O documento discute os riscos do uso incorreto de plantas medicinais, a importância da identificação correta das espécies e os problemas com a falta de regulamentação do setor. Também fornece exemplos do uso da fitoterapia em bovinos e destaca a presença no mercado de produtos sem qualidade ou registro comprovado.
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Agroecológico Fevereiro 2013
1. Informativo Técnico do Sindicato dos
Trabalhadores em Assistência Técnica e
Extensão Rural do Estado de Minas Gerais
Ano 5 | Edição nº 02 | Fevereiro de 2013
www.sinter-mg.org.br
DESTAQUE
Mais uma dose da
medicina das plantas pág. 03
Bio Dicas
02 O poder da fitoterapia
na cura de bovinos
2. Edição nº 02 | Fevereiro de 2013 | Ano 5
02
Editorial Bio Dicas
Continuando nossa edição de ja- O poder da Fitoterapia
neiro do Agroecológico, vamos falar
um pouco mais dos riscos do uso Você sabe o que é a fitoterapia? A técnica consiste na utilização de vege-
de plantas medicinais. De modo tais para tratar organismos doentes. Quando trabalhamos com plantas
geral, os vegetais, frutas e hortaliças temos de levar em conta que plantas são sempre diferentes umas das
usados com fins medicinais trazem outras, como são os animais. Por isso, os tratamentos indicados devem
benefícios à saúde das pessoas. No ser adaptados pelos agricultores na condição de sua propriedade. Por
entanto, é preciso responsabilidade exemplo, fazer chás mais fortes ou mais fracos, usar mais ou menos plan-
e moderação para garantir seus be- tas para o tratamento de um animal.
nefícios.
As plantas são mais “fortes” ou mais “fracas” de acordo com o solo,
São necessários vários cuidados clima, chuva, sol, vento, etc., assim como os animais são mais ou menos
na produção dos medicamentos saudáveis dependendo da raça, genética, alimentação e manejo. Nunca
provenientes das plantas. Algumas devemos esquecer que plantas podem até matar se usadas incorreta-
plantas não podem ser cultivadas mente, pois algumas são venenosas e outras se tornam tóxicas no uso
perto de animais, esgotos ou estra- incorreto. Procure informações com agentes da pastoral da saúde sobre
das, por exemplo. É preciso ter cuida- plantas medicinais e como reconhecê-las corretamente, uma vez que
do com essas questões, pois o local de modo geral as que servem para tratamentos humanos são também
onde estão interfere na quantidade adequadas ao tratamento de animais.
de princípios químicos que elas apre-
sentam e no efeito que exercem no or-
ganismo. É necessário muito cuidado Inchaço e inflamação de úbere pós-parto
também na identificação das plantas O que é: O inchaço pós-parto, normalmente ocorre em novilhas ou vacas
medicinais, várias espécies podem de primeira ou segunda cria, sempre antes do período de nascimento do
ser conhecidas pelo mesmo nome bezerro. Normalmente desaparece com o uso de ducha fria e movimen-
em determinada região e isso pode tação do animal, além de massagens no úbere no sentido de baixo para
gerar graves problemas na produção cima, em direção à virilha do animal.
medicinal com utilização dessas es-
pécies, trazendo grande risco aos Tratamento: o tratamento do inchaço pós-parto pode ser feito utilizando-
consumidores destes produtos. se maria-mole, também conhecida como flor de cemitério ou flor natal.
Frite 30 gramas de maria-mole e uma cebola pequena picada, em 3
Confira também nessa edição um colheres de sopa de banha, utilize o produto obtido para massagear o
pouco mais sobre os benefícios do úbere endurecido duas vezes por dia durante, no mínimo, três dias.
uso da fitoterapia em animais.
Boa leitura.
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3. Edição nº 02 | Fevereiro de 2013 | Ano 5
03
Mais uma dose da
medicina das plantas
Continuando o texto da nossa edição de janeiro, fa- Um exemplo de problemas na identificação
laremos um pouco mais sobre as plantas medicinais, das plantas medicinais.
aliadas importantes no tratamento de várias enfermi-
dades, mas que podem também trazer grande risco se
mal administradas.
Não é possível assegurar reprodutibilidade dos efeitos
das plantas medicinais e seus produtos (chás, garra-
fadas, tinturas), nem os desejados ou os indesejados.
Da mesma forma, não existe segurança quanto à qua-
lidade dos produtos, podendo ocorrer a identificação
equivocada da planta, adulterações intencionais ou
acidentais e outras contaminações.
A identificação das plantas medicinais é um ponto crí-
tico. Os nomes populares, algumas vezes, apontam
para espécies bastante diversas. Por exemplo, na re- Cymbopogun citratus
gião Sul do Brasil são conhecidas como erva-cidreira
o Cymbopogun citratus (DC.) Strapf, a Aloysia triphylla
(L’Herit.) Britt e a Melissa Oficinallis L. A primeira é uma
erva que forma uma touceira com folhas lineares, de
até 1,5 metro de comprimento e com as bordas cor-
tantes. A segunda é um arbusto de até 3 metros de
altura, com folhas verticiladas, ovalado-lanceoladas,
de até 12 centímetros de comprimento. Já a última é
uma erva de até 80 cm de altura com folhas opostas,
ovaladas de até 7 centímetros de comprimento e com
bordos dentados. Nesse exemplo, as diferenças entre
as plantas são de fácil identificação.
Aloysia triphylla
Na Região Sul do País, as três
espécies ao lado são conhecidas como
erva-cidreira.
Melissa Oficinallis
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04
Por outro lado, as plantas conhecidas na Região Sul quais se esperaria conter a planta Arnica montana L.,
como marcela podem ser de duas espécies: Achyrocli- espécie presente em muitas farmacopeias. Porém, de
ne satureioides (Lam.)DC. e Achyrocline vauthieriana acordo com a declaração de composição, alguns con-
DC. A distinção entre as duas espécies é difícil. Assim, têm a espécie Stenachaenium campestre Baker, ou-
existem plantas bastante diferentes, que recebem no- tros Chaptalia nutans (L.) Polak e outros ainda, Solida-
mes populares iguais e plantas morfologicamente di- go chilensis Meyen, plantas que simplesmente, têm a
ferentes, que recebem nomes populares iguais e plan- denominação popular de arnica. Da mesma forma, pro-
tas morfologicamente semelhantes, com composição dutos com declaração de “ginseng” sugerem tratar-se
química bastante diversa. Nessa última situação, são da planta, bem conhecida e avaliada, Panax ginseng
conhecidos diversos casos de intoxicação pela identi- C.A. Meyer, mas apresentam na sua composição uma
ficação incorreta da espécie vegetal. Um exemplo é de espécie pouco conhecida, a Pfaffia paniculata (Mart.)
um casal que coletou uma espécie de Digitalis, crendo Kuntze. Muitos desses produtos estão ilegalmente no
tratar-se da Consólida (confrei, Symphytum officinale mercado, declarados como “ isentos de registro con-
L.). forme Art. 28 – Decreto 79.094/77”. Entretanto, o Mi-
nistério da Saúde não reconhece a auto-isenção de
Quando se trata do uso de plantas medicinais é ne- qualquer registro de medicamentos ou medicamento
cessário caracterizar o que se denominou de medica- fitoterápico.
mentos fitoterápicos. Os medicamentos industrializa-
dos ou processados, que Na atual situação, o fato de
contenham como parte
“...face às deficiências notórias na uma planta estar sendo co-
ativa somente plantas mercializada como um me-
medicinais, passaram a área de vigilância sanitária, até o dicamento fitoterápico não
ser denominados de fi- garante maior segurança
toterápicos ou produtos momento, é comum a presença quanto à qualidade do pro-
fitoterápicos, recebendo duto e conhecimento da efi-
uma legislação específica no mercado de produtos que não cácia e dos riscos. Por tais
(Port. 6/SVS de 31/1/95, razões, plantas medicinais e
D.O.U de 6/2/95, refor- atendem as exigências legais...” medicamentos fototerápicos
mulada através da Re- não estão sendo abordados
solução RDC Nº 17, de de forma diferenciada.
24/2/2000). Segundo essa legislação, esses produ- Fonte: Biblioteca Central da Epagri. BOFF, P. (Coord.). Agropecuária
tos são caracterizados pelo conhecimento da eficácia saudável: da prevenção de doenças, pragas e parasitas à terapêu-
e dos riscos ao seu uso, assim como pela reprodutibi- tica não residual. Lages: Epagri; Udesc, 2008.
lidade e constância de sua composição. No processo
de registro junto ao Ministério da Saúde, o produtor
deve comprovar a eficácia, apresentar a avaliação dos
riscos de seu uso e estabelecer parâmetros de quali-
dade e estabilidade, e, a partir daí, receber o número
de registro do órgão competente.
Considerando essas exigências legais, seria de se es-
perar de um produto fitoterápico a constância da quali-
dade e declaração quanto aos riscos identificados. No
entanto, face às deficiências notórias na área de vigi-
lância sanitária, até o momento, é comum a presença
no mercado de produtos que não atendem as exigên-
cias legais. Como exemplo, pode ser referida a existên-
cia de produtos que não atendem as exigências legais.
Como exemplo, pode ser referida a existência de pro-
dutos com a declaração de tratar-se de “arnica”, dos