1. NOME DO CONCURSO : PREFEITURA DO MUNICIPIO DE AMERICANA
NOME DO PROFESSOR : ANA CLÁUDIA DOS SANTOS CAMARGO
ÁREA : LIBRAS
PROVA ELABORADA PARA O CARGO DE:
PROFESSOR BILINGUE [PORTUGUÊS/LIBRAS]
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
PEDAGOGIA VISUAL MÉDIA REF: BASSO, Idavania Maria de
Souza. Mídia e educação de surdos:
transformações reais ou uma nova
utopia?
1) Os avanços da ciência e da tecnologia nas últimas décadas trazem novas perspectivas
para a educação geral e no processo educacional das pessoas surdas de forma particular.
Segundo Basso (2003) as TIC’s têm colaborado com a elevação do nível de letramento do
aluno surdo. Considere as afirmações abaixo:
I. Os processos de aprendizagem essencialmente visuais específicos das pessoas surdas
inclui a leitura e produção de imagens visuais. Não está restrita aos processos de
codificação/decodificação de símbolos sonoros e gráficos.
II. A internet tem se mostrado um local de profunda equidade entre todos os seus
membros, ainda assim os surdos são excluídos por não terem acesso pleno às
informações orais.
III. A internet é rica fonte de informações escritas que substituem as orais com grande
vantagem, constitui-se como um dos meios eletrônicos mais eficientes de contato
com a língua escrita.
IV. O uso dos tradutores on line tem colaborado com grande eficiência na transcrição
correta dos significados, aumentando o vocabulário e possibilidades de escrita das
pessoas surdas.
V. A internet possibilita a agregação das comunidades surdas, fortalecendo a difusão de
sua cultura e integração bem como as possibilidades de contato com outras
realidades políticas e culturais.
Assinale a alternativa que apresentas as alternativas corretas:
a) I, II, IV
b) II, III,V
c) I, III, V
d) I, II, III, IV
e) I,III, IV, V
ALTERNATIVA CORRETA: C
Justificativa:
2. A autora faz uma reflexão sobre o processo histórico da educação dos surdos em paralelo
com o desenvolvimento da educação geral e da inclusão das tic’s nos processos educacionais
e sua evolução – oralidade – escrita – audiovisual. Considerando a constituição dos sujeitos
surdos enquanto usuários de uma comunicação visual, as tic’s entram como uma
possibilidade pedagógica viável para as pessoas surdas para além da
codificação/decodificação de símbolos sonoros e gráficos, mas, sobretudo, como
instrumentos de interação nos diferentes níveis e contextos sociais com a vantagem de
substituição das informações orais pela escrita expandindo o vocabulário e atribuindo
novos significados aos signos, o que reporta ao uso da língua escrita no sentido atribuído ao
conceito de Letramento (via e-mail, chat, ICQ ou MIRC), garantindo a inclusão e equidade. O
texto cita ainda o sistema de escrita de sinais Sign. Writing e os tradutores, estes não são tão
eficientes devido ao grande número de erros de significado bem como na tradução literal
que caracteriza uma redução do vocabulário. A internet possibilita também a agregação das
comunidades surdas, fortalecendo a difusão de sua cultura e integração bem como as
possibilidades de contato com outras realidades políticas e culturais.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
PEDAGOGIA VISUAL DIFÍCIL CAMPELLO, A. R. S. Pedagogia
Visual / Sinal na Educação dos
Surdos. In: Quadros, R. M. de.;
Pelin, G. (orgs). Estudos Surdos II.
Petrópolis: Arara Azul, 2007. p.
100-131.
2) Considere a figura abaixo:
Fonte: Figura 1: Quadros, R. M. de.; Perlin, G. (orgs). Estudos Surdos II. Petrópolis: Arara Azul, 2007, pag. 105
A professora utiliza da semiótica imagética para explicar o ciclo de ovulação feminino.
Considerando as especificidades da educação de surdos assinale a alternativa que
contemple esse conceito:
a) A utilização dos gestos na educação de surdos transformam a informação em
imagem e a imagem em língua de sinais que garantem atribuição do sentido dos
conceitos mais elementares aos mais elaborados.
3. b) A semiótica imagética é um recurso didático muito utilizado também com os ouvintes
onde os conteúdos são transportados para figuras especificamente no ensino da
disciplina de ciências.
c) Semiótica imagética utiliza a imagem no quadro (recurso gráfico) para ilustrar uma
informação subsidiada pela língua de sinais.
d) A semiótica imagética caracteriza-se especialmente pelo uso da língua de sinais e de
elementos verbais presentes nas propostas pedagógicas para surdos e ouvintes e
suas experiências no mundo social.
e) A semiótica imagética é um campo de estudo da semiótica geral que prioriza a busca
da significação transformando os signos gráficos em signos visuais, considerando as
características da cultura os recursos da língua de sinais, as experiências visuais e
recursos didáticos disponíveis.
ALTERNATIVA CORRETA: E
Justificativa:
Em seu texto Campello (2007) apresenta uma situação de dificuldade de um professor
durante uma explicação sobre o ciclo de ovulação feminino. O professor considera
impossível explicar a matéria aos surdos, pois faltam recursos visuais e linguísticos para tal. A
professora surda apresenta ao grupo a Semiótica imagética que é uma área dentro dos
estudos da semiótica geral, não são gestos ou mímicas sem conexão, mas tem por princípio
o uso de signos como unidades de sentido transpor a imagem em língua de sinais. Não se
reduz a um simples recurso didático ou a um facilitador de aprendizagem de uma ou outra
disciplina, é uma representação da realidade a partir das experiências visuais do indivíduo.
Considerando que a forma de percepção do mundo e de conceitos nas pessoas surdas dá-se
por via visual é necessário que se tenha um conhecimento sobre como são as experiências
visuais do surdo que em muito diferem das experiências visuais dos ouvintes. É preciso
conhecer os princípios e recursos da cultura, da língua de sinais e possibilidades dos recursos
didáticos disponíveis.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
PEDAGOGIA VISUAL MÉDIA CAMPELLO, A. R. S. Pedagogia
Visual / Sinal na Educação dos
Surdos. In: Quadros, R. M. de.;
Pelin, G. (orgs). Estudos Surdos II.
Petrópolis: Arara Azul, 2007. p.
100-131.
3) Campello (2007) descreve que as experiências visuais em que estão inseridos os sujeitos
surdos permitem desenvolver um discurso viso-espacial que é construído sócio
historicamente. Dessa forma as práticas pedagógicas devem comtemplar vários
aspectos. Assinale a alternativa que NÃO corresponde a essa prática pedagógica:
a) Uma elaboração do currículo, do fazer didático e reorganização das disciplinas de
forma a comtemplar as especificidades dos surdos.
4. b) A construção dos conceitos pautada na área dos estudos da linguística, educação e
artes livre de ideologias políticas baseada na concepção de mundo através da
subjetividade do olhar.
c) O uso da língua de sinais enquanto meio e fim da interação social, cultural, política e
científica.
d) O desenvolvimento do discurso como parte da constituição do sujeito e o
reconhecimento de si diante das relações sociais.
e) A utilização dos recursos da pedagogia visual: jogos educativos, recursos visuais,
tecnologias de informação e comunicação.
ALTERNATIVA CORRETA: B
Justificativa:
Com características viso-espaciais, a LSB inscreve-se no lugar da visualidade e, sem dúvida,
encontra na imagem uma grande aliada junto às propostas educacionais e às práticas sociais.
Este discurso viso-espacial é socialmente construído, é histórico e que não está livre de
ideologias políticas, sociais e culturais. Através da elaboração de currículos e reorganização
das disciplinas o aluno surdo poderá construir a sua imagem e seu discurso a partir do
reconhecimento de si enquanto ser histórico e social, através da utilização da língua de
sinais na construção de significados utilizando-a de forma eficiente.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
PEDAGOGIA VISUAL DIFÍCIL REIS, Flaviane. Professor surdo: a
política e a poética da transgressão
pedagógica. Dissertação de
mestrado em Educação.
Universidade Federal de Santa
Catarina. 2006
4) Reis (2006) problematiza as relações entre pedagogia de surdos, pedagogia ouvinte,
política e poética dos professores surdos. A partir das afirmativas, assinale a alternativa
que corresponde respectivamente à dimensão política e poética de atuação dos
professores surdos na educação:
I. Estratégias de ensino específicas com objetivo de identificação cultural.
II. Quebra de um paradigma com a pedagogia tradicional respeitando a identidade e
diferença, luta pelo espaço na educação dos surdos.
III. Relação de poder que se caracteriza pela dominação de uma cultura sobre a outra.
IV. Forma de expressão e ensino através da sua língua e cultura.
a) I,II
b) III,I
c) II, IV
d) III, IV
e) IV, I
ALTERNATIVA CORRETA: C
5. Justificativa:
A história da educação dos surdos durante muitos anos foi marcada pela dominação da
pedagogia ouvinte sobre os sujeitos surdos. A concepção de surdez, as práticas pedagógicas,
a identificação enquanto sujeitos de um processo tinham um referencial ouvinte. Os
professores surdos estão conquistando o seu espaço nas escolas de surdos, porém, essa
conquista não é apenas física demonstra uma capacidade de transformação ou transgressão
como conta a autora, pois questiona uma relação de poder já estabelecida imbricada no
conceito de normalidade. A pedagogia surda é baseada na diferença como característica
cultural de constituição do sujeito. A dimensão política desta transgressão refere-se à
quebra da pedagogia tradicional. Os professores surdos têm a sua identidade e diferença e
lutam para conseguir um espaço dos surdos na educação de surdos com estratégias de
ensino adequadas transmitindo valores culturais e políticos. A dimensão poética refere-se à
poeticidade do professor surdo que se produz pelo seu próprio jeito de se expressar e de
ensinar através do seu próprio corpo, da sua própria identidade, da sua própria consciência,
do seu próprio pensamento, da sua própria diferença, da sua própria cultura e da sua língua
de que estão enfatizando. Ambas as dimensões reforçam a cultura, língua de sinais,
alteridade, diferença e identidade e representação do professor surdo.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
AQUISIÇÃO DE LIBRAS COMO MÉDIA QUADROS, Ronice Müller de.
LÍNGUA MATERNA Educação de Surdos: a aquisição da
linguagem. Porto Alegre:. Artes
Médicas, 2010.
5) Leia os trechos abaixo:
Não há limitações cognitivas ou afetivas inerentes à surdez, tudo depende das possibilidades oferecidas pelo grupo social para o seu d
(...) respeitar a pessoa surda e sua condição sociolinguística implica em considerar seu desenvolvimento pleno como ser bicultural a fi
Considere as afirmativas:
6. I. As crianças surdas podem desenvolver plenamente sua linguagem de sinais mesmo tendo
contato apenas com pessoas ouvintes.
II. As particularidades de processamento cognitivo e linguístico de uma criança surda
estão atreladas às características da modalidade da língua que utiliza.
III. Cabe à escola oferecer oportunidade de desenvolvimento e estruturação da
linguagem a partir do ensino da língua de sinais preferencialmente com um professor
surdo, visto que 95% dos surdos são de família ouvinte.
IV. As dificuldades apresentadas por crianças surdas nas escolas deve-se a falta de uma
estruturação linguística primária na língua oral.
V. A língua de Sinais é considerada a língua materna dos surdos pois é adquirida de
forma natural quando há exposição à mesma.
Asssinale as alternativa que indica as afirmativas incorretas:
a) As afirmativas III, IV, V
b) As afirmativas I, II,V
c) As afirmativas I, II, III
d) As afirmativas I e IV
e) Somente a afirmativa III
ALTERNATIVA CORRETA: D
Justificativa:
Se há um dispositivo de aquisição de linguagem comum a todos os seres humanos que são
acionados mediante a exposição à língua, a língua portuguesa na modalidade oral não será a
língua que acionará naturalmente esse dispositivo nas crianças surdas, ela poderá até
adquirir esta língua mas não será de forma natural como ocorre com a língua de sinais. Na
maioria das vezes, se não for exposta a língua de sinais precocemente, a criança terá apenas
traços de uma língua oral/gestual que não são suficientes para uma estruturação completa
de linguagem que pode ocasionar sérios problemas no seu desenvolvimento psicolinguístico
e psicossocial. Como a maioria das crianças surdas é filha de pais ouvintes o contato com a
língua de sinais geralmente se dará na escola, espaço de construção de sua identidade
cultural. O processo de aquisição de língua de sinais esta diretamente relacionada com a
cultura e forma de perceber o mundo através da visualidade. Portanto o processamento
cognitivo e linguístico de uma criança surda difere de uma criança ouvinte sendo
recomendável que a criança tenha acesso sempre que possível a um professor surdo como
modelo linguístico e cultural.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
AQUISIÇÃO DE LIBRAS COMO MÉDIA QUADROS, Ronice Müller de.
LÍNGUA MATERNA Educação de Surdos: a aquisição da
linguagem. Porto Alegre:. Artes
Médicas, 2010.
7. 6) Segundo Quadros (2010). O estudo da aquisição da linguagem está diretamente
relacionado a um tipo de abordagem filosófica, histórica e social. Conhecê-las em suas
nuances é tarefa de qualquer profissional que trabalhe na educação de surdos.
Considere as seguintes afirmativas:
I- A aquisição da linguagem dá-se pela descoberta das regularidades da língua, é
inerente ao ser humano. A partir dos dados linguísticos a que é exposta a criança
aciona a gramática de sua língua materna.
II- A linguagem é um sistema simbólico dominado por regras que são desenvolvidas a
partir de associações no contexto social como consequência do desenvolvimento
cognitivo.
III- A linguagem desenvolve-se essencialmente por meio de um processo complexo
de estímulo, reforço, treino e repetição.
Assinale a alternativa correta sobre as afirmativas anteriormente apresentadas:
a) A afirmativa I refere-se à abordagem interacionista.
b) A afirmativa III refere-se à abordagem comportamental.
c) A afirmativa II refere-se à abordagem linguística.
d) A afirmativa I não corresponde a uma abordagem de aquisição de língua.
e) A afirmativa III refere-se a uma sequência didática muito utilizada ainda na
educação de surdos.
ALTERNATIVA CORRETA: B
Justificativa:
Há três abordagens sobre aquisição:
A abordagem comportamentalista (Skinner 1957) tem como premissa básica o interesse
pelos aspectos mensuráveis do comportamento, estímulos que predizem o aparecimento de
respostas. O enfoque está no desempenho e não na competência ESTÍMULO – REFORÇO –
CONDICIONAMENTO – TREINO E IMITAÇÃO.
A abordagem linguística (Chomsky, 1957) tem como premissa a linguagem tendo uma
gramática que independe do uso da linguagem. A aquisição de língua dá-se pela descoberta
das regulares da língua é inerente ao ser humano. A partir dos dados linguísticos a que é
exposta a criança aciona a gramática de sua língua materna.
A abordagem interacionista divide-se entre o enfoque cognitivista (Piaget) e social
(Vygotsky). A linguagem é um sistema simbólico dominado por regras que são desenvolvidas
a partir de associações no contexto social como consequência do desenvolvimento
cognitivo.
O conflito entre as abordagens deu início às pesquisas de aquisição de língua no seu
processo que suscitou vários questionamentos sobre o processo de aquisição de uma
segunda língua.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
AQUISIÇÃO DE LIBRAS COMO DIFÍCIL QUADROS, Ronice Müller de.
8. LÍNGUA MATERNA Educação de Surdos: a aquisição da
linguagem. Porto Alegre:. Artes
Médicas, 2010.
7) As pesquisas recentes sobre aquisição das línguas de sinais por crianças surdas filhas de
pais surdos evidenciam que esse processo é análogo ao desenvolvimento das línguas
orais. Assinale a alternativa que relaciona respectivamente o período à característica de
aquisição da linguagem.
a) Estágio de um sinal: ocorrem as primeiras distinções derivacionais e a diferenciação
entre os nomes e os verbos.
b) Estágio das primeiras combinações: ocorre a chamada explosão do vocabulário e o
uso do sistema pronominal da língua de sinais.
c) Estágio de múltiplas combinações: a criança altera a ordem de construção das frases
de SV ou VO para SVO, as palavras são responsáveis pelo estabelecimento das
relações gramaticais.
d) Estágio de um sinal: corresponde a fase pré-linguística , a substituição da apontação
natural dos ouvintes pelo sistema linguístico da libras.
e) Estágio das múltiplas combinações: as crianças começam a utilizar o sistema
pronominal com referentes não presentes no contexto do discurso apresentando
erros semelhantes às crianças ouvintes como as supergeneralizações dos verbos.
ALTERNATIVA CORRETA: E
Justificativa:
No capítulo 3 do livro Educação de Surdos – Aquisição da linguagem após apresentação das
abordagens que estudam a aquisição de língua, Quadros (2010) apresenta detalhadamente
processo de aquisição de linguagem pelas crianças surdas filhas de pais surdos. São quatro
períodos distintos:
Período pré-linguístico: foi realizado um estudo sobre o balbucio verificando-se esse
processo é igual em crianças surdas e ouvintes diferenciando-se posteriormente conforme o
input linguístico que a criança recebe.
Período de estágio de um sinal: as crianças não fazem uso dos dispositivos indicativos da
libras, recorrendo ao apontamento como as crianças ouvintes, os sinais apresentam-se
como formas congeladas, não são observadas flexões optando a criança por formas
morfofonêmicas. No final do período há uma reorganização onde a criança muda o conceito
da apontação.
Estágio das primeiras combinações: A ordem usada pelas crianças surdas neste estágio é SV,
VO e posteriormente SVO. A ordem das palavras é responsável pelo estabelecimento das
relações gramaticais, a criança utiliza-se da incorporação dos indicadores para concordância
verbal, pois esta está atrelada à aquisição do sistema pronominal. Neste período é comum o
processo de reversão pronominal. Os objetos são nomeados e referidos apenas no contexto
imediato.
Estágio de múltiplas combinações: Ocorre a chamada explosão de vocabulário e começa a
ocorrer distinções derivacionais, diferenciação entre os nomes e os verbos o uso do sistema
pronominal da língua de sinais ainda com erros como empilhamento de referentes não
9. presentes, supergeneralizações dos verbos. A utilização dos verbos de forma adequada
ocorre por volta dos cinco anos.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
AQUISIÇÃO DE LIBRAS COMO DIFÍCIL QUADROS, Ronice Müller de.
LÍNGUA MATERNA Educação de Surdos: a aquisição da
linguagem. Porto Alegre:. Artes
Médicas, 2010.
8) Uma das grandes dificuldades encontradas por professores no desenvolvimento de
atividades com alunos surdos reside no bloqueio ocasionado pela falta de uma língua
comum no ambiente escolar. Sobre a aquisição da linguagem, identifique a alternativa que
aponta elementos que justificam o ensino precoce da língua de sinais para as crianças
surdas.
a) O uso da língua de sinais em conversas informais modelaria importantes
características da linha do discurso oral, garantindo às crianças completa fluência necessária
para aprender o idioma na modalidade oral e escrita.
b) As línguas de sinais são organizadas no cérebro constituindo-se como línguas
naturais, tem um período crítico para sua aquisição. Considerando que a maioria das
crianças surdas somente tem acesso a língua de sinais na escola há sérias consequências
para o aprendizado.
c) Crianças surdas filhas de pais ouvintes tem a língua oral como primeira língua pois
não recebem inputs linguísticos que possibilitem a aquisição natural de uma língua de sinais,
tampouco desenvolvem satisfatoriamente a língua de sinais na escola através do ensino
sistemático desta língua.
d) O atendimento na escola deve propiciar a aquisição da língua de sinais L1
simultaneamente à aprendizagem da língua majoritária como L2. A família deve
proporcionar práticas interculturais e a criança deve vivenciar a linguagem em diferentes
contextos.
e) A língua de sinais L1 substituirá a língua majoritária L2 em uso e nas relações sociais
contribuindo com melhor desempenho nas relações sociais especialmente no convívio
familiar como no contexto escolar.
ALTERNATIVA CORRETA: B
Justificativa:
As línguas de sinais são línguas naturais da comunidade surda que se desenvolvem no
cérebro, tem um período crítico para aquisição, a maioria das crianças surdas é filha de pais
ouvintes e tem contato com a língua de sinais na escola. A escola por sua vez durante muitos
anos insistiu em práticas oralistas impondo a língua oral e ignorando e capacidade de
aprendizado que os surdos apresentavam através das habilidades viso-espaciais o que
ocasionou grande dificuldade na aprendizagem. As crianças surdas filhas de pais surdos tem
acesso à língua precocemente, pois compartilham da mesma língua dos pais em situações
comunicativas reais ( entre parentes, amigos, etc.) que permitem um desenvolvimento
natural da linguagem. A participação dos pais ouvintes é fundamental, pois ao aprenderem a
10. língua de sinais como L2 poderão compartilhá-la com seus filhos possibilitando o seu uso em
outro contexto que não só o escolar. O professor ao ensinar a língua de sinais não deve
esquecer o status linguístico da mesma ela não é um apoio à aprendizagem de uma segunda
língua. Os estudos comprovam que mesmo crianças surdas filhas de pais ouvintes ao terem
contato com input linguístico da libras de forma adequada desenvolvem a língua de sinais de
forma satisfatória, a partir da organização do discurso na primeira língua o aluno tem
condição de aprender uma segunda língua.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
EDUCAÇÃO BILÍNGUE MEDIA LODI, Ana Claudia Balieiro e
LACERDA, Cristina Broglie Feitosa
de. Uma escola duas línguas:
letramento em língua portuguesa e
língua de sinais nas etapas iniciais
de escolarização. Porto Alegre:
Editoria Mediação, 2009.
9) Leia o trecho abaixo:
A proposta de educação bilíngue para surdos contempla o direito linguístico da pessoa surda de ter acesso aos conhecimentos sociais
É correto afirmar que para a implantação de uma proposta bilíngue para surdos dentro do
contexto escolar atual, faz-se necessário:
I- Implantar salas de apoio pedagógico para desenvolvimento de treinamento
auditivo e de fala que foram suprimidos da sala de aula.
II- Garantia do direito à aquisição da língua de sinais nos anos iniciais da
escolarização.
III- Inclusão de outros profissionais no ambiente escolar como instrutores surdos
como modelo linguístico-cultural e do intérprete de língua de sinais.
IV- Reduzir o currículo considerando as especificidades de acesso à informação
característico da cultura surda.
V- Formação de professores bilíngues com bom nível conhecimento da língua de
sinais e de metodologia de ensino da L2.
a) Apenas as afirmativa I, II, IV está corretas
b) Apenas a afirmativa IV está incorreta.
c) Apenas as afirmativas II, III, V estão corretas
d) Apenas a afirmativa V está correta.
e) As afirmativas I, III e IV estão incorretas.
ALTERNATIVA CORRETA: C
11. Justificativa:
O decreto 5626/05 garante aos alunos surdos o direito de acesso ao currículo e os bens
culturais através da língua brasileira de sinais. Não se trata de redução de currículo, mas da
garantia de acesso ao mesmo dentro de suas características linguísticas e culturais. As
práticas de oralização e atendimento clínico não são mais responsabilidade da escola
bilíngue, pois o centro do processo é a aquisição da língua portuguesa na modalidade escrita
e da língua de sinais como primeira língua. Dentro deste aspecto é necessário que as escolas
possam garantir ao aluno surdo o direito à instrução em sua primeira língua. Uma escola
bilíngue é aquela que cria um ambiente linguístico apropriado às formas particulares de
processamento cognitivo e linguístico da criança surda assegurando o desenvolvimento
sócio emocional a partir da identificação com surdos adultos ou professores fluentes em
Libras, garantindo um espaço de trocas linguísticas, as quais facilitarão a construção de uma
aprendizagem significativa, com metodologias de ensino adequadas para a aquisição da
língua portuguesa na modalidade escrita. Nesta proposta a escola deve promover a
capacitação dos professores, funcionários e pais na língua de sinais além da contratação de
outros profissionais como o professor especialista, os instrutores de Libras e o intérprete de
Libras.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
EDUCAÇÃO BILÍNGUE DIFÍCIL MARTINS, Vanessa Regina de
Oliveira; MARTINS, Luana.
Experiências de letramento visual
na constituição da libras e do
português por alunos surdos numa
escola regular Anais do SIELP.
Volume 1, Número 1. Uberlândia:
EDUFU, 2011.
10) Martins (2011) relata sua experiência de reorganização da escola dentro de uma
perspectiva bilíngue-bicultural. Além da estrutura física e humana necessária para tal
mudança faz-se necessário ressignificar o contexto de aprendizagem dos alunos surdos
de forma a:
I- Considerar a surdez como uma experiência visual e a Libras como
constitutiva do sujeito surdo e de seus processos subjetivos.
II- Utilizar a língua sinais como L1 uma vez que todas as relações sociais
perpassam pela linguagem.
III- Proporcionar letramento visual por meio de experiências em práticas
culturais / sociais por meio da visão.
As afirmativas acima se referem à
a) Uma abordagem de trabalho na perspectiva teórica enunciativa discursiva.
b) Princípios teóricos que embasam a pedagogia da diferença surda.
c) Pressupostos teóricos sobre os conceitos de língua, surdez e linguagem.
d) Metodologia de ensino aplicada ao ensino de português para surdos.
12. e) Expectativas de aprendizagem de primeira língua.
ALTERNATIVA CORRETA: A
Justificativa:
Considerando-se a surdez como experiência visual e que é através da Libras que o aluno
surdo irá constituir-se como sujeito é necessário que as práticas pedagógicas na educação de
surdos considerem a utilização da Libras como L1, uma vez que todas as relações passam
pela linguagem. Essa perspectiva visa o letramento visual, a criança deve ser estimulada a
vivenciar as práticas discursivas através da experiência a partir de si na relação com os
outros.
A abordagem teórica adotada neste trabalho se dá pela perspectiva teórica enunciativa
discursiva, a qual entende o sujeito constituído pelos vários discursos que o compõem,
permeado na escola e nas práticas cotidianas.
Toda proposta de educação bilíngue está baseada em um referencial teórico que norteiam
os conceitos sobre surdez, língua e linguagem. A experiência relatada pela autora indica que
há uma estrutura política que modifica o espaço de uma escola pensada para ouvintes, rumo
a uma escola composta também por pessoas que não ouvem, mas que pertencem a essa
escola – pertencem como sujeitos surdos falantes de uma língua viso-gestual e que está
(esta língua e o sujeito surdo) marcada e presente no espaço da escola e nas relações
internas desta instituição.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
ENSINO DE L2 DIFÍCIL PEREIRA, Maria Cristina da Cunha
(org.). Leitura, escrita e surdez. São
Paulo: FDE, 2005.
11) Leia o trecho:
A Proposta Curricular para Deficientes Auditivos (1979), documento referência na educação de surdos, recomendava que, na medida
Assinale a alternativa que corresponde à sequência didática desta proposta sugerida aos
professores:
a) Reconhecer e identificar as palavras-chaves - Reproduzir por escrito as palavras -
ordenar as palavras em frases simples – ordenar as frases formando um texto.
13. b) Ordenar as sílabas formando frases - ordenar frases simples - reescrita de texto-
estudo das palavras-chave.
c) Reescrita do texto- formação de frases- estudo do vocabulário – ordenar frases
simples.
d) Reconhecer e identificar sílabas dos vocábulos - estudo do vocabulário- formação de
frases - Reproduzir o texto por escrito.
e) Formar palavras - reproduzir o texto - estudo das palavras-chaves - formar frases
ALTERNATIVA CORRETA: A
Justificativa:
No final da década de 70, os estudos sobre aquisição da linguagem passaram a enfatizar o
conteúdo em vez da forma e esta mudança teve influência na educação de surdos.
O documento de 79 elaborado pelo MEC e Derdic/PUC apesar de apresentarem o texto
sugere atividades com grande ênfase nas palavras, previamente escolhidas pelos
professores. O enfoque está no reconhecimento e identificação destas palavras-chaves, na
reprodução correta das mesmas, a capacidade de ordená-las em frases simples e a partir
destas frases formarem um texto. O documento faz uma referência à semântica, mas a
proposta traz um modelo gramatical de ensino de português como exemplifica Pereira
(2005) pela descrição da Chave de Fitzgerald (concepção de língua como código). Na tarefa
de ensinar a Língua Portuguesa ao aluno surdo, o professor iniciava com palavras e
prosseguia com a utilização destas palavras em estruturas frasais, primeiramente simples, e
depois cada vez mais longas e morfossintaticamente mais complexas. Por meio de exercícios
de substituição e de repetição, esperava- se que os alunos memorizassem as estruturas
frasais trabalhadas e as usassem em textos que seriam reprodução do texto trabalhado.
Muitas escritas de alunos surdos refletem esse modelo de ensino de L2.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
ENSINO DE L2 DIFÍCIL PEREIRA, Maria Cristina da Cunha
(org.). Leitura, escrita e surdez. São
Paulo: FDE, 2005.
12) O ensino de português para surdos está estritamente ligado à concepção de língua /
linguagem e leitura / escrita. Muito tem se trabalhado no decorrer da história da
educação de surdos com a concepção de língua como código onde se determinam qual é
o papel do professor, do aluno e do texto nas relações de construção da leitura e escrita.
Considerando a concepção de língua como atividade discursiva:
I- O professor deve escolher o vocabulário do texto a ser apresentado.
II- As atividades devem contemplar situações de uso da língua portuguesa
escrita.
III- O aluno precisa conhecer todo o vocabulário do texto para ler.
IV- O texto é um lugar de interação entre o professor e o aluno.
V- O aluno elabora hipóteses sobre o significado do texto na leitura a partir do
seu conhecimento de mundo.
14. Assinale a alternativa correta sobre as afirmativas anteriormente apresentadas:
a) Somente a afirmativa I está incorreta.
b) I,II,III estão corretas.
c) Somente as afirmativas II e IV estão incorretas
d) II, IV, V estão corretas.
e) Somente a afirmativa III está incorreta.
ALTERNATIVA CORRETA: D
Justificativa:
A concepção de língua e linguagem, leitura e escrita estão intimamente ligados às práticas
pedagógicas dos professores de surdos no decorrer de sua história. Na concepção de língua
como código há uma grande ênfase na estrutura da língua com suas regras gramáticas. As
formas gramaticais eram apresentadas as crianças surdas do mesmo modo como para as
crianças ouvintes. A língua é considerada um código, sendo a leitura e escrita processos de
decodificação e reprodução deste código. Diante o fracasso no ensino de surdos e ouvintes.
Os estudos da linguagem veem na concepção de língua enquanto discurso uma possibilidade
maior de sucesso para o ensino de crianças surdas uma vez que o foco vai para o texto como
espaço de interação, o aluno não é mais um ser passivo. Fulgencio e Liberato consideram a
leitura como um conjunto de informações visuais e não visuais (o que ele sabe / o que ele
retira do texto), dessa forma o aluno não precisa conhecer todo o vocabulário do texto para
ler, pois não é uma questão de decodificação, mas de previsões e inferências que vão dar
sentido ao texto como uma unidade de sentido. Na concepção de língua como código o
professor escolhe o texto bem como as palavras-chaves que irá trabalhar, as atividades
reduzem-se a formação de frases e textos com estrutura controlada (linguagem filtrada). Na
concepção de língua como atividade discursiva cabe ao professor proporcionar atividades
diversificadas de uso da escrita a fim de que o aluno perceba as finalidades através de
diferentes portadores de texto que possam ampliar a sua visão de mundo e conhecimento
do português escrito.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
ENSINO DE L2 DIFÍCIL LEBEDEFF, Tatiana Bolívar. Análise
das estratégias e recursos “surdos”
utilizados por uma professora
surda para o Ensino de Língua
escrita. In: Perspectiva v. 24, n.
Especial - julho / dezembro 2006 –
Florianópolis.
13) Musselman (2000) destaca existirem evidências de que o conhecimento de leitura e
escrita numa primeira língua se transfira para a segunda, porém se o que se aprende na
escola não é a forma impressa da língua de sinais, mas a língua portuguesa na
modalidade escrita. Para alcançar o objetivo do ensino de língua portuguesa como L2 o
que o professor deve considerar ao preparar uma atividade com texto?
15. a) O domínio da língua de sinais que permita comparações lexicais e estruturais entre a
língua de sinais e o português escrito de forma a promover uma reflexão
metalinguística.
b) Se o gênero permite uma leitura do significado denotativo das palavras, dirimindo
dúvidas com relação ao vocabulário e seu significado.
c) Estruturar o texto na escrita de sinais de forma a facilitar o acesso ao texto, de forma
atender a legislação de instrução na L1.
d) Agregar elementos visuais (legenda, gráfico, figura) que sirvam de referência pois o
aluno surdo não tem acesso a diferentes portadores de texto fora do contexto
escolar.
e) Escolher um gênero com o qual os alunos ainda não tiveram contato a fim de que
possa avaliar o grau de fluência na leitura dos alunos.
ALTERNATIVA CORRETA: A
Justificativa:
Lebbedef (2000) em seu artigo apresenta a fala de vários autores que contribuem para o
entendimento da dimensão da complexidade do trabalho com texto dentro de uma
abordagem discursiva. Se não há uma interdependência linguística direta entre as línguas de
sinais e portuguesa, são necessárias outras estratégias que permitam os alunos a estruturar
a correlação entre língua de sinais e língua portuguesa que a autora refere-se como
estratégias surdas para o ensino da língua portuguesa para surdos. Dessa forma o professor
deve ter um bom nível de conhecimento na língua de sinais de forma que possa instigar os
alunos a fazer associações e reflexões sobre as estruturas gramaticais e lexicais das línguas,
explorando o alfabeto manual, uso de sinais, ampliando as possibilidades de leitura das
palavras não como unidades autônomas, mas no sentido do texto com todas as
possibilidades de sentido promovendo uma importante reflexão metalinguística. Viader,
Pertusa e Vinardell (1999) apresentam a exteriorização e a demanda de explicitação. A
primeira permite o aluno narrar o texto em língua de sinais e o segundo a produção de um
texto em língua de sinais a partir da leitura ou construção de um resumo. Por meio do
feedback, pistas e estratégias sugeridas pela professora, o aluno irá desenvolvendo suas
próprias estratégias de compreensão de texto. A libras favorece o conhecimento de mundo,
possibilita o desenvolvimento de habilidades metalinguísticas e metacognitivas.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
ENSINO DE L2 DIFÍCIL SÃO PAULO. Orientações
curriculares e proposição de
expectativas de aprendizagem para
a Educação Infantil e Ensino
Fundamental – Língua portuguesa
para a pessoa surda.
14) As orientações curriculares e proposição de expectativas de aprendizagem de língua
portuguesa para surdos propõem ao professor expor os alunos a diferentes tipos e
16. gêneros textuais. Considerando o gênero “Regras de jogos”, assinale a alternativa que
justifica a escolha deste gênero para o 3º ano do ensino fundamental:
a) O gênero traz informações explícitas em seu corpo que permite o aluno ler e produzir
textos com autonomia sem a interferência do professor pela repetição de padrões
gráficos.
b) As informações deste tipo de texto permitem ao professor explorar melhor o
vocabulário garantindo a compreensão das partes do texto para todo.
c) A apresentação de informações claras e específicas não exige um processo complexo
de reflexão sobre a língua.
d) No terceiro ano o aluno já pode ler com compreensão textos curtos que abordem
temas conhecidos para que atribuam sentido à leitura. Para ler o aluno precisa estar
motivado.
e) O gênero pode ser reproduzido facilmente na língua de sinais pois se constitui com
palavras simples e de fácil dedução.
ALTERNATIVA CORRETA: D
Justificativa:
O ensino de português para surdos desenvolve-se de forma progressiva no decorrer de cada
ano. Considerando que o aluno já tem 4 anos de escolaridade contando-se aí a educação
infantil, ele já teve oportunidade de ver vários portadores de texto, sendo capaz de ler com
compreensão textos curtos que abordem tema conhecido. As crianças interessam-se muito
pelo universo dos jogos o que torna a leitura estimulante, ler com um propósito. Cabe ao
professor estimular os alunos formulando perguntas deixando-os a vontade para produzir
seus próprios textos refletindo sobre suas hipóteses de escrita. O professor não deve
preocupar-se com o domínio do vocabulário e estudo das palavras mas sobretudo com a
qualidade do texto se apresenta informações sobre a estrutura interna do gênero.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
ENSINO DE L2 DIFÍCIL SÃO PAULO. Orientações
curriculares e proposição de
expectativas de aprendizagem para
a Educação Infantil e Ensino
Fundamental – Língua portuguesa
para a pessoa surda.
15) Considere o exemplo de texto produzido por aluno surdo apresentado abaixo:
17. Extraído de: PEREIRA, 2011,p.7 disponível em: . http://www.ileel.ufu.br/anaisdosielp/pt/arquivos/sielp2011/artigo_24.pdf
Considerando o ensino de português como L2 num processo contínuo de exposição e
reflexão sobre a língua portuguesa podemos inferir que o texto em questão trás referência
ao conhecimento da aluna sobre a língua portuguesa escrita pelos elementos que apresenta:
I- Conhecimento dos elementos constituintes da estrutura interna de um gênero
específico.
II- Influência de outros gêneros textuais na escrita.
III- Utilização de recursos ortográficos pontuação e letra maiúscula no início da frase
com aplicação de regras gramaticais.
Conforme As Orientações curriculares e proposição de expectativas de aprendizagem para a
Educação Infantil e Ensino Fundamental – Língua portuguesa para a pessoa surda (SÃO
PAULO, 2010) o conjunto de elementos descritos nas afirmativas acima está compatível às
expectativas de aprendizagem com relação à escrita para alunos surdos de que não do
ensino fundamental? Assinale a alternativa correta.
a) 2º ano do ensino fundamental ciclo I
b) 3º ano do ensino fundamental ciclo I
c) 4º ano do ensino fundamental ciclo II
d) 1º ano do ensino fundamental ciclo II
e) 4º ano do ensino fundamental ciclo I
ALTERNATIVA CORRETA: E
Justificativa:
Pereira (2010) trás no corpo do presente trabalho o processo de aquisição de escrita da
aluna, é notável que a exposição a diferentes tipos de texto permite ao aluno ampliar as suas
hipóteses sobre a escrita possibilitando reflexão sobre o funcionamento linguístico-
discursivo da língua portuguesa. Esta é à base da proposta das orientações curriculares e
expectativas de aprendizagem de língua portuguesa para surdos considerando uma proposta
bilíngue. A proposta prevê na divisão do conteúdo que a escrita seja inserida
progressivamente de forma que o aluno já tenha um repertório na sua L1, como a maioria
das crianças chega à escola sem a língua de sinais e sem a língua portuguesa esse processo é
mais demorado resultando geralmente em produções escritas mais simples, tanto no
vocabulário, quanto nas estruturas sintáticas, quando comparadas com as de alunos
ouvintes de mesmo nível de escolaridade. A língua de sinais é fundamental neste processo
por isso é necessário investir nas situações de leitura para posteriormente se cobrar a
escrita. Dessa forma a escrita apresentada no exemplo é compatível com as expectativas de
aprendizagem para o 4º ano do ciclo I:
18. Expectativas de aprendizagem dos padrões da escrita – 4º ano
Segmentar corretamente a palavra na passagem de uma linha para outra.
Pontuar corretamente final de frases, usando inicial maiúscula.
Segmentar o texto em parágrafos em função das restrições impostas pelos gêneros.
Pontuar corretamente os elementos de uma enumeração.
Pontuar corretamente passagens de discurso direto em função das restrições impostas pelos gêneros.
Respeitar as regularidades morfológicas.
Escrever corretamente palavras de uso frequente.
Acentuar palavras de uso frequente.
Aplicar a regra geral de concordância verbal e nominal.
Formatar graficamente o texto, com a ajuda do professor.
Fonte: Orientações curriculares pág. 64.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
POLITICA E EDUCAÇÃO ESPECIAL DIFÍCIL SÃO PAULO. Orientações
curriculares e proposição de
expectativas de aprendizagem para
a Educação Infantil e Ensino
Fundamental – Língua portuguesa
para a pessoa surda.
16) Numa perspectiva bilíngue a escola deve priorizar atividades que assegurem
apropriação da língua portuguesa (L2) por meio da língua de sinais (L1). Dentre as
políticas de inclusão e educação especial essa proposta de ensino aos surdos se opõe
inversamente a proposta:
a) Bimodal, onde a língua de sinais e a língua portuguesa são adquiridas
simultaneamente e o uso da língua majoritária deve ser desenvolvido na modalidade
falada e na modalidade codificada em sinais em correspondência exata aos
segmentos da fala.
b) Oralista onde a fala tem um papel primordial na inclusão social do surdo cuja
metodologia de ensino proíbe o uso de sinais por prejudicar a fala, as práticas
pedagógicas centram-se no processo de reabilitação e aprendizagem da língua
majoritária.
19. c) Billíngue-bicultural onde são consideradas as características culturais de
conhecimento de língua majoritária e identidade podendo a identidade do surdo ser
referenciada pela cultura ouvinte
d) Comunicação total onde são considerados todos os recursos que viabilizem a
comunicação e acesso a língua majoritária incluindo a linguagem falada, o alfabeto
digital, sinais e linguagem escrita numa associação.
e) Integracionista onde a língua de sinais é permitida, mas não tem status linguístico que
considere sua utilização nos processos de aprendizagem de leitura e escrita.
ALTERNATIVA CORRETA: B
Justificativa:
A proposta bilíngue assume a língua de sinais como primeira língua como constituinte do
sujeito surdo devendo ser ensinada o mais precocemente possível a fim de que a criança ao
entrar na escola tenha constituído uma linguagem que permita acessar os conteúdos
escolares. Os estudos recentes remetem a uma reflexão sobre o aprofundamento do
conceito de bilinguismo no que se refere aos aspectos culturais envolvidos no ensino-
aprendizagem de uma segunda língua. A filosofia oralista ao proibir os sinais e investir na
língua oral, desconsiderou os processos específicos de aprendizagem do surdo, suas
características sociais, linguísticas e cultural sendo a proposta pedagógica que trouxe maior
prejuízo a essa comunidade resultando num fracasso escolar sem precedentes. Aos poucos a
língua de sinais começa a aparecer nas propostas pedagógicas para surdos, porém ainda sem
status de língua sendo utilizada como apoio à aprendizagem da língua oral como nas
propostas bimodais e de comunicação total. A proposta bimodal prevê a aquisição de sinais
e a língua portuguesa simultaneamente valorizando a língua majoritária que prevê seu
aprendizado na modalidade falada e na modalidade codificada em sinais em
correspondência exata aos segmentos da fala. A comunicação total utiliza todos os recursos
que viabilizem a comunicação e acesso a língua majoritária incluindo a linguagem falada, o
alfabeto digital, sinais e linguagem escrita numa associação.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
POLITICA E EDUCAÇÃO ESPECIAL MÉDIA SANCHES, Carlos. A escola, o
fracasso escolar e a leitura.
Letramentos e minorias. Editora
Plexus. 1999.
17) Segundo Sanches (1999), a prevenção do fracasso escolar passa pela promoção da
aquisição e uso eficiente da leitura e da escrita. Assinale a alternativa que corresponde
aos argumentos apontados por Sanches:
I- Estar alfabetizado não é saber ler e escrever, a escola tem cumprido o seu
papel social de alfabetizar os alunos, porém o domínio da leitura e da escrita
é insuficiente para dirimir a injustiça social.
II- O fracasso escolar tem como fator gerador a qualidade de formação dos
profissionais na área da educação.
20. III- Crianças oriundas de famílias com nível socioeconômico baixo demoram mais
para se alfabetizarem.
IV- A democratização do ensino possibilitou um maior acesso ao Ensino Médio e
por consequência trouxe igualdade de oportunidades através do preparo de
profissionais mais capacitados.
V- São fatores determinantes para o fracasso escolar: a repetência, o abandono
e o baixo rendimento dos alunos.
a) II, III, IV
b) I, IV, V
c) I, III, V
d) II, IV, V
e) I, II, III
ALTERNATIVA CORRETA: C
Justificativa:
Sanches traz uma reflexão sobre o fracasso escolar para além de dados estatísticos e
estereotipado sobre a má qualidade da educação na Venezuela. Para ele o fator principal de
exclusão dos alunos é a deficiência no processo de aquisição de leitura e escrita que se
estabelece nas dinâmicas sociais evidentes no desequilíbrio econômico e social. A
democratização do ensino não revelou melhora no desempenho leitor e escritor das crianças
uma vez que as crianças oriundas de famílias com nível sócio econômico baixo geralmente
chegam à escola com nível pré-fonético, enquanto crianças oriundas de classe econômica
alta chegam à escola alfabetizadas. As crianças menos favorecidas demorarão mais tempo
para se apropriarem do código (alfabetização) e por consequência terão desempenho muito
inferior na compreensão da leitura e eficiência na escrita. Essa desigualdade vai se estender
até o ensino médio e universidade influenciando os processos de escolha profissional bem
como a qualidade de formação do mesmo. O fracasso escolar desta forma está relacionado
com a língua escrita, com a alfabetização inicial e com a compreensão da leitura. Assim as
crianças repetem porque não se alfabetizam em oportunidade e na forma prevista, desistem
após anos de repetência por não terminarem de aprender a ler e escrever apresentando
assim baixo rendimento porque não entendem o que leem, não podendo refletir sobre o
que é estudado.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
ASPECTOS LINGUÍSTICOS DA MEDIA QUADROS, Ronice Müller de.
LIBRAS Educação de Surdos: a aquisição da
linguagem. Porto Alegre. Artes
Médicas, 2010.
18) Com relação aos aspectos linguísticos da Libras, assinale a alternativa que corresponda
ao estatuto das línguas de sinais dentro de uma proposta bilíngue-bicultural:
21. a) As línguas de sinais apresentam-se na modalidade viso-espacial que determinam o
uso de mecanismos sintáticos. São desenvolvidas nas comunidades surdas possuem
uma estrutura interna e externa configurando um sistema linguístico complexo.
b) As línguas de sinais por serem organizadas espacialmente estão representadas no
hemisfério direito do cérebro. Derivam da comunicação gestual espontânea dos
ouvintes estão ligadas a uma gramática única e universal delimitada pela iconicidade.
c) As línguas de sinais por utilizarem de um sistema visual de comunicação superficial
apresentam desvantagem quando comparadas linguisticamente ao sistema de
comunicação oral, principalmente na tradução de termos complexos de uma língua
para a outra.
d) As línguas de sinais são línguas naturais da comunidade surda com parâmetros e
recursos gerais que permitem a identificação e comunicação entre surdos de
diferentes países por meio da gramática universal.
e) A estrutura das línguas de sinais por sua modalidade e apresentação difere em seus
aspectos sintáticos morfológicos das línguas orais-auditivas, mas mantem
interdependência entre si na forma e conceito das palavras.
ALTERNATIVA CORRETA: A
Justificativa:
Muitas são as concepções equivocadas sobre as línguas de sinais. São línguas naturais
desenvolvidas nas comunidades surdas possuem uma estrutura interna e externa
configurando um sistema linguístico complexo. Apesar de se organizarem espacialmente as
línguas são processadas no hemisfério esquerdo do cérebro da mesma forma que as línguas
orais. Os estudos linguísticos mostram que na evolução da língua ocorreu a perda completa
da iconicidade resultando em formas arbitrárias. Desta forma não se pode dizer que seja
universal, pois cada país escolhe o referente e o convenciona de acordo com sua cultura. As
línguas de sinais possuem os mesmos princípios organizacionais e parâmetros que formam a
gramática das línguas são, portanto tão complexas e expressivas como as línguas orais.
Dentro de uma perspectiva bilíngue-bicultural as línguas de sinais não estão subjugadas à
língua majoritária ou para servir de apoio na aprendizagem de uma segunda língua. São
línguas genuínas através da qual o aluno surdo irá aprender os conteúdos escolares
respeitadas sua condição linguística e apoiada pela legislação.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
ASPECTOS LINGUÍSTICOS DA MEDIA SÃO PAULO. Orientações
LIBRAS curriculares e proposição de
expectativas de aprendizagem para
a Educação Infantil e Ensino
Fundamental – Língua Brasileira de
sinais.
19) A Língua Brasileira de Sinais, como as outras línguas de sinais, tem um léxico e um
sistema de criação de novos sinais por derivação, composição, incorporação de argumento.
Relacione os conceitos referente aos processos de formação dos sinais abaixo:
22. I- I. DERIVAÇÃO A- Está ligado aos fatores visuais da
língua presente em alguns verbos de
manuseio
II- II. COMPOSIÇÃO B- Os sinais têm os mesmos parâmetros
de CM, L, PA diferenciando-se pelo
movimento.
III- III. INCORPORAÇÃO C- Mudança na configuração de mão
NUMERAL para expressar quantidade.
IV- IV. INCORPORAÇÃO D- Movimento contrário ao sinal com
NEGAÇÃO simultaneidade e mudança na expressão
facial.
V- V. INCORPORAÇÃO DE E- Quando dois sinais se unem para
ARGUMENTO. formar um terceiro com significado
distinto
I- I-B, II-A, III-D, IV-C, V-E.
II- I-A, II-C, III-E, IV-D, V-B.
III- I-D, II-E, III-A, IV-B, V-C.
IV- I-C, II-D, III-B, IV-E, V-A.
V- I-B, II-E, III-C, IV-D, V-A.
ALTERNATIVA CORRETA: E
Justificativa:
A Língua Brasileira de Sinais, como as outras línguas de sinais, tem um léxico e um sistema
de criação de novos sinais. Não são utilizados sufixos ou prefixos como nas línguas orais, mas
pelo acréscimo de movimentos ou mudança nos parâmetros de formação dos sinais.
Derivação: de nomes para verbos e vice-versa caracteriza-se pela mudança no movimento
mantendo os outros parâmetros inalterados OUVIR/OUVINTE.
Composição: utilização de dois sinais para formar um terceiro com sentido distinto:
ESCOLA/IGREJA.
Incorporação de argumento: está ligado aos fatores visuais da língua presente em alguns
verbos de manuseio PINTAR-CABELO/PINTAR-PAREDE
Incorporação de um numeral caracteriza-se pela mudança na configuração para expressar a
quantidade DUAS HORAS/QUATRO MESES
Incorporação da negação: Resulta no movimento contrário pode ter simultaneidade ou
mudança na expressão facial: QUERER / NÃO QUERER, GOSTAR / NÃO GOSTAR.
CONTEÚDO DIFICULDADE REF:
ASPECTOS LINGUÍSTICOS DA MEDIA SÃO PAULO. Orientações
LIBRAS curriculares e proposição de
23. expectativas de aprendizagem para
a Educação Infantil e Ensino
Fundamental – Língua Brasileira de
sinais.
20) A flexão de aspecto nos verbos em Libras está relacionada com a forma e duração do
movimento. Garantem dentro de uma narrativa localizar o personagem no espaço e
identificar a intensidade ou modo de suas ações. Assinale a alternativa que corresponde à
flexão de verbo quanto ao aspecto:
VI- ELA FALOU – aspecto iterativo.
VII- ELAS FICARAM OLHANDO – aspecto durativo.
VIII-ELE VIAJA SEMPRE – aspecto pontual.
IX- ELES FALAM SEM PARAR - aspecto continuativo.
X- ELAVIAJOU COM ELE – aspecto interativo e pontual.
ALTERNATIVA CORRETA: D
Justificativa:
Segundo Quadro e Karnopp (2004) os verbos na Libras são divididos em três classes:
a) verbos simples – são verbos que não se flexionam em pessoa e número
e não incorporam afixos locativos. Alguns destes verbos apresentam flexão de
aspecto APRENDER, SABER e GOSTAR.
b) verbos com concordância – são verbos que se flexionam em pessoa, número e aspecto,
mas não incorporam afixos locativos. DAR, PERGUNTAR e DIZER.
c) verbos espaciais – são verbos que têm afixos locativos. IR, COLOCAR e CHEGAR.
A flexão de aspecto está relacionada com as formas e a duração dos movimentos.
Os aspectos pontual, continuativo, durativo e iterativo são obtidos por meio de alterações
do movimento e/ou da configuração de mão segundo Brito (1995) FALAR em “ele falou”
(pontual) e “ele fala sem parar” (continuativo); OLHAR em “ele olhou” (pontual) e “ele ficou
olhando” (durativo); VIAJAR em “ele viajou” (pontual), “ele viaja sempre” (iterativo).
O uso correto das flexões verbais nas narrativas em Libras permitirá aos alunos localizarem
os personagens no espaço e identificar a intensidade ou modo de suas ações.
O professor de surdos deve reconhecer essas características linguísticas para intervir na
sinalização do aluno melhorando a sua fluência na língua.