1. a5DIÁRIO DA SERRA
QUINTA-FEIRA, 4 DE FEVEREIRO DE 2016 Saúde
GUILHERME TORRES
comunidade@diariodaserra.jor.br
ENTRE
NESSA
LUTA!
por Bruna Zechel
A criatividade do brasi-
leiro muitas vezes surpre-
ende. A internet está cheia
de vídeos, memes, GIFs, pia-
das sobre os mais variados
assuntos. Bom mesmo seria
se toda essa criatividade
fosse utilizada para proje-
tos que tragam benefícios a
sociedade. Em Bauru, aqui
pertinho, temos um exem-
plo a ser seguido. O enge-
nheiro mecânico Vanderlei
Guilherme desenvolveu
um ralo que fecha automa-
ticamente de acordo com a
pressão da água.
O Jornal da Cidade de
Bauru fez uma matéria com
o “inventor” que explicou o
funcionamento. “Não corre
o risco da pessoa esquecer
aberto, como acontece com
os produtos tradicionais”,
explicou o engenheiro ao re-
pórterdoJC,MarcusLibório.
A ideia surgiu em razão
da epidemia de dengue re-
gistrada em Bauru no ano
passado. Vanderlei explica
que na caixa sanfonada
que há embaixo do ralo do
banheiro ficam armazena-
doscercade“trêsdedos”de
água parada, procedimento
comum para evitar que o
cheiro do esgoto se espalhe
pela casa. “Muita gente não
imagina, mas é um local
ideal para a proliferação do
Aedes aegypti. Se você dei-
xa o ralo aberto, o mosquito
entraaliedepositaosovos”,
afirmou ao Jornal da Cida-
de de Bauru.
VENDAS EM BREVE
O ralo anti-Aedes aegyp-
ti será comercializado com
preço acessível à população,
cujo valor, entretanto, ainda
não foi divulgado. “Estamos
providenciando estoque e
calculamos que, em 10 dias,
oprodutoestejanaspratelei-
ras das lojas de Bauru e re-
gião”,afirmouoengenheiro.
ENQUANTO ISSO...
Enquanto mais pessoas
criativas não colocam suas
ideias em prática pelo com-
bate ao mosquito Aedes Ae-
gypti, você pode fazer sua
parte evitando deixar água
parada na sua casa, no tra-
balhoeatémesmonaescola.
MARK ZUCKERBERG
ENTROU NA LUTA
O fundador do Face-
book, Mark Zuckerberg, de-
fendeu que os cidadãos de
todo o mundo, em especial
da América Latina, auxi-
liemnocombateaomosqui-
to Aedes aegypti, transmis-
sor do vírus Zika e também
dos vírus da dengue e da
chikungunya.
Por meio de um post
no Facebook, Zuckerberg
convida os internautas a
assistirem ao vídeo de uma
campanha promovida pela
própria rede social e pela
Associação Brasileira de
Saúde Coletiva (Abrasco).
No texto, publicado há pou-
co, o empresário ressalta a
importância de se evitar a
disseminação do mosquito,
pois não há remédios espe-
cíficos nem vacinas contra
o Zika. Ele disse, então, que
o "mais importante" no mo-
mento é tentar evitar as pi-
cadas do mosquito. "Como
uma comunidade, nós po-
demosajudarnalutacontra
o vírus Zika aumentando
a sensibilização", afirmou.
(Agência Brasil)
PP SEGUNDO ESPECIALISTA
BOATOS SOBRE INFLUÊNCIA DO
ZIKA EM CRIANÇAS JÁ NASCIDAS
E IDOSOS SÃO INFUNDADOS
Áudios e
mensagens tem
circulado através
do aplicativo
celular WhatsApp
e preocupam pais
Aplicativos de mensa-
gens de telefones celu-
lares, através de textos
e chamadas de voz ob-
viamente têm sido muito
úteis para as pessoas no
quesito agilidade na troca
de informações. Porém,
nem sempre as notícias
transmitidas nos vários
grupos desses aplicativos
são verídicas, e enquanto
poderiam ser esclarece-
doras, acabam trazendo
mais dúvidas ou até pro-
pagando mentiras entre
os cidadãos.
Por ser um dos assun-
tos mais comentados nos
últimos meses, o zika ví-
rus também teve alguns
boatos circulando nos
celulares que levantaram
algumas interrogações. A
principal delas seria que
a doença, além da relação
com a microcefalia em be-
bês ainda durante a ges-
tação, teria influência no
desenvolvimento cerebral
de crianças com até sete
anos de idade e idosos.
O Diário procurou o
professor doutor da Fa-
culdade de Medicina da
Unesp de Botucatu, e
membro titular da Socie-
dade Brasileira de Infec-
tologia, Alexandre Naime
Barbosa, para saber a ve-
racidade das informações.
O especialista tratou logo
de desmentir os boatos.
“A informação que o
zika vírus esteja rela-
cionado com problemas
neurológicos em crian-
ças ou adultos é falsa,
não existe nenhum caso
comprovado, ou mesmo
suspeito em que esse ví-
rus esteja implicado em
lesar diretamente cére-
bro de seres humanos já
nascidos. Muitos espe-
cialistas questionam in-
clusive se não é precoce
imputar ao zika a culpa
da microcefalia. Portan-
to, são completamente
infundados os boatos de
danos neurológicos em
crianças já nascidas, vis-
to que mesmo em recém
nascidos essa relação
ainda está sendo verifi-
cada”, conta Naime.
Nos idosos
Segundo o especialista, o cérebro de uma pessoa
cresce até a idade adulta, entre 16 e 21 anos,
mas que não significa que funcionalmente
ele não possa se aprimorar com técnicas de
aprendizado ou treinamento após essa idade.
Quanto aos idosos, Naime afirma categoricamente
que, geralmente, infecções do zika não podem
contribuir para lesões cerebrais.
“A perda gradativa de massa cerebral com o
passar dos anos é um processo natural do
envelhecimento, e é conhecido como atrofia
cortical, levando a déficits diversos, como perda
da memória, da cognição e dos movimentos,
entre outros. Muitas doenças crônicas podem
acelerar esse processo, tais como o alcoolismo, o
tabagismo, o sedentarismo e a Aids (aqueles que
não tomam a medicação anti-HIV), mas processos
agudos como a infecção pelo zika geralmente não
determinam atrofia cortical”, expõe.
DESMASCARANDO A FRAUDE RAPIDAMENTE
Estáemdúvidasealgumainformaçãoéverdadeiraoufalsa,busque
porsitesdeórgãosoficiais,comoodoMinistériodaSaúde,oude
secretarias estaduais e municipais da área. O próprio Alexandre
Naimepossuiseuwebsiteondeesclarecedúvidasacercadozika
vírus e de outras doenças. É o www.drbarbosa.org !SE ATENTE PARA OS PRINCIPAIS SINTOMAS
DAS DOENÇAS TRANSMITIDAS PELO
MOSQUITO AEDES AEGYPTI:
Recebeu um zap? Calma!
Giovanne Mastromoro, pai do
pequeno Júnior, de oito meses,
admite que já recebeu diversos
boatos envolvendo a saúde de
crianças e o zika vírus. Ele conta a
postura de sempre pesquisar em
fontes confiáveis a veracidade das
informações que recebe.
“Já pesquisei sobre a doença até
porque tenho o Júnior e mais uma
filha de cinco anos. Mudamos o ritmo
em casa, compramos mais venenos
de tomada, passamos a utilizar mais
repelentes, o que não era muito do
nosso hábito, tudo para manter a
saúde deles segura. Ouvi vários
boatos que inclusive me assustaram,
mas para ter as notícias corretas vejo
bastantes jornais, e procuro tirar
dúvidas diretamente com o pediatra
deles”, afirma Giovanne.
Alexandre Naime dá algumas dicas
à população a fim de que qualquer
boato mentiroso não ganhe tanta
relevância. Segundo ele, em época
de muitas incertezas sobre o zika,
e de poucos estudos científicos, é
importante ter cuidado com pessoas
mal intencionadas que querem
propagar o pânico através de teorias
infundadas.
“Não compartilhe a notícia
de imediato, você pode estar
colaborando com um boato falso, o
que pode causar malefícios a outras
pessoas, ou te fazer conhecido como
fofoqueiro, ou mal intencionado.
Cheque as referências da notícia,
muitos gaiatos criam postagens falsas
e as soltam como se fossem pessoas
conhecidas. Nenhum órgão oficial
ou pessoa pública faz anúncio por
áudios em aplicativos de bate papo,
justamente por ser difícil reconhecer
a autoria. E converse com um
especialista ou com uma instituição
oficial caso esteja preocupado com o
boato”, orienta o infectologista.
SIDNEY TROVÃO
Geovanne, pai do pequeno Júnior, diz recorrer ao pediatra
do filho para sanar suas dúvidas sobre o zika vírus
O infectologista Alexandre Naime rebate boatos
sobre influência do zika vírus em crianças e idosos