O documento descreve como Mariana Rocha e Bernardo Stumpf compartilham interesses em fotografia e coreografia e organizam encontros para convidar a criação de sentidos através de um terceiro olhar. Os autores também publicam poemas, reflexões e biografias curtas sobre seus interesses e trabalhos artísticos interdisciplinares.
2. esta publicação surgiu de uma brincadeira muito simples,
em que mariana rocha e bernardo stumpf compartilharam
interesses por fotografias e coreografias - escritas de imagem e gesto -
e experimentaram organizar encontros, a partir de uma vontade
de convidar e instigar a criação de sentidos nascidos de um terceiro olhar,
que tem tanto a liberdade de procurar explicações mais ou menos inúteis,
quanto a de inventar desrazões encantadoras.
5. assim, com o verbo. dizem que no começo era o verbo
ninguém
nada
ninguém
se é que houve começo, no começo era nada - disse - e para dizer,
moveu
em outras palavras, nada mais nada é igual a nada. isso é algo
nada, deixa pra lá
como assim?
quem disse?
e antes do começo?
quem disse?
ninguém disse nada e foi assim que começou?
então quer dizer que antes do verbo, antes de nada,
antes de tudo, no começo era o movimento?
o que isso quer dizer?
6. um poema é toda e qualquer coisa
menos toda e qualquer coisa que
não pode ser um poema
já uma pedra é toda e qualquer coisa que
ao primeiro sinal de aroma
deve passar a ser chamada de flor
isto é uma pedra
cheire-a
10. ah, o campo...
essa entidade granular que ondula,
se flexiona, se curva e se retorce
o campo é o espaço e o tempo e os eventos
e as pretensas coisas
16. faz o que tu queres
se não preferes
em vez disso
fazer outra coisa
17. por detrás das costas escuras
do calombo mais alto
tomba alvo o céu
formando um hiato
caído
de fumaça
um véu
que arranha por entre
a entranha do ventre de terra
na qual perpassa o mausoléu
que cerra a serra
num soluço de ser
18. tudo o que consideramos real é feito de coisas que
não podem ser consideradas como real
25. mariana rocha se dedica à fotografia desde 2011. tem atuado como
diretora de fotografia em filmes, documentários e videoclipes. também
realiza registros foto-videográficos em festivais, exposições, peças
teatrais, shows musicais e ações publicitárias. graduanda em história
pela unirio, tem interesse em anônimos e invisíveis da história e
suas memórias. em 2017, lançou seu primeiro curta-metragem, o
8m-petrópolis, que relata a luta pelo direito das mulheres.
bernardo stumpf tem mantido interesses em se reconhecer como
uma pessoa indisciplinar, autodidata e desejosa de articular distintas
formas e condições de construção de material e experiência sensíveis.
suas realizações, conectadas de maneira aberta e atravessada com a
produção/agito cultural, a educação e as artes performativas, sonoras,
textuais, gráfico-visuais e digitais, visitaram 24 estados brasileiros e 15
países (das américas do sul e do norte, europa e ásia).