O poema descreve a passagem do Tempo, Emoção, Razão e Maturidade na vida de uma pessoa. Cada um representa uma fase diferente: a infância é representada pelo Tempo, a juventude pela Emoção, a idade adulta pela Razão e a velhice pela Maturidade. No final, o poema apresenta a Serenidade como o estágio mais elevado, quando a pessoa já viveu muitas experiências e não se importa mais com o futuro.
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Eu vi
Texto de Rozilda Euzebio Costa
Eu vi um menino passar correndo,
Como quem houvesse a necessidade
De chegar depressa em algum lugar.
O menino desviava de pessoas e coisas,
E tinha uma energia interminável,
Corria velozmente rumo ao futuro,
Como se tivesse deixado os seus brinquedos por lá.
E com toda essa correria,
Sem ouvir, e sem dar satisfação a ninguém,
A sua vida, aquele menino seguiu vivendo.
Esse menino se chamava TEMPO.
__ A infância é desbravadora, tem a pressa de conhecer o futuro, é
inconstante como o vento, e tem uma alma indomável como o tempo.
Eu vi uma mulher que também corria sem distração,
Ela desejava ansiosamente vencer o tempo,
Andava pela vida tão obstinada e veloz
Que, de querer voar, dava a todos a impressão.
Queria ultrapassar seus próprios limites!
Seus olhos estavam voltados para o futuro,
Nele estava também a sua atenção.
Em suas mãos, uma pasta com vários papéis,
Rascunhos de projetos, e de sonhos em construção.
E essa mulher se chamava EMOÇÃO
__ A juventude é movida pela força da realização, e põe no guidão de
suas metas e conquistas, toda a sua emoção.
Eu vi passar também um homem bem alinhado,
Não aparentava estar correndo em busca de alguma coisa,
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Seguia com equilíbrio e tranquilidade
E tinha em seu caminhar, certo ritmo e precisão,
Às vezes reduzia a velocidade de seus passos,
Como quem sabe que o futuro é agora,
E a felicidade pode estar em qualquer lado.
Esse homem se chamava RAZÃO.
__ Chega uma fase na vida do homem em que ele começa a
compreender a importância das coisas em sua vida. Ele então começa
a agir e tomar suas decisões baseadas na razão.
Eu vi ainda um ancião que caminhava lentamente,
Tinha cabelos brancos e olhar calmo,
Ele não pretendia alcançar o tempo,
Nem entrar em disputa com a emoção,
Ele seguia seu caminho sem pressa,
E olhava no rosto das pessoas com atenção,
Cumprimentava a todos, gentilmente.
E esse ancião se chamava MATURIDADE.
__ A maturidade é o conhecimento da razão e o despertar da
consciência. Para alguns a maturidade chega mais cedo, para outros,
ela demora pra chegar. E para uma grande parcela de pessoas, a
maturidade talvez nunca chegue.
Depois de ver passar Tempo, Emoção, Razão e Maturidade,
Eu ouvi o canto harmônico de um pássaro
Que estava pousado no galho de uma cerejeira.
Ele assobiava alegremente uma linda melodia,
Parecia estar agradecido e muito satisfeito,
Com a oportunidade de viver que recebia.
Não tinha pressa, nem projetos, nem cansaço,
Não se importava com o passar das horas de seu dia,
Não desejava voar para alcançar o futuro,
Nem quebrar recorde, nem vencer nenhuma barreira.
E esse pássaro se chamava SERENIDADE.
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__ A serenidade é um estágio elevado de alma e consciência. É quando
o homem já viveu várias experiências de vida, e já não corre mais
contra o tempo. Já não faz mais as suas escolhas e nem toma as suas
decisões com base em sua emoção. Já aprendeu a usar a razão para
discernir. Já descobriu que a vida não é um campo de batalhas. Que o
seu próximo não é um concorrente seu. O único concorrente que o
homem tem é ele mesmo, quando disputa uma guerra contra suas
dúvidas e seus próprios medos.
O homem encontra a serenidade quando descobre que o futuro é uma
incerteza, e que a única coisa que realmente conta é o seu momento
presente. E esse presente é o que a vida apresenta espontaneamente
diante dele. É no instante em que o homem se dá conta disso, que ele
se torna o dono de seu destino, guiando com discernimento, o seu
tempo, a sua emoção e a sua razão, alcançando assim, a sua
maturidade e serenidade.
14/10/2016