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       ASSERTIVIDADE: O QUE É, POR QUE É ÚTIL E COMO SE
                                           APRENDE?

O que é o Comportamento Assertivo?




Comportamento Assertivo


O comportamento assertivo pode ser definido como aquele que envolve a expressão directa, pela
pessoa, das suas necessidades ou preferências, emoções e opiniões sem que, ao fazê-lo, ela
experiencie ansiedade indevida ou excessiva, e sem ser hostil para o interlocutor. É, por outras
palavras, aquele que permite defender os próprios direitos sem violar os direitos dos outros.


                                               Exemplos
Auto-afirmação              -   Capacidade de defender direitos legítimos
                            -   Capacidade de expressar opiniões pessoais
                            -   Capacidade de fazer e recusar pedidos
Expressar     sentimentos -     Capacidade de fazer e receber elogios
positivos                   -   Capacidade de expressar afectos positivos
                            -   Capacidade de iniciar e manter conversas
Expressar     sentimentos -     Capacidade de expressar afectos negativos legítimos
negativos




                                                                                                    1
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Comportamento Não Assertivo


Comportamento Passivo


É aquele em que a pessoa falha na expressão das suas necessidades ou preferências, emoções e
opiniões. Na medida em que a pessoa que tem este comportamento é a primeira a violar os seus
próprios direitos, acaba por dar ao outro a permissão para, também ele, o fazer.


                                                   Exemplos
-aceder a realizar actividades que não lhe interessam só porque isto lhe foi solicitado
-não pedir um favor que é legítimo e do qual se necessita
-não manifestar desacordo perante algo com que não se concorda




Comportamento Agressivo


É aquele em que a pessoa expressa as suas necessidades ou preferências, emoções e opiniões,
mas de uma forma que é hostil, exigente, ameaçadora ou punitiva para com o interlocutor. A pessoa
que tem este comportamento defende os seus direitos, mas fá-lo à custa da violação dos do outro.


                                                            Exemplos
                                    Directo                                             Indirecto
    Verbal      Comentários hostis e humilhantes, insultos, Sarcasmo,               comentários            maliciosos,
                ameaças                                          «intriguinhas»
  Não verbal    Gestos hostis e ameaçadores, violência física Gestos       hostis   e     depreciativos    quando   a
                                                                 atenção do interlocutor está orientada para
                                                                 outro lado


Comportamento Manipulativo


É aquele em que a pessoa expressa as suas necessidades ou preferências, emoções e opiniões de
uma forma implícita ou indirecta, frequentemente com «mensagens mistas», em que há contradições
no conteúdo ou entre o conteúdo e o comportamento não verbal. É o caso de mensagens cujo
objectivo é levar o interlocutor a adivinhar o que quer dizer ou a sentir-se tão mal ou responsável pela
pessoa que fará o que ela quer, ainda que contra a sua vontade. A pessoa que tem este
comportamento procura a satisfação das suas necessidades violando os direitos dos outros, mas fá-
lo de forma indirecta.




                                                                                                                     2
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                                                   Exemplos


    -   «se fosses mesmo um bom colega, tu...»/«se fizeres isso então eu não sei o que farei» (chantagem
        emocional);
    -    «se eu fosse a ti...»/ «eu penso que devias» (decidir no seu lugar);
    -   «eu faço isso por ti» (paternalização);
    -   «se me fizeres isto, ficar-te-ei eternamente grato» (oferecer recompensas);
    -   «não sei bem, pode vir a ser difícil para mim fazer isso» (evitar indirectamente a tarefa);
    -   «tu pareces um bocado à nora com esse trabalho» (explorar as vulnerabilidades do interlocutor);
    -   «isto interessa-te» (fazer de conta que se pensa nos interesse do outro quando se está a pensar nos
        próprios);
    -   fingir-se cansado ou incapaz obrigando o interlocutor a decidir por ele /«não me importo» (forçar
        passivamente o outro a fazer as coisas por ele, julgando-o depois se elas correrem mal);
    -   «não posso porque neste momento a minha família está toda doente« (dar desculpas para obter
        compaixão);
    -   «talvez seja assim» (dito num tom de voz em que o interlocutor percebe claramente que quer dizer
        «não!»);
    -   «todos os outros pensam que esta é uma boa ideia» (pressionar o interlocutor fazendo-o sentir-se
        isolado);
    -   «se os outros conseguem isto, porque é que tu não consegues?» (comparar desfavoravelmente o
        interlocutor);
    -   «claro que faço o que me estás a pedir» dito com uma expressão de desagrado (contradição entre o
        conteúdo da mensagem e o comportamento não verbal)
    -   silêncio (usado passivamente de forma a que o interlocutor adivinhe o que quer ou agressivamente,
        de forma a que sinta que o está a cansar);
    -    ser simpático em demasia;
    -   dizer às outras pessoas o que se gostava que o interlocutor fizesse esperando que a mensagem lhe
        chegue aos ouvidos;
    -   lamuriar-se.




A assertividade varia conforme as pessoas e as situações


Um aspecto que é importante ter em conta é que NINGUÉM é 100% assertivo com todas as pessoas
e em todas as situações. Para cada pessoa, a facilidade que tem em comportar-se de forma assertiva
depende muito da pessoa a quem esse comportamento se dirige (pais, professores, amigos,
namorado/a, crianças, etc) e da situação em que se encontra (auto-afirmação, expressão de
sentimentos positivos, expressão de sentimentos negativos, etc). Quando muito, pode-se dizer que a
pessoa assertiva é capaz de se comportar com assertividade com muitas pessoas e em muitas
situações.




                                                                                                               3
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Como aprendi a comportar-me de forma não assertiva?


A assertividade não é uma característica inata que se tem ou não. O que acontece é que, as
aprendizagens que uma pessoa fez ao longo da vida conduzem a que, no momento actual, ela tenha
ou não a capacidade de se comportar de forma assertiva.
Embora seja difícil dizer quais os motivos que fizeram com que, no presente, determinada pessoa
tenha dificuldade em se comportar de forma assertiva com determinadas pessoas e em determinadas
situações, existe um conjunto de factores que podem ser considerados. Por exemplo:


      Punição         Muitas vezes as pessoas têm dificuldade em comportar-se de forma assertiva em
                      determinados momentos porque, no passado, foram repetidamente punidas (fisica ou
                      verbalmente) por se expressarem em momentos semelhantes.
      Reforço         Muitas vezes as pessoas têm dificuldade em comportar-se de forma assertiva em
                      determinados momentos porque, no passado, foram repetidamente recompensadas por
                      se comportarem de forma não assertiva em momentos semelhante.
    Modelagem         Muitas vezes as pessoas aprendem a comportar-se de modo não assertivo por
                      observação e imitação do comportamento não assertivo de pessoas que sejam
                      próximas e significativas, como os pais.
      Falta de        Muitas vezes as pessoas comportam-se de forma não assertiva porque, no passado,
   oportunidade       não tiveram oportunidade para aprender formas de comportamento mais adequadas;
                      quando confrontadas com uma situação nova, não sabem como responder (e,
                      adicionalmente, sentem-se desconfortáveis por causa desta falta de conhecimento).
Padrões culturais e Várias normas culturais ( por exemplo «é fallta de educação recusar pedidos») e
 crenças pessoais     crenças pessoais (por exemplo «quero que todas as pessoas gostem de mim»), que
                      aprendemos ao longo da vida, podem funcionar como prescrições contra a
                      assertividade, resultando em respostas não assertivas.
     Incerteza        As pessoas podem responder às situações de forma não assertiva por não conhecerem
 relativamente aos    os seus direitos nessas situação – elas podem nunca ter aprendido quais são os seus
  próprios direitos   direitos (e os limites desses direitos) em situações sociais.




O que é que ganharia em me comportar de forma mais assertiva?


A assertividade é uma escolha. Da mesma forma que determinada pessoa aprendeu a comporta-se
de forma não assertiva, pode aprender um conjunto de competências que lhe permitam comportar-se
com maior assertividade. Que vantagens tem em fazê-lo?


A resposta a esta questão pode ser dada, em primeiro lugar, pela análise das consequências de cada
tipo de comportamento. É importante não esquecer que os comportamentos que temos não ocorrem



                                                                                                          4
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num vácuo – eles repercutem sobre a pessoa que os tem e sobre aquele que os recebe, quer de
forma imediata, quer a longo prazo. O que acontece é que, ainda que os comportamentos não
assertivos tenham, a curto-prazo, algumas consequências positivas para o próprio (que é, aliás, o que
explica que se mantenham), as suas consequências são, num balanço global, negativas; os
comportamentos assertivos são, por outro lado, quase universalmente vantajosos.


Se ainda não estás convencido, tem em atenção o seguinte: a assertividade, depois de aprendida,
poderá vir a ser mais uma ferramenta, de entre o conjunto de que já dispões. Nada te obriga a utilizá-
la, mas caso ela se venha a revelar necessária, é bom saber que lá está.




Como posso fazê-lo?




Conhecimento dos próprios direitos


A primeira mudança é interna, e passa por adquirir conhecimento dos direitos que te assistem (e,
igualmente, a cada uma das pessoas que te rodeiam). Uma amostra destes direitos poderá ser a
seguinte:


    -   Eu tenho o direito de ser respeitado e tratado de igual para igual, qualquer que seja o papel
        que desempenho ou o meu estatuto social
    -   Eu tenho o direito de manter os meus próprios valores, desde que eles respeitem os direitos
        dos outros
    -   Eu tenho o direito de expressar os meus sentimentos e opiniões.
    -   Eu tenho o direito de expressar as minhas necessidades e de pedir o que quero
    -   Eu tenho o direito de dizer não sem me sentir culpado por isso
    -   Eu tenho o direito de pedir ajuda e de escolher se quero prestar ajuda a alguém
    -   Eu tenho o direito de me sentir bem comigo próprio sem sentir necessidade de me justificar
        perante os outros
    -   Eu tenho o direito de mudar de opinião
    -   Eu tenho o direito de pensar antes de agir ou de tomar uma decisão
    -   Eu tenho o direito de dizer «eu não estou a perceber» e pedir que me esclareçam ou ajudem
    -   Eu tenho o direito de cometer erros sem me sentir culpado
    -   Eu tenho o direito de fixar os meus próprios objectivos de vida e lutar para que as minhas
        expectativas sejam realizadas, desde que respeite os direitos dos outros




                                                                                                    5
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Tem também em conta algumas coisas que podes estar a dizer a ti próprio, e que podem estar a
tornar difícil comportares-te de forma assertiva. Alguns exemplos destes «pensamentos bloqueadores
da assertividade» são os seguintes:


    Pensamentos sobre direitos e       Não tenho o direito de recusar pedidos aos meus amigos
          responsabilidades            -Não tenho o direito de fazer pedidos às outras pessoas
                                       Não tenho o direito de discordar com os outros, particularmente com
                                       a autoridade
                                       Não tenho o direito de ficar zangado, particularmente com as
                                       pessoas de quem gosto
  Pensamentos sobre a imagem que       Tenho que ser amado ou, pelo menos, admirado por todos os que
          quero dar de mim             me rodeiam
                                       Tenho que ser perfeito e nunca cometer erros
Pensamentos sobre as consequências Se eu criticar a pessoa X, coisas terríveis poderão acontecer
  prováveis do meu comportamento




Se algum destes pensamentos reflecte uma crença tua, submete-o a uma análise racional. Isto pode
ser feito quer invertendo as perspectivas das pessoas envolvidas (aquilo que vale para ti também vale
para os outros?), quer procurando factos que o sustentem ou desconfirmem (que provas tenho de
que isto é verdade?), quer questionando o seu valor prático (em que é que viver de acordo com este
pensamento me tem ajudado até aqui?). Se o pensamento não sobreviver a esta análise, então, mais
vale pô-lo de parte...
Em alguns casos, contudo, a análise sugerida não chega para neutralizar estes pensamentos, e eles
continuam a surgir, bloqueando o comportamento assertivo – nestes casos, considera a possibilidade
de interromper este pensamento e agir (assertivamente) como se este não existisse – esta acção
pode parecer um tiro no escuro, mas os seus resultados vão, frequentemente, demonstrar por si só
que, afinal, o pensamento não se justificava.




Aptidões Assertivas


O passo seguinte é o de defender os teus direitos de uma forma que seja eficaz. Isto requer a
aquisição e treino de um conjunto de aptidões. De entre o seguinte conjunto de técnicas, escolhe
aquelas que pensas que te serão mais úteis e adapta-as ao teu estilo pessoal.




                                                                                                          6
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O conteúdo verbal da mensagem


     Aptidão                      Como?                                    Exemplo
                  Diz aquilo que queres realmente Em vez de «Lembras-te que fizémos
    Ser claro,    dizer, de uma forma o mais directa uma reunião de grupo há uns tempos?
    conciso e     possível.    Se    necessário,    dá Aquela a que tiveste de faltar? Será que
    específico    exemplos que ilustrem aquilo que a Ana te deu a informação?» Dizer
                  queres dizer.                           «Combinámos que passarias os gráficos
                  Não pressuponhas que a outra no computador até hoje. Já estão
                  pessoa já sabe o que queres prontos?»
                  apenas porque tu sugeriste ou deste
                  umas pistas – ela não sabe ler o teu
                  pensamento
                  Não faças prefácios ás tuas frases
                  ou    pedidos      com    desculpas,
                  justificações ou coisas irrelevantes,
                  falando muito para dizer pouco – o
                  receptor recebe uma mensagem
                  pouco clara e pode interpretá-la mal
                  ou    interromper-te     antes    de
                  acabares.
                  Se uma resposta clara não for
                  obtida, a repetição é adequada
                  Não há asserção sem EU – dizeres Em vez de «tu irritas-me», dizer «eu
 Usar frases na 1ª «eu» significa que      assumes a sinto-me irritado»
     pessoa       responsabilidade       pelos     teus Em vez de «tens razão», dizer «eu
                  pensamentos, sentimentos e acções concordo»
                  e que não culpas os outros.             Em    vez    «sabes   como     é,    ninguém
                                                          consegue decidir sobre estes pontos,
                                                          não   é?»,    dizer   «eu    estou    a   Ter
                                                          dificuldade em decidir»
                  Reconhece o que o receptor diz A: Podes-me dizer se consegues Ter a
    Empatizar     sobre a sua situação, dificuldades, tua parte do trabalho pronta até para a
                  sentimentos e opiniões – ele saberá semana?
                  que tu o estás a ouvir e a prestar B: Tenho pena, mas vou Ter um teste e
                  atenção ao que é importante para pode ser que haja atraso
                  ele, e isto constrói a compreensão A: Eu compreendo que isto te vá criar
                  entre os dois                           dificuldades (empatia), mas já estás



                                                                                                      7
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                                                          atrasado uma semana e eu gostava de
                                                          Ter o assunto terminado dentro de uma
                                                          semana
                O outro, como tu, tem uma opinião e A: «Fico contente por teres percebido as
 Respeitar os   sentimentos sobre as situações. tuas tarefas tão rapidamente, mas estou
   outros       Quando criticas alguém ou rejeitas preocupado com a tua pontualidade.
                um pedido, mostra que, longe de ser Podes fazer o possível por chegar às
                um ataque pessoal a esse alguém 09:30?» (apreciação seguida de crítica
                como um todo, estás a dizer algo de construtiva e pedido de mudança)
                específico                           ao
                comportamento/pedido em questão. A: «Vamos tomar um copo depois das
                                                          aulas»
                                                          B: «Hoje não vou, mas gostava de falar
                                                          um bocado contigo depois das aulas,
                                                          noutro dia. (rejeita o pedido e mostra
                                                          apreço quando sugere adiar para outro
                                                          dia)
                Se não te agrada alguma coisa que A: «Estou aborrecido por não me teres
Pedir mudança   o outro fez ou te sentes prejudicado dado o recado do Hugo Silva logo de
     de         por ele, pede-lhe que mude o seu manhã.               Gostava   que,   de    futuro,
comportamento   comportamento.   Esta      técnica   é escrevesses as mensagens em vez de
                usada     frequentemente      quando as decorar. (crítica construtiva com
                fazemos uma crítica construtiva ou pedido de mudança de comportamento)
                quando lidamos com comentários
                destrutivos.                              A: «Por favor, não me critiques em frente
                                                          ao grupo»


                                                          B: «Estás a ser demasiado picuínhas»
                                                          A: Quero que isto fique exacto. Por favor,
                                                          não me descrevas como picuínhas»
                Depois de aceitares a crítica de B: «Penso que a tua apresentação foi
Ofereceres-te   alguém, se quiseres, oferece-te para muito comprida»
 para mudar     mudar o teu comportamento.                A: »Concordo. Vou repensá-la e cortar o
                                                          tempo para metade (oferecer-se para
                                                          mudar)




                                                                                                   8
GAPsi-FCUL




O Comportamento Não – Verbal


Cerca de 70% daquilo que o receptor percebe da mensagem é fornecido através do comportamento
não verbal do emissor– a linguagem corporal adequada confirma e sublinha o que se diz, pelo que
deve ser concordante com o conteúdo da mensagem. Inclui aspectos como:


   Espaço      Distância entre as pessoas que seja confortável para ti e para o outro, o que
   pessoal     depende da situação e do grau de familiaridade. Se sentes que a altura do outro te
               coluca em desvantagem, sugere que ambos se sentem para falar
   Postura     Estável e descontraída – direita mas não rígida ou «pendurada»
  corporal
   Gestos      Expressivos mas não excessivos, Evita os gestos distractivos como tamborilar e roer
               as unhas, e os gestos que perturbam a comunicação, como colocar a mão à frente
               da boca ou cruzar os braços.
 Expressão     Concordante com aquilo que estás a dizer e, particularmente, com os sentimentos
    facial     que estás a expressar – se estás zangado, mostra-te zangado, se estás feliz, sorri.
  Contacto     Directo mas não excessivo – evita fugir ao contacto visual, mas não fiques a olhar
    visual     fixamente, com um ar «embasbacado» ou hostil, para o outro.
Utilização da Discurso seguro e fluente, num ritmo adequado e estável e num tom suficientemente
     voz       alto para ser perceptível mas não tão alto que se torne irritante. Entoação
               consistente com o conteúdo verbal. Procura responder à outra pessoa com rapidez,
               mas não demasiada, ou seja, sem hesitar durante muito tempo mas também sem a
               atropelar. Faz silêncios quando for adequado ou enquanto pensas no que vais dizer,
               e não preenchas as pausas com não-palavras como «hãããã», «pronto» (ou
               «prontos»), «`tás a ver», etc.


Uma nota final


A assertividade não garante a não ocorrência de conflitos entre duas pessoas; o que acontece é que,
se duas pessoas em desacordo comunicam de forma assertiva, é mais provável que reconheçam que
existe um desacordo e tentem chegar a um compromisso ou, simplesmente, decidam manter a sua
posição respeitando a do outro. Em todo o caso, tu só és responsável pelo teu próprio
comportamento – se a outra parte do conflito decidir comportar-se de forma não assertiva, o problema
é dela.




Assert yourself, M.D. Galassi e J.P. Galassi, Human Sciences Press, traduzido e adaptado por
Catarina Dias e Guiomar Gabriel, GAPsi- Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa




                                                                                                     9

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  • 1. GAPsi-FCUL ASSERTIVIDADE: O QUE É, POR QUE É ÚTIL E COMO SE APRENDE? O que é o Comportamento Assertivo? Comportamento Assertivo O comportamento assertivo pode ser definido como aquele que envolve a expressão directa, pela pessoa, das suas necessidades ou preferências, emoções e opiniões sem que, ao fazê-lo, ela experiencie ansiedade indevida ou excessiva, e sem ser hostil para o interlocutor. É, por outras palavras, aquele que permite defender os próprios direitos sem violar os direitos dos outros. Exemplos Auto-afirmação - Capacidade de defender direitos legítimos - Capacidade de expressar opiniões pessoais - Capacidade de fazer e recusar pedidos Expressar sentimentos - Capacidade de fazer e receber elogios positivos - Capacidade de expressar afectos positivos - Capacidade de iniciar e manter conversas Expressar sentimentos - Capacidade de expressar afectos negativos legítimos negativos 1
  • 2. GAPsi-FCUL Comportamento Não Assertivo Comportamento Passivo É aquele em que a pessoa falha na expressão das suas necessidades ou preferências, emoções e opiniões. Na medida em que a pessoa que tem este comportamento é a primeira a violar os seus próprios direitos, acaba por dar ao outro a permissão para, também ele, o fazer. Exemplos -aceder a realizar actividades que não lhe interessam só porque isto lhe foi solicitado -não pedir um favor que é legítimo e do qual se necessita -não manifestar desacordo perante algo com que não se concorda Comportamento Agressivo É aquele em que a pessoa expressa as suas necessidades ou preferências, emoções e opiniões, mas de uma forma que é hostil, exigente, ameaçadora ou punitiva para com o interlocutor. A pessoa que tem este comportamento defende os seus direitos, mas fá-lo à custa da violação dos do outro. Exemplos Directo Indirecto Verbal Comentários hostis e humilhantes, insultos, Sarcasmo, comentários maliciosos, ameaças «intriguinhas» Não verbal Gestos hostis e ameaçadores, violência física Gestos hostis e depreciativos quando a atenção do interlocutor está orientada para outro lado Comportamento Manipulativo É aquele em que a pessoa expressa as suas necessidades ou preferências, emoções e opiniões de uma forma implícita ou indirecta, frequentemente com «mensagens mistas», em que há contradições no conteúdo ou entre o conteúdo e o comportamento não verbal. É o caso de mensagens cujo objectivo é levar o interlocutor a adivinhar o que quer dizer ou a sentir-se tão mal ou responsável pela pessoa que fará o que ela quer, ainda que contra a sua vontade. A pessoa que tem este comportamento procura a satisfação das suas necessidades violando os direitos dos outros, mas fá- lo de forma indirecta. 2
  • 3. GAPsi-FCUL Exemplos - «se fosses mesmo um bom colega, tu...»/«se fizeres isso então eu não sei o que farei» (chantagem emocional); - «se eu fosse a ti...»/ «eu penso que devias» (decidir no seu lugar); - «eu faço isso por ti» (paternalização); - «se me fizeres isto, ficar-te-ei eternamente grato» (oferecer recompensas); - «não sei bem, pode vir a ser difícil para mim fazer isso» (evitar indirectamente a tarefa); - «tu pareces um bocado à nora com esse trabalho» (explorar as vulnerabilidades do interlocutor); - «isto interessa-te» (fazer de conta que se pensa nos interesse do outro quando se está a pensar nos próprios); - fingir-se cansado ou incapaz obrigando o interlocutor a decidir por ele /«não me importo» (forçar passivamente o outro a fazer as coisas por ele, julgando-o depois se elas correrem mal); - «não posso porque neste momento a minha família está toda doente« (dar desculpas para obter compaixão); - «talvez seja assim» (dito num tom de voz em que o interlocutor percebe claramente que quer dizer «não!»); - «todos os outros pensam que esta é uma boa ideia» (pressionar o interlocutor fazendo-o sentir-se isolado); - «se os outros conseguem isto, porque é que tu não consegues?» (comparar desfavoravelmente o interlocutor); - «claro que faço o que me estás a pedir» dito com uma expressão de desagrado (contradição entre o conteúdo da mensagem e o comportamento não verbal) - silêncio (usado passivamente de forma a que o interlocutor adivinhe o que quer ou agressivamente, de forma a que sinta que o está a cansar); - ser simpático em demasia; - dizer às outras pessoas o que se gostava que o interlocutor fizesse esperando que a mensagem lhe chegue aos ouvidos; - lamuriar-se. A assertividade varia conforme as pessoas e as situações Um aspecto que é importante ter em conta é que NINGUÉM é 100% assertivo com todas as pessoas e em todas as situações. Para cada pessoa, a facilidade que tem em comportar-se de forma assertiva depende muito da pessoa a quem esse comportamento se dirige (pais, professores, amigos, namorado/a, crianças, etc) e da situação em que se encontra (auto-afirmação, expressão de sentimentos positivos, expressão de sentimentos negativos, etc). Quando muito, pode-se dizer que a pessoa assertiva é capaz de se comportar com assertividade com muitas pessoas e em muitas situações. 3
  • 4. GAPsi-FCUL Como aprendi a comportar-me de forma não assertiva? A assertividade não é uma característica inata que se tem ou não. O que acontece é que, as aprendizagens que uma pessoa fez ao longo da vida conduzem a que, no momento actual, ela tenha ou não a capacidade de se comportar de forma assertiva. Embora seja difícil dizer quais os motivos que fizeram com que, no presente, determinada pessoa tenha dificuldade em se comportar de forma assertiva com determinadas pessoas e em determinadas situações, existe um conjunto de factores que podem ser considerados. Por exemplo: Punição Muitas vezes as pessoas têm dificuldade em comportar-se de forma assertiva em determinados momentos porque, no passado, foram repetidamente punidas (fisica ou verbalmente) por se expressarem em momentos semelhantes. Reforço Muitas vezes as pessoas têm dificuldade em comportar-se de forma assertiva em determinados momentos porque, no passado, foram repetidamente recompensadas por se comportarem de forma não assertiva em momentos semelhante. Modelagem Muitas vezes as pessoas aprendem a comportar-se de modo não assertivo por observação e imitação do comportamento não assertivo de pessoas que sejam próximas e significativas, como os pais. Falta de Muitas vezes as pessoas comportam-se de forma não assertiva porque, no passado, oportunidade não tiveram oportunidade para aprender formas de comportamento mais adequadas; quando confrontadas com uma situação nova, não sabem como responder (e, adicionalmente, sentem-se desconfortáveis por causa desta falta de conhecimento). Padrões culturais e Várias normas culturais ( por exemplo «é fallta de educação recusar pedidos») e crenças pessoais crenças pessoais (por exemplo «quero que todas as pessoas gostem de mim»), que aprendemos ao longo da vida, podem funcionar como prescrições contra a assertividade, resultando em respostas não assertivas. Incerteza As pessoas podem responder às situações de forma não assertiva por não conhecerem relativamente aos os seus direitos nessas situação – elas podem nunca ter aprendido quais são os seus próprios direitos direitos (e os limites desses direitos) em situações sociais. O que é que ganharia em me comportar de forma mais assertiva? A assertividade é uma escolha. Da mesma forma que determinada pessoa aprendeu a comporta-se de forma não assertiva, pode aprender um conjunto de competências que lhe permitam comportar-se com maior assertividade. Que vantagens tem em fazê-lo? A resposta a esta questão pode ser dada, em primeiro lugar, pela análise das consequências de cada tipo de comportamento. É importante não esquecer que os comportamentos que temos não ocorrem 4
  • 5. GAPsi-FCUL num vácuo – eles repercutem sobre a pessoa que os tem e sobre aquele que os recebe, quer de forma imediata, quer a longo prazo. O que acontece é que, ainda que os comportamentos não assertivos tenham, a curto-prazo, algumas consequências positivas para o próprio (que é, aliás, o que explica que se mantenham), as suas consequências são, num balanço global, negativas; os comportamentos assertivos são, por outro lado, quase universalmente vantajosos. Se ainda não estás convencido, tem em atenção o seguinte: a assertividade, depois de aprendida, poderá vir a ser mais uma ferramenta, de entre o conjunto de que já dispões. Nada te obriga a utilizá- la, mas caso ela se venha a revelar necessária, é bom saber que lá está. Como posso fazê-lo? Conhecimento dos próprios direitos A primeira mudança é interna, e passa por adquirir conhecimento dos direitos que te assistem (e, igualmente, a cada uma das pessoas que te rodeiam). Uma amostra destes direitos poderá ser a seguinte: - Eu tenho o direito de ser respeitado e tratado de igual para igual, qualquer que seja o papel que desempenho ou o meu estatuto social - Eu tenho o direito de manter os meus próprios valores, desde que eles respeitem os direitos dos outros - Eu tenho o direito de expressar os meus sentimentos e opiniões. - Eu tenho o direito de expressar as minhas necessidades e de pedir o que quero - Eu tenho o direito de dizer não sem me sentir culpado por isso - Eu tenho o direito de pedir ajuda e de escolher se quero prestar ajuda a alguém - Eu tenho o direito de me sentir bem comigo próprio sem sentir necessidade de me justificar perante os outros - Eu tenho o direito de mudar de opinião - Eu tenho o direito de pensar antes de agir ou de tomar uma decisão - Eu tenho o direito de dizer «eu não estou a perceber» e pedir que me esclareçam ou ajudem - Eu tenho o direito de cometer erros sem me sentir culpado - Eu tenho o direito de fixar os meus próprios objectivos de vida e lutar para que as minhas expectativas sejam realizadas, desde que respeite os direitos dos outros 5
  • 6. GAPsi-FCUL Tem também em conta algumas coisas que podes estar a dizer a ti próprio, e que podem estar a tornar difícil comportares-te de forma assertiva. Alguns exemplos destes «pensamentos bloqueadores da assertividade» são os seguintes: Pensamentos sobre direitos e Não tenho o direito de recusar pedidos aos meus amigos responsabilidades -Não tenho o direito de fazer pedidos às outras pessoas Não tenho o direito de discordar com os outros, particularmente com a autoridade Não tenho o direito de ficar zangado, particularmente com as pessoas de quem gosto Pensamentos sobre a imagem que Tenho que ser amado ou, pelo menos, admirado por todos os que quero dar de mim me rodeiam Tenho que ser perfeito e nunca cometer erros Pensamentos sobre as consequências Se eu criticar a pessoa X, coisas terríveis poderão acontecer prováveis do meu comportamento Se algum destes pensamentos reflecte uma crença tua, submete-o a uma análise racional. Isto pode ser feito quer invertendo as perspectivas das pessoas envolvidas (aquilo que vale para ti também vale para os outros?), quer procurando factos que o sustentem ou desconfirmem (que provas tenho de que isto é verdade?), quer questionando o seu valor prático (em que é que viver de acordo com este pensamento me tem ajudado até aqui?). Se o pensamento não sobreviver a esta análise, então, mais vale pô-lo de parte... Em alguns casos, contudo, a análise sugerida não chega para neutralizar estes pensamentos, e eles continuam a surgir, bloqueando o comportamento assertivo – nestes casos, considera a possibilidade de interromper este pensamento e agir (assertivamente) como se este não existisse – esta acção pode parecer um tiro no escuro, mas os seus resultados vão, frequentemente, demonstrar por si só que, afinal, o pensamento não se justificava. Aptidões Assertivas O passo seguinte é o de defender os teus direitos de uma forma que seja eficaz. Isto requer a aquisição e treino de um conjunto de aptidões. De entre o seguinte conjunto de técnicas, escolhe aquelas que pensas que te serão mais úteis e adapta-as ao teu estilo pessoal. 6
  • 7. GAPsi-FCUL O conteúdo verbal da mensagem Aptidão Como? Exemplo Diz aquilo que queres realmente Em vez de «Lembras-te que fizémos Ser claro, dizer, de uma forma o mais directa uma reunião de grupo há uns tempos? conciso e possível. Se necessário, dá Aquela a que tiveste de faltar? Será que específico exemplos que ilustrem aquilo que a Ana te deu a informação?» Dizer queres dizer. «Combinámos que passarias os gráficos Não pressuponhas que a outra no computador até hoje. Já estão pessoa já sabe o que queres prontos?» apenas porque tu sugeriste ou deste umas pistas – ela não sabe ler o teu pensamento Não faças prefácios ás tuas frases ou pedidos com desculpas, justificações ou coisas irrelevantes, falando muito para dizer pouco – o receptor recebe uma mensagem pouco clara e pode interpretá-la mal ou interromper-te antes de acabares. Se uma resposta clara não for obtida, a repetição é adequada Não há asserção sem EU – dizeres Em vez de «tu irritas-me», dizer «eu Usar frases na 1ª «eu» significa que assumes a sinto-me irritado» pessoa responsabilidade pelos teus Em vez de «tens razão», dizer «eu pensamentos, sentimentos e acções concordo» e que não culpas os outros. Em vez «sabes como é, ninguém consegue decidir sobre estes pontos, não é?», dizer «eu estou a Ter dificuldade em decidir» Reconhece o que o receptor diz A: Podes-me dizer se consegues Ter a Empatizar sobre a sua situação, dificuldades, tua parte do trabalho pronta até para a sentimentos e opiniões – ele saberá semana? que tu o estás a ouvir e a prestar B: Tenho pena, mas vou Ter um teste e atenção ao que é importante para pode ser que haja atraso ele, e isto constrói a compreensão A: Eu compreendo que isto te vá criar entre os dois dificuldades (empatia), mas já estás 7
  • 8. GAPsi-FCUL atrasado uma semana e eu gostava de Ter o assunto terminado dentro de uma semana O outro, como tu, tem uma opinião e A: «Fico contente por teres percebido as Respeitar os sentimentos sobre as situações. tuas tarefas tão rapidamente, mas estou outros Quando criticas alguém ou rejeitas preocupado com a tua pontualidade. um pedido, mostra que, longe de ser Podes fazer o possível por chegar às um ataque pessoal a esse alguém 09:30?» (apreciação seguida de crítica como um todo, estás a dizer algo de construtiva e pedido de mudança) específico ao comportamento/pedido em questão. A: «Vamos tomar um copo depois das aulas» B: «Hoje não vou, mas gostava de falar um bocado contigo depois das aulas, noutro dia. (rejeita o pedido e mostra apreço quando sugere adiar para outro dia) Se não te agrada alguma coisa que A: «Estou aborrecido por não me teres Pedir mudança o outro fez ou te sentes prejudicado dado o recado do Hugo Silva logo de de por ele, pede-lhe que mude o seu manhã. Gostava que, de futuro, comportamento comportamento. Esta técnica é escrevesses as mensagens em vez de usada frequentemente quando as decorar. (crítica construtiva com fazemos uma crítica construtiva ou pedido de mudança de comportamento) quando lidamos com comentários destrutivos. A: «Por favor, não me critiques em frente ao grupo» B: «Estás a ser demasiado picuínhas» A: Quero que isto fique exacto. Por favor, não me descrevas como picuínhas» Depois de aceitares a crítica de B: «Penso que a tua apresentação foi Ofereceres-te alguém, se quiseres, oferece-te para muito comprida» para mudar mudar o teu comportamento. A: »Concordo. Vou repensá-la e cortar o tempo para metade (oferecer-se para mudar) 8
  • 9. GAPsi-FCUL O Comportamento Não – Verbal Cerca de 70% daquilo que o receptor percebe da mensagem é fornecido através do comportamento não verbal do emissor– a linguagem corporal adequada confirma e sublinha o que se diz, pelo que deve ser concordante com o conteúdo da mensagem. Inclui aspectos como: Espaço Distância entre as pessoas que seja confortável para ti e para o outro, o que pessoal depende da situação e do grau de familiaridade. Se sentes que a altura do outro te coluca em desvantagem, sugere que ambos se sentem para falar Postura Estável e descontraída – direita mas não rígida ou «pendurada» corporal Gestos Expressivos mas não excessivos, Evita os gestos distractivos como tamborilar e roer as unhas, e os gestos que perturbam a comunicação, como colocar a mão à frente da boca ou cruzar os braços. Expressão Concordante com aquilo que estás a dizer e, particularmente, com os sentimentos facial que estás a expressar – se estás zangado, mostra-te zangado, se estás feliz, sorri. Contacto Directo mas não excessivo – evita fugir ao contacto visual, mas não fiques a olhar visual fixamente, com um ar «embasbacado» ou hostil, para o outro. Utilização da Discurso seguro e fluente, num ritmo adequado e estável e num tom suficientemente voz alto para ser perceptível mas não tão alto que se torne irritante. Entoação consistente com o conteúdo verbal. Procura responder à outra pessoa com rapidez, mas não demasiada, ou seja, sem hesitar durante muito tempo mas também sem a atropelar. Faz silêncios quando for adequado ou enquanto pensas no que vais dizer, e não preenchas as pausas com não-palavras como «hãããã», «pronto» (ou «prontos»), «`tás a ver», etc. Uma nota final A assertividade não garante a não ocorrência de conflitos entre duas pessoas; o que acontece é que, se duas pessoas em desacordo comunicam de forma assertiva, é mais provável que reconheçam que existe um desacordo e tentem chegar a um compromisso ou, simplesmente, decidam manter a sua posição respeitando a do outro. Em todo o caso, tu só és responsável pelo teu próprio comportamento – se a outra parte do conflito decidir comportar-se de forma não assertiva, o problema é dela. Assert yourself, M.D. Galassi e J.P. Galassi, Human Sciences Press, traduzido e adaptado por Catarina Dias e Guiomar Gabriel, GAPsi- Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa 9