1. SPOtlight
Sérgio
Figueiredo
Uma Fundação
para transformar Portugal
O administradOr delegadO da FUndaçãO edP exPlica,
nesta entrevista, POr qUe é tãO imPOrtante aPOstar,
FOrtemente, na ligaçãO da emPresa à sOciedade.
O ano de 2010 foi bom É a diferença entre subsídio e
para a Fundação EDP? investimento, entre caridade e inovação.
Foi um ano de expansão de atividade. Procuramos arriscar em fórmulas que
Não achamos que quanto pior estiver o Estado tipicamente não testa, mas
o país, melhor é para a Fundação. A que o mercado também não viabiliza,
nossa vocação não é combater pobreza, porque não são rentáveis. A inovação
mas promover novas formas de inclusão social não é, deste ponto de vista,
social. Portugal mobiliza-se algumas diferente da inovação tecnológica ou
vezes por ano para recolher alimentos, de produto, pois nunca é rentável na
num dos projetos de voluntariado sua fase laboratorial. As empresas que
mais bem sucedidos ao nível nacional. perceberem isso antes dos outros, que
Independentemente do mérito que essa entenderem a inovação social como um
iniciativa tem, o País não deve ter como fator de sucesso e de competitividade,
objetivo criar o maior banco alimentar ganham uma vantagem muito grande,
do mundo, porque isso não resolve o porque estão a conquistar o capital
problema de fundo: a pobreza. Por isso, de confiança da sociedade. Foi esse
a nossa Fundação procura promover posicionamento que encontrámos para
soluções inovadoras, capazes de quebrar a Fundação EDP: estar na vanguarda da
ciclos de pobreza, atacando ao nível criação desse interface entre a empresa
das causas e não das consequências e a sociedade. O ano de 2010 deixou-
e, assim, contribuir para a redução do -nos muito orgulhosos, porque quando
número de pessoas que sobrevivem dizemos que mais de um milhão e 700
através da doação de alimentos. mil pessoas beneficiaram da atividade
da Fundação EDP nesse ano, isso quer
Essa é a diferença entre dizer duas coisas fundamentais: uma
a caridade e a inovação social? é que já temos como medir o impacto
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do nosso trabalho (e isso, por si só, já é
diferenciador da forma como gerimos);
a outra tem a ver com a própria
dimensão do número, uma vez que, para
a realidade portuguesa, já é bastante
representativo.
Que iniciativas ou projetos destacaria?
Atingimos um nível impressionante de
atividade própria, centrada no Museu da
Electricidade (quase 200 mil visitantes
em 2010) e nas exposições que a nossa
equipa cultural concebe e realiza dentro
e fora de “casa”, vistas por mais de 350
mil pessoas. Mas também afirmamos
o nosso papel de protagonista na
mudança de comportamentos coletivos,
através de uma rede de 250 parceiros.
Só em 2010, as atividades por nós
desenvolvidas, diretamente ou em
parceria, tocaram a vida de quatro
centenas de localidades em Portugal.
Além disso, tínhamos de conferir à nossa
estratégia uma visão e uma ambição
global. Os temas da sustentabilidade
não se compadecem com abordagens
paroquiais. Mas sobretudo porque um
Grupo transnacional como a EDP, que
tem grande parte da sua atividade fora
do País, não seria coerente se, também
neste domínio, não promovesse à escala
mundial as boas práticas de gestão
que lhe são reconhecidas nas áreas
ambiental e social. Dito isto, talvez
destaque dois casos, pelo simbolismo e
pelos valores que comportam. Primeiro,
+ o projeto Kakuma, que demonstrou que
temos a capacidade de criar de raiz
Iniciativas da Fundação EDP, projetos com forte impacto social, a
em discurso direto: partir do capital humano e conhecimento
que a EDP tem, numa escala em que
dentistas do Bem: “Mudar a vida de empreendedorismo Barragens: “Contrariar mais nenhuma empresa portuguesa
uma criança, logo, mudar a sua vida, a inevitabilidade do declínio demográfico desenvolveu e numa geografia distante.
devolvendo-lhe algo que pederam: a e do emprego na Câmara, fomentando O segundo resulta exatamente no
capacidade de sorrir” a iniciativa e o risco, desde a escola à complementar disto. O facto de termos
Operação nariz vermelho: “Humanizar criação de start up”. a tal ambição global, de estarmos no
ambiente hospitalar, nas unidades Programa voluntariado edP: “A forma Quénia com as Nações Unidas, não
pediátricas, com o método dos doutores e mais profunda e viral de colocar as nos pode fazer perder a perspetiva das
a alegria dos palhaços”. comunidades e os colaboradores da nossas ligações às comunidades locais.
Bolsa de valores sociais: “A primeira da empresa a viver e a reconstruir a mesma Os projetos que a EDP e a Fundação
Europa, um laboratório em rede para realidade”. estão a promover nas zonas das novas
produzir vacinas contra a pobreza”. Parte de nós: “A maior acção de barragens são inovadores, socialmente
edP solidária: “O maior programa nacional voluntariado até hoje feita no grupo EDP. inclusivos, centrados nas pessoas e
promovido por uma empresa no combate à Quebra o dogma da exclusividade, porque nas comunidades. Podemos dizer que a
exclusão social e que, ao fim de sete anos, dezenas de outras empresas aderiram. Fundação e a EDP Produção “colocaram”
já se constitui numa rede de cooperação Com intervenção em algo que diz muito aquelas pessoas de Trás-os-Montes e
entre a centena de instituições sociais a todos os portugueses, porque é numa Alto Douro nos processos de decisão
vencedoras” dezena de hospitais de Norte a Sul. Será empresarial, que são tradicionalmente
Orquestra geração: “Quebrar ciclo de um exemplo, a partir da EDP e dos nossos centralizados e fechados. Com isso, a
pobreza, combater o abandono escolar, parceiros de negócio, de que a crise não é nossa Empresa passou a gerir risco em
em ambientes sociais adversos, junto de desculpa para a falta de mobilização para vez de andar a reboque do conflito, está
famílias desestruturadas, da forma mais atingir resultados concretos: melhorar as a construir o Direito Social a Operar, que
improvável possível: Beethoven e um condições físicas e o ambiente hospitalar. vai muito além daquilo que a Lei permite
violino na mão da criança”. Será uma jornada de grande impacto” ou garante.
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É também dessa forma que a Fundação Para muitos, esse discurso porque estamos a fazer diferente dos
transporta os negócios da EDP para “the não soará a utopia? outros. Não é por acaso que, dos nove
next level” (o nível seguinte)? Não é por acaso que a Fundação La critérios em que somos “best in class”
Costumo dizer que lançar uma Bolsa Caixa tem um orçamento anual de no mundo, seis são na dimensão social.
de Valores Sociais em Portugal é tão 500 milhões de euros. Foi porque, há Esta empresa percebeu, há algum
inexplicável e anacrónico para uma muito tempo, quem geria aquele banco tempo, que as pessoas são efetivamente
companhia de electricidade como teve a capacidade de construir e de o seu principal activo. E isto não é só
investir em eficiência energética. A investir numa relação de pertença uma coisa que fica bem dizer numa
EDP não hesita em fazer uma coisa e com a sociedade catalã. A Catalunha conferência ou colocar num power-point.
outra porque sabe que ganha muito tem dois símbolos nacionais: um clube O reconhecimento internacional é a
mais se liderar as tendências do que de futebol e um grupo financeiro. É prova de que a EDP faz o que diz.
resistir às mudanças que, queira ou não, algo bizarro, ninguém tem relações
acabarão por acontece. E que, ao fazê- afetivas com um banco. É estranho, A crise económica mudou alguma
-lo, está não apenas a entender mas a mas não é inexplicável. Porque coisa na orientação da Fundação?
provocar novos fenómenos sociais. Dito aquela Fundação, aquele orçamento Não ficamos indiferentes ao contexto
de outra forma: em vez de se adaptar impressionante, traduz uma visão de que nos rodeia. A área social é, hoje, a
às circunstâncias, toma a iniciativa de gestão que percebe simplesmente isto: principal prioridade da nossa política
mudar a natureza da sua relação com as a competitividade joga-se muito além de mecenato. Mas mais importante
pessoas. Tendo esta atitude de parceiro, dos juros, dos spreads, da qualidade do do que a dimensão do orçamento,
de partilha de poder, a base do negócio serviço. Quem investe 500 milhões na é a forma como fazemos. Voltemos
é claramente a confiança. Talvez assim cultura, na sociedade, na relação com à questão da fome em Portugal. Já
toda a gente entende porque deve universidades, na ciência, não investe expliquei porque recusamos a visão
a EDP investir numa sociedade mais por luxo ou capricho, mas porque é assistencialista, mas isso não significa
inclusiva e mais eficiente na utilização estratégico. Numa empresa de energia, que ignoramos o flagelo. Infelizmente
dos recursos. Este é o “next level” na que vive o seu dia-a-dia num mercado há demasiadas pessoas que não têm o
chegámos a líder mundial do Índice dow Jones
sustentabilidade, porque estamos a fazer diferente dos outros.
gestão empresarial e, por isso, gerir uma cada vez mais aberto e competitivo, a suficiente para se alimentar. A Fundação
Fundação é simultaneamente um prazer história não é diferente. A relação que considera que a sua resposta será mais
e uma responsabilidade. No fundo, temos as empresas do Grupo EDP têm com os útil se contribuir para a mudança de
de responder sempre a um conjunto portugueses, com os asturianos, com comportamentos. Nesta última edição
de questões quando assumimos aqui os bascos, com os brasileiros é o nosso do Programa EDP Solidária, entre mais
uma opção: quem beneficia dos nossos principal activo. Investir nisto não é de 700 candidaturas, apareceram
recursos? Quem deles ficou privado, utopia, mas simplesmente clarividência. como nunca projetos de hortas
em função da decisão que tomei? Que solidárias, hortas comunitárias, enfim,
diferença podemos fazer na vida dos Esta responsabilidade social contribui iniciativas promovidas por IPSS, juntas
outros? Mas, como é óbvio, e porque para a construção de uma nova de freguesia e outras instituições, que
somos uma fundação corporativa, identidade empresarial? incentivam o regresso das pessoas à
procurar no negócio a legitimidade das Para já, muda completamente a própria terra. Evidentemente que este súbito
escolhas que fazemos. No caso da EDP cultura corporativa. A EDP podia ser despertar do Terceiro Sector para a
é importante perceber, com o fim das uma empresa muito competente, mas micro-agricultura resulta da crise que
tarifas, com a privatização integral, o fechada em si própria, podia confundir o vivemos e respondem a carências que,
que é realmente distintivo na relação sentimento de orgulho com a soberba, até agora, os sistemas públicos cobriam.
com o consumidor para o “segurar”? narcisista, pensando que lá fora toda A Fundação decidiu agrupar os melhores
Preço e qualidade? Seguramente que a gente nos adora. Outra coisa, é ver destes projetos num novo programa
sim, é importante, mas não chega. O que essa mesma empresa competente, nacional, que está agora a ser lançado e
é diferenciador é a relação que a EDP inovadora e aberta ao contágio da vai qualificá-los de uma forma que seria
constrói com as comunidades em que criatividade artística, à inquietação dos impossível se tivéssemos optado pelo
opera, desde as que vivem nos locais cientistas, às exigências da sociedade apoio avulso.
onde se constrói uma barragem ou um e até às críticas dos adversários. Até
parque eólico, até ao consumidor final. agora, as empresas achavam que era Se estivesse tudo bem na sociedade
Esse “next level” define-se na natureza suficiente “fazer para” – e, na realidade, portuguesa, faria sentido existir
da relação absolutamente diferente e isso bastou durante muito tempo. A EDP esta Fundação?
transformadora que estamos a construir cada vez mais está a “fazer com”, por Se considerarmos que uma Fundação
com as sociedades onde o Grupo opera isso chegou a líder mundial do Índice serve apenas para substituir o Estado
– e trazer isso para o “core” da gestão e Dow Jones Sustentabilidade. Não é por (e não para o complementar), se nos
do negócio. ser grande (à escala global não é), mas conformarmos com uma sociedade civil
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apática e passiva, então a pergunta O sistema tem de ser seguro, por isso uma obrigação moral que os accionistas
faria todo o sentido. Se, pelo contrário, estamos a credenciar as instituições devem pagar, de preferência em cash
acharmos que não devemos colocar e ONG que necessitam de trabalho e sem muitas perguntas. Estamos
o nosso futuro coletivo nas mãos dos voluntário. Já está operacional uma neste momento a testar uma fórmula
“outros”, se queremos uma sociedade bolsa de horas, uma espécie de mercado que, gostaria muito, de ver afirmar-se
mais exigente, então mais importante trabalho em que as necessidades como um exemplo, provando que a
se torna o papel das Fundações. É e as disponibilidades se cruzam sustentabilidade não deve nem tem de
redutor o papel de “remendo social” automaticamente, por livre escolha do ser um custo. No campo de refugiados
que lhes é atribuído. A nossa sociedade colaborador. Fazemos formação aos do Quénia, as nossas soluções ajudaram
tem protagonistas a menos, não a mais. voluntários e todas as hierarquias. a mudar vidas. Mas muitas outras, mais
E como eu vejo na EDP um agente Há um sistema de reporte, em que de 1.500 milhões pessoas em todo o
de mudança, um transformador da as instituições declaram o trabalho planeta, também não têm acesso à
sociedade, espero que a Fundação EDP realizado pelo voluntário e medem o electricidade. Constituem a chamada
cresça para e com Portugal. seu impacto. Tenho a noção que, pelo base da pirâmide do desenvolvimento
menos dos casos estudados, o que humano, que alguém que venceu
A Fundação EDP sente que tem a EDP está a fazer é único, porque o prémio Nobel da Paz provou ser
contribuído para a construção de uma assenta na lógica do capital humano, bancável através do microcrédito, e a
nova atitude coletiva? é programado e gerido, nas palavras Fundação EDP tem a ambição de provar
Estamos, claramente, a mudar acertadas do engenheiro Pita de Abreu, que essa gigantesca massa humana de
comportamentos no terceiro setor e, com como se fosse uma “empresa virtual, pobres também é energizável, ou seja,
isso, a contaminar a sociedade com uma que presta serviços à sociedade, sem pode ser incluída no sistema de mercado
cultura de exigência e resultados. Não fins lucrativos”. A adesão dos nossos através de soluções energéticas
damos apoios a instituições. Preferimos colaboradores é algo de excepcional, em renováveis. Estamos a trabalhar com
com elas construir um caminho conjunto, Portugal e nos outros países. Estamos governos da CPLP, com o Banco Mundial
como eu encaro a edP como um agente de mudança
e como um agente transformador da sociedade, espero que
a Fundação edP cresça com Portugal.
a viabilizar projetos que se medem pelas a afirmar o caráter desta empresa e e outras organizações de cooperação
pessoas que deles beneficiam. Não é estamos a subir mais um degrau na tal multilateral, para testar o nosso
exercício de retórica, é a diferença entre relação de confiança com a sociedade. conceito.
ser mecenas ou ser parceiro. Preferimos As empresas, como as pessoas, que não
a segunda, porque desencadeamos têm nem caráter, nem personalidade, Ou seja, uma vez mais,
um movimento que, inevitavelmente, para além de não terem auto estima, são a importância de investir nas pessoas…
levará à mudança de mentalidades. A um fracasso anunciado. É importante que os portugueses
sociedade chegou a um ponto em que tenham orgulho em outras coisas
não pode depender senão de si própria. há algum projeto ao nível internacional para além do Ronaldo e do Mourinho.
que gostasse de ver replicado em Empresas como a EDP são um ativo
De que forma é que a empresa pode Portugal? que a sociedade portuguesa teve a
incentivar os próprios colaboradores Passe a imodéstia, acho que a EDP capacidade de construir, mas que
em ações de voluntariado? está a interpretar o conceito da nem sempre valoriza. A EDP tem um
O primeiro dos incentivos é criar regras inovação social muito para além do património histórico, que é a fortíssima
que tornem isso possível – e isso já que a maioria das empresas o fazem. A relação com os portugueses. Num
foi feito há algum tempo, quando o responsabilidade social, vista como um quadro de liberalização, de privatização,
Conselho de Administração Executivo conceito passivo, uma mera reacção de fim de tarifas, de profunda mudança
decidiu atribuir quatro horas por mês, da empresa às pressões externas, está de regras do jogo, seria absurdo
a cada um dos seus colaboradores, gasta e condenada. As empresas que desperdiçar essa vantagem.
para ações de voluntariado em horário encaram estes assuntos como algo
laboral. Só isto coloca a EDP a léguas “à parte” da gestão e do negócio, que Em que etapa está o novo Centro
de distância das melhores práticas preferem falar de megafone na mão Cultural da Fundação EDP?
corporativas de voluntariado, a nível para o exterior, que acreditam que Está na etapa de consulta das
mundial. Depois de criar as condições são socialmente responsáveis com um entidades. Temos que ter licença de
é preciso colocá-las em prática – é cheque numa mão e o seu logótipo construção, temos que ter autorização
nessa fase que estamos. Estamos a na outra, não são verdadeiramente e, neste momento, estamos a aguardar
gerir o programa profissionalmente, com responsáveis e dificilmente o seu pela opinião de quem gere o património
uma pequena equipa exclusivamente propósito será social. Por outro lado, em Portugal e de quem gere a cidade
dedicada e em articulação permanente é um equívoco a sociedade encarar a de Lisboa. Só se os pareceres forem
com responsáveis de RH e de outras sustentabilidade como um fardo que as positivos é que a obra evidentemente
Fundações em todas as geografias. empresas estão condenadas a carregar, avança.
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É um projeto que tem sido alvo de muitas
críticas. De que forma responde a estas
apreciações menos positivas?
Não vejo porquê? Quando a empresa, e
bem!, decidiu investir cerca de 50 milhões
de euros a preços atuais (muito mais
do dobro do que o futuro centro cultural
custará) na recuperação da Central Tejo
e transformá-la no que é hoje o Museu da
Eletricidade, foi uma má decisão? Recebe
200 mil pessoas por ano, o segundo
mais visitado do País, é um edifício único
em Portugal – será que alguém hoje
questiona a sua existência? Temos a
tendência para a autoflagelação. A gestão
e os acionistas da EDP estão dispostos a
investir em projetos para a cidade, para
dinamizar a oferta cultural, abrir ainda
mais este espaço magnífica à fruição
pública – e isto é polémico por quê? A
crítica é essencial para uma sociedade
progredir – desde que seja essa a vontade
das pessoas que criticam, corrigir para
seguir em frente. Agora, “atirar a tudo o
que mexe”, sem apresentar argumentos
convincentes ou melhores alternativas,
não me parece a melhor forma de
aumentar a fasquia da exigência.
Que marca é que quer
deixar na Fundação EDP?
Há um importante desafio pessoal na
decisão que tomei há mais de quatro
anos: provar que conseguia fazer outras
coisas para além de jornais e formar e do jornalismo para a Fundação
liderar equipas no jornalismo. Fazê-lo Sérgio Figueiredo, 45 anos, casado, pai de quatro filhos, licenciado em
numa Fundação tinha dois aliciantes economia pelo iSeg, é desde Março de 2007, administrador-delegado
acrescidos: que era possível “trazer da Fundação edP. integra vários comités de gestão no grupo edP,
gestão” para uma área que não está nomeadamente o Comité de inovação e o Comité de Sustentabilidade e
muito habituada a lidar com o conceito; Ambiente, bem como o Conselho estratégico do instituto edP no Brasil.
o outro, era que isto fosse percecionado Antes de assumir funções de gestão no setor empresarial, exerceu durante
pelo “mercado” como algo que deve entrar 19 anos a profissão de jornalista, sobretudo na área especializada em
no “core” da gestão do próprio negócio. economia, tendo sido diretor do diário económico durante 5 anos (entre
O primeiro está conquistado, o segundo outubro de 1996 e Setembro de 2001) e do Jornal de Negócios durante 4
demora mais tempo. Não lhe faço nenhum anos e meio (de Setembro de 2002 a Janeiro de 2007).
favor ao dizer que, evidentemente, tudo Na televisão, foi autor e apresentador do programa semanal de entrevistas
isto se deve à visão do dr. Mexia, no dia “Balanço & Contas” na rTP2, onde já tinha realizado outro programa semanal
em que olhou para o diretor de jornal e “Negócios à parte”. Antes, na SiC Notícias, coordenou e apresentou o “Linha
pensou numa Fundação. Hoje, temos uma de Crédito”, iniciando assim um ciclo de entrevistas semanais a diversos
visão clara do nosso papel, fomos capazes protagonistas nacionais e internacionais, que durou praticamente sete anos.
de construir opções e dar conteúdo em 2000 foi distinguido como “Jornalista do Ano” pela Casa da imprensa e,
programático à nossa intervenção na em 2006, recebeu o prémio “Carreira de Jornalismo económico” no investor
sociedade. A Fundação é muito mais relations Awards da deloitte.
que um distribuidor de cheques. A marca Além disso, foi colunista da revista Sábado e dos jornais Público e Correio da
está criada no momento em que estamos Manhã e comentador da rTP1, rTP2, SiC, SiC Notícias e TVi, bem como das
seguros do caminho que queremos rádios TSF, rádio Comercial e Antena 1.
construir. Só o tempo dirá se este é ou Atualmente, no grupo edP, coordena o Projecto de gestão de stakeholders
não um caminho consolidado e irreversível. nas regiões das novas barragens em Portugal, o Programa Voluntariado e, a
A história da Fundação EDP não começou partir da experiência que a Fundação edP desenvolveu em Kakuma, lidera
e não acabará com o dr. António Mexia e uma equipa que desenvolve projetos-piloto de energias renováveis para o
o dr. Sérgio Figueiredo. Reconheço que a desenvolvimento.
fasquia tem vindo a subir todos os anos.
Seremos também medidos pelo que fica
daquilo que passa.
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