 -
São Paulo.
FREIRE, Madalena. Avaliação e Planejamento - A prática educativa em
questão- Série Seminários - Espaço Pedagógico, São Paulo - 1997.

FUSARI, José. Planejamento educacional e a prática dos professores -
Revista da Ande, Nº 8, São Paulo -1984.

GANDIN, Danilo e Cruz, Carlos H. Planejamento na sala de aula. Porto Alegre
-1995.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação: mito e desafio - Educação e realidade, Porto
Alegre - 1992.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: Projeto de Ensino-
Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico, 15ª ed., Editora Loyola - 2006-
03-05.

WHITAKER Ferreira, Francisco - Planejamento Sim e Não, 14ª ed. Paz e Terra
Rio de Janeiro - 1979.




                                                                               49

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  • 1. Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário-Executivo José Henrique Paim Secretário da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade Ricardo Henriques
  • 2. TRABALHANDO COM A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO
  • 3. Diretor do Departamento de Educação de Jovens e Adultos Timothy Denis Ireland Coordenadora-Geral de Educação de Jovens e Adultos Cláudia Veloso Torres Guimarães Equipe de elaboração Redação: Cecília Bueno Maria Suemi Salvador Coordenação: Vera Barreto Revisão: Maria Luisa Simões Glória Maria Motta Lara Design gráfico, ilustração e capa Amilton Santana Fotos da capa: Moisés Moraes Agradecimentos: Alice Cerqueira Agda F Edna Aoki Elena Abreu Helena Singer Laura Moraes Lourdes Aquino Mara Sanches Regina Fulgêncio Rita de Cássia Almeida Rosa Antunes Sandra de Oliveira Brasília - 2006
  • 4. Apresentação O Ministério da Educação, para enfrentar os processos excludentes que marcam os sistemas de educação no país, cria, em 2004, a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD). Respeitar e valorizar a diversidade da população, garantindo políticas públicas como instrumentos de cidadania e de contribuição para a redução das desigualdades são os objetivos desta nova Secretaria. A SECAD, por meio do Departamento de Educação de Jovens e Adultos, busca contribuir para atenuar a dívida histórica que o Brasil tem para com todos os cidadãos de 15 anos ou mais que não concluíram a educação básica. Para tanto, é fundamental que os professores e professoras dos sistemas públicos de ensino saibam trabalhar com esses alunos, utilizando metodologias e práticas pedagógicas capazes de respeitar e valorizar suas especificidades. Esse olhar voltado para o aluno como o sujeito de sua própria aprendizagem, que traz para a escola um conhecimento vasto e diferenciado, contribui, efetivamente, para sua permanência na escola e uma aprendizagem com qualidade. Apesar de a educação de jovens e adultos ser uma atividade especializada e com características próprias, são raros os cursos de formação de professores e as universidades que oferecem formação específica aos que queiram trabalhar ou já trabalham nesta modalidade de ensino. Igualmente, não são muitos os subsídios escritos destinados a responder às necessidades pedagógicas dos educadores que atuam nas salas de aula da educação de jovens e adultos. Procurando apoiar esses educadores, a SECAD apresenta a coleção Trabalhando com a Educação de Jovens e Adultos, composta de cinco cadernos temáticos. O material trata de situações concretas, familiares aos professores e professoras, e permite a visualização de modelos que podem ser comparados com suas práticas, a partir das quais são ampliadas as questões teóricas. O primeiro caderno, ALUNAS E ALUNOS DA EJA, traz informações, estratégias e procedimentos que ajudam os educadores a conhecerem quem são os seus alunos e alunas. Questões que abordam o perfil do público da educação de jovens e adultos, tais como: porque procuram os cursos, o que querem saber, o que já sabem e o que não sabem, suas relações com o mundo do trabalho e na sociedade onde vivem. Em A SALA DE AULA COMO UM GRUPO DE VIVÊNCIA E APRENDIZAGEM, segundo caderno desta coleção, são apresentadas algumas estratégias capazes de gerar, desenvolver e manter a sala de aula como um grupo de aprendizagem onde cresçam os vínculos entre educador/educando e educandos entre si. Nos dois cadernos seguintes são abordados quatro instrumentos importantes para a prática pedagógica dos professores e professoras: OBSERVAÇÃO E REGISTRO, AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO. São desenvolvidas, entre o conjunto de questões pertinentes aos temas, suas funções e utilidades no cotidiano do educador. O último caderno, O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DOS ALUNOS E PROFESSORES, apresenta orientações e discussões relativas à teoria do conhecimento: como os alunos aprendem e como os professores aprendem ensinando. Boa leitura! Ricardo Henriques Secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade 1
  • 5. Índice A Avaliação e o Planejamento Introdução 3 Parte 1 A Avaliação A avaliação na escola 4 A avaliação como instrumento do(a) professor(a) e do aluno 5 Parte 2 A avaliação um processo contínuo A avaliação inicial 8 Conhecendo e avaliando 9 A avaliação que acompanha todo o ano letivo 17 Como avaliar o trabalho realizado 18 Toda atividade de sala de aula pode servir de avaliação 19 A auto avaliação 24 A avaliação como primeiro passo para o planejamento 25 Parte 3 O planejamento Introdução 26 Um pouco da história do planejamento 27 Planejar X Improvisar 28 Planejamento - o que diz esta palavra? 29 Parte 4 O planejamento do(a) professor(a) Como planejar Para que ensinar 33 O que ensinar? 34 Como ensinar? 37 O planejamento do(a) professor(a) e o uso do livro didático 40 Parte 5 O planejamento da escola O Projeto Político Pedagógico 42 A integração da prática do(a) professor(a) ao projeto político pedagógico da escola 45 Resumindo alguns pontos significativos 45 Algumas conclusões 48 Bibliografia 49 2
  • 6. A AVALIAÇÃO E O PLANEJAMENTO INTRODUÇÃO Pensar e agir é uma marca de todos nós, seres humanos. Afinal, foi pensando e agindo que chegamos ao nosso complexo mundo de hoje. Durante toda nossa história, mulheres e homens criaram, aprenderam e transformaram o mundo tendo em mente alcançar determinados sonhos ou resultados. Algumas vezes, agiram sem ter clareza do lugar onde queriam chegar. Foram, simplesmente, fazendo e constatando o feito. Outras vezes, agiram de modo planejado, estabeleceram objetivos e buscaram alcançá-los intencionalmente. Planejar é a atividade em que se projetam fins e se estabelecem os meios para chegar até eles. Planejar implica fazer escolhas. E, para bem fazê-las é preciso conhecer a realidade para poder determinar onde chegar e de que forma ir até lá. Mas, antes de planejar é necessário descobrir onde estamos, para estabelecer as bases que garantirão a construção do planejamento. Esta prática que precede o planejamento é a avaliação. Neste sentido, avaliação e planejamento caminham juntos. Na escola não é diferente. Avaliação e planejamento se unem à prática pedagógica numa relação contínua. O(a) professor(a) avalia para planejar, planeja para atuar junto aos alunos, para voltar a avaliar, novamente planejar, novamente atuar,... numa onda sem fim. 3
  • 7. Para facilitar o nosso estudo, vamos tratar a avaliação e o planejamento em momentos separados. Apenas para facilitar a nossa análise. Na prática estão sempre juntos. Parte 1 A AVALIAÇÃO Diz o dicionário que avaliar significa dar valor de uma realidade com referência a uma expectativa ideal. A definição pode parecer complicada, mas de uma forma ou de outra todos nós nos envolvemos, freqüentemente, com algum tipo de avaliação. É o que fazemos quando consideramos uma música bonita, um objeto pesado, uma bolsa cara, uma roupa apertada etc. Embora presente em atos tão simples do dia a dia, a avaliação é também uma forma de localizar as necessidades e se comprometer com sua superação. Na escola, ela só deveria existir para orientar o trabalho dos(as) professores(as) e dos alunos. A AVALIAÇÃO NA ESCOLA Durante muito tempo, a avaliação foi considerada pelos professores e alunos como um instrumento para medir os acertos e erros dos estudantes, com o objetivo de dar a eles uma nota ou conceito. Era usada como uma espécie de fita métrica, colocada na mão do(a) professor(a) para medir o nível de conhecimentos dos alunos. Os professores da educação de jovens e adultos sabem muito bem como este modelo de avaliação contribuiu para a baixa-estima dos alunos que hoje retornam à escola, cheios de temor e insegurança. Além disso, essa 4
  • 8. avaliação quase nada interferiu para mudar o jeito de ensinar do(a) professor(a) e o jeito de estudar do(a) aluno(a). Como na educação, geralmente, as mudanças acontecem muito lentamente existe, ainda hoje, muita gente que continua pensando e agindo dessa forma. A AVALIAÇÃO, COMO INSTRUMENTO DO(A) PROFESSOR(A) E DO ALUNO(A) A avaliação tem como função primeira orientar o trabalho do(a) professor(a) e o estudo dos alunos. Assim compreendida, ela se faz presente, desde o início da prática educativa, quando oferece elementos para que o(a) professor(a) possa fazer o seu planejamento. Além disso, a avaliação acompanha todo o processo educativo, orientando o(a) professor(a) e os alunos na busca dos objetivos planejados. Vamos ver como isso acontece, seguindo um relato feito por Sandra, uma professora da EJA, em São Bernardo do Campo: “Esta semana choveu sem parar e vários alunos perguntavam por que a rua onde moravam estava alagando se antes isso nunca havia acontecido. Com jornais e revistas, previamente escolhidos, buscamos respostas para as nossas perguntas. Encontramos muitas explicações para as enchentes que atrapalhavam a vida dos moradores em muitos pontos da cidade. Foi, também, uma boa oportunidade para analisar o texto informativo de um jornal ou revista. No final, pedi aos alunos que em grupos apresentassem o que mais havia chamado a atenção deles e o que haviam aprendido com o trabalho. Minha surpresa foi muito grande quando, indo de grupo em grupo, fui descobrindo que as dificuldades eram grandes e os enganos numerosos. As interpretações dadas ao material lido eram muito distantes das reais intenções dos autores. Por se tratar 5
  • 9. de textos informativos esta situação gerou grandes distorções. Na apresentação dos grupos, avaliei melhor o quanto me enganei com a forma escolhida para o trabalho. Tive que reorganizar o meu planejamento agora com outros materiais e partindo de noções que tinha considerado desnecessárias. Se a própria origem da chuva era desconhecida, como poderiam ser compreendidas todas as questões que, no primeiro momento planejei estudar?” Sandra Oliveira Sandra se valeu da avaliação em dois momentos: no primeiro, para escolher o que ia trabalhar na sala de aula e, no segundo, para descobrir o quanto os alunos atingiram dos objetivos esperados. No primeiro momento, a avaliação orientou o trabalho da professora: ela avaliou que as perguntas dos alunos, vindas da situação que viviam, apontavam as chuvas e suas conseqüências como um tema significativo. Percebeu também que esse conteúdo, mais próximo da geografia, propor- cionaria conhecimentos da linguagem informativa (dos jornais, revistas, livros didáticos), da matemática (cálculos dos prejuízos causados pelas cheias, comparação de volumes de água e outros mais). Com esses dados, mais os conhecimentos que tinha dos alunos, ela planejou o seu trabalho. Em seguida, partiu para a realização dele. Sandra valeu-se novamente da avaliação para observar o trabalho dos alunos e descobriu que haviam sérios enganos na forma como entenderam o conteúdo apresentado. Para chegar a essa constatação, ela não precisou fazer nenhuma prova escrita, com perguntas e respostas. A simples 'leitura' das produções dos alunos indicou que os objetivos esperados não tinham sido atingidos. Sandra se valeu dessa avaliação para ajustar o seu planejamento às reais necessidades dos alunos. Procurou textos mais simples, começando o desenvolvimento do tema pela questão da origem da chuva (ciclo da água). 6
  • 10. A avaliação possibilita aos alunos e ao(a) professor(a) rever até onde conseguiram atingir seus objetivos. Mostra, também, onde eles precisam agir para alcançar os objetivos esperados. O processo vivido pela professora Sandra é o mesmo que o professor espanhol, Antoni Zaballa, nos aponta através de uma comparação entre as ações de um(a) professor(a) no ato de avaliar e as que uma dona de casa realiza ao fazer compras domésticas. Dona de casa Professor Observa o que tem na despensa Procura saber o que os alunos já sabem e o que necessitam aprender (avaliação inicial) Anota o que falta. Faz isso de Seleciona os conteúdos e acordo com seus objetivos: atividades que serão propiciar uma alimentação desenvolvidas. saudável, não desperdiçar etc. Vai ao lugar das compras. Vê Periodicamente, observa o que produtos novos, promoções que já foi conseguido analisando o podem mudar o seu desempenho dos alunos. planejamento inicial. Faz mudanças, como trocar um Repensa todo o processo para produto por outro de melhor reforçar os pontos considerados preço, de fabricação mais deficientes e facilitar a recente. aprendizagem. 7
  • 11. Parte 2 A AVALIAÇÃO - UM PROCESSO CONTÍNUO A avaliação, tal como a vemos, é um valioso instrumento do(a) professor(a) e acompanha todo o processo de ensino/aprendizagem. Diferentemente da avaliação tradicional, que é realizada geralmente no final do ano letivo, falamos de uma avaliação que se faz presente durante toda a duração do processo educativo. No início, ela serve para dar aos professores os elementos fundamentais para a realização do seu planejamento. Para isso informa: quem são os alunos, que conhecimentos trazem, quais suas curiosidades frente ao saber, seus desejos etc. Durante o trabalho de sala de aula, ela oferece os dados para que o(a) professor(a) possa agir como um(a) orientador(a) sempre atento(a) para que todos consigam chegar, com ele(a) até a meta esperada. Para isso 'puxa pela mão' os que ficam atrasados, diminui os passos para ter certeza que o grupo está conseguindo acompanhá-lo(a), imagina formas para diminuir as dificuldades encontradas, levando todos a se envolver e se ajudar. Para desenvolver esse papel, o(a) professor(a) precisa da avaliação para estar atento(a) ao que acontece com seus alunos. A AVALIAÇÃO INICIAL Estamos chamando de avaliação inicial aquela que se dá no começo do trabalho escolar, quando começamos a saber quem são as alunas e alunos, os colegas professores e a realidade que envolve a todos nós. Na EJA, muitas vezes, a avaliação tem seu começo na formação das turmas. Todos os anos chegam à escola alunos e alunas em diferentes níveis de escolaridade. Nem sempre é fácil definir qual a série ou etapa mais adequada para cada um deles. Tem gente que traz no histórico escolar uma escolaridade que o passar do tempo em grande parte já apagou da memória de quem traz o documento. Muitos são pessimistas, acreditam não saber quase nada, quando 8
  • 12. isso não corresponde à verdade. Outros não foram à escola, mas tiveram algum parente ou amigo que desempenhou junto a eles, o papel de professor. E tantas outras situações. Para resolver essas questões, as escolas buscam diferentes saídas que envolvem algum tipo de avaliação: — a realização de testes para conhecer o nível de escolaridade; — entrevistas com os interessados com o objetivo de avaliar os conhecimentos considerados básicos, como: ler, escrever e contar; — E outras formas mais... sem contar quando a única possibilidade é formar uma única classe com todos os candidatos. CONHECENDO E AVALIANDO Vamos retomar o que dizíamos. A avaliação faz parte da ação do(a) professor(a) desde o seu primeiro contato com os alunos. Os primeiros dias de aula são de grande importância para “quebrar” as possíveis resistências e começar a construção de uma relação de confiança. São, também, momentos propícios para, por exemplo, conhecer o grupo quanto às experiências escolares já vividas; as profissões que, atualmente, desempenham ou a forma como ganham a vida; as cidades de origem; os grupos familiares, as expectativas em relação ao futuro etc. Nessas conversas, vão sendo percebidos os “jeitos” de cada um - quem é muito falante, quem é mais tímido, quem está sempre risonho, quem desponta logo como uma liderança enfim, as características de cada um dos alunos. A percepção dessas características levou Elena, uma professora que começava a trabalhar com jovens e adultos, a pôr no papel suas descobertas e encantamento em relação aos seus novos alunos: “Como são sabidos os meus alunos! Tem gente que pensa que quem não sabe ler e escrever é uma 9
  • 13. pessoa ignorante. Como estas pessoas estão enganadas! Sou uma alfabetizadora de jovens e adultos e cada dia vou descobrindo mais o quanto sabem meus alunos. “Seu” Luís faz bancos e cadeiras. Tudo na medida exata, com o maior capricho. A Elsa é cozinheira de forno e fogão. Conhece tudo que é receita de cor e não se atrapalha com as medidas das quantidades. Odailton sabe cuidar muito bem dos filhos enquanto vende os ovos que buscou numa granja. Desempregado há mais de dois anos, consegue espichar o dinheiro que ganha junto do que vem das faxinas feitas pela mulher. Marlene sabe muito sobre remédios caseiros, conhece tudo que é planta. Jorge, tem 16 anos, mas já entende de jardinagem, uma profissão da família dele, desde o tempo de seu avô. Elisa sabe andar por toda a cidade e resolve facilmente todos os pagamentos das contas da patroa. Aldo constrói casas, Manuel faz ligações elétricas e Arlinda monta brinquedos numa fábrica. “Tenho a escola da vida” dizem todos com razão. Adão é calado, mas resolve problemas de matemática com uma rapidez espantosa. Cida aprendeu a costurar com a mãe e nunca mais esqueceu. Mesmo sabendo tantas coisas eles acreditam que sabem muito pouco, quase nada. Dentro deles vive um sentimento de inferioridade difícil de arrancar.” Elena Abreu Você se lembra de quando começou a trabalhar na EJA? Tente relembrar o que foi novidade para você. Não deixe de escrever sobre suas descobertas. A avaliação inicial faz com que o(a) professor(a) tenha os elementos básicos para fazer seu primeiro planejamento. Ela permite a escolha do primeiro tema a ser desenvolvido e das primeiras atividades que serão trabalhadas. 10
  • 14. Conhecer o que os alunos sabem não é uma tarefa só para primeiras semanas de aula, mas uma preocupação permanente do(a) professor(a) em todas as atividades que propõe. Ele(a) deve sempre considerar o que os alunos já sabem sobre o que vai ser tratado na sala de aula. Afinal, é partindo do que se conhece que construímos novos conhecimentos. Quando o(a) professor(a) vai conhecendo seus alunos, vai avaliando onde deve atuar, o que deve priorizar, qual a melhor forma de agir. Esta avaliação primeira, chamada de avaliação diagnóstica, indica a direção a seguir. Como sugestão, apontamos alguns aspectos que consideramos importantes na hora de conhecer mais os alunos : História de vida O trabalho – Dados pessoais: nome – Experiências: qual o trabalho completo, data de nascimento, atual, que outros trabalhos já cidade onde nasceu, teve, o que gostaria de fazer, – Escolaridade: se já foi à escola, – Aprendizagem profissional: quando, por quanto tempo, por como aprendeu o trabalho que que saiu, o que espera do faz atualmente, já fez algum curso, curso ligado ao trabalho, – Família: estado civil, com quem gostaria de fazer algum, qual, mora, filhos, – Rotina diária: quantas horas – Participação comunitária: trabalha por dia, quais as freqüenta igreja, faz parte de folgas, qual o tempo gasto nas alguma associação, sindicato, idas e vindas entre casa e trabalho. 11
  • 15. Descanso e diversão Contato com a escrita – O que faz nos momentos de – Se tem jornais, revistas em descanso, o que gostaria de casa, quais, fazer, – O que gosta ou gostaria de ler, – Qual a diversão predileta, que – Se precisa usar a escrita no tempo se dedica a ela, trabalho, pouco, nunca, muitas – Em companhia de quem se vezes, diverte, descansa, sai com os – Se já escreveu ou recebeu filhos, onde vão, cartas, – Gosta de ver televisão, quais os – Se precisa ir ao banco, programas preferidos, – Onde sente mais a necessidade – Faz trabalhos manuais, de saber ler e escrever bem, artesanato, – Vai a festas, quermesses, parques. Além dos aspectos mais gerais, os primeiros dias de aula podem servir para o detalhamento de conhecimentos considerados valiosos para o trabalho escolar. Acompanhe a “pesquisa” que a professora Mara Sanches fez em relação ao nível de alfabetização de seus alunos de uma classe inicial de EJA. Como todos os professores, Mara sabia que os alunos chegam à sala de aula com diferentes saberes e queria levar em conta este dado tão importante. Para isso, propôs aos alunos que escrevessem algumas palavras e uma frase que ela iria ditar. Os alunos poderiam escrever da forma como imaginavam ou sabiam. A maioria deles já tinha passado pela escola, os homens trabalhavam como ajudantes na indústria e as mulheres, quando trabalhavam fora de casa, eram faxineiras. Tinham, portanto, contatos com o mundo letrado. 12
  • 16. Foram ditadas palavras com diferentes níveis de escrita e uma frase: — CABELO , NOVELA, NOVELO, LÁPIS, PÉ, PRATO — Vivo numa cidade muito calma. Os resultados foram colocados num quadro, segundo a classificação feita pela professora: Grupo A Grupo B Inventou escritas e letras, como: Usou letras do alfabeto mas de forma Indiscriminada, como: Grupo C Grupo D Escreveu silabicamente (isto é, Escreveu alfabeticamente (cons- usou letras para representar síla- truiu sílabas na maior parte das bas na maior parte das vezes), vezes), como: como: 13
  • 17. Colocado num quadro, foi este o resultado da sondagem GRUPO A GRUPO B GRUPO C GRUPO D Alice Tadeu Nilda Claudete Elias Dalva Carmela Cássio Elvira Margarida Dirceu Dirce Orlando Nair Adão Durval Jandira Jair Jeremias Nilda Vilma Cláudio Marta Francisco Mário Ondina Gisele Rosângela Mauro Ivanete Célia Seria possível a professora Mara desconsiderar as diferenças de conhecimentos de seus alunos, em relação à escrita ? Mara renunciou a agir como se todos os alunos estivessem à mesma distância do seu objetivo: saber ler e escrever. Decidiu respeitar os pontos de partida de cada um e criar um planejamento diferenciado em três estágios. Dessa forma, organizou o tempo de tal jeito que permitiria trabalhar com as necessidades específicas que os diferentes grupos exigiam. Pensando ainda nos diferentes pontos de partida que encontramos em todas as classes e, também nas classes da EJA, é oportuna a reflexão de Laura, outra professora de jovens e adultos, na cidade de Natal. “O ano está acabando e devo avaliar e falar do desempenho de meus alunos. Preciso dizer se foram bem, se progrediram como esperávamos ou não. Tinha certeza que 21 dos meus 32 alunos 14
  • 18. tiveram sucesso, cumpriram as metas desejadas. Eram os mais jovens, que estiveram mais tempo na escola, quando criança. Mas havia um grupo, uns cinco alunos, que não conseguiu o esperado. Fui pensando em cada um deles. Tinham uma vida muito difícil, vieram da zona rural, tinham um trabalho puxado e muita vontade de aprender. Pensando, cheguei na Dona Dedé. Na minha pasta encontrei seus trabalhos do começo do ano. Só fazia rabiscos! Fui lembrando: toda hora seu lápis caía no chão, ela não conseguia segurá-lo bem. Depois vieram as dificuldades até para escrever seu nome, Deolinda. No dia que escrevi para ela 'Dedé', me perguntou se podia escrever só desse jeito porque Deolinda tinha muito escrito e 'doía nos dedos'. Continuei pensando: quem disse que Dona Dedé não aprendeu? Meu Deus! Ela não lê nem escreve como gostaríamos, mas avaliando o que aprendeu para chegar onde hoje está, para formar pequenas frases, eu teria que dizer que ninguém, na minha classe, aprendeu tanto. Ela foi a campeã! Se olho só no que ela é capaz de fazer hoje, Dona Dedé fracassou. Se comparo o que sabe hoje com que sabia no começo do ano, Dona Dedé foi uma vencedora.” Para decidir que tipo de ajuda é preciso dar ao(à) aluno(a), é preciso conhecer antes quais os conhecimentos que ele(a) necessita para continuar progredindo. AVALIANDO A ESCRITA Ao perceber as dificuldades dos seus alunos na escrita, a professora Alice, que considerava a alfabetização como uma tarefa de toda a escola, reuniu suas observações num quadro. Levou-o para os outros professores, que também trabalhavam com mesma classe, com o objetivo de traçarem, coletivamente um plano de ação para melhoria da leitura e da escrita dos alunos. 15
  • 19. No quadro abaixo, os alunos estão representados por seu número de chamada. ALUNOS ASPECTOS OBSERVADOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1. Lê com muita dificuldade /sem compreensão 2. Lê com dificuldade/com compreensão 3. Lê com dificuldade /pouca compreensão 4. Lê com dificuldade e boa compreensão 5. Escreve muito mal/não dá para compreender 6. Escreve com erros/dá para compreender 7. Escreve bem/com compreensão 8. Escreve ortograficamente /com compreensão Mais uma vez, cabe ao(a) professor(a) descobrir o que os alunos sabem sobre determinado conceito, fato ou atitude. Essa avaliação inicial indica para o(a) professor(a) qual o grau de aprofundamento que deverá ter como meta. Além disso, dá aos alunos a consciência do que sabem e do que precisam aprender. 16
  • 20. No começo tudo é novo, cheio de informações que poderão ser úteis para o conhecimento dos alunos. Ao olhar a classe, vale a pena observar não só os aspectos ligados aos conhecimentos, mas também as diferentes formas de atuar, as atitudes que vão sendo desenvolvidas. Um olhar que dê conta dos que chegam atrasados, dos sempre apressados, dos que demonstram muito cansaço, dos que são só alegria, dos muito calados, dos que mantém a cabeça baixa, dos que têm medo de falar, dos que trazem todos os materiais escolares e dos que chegam de mão abanando, e assim por diante... A AVALIAÇÃO QUE ACOMPANHA TODO O ANO LETIVO A avaliação não acaba quando todos já são conhecidos o suficiente para o trabalho andar. O processo de aprender demanda um acompanhar atento sobre o que vai acontecendo com alunos e professores. Assim, a avaliação continuada vai indicando as dificuldades e facilidades que estão sendo encontradas pelos alunos e professores. Como o próprio nome indica, ela vai acontecendo durante todo o período escolar. É uma avaliação que exige reflexão e interpretação dos acontecimentos e atividades realizados na sala de aula à medida em que ocorrem. Ela propicia informações que devem ser analisadas por todos os participantes. É, portanto, um processo que envolve professores e alunos. Os alunos participam falando ou demonstrando o que aprenderam, as dificuldades que conseguiram vencer e o que ainda falta aprender. Para poder contar com a participação conseqüente dos alunos, o(a) professor(a) precisa ouvi-los com atenção, além de valorizar as observações que fazem. 17
  • 21. Muitas vezes um simples comentário do(a) professor(a) sobre o trabalho ou atitude do aluno tem um efeito imenso. Criar um clima que estimule a coragem de se expor em classe pode demorar algum tempo, particularmente quando são alunos jovens e adultos, que não estão habituados a ver suas opiniões levadas em conta e valorizadas. Entretanto, é fundamental a existência desse clima. A avaliação continuada ajuda o(a) professor(a) a rever os procedimentos que vem utilizando e a replanejar sua atuação buscando novas alternativas de ação. COMO AVALIAR O TRABALHO REALIZADO Existem diferentes encaminhamentos que ajudam o(a) professor(a) a avaliar o seu trabalho. Estas são, apenas, algumas delas: — a observação é o primeiro passo para perceber as dificuldades encontradas; — no diálogo professor(a) e alunos trocam suas percepções em torno da forma como estão reagindo frente aos novos conhecimentos. O que não foi bem compreendido, os possíveis motivos para as dificuldades encontradas, a descrição da forma como realizam as atividades propostas; — a organização do material produzido em sala de aula. A organização de uma pasta com os materiais produzidos pelos alunos ajuda na observação dos avanços individuais e coletivos de todos, faz ver onde os objetivos planejados estão sendo ou foram alcançados e ajuda a traçar a história vivida pela classe na construção do conhecimento; — a realização de exposições que mostrem, para a comunidade onde a escola está inserida, o que foi motivo de estudo e que pode ajudar a formar a opinião pública ou beneficiar a vida dos moradores. Temas como: aproveitamento da água; cuidados com a visão; lendo e compreendendo a conta de luz; descubra como diminuir o custo da construção de uma casa, e outros mais, prestam um serviço à comunidade e permite ao(à) professor(a) avaliar os resultados alcançados. 18
  • 22. — a auto-avaliação - situação em que o(a) aluno(a) olha criticamente não só os resultados que obteve mas também o que aconteceu durante sua aprendizagem. É uma forma de avaliação que leva a bons resultados na educação de jovens e adultos. Por ser um tipo de atividade geralmente desconhecida dos alunos é bom ajudá-los, principalmente no início dessa prática. Uma sugestão é começar escolhendo, apenas, alguns pontos para serem observados e registrados por escritos. Alguns exemplos: comente como foi sua participação nos trabalhos de grupos; o que considerou mais importante no seu estudo da matemática; onde e por que encontrou maior facilidade e maior dificuldade nas atividades individuais; que assunto considerou mais interessante aprender e porque. TODA ATIVIDADE DE SALA DE AULA PODE SERVIR DE AVALIAÇÃO Não importa se o instrumento utilizado é uma prova, uma dissertação, um questionário, um jogo didático ou uma exposição oral. O que precisa acontecer é o uso dos resultados para pensar sobre a prática: o(a) professor(a) para pensar a sua prática de ensinar e o aluno para pensar a sua prática de aprender. Entretanto, há atividades que ajudam a avaliar mais adequadamente as práticas dos professores e dos alunos. Estas atividades se caracterizam por serem: — atividades que exigem mais o pensar do que memorizar. Por exemplo: Na compreensão e uso da língua escrita: 19
  • 23. Depois de observar e ler esta conta responda: a) É uma conta de que? d) Em nome de quem foi feita a b) De que mês ela é ? conta ? c) Qual sua data de pagamento? e) Qual o valor cobrado? Na matemática: Resolver situações que exigem pensamento. Quantos quadrados azuis, Num armazém foram empilhadas vermelhos e amarelos faltam para várias caixas como mostra o tabuleiro ficar completo? o desenho. Cada caixa pesa 5 kg. Quanto pesam todas as caixas? 20
  • 24. — Outras atividades que não tenham uma única resposta, ou possibilitam diferentes formas de se chegar a uma conclusão. — Outras atividades que, no seu conjunto, utilizem diferentes tipos de linguagens: desenhos, textos escritos, apresentação oral, montagem de painéis, maquetes etc. – localizar países e cidades num mapa – criar cartões postais relacionados ao bairro onde vive – encontrar ruas num guia – usar a lista telefônica etc. Os cartões abaixo, foram feitos por alunos da EJA e retratam o lugar onde moram: ATIVIDADES DO(A) PROFESSOR(A) QUE AJUDAM NA AVALIAÇÃO DOS ALUNOS São muitos os recursos através dos quais os professores vão avaliando seus alunos. Vamos fazer algumas sugestões nos valendo o mais possível de registros feitos por professores da EJA. Registro das observações sobre o conhecimento dos alunos: Ter um caderno para anotações do que vai sendo percebido na sala de aula 21
  • 25. pode se constituir numa boa “ajuda à memória” do(a) professor(a). O registro de fatos interessantes observados durante o trabalho revelam aspectos que, geralmente, passam despercebidos. “Passando pelas mesas fui descobrindo que grande parte dos alunos usavam o 'ce' quando queriam escrever 'que'.” (Rosa) “É curioso, todos pedem lição de casa mas nunca conseguem trazê-la feita.” (Rui) “Os números que estão nas notas e moedas são escritas e lidas com correção. O mesmo não acontece com os outros números. (Selma) Pequenas avaliações diárias ou semanais Esta prática está ligada ao registro da atividade do(a) professor(a). Poderíamos até dizer que consiste num dos primeiros passos para a sua realização. Nela o(a) professor(a) se pergunta em questões do tipo: – Houve algo que me surpreendeu no dia de hoje? Por quê? – Onde foi mais difícil chegar aos objetivos previstos? Como explico essas dificuldades? – Os alunos chamaram a minha atenção? Como? Em que momento? Cartas como registro da avaliação A carta que segue é de uma professora que vem utilizando esse tipo de texto para comunicar a seus alunos como foram avaliados no último bimestre. Os alunos recebem a carta-avaliação e respondem concordando ou discordando e comentando as observações da professora. “É uma prática bem trabalhosa mas os resultados têm compensado.” Comenta a professora Lourdes. 22
  • 26. “Rosilda, Esta é a segunda carta que lhe escrevo para dizer do seu trabalho. O assunto desta vez está ligado ao trabalho nos meses de agosto e setembro. Primeiro, quero dizer que fiquei feliz com a sua presença quase todos os dias. Viu como assistir às aulas ajuda a aprender? A sua participação foi bem maior, principalmente nos trabalhos de grupo, onde deu boas idéias e soube ouvir os colegas. Durante estes dois meses, 'demos um duro' no projeto de escrita da “Biografia”. Estamos no final e senti que o começo foi difícil porque exigia um trabalho de pesquisa com as pessoas da família e nos livros. Depois de algum tempo, você conseguiu as informações que buscava e pôde usá-las no seu texto. Sua dupla de revisão conseguiu os resultados esperados e as histórias ficaram cheias de detalhes e surpresas. Deu para notar o cuidado com a forma de escrever. As revisões são trabalhosas mas, no final, todos podem perceber quanto o texto se tornou mais fácil e gostoso de ser lido. As questões de ortografia continuam exigindo atenção e, às vezes, consulta ao dicionário. Na Matemática você é craque na conta de cabeça, mas tem muita preguiça na hora de escrever no caderno os cálculos que fez mentalmente. Praticando mais, o que hoje é custoso vai se tornando mais simples. Você já passou por essa experiência no trabalho com a biografia. Apesar do tempo curto, houve progressos na sua forma de organizá-lo. Não tem deixado acumular tarefas, além de conseguir chegar no primeiro horário. Tudo isso repercutiu no seu bom aproveitamento. Continue assim. Um abraço Lourdes Aquino” 23
  • 27. Como você está observando, a avaliação continuada é bem diferente da avaliação que acontecia quando era considerada a etapa final de mais um ano letivo. A AUTO-AVALIAÇÃO A auto-avaliação incentiva o(a) aluno(a) a apropriar-se dos seus conhecimentos, a desenvolver maior atenção em relação aos seus progressos e as suas dificuldades. Por ser uma atividade pouco freqüente na experiência dos alunos, é necessário um processo de introdução a ela. No começo é interessante escolher o que vai ser auto-avaliado. Pode ser uma determinada área de conhecimento, um projeto realizado ou mesmo uma das muitas práticas desenvolvidas na sala de aula, como o trabalho em grupo etc. Algumas perguntas sempre são úteis nas primeiras auto-avaliações: – você realizou todas as atividades propostas na última semana? – o que você não fez? Por quê? – de qual atividade você gostou mais de participar? Por quê? – de qual atividade não gostou de participar? Por quê? – qual era a sua opinião sobre o tema analisado, quando iniciou o estudo? – com o estudo sua opinião mudou? Por quê? – sua opinião não mudou? Por quê? – e outras mais. Alguns alunos são extremamente rigorosos com eles. No oposto, existem alunos que consideram tudo o que fazem como suficiente. Nos dois casos o(a) professor(a) precisa agir estabelecendo parâmetros para uma auto avaliação mais realista. 24
  • 28. PARA PENSAR A avaliação é uma aliada do(a) professor(a) e dos alunos quando: — reconhece e valoriza os progressos do aluno, — indica os objetivos não alcançados de forma clara, — sugere formas para conseguir a superação. A avaliação pouco contribui para o trabalho do(a) professor(a) e dos alunos quando: — o aluno acaba sem entender o que errou, — o aluno não tem oportunidade de resolver suas dúvidas, — leva o aluno a se sentir diminuído. Parte 3 A AVALIAÇÃO - COMO PRIMEIRO PASSO PARA O PLANEJAMENTO Compreender a avaliação da forma como estamos fazendo, mostra que ela é o primeiro passo para o planejamento pedagógico. Esta afirmação representa uma virada muito grande em relação ao papel, que durante muito tempo, a escola deu à avaliação. No nosso ponto de vista, ela deixa de ser um julgamento final do aproveitamento do aluno para, ao contrário, oferecer dados da realidade para que o planejamento do trabalho pedagógico possa ser feito. Para que a avaliação possa oferecer elementos importantes para o planejamento, precisamos nos lembrar que: 25
  • 29. — não podemos exagerar no uso do poder, quando avaliamos. — a avaliação só interessa em função do que vem depois dela e do que ela esclarece. — precisamos saber que avaliar é um processo reflexivo, isto é, uma oportunidade de pensar a prática que fazemos. — o erro é uma fonte de informações para o(a) professor(a) que deve se sentir desafiado(a) a compreendê-lo. Parte 4 O PLANEJAMENTO INTRODUÇÃO O planejamento faz parte da história da humanidade porque mulheres e homens sempre quiseram transformar suas idéias em realidade e isso sempre exigiu planejamento. Todos os dias enfrentamos inúmeras situações que demandam algum tipo de planejamento. Até mesmo um simples passeio envolve planejar: quanto dinheiro pretendo gastar, qual o tempo que disponho, como chegarei ao lugar escolhido, levarei que tipo de lanche, quem convidarei para ir junto e outras questões mais. Como nossas ações diárias vão se transformando em fatos rotineiros, nem nos damos conta dos diferentes planejamentos que estão embutidos nelas. Diferentemente, para realizar as atividades que fogem do dia-a-dia, precisamos pensar e estabelecer uma forma para chegar ao que desejamos. É impossível considerar todos os tipos e níveis de planejamento que são necessários às ações que realizamos. Por tudo isso, o planejamento sempre foi um instrumento importante, em qualquer setor da vida em sociedade: no governo, na empresa, no comércio, em casa, na igreja, na escola, em qualquer outro lugar. 26
  • 30. Com o planejamento podemos definir o que queremos a curto, médio ou longo prazo. Isto significa, que tanto podemos traçar planos para a noite de hoje como para a compra de uma casa, no futuro. Além disso, o planejamento nos leva a prever situações, organizar atividades, dividir tarefas para facilitar o trabalho e até avaliar o que já foi feito. VAMOS CONHECER UM POUCO DA HISTÓRIA DO PLANEJAMENTO Homens e mulheres fizeram planos desde que se descobriram com capacidade de pensar antes de agir. A arqueologia nos mostra desenhos indicando como seriam feitas construções que exigiam tarefas complicadas ou a presença de muita gente na sua execução. Com o crescimento do comércio, no início do capitalismo, a administração das riquezas exigiram novas formas de conduta. O aumento da concorrência entre os comerciantes tornou necessário o saber prever, antecipar situações, projetar novos negócios. Com a industrialização cresceu a produtividade. Tornaram necessárias as previsões das matérias primas, as funções dos operários, os salários, o comportamento dos mercados. A organização racional das empresas chegou à análise das relações entre os trabalhadores. Mais uma vez, o planejamento entrou em cena. Com a industrialização surgiu, também, o planejamento das vendas. No começo do século XX, o planejamento atingiu todos os setores da sociedade causando grande impacto. Como vimos, o planejamento é uma arte que se desenvolveu para melhorar a capacidade de intervenção das pessoas na sua realidade. Na educação não é diferente. Nela o planejamento busca a intervenção mais eficiente do(a) professor(a), organizando melhor os recursos disponíveis: o tempo do(a) professor(a) e dos alunos, o espaço físico, os materiais pedagógicos disponíveis, a experiência dos alunos etc. 27
  • 31. Hoje em dia, a palavra PLANEJAMENTO faz parte do nosso vocabulário diário e ocupa um lugar de destaque nos meios de comunicação. PLANEJAR X IMPROVISAR Podemos dizer que uma ação planejada é uma ação que não foi improvisada. Mesmo assim, sabemos que os improvisos não ficam totalmente afastados porque fazem parte da vida e são esperados em qualquer planejamento. Entretanto, deixamos de improvisar, ou improvisamos menos, quando temos um objetivo em vista e queremos que ele se realize. Quando não sabemos bem aonde queremos chegar, acabamos nos limitando ao momento presente e nos deixamos levar pela improvisação. Mas existem situações onde as improvisações se tornam mais raras. São situações onde: — há várias pessoas participando da ação, todas elas comprometidas com os objetivos comuns e — os recursos para a realização dos objetivos são pequenos. Nessas situações usamos os meios disponíveis da forma mais eficiente possível. Isso exige saber o que é fundamental e que não pode ficar para depois. No relato que segue, a professora Rita de Cássia descreve uma situação de improvisação que, no final, ela considerou como acertada. Provavelmente, isso só foi possível porque Rita não se afastou de seu principal objetivo que era tornar os alunos alfabetizados. “Ontem foi o dia do improviso. Mas o resultado foi muito bom. Será que foi só improviso? Nem tanto, por que foi uma oportunidade de usar muitos dos nossos conhecimentos e tentar chegar a outros. Estava começando a aula, quando “Seu” Antoninho foi até a janela e chamou a minha atenção para umas 28
  • 32. placas grandes que haviam fincado num terreno, bem na frente da nossa sala. Foi a conta. Todos queriam saber o que as placas diziam. Cada um imaginava que era uma coisa diferente. Pediam que eu lesse para eles. Tive, então, uma idéia. Saímos do prédio para juntos ler as placas. Cada um foi destacando o que conseguia ler, no meio de tanto escrito. 'Ali tem o número 2', 'aqueles parecem número de telefone', 'olha, lá está escrito RUA, porque eu li'. Quem sabia mais e eu fomos ajudando até que lemos tudo. A placa anunciava a construção de dois prédios de três andares, com apartamentos de 2 dormitórios. Dizia que a obra ia levar 18 meses para ficar pronta e que as vendas já haviam começado. Voltamos para a sala contentes porque “Seu” Antoninho disse que a construção ia ser uma coisa boa, ia dar emprego para pedreiros e ajudantes e a sala está cheia de alunos com parentes procurando serviço. Mas, disse também, que o apartamento ia ser coisa cara e que nenhum deles nunca ia ter dinheiro para comprar um. O assunto da moradia foi tema de muitos comentários. Com a questão da moradia, ainda na cabeça, decidimos que cada um escreveria o seu endereço, bem completo: rua, bairro ou vila, cidade. Fiquei a disposição para ajudar nessa escrita.” Rita de Cássia Almeida A aula contada por Rita nos confirma que quando a professora tem clareza em relação a seus objetivos consegue superar as deficiências da improvisação. A professora conseguiu criar uma situação de leitura e de escrita bem diferente naquela noite de aula. E, o mais interessante: envolveu os alunos. PLANEJAMENTO - O QUE DIZ ESTA PALAVRA? Consultando o dicionário encontramos: Planejamento - Ato ou efeito de planejar. Trabalho de preparação para qualquer empreendimento, segundo roteiro e métodos determinados. (Dicionário Aurélio) 29
  • 33. Planejamento - Serviço de preparação de um trabalho, de uma tarefa, com o estabelecimento de métodos convenientes; planificação. Determinação de um conjunto de procedimentos, de ações, visando à realização de determinado projeto. (Dicionário Houaiss) Num sentido amplo, planejamento é um processo que visa dar respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua resolução, de modo a atingir objetivos antes previstos, pensando e prevendo necessa- riamente o futuro, mas considerando as condições do presente, as experiências do passado e os diferentes aspectos da realidade. Desta forma, planejar e avaliar andam de mãos dadas. Na escola existem diferentes planejamentos que devem se articular em torno dos mesmos princípios e da mesma visão de conhecimento. PLANEJAMENTO CURRICULAR É a proposta geral das aprendizagens que serão desenvolvidas. Funciona como a espinha dorsal da escola. O planejamento curricular envolve os fundamentos das área que serão estudadas, a proposta metodológica escolhida e a forma como se dará a avaliação. PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO OU PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO É o projeto integral da escola. Envolve os aspectos pedagógicos, comunitários e administrativos. Em função da sua grande importância, voltaremos a ele mais adiante. Existem outros termos que se referem ao planejamento. Vamos acrescentá-los: Plano: um documento utilizado para o registro de decisões, como o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com quem fazer. Todo plano começa 30
  • 34. pela discussão sobre os fins e objetivos do que se pretende realizar. Na educação, ele apresenta de forma organizada as decisões tomadas em torno das práticas educativas que serão desenvolvidas. O plano é produto do planejamento e funciona como guia do(a) professor(a). Como acompanha uma prática, está sempre sujeito a modificações. Há diferentes planos na educação Plano Nacional de Educação: nele se reflete a política educacional de um povo, num determinado momento da história do país. É o de maior abrangência porque interfere nos planejamentos feitos no nível nacional, estadual e municipal. Plano de Curso: é a organização do conjunto de matérias que vão ser ensinadas e desenvolvidas durante o período de duração de um curso. O plano sistematiza a proposta geral de trabalho do professor. Plano de Ensino: o plano de disciplinas, de unidades e experiências propostas pela escola, professores, alunos ou pela comunidade. Ele é mais específico e concreto em relação aos outros planos. Plano de Aula: é o plano mais próximo da prática do professor e da sala de aula. Refere-se totalmente ao aspecto didático. Projeto: a palavra projeto significa ir para a frente. O projeto traz a idéia de movimento. No projeto são registradas as decisões das propostas futuras. Como tudo que envolve mudança, projetar significa sair de uma situação conhecida para buscar uma outra. 31
  • 35. Parte 5 O PLANEJAMENTO DO(A) PROFESSOR(A) Com registros em cadernos, fichas, ou qualquer outra folha de papel, boa parte dos professores planeja o que pretende desenvolver na sala de aula. Mesmo assim, há professores que dizem que o planejamento é dispensável. Muitas delas afirmam que não sentem, como necessário, fazer o planejamento por escrito, uma vez que já tem tudo pronto na cabeça. Você concorda com esta afirmação? Por quê? Como você e seus colegas planejam o trabalho de sala de aula? Para outros professores, o planejamento é o cumprimento de uma exigência apenas burocrática. Provavelmente, um planejamento feito com esse espírito não tem função no dia-a-dia porque não corresponde a nenhuma necessidade apontada pela avaliação da realidade onde o trabalho acontecerá. Infelizmente, existem professores que trabalham na base do improviso: “Na hora eu decido o que vou fazer com os alunos.” Outros, transformam o livro didático em plano de trabalho. Dizem: “É mais prático, não tenho tempo para ficar criando novidades.” Ainda outros, repetem todos os anos o mesmo plano: “Afinal, para que mudar?.” Para o(a) professor(a) comprometido(a) com seu trabalho, o planejamento faz parte do processo de tomada de decisão sobre a sua forma de agir, no dia-a-dia da sua prática pedagógica. Nele estão envolvidas ações e situações que se dão de forma continuada entre professor(a) e alunos e alunos entre si. 32
  • 36. COMO PLANEJAR Para planejar, o(a) professor(a) precisa responder a algumas perguntas: Para que ensinar? Pergunta que leva aos objetivos; O que ensinar? Pergunta que faz pensar na seleção dos conteúdos; Como ensinar? Pergunta que faz escolher quais métodos e técnicas usar. Para que ensinar? Esta pergunta nos leva a considerar onde esperamos chegar com o nosso trabalho educativo. Isto significa dizer quais os resultados que buscamos atingir. Mas, só temos condições de estabelecer esses objetivos depois de analisar o grupo de alunos, com as suas características, seus limites, suas histórias de vida e suas facilidades. Sem estas considerações corremos o risco de tornar o nosso planejamento um instrumento sem função, inútil por não corresponder às verdadeiras necessidades dos envolvidos. Esse processo de definição dos objetivos se torna muito mais eficiente quando envolve os alunos. Afinal, esse processo é tão importante para o(a) professor(a) quanto para eles. Alguns cuidados são importantes na definição dos objetivos que buscamos com o nosso trabalho. É preciso que os objetivos escolhidos sejam: — claros, objetivos - para que não deixem dúvidas. Os objetivos devem ser expressos de tal forma que tenham o mesmo significado, tanto para o(a) professor(a) quanto para o aluno. Para isso devem estar numa linguagem simples e de fácil compreensão; 33
  • 37. — viáveis - ou de possível realização. A escolha dos objetivos deve levar em conta as condições reais do grupo e da escola, respeitando sua capacidade, interesse e motivações; — apresentados na sua totalidade - os objetivos devem ser apontados como uma ação que envolve atividades a serem realizadas ou comportamentos a serem demonstrados; — possíveis de serem avaliados - os objetivos devem deixar evidentes os conteúdos que serão desenvolvidos, para que permitam conhecer o avanço dos alunos no domínio deles. O que ensinar? O que ensinar é a pergunta que nos leva aos conteúdos, isto é, ao conhecimento a ser desenvolvido. Abrange tanto os conhecimentos que a humanidade acumulou durante sua história - informações, dados, fatos, princípios e conceitos - quanto atitudes e comportamentos. Na hora de escolher os conteúdos, alguns critérios devem ser levados em conta. Apontando alguns deles, podemos dizer que os conteúdos devem: — ter validade - devem ser os mais importantes e significativos para a realidade e a época em que se vive; — ter significado - devem estar relacionados com os alunos, suas histórias de vida, suas experiências e motivações; — possibilitar a reflexão - devem levar o aluno a associar, comparar, compreender, selecionar, organizar, criticar e avaliar os próprios conteúdos; — ser flexível - devem estar sujeitos a modificações, adaptações, renovações e enriquecimentos; — ter utilidade - deverão considerar as exigências e as características do contexto sócio-econômico e cultural dos alunos; 34
  • 38. — ser viável - os conteúdos deverão ser possíveis de aprendizagem dentro das limitações de tempo e dos recursos que temos. A razão de ser desses critérios é apontar para aspectos que facilitam o trabalho pedagógico. Mas, não podemos esquecer que os conteúdos mais válidos são sempre aqueles que melhor levam os alunos a responder as suas necessidades, fazendo-os aprender o que é mais útil para a vida deles. Na educação de jovens e adultos, os conteúdos devem permitir aos alunos o exercício pleno da cidadania, o saber indispensável às suas ações que vão desde desempenhar uma profissão até participar de sua comunidade. A organização dos conteúdos Precisamos lembrar que planejar não é apenas relacionar atividades a serem desenvolvidas. É um processo de: — conhecer a realidade sobre a qual se vai trabalhar; — propor ações para influir nela e — desenvolver as ações propostas avaliando sempre seus resultados para a continuidade do mesmo processo: avaliação, planejamento, execução e avaliação, e assim por diante. 35
  • 39. Pensando assim, o planejamento que o(a) professor(a) faz envolve aspectos que são nossos velhos conhecidos: O conhecimento dos alunos - o que eles já sabem, suas experiências de vida, suas expectativas, motivações etc; A concepção que orienta o nosso projeto de educação - que tipo de pessoa queremos formar; A realização de atividades de aprendizagem que respondem ao nosso projeto - a coerência entre o que fazemos e o projeto educativo é fundamental; A avaliação - que deve ser permanente, de todas as atividades desenvolvidas. Mais uma vez você deve ter percebido que há um emaranhado entre planejamento, avaliação e prática pedagógica. Questões fundamentais: — Quem são seus alunos? Em que trabalham? O que já sabem? O que esperam aprender? — Quais são os objetivos da prática educativa que vai ser desenvolvida? — Como será feita a avaliação inicial? — O que vai ser ensinado? — Qual o tempo que dispomos? Quantas horas de aula os alunos terão por dia? — Como distribuir os conteúdos que serão trabalhados? — Como ensinar os conteúdos previstos? Que métodos e técnicas poderão ajudar? Que atividades desenvolver com os alunos? Com quais recursos materiais poderá contar? Como utilizá-los? — Como esperamos avaliar de forma contínua? 36
  • 40. Como ensinar? Ao fazer esta pergunta, indagamos sobre os procedimentos, métodos e técnicas que poderão criar as condições adequadas à aprendizagem. Para alguns autores, as condições que melhor favorecem a aprendizagem são aquelas que criam entre alunos e professores um clima de afetividade e estima, etc. Para outros, são os procedimentos didáticos que garantem a aprendizagem. Com certeza, o elemento afetivo entra no processo ensino- aprendizagem. Mas é importante que a professora saiba definir seus objetivos, selecionar os conteúdos, utilizar boas técnicas de ensino e avaliar constantemente seus alunos. Não podemos esquecer que todo projeto educativo tem como base uma concepção de educação, acontece num determinado contexto sócio-econômico e cultural e envolve pessoas de uma classe social bem definida na sociedade. Desta forma, a opção que o(a) professor(a) faz por um método, uma técnica e pela forma de orientar as atividades didáticas não pode se dar por acaso. Sua opção precisa ser coerente com seu projeto político-pedagógico. Você já pensou se os procedimentos didáticos que você utiliza atendem às características dos seus alunos? Tirando as dúvidas: métodos e técnicas? É comum confundir método e técnica de ensino. Um método é o modo sistemático e organizado pelo qual o(a) professor(a) desenvolve suas atividades, tendo em vista à aprendizagem dos alunos. Para utilizar um método, o(a) professor(a) se vale de técnicas. Assim, técnica é um conjunto de procedimentos didáticos que a professora utiliza para operacionalizar o método. 37
  • 41. Por exemplo, o texto é um recurso que o(a) professor(a) pode utilizar para que os alunos aprendam um assunto. O estudo através da leitura de textos constitui uma técnica de ensino. Todas as técnicas e todos os métodos têm vantagens e limitações. As técnicas variam segundo: — os objetivos a alcançar - por exemplo, se queremos desenvolver nos alunos a capacidade de análise, devemos utilizar as técnicas de estudo dirigido ou de trabalho de grupo; — a experiência didática do(a) professor(a) - qualquer técnica só tem êxito quando utilizada com espontaneidade e segurança. Para isso o(a) professor(a) precisa saber o que está fazendo; — as características dos alunos - interesses, motivações, necessidades, idade etc.; — o tempo disponível para realizá-las - não é boa coisa deixar o trabalho incompleto. De olho na prática Vamos observar o planejamento de um projeto pensado e organizado para uma turma da EJA, numa zona rural. O Instituto Lumiar mantém na cidade de Mairinque, estado de São Paulo, um curso para jovens e adultos, em parceria com a Prefeitura local. A escola que abriga o curso fica na zona rural da cidade e os alunos são pequenos colonos, que se dedicam a cultivar alguns produtos agrícolas ou criar alguns animais. 38
  • 42. Para romper com a pouca participação dos alunos, os professores passaram a observar mais atentamente o dia-a-dia dos(as) alunos(as). Ao ouvir os alunos e alunas, perceberam que ali estava o conteúdo para o projeto que buscavam realizar. Projeto da horta e derivados do leite Áreas de concentração: Matemática & Ciências Naturais Meses: outubro/novembro - 2005 Metas: A partir do eixo temático “os ciclos da natureza”, serão desenvolvidos projetos que possibilitam aprofundar e ampliar o conhecimento dos processos da natureza, de modo a dar consistência a sua defesa e proteção. Objetivos Que o estudante seja capaz de: — ampliar e construir noções de medida, pelo estudo de diferentes grandezas, com base em sua utilização no contexto social e da análise de alguns dos problemas históricos que motivaram sua construção; — trabalhar com diferentes grandezas, selecionando unidades de medida e instrumentos adequados a precisão requerida; — interpretar situações de equilíbrio e desequilíbrio ambiental relacionando as informações sobre a interferência do ser humano e a dinâmica das cadeias alimentares; — compreender a alimentação humana, a obtenção e a conservação dos alimentos, sua digestão no organismo e o papel dos nutrientes na sua constituição e saúde; — compreender diferentes ecossistemas, incluindo o clima, o solo, a disponibilidade de água e suas relações com os seres vivos, identificados em diferentes “habitats” em diferentes níveis na cadeia alimentar. 39
  • 43. Temas Educandos Plano de Atividades Produtos Mestres — Medição da área Lavoura: Robson, Meire, para plantação das — Horta da café, Josefina, mudas; escola; algodão, Aparecida, arroz, — Eliminação de — Capítulo de Marlene, pragas; livro sobre a feijão, milho. Devanil, — Queima do terreno; lavoura; Produção Antônio, — Observação e — Bazar com de Petruquio, registros sobre o produtos derivados Altamiro, de leite crescimento das feitos na Ademir, plantas; escola; Fernanda, — Realização e — Receitas Mariluce, registro sobre as para livro. Elisama, reações químicas Elaine, Maria no processo de das Graças, esquentar o leite, Roberto, tirar, coalhar etc.; Rodrigo, — Estudo sobre os Emília. hábitos alimentares locais. Você percebeu como a Educação de Jovens e Adultos possibilita uma riqueza de conteúdos? O planejamento do(a) professor(a) e o uso de livro didático Muitas vezes os professores trocam o que seria o seu planejamento pela escolha de um livro didático. Infelizmente, quando isso acontece, na maioria das vezes, esses professores acabam se tornando simples administradoras do livro escolhido. Deixam de planejar seu trabalho a partir da realidade de seus alunos para seguir o que o autor do livro considerou como o mais indicado. 40
  • 44. Os professores que são administradores de livros abandonam o seu lugar de sujeito da prática docente e passam a se preocupar apenas com as páginas que já foram vencidas e com as que ainda restam para percorrer, até o final do ano. Na EJA, tendo em vista a grande diversidade dos alunos, é praticamente impossível existir um livro didático que dê conta das variações de idades, experiências, interesses e conhecimentos presentes numa mesma sala de aula. Isso deve levar o(a) professor(a) a considerar o livro didático como um entre outros possíveis materiais a serviço do ensino e da produção de novos conhecimentos pelos alunos. A professora Regina Fulgêncio, de Florianópolis, utilizou o livro didático com a sua turma de EJA, de uma forma bem diferente: “Trabalho com uma classe de nível intermediário, com alunos e alunas de várias idades e ocupações profissionais. Nada é mais difícil que escolher um assunto que seja do interesse de todos. Esta situação me levou a experimentar as mais diferentes formas de trabalhar. Fizemos grupos que se organizavam segundo diferentes critérios: por subtemas de um grande tema, por interesses, por conhecimentos e, às vezes, até mesmo por proximidades de idades, de trabalho, de lugar de moradia. Outras vezes tentei escolher algum livro com textos e atividades porque sempre, no início do ano, os alunos diziam que queriam um livro. Mas, na hora do vamos ver, o livro, apesar dos meus esforços, motivava apenas alguns e sempre vinham os mesmos comentários: “é muito fácil, isso estou cansada de saber!;” “Não entendi nada que estão perguntando;” “Já tinha feito isso em casa,” e assim iam as reclamações. Resolvi fazer de forma diferente. Montei uma pequena biblioteca, na classe, com 5 ou 6 exemplares de vários livros didáticos. 41
  • 45. Individualmente ou em grupo, os livros foram passando por todas as mãos. Duas vezes por semana tínhamos um tempo reservado para o trabalho com os livros. Foi muito interessante porque no final os alunos tinham uma análise bem crítica em relação aos livros utilizados. Indicavam em qual deles aprenderam mais, qual tinha as melhores histórias, onde a matemática usava mais a cabeça, qual tinha os desenhos mais bonitos e até quais não pareciam feitos para pessoas adultas. Gostei da experiência, afinal tivemos um contato mais produtivo com livros feitos para ensinar mas mantivemos a presença dos materiais que fui escolhendo porque apresentavam o que estava sendo vivido por aqueles alunos, naquele determinado momento. Eram recordes de jornais, de revistas, crônicas de uma situação conhecida, informações em torno das nossas curiosidades que mexeram com cada um de nós.” Regina Fulgêncio Parte 6 O PLANEJAMENTO DA ESCOLA O planejamento do(a) professor(a) está dentro de um conjunto maior. É o Planejamento da Escola ou Projeto Político-Pedagógico. PLANEJAMENTO DA ESCOLA OU PLANEJAMENTO POLÍTICO-PEDAGÓGICO É o planejamento geral que envolve o processo de reflexão, de decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da instituição. É um processo de organização e coordenação da ação dos professores. Ele articula a atividade escolar e o contexto social da escola. É o planejamento que define os fins do trabalho pedagógico. Seu objetivo principal responde as perguntas “para quê”, “para quem” e “com o quê” a escola vai funcionar. O plano e o programa têm um grande significado para esse planejamento. 42
  • 46. Cada vez um número maior de escolas e professores desenvolvem a idéia de trabalhar em torno de um projeto pedagógico. Mesmo que nem sempre todas as tentativas obtenham os resultados esperados, quase sempre expressam o desejo de encontrar novos caminhos para responder aos grandes desafios do aprender e ensinar. Trabalhar em torno de um projeto pedagógico obriga o rompimento com a visão de ensino compartimentado, em que cada professor(a) preocupa-se apenas com a sua matéria. Como é próprio da ação humana, a execução de qualquer projeto implica necessariamente na busca e construção dos conhecimentos que permitam obter o sucesso pretendido. A classificação destes conhecimentos pelas várias matérias escolares torna-se secundária. Vale a pena observar que os projetos pedagógicos convidam a escola a conhecer e explorar a realidade em que está situada. Um projeto que não esteja sintonizado com esta realidade, raramente será capaz de empolgar os alunos a ponto de envolvê-los com o difícil mas gratificante trabalho de aprender. O PROJETO PEDAGÓGICO FAZ DIFERENÇA NO COTIDIANO DA ESCOLA? Acreditamos que faz muita diferença. Basta pensar numa escola em que os professores desenvolvem sua programação, entregam os resultados na secretaria e apenas se encontram para discutir o destino dos alunos nos conselhos de classe. Nessa escola não existe a possibilidade de se ter estímulo para levar em frente o trabalho. É o exemplo de uma escola sem projeto comum, sem organização coletiva em torno dos objetivos que podem alimentar o esforço individual. Outra coisa é um grupo que analisa sua escola, as características e necessidades dos alunos, que se pergunta sobre o sentido do trabalho de cada disciplina na consecução de metas comuns, tendo em vista a melhoria do ensino. Uma nova organização do currículo, revisão das normas de funcionamento, cuidadoso acompanhamento dos alunos e aperfeiçoamento da competência do(a) professor(a) tomam o lugar dos esforços individuais e do desgaste de todos, fazendo brotar e se instalar o trabalho coletivo, que 43
  • 47. também exige esforço e não elimina conflitos, mas confere outra qualidade ao trabalho e outro nível de satisfação à atuação dos professores. Aí, se tem uma escola que constrói seu projeto, ganhando identidade e autonomia pedagógica. Assim, faz diferença ter projeto e não basta que ele exista no papel. Algumas escolas podem desenvolvê-lo, mesmo que demorem para conseguir registrá-lo formalmente num documento. Por outro lado, sempre é possível escrever um bonito documento sem que ele corresponda à prática de construção do projeto comum. PARA CONSTRUIR O PROJETO PEDAGÓGICO É preciso pensar sobre o que pode mobilizar um grupo na direção da elaboração de um roteiro de ação, em torno de objetivos comuns. A busca da relação entre a proposta da escola e a compreensão do mundo passa pela análise do currículo e de toda a organização do ensino: a aposta na aprendizagem de todos passa a guiar esforços de toda a equipe escolar. Claro que tal movimento não leva a um projeto pronto e acabado. O que se espera é que o projeto vá se tornando mais complexo e se caracterizando, cada vez mais como um projeto de educação. A partir daí, o grupo de professores irá gradativamente tornando-o melhor e mais adequado. Chegar a um projeto pedagógico definido exige esforço e estudo para discutir os problemas que se vive na escola e explicar o que vem a ser o trabalho de educação. Exige força e coragem para ir além dos limites da sala de aula e da escola, para olhar e analisar a realidade à nossa volta, comprometer-se com ela, formular respostas e voltar a ver e reconhecer os alunos. Afinal, o trabalho de educação significa formar pessoas e isso quer dizer abrir caminhos e possibilitar crescimento do melhor de cada um. Assim sendo, o projeto político-pedagógico tem o objetivo de ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola de uma forma refletida. Nele é essencial a participação de todos os envolvidos no processo escolar. 44
  • 48. A INTEGRAÇÃO DAS PRÁTICAS DO(A) PROFESSOR(A) AO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO Os planejamentos realizados pelos professores vão se unindo coerentemente ao projeto da escola. O registro que se segue é um exemplo disso: “Como integrei as aulas de matemática ao projeto pedagógico da escola O projeto pedagógico da escola onde trabalho definiu como meta formar o aluno crítico e reflexivo. Essa decisão impôs aos professores das diferentes áreas de ensino vários desafios. O maior deles foi o de construir uma prática pedagógica coletiva a favor do alcance dessa meta, que deveria ser conhecida e explicitada por todos, nos diferentes momentos. Outro desafio que enfrentei foi o de buscar coerência entre o quê e como ensinar matemática. Eu já compartilhava há algum tempo da concepção de matemática que, através da problematização constante, busca garantir a participação do aluno na expressão de suas idéias, suas formas diferentes de pensar, na elaboração de conjecturas, no levan- tamento de hipóteses e no confronto de possibilidades. Propiciar aprendizagens significativas via contextualização a partir dos problemas cotidianos enfrentados pelos alunos, pelos homens e mulheres ao longo de sua história e na sociedade contempo- rânea, foi objeto de análise e reflexão. Busquei na história da matemática a construção e a reconstrução de respostas aos problemas de ordem prática enfrentados pelos 45
  • 49. seres humanos, tais como: contagem, localização, construções, agricultura, divisão de terras, cálculo de créditos e dívidas. Esta escolha me permitiu a contextualização de conteúdos clássicos como: números e operações, sistema de numeração, geometria e medidas. O estudo de gráficos, por exemplo, como instrumento de leitura do mundo e comunicação, foi contextualizada a partir da definição da realidade a ser problematizada, dando significado ao seu estudo desde a obtenção e organização dos dados e às diferentes possibilidades de expô-los, até a análise e formulação de con- clusões que favoreçam posicionamento e tomada de decisões. Os jogos como forma atraente e lúdica de propor problemas são situações em que os alunos são levados a enfrentar desafios, elaborar estratégias, levantar hipóteses, argumentar e desenvolver atitudes de autocontrole e cooperação. Esse jeito de ensinar matemática, não separando conteúdo e forma cria desdobramentos importantes na formação de atitudes e valores sobre a realidade social. Favorece o desenvolvimento da auto-estima e a construção da identidade dos alunos. Favoreceu ainda um sistema de avaliação qualitativa durante todo o trabalho, onde os alunos e professores, individual e coletiva- mente conseguem identificar avanços e dificuldades se auto- avaliando e avaliando o processo de ensino-aprendizagem dos quais são sujeitos.” Edna Aoki Resumindo alguns pontos significativos Planejar é antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e agir de acordo com o que foi previsto. Dessa forma o planejamento é algo que se faz antes de agir, mas que também acompanha a execução do que foi pensado. Para planejar é fundamental partir da realidade e de necessidades vividas 46
  • 50. pela escola e todos que estão envolvidos com ela: professores, funcionários, e moradores do seu entorno. Planejar é comprometer-se com o que foi considerado como de importância para a solução de questões apresentadas pela situação e espaço onde o trabalho educativo acontece. Planejar exige: — estar aberto para o aluno e sua realidade; — eleger prioridades; — ser criativo na preparação da aula; — ser flexível para modificar o planejamento sempre que necessário. Para planejar é preciso levar em conta: — as características e aprendizagens dos alunos; — os objetivos e o projeto pedagógico da escola; — o conteúdo da etapa ou nível do curso; — as condições objetivas de trabalho. Planejar é estabelecer: — o que vai ensinar; — como vai ensinar; — o que, como e quando vai avaliar. Para o(a) professor(a) o planejamento é importante para: — orientá-lo no seu trabalho de ensinar: — os conteúdos a serem desenvolvidos; — os recursos didáticos mais adequados; — os procedimentos que serão usados na avaliação. Para os alunos o planejamento é importante para: — orientá-los no seu processo de aprender; — auxiliá-los a organizar seus esforços para atingir o que se espera deles. 47
  • 51. ALGUMAS CONCLUSÕES O ideal é que o planejamento não seja realizado pelo(a) professor(a) sozinho(a). Afinal, ele é um processo de interação do(a) professor(a), alunos e todas as demais pessoas envolvidas no projeto escolar. Na Educação de Jovens e Adultos, é importante levar em conta que os alunos não têm tempo a perder. Esse dado da realidade exige uma seleção muito criteriosa para privilegiar o que de fato é importante aprender. Quando os professores colocam a serviço dos alunos sua competência e sua disposição para aprender e ensinar juntos, encontram no planejamento um auxiliar para que os alunos consigam aprender e ser mais. 48
  • 52. BIBLIOGRAFIA ALMEIDA VIANA, Ilca. Planejamento Participativo na escola - Série Temas Básicos de Educação e Ensino, Ed. Pedagógica e Universitária, São Paulo - 1986. DEMO, Pedro. Avaliação Qualitativa - Ed. Cortez, São Paulo - 1991. Ferreira, Maria das Mercês. Projeto Político Pedagógico, Jornal GIZ, nº 12 - São Paulo. FREIRE, Madalena. Avaliação e Planejamento - A prática educativa em questão- Série Seminários - Espaço Pedagógico, São Paulo - 1997. FUSARI, José. Planejamento educacional e a prática dos professores - Revista da Ande, Nº 8, São Paulo -1984. GANDIN, Danilo e Cruz, Carlos H. Planejamento na sala de aula. Porto Alegre -1995. HOFFMANN, Jussara. Avaliação: mito e desafio - Educação e realidade, Porto Alegre - 1992. VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: Projeto de Ensino- Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico, 15ª ed., Editora Loyola - 2006- 03-05. WHITAKER Ferreira, Francisco - Planejamento Sim e Não, 14ª ed. Paz e Terra Rio de Janeiro - 1979. 49