1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - UFPR
CURSO DE EXTENSÃO EM EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
SONIA AUGUSTA DE MORAES
TEMA Blog: uma forma de resistência e visibilidade da tekoha Itamarã
Plano de ação educacional apresentado ao Curso
de Extensão em Educação em Direitos Humanos,
Setor de Educação, Universidade Federal do
Paraná, como requisito à certificação
Tutor(a) Orientador(a): LIJA NARA SILVEIRA
MORALES (Tutor Presencial
Nome do Tutor a Distância: MARLENE SCHUSSLER
D'AROZ
2. MARECHAL CÂNDIDO RONDON ANO 2014
1. INTRODUÇÃO
Este plano de ação educacional procura discutir questões relacionadas
aos direitos humanos da população indígena em relação a inclusão desses
povos ao acesso e produção de conhecimentos em rede por meio de um
blog.
Segundo o texto a educação em e para os direitos humanos fazem parte de
um leque de instrumentos internacionais dos direitos humanos. Ou seja
historicamente foi sendo construído o direito à educação em direitos humanos
que segundo o texto é uma conquista de todos.
Benevides afirma que:
A Educação em Direitos Humanos é essencialmente a
formação de uma cultura de respeito à dignidade humana
através da promoção e da vivência dos valores da liberdade, da
justiça, da igualdade, da solidariedade, da cooperação, da
tolerância e da paz. Portanto, a formação desta cultura significa
criar, influenciar, compartilhar e consolidar mentalidades,
costumes, atitudes, hábitos e comportamentos que decorrem,
todos, daqueles valores essenciais citados – os quais devem
se transformar em práticas. (Benevides, 2002.)
Considero importante os valores citados muito importantes, principalmente
em relação a promoção da igualdade. Neste sentido faço um questionamento.
O acesso a internet e suas ferramentas são para todos os brasileiros? Como
as comunidades indígenas estão compartilhando seus conhecimentos em
rede? Existe políticas públicas para possibilitar a esta população o acesso e
produção de conhecimentos em rede?
Outra questão importante desta citação é que a autora destaca que deve-se
transformar em prática esta realidade, ou seja esses valores essenciais são
terão validade se realmente o ser humano puder vivenciar em seu cotidiano a
2
3. formação desse cultura e entender que a educação em direitos humanos só
tem valor se realmente auxiliar aqueles que precisam.
Neste sentido este plano de ação tem como objetivo auxiliar a
população indígena da aldeia Itamarã em Diamante do oeste a criar e
alimentar um blog no sentido de dar visibilidade e também possibilitar uma
organização no sentido de divulgar suas manifestações, movimentos,
reivindicações, propostas e cotidiano da comunidade. Sabemos que existem
outras prioridades na aldeia, mas também consideramos muito importante que
o indígena possa fazer parte dessa rede social. Pois caso contrário é mais um
grupo excluído de seus direitos. Segundo Santos:
A exclusão digital impede que se reduza a exclusão social, uma vez
que as principais atividades econômicas, governamentais e boa parte
da produção cultural da sociedade vão migrando para a rede, sendo
praticadas e divulgadas por meio da comunicação digital. Estar fora
da rede é ficar fora dos principais fluxos de informação. Desconhecer
seus conhecimentos básicos é amargar a nova ignorância (SANTOS;
2004)
Neste sentido consideramos importante que a comunidade indígena
Itamarã possa também fazer parte desta comunicação digital.
Atualmente a internet é uma rede social muito utilizada é um meio de
comunicação que forma opiniões. Temos muitos casos de piadas racistas,
discriminações e estereótipos criados em relação a população indígena. A
criação de um blog pode ajudar a desconstruir estes conceitos e preconceitos
2. JUSTIFICATIVA
A partir de um diagnóstico social junto a comunidade indígena de
Itamarã em Diamante do Oeste no Paraná. Percebeu-se que os mesmos não
possui acesso ao computador conectado em rede, muito menos um site sobre
informações de sua comunidade. O que existe são apenas alguns
computadores que são utilizados pele escola. A comunidade em sua
totalidade não tem este acesso as redes sociais.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 alude em seu
artigo 19 que todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão,
3
4. este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar,
receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios,
independentemente de fronteiras, referindo-se ao direito de
comunicação. Portanto o direito a comunicação seja presencial ou virtual já é
um direito conquistados pelos povos indígenas.
Também Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos
Indígenas (2006) em seu artigo 16 declara que os povos indígenas têm o
direito de estabelecer seus próprios meios de informação, em seus próprios
idiomas, e de ter acesso a todos os demais meios de informação não
indígenas, sem qualquer discriminação. Avaliamos que a construção de um
blog para a comunidade com certeza vai auxiliar no sentido de dar vez e voz a
esta população que sobre pela falta de direitos que já existem mas não são
colocados em práticas.
No Brasil, a população Guarani é de aproximadamente 40 mil índios,
subdivididos em três grupos linguísticos: Nhandéva, Kayová e Mbya.
Os Guarani vivem atualmente em dezenas de aldeias espalhadas pelo
Brasil. Na região da Bacia Hidrográfica do Paraná 3, existem três reservas
indígenas (tekohas): Ocoy em São Miguel do Iguaçu; Añetete e Itamarâ em
Diamante do Oeste no estado do Paraná.
Optei desenvolver meu plano de ação com os índios Guarani do estado
do Paraná mais especificamente da aldeia Itamarã, localizada em Diamante do
Oeste no Estado do Paraná. A seguir apresento o mapa do município de
Diamante do Oeste:
4
5. Figura 1: site pt.wikipedia.org/wiki/Diamante_d'Oeste
Os sujeitos da pesquisa são os professores indígenas e não indígena,
alunos e comunidade da aldeia de Itamarã localizada em Diamante do Oeste
no Estado do Paraná. A seguir apresento o mapa com a localização da Aldeia.
Figura 2: Mapa feito pelo professor guarani Teodoro Tupâ Jeguavy Alves
A história da Tekohá de Itamarâ tem sua formação diretamente ligada
com a formação do lago de Itaipu. Em 1982, antes da formação do lago da
Itaipu, foram localizadas Comunidade de Jacutinha, em área 1500 hectares.
5
6. Com apoio técnico e financeiro da Itaipu, essas famílias foram transferidas para
a então recém-criada reserva indígena do Ocoy, com área de 250 hectares.
Em 1997, quando o número de famílias havia aumentado, a Itaipu
adquiriu 1.744 hectares no município de Diamante do Oeste e para lá transferiu
Formou-se assim a aldeia Tekohá Añetete, considerada por laudos
antropológicos e pelos próprios índios como ideal para o assentamento.
Posteriormente a usina de Itaipu adquiriu uma área de 242 hectares, entregue
em fevereiro de 2007 para a formação de nova aldeia, denominada Itamarã.
Atualmente, em toda a Bacia do Paraná 3, existem três aldeias: Ocoy, com 250
hectares; Añetete, com 1.744 hectares; e Itamarã, com 242 hectares.
Figura 4: Vista parcial da Tekoha Itamarã em Diamante do Oeste no estado do
Paraná.
A população indígena apesar de ser numerosa no Brasil, ainda infelizmente
sofrem preconceitos e discriminações por parte da população brasileira. E
muitas vezes estas falas negativas são publicadas em redes sociais. A
seguir apresentamos um gráfico onde apresenta um pouco dessa exclusão
digital sofrida pela população indígena no Brasil.
6
RAÇA
4,06%
Pardos
3,72%
15,14%
IndígenasBrancos
4%
Negros
7. As razões para a elaboração do Plano, são exatamente para
possibilitar ao indígenas o acesso a internet no sentido de criar um blog para
dar mais visibilidade e publicar suas reinvindicações no sentido de estar em
rede e movimentar esta rede com suas histórias, vivenciais, culturas e luta.
3. OBJETIVOS
Atualmente a internet é uma rede social muito utilizada é um meio de
comunicação que forma opiniões. Temos muitos casos de piadas racistas,
discriminações e estereótipos criados em relação a população indígena. A
criação de um blog pode ajudar a desconstruir estes conceitos e preconceitos
em relação a população indígena.
A população indígena apesar de ser numerosa no Brasil, ainda infelizmente
sofrem preconceitos e discriminações por parte da população brasileira.
Ou seja sua fala, sua história e sua vida é pouco retratada na mídia. E muitas
vezes quando a mídia se refere a esta população:
tendem a reforçar ou incitar visões estereotipadas e atitudes
discriminatórias, pois, como produtos emanados da indústria
cultural – por sua vez, ligada a setores hegemônicos de
orientação conservadora – reproduzem as representações com
7
8. as quais a sociedade está familiarizada e evitam propor
alterações à ordem das coisas.(FERREIRA, 2008, p.111).
Muitas comunidades, empresas, instituições, escolas e universidades
utilizam blogs. O blog poderá auxiliar a população indígena em vários
aspectos. A seguir destaco um mapa conceitual sobre esta questão.
Este trabalho tem como objetivo utilizar as mídias (Internet) para criação de
um blog da Aldeia para envolver a comunidade indígena no sentido de
registrar, publicar e divulgar sua vida cotidiana. para armazenar dados,
publicar atividades, divulgar ações, registrar manifestações no sentido de dar
visibilidade a sua comunidade. E também possibilitar aos indígenas o uso
desta ferramenta como forma de informação e comunicação em rede.
Segundo Santos
as redes sociais, além de serem como o próprio nome diz
sociais, passaram a ser para os povos movimento de
resistências e de divulgação. Elas têm aumentado muitos nos
últimos anos devido a principalmente, a desassistência do
Governo junto aos povos indígena.(SANTOS, p.06)
8
9. Neste sentido algumas comunidades indígenas estão utilizando destes
recursos para mostrar a sua realidade ou seja a história do índio contada
pelo próprio índio. E nada melhor do que construir um blog onde todos possam
participar deste movimento.
4. METAS DE AÇÃO
Este blog será alimentado pela própria aldeia no modelo de gestão
compartilhada. Ou seja todos podem participar da sua construção, não
ficando apenas ao cargo de um coordenador, no sentido de gravar, filmar e
fotografar o cotidiano da comunidade para posteriormente publicar no blog.
Do ponto de vista metodológico o plano de ação compreende os seguintes
momentos.
• pesquisar bibliografias que aborde a temática relacionada a esta
temática
• visitar a aldeia para estabelecer os contados com os indígenas da
aldeia.
• fotografar e filmar aspectos cultural da comunidade guarani.
• Criar um blog das produções feitas pelas crianças em relação a sua
história. E também como uma rede social de divulgação, manifestação,
informação e visibilidade da comunidade indígena.
• Envolver o poder público no sentido de colaborar na criação de um
centro de informática com acesso a internet.
5. PÚBLICO – ABRANGÊNCIA
A seguir destaco o mapa conceitual do público- abrangência que será
envolvido da construção do blog.
9
10. Mapa conceitual desenvolvido pela professora Sonia Augusta de Moraes
O grande desafio na construção compartilhada é a participação e o
comprometimento dos sujeitos envolvidos. Pois na teoria é fácil, mas fazer a
coisa andar envolve principalmente pertencimento, ou seja sentir parte desse
plano. A gestão compartilhada já é uma metodologia que visa envolver todos,
para que realmente o blog possa fazer parte da comunidade indígena. Algo
que realmente faça sentido. E isso já faz parte de cada sujeito. Mas com
certeza não podemos esperar um resultado rápido. Essa construção e
alimentação de um blog também faz parte de um processo histórico que deve
ser levado em consideração.
6. ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS
Os caminhos a serem percorridos, são primeiramente manter o
contado com a comunidade indígena e o sujeitos envolvidos sobre a proposta
do plano de ação. Posteriormente será apresentado. Este plano depende
bastante do envolvimento do poder público em função da instalação dos
equipamentos. Os recursos serão computadores conectados a internet.
formação de professores, materiais diversos para uso no projeto. Em relação
aos caminhos a serem percorridos o tempo dos indígena é diferente do nosso.
10
11. Não tem como avaliar todo caminho percorrido, pois ele ainda vai acontecer,
mas o caminho principal é o diálogo com a comunidade.
7. RECURSOS HUMANOS E FINANCEIROS
Corresponde, de modo geral, a resposta às perguntas Com quem
realizar o plano?
Com a comunidade indígena, professores indígenas e não indígenas,
alunos indígenas e representante do poder público municipal
Por enquanto não existe recurso financeiro.
Quadro 1 - Metas de Ação, Estratégias Metodológicas e Recursos
Humanos
Metas de Ação Atividades Metodologia
(Estratégias e
recursos técnicos)
Recursos Humanos
Envolvidos
Meta de Ação 1 Conversar com a
comunidade
Troca de ideias sobre o
plano de ação
Comunidade envolvida
no projeto
Meta de Ação 2 Capacitação das
pessoas
envolvidas no
projeto
Professor orientador
Computador conectado
em rede
Professores e
comunidade
Quadro 2 - Recursos Financeiros
11
12. Os recursos financeiro serão discutidos com a comunidade e também com o
poder público .Não é possível no momento fazer esta avaliação no momento..
Pois depende de dialogar com os envolvidos.
Metas de
Ação
Rúbricas
Material
de
Consum
o
Pesso
a
Física
Pessoa
Jurídic
a
Diária
s
Equipamento
s
Outros
Especifica
r
Sub-
Total
Meta de
Ação 1
Meta de
Ação 2
Etc...
Totais
Inserir
aqui o
valor
total da
proposta
8. CRONOGRAMA
Corresponde, de modo objetivo, a resposta à pergunta Quando será
realizado o plano?. Recomenda-se a utilização da tabela abaixo.
Metas de Ação
(Indicar mês/ano de início e mês/ano de fim do plano) Meses
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º
Meta de Ação 1 x x x x x x
Meta de Ação 2 x x x x x
9. RESULTADOS
O que se espera do plano?
12
13. Espero que este plano realmente aconteça, pois ele já vem sendo
construído desde 2013. Mas confio que em breve teremos ótimos resultados.
10. AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO
Como avaliar o plano?
O plano será avaliado conforme seu andamento, ou seja se estamos
ou não atingindo os objetivos proposto no sentido de sempre rever o trabalho
como um todo para que ele realmente possa ter ótimos resultados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Benevides Maria Victoria . Educação em Direitos Humanos:
de que se trata? Disponível em
http://www.hottopos.com/convenit6/victoria.htm. Acesso em 24.07.2014
Santos, Alex Barbosa dos INCLUSÃO DIGITAL E COMUNIDADES
INDÍGENAS: A INTERNET COMO PARCEIRA. Disponível em
http://www.indioeduca.org/wp-content/uploads/2011/10/Inclus%C3%A3o-
Digital-e-Comunidades-ind%C3%ADgenas-Para-%C3%8Dndio-Educa.pdf.
Acesso em 24.07.2014.
SANTOS, Newton César. A info-barreira. Cidade do conhecimento.
Disponível em:
<http://www.cidade.usp.br/arquivo/artigos/index1301.php>.Acesso em
24.07.20014
Ferreira Carmélio Reynaldo. Mídia e direitos humanos. Disponível em
http://www.cursos.nead.ufpr.br/mod/resource/view.php?
inpopup=true&id=157107. Acesso em 24.07.2014.
13