Dentre os inadimplentes, o valor médio da dívida chega a R$ 4 mil, quantia que em muitos casos equivale entre duas e três vezes o valor da própria renda familiar
Regularização de dívidas em atraso cai 5,74% em setembro
Maioria dos brasileiros usa o crédito para realizar compras imediatistas
1. Maioria dos brasileiros usa o crédito para realizar
compras imediatistas, aponta relatório do SPC
Dentre os inadimplentes, o valor médio da dívida chega a R$ 4 mil, quantia que em
muitos casos equivale entre duas e três vezes o valor da própria renda familiar
Um relatório produzido pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo
portal de educação financeira Meu Bolso Feliz conclui que a principal utilidade
do crédito oferecido ao consumidor brasileiro é a satisfação de desejos de
consumo de curto prazo como roupas e sapatos (63% do total), eletrônicos
(58%) e eletrodomésticos (44%). Além disso, os estudos mostram que há uma
inclinação maior do brasileiro para financiar mercadorias supérfluas. O relatório
do SPC foi gerado a partir da análise de quatro pesquisas sobre o perfil do
consumo do brasileiro divulgadas pela empresa ao longo de 2014.
Os estudos realizados pelo SPC Brasil mostram que o consumidor tem usado
empréstimos para comprar mercadorias que não podem ser consideradas itens
de necessidade. Além disso, em muitos casos, a compra financiada se
concentra em itens de valor mais baixo, que poderiam ser pagos a vista. “O
perfil de consumo do brasileiro tem como característica a compra imediatista,
ou seja, aquela que tem a necessidade do prazer imediato, em que todas as
consequências de longo prazo ― como, por exemplo, o endividamento ― não
são consideradas em muitos casos”, explica a economista-chefe do SPC Brasil,
Marcela Kawauti.
E de fato uma pesquisa sobre o comportamento dos adimplentes e
inadimplentes mostrou que 17% dos consumidores em idade adulta ― o que
representa cerca de 23 milhões de pessoas ― se encaixam no perfil imediatista,
ou seja, de consumidores inclinados a viver o presente, sem se preocupar com
o futuro financeiro e sem o hábito de planejar ou poupar. “Entre as pessoas que
se encaixam neste perfil e que estão inadimplentes, 51% admitiram que o
problema que os levou ao atraso de dívidas foi o descontrole financeiro, citado
por 34% da amostra”, observa Marcela.
Já quando os consumidores são confrontados com a possibilidade de não
poderem parcelar as compras, 24% da amostra acredita que o crédito é
essencial e que, portanto, não fecharia as contas do mês ou não conseguiria
mais comprar pelo fato de não poder parcelar.
Crédito fácil e caro
O estudo sobre o uso do crédito no Brasil mostra que o cartão de crédito é a
modalidade mais usada pelos consumidores (em 83% dos casos), seguido pelo
empréstimo (53%) e pelo crediário (50%). Além disso, um em cada dez
2. brasileiros declara ter mais de quatro cartões de crédito. Outros estudos
apontam que a forma de pagamento mais utilizada pelos entrevistados depende
basicamente do valor do bem a ser comprado: produtos de menor valor são
pagos em dinheiro e os de maior valor, no cartão de crédito.
Além disso, os estudos apontam que o brasileiro tem a visão do crédito e
financiamento como uma forma de deixar a sua renda mensal mais elástica e
não apenas como uma forma de acessar produtos mais caros, cujo pagamento
à vista é mais difícil.
“É preocupante o fato de que 12% dos consumidores acreditam que o cartão de
crédito e o cheque especial são parte da renda mensal. E ainda mais
preocupante: 13% sequer sabem quanto têm para gastar no mês”, relata
Kawauti.
Na avaliação da economista, existem dois grandes problemas quando se trata
deste tipo de crédito mais acessível. “Em primeiro lugar, este tipo de
instrumento financeiro em geral, é mais caro que os demais”, diz a economista.
Segundo a especialista, dados do Banco Central do Brasil mostram que a taxa
de juros média cobrada no cheque especial é de 187,8% ao ano, muito acima,
por exemplo, da taxa média de crédito pessoal, de 25,5%.
“Em segundo lugar, este tipo de crédito leva à falsa impressão de facilidade de
pagamento e muitas vezes incentiva o consumo desnecessário e acima dos
limites do orçamento”, alerta. O estudo do SPC Brasil relata que 19% dos
entrevistados admitem ter o hábito de comprar produtos desnecessários,
porque o parcelamento está disponível, percentual que aumenta entre os mais
jovens. Quando perguntados em relação ao parcelamento, 20% dos
consumidores adimplentes admitem que preferem parcelar as compras mesmo
quando o valor não é muito alto para poder comprar mais. Entre os
inadimplentes pesquisados, este percentual cresce para 30%. Sem mencionar
que 21% não sabem sequer a quantidade de prestações que ainda estão
pendentes de pagamento.
O relatório dos SPC Brasil conclui que a relação do brasileiro com o crédito,
assim como sua decisão de consumo, são tomadas com uma visão limitada ao
curto prazo. Para os economistas, essas atitudes têm feito com que o crédito
fácil ganhe espaço. “O problema principal é que o crédito farto direcionado a
compras imediatista, em muitos casos, leva à inadimplência. Cerca de um terço
dos entrevistados admitiram que têm o nome registrado em algum serviço de
proteção ao crédito”, afirma Kawauti.
A porcentagem é consistente com a estimativa do SPC Brasil de que um total
de 55 milhões de pessoas têm algum registro. Este percentual corresponde a
cerca de 40% da estimativa atual da população economicamente ativa. “Dentre
3. os inadimplentes, o valor médio da dívida chega a R$ 4.007,27. Quando
comparamos este número com a renda familiar, a estimativa é de que o
inadimplente tem pendências que somam de 2 a 3 vezes sua renda família”,
afirma a economista.
Baixe o relatório completo
Informações a imprensa
Vinícius Bruno
(11) 3251-2035 | (11) 9-7142-0742 | (11) 9-4161-6181
vinicius.bruno@inpressoficina.com.br