2. Introdução
Surgimento da escola como formalização e
institucionalização do ensino a partir da idade moderna,
estabelecendo-se como sistema de ensino formal para
cumprir o que a igreja já não dava conta plenamente.
As relações tornaram-se marcadas pela lógica do
saber, pontuando diferenças intelectuais, hierarquizando
os sujeitos e tendo um propósito de universalização.
[...] construiu-se a idéia de que a escola é responsável pela
educação formal e a família pela informal.
3. [...] a escola parece ainda distanciar as
famílias e buscar conservar seu
domínio sobre o saber através da
crença de omissão dos pais.
4. Relação família-escola
Sob um prisma
sociológico:
Destaca-se o caráter
socializador desta
relação e as
diferenças sociais e
culturais entre ambas.
Psicólogico:
Parte da importância
das primeiras
relações vividas na
família(socialização
primária) e suas
implicações no
processo
escolar(socialização
secundária)
5. Assim entende- se que:
Muitos processos, a partir deste olhar,
pressupõem como um objetivo da escola
também educar as famílias, fornecendo
informações sobre o desenvolvimento ,
educação infantil e atendimento
psicológico. Tais ideias ressaltam o
caráter curativo de um sistema sobre o
outro.
6. A análise sob o prisma psicológico:
Concede à família valor
explicativo dos
problemas das
crianças e
adolescentes.
Inicia-se nova matriz
nas relações
professores-
pais/família-escola
Professores conhecem
e tem informações a
respeito da vida
familiar de seus
alunos.
A partir disto, aceita-se
que orientem os pais
a respeito da
educação das
crianças e formação
psíquica.
7. Ponto negativo:
Pode gerar confusão quanto
aos objetivos, por conta
de métodos, conceitos,
valores e ideais entre
instituições, pulverizando,
modificando e
desconstruindo, sendo
utilizada, por vezes como
intromissão na vida das
famílias. Assim, não
favorecendo as relações
família-escola.
8. Ponto positivo:
• A existência dos
canais de
comunicação e de
participação entre as
vida familiar e escolar
favorece o
desenvolvimento
infantil e relação
família-escola.
• Feedback
permanente promove
a transição da criança
entre um sistema e
outro e assim seu
crescimento.
9. Tanto pais como professores ocupam
lugares distintos e cumprem funções
diferentes.
[...] uma das formas de visualizarmos essa
interação é através das práticas
educativas( ou práticas de socialização).
10. As autoras questionam:
A forma como a família e a escola buscam
atingir seus objetivos educativos revela
continuidades ou descontinuidades entre
elas?
Essas continuidades ou descontinuidades,
podem ser consideradas indicadores de
como a escola e a família se relacionam e
interagem?
11. As práticas educativas buscam modificar
comportamentos inadequados às regras e
padrões morais e sociais, assim como
promover os que são considerados
adequados e desejados pelos
pais/educadores.
12. As práticas educativas podem ser
classificadas em:
• Coercitivas (ou
punitivas):referem-se ao
caráter punitivo das
(re)ações educativas,
reduzindo a possibilidade
de a criança
compreender a
necessidade de modificar
se comportamento e as
consequências de suas
ações
• Indutivas (não punitivas):
Privilegiam as explicações
lógicas sobre a
consequência do
comportamento para si e
para os outros,
destacando as
implicações desses
comportamentos e
favorecendo a empatia.
Conforme modelo proposto por
Hoffman (1975,1994)
13. Objetivo do estudo:
Conhecer e comparar as
práticas educativas
utilizadas por pais e
professores de crianças
em idade escolar que
apresentam problemas
de comportamento na
escola analisando
possíveis continuidades e
descontinuidades na
relação entre esses dois
sistemas.
Investigar a existência de
atividades conjuntas que
revelam facilidades e
dificuldades nas
interações família-escola.
14. Método
Participantes:
3 mães e 1 pai
(entre 33 e 42 anos)
4 professoras de crianças
entre 7 e 11 anos e
experiência profissional
entre 7 e 19 anos
(magistério) em escola da
rede privada.
As crianças foram
indicadas pelo
Serviço de
Orientação
Educacional(SOE)
das escolas,
entendendo os
problemas de
comportamento como
dificuldades de
relacionamento/
Socialização.
15. Instrumentos
2 entrevistas com cada participante
1º Entrevista dirigida, onde questionava-os
a respeito das práticas educativas
utilizadas em 12 situações (ex. ignorar e
desobedecer regras, agredir outros, etc.)
16. 2º Entrevista semidirigida, investigou dois
temas:
-Percepção dos pais(família) a respeito das
práticas educativas utilizadas pelas
professoras(escola) e vice-versa.
-Existência de ações conjuntas pais-
professores(família-escola) frente às
dificuldades das crianças.
17. Coleta de dados
• Os profissionais do Serviço de Orientação
Educacional que indicaram os alunos
também agendaram as entrevistas
• Todos os participantes assinaram o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido,
depois de informados sobre o estudo e
esclarecidas as dúvidas.
18. Análise dos dados
Conforme referencial Olabuénaga* (1999) que
permite a criação de eixos temáticos das
categorias evidenciadas, sem a necessidade de
seguir o critério de “excludência”(como em outro
métodos de análise de conteúdo), promovendo a
interdependência de eixos e categorias para a
discussão dos dados.
Em cada eixo foram categorizadas as respostas
de pais e professoras separadamente.
*Metodologia de investigação qualitativa
19. Situação apresentada para a família e
para a escola
Tipo de prática utilizada na família
Tipo de prática utilizada na
escola
I
indutiva
C
coercitiva
NI
Não interfere
I C NI
Ofende criança/amigo, apelido
depreciativo
x x x x x
Responde de forma rude, grosseira x x x x
Agride, machuca outras crianças x x x x
Pega algo dos outros sem permissão x x x
Recusa-se a dormir ou cumprir algo da
rotina
x x x x
Desobedece ou ignora as regras dos
pais ou professores
x x x x
Mente x x x x x x
Implica, incomoda x x x x x x
Estraga algo dos outros x x x x x
Cria problemas x x x x
Fica mal-humorada e nervosa, não é
querida pelos outros
x x x x x
Total de práticas utilizadas 12 12 6 12 7 3
20. Lembrando que.....
• Coercitivas (ou
punitivas):referem-se ao
caráter punitivo das
(re)ações educativas,
reduzindo a possibilidade
de a criança
compreender a
necessidade de modificar
se comportamento e as
consequências de suas
ações
• Indutivas (não punitivas):
Privilegiam as explicações
lógicas sobre a
consequência do
comportamento para si e
para os outros,
destacando as
implicações desses
comportamentos e
favorecendo a empatia.
Conforme modelo proposto por
Hoffman (1975,1994)
21. Apresentação dos resultados:
• Ambos usaram as
duas práticas.
• O uso exclusivo de
uma ou de outra é
ineficaz.
• A combinação das
duas também não é
eficaz.
22. Análise das respostas das professoras:
Sobre práticas educativas parentais, (desrespeitar,
implicar e responder grosseiramente para os pais):
-Apontam a falha na educação familiar.
“[...] ..os pais são submetidos aos filhos.”
“a criança tem liberdade demais”.
“pai e mãe tem que ter regras claras.”
-Identificam dificuldade de comunicação entre o
casal.
-Sentem necessidade de atividades da família em
conjunto.(que os pais proporcionassem e que todos participem)
23. Análise das respostas dos pais:
Tinham conhecimento sobre o problema de
comportamento do filho.
Pouco criticaram a conduta das professoras
e delegaram mais responsabilidades a
elas e a escola, afirmando que confiam.
“ a professora sabe porque estudou....tem que saber como
lidar...”(como a professora deveria agir com seus filhos)
“confio na professora e cuido dos meus filhos”(pontuando a
divisão de papéis)
24. Análise das respostas dos pais:
• Expressaram sua
vontade de que as
professoras
pudessem exercer
sua autoridade,
incluindo castigos
e sendo rígidas.
25. Sobre planejamento de ações conjuntas entre
família e escola frente às dificuldades da crianças
Professoras:
- encaminhamento da criança a uma
avaliação/atendimento psicológico como atitude
integradora entre a família e a escola.
- Buscar a criança quando apresentar mau
comportamento.
- Descreveram que as combinações feitas na escola com
os pais sobre estratégias para lidar com o problema de
comportamento, não eram cumpridas em casa,a família
se omitia em relatar as práticas educativas. Assim como
a organização do material e acompanhamento das
tarefas.
26. Sobre planejamento de ações conjuntas entre
família e escola frente às dificuldades da crianças
Professoras:
Sabem que a família é agradecida à escola
no que diz respeito às orientações.
As autoras identificaram que por vezes as
combinações não eram realizadas
diretamente com a família, mas sim
através da participação das psicólogas.
27. Sobre planejamento de ações conjuntas entre
família e escola frente às dificuldades da crianças
Análise das respostas dos pais:
A escola apresenta a respeito das causas familiares os
problemas da criança, referindo-se a “culpa da família”.
“Imaginava que os professores estavam imaginando aquilo: o
caos da família”( mãe)
As combinações eram mudanças estruturais,pois
envolveram a organização da rotina familiar.
“[...]..ele estava em turno integral e achamos(junto às reuniões da
escola) melhor ele sair”(mãe)
.
28. Sobre planejamento de ações conjuntas entre
família e escola frente às dificuldades da
crianças
Identificaram o encaminhamento da criança a
um atendimento psicológico, indicação e e
acompanhamento de atividades extras como
uma combinação entre a família e a escola.
“fiz uma combinação com ela que mandasse atividade extra
quando ele não fizesse na aula.”(mãe)
Valorizaram e contaram com a ajuda da escola,
remetendo a ideia que é mais instrumentada
para ajudar os pais a educar seus filhos.
29. Num sentido aparentemente oposto:
“ tudo que for para auxiliar eu estou pronta. Para mim não tem
problema.” ( mãe)
Fazendo nos pensar que a família é que
está ajudando a escola.(autoras)
30. Considerações finais
Os achados evidenciam certa continuidade entre as
práticas educativas parentais e escolares de caráter
indutivo( não punitivas).
Revelam lacunas a respeito da comunicação e ação
conjunta entre professores/escola e família frente ás
dificuldades de comportamento das crianças.
As práticas educativas podem ser reforçadas pelas
combinações da sala e escola.
Informação é pouco, é preciso orientar os pais a respeito
de como educar seus filhos.
31. Desenvolver a empatia e a sensibilidade
para as necessidades das crianças .
Os pais desconhecem a respeito de como
as professoras agem com seus filhos e ao
mesmo tempo confiam no trabalho delas.
É necessário que as fronteiras tornem-se
menos rígidas, o que será possível a
partir de uma (re)definição das tarefas
educativas de cada sistema, para que se
efetive a ideia de cooperação.
32. É fundamental.......
[...]...construir e propor um
modelo de integração
entre os sistemas,
favorecendo o
conhecimento das ações
e funções educativas de
ambos e construindo
novas formas de
comunicação e interação
entre a família e a escola.
33. Minha conclusão
Fica claro a importância da participação dos
pais neste contexto para o desenvolvimento da
criança. É necessário olhar a escola, não só
como o ambiente educativo, mas sim um
espaço importante para o aprofundamento do
processo de socialização destas relações de
pais, alunos e professores. É preciso que todos
compreendam essa interação para que possam
auxiliar no potencial das ações. Sabemos que
não é fácil esta tarefa, pois não se trata só de
informações, é preciso orientar, apontar ,
compreender e intervir, e todos precisam estar
preparados e focados no mesmo objetivo.
34. Referência:
SILVEIRA, Luiza Maria de Oliveira Braga and WAGNER,
Adriana.Relação família-escola: práticas educativas
utilizadas por pais e professores. Psicol. Esc. Educ.
(Impr.)[online]. 2009, vol.13, n.2, pp. 283-291. ISSN
1413-8557.
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-85572009000200011.