SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 8
Baixar para ler offline
Resíduos de construção e demolição: avaliação de




                                                                                                                                                                    Artigo Técnico
                  métodos de quantificação
       Construction and demolition waste: evaluation of quantification methods

                                                                 Sérgio Cirelli Angulo
  Engenheiro Civil. Doutor em Engenharia Civil. Pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo SA. Professor do Departamento
                                  de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

                                                           Cláudia Echevenguá Teixeira
   Bióloga. Doutora em Engenharia Ambiental. Pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo SA. Professora do Programa de
                                     Pós-Graduação em Administração da Universidade Nove de Julho (UNINOVE)

                                                        Alessandra Lorenzetti de Castro
                Engenheira Civil. Doutora em Engenharia Civil. Pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo SA

                                                               Thais Passos Nogueira
                            Tecnóloga Ambiental. Colaboradora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo SA



Resumo
Neste trabalho, estimou-se a geração dos resíduos de construção e demolição por dois métodos de quantificação, um indireto e outro direto, considerando-
se a produção advinda dos agentes informais e formais. O método indireto considerou a área construída das edificações (construção) e transformação dos
pontos de ligação de água e luz instalados (reforma). O método direto identificou a geração advinda de agentes informais e formais nos pontos de disposição
finais em diferentes regiões do município, empregando-se o conceito de balanço de massa. Não é possível quantificar a geração de resíduos de construção
e demolição dos agentes informais (reformas) por meio de dados indiretos relacionados às transformações dos pontos de água no município. Há indícios de
que as transformações dos pontos de energia elétrica sejam um indicador indireto mais preciso, podendo evitar a dispendiosa quantificação direta.

Palavras-chave: resíduos de construção e demolição; métodos de quantificação; método direto; método indireto; balanço de massa; geradores informais.


Abstract
In this paper, construction and demolition waste generation was estimated by two quantification methods, one direct and other indirect, regarding informal and
formal generators. Construction area and transformation of the points of water and energy were applied for indirect quantification method. For the direct one,
volume of dumping areas associated with informal and formal generators in different regions of municipality were quantified and the mass balance was applied.
Indirect quantification of informal generators by transformation points of water is not precise. There are evidences that transformation points of energy can be
more precise, avoiding costly direct construction and demolition waste quantification method.

Keywords: construction and demolition waste; quantification methods; direct method; indirect method; mass balance; informal generators.




Introdução                                                                         destinações como plásticos, papel/papelão, metais, entre outros); C
                                                                                   (RCD sem tecnologia disponível para reciclagem e aproveitamento
    Os resíduos da construção e demolição (RCD) são gerados nas                    como o gesso) e D (RCD perigosos como tintas, solventes, óleos, fi-
atividades de construção, reforma ou demolição e constituídos por                  brocimentos com amianto, entre outros).
um conjunto de materiais, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, con-                   Os RCD representam, em média, 50% da massa dos resíduos só-
creto em geral, madeiras e compensados, argamassa, gesso, entre ou-                lidos urbanos (PINTO, 1999; JOHN, 2000), tanto no Brasil como em
tros (CONAMA, 2002; ANGULO, 2005). Os RCD, pela resolução                          outros países. As disposições irregulares e os aterros clandestinos,
CONAMA 307, são classificados em quatro classes, a saber: Classe A                 ocasionados pela falta de gerenciamento, tornaram-se uma realidade
(RCD recicláveis como os agregados); B (RCD recicláveis para outras                no território nacional. Em 2002, com a aprovação da resolução 307,

Endereço para correspondência: Sérgio Cirelli Ângulo – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo SAS – Avenida Professor Almeida Prado, 532 –
Cidade Universitária – 05508-901 – São Paulo (SP), Brasil – Tel./Fax: (11) 3767-4151/3767-4251 – E-mail: scangulo@ipt.br.
Recebido: 17/02/2011 – Aceito: 12/07/11 – Reg. ABES: 041 11


                                                                                                            Eng Sanit Ambient | v.16 n.3 | jul/set 2011 | 299-306   299
Angulo, S.C. et al



      ficaram estabelecidos critérios e procedimentos para a gestão de RCD     al., 2004; CARELI, 2008). Nesses estudos, foram obtidas gerações
      no Brasil (CONAMA, 2002). Por esta resolução, são atribuídas res-        de RCD por unidade de área (em m²) de edificações verticais, va-
      ponsabilidades tanto para o poder público quanto para a iniciativa       riando entre 0,050 e 0,150 t/m². Tal variação depende do controle
      privada (PINTO et al., 2005). As empresas privadas de construção,        da produção implementado em cada canteiro de obra. Com relação
      que são grandes geradoras desse resíduo, devem desenvolver proje-        à geração de RCD a partir de reformas, não existem levantamentos
      tos de gerenciamento específicos, por exemplo, triagem em canteiros      abrangentes. O único estudo identificado foi o de Morales, Mendes e
      de obras, incluindo o uso de transportadores cadastrados e de áreas      Angulo (2006). Estes autores obtiveram os RCD por unidade de área
      licenciadas para manejo e reciclagem. O poder público deve ofere-        de reforma (em m²) de 0,470 t/m².
      cer uma rede de coleta e destinação ambientalmente correta para os           A publicação da resolução CONAMA 307 motivou alguns muni-
      pequenos geradores, responsáveis por reformas e autoconstruções e        cípios a implantarem planos de gerenciamento. Contudo, de acordo
      incapazes de implementar autogestão.                                     com o levantamento de Pinto (2008), dos 5.565 municípios exis-
           Costa et al. (2007) constataram a influência de variáveis (socio-   tentes no país (IBGE, 2010), apenas 50 implantaram planos de ge-
      conômicas, político-legais, de gestão municipal etc.), por análise es-   renciamento. Um levantamento recente sobre usinas brasileiras de
      tatística multivariada, na implantação e no sucesso dos programas        reciclagem de RCD mostrou que essas usinas, operando nas capaci-
      de reciclagem de RCD em municípios brasileiros. Das 20 variáveis         dades máximas, conseguiriam reciclar apenas cerca de 4,5% do RCD
      estudadas, as seis identificadas como mais significativas estão asso-    gerado (MIRANDA, ANGULO; CARELI, 2009).
      ciadas à gestão pública, a saber: percentual dos funcionários de nível       Aproximadamente 90% dos municípios brasileiros possuem
      médio que trabalham na Prefeitura; renda média anual do município;       menos de 20.000 habitantes (IBGE, 2010), nos quais uma grande
      percentual de domicílios com água; existência de programas de coleta     parcela de RCD não está sendo devidamente gerenciada dentro do
      seletiva de lixo; programas de incentivo para geração de trabalho e      que preconiza a resolução CONAMA 307 (CONAMA, 2002). Dentre
      renda e existência de áreas de recepção de RCD.                          as dificuldades apontadas para a implantação dos planos de geren-
           Em termos de gerenciamento destes resíduos, é etapa-chave a         ciamento de RCD, Marques Neto (2009) destaca a falta de recursos
      realização de um diagnóstico, que seja capaz de identificar e quan-      financeiros e a inexistência de corpo técnico qualificado nos quadros
      tificar a geração pelos diferentes agentes, informação necessária para   profissionais capazes de diagnosticar fontes geradoras e implementar
      elaborar planos de gerenciamento dos RCD. O dimensionamento dos          ações, como a fiscalização.
      sistemas de gerenciamento depende da identificação das áreas de dis-         A questão dos recursos financeiros atualmente vem sendo ven-
      posição irregulares nas diferentes localidades e do dimensionamento      cida por meio dos planos integrados de gerenciamento, envolvendo
      de unidades de triagem e reciclagem (PINTO, 1999; PINTO et al.,          um grupo de municípios geralmente vinculados à gestão de bacias hi-
      2005). O RCD, por ser constituído de uma gama de diferentes ma-          drográficas. Tais práticas são condizentes com a Política Nacional de
      teriais, deve ser triado, de acordo com rotas distintas de reciclagem,   Resíduos Sólidos, aprovada em 2010 – Lei 12.305 (BRASIL, 2010).
      sendo dispostos apenas os resíduos perigosos ou aqueles sem alterna-     Autores como Marques Neto (2009) e Benvenuto e Suzuki (2009)
      tivas de reciclagem comercialmente disponíveis (CONAMA, 2002).           abordam com maiores detalhes esta questão. Entretanto, não há mui-
           Em vários países, diversos autores buscam implementar meto-         ta pesquisa relacionada à prevenção da geração dos agentes informais
      dologias mais precisas para se quantificar e usar tais informações nas   e à identificação deles dentro dos municípios.
      estratégias de gerenciamento dos RCD (HSIAO et al., 2002; WANG               Dentro deste contexto, este artigo apresenta uma investigação
      et al., 2004; COCHRAN et al., 2007; COCHRAN; TOWSEND, 2010;              da geração de RCD em um município de 36.300 habitantes na re-
      LAGE et al., 2010; LLATAS, 2011). A metodologia de quantificação         gião Noroeste do estado de São Paulo, visando avaliar métodos de
      geralmente emprega índices de geração dos RCD por unidade de             quantificação, um indireto e outro direto, considerando a produção
      área, dependendo da origem (construção, reforma e demolição). A          advinda dos agentes informais (reforma) e formais (construção). O
      quantificação precisa sempre foi um desafio e tema relevante a ser       método indireto quantifica a geração de RCD em massa, conside-
      investigado.                                                             rando a área construída das edificações (construção) e a transfor-
           No Brasil, a tarefa de quantificação é ainda mais difícil.          mação dos pontos de ligação de água e luz instalados (reforma). O
      Diferentemente de outros países, uma importante fonte na geração         outro método quantifica a geração de RCD em volume, identifican-
      dos RCD são os geradores informais, para os quais dados estatísti-       do-se a geração advinda dos agentes informais (reforma) e formais
      cos estão indisponíveis e podem representar uma parcela importante       (construção) nas proximidades dos pontos de disposição finais, nas
      dos RCD gerados em um município (PINTO, 1999; PINTO et al.,              diferentes regiões do município. Empregando-se o conceito do ba-
      2005).                                                                   lanço de massa, a geração dos agentes é acumulada, respeitando-se
           Alguns estudos, visando estimar a geração de RCD a partir de        a lei de conservação de massas e considerando-se as quantidades
      construção, foram realizados no Brasil (PINTO, 1999; SOUZA et            de resíduos geradas nos diferentes estágios da análise (WANG et



300   Eng Sanit Ambient | v.16 n.3 | jul/set 2011 | 299-306
Resíduos de construção e demolição: métodos de quantificação



al., 2004). Os resultados obtidos pelos dois métodos foram com-        Reforma
parados para avaliação de consistência. Além da quantificação, este
                                                                          Pinto (1999) comenta a possibilidade do uso de indicadores re-
trabalho apresenta os resultados obtidos em relação à composição
                                                                       lacionados ao consumo de água e energia para identificar a atividade
dos RCD obtidos.
                                                                       informal de reforma. As mudanças efetuadas em ligações de água
                                                                       preexistentes estão correlacionadas às ampliações e reformas realiza-
Métodos                                                                das informalmente pelos habitantes. O mesmo deve ser válido para as
                                                                       mudanças efetuadas em ligações de energia preexistentes.
Classificação dos geradores                                               Neste estudo, foram consideradas, para fins de estimativa da ge-
                                                                       ração de RCD, as solicitações das ligações de água na Companhia de
    No estudo, os agentes geradores dos RCD foram classificados em
                                                                       Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), nos últimos
três tipos:
                                                                       três anos. Para obtenção dos dados de geração anual acumulada dos
1.	 agente formal de construção: empresas legalizadas, responsáveis
                                                                       resíduos pela reforma (R), foram coletadas informações relativas ao
     pela geração de grandes volumes (> 3 m3);
                                                                       número de transformações de ligações de água já existentes nas resi-
2.	 agente informal de grande reforma: pessoas que realizam am-
                                                                       dências (Tabela 1).
     pliação ou reformas em residências já legalizadas e que geram
                                                                          No estudo, admitiu-se que uma reforma residencial não ultrapas-
     grandes volumes (> 3 m3); e
                                                                       sa 25% da área média construída, seja pela maior exposição aos agen-
3.	 agente informal de pequena reforma: pessoas que realizam am-
                                                                       tes de fiscalização do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura
     pliação ou reformas em residências já legalizadas e que geram
                                                                       e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA) ou pelo aumento de
     pequenos volumes (< 3 m3).
                                                                       riscos estruturais envolvidos em tais obras. O volume de reforma
                                                                       no município em estudo foi de 30 m2. A título de comparação, na
    Ressalta-se que não há empresas de demolição operando no
                                                                       Flórida, Estados Unidos, o valor médio foi de 60 m2 (COCHRAN et
município, realidade semelhante à maioria dos pequenos municí-
pios brasileiros, e que 3 m3 é o volume de caçamba adotado pelos       al., 2007). Os valores encontrados nessas regiões estão compatíveis

prestadores de serviço de coleta dos RCD no município estudado. O      com os respectivos produtos interno bruto (PIB).

objetivo da adoção deste volume, como referência, foi devido ao fato      Aplicando-se uma relação entre a área média reformada para cada

de que, quando a geração é superior a este, o proprietário da resi-    ponto de transformação de ligação e o índice de geração por m2 de

dência normalmente contrata serviço de coleta, devido à fiscalização   área reformada (MORALES et al., 2006), obteve-se uma massa de
municipal.                                                             resíduo gerado por meio da Equação 2.


Quantificação do RCD pelo método indireto                              R P         R
                                                                                                                                       Equação 2

Construção                                                             onde:
    A área construída no município foi analisada durante três anos     R: resíduo na reforma por mês (t RCD/mês);
(2007, 2008 e 2009) em função dos alvarás de construção emitidos.      P: solicitações de transformação nas ligações de água ou de energia
A geração anual acumulada de resíduos na construção (C) foi estima-    (ligações/mês);
da por dados obtidos ao longo dos meses, empregando-se a Equação       η: conversão da área reformada média para cada ligação (30 m²
1. Esta quantifica a massa de resíduo por mês, multiplicando-se a      reforma/ligação);
área construída mensalmente por um índice de geração de RCD, por       ρR: índice de geração de resíduo na reforma (0,470 t RCD/ m² refor-
unidade de área (m construído). Essa forma de cálculo é a usualmen-
                      2                                                ma), obtido por Morales et al. (2006).
te empregada internacionalmente, conforme é discutido por Cochran
et al. (2007) e Solis-Guzman et al. (2009).                               Em 2009, uma média de 45 ligações por mês foi estimada
                                                                       pela empresa concessionária local de energia. Assim, admitiu-se
C AC                                                    Equação 1     540 ligações ao longo dos 12 meses. Nesse ano, o número de
              C
                                                                       alvarás de construção concedidos foi 118. Assim, foram calcu-
onde:                                                                  ladas 422 transformações de pontos de energia elétrica no ano.
C: resíduo na construção por mês (t RCD/mês);                          Multiplicando-se pelas constantes (η e ρR), a geração de resíduos
AC: área construída por mês (m² construído/mês);                       de reforma, em função da transformação dos pontos de energia
ρC: índice de geração de resíduo na construção (0,150 t RCD/m²         elétrica, foi comparada com aquela obtida em função da transfor-
construído), obtido por Pinto (1999).                                  mação dos pontos de água.



                                                                                               Eng Sanit Ambient | v.16 n.3 | jul/set 2011 | 299-306   301
Angulo, S.C. et al



      Tabela 1 – Transformação dos pontos de água nos últimos três anos          Composição do RCD
       Meses                          2007                2008     2009
       Janeiro                         21                   52      18               Durante o período de quantificação de RCD, amostrou-se uma
       Fevereiro                       16                   41      14
                                                                                 caçamba por dia em diferentes horários e proveniente de diferentes
       Março                           15                   42      19
       Abril                           13                   57      14           regiões do município, totalizando dez caçambas para caracterização
       Maio                            19                   55      17           e definição da composição do RCD dentro das classes A, B. C e D,
       Junho                           23                   30      20           conforme resolução CONAMA 307. Os RCD das dez caçambas foram
       Julho                           17                   63      17
                                                                                 misturados por meio de uma retroescavadeira e reduzidos sucessiva-
       Agosto                          21                   47      15
       Setembro                        18                   49      13           mente por quarteamento, até a obtenção de uma amostra de 3 m³.
       Outubro                         20                   48      20               Essa amostra foi transportada para o laboratório, onde foi ho-
       Novembro                        17                   58     20 (*)        mogeneizada pela técnica de pilha alongada (PETERSEN, 2004) e
       Dezembro                        16                   47     20 (*)
                                                                                 dividida em uma alíquota de 500 kg. Esta alíquota foi sucessivamente
       Total                          216                  589      207
                                                                                 quarteada até a obtenção de duas amostras de 5 kg, utilizadas para
      (*) Valor não-disponível. Admitido com base no último mês.
                                                                                 segregação e quantificação dos materiais representantes de cada clas-
      Quantificação do RCD pelo método direto                                    se, de acordo com a norma NBR 15116 (ABNT, 2004), aplicável aos
                                                                                 agregados reciclados de RCD.
           O município foi dividido em 15 regiões, agrupando-se bairros com
      condições semelhantes de renda populacional, desde que contidos num
                                                                                 Resultados e Discussão
      diâmetro máximo de 1 km. Um levantamento de campo foi realizado du-
      rante um mês nas 15 regiões, identificando-se o volume e a origem dos      Quantificação do RCD pelo método indireto (C e R)
      resíduos (C ou R), próximas às obras, dividindo-os conforme já foi des-
      crito. A forma de transporte do resíduo (caçamba, carroça, entre outros)       O município em estudo é caracterizado predominantemente por
      e sua disposição (ruas, terrenos, córregos, botas-foras) também foram      residências térreas, com área média de construção de 118 m2. Para
      analisadas. O resíduo coletado por caçamba e carroça foi destinado a um    2007, 2008 e 2009, as gerações acumuladas de resíduos da constru-
      bota-fora. A distribuição e o volume de RCD disposto acumulado foram       ção foram 2.537 t, 3.675 t e 2.398 t (Figura 1a), respectivamente.
      analisados em função das 15 regiões definidas. Por meio da compilação      Para os três anos estudados, a média foi de 2.870 t.
      desses resultados, obteve-se uma geração de RCD para cada região do            As solicitações de transformação dos pontos de água acumula-
      município em função dos diferentes agentes geradores.                      dos ao longo dos meses variaram entre 200 e 600 pedidos no ano
                                                                                 (Tabela 1). Multiplicando-se as transformações dos pontos pela área
      Avaliação comparativa dos métodos de                                       média reformada (30 m2), por ligação e pelo índice de geração de
      quantificação adotados                                                     0,470 t RCD/m2 de reforma (MORALES et al., 2006), obtêm-se as
                                                                                 massas de resíduos de reforma acumuladas nos últimos três anos
           Uma análise comparativa entre os métodos de quantificação (di-        (Figura 1b).
      reto e indireto) foi realizada com base nos dados médios anuais, assu-         As estimativas realizadas pelas solicitações de transformação dos
      mindo-se a premissa de que a geração indireta de RCD, representada         pontos de energia elétrica foram superiores às solicitações de trans-
      pela soma do resíduo gerado por C e R, deve ser igual ao volume de         formação dos pontos de água para 2009 (Tabela 2). Nesse ano, o
      RCD encontrado diretamente nos locais de disposição, multiplicado          coeficiente de correlação entre a transformação dos pontos de energia
      pela sua massa unitária (Equação 3).                                       elétrica e a dos pontos de água foi igual a 2,04.
                                                                                     Na Tabela 3, a média de resíduos de reforma obtidos a partir das
      C R VRCD              RCD
                                                                  Equação 3     transformações dos pontos de água nos últimos três anos foi de 4.851
                                                                                 toneladas. Admitindo-se o mesmo coeficiente de correlação (2,04),
      onde:                                                                      infere-se uma média de 9.894 toneladas de resíduos de reforma a
      C: resíduo gerado na construção por mês (t RCD/mês);                       partir das transformações dos pontos de energia elétrica.
      R: resíduo gerado na reforma por mês (t RCD/mês);
      VRCD: volume disposto de resíduo de construção e demolição (m³             Quantificação do RCD pelo método direto
      RCD/mês);                                                                  (disposição)
      γRCD: massa unitária do resíduo de construção e demolição (t/m³),
      adotada como 1 t/m³ com base em levantamento de campo realizado                A Figura 2 apresenta os dois pontos de disposição final do RCD
      pelos autores.                                                             no município: bota-fora ou ruas/terrenos. Os resíduos gerados em



302   Eng Sanit Ambient | v.16 n.3 | jul/set 2011 | 299-306
Resíduos de construção e demolição: métodos de quantificação



cada região foram somados pelo conceito de balanço de massa, tota-
lizando 4.896 e 8.327 m³/ano, respectivamente. Nesse caso, 37% do                    (a)
RCD (4.896 m3/ano) foram depositados ilegalmente em bota-fora e o
restante está disposto irregularmente em ruas e terrenos. A distribui-
ção e pequena concentração dos RCD nas ruas e terrenos dificultam
a percepção de tal montante disposto.
     Pequenos geradores de obras de reforma correspondem a, no
máximo, 10% do RCD disposto irregularmente na cidade. Devido
à inabilidade gerencial, cabe ao poder público implantar pontos de
entrega voluntária (PEV). Para este município, um único PEV seria
capaz de absorver esse tipo de gerador.
     Vale ressaltar que são observados grandes geradores de resíduos
de reforma nas demais regiões principais (F G, B e A). Para o vo-
                                           ,
lume considerado, o cidadão (gerador), mediante ações de educa-
ção ambiental, poderia ser responsável pela destinação aderente ao
plano de gerenciamento municipal, por meio do controle das fichas
de transporte e contratação das empresas de caçambas reconhecidas
pela Prefeitura, sem precisar dos PEV.
     Uma proposta de gerenciamento eficaz precisa estar focada nesse                (b)
tipo de gerador e não se resolverá apenas com a disponibilização de
PEV. Talvez seja esta característica que impeça o progresso da reso-
lução CONAMA 307. Frente ao pequeno investimento em educação
ambiental para os agentes geradores de reforma, muitos desconhe-
cem a possibilidade do uso dessas áreas de manejo. Estratégias de
gerenciamento capazes de minimizar a geração são bastante inte-
ressantes, tais como: a proibição da venda de cimento no varejo; os
subsídios fiscais para materiais e práticas de construção racionalizada
(por meio de pré-fabricação e automontagem de residências) e re-
forma (por meio de revestimentos novos – tintas, pisos ou azulejos
– aderentes aos revestimentos antigos, que não requeiram atividades
parciais de demolição), que gerem pouco resíduos. Tais estratégias
evitam investimentos em áreas de manejo e descentralizam ações
gerenciais.
     A Tabela 4 apresenta uma síntese da geração de RCD no municí-
pio em função dos agentes geradores e regiões. As construtoras não
                                                                               Figura 1 – (a) Resíduos acumulados de construção (a) e resíduos
se caracterizam como os maiores agentes geradores do RCD (18%                  acumulados de reforma, em função dos pontos de transformação de
                                                                               água (b).
Tabela 2 – Resíduo de reforma pela transformação dos pontos de água
e de energia em 2009
                    Transformação                               Resíduo        Tabela 4 – Geração de RCD (t/dia) em função dos agentes geradores e
 Fonte                                 Reforma (m2)
                    dos pontos (un)                           da reforma (t)   regiões
 Água                    207                  6.210               2.919                                                    Geração de RCD (t/dia)
 Energia                 422                12.660                5.950        Regiões                                        Grandes    Pequenas
                                                                                                         Construtoras                                 Total
                                                                                                                              reformas   reformas
                                                                               A                               0,8              8,9         1,0        10,8
Tabela 3 – Estimativa do resíduo de reforma (t) no município, nos últimos      B                               1,9              3,3         0,6        5,9
três anos                                                                      C                               4,6              0,3         0,4        5,3
                                 Resíduo de reforma no ano (t)                 F                               0,4              4,3         0,4        5,1
 Fonte
                         2007         2008            2009          Média      G                               0,1              5,7         0,2        6,1
 Água                    3.328        8.305           2.919          4.851     Média (10 regiões)              0,1              1,4         0,2        1,7
 Energia                   -            -             5.950        9.894 (*)   Total (*)                       8,8              36,8        4,5        50,1
(*) 4.851 x 2,04.                                                              (*) Total = A + B + C + F + G + Média*10.




                                                                                                          Eng Sanit Ambient | v.16 n.3 | jul/set 2011 | 299-306   303
Angulo, S.C. et al




      Figura 2 – Balanço de massa do RCD na disposição para 2009.


      do total). Esse dado é confirmado para diversos municípios pau-       Avaliação comparativa dos métodos
      listas, de acordo com Pinto et al. (2005), variando entre 27 e 51%.
      A grande maioria dos RCD é gerada pelas grandes reformas, que            A Tabela 5 apresenta a análise comparativa da geração média dos
      geram aproximadamente 37 toneladas/dia (73% do total), enquanto       RCD pelos métodos indireto e direto, em 2009, e pela média dos úl-
      apenas 5 toneladas/dia são geradas por pequenas reformas (9% do       timos três anos. Como as obras residenciais têm duração geralmente
      total). Devido à ausência de empresas demolidoras (grandes gera-      inferior a um ano, é razoável afirmar que a quantificação indireta
      dores legalizados) em pequenos municípios, a importância relativa     (soma da metragem quadrada por alvarás de construção e índice de
      das reformas é ainda maior.                                           geração médio) é muito semelhante à direta para 2009. O cálculo



304   Eng Sanit Ambient | v.16 n.3 | jul/set 2011 | 299-306
Resíduos de construção e demolição: métodos de quantificação



pela média dos últimos três anos superestima este valor. Isto pode      Tabela 5 – Estimativa do RCD (t/ano ou kg/hab. ano) pela origem e destino
não ser válido para regiões em que a presença de edificações multian-                                                               Método
                                                                                                                                             Método Diferença
                                                                                                                                                                Método
                                                                                                                                                                          Método Diferença
                                                                            RCD                                                     indireto                    indireto
dares é significativa, porque o prazo de execução das obras se altera                                                                         direto (em %)                direto (em %)
                                                                                                                                     (2009)                   (três anos)
para dois ou três anos.                                                     Construção (t)                                           2.398         2.329      -3        2.870         2.329          -23
    No caso das obras de reforma, sabe-se que a estimativa indireta         Reforma (t)                                              5.950     10.894        45         9.894        10.894           9
                                                                            Total (t)                                                8.348     13.223        37         12.764       13.223           3
pela geração por transformações dos pontos de água subestima signi-
ficativamente aquela encontrada pelo método direto. Como a média        Tabela 6 – Composição do RCD (% em massa) no município
disponibilizada dos pontos de energia elétrica para 2009 é superior         Classes do RCD pela CONAMA 307                                                                             Massa (%)
aos de água, admite-se que esse indicador seja mais preciso para se         Classe A                                                                                                          91,0
correlacionar com atividades de reforma, especialmente porque o             Classe B                                                                                                          9,0
                                                                            Classe C                                                                                                          0,0
valor agregado do serviço prestado é superior ao outro, indicando
                                                                            Classe D                                                                                                          0,0
qualquer atividade econômica fora da normalidade ou aumento da
população numa residência.                                                                                             800
    A geração dos resíduos de reforma, calculada pelas transforma-




                                                                              Geração de RCD per capita (kg/hab.ano)
                                                                                                                       700
ções dos pontos de energia, ficou também subestimada para 2009,                                                        600
porque o indicador de geração não é suficiente preciso, uma vez que                                                    500
                                                                                                                                                                                              R2 = 0,68
reformas menores e pontuais podem não ser quantificadas por esse                                                       400
tipo de indicador, tais como trocas de pisos ou revestimentos. O con-                                                  300
                                                                                                                                                                               Novo Horizonte
sumo de cimento no varejo pode ser um indicador ainda mais pre-                                                        200
                                                                                                                                                                               dados de MC (2005)
ciso, cabendo maiores investigações. Como a quantidade de resíduo                                                      100

gerada numa reforma pontual (troca de piso ou azulejos) é inferior à                                                    0

quantidade gerada numa ampliação, a imprecisão do estimador pode                                                             0,78            0,8           0,82         0,84           0,86           0,88


                                                                        !
                                                                                                                                                                  IDH
estar vinculada ao fato de que não se remove, com frequência, du-
rante a limpeza pública, os resíduos de reforma, permanecendo nas       Figura 3 – IDH versus geração de RCD per capita.
ruas por mais de um ano. Nesse último caso, pode ser mais preciso
realizar estimativas médias pela origem (método indireto).              Conclusões
    Com base no método direto, os resíduos de reforma corres-
pondem a 82% da massa do RCD gerado no município. Obras de                                              Não é possível quantificar indiretamente a geração dos agentes in-
reforma são as principais geradoras de RCD. Essa realidade é con-       formais (reformas), por meio das transformações dos pontos de água.
firmada para a maioria dos municípios paulistas investigados pelo       Há indícios que as transformações dos pontos de energia elétrica sejam
Ministério das Cidades (PINTO et al., 2005). A geração per capita       indicadores mais precisos, bem como não deve ser descartada a possibi-
média de RCD está em torno de 367 kg/habitantes, por ano, e apre-       lidade do uso de outros indicadores (consumo de cimento no varejo). A
senta correlação com o índice de desenvolvimento humano (IDH)           metodologia de quantificação indireta, ainda indisponível na literatura,
para os municípios paulistas (Figura 3), conforme já apontado por       pode eliminar a necessidade de quantificação direta, que é dispendiosa
Careli (2008) e Benvenuto e Suzuki (2009). Estes autores utilizaram     para a implantação da gestão de RCD. Quanto ao uso do método direto,
esse indicador para prever a geração futura de RCD, numa determi-       o artigo ainda propõe a identificação do tipo de gerador, próximo ao
nada região, e dimensionar mais apropriadamente os instrumentos         local de geração, por região, e cálculo do balanço de massa, conferindo
de gestão do RCD (PEV, áreas de transbordo e triagem, usina de          um grau de importância por regiões. Tal método pode descentralizar as
reciclagem, entre outros).                                              ações e reduzir os custos do programa de gestão. Na ausência de dados
                                                                        validados cientificamente, recomenda-se a adoção de ambos os métodos,
Composição média de RCD obtida no estudo                                pois viabilizam a verificação da consistência dos dados.


    A composição média dos RCD analisados no presente estudo está
                                                                        Agradecimentos
apresentada na Tabela 6. Observa-se a predominância do RCD na
Classe A, 91% da massa, e 9,0% de Classe B, não sendo quantificados                                     Agradecemos ao Programa de Apoio Tecnológico aos Municípios
componentes pertencentes às Classes C e D. Resultados semelhantes       (PATEM) da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência
são apresentados nos estudos nacionais e na maioria dos internacio-     e Tecnologia do Governo do Estado de São Paulo e à Prefeitura de
nais (ANGULO, 2005), com exceção de alguns países (EUA, devido          Novo Horizonte, bem como Sidnei Rodrigues de Oliveira (levanta-
ao uso intenso de madeira, dentre outros).                              mento de dados) e Ana Paula Shibata (revisão).



                                                                                                                                             Eng Sanit Ambient | v.16 n.3 | jul/set 2011 | 299-306           305
Angulo, S.C. et al



      Referências

      ANGULO, S.C. Caracterização de agregados de resíduos de construção          docência) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São
      e demolição reciclados e a influência de suas características no            Paulo, 2000.
      comportamento mecânico dos concretos. 2005. 149 f. Tese (Doutorado
      em Engenharia Civil) – Escola Politécnica da Universidade de São            lage, i.m. et al. Estimation of the annual production and composition of
      Paulo, São Paulo, 2005.                                                     CD debris in Glicia (Spain). Waste Management, v. 30, n. 4, p. 636-45,
                                                                                  2010.
      ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR
      15.116: agregados de resíduos sólidos da construção civil: utilização       LLATAS, C. A model for quantifying construction waste in projects
      em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural –               according to the European waste list, Waste Management, v. 31, n. 6,
      requisitos. Rio de Janeiro, 2004.                                           p. 1261-1276, 2011.

      BENVENUTO, C.; SUZUKI, F.K.S. Plano integrado de gerenciamento              MARQUES NETO, J.C. Estudo da gestão municipal dos resíduos de
      regional de resíduos de construção civil e volumosos. Revista Limpeza       construção e demolição na Bacia Hidrográfica do Turvo Grande. 2009.
      Pública, n. 71, p. 6-11, 2009.                                              629 p. Tese (Doutorado em Ciências da Engenharia Ambiental) – Escola
                                                                                  de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2009.
      BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010: institui a Política
      Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro     MIRANDA, L.; ANGULO, S.C.; CARELI, E.D. A reciclagem de resíduos
      de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF,   de construção e demolição no Brasil: 1986-2008. Ambiente Construído
      3 ago. 2010.                                                                (Online), v. 9, n. 1, p. 57-71, 2009.

      CARELI, E.D. A resolução CONAMA n. 307/2002 e as novas condições            MORALES, G; MENDES, T.; ANGULO, S.C. Índices de geração de RCD
      para a gestão dos resíduos de construção e demolição. 2008. 155 p.          provenientes de obras de construção, reforma e demolição na cidade
      Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Centro Estadual de             de Londrina/PR. In: II Congresso Internacional na Recuperação,
      Educação Tecnológica Paula Souza, São Paulo, 2008.                          Manutenção e Restauração de Edificações, 2006, Rio de Janeiro.
                                                                                  Anais… (CD-ROM). Rio de Janeiro: 2006. v. 1.
      COCHRAN, K.M.; TOWNSEND, T.G. Estimating construction and
      demolition debris generation using a materials flow analysis approach.      PETERSEN, I.F. Blending in circular and longitudinal mixing piles.
      Waste Management, v. 30, n. 11, p. 2247-2254, 2010.                         Chemometrics and Intelligent Laboratory Systems, v. 74, n. 1, p. 135-
                                                                                  141, 2004.
      COCHRAN, K. M. et al. Estimation of regional building-related CD
      debris generation and composition: Case study for Florida, US. Waste        PINTO, T.P Gerenciamento de resíduos da construção no Brasil. In:
                                                                                            .
      Management, v. 27, n. 7, p. 921-931, 2007.                                  RCD08, Universidade de São Paulo, São Paulo. Apresentação (CD-
                                                                                  ROM). São Paulo, 2008. Disponível em: http://rcd08.pcc.usp.br.
      Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução n º 307,             Acesso em: 6 jun. 2011.
      de 05 de julho de 2002: Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos
      para a gestão dos resíduos da construção civil. Diário Oficial da União,    ______. Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos da
      Brasília, DF, 17 jul. 2002.                                                 construção urbana. 1999. 189 f. Tese (Doutorado em Engenharia Civil)
                                                                                  – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.
      COSTA, N. da et al. Planejamento de programas de reciclagem de
      resíduos de construção e demolição no Brasil: uma análise multivariada.     PINTO, T. P et al. Ministério das Cidades. Manejo e gestão de resíduos
                                                                                             .
      Revista Engenharia Sanitária, v. 12, n. 4, p.446-456, 2007.                 da construção civil: como implantar um sistema de manejo e gestão
                                                                                  nos municípios. v. 1. 196 p. Brasília: Caixa, 2005.
      HSIAO, T.Y. et al. Modeling materials flow of waste concrete from
      construction and demolition wastes in Taiwan. Resources Policy, v. 28,      SOLIS-GUZMAN, J. et al. A Spanish model for quantification and
      n. 1-2, p.39-47, 2002.                                                      management of construction waste. Waste Management, v. 29, n.9, p.
                                                                                  2542-2548, 2009.
      Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ministério do
      Planejamento, Orçamento e Gestão. Censo 2010. Disponível em:                SOUZA, U.E.L. et al. Diagnóstico e combate à geração de resíduos
      http://www.ibge.gov.br/home/default.php. Acesso em: 06 jun.               na produção de obras de construção de edifícios: uma abordagem
      2011.                                                                       progressiva. Ambiente Construído, v. 4, n. 4, p. 33-46, 2004.

      JOHN, V.M. Reciclagem de resíduos na construção civil – contribuição        WANG, J. Y. et al. A systems analysis tool for construction and demolition
      a metodologia de pesquisa e desenvolvimento. 2000. 102 p. Tese (livre-      wastes management. Waste Management, v. 24, n. 10, p. 989-997, 2004.




306   Eng Sanit Ambient | v.16 n.3 | jul/set 2011 | 299-306

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Aplicações dos resíduos de construção e demolição ( thais, mestranda)
Aplicações dos resíduos de construção e demolição ( thais, mestranda)Aplicações dos resíduos de construção e demolição ( thais, mestranda)
Aplicações dos resíduos de construção e demolição ( thais, mestranda)Petiano Camilo Bin
 
Gerenciamento de resíduos da construção civil e demolição estudo de caso da...
Gerenciamento de resíduos da construção civil e demolição   estudo de caso da...Gerenciamento de resíduos da construção civil e demolição   estudo de caso da...
Gerenciamento de resíduos da construção civil e demolição estudo de caso da...Miquéias Cassemiro
 
Panorama da gestão dos resíduos sólidos da construção civil no brasil
Panorama da gestão dos resíduos sólidos da construção civil no brasilPanorama da gestão dos resíduos sólidos da construção civil no brasil
Panorama da gestão dos resíduos sólidos da construção civil no brasilDECIO BARRETO
 
Gerenciamento de Resíduos Sólidos
Gerenciamento de Resíduos SólidosGerenciamento de Resíduos Sólidos
Gerenciamento de Resíduos SólidosCA Tce Ifpb
 
FONSECA & SANTOS. Gestão de Resíduos na Construção Civil.
FONSECA & SANTOS. Gestão de Resíduos na Construção Civil.FONSECA & SANTOS. Gestão de Resíduos na Construção Civil.
FONSECA & SANTOS. Gestão de Resíduos na Construção Civil.Ana Bárbara Ivo Fonseca
 
Resolução conama nº 307
Resolução conama nº 307Resolução conama nº 307
Resolução conama nº 307luismar1234
 
Resíduos Sólidos da Construção Civil: gestão economicamente sustentável de ma...
Resíduos Sólidos da Construção Civil: gestão economicamente sustentável de ma...Resíduos Sólidos da Construção Civil: gestão economicamente sustentável de ma...
Resíduos Sólidos da Construção Civil: gestão economicamente sustentável de ma...Wesley Sathler
 
Art estudo de caso da utilização do rcd (resíduos de construção e demolição)...
Art  estudo de caso da utilização do rcd (resíduos de construção e demolição)...Art  estudo de caso da utilização do rcd (resíduos de construção e demolição)...
Art estudo de caso da utilização do rcd (resíduos de construção e demolição)...Petiano Camilo Bin
 
Residuo construcaocivil
Residuo construcaocivil Residuo construcaocivil
Residuo construcaocivil Wagner Alves
 
Trabalho engenheria ambietal disciplina poluição das águas - tema rcc
Trabalho engenheria ambietal   disciplina poluição das águas - tema rccTrabalho engenheria ambietal   disciplina poluição das águas - tema rcc
Trabalho engenheria ambietal disciplina poluição das águas - tema rccgrupoanj
 
1º reciclagem de resíduos da construção (panorama atual, viabilidade econômica)
1º reciclagem de resíduos da construção (panorama atual, viabilidade econômica)1º reciclagem de resíduos da construção (panorama atual, viabilidade econômica)
1º reciclagem de resíduos da construção (panorama atual, viabilidade econômica)Petiano Camilo Bin
 
Utilização de tecnologias apropriadas na construção civil a partir da recicla...
Utilização de tecnologias apropriadas na construção civil a partir da recicla...Utilização de tecnologias apropriadas na construção civil a partir da recicla...
Utilização de tecnologias apropriadas na construção civil a partir da recicla...Petiano Camilo Bin
 

Mais procurados (17)

Aplicações dos resíduos de construção e demolição ( thais, mestranda)
Aplicações dos resíduos de construção e demolição ( thais, mestranda)Aplicações dos resíduos de construção e demolição ( thais, mestranda)
Aplicações dos resíduos de construção e demolição ( thais, mestranda)
 
Gestão de resíduos da construção civil
Gestão de resíduos da construção civilGestão de resíduos da construção civil
Gestão de resíduos da construção civil
 
Gerenciamento de resíduos da construção civil e demolição estudo de caso da...
Gerenciamento de resíduos da construção civil e demolição   estudo de caso da...Gerenciamento de resíduos da construção civil e demolição   estudo de caso da...
Gerenciamento de resíduos da construção civil e demolição estudo de caso da...
 
Cartilha residuos baixa
Cartilha residuos baixaCartilha residuos baixa
Cartilha residuos baixa
 
Panorama da gestão dos resíduos sólidos da construção civil no brasil
Panorama da gestão dos resíduos sólidos da construção civil no brasilPanorama da gestão dos resíduos sólidos da construção civil no brasil
Panorama da gestão dos resíduos sólidos da construção civil no brasil
 
Gerenciamento de Resíduos Sólidos
Gerenciamento de Resíduos SólidosGerenciamento de Resíduos Sólidos
Gerenciamento de Resíduos Sólidos
 
Geoprocessamento
GeoprocessamentoGeoprocessamento
Geoprocessamento
 
FONSECA & SANTOS. Gestão de Resíduos na Construção Civil.
FONSECA & SANTOS. Gestão de Resíduos na Construção Civil.FONSECA & SANTOS. Gestão de Resíduos na Construção Civil.
FONSECA & SANTOS. Gestão de Resíduos na Construção Civil.
 
Resolução conama nº 307
Resolução conama nº 307Resolução conama nº 307
Resolução conama nº 307
 
Resíduos Sólidos da Construção Civil: gestão economicamente sustentável de ma...
Resíduos Sólidos da Construção Civil: gestão economicamente sustentável de ma...Resíduos Sólidos da Construção Civil: gestão economicamente sustentável de ma...
Resíduos Sólidos da Construção Civil: gestão economicamente sustentável de ma...
 
Art estudo de caso da utilização do rcd (resíduos de construção e demolição)...
Art  estudo de caso da utilização do rcd (resíduos de construção e demolição)...Art  estudo de caso da utilização do rcd (resíduos de construção e demolição)...
Art estudo de caso da utilização do rcd (resíduos de construção e demolição)...
 
Residuo construcaocivil
Residuo construcaocivil Residuo construcaocivil
Residuo construcaocivil
 
Trabalho engenheria ambietal disciplina poluição das águas - tema rcc
Trabalho engenheria ambietal   disciplina poluição das águas - tema rccTrabalho engenheria ambietal   disciplina poluição das águas - tema rcc
Trabalho engenheria ambietal disciplina poluição das águas - tema rcc
 
49 128-1-pb
49 128-1-pb49 128-1-pb
49 128-1-pb
 
10a
10a10a
10a
 
1º reciclagem de resíduos da construção (panorama atual, viabilidade econômica)
1º reciclagem de resíduos da construção (panorama atual, viabilidade econômica)1º reciclagem de resíduos da construção (panorama atual, viabilidade econômica)
1º reciclagem de resíduos da construção (panorama atual, viabilidade econômica)
 
Utilização de tecnologias apropriadas na construção civil a partir da recicla...
Utilização de tecnologias apropriadas na construção civil a partir da recicla...Utilização de tecnologias apropriadas na construção civil a partir da recicla...
Utilização de tecnologias apropriadas na construção civil a partir da recicla...
 

Destaque

Dissertação (Mestrado)_Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil_Maria Zu...
Dissertação (Mestrado)_Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil_Maria Zu...Dissertação (Mestrado)_Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil_Maria Zu...
Dissertação (Mestrado)_Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil_Maria Zu...Zuila de Miranda
 
Plano de gestão de resíduos na construção civil da região do cimpajeú
Plano de gestão de resíduos na construção civil da região do cimpajeúPlano de gestão de resíduos na construção civil da região do cimpajeú
Plano de gestão de resíduos na construção civil da região do cimpajeúchrystianlima
 
Debris and Demolition Waste Environmental Impacts
Debris and Demolition Waste Environmental ImpactsDebris and Demolition Waste Environmental Impacts
Debris and Demolition Waste Environmental ImpactsMarcel Fraga
 
Resíduos Sólidos
Resíduos SólidosResíduos Sólidos
Resíduos SólidosAdminefa
 
Apresentação metodologia do trabalho científico
Apresentação metodologia do trabalho científicoApresentação metodologia do trabalho científico
Apresentação metodologia do trabalho científicoLarissa Almada
 
Gerenciamento e Reciclagem de Resíduos Sólidos da Construção Civil
Gerenciamento e Reciclagem de Resíduos Sólidos da Construção CivilGerenciamento e Reciclagem de Resíduos Sólidos da Construção Civil
Gerenciamento e Reciclagem de Resíduos Sólidos da Construção Civillicelopes
 
CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOSCLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOSMayke Jhonatha
 

Destaque (11)

V16n3a13
V16n3a13V16n3a13
V16n3a13
 
Dissertação (Mestrado)_Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil_Maria Zu...
Dissertação (Mestrado)_Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil_Maria Zu...Dissertação (Mestrado)_Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil_Maria Zu...
Dissertação (Mestrado)_Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil_Maria Zu...
 
Plano de gestão de resíduos na construção civil da região do cimpajeú
Plano de gestão de resíduos na construção civil da região do cimpajeúPlano de gestão de resíduos na construção civil da região do cimpajeú
Plano de gestão de resíduos na construção civil da região do cimpajeú
 
Debris and Demolition Waste Environmental Impacts
Debris and Demolition Waste Environmental ImpactsDebris and Demolition Waste Environmental Impacts
Debris and Demolition Waste Environmental Impacts
 
Resíduos agrícolas
Resíduos agrícolasResíduos agrícolas
Resíduos agrícolas
 
Resíduos Sólidos
Resíduos SólidosResíduos Sólidos
Resíduos Sólidos
 
Gestão de resíduos hospitalares
Gestão de resíduos hospitalaresGestão de resíduos hospitalares
Gestão de resíduos hospitalares
 
Apresentação metodologia do trabalho científico
Apresentação metodologia do trabalho científicoApresentação metodologia do trabalho científico
Apresentação metodologia do trabalho científico
 
Gerenciamento e Reciclagem de Resíduos Sólidos da Construção Civil
Gerenciamento e Reciclagem de Resíduos Sólidos da Construção CivilGerenciamento e Reciclagem de Resíduos Sólidos da Construção Civil
Gerenciamento e Reciclagem de Resíduos Sólidos da Construção Civil
 
Resíduos Industriais
Resíduos IndustriaisResíduos Industriais
Resíduos Industriais
 
CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOSCLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
 

Semelhante a Resíduos de construção e demolição avaliação de métodos de quantificação

Art metodologia de caracterização de resíduos de construção e demolição
Art metodologia de caracterização de resíduos de construção e demoliçãoArt metodologia de caracterização de resíduos de construção e demolição
Art metodologia de caracterização de resíduos de construção e demoliçãoPetiano Camilo Bin
 
Poster_1_SBAMAUI_2 uso dos ARC na pavimentacao
Poster_1_SBAMAUI_2 uso dos ARC na pavimentacaoPoster_1_SBAMAUI_2 uso dos ARC na pavimentacao
Poster_1_SBAMAUI_2 uso dos ARC na pavimentacaomalanger
 
Manual de-gestao-de-residuos-solidos - ce
Manual de-gestao-de-residuos-solidos - ceManual de-gestao-de-residuos-solidos - ce
Manual de-gestao-de-residuos-solidos - ceJaqueline Moura
 
Poster_3_SBAMAUI_2 modelo de economia circular
Poster_3_SBAMAUI_2 modelo de economia circularPoster_3_SBAMAUI_2 modelo de economia circular
Poster_3_SBAMAUI_2 modelo de economia circularmalanger
 
2015_12_03_-_Sinduscon_PR_e_CGLR_CC[66761].pdf
2015_12_03_-_Sinduscon_PR_e_CGLR_CC[66761].pdf2015_12_03_-_Sinduscon_PR_e_CGLR_CC[66761].pdf
2015_12_03_-_Sinduscon_PR_e_CGLR_CC[66761].pdfRenatoGonfiantini1
 
Art metodologia para coleta e análise de informações sobre consumo e perdas d...
Art metodologia para coleta e análise de informações sobre consumo e perdas d...Art metodologia para coleta e análise de informações sobre consumo e perdas d...
Art metodologia para coleta e análise de informações sobre consumo e perdas d...Petiano Camilo Bin
 
Análise da viabilidade técnica de utilização de resíduos de construção e demo...
Análise da viabilidade técnica de utilização de resíduos de construção e demo...Análise da viabilidade técnica de utilização de resíduos de construção e demo...
Análise da viabilidade técnica de utilização de resíduos de construção e demo...Eduardo Cândido
 
2º resíduos da construção civil – nova legislação permite rápido avanço para ...
2º resíduos da construção civil – nova legislação permite rápido avanço para ...2º resíduos da construção civil – nova legislação permite rápido avanço para ...
2º resíduos da construção civil – nova legislação permite rápido avanço para ...Petiano Camilo Bin
 
Proposta para implantação de sistema de gerência de pavimentos em vias urbana...
Proposta para implantação de sistema de gerência de pavimentos em vias urbana...Proposta para implantação de sistema de gerência de pavimentos em vias urbana...
Proposta para implantação de sistema de gerência de pavimentos em vias urbana...LucasCavalcantedeAlm1
 
Art desenvolvimento de novos mercados para a recilagem massiva de rcd
Art desenvolvimento de novos mercados para a recilagem massiva de rcdArt desenvolvimento de novos mercados para a recilagem massiva de rcd
Art desenvolvimento de novos mercados para a recilagem massiva de rcdPetiano Camilo Bin
 
A utilização de resíduos de construção e demolição como alternativa tecnológi...
A utilização de resíduos de construção e demolição como alternativa tecnológi...A utilização de resíduos de construção e demolição como alternativa tecnológi...
A utilização de resíduos de construção e demolição como alternativa tecnológi...Petiano Camilo Bin
 
MANUAL DE ELABORAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA GRAND...
MANUAL DE ELABORAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA GRAND...MANUAL DE ELABORAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA GRAND...
MANUAL DE ELABORAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA GRAND...TalytaOliveira13
 
Análise de viabilidade_de_implantação_de_centrais_de_reciclagem_de_resíduos_d...
Análise de viabilidade_de_implantação_de_centrais_de_reciclagem_de_resíduos_d...Análise de viabilidade_de_implantação_de_centrais_de_reciclagem_de_resíduos_d...
Análise de viabilidade_de_implantação_de_centrais_de_reciclagem_de_resíduos_d...Robson Peixoto
 
Gestão de resíduos sólidos unidade 1
Gestão de resíduos sólidos   unidade 1Gestão de resíduos sólidos   unidade 1
Gestão de resíduos sólidos unidade 1Francinalva Cordeiro
 

Semelhante a Resíduos de construção e demolição avaliação de métodos de quantificação (20)

7183 26053-2-pb
7183 26053-2-pb7183 26053-2-pb
7183 26053-2-pb
 
Art metodologia de caracterização de resíduos de construção e demolição
Art metodologia de caracterização de resíduos de construção e demoliçãoArt metodologia de caracterização de resíduos de construção e demolição
Art metodologia de caracterização de resíduos de construção e demolição
 
Poster_1_SBAMAUI_2 uso dos ARC na pavimentacao
Poster_1_SBAMAUI_2 uso dos ARC na pavimentacaoPoster_1_SBAMAUI_2 uso dos ARC na pavimentacao
Poster_1_SBAMAUI_2 uso dos ARC na pavimentacao
 
Manual de-gestao-de-residuos-solidos - ce
Manual de-gestao-de-residuos-solidos - ceManual de-gestao-de-residuos-solidos - ce
Manual de-gestao-de-residuos-solidos - ce
 
Poster_3_SBAMAUI_2 modelo de economia circular
Poster_3_SBAMAUI_2 modelo de economia circularPoster_3_SBAMAUI_2 modelo de economia circular
Poster_3_SBAMAUI_2 modelo de economia circular
 
2015_12_03_-_Sinduscon_PR_e_CGLR_CC[66761].pdf
2015_12_03_-_Sinduscon_PR_e_CGLR_CC[66761].pdf2015_12_03_-_Sinduscon_PR_e_CGLR_CC[66761].pdf
2015_12_03_-_Sinduscon_PR_e_CGLR_CC[66761].pdf
 
318.ppt
318.ppt318.ppt
318.ppt
 
Enquadramento Europeu
Enquadramento EuropeuEnquadramento Europeu
Enquadramento Europeu
 
Art metodologia para coleta e análise de informações sobre consumo e perdas d...
Art metodologia para coleta e análise de informações sobre consumo e perdas d...Art metodologia para coleta e análise de informações sobre consumo e perdas d...
Art metodologia para coleta e análise de informações sobre consumo e perdas d...
 
Análise da viabilidade técnica de utilização de resíduos de construção e demo...
Análise da viabilidade técnica de utilização de resíduos de construção e demo...Análise da viabilidade técnica de utilização de resíduos de construção e demo...
Análise da viabilidade técnica de utilização de resíduos de construção e demo...
 
2º resíduos da construção civil – nova legislação permite rápido avanço para ...
2º resíduos da construção civil – nova legislação permite rápido avanço para ...2º resíduos da construção civil – nova legislação permite rápido avanço para ...
2º resíduos da construção civil – nova legislação permite rápido avanço para ...
 
Proposta para implantação de sistema de gerência de pavimentos em vias urbana...
Proposta para implantação de sistema de gerência de pavimentos em vias urbana...Proposta para implantação de sistema de gerência de pavimentos em vias urbana...
Proposta para implantação de sistema de gerência de pavimentos em vias urbana...
 
Art desenvolvimento de novos mercados para a recilagem massiva de rcd
Art desenvolvimento de novos mercados para a recilagem massiva de rcdArt desenvolvimento de novos mercados para a recilagem massiva de rcd
Art desenvolvimento de novos mercados para a recilagem massiva de rcd
 
A utilização de resíduos de construção e demolição como alternativa tecnológi...
A utilização de resíduos de construção e demolição como alternativa tecnológi...A utilização de resíduos de construção e demolição como alternativa tecnológi...
A utilização de resíduos de construção e demolição como alternativa tecnológi...
 
MANUAL DE ELABORAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA GRAND...
MANUAL DE ELABORAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA GRAND...MANUAL DE ELABORAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA GRAND...
MANUAL DE ELABORAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA GRAND...
 
Análise de viabilidade_de_implantação_de_centrais_de_reciclagem_de_resíduos_d...
Análise de viabilidade_de_implantação_de_centrais_de_reciclagem_de_resíduos_d...Análise de viabilidade_de_implantação_de_centrais_de_reciclagem_de_resíduos_d...
Análise de viabilidade_de_implantação_de_centrais_de_reciclagem_de_resíduos_d...
 
Seminário Desafios Ambientais Contemporâneo - Mesa 3 Lilian Sarrouf - Sustent...
Seminário Desafios Ambientais Contemporâneo - Mesa 3 Lilian Sarrouf - Sustent...Seminário Desafios Ambientais Contemporâneo - Mesa 3 Lilian Sarrouf - Sustent...
Seminário Desafios Ambientais Contemporâneo - Mesa 3 Lilian Sarrouf - Sustent...
 
Gestão de resíduos sólidos unidade 1
Gestão de resíduos sólidos   unidade 1Gestão de resíduos sólidos   unidade 1
Gestão de resíduos sólidos unidade 1
 
Gestão de resíduos da construção civil
Gestão de resíduos da construção civilGestão de resíduos da construção civil
Gestão de resíduos da construção civil
 
0511
05110511
0511
 

Mais de Robson Peixoto

Revista em quadrinhos abril verde
Revista em quadrinhos abril verdeRevista em quadrinhos abril verde
Revista em quadrinhos abril verdeRobson Peixoto
 
Gestão SST para indústria da construção
Gestão SST para indústria da construçãoGestão SST para indústria da construção
Gestão SST para indústria da construçãoRobson Peixoto
 
MODERNIZAÇÃO TRABALHISTA: LEI Nº 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2017 - PANORAMA AN...
MODERNIZAÇÃO TRABALHISTA: LEI Nº 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2017 - PANORAMA AN...MODERNIZAÇÃO TRABALHISTA: LEI Nº 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2017 - PANORAMA AN...
MODERNIZAÇÃO TRABALHISTA: LEI Nº 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2017 - PANORAMA AN...Robson Peixoto
 
Programa de proteção respiratória
Programa de proteção respiratóriaPrograma de proteção respiratória
Programa de proteção respiratóriaRobson Peixoto
 
Guia sst para o esocial
Guia sst para o esocialGuia sst para o esocial
Guia sst para o esocialRobson Peixoto
 
Manual de segurança no trabalho para a construção civil
Manual de segurança no trabalho para a construção civilManual de segurança no trabalho para a construção civil
Manual de segurança no trabalho para a construção civilRobson Peixoto
 
Prevenção de acidentes a bordo de navios no mar e nos portos: código de práti...
Prevenção de acidentes a bordo de navios no mar e nos portos: código de práti...Prevenção de acidentes a bordo de navios no mar e nos portos: código de práti...
Prevenção de acidentes a bordo de navios no mar e nos portos: código de práti...Robson Peixoto
 
POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: IMPLEMENTAÇÃO E MONITORAMENTO DE RESÍD...
POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: IMPLEMENTAÇÃO E MONITORAMENTO DE RESÍD...POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: IMPLEMENTAÇÃO E MONITORAMENTO DE RESÍD...
POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: IMPLEMENTAÇÃO E MONITORAMENTO DE RESÍD...Robson Peixoto
 
Catálogo de normas tecnicas edificações
Catálogo de normas tecnicas edificaçõesCatálogo de normas tecnicas edificações
Catálogo de normas tecnicas edificaçõesRobson Peixoto
 
Fatores eficazes para investigação de acidentes
Fatores eficazes para investigação de acidentesFatores eficazes para investigação de acidentes
Fatores eficazes para investigação de acidentesRobson Peixoto
 
Apostila da Perícia Trabalhista
Apostila da Perícia TrabalhistaApostila da Perícia Trabalhista
Apostila da Perícia TrabalhistaRobson Peixoto
 
NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS
NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROSNOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS
NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROSRobson Peixoto
 
Guia para eleição da cipa
Guia para eleição da cipaGuia para eleição da cipa
Guia para eleição da cipaRobson Peixoto
 
Insalubridade e periculosidade no brasil em sentido oposto a tendência intern...
Insalubridade e periculosidade no brasil em sentido oposto a tendência intern...Insalubridade e periculosidade no brasil em sentido oposto a tendência intern...
Insalubridade e periculosidade no brasil em sentido oposto a tendência intern...Robson Peixoto
 
Ebook nr 33 trabalhos em espaços confinados
Ebook nr 33 trabalhos em espaços confinados Ebook nr 33 trabalhos em espaços confinados
Ebook nr 33 trabalhos em espaços confinados Robson Peixoto
 
Programa de proteção para saúde e segurança no local de trabalho contra doenç...
Programa de proteção para saúde e segurança no local de trabalho contra doenç...Programa de proteção para saúde e segurança no local de trabalho contra doenç...
Programa de proteção para saúde e segurança no local de trabalho contra doenç...Robson Peixoto
 
Segurança e saúde na industria da construção
Segurança e saúde na industria da construçãoSegurança e saúde na industria da construção
Segurança e saúde na industria da construçãoRobson Peixoto
 
Melhores práticas para seleção de proteção auditiva
Melhores práticas para seleção de proteção auditiva Melhores práticas para seleção de proteção auditiva
Melhores práticas para seleção de proteção auditiva Robson Peixoto
 
Fatos interessantes sobre gás
Fatos interessantes sobre gásFatos interessantes sobre gás
Fatos interessantes sobre gásRobson Peixoto
 
Manual de marketing y comunicación en seguridad y salud laboral
Manual de marketing y comunicación en seguridad y salud laboralManual de marketing y comunicación en seguridad y salud laboral
Manual de marketing y comunicación en seguridad y salud laboralRobson Peixoto
 

Mais de Robson Peixoto (20)

Revista em quadrinhos abril verde
Revista em quadrinhos abril verdeRevista em quadrinhos abril verde
Revista em quadrinhos abril verde
 
Gestão SST para indústria da construção
Gestão SST para indústria da construçãoGestão SST para indústria da construção
Gestão SST para indústria da construção
 
MODERNIZAÇÃO TRABALHISTA: LEI Nº 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2017 - PANORAMA AN...
MODERNIZAÇÃO TRABALHISTA: LEI Nº 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2017 - PANORAMA AN...MODERNIZAÇÃO TRABALHISTA: LEI Nº 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2017 - PANORAMA AN...
MODERNIZAÇÃO TRABALHISTA: LEI Nº 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2017 - PANORAMA AN...
 
Programa de proteção respiratória
Programa de proteção respiratóriaPrograma de proteção respiratória
Programa de proteção respiratória
 
Guia sst para o esocial
Guia sst para o esocialGuia sst para o esocial
Guia sst para o esocial
 
Manual de segurança no trabalho para a construção civil
Manual de segurança no trabalho para a construção civilManual de segurança no trabalho para a construção civil
Manual de segurança no trabalho para a construção civil
 
Prevenção de acidentes a bordo de navios no mar e nos portos: código de práti...
Prevenção de acidentes a bordo de navios no mar e nos portos: código de práti...Prevenção de acidentes a bordo de navios no mar e nos portos: código de práti...
Prevenção de acidentes a bordo de navios no mar e nos portos: código de práti...
 
POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: IMPLEMENTAÇÃO E MONITORAMENTO DE RESÍD...
POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: IMPLEMENTAÇÃO E MONITORAMENTO DE RESÍD...POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: IMPLEMENTAÇÃO E MONITORAMENTO DE RESÍD...
POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: IMPLEMENTAÇÃO E MONITORAMENTO DE RESÍD...
 
Catálogo de normas tecnicas edificações
Catálogo de normas tecnicas edificaçõesCatálogo de normas tecnicas edificações
Catálogo de normas tecnicas edificações
 
Fatores eficazes para investigação de acidentes
Fatores eficazes para investigação de acidentesFatores eficazes para investigação de acidentes
Fatores eficazes para investigação de acidentes
 
Apostila da Perícia Trabalhista
Apostila da Perícia TrabalhistaApostila da Perícia Trabalhista
Apostila da Perícia Trabalhista
 
NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS
NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROSNOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS
NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS
 
Guia para eleição da cipa
Guia para eleição da cipaGuia para eleição da cipa
Guia para eleição da cipa
 
Insalubridade e periculosidade no brasil em sentido oposto a tendência intern...
Insalubridade e periculosidade no brasil em sentido oposto a tendência intern...Insalubridade e periculosidade no brasil em sentido oposto a tendência intern...
Insalubridade e periculosidade no brasil em sentido oposto a tendência intern...
 
Ebook nr 33 trabalhos em espaços confinados
Ebook nr 33 trabalhos em espaços confinados Ebook nr 33 trabalhos em espaços confinados
Ebook nr 33 trabalhos em espaços confinados
 
Programa de proteção para saúde e segurança no local de trabalho contra doenç...
Programa de proteção para saúde e segurança no local de trabalho contra doenç...Programa de proteção para saúde e segurança no local de trabalho contra doenç...
Programa de proteção para saúde e segurança no local de trabalho contra doenç...
 
Segurança e saúde na industria da construção
Segurança e saúde na industria da construçãoSegurança e saúde na industria da construção
Segurança e saúde na industria da construção
 
Melhores práticas para seleção de proteção auditiva
Melhores práticas para seleção de proteção auditiva Melhores práticas para seleção de proteção auditiva
Melhores práticas para seleção de proteção auditiva
 
Fatos interessantes sobre gás
Fatos interessantes sobre gásFatos interessantes sobre gás
Fatos interessantes sobre gás
 
Manual de marketing y comunicación en seguridad y salud laboral
Manual de marketing y comunicación en seguridad y salud laboralManual de marketing y comunicación en seguridad y salud laboral
Manual de marketing y comunicación en seguridad y salud laboral
 

Resíduos de construção e demolição avaliação de métodos de quantificação

  • 1. Resíduos de construção e demolição: avaliação de Artigo Técnico métodos de quantificação Construction and demolition waste: evaluation of quantification methods Sérgio Cirelli Angulo Engenheiro Civil. Doutor em Engenharia Civil. Pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo SA. Professor do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Cláudia Echevenguá Teixeira Bióloga. Doutora em Engenharia Ambiental. Pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo SA. Professora do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Nove de Julho (UNINOVE) Alessandra Lorenzetti de Castro Engenheira Civil. Doutora em Engenharia Civil. Pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo SA Thais Passos Nogueira Tecnóloga Ambiental. Colaboradora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo SA Resumo Neste trabalho, estimou-se a geração dos resíduos de construção e demolição por dois métodos de quantificação, um indireto e outro direto, considerando- se a produção advinda dos agentes informais e formais. O método indireto considerou a área construída das edificações (construção) e transformação dos pontos de ligação de água e luz instalados (reforma). O método direto identificou a geração advinda de agentes informais e formais nos pontos de disposição finais em diferentes regiões do município, empregando-se o conceito de balanço de massa. Não é possível quantificar a geração de resíduos de construção e demolição dos agentes informais (reformas) por meio de dados indiretos relacionados às transformações dos pontos de água no município. Há indícios de que as transformações dos pontos de energia elétrica sejam um indicador indireto mais preciso, podendo evitar a dispendiosa quantificação direta. Palavras-chave: resíduos de construção e demolição; métodos de quantificação; método direto; método indireto; balanço de massa; geradores informais. Abstract In this paper, construction and demolition waste generation was estimated by two quantification methods, one direct and other indirect, regarding informal and formal generators. Construction area and transformation of the points of water and energy were applied for indirect quantification method. For the direct one, volume of dumping areas associated with informal and formal generators in different regions of municipality were quantified and the mass balance was applied. Indirect quantification of informal generators by transformation points of water is not precise. There are evidences that transformation points of energy can be more precise, avoiding costly direct construction and demolition waste quantification method. Keywords: construction and demolition waste; quantification methods; direct method; indirect method; mass balance; informal generators. Introdução destinações como plásticos, papel/papelão, metais, entre outros); C (RCD sem tecnologia disponível para reciclagem e aproveitamento Os resíduos da construção e demolição (RCD) são gerados nas como o gesso) e D (RCD perigosos como tintas, solventes, óleos, fi- atividades de construção, reforma ou demolição e constituídos por brocimentos com amianto, entre outros). um conjunto de materiais, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, con- Os RCD representam, em média, 50% da massa dos resíduos só- creto em geral, madeiras e compensados, argamassa, gesso, entre ou- lidos urbanos (PINTO, 1999; JOHN, 2000), tanto no Brasil como em tros (CONAMA, 2002; ANGULO, 2005). Os RCD, pela resolução outros países. As disposições irregulares e os aterros clandestinos, CONAMA 307, são classificados em quatro classes, a saber: Classe A ocasionados pela falta de gerenciamento, tornaram-se uma realidade (RCD recicláveis como os agregados); B (RCD recicláveis para outras no território nacional. Em 2002, com a aprovação da resolução 307, Endereço para correspondência: Sérgio Cirelli Ângulo – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo SAS – Avenida Professor Almeida Prado, 532 – Cidade Universitária – 05508-901 – São Paulo (SP), Brasil – Tel./Fax: (11) 3767-4151/3767-4251 – E-mail: scangulo@ipt.br. Recebido: 17/02/2011 – Aceito: 12/07/11 – Reg. ABES: 041 11 Eng Sanit Ambient | v.16 n.3 | jul/set 2011 | 299-306 299
  • 2. Angulo, S.C. et al ficaram estabelecidos critérios e procedimentos para a gestão de RCD al., 2004; CARELI, 2008). Nesses estudos, foram obtidas gerações no Brasil (CONAMA, 2002). Por esta resolução, são atribuídas res- de RCD por unidade de área (em m²) de edificações verticais, va- ponsabilidades tanto para o poder público quanto para a iniciativa riando entre 0,050 e 0,150 t/m². Tal variação depende do controle privada (PINTO et al., 2005). As empresas privadas de construção, da produção implementado em cada canteiro de obra. Com relação que são grandes geradoras desse resíduo, devem desenvolver proje- à geração de RCD a partir de reformas, não existem levantamentos tos de gerenciamento específicos, por exemplo, triagem em canteiros abrangentes. O único estudo identificado foi o de Morales, Mendes e de obras, incluindo o uso de transportadores cadastrados e de áreas Angulo (2006). Estes autores obtiveram os RCD por unidade de área licenciadas para manejo e reciclagem. O poder público deve ofere- de reforma (em m²) de 0,470 t/m². cer uma rede de coleta e destinação ambientalmente correta para os A publicação da resolução CONAMA 307 motivou alguns muni- pequenos geradores, responsáveis por reformas e autoconstruções e cípios a implantarem planos de gerenciamento. Contudo, de acordo incapazes de implementar autogestão. com o levantamento de Pinto (2008), dos 5.565 municípios exis- Costa et al. (2007) constataram a influência de variáveis (socio- tentes no país (IBGE, 2010), apenas 50 implantaram planos de ge- conômicas, político-legais, de gestão municipal etc.), por análise es- renciamento. Um levantamento recente sobre usinas brasileiras de tatística multivariada, na implantação e no sucesso dos programas reciclagem de RCD mostrou que essas usinas, operando nas capaci- de reciclagem de RCD em municípios brasileiros. Das 20 variáveis dades máximas, conseguiriam reciclar apenas cerca de 4,5% do RCD estudadas, as seis identificadas como mais significativas estão asso- gerado (MIRANDA, ANGULO; CARELI, 2009). ciadas à gestão pública, a saber: percentual dos funcionários de nível Aproximadamente 90% dos municípios brasileiros possuem médio que trabalham na Prefeitura; renda média anual do município; menos de 20.000 habitantes (IBGE, 2010), nos quais uma grande percentual de domicílios com água; existência de programas de coleta parcela de RCD não está sendo devidamente gerenciada dentro do seletiva de lixo; programas de incentivo para geração de trabalho e que preconiza a resolução CONAMA 307 (CONAMA, 2002). Dentre renda e existência de áreas de recepção de RCD. as dificuldades apontadas para a implantação dos planos de geren- Em termos de gerenciamento destes resíduos, é etapa-chave a ciamento de RCD, Marques Neto (2009) destaca a falta de recursos realização de um diagnóstico, que seja capaz de identificar e quan- financeiros e a inexistência de corpo técnico qualificado nos quadros tificar a geração pelos diferentes agentes, informação necessária para profissionais capazes de diagnosticar fontes geradoras e implementar elaborar planos de gerenciamento dos RCD. O dimensionamento dos ações, como a fiscalização. sistemas de gerenciamento depende da identificação das áreas de dis- A questão dos recursos financeiros atualmente vem sendo ven- posição irregulares nas diferentes localidades e do dimensionamento cida por meio dos planos integrados de gerenciamento, envolvendo de unidades de triagem e reciclagem (PINTO, 1999; PINTO et al., um grupo de municípios geralmente vinculados à gestão de bacias hi- 2005). O RCD, por ser constituído de uma gama de diferentes ma- drográficas. Tais práticas são condizentes com a Política Nacional de teriais, deve ser triado, de acordo com rotas distintas de reciclagem, Resíduos Sólidos, aprovada em 2010 – Lei 12.305 (BRASIL, 2010). sendo dispostos apenas os resíduos perigosos ou aqueles sem alterna- Autores como Marques Neto (2009) e Benvenuto e Suzuki (2009) tivas de reciclagem comercialmente disponíveis (CONAMA, 2002). abordam com maiores detalhes esta questão. Entretanto, não há mui- Em vários países, diversos autores buscam implementar meto- ta pesquisa relacionada à prevenção da geração dos agentes informais dologias mais precisas para se quantificar e usar tais informações nas e à identificação deles dentro dos municípios. estratégias de gerenciamento dos RCD (HSIAO et al., 2002; WANG Dentro deste contexto, este artigo apresenta uma investigação et al., 2004; COCHRAN et al., 2007; COCHRAN; TOWSEND, 2010; da geração de RCD em um município de 36.300 habitantes na re- LAGE et al., 2010; LLATAS, 2011). A metodologia de quantificação gião Noroeste do estado de São Paulo, visando avaliar métodos de geralmente emprega índices de geração dos RCD por unidade de quantificação, um indireto e outro direto, considerando a produção área, dependendo da origem (construção, reforma e demolição). A advinda dos agentes informais (reforma) e formais (construção). O quantificação precisa sempre foi um desafio e tema relevante a ser método indireto quantifica a geração de RCD em massa, conside- investigado. rando a área construída das edificações (construção) e a transfor- No Brasil, a tarefa de quantificação é ainda mais difícil. mação dos pontos de ligação de água e luz instalados (reforma). O Diferentemente de outros países, uma importante fonte na geração outro método quantifica a geração de RCD em volume, identifican- dos RCD são os geradores informais, para os quais dados estatísti- do-se a geração advinda dos agentes informais (reforma) e formais cos estão indisponíveis e podem representar uma parcela importante (construção) nas proximidades dos pontos de disposição finais, nas dos RCD gerados em um município (PINTO, 1999; PINTO et al., diferentes regiões do município. Empregando-se o conceito do ba- 2005). lanço de massa, a geração dos agentes é acumulada, respeitando-se Alguns estudos, visando estimar a geração de RCD a partir de a lei de conservação de massas e considerando-se as quantidades construção, foram realizados no Brasil (PINTO, 1999; SOUZA et de resíduos geradas nos diferentes estágios da análise (WANG et 300 Eng Sanit Ambient | v.16 n.3 | jul/set 2011 | 299-306
  • 3. Resíduos de construção e demolição: métodos de quantificação al., 2004). Os resultados obtidos pelos dois métodos foram com- Reforma parados para avaliação de consistência. Além da quantificação, este Pinto (1999) comenta a possibilidade do uso de indicadores re- trabalho apresenta os resultados obtidos em relação à composição lacionados ao consumo de água e energia para identificar a atividade dos RCD obtidos. informal de reforma. As mudanças efetuadas em ligações de água preexistentes estão correlacionadas às ampliações e reformas realiza- Métodos das informalmente pelos habitantes. O mesmo deve ser válido para as mudanças efetuadas em ligações de energia preexistentes. Classificação dos geradores Neste estudo, foram consideradas, para fins de estimativa da ge- ração de RCD, as solicitações das ligações de água na Companhia de No estudo, os agentes geradores dos RCD foram classificados em Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), nos últimos três tipos: três anos. Para obtenção dos dados de geração anual acumulada dos 1. agente formal de construção: empresas legalizadas, responsáveis resíduos pela reforma (R), foram coletadas informações relativas ao pela geração de grandes volumes (> 3 m3); número de transformações de ligações de água já existentes nas resi- 2. agente informal de grande reforma: pessoas que realizam am- dências (Tabela 1). pliação ou reformas em residências já legalizadas e que geram No estudo, admitiu-se que uma reforma residencial não ultrapas- grandes volumes (> 3 m3); e sa 25% da área média construída, seja pela maior exposição aos agen- 3. agente informal de pequena reforma: pessoas que realizam am- tes de fiscalização do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura pliação ou reformas em residências já legalizadas e que geram e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA) ou pelo aumento de pequenos volumes (< 3 m3). riscos estruturais envolvidos em tais obras. O volume de reforma no município em estudo foi de 30 m2. A título de comparação, na Ressalta-se que não há empresas de demolição operando no Flórida, Estados Unidos, o valor médio foi de 60 m2 (COCHRAN et município, realidade semelhante à maioria dos pequenos municí- pios brasileiros, e que 3 m3 é o volume de caçamba adotado pelos al., 2007). Os valores encontrados nessas regiões estão compatíveis prestadores de serviço de coleta dos RCD no município estudado. O com os respectivos produtos interno bruto (PIB). objetivo da adoção deste volume, como referência, foi devido ao fato Aplicando-se uma relação entre a área média reformada para cada de que, quando a geração é superior a este, o proprietário da resi- ponto de transformação de ligação e o índice de geração por m2 de dência normalmente contrata serviço de coleta, devido à fiscalização área reformada (MORALES et al., 2006), obteve-se uma massa de municipal. resíduo gerado por meio da Equação 2. Quantificação do RCD pelo método indireto R P R Equação 2 Construção onde: A área construída no município foi analisada durante três anos R: resíduo na reforma por mês (t RCD/mês); (2007, 2008 e 2009) em função dos alvarás de construção emitidos. P: solicitações de transformação nas ligações de água ou de energia A geração anual acumulada de resíduos na construção (C) foi estima- (ligações/mês); da por dados obtidos ao longo dos meses, empregando-se a Equação η: conversão da área reformada média para cada ligação (30 m² 1. Esta quantifica a massa de resíduo por mês, multiplicando-se a reforma/ligação); área construída mensalmente por um índice de geração de RCD, por ρR: índice de geração de resíduo na reforma (0,470 t RCD/ m² refor- unidade de área (m construído). Essa forma de cálculo é a usualmen- 2 ma), obtido por Morales et al. (2006). te empregada internacionalmente, conforme é discutido por Cochran et al. (2007) e Solis-Guzman et al. (2009). Em 2009, uma média de 45 ligações por mês foi estimada pela empresa concessionária local de energia. Assim, admitiu-se C AC Equação 1 540 ligações ao longo dos 12 meses. Nesse ano, o número de C alvarás de construção concedidos foi 118. Assim, foram calcu- onde: ladas 422 transformações de pontos de energia elétrica no ano. C: resíduo na construção por mês (t RCD/mês); Multiplicando-se pelas constantes (η e ρR), a geração de resíduos AC: área construída por mês (m² construído/mês); de reforma, em função da transformação dos pontos de energia ρC: índice de geração de resíduo na construção (0,150 t RCD/m² elétrica, foi comparada com aquela obtida em função da transfor- construído), obtido por Pinto (1999). mação dos pontos de água. Eng Sanit Ambient | v.16 n.3 | jul/set 2011 | 299-306 301
  • 4. Angulo, S.C. et al Tabela 1 – Transformação dos pontos de água nos últimos três anos Composição do RCD Meses 2007 2008 2009 Janeiro 21 52 18 Durante o período de quantificação de RCD, amostrou-se uma Fevereiro 16 41 14 caçamba por dia em diferentes horários e proveniente de diferentes Março 15 42 19 Abril 13 57 14 regiões do município, totalizando dez caçambas para caracterização Maio 19 55 17 e definição da composição do RCD dentro das classes A, B. C e D, Junho 23 30 20 conforme resolução CONAMA 307. Os RCD das dez caçambas foram Julho 17 63 17 misturados por meio de uma retroescavadeira e reduzidos sucessiva- Agosto 21 47 15 Setembro 18 49 13 mente por quarteamento, até a obtenção de uma amostra de 3 m³. Outubro 20 48 20 Essa amostra foi transportada para o laboratório, onde foi ho- Novembro 17 58 20 (*) mogeneizada pela técnica de pilha alongada (PETERSEN, 2004) e Dezembro 16 47 20 (*) dividida em uma alíquota de 500 kg. Esta alíquota foi sucessivamente Total 216 589 207 quarteada até a obtenção de duas amostras de 5 kg, utilizadas para (*) Valor não-disponível. Admitido com base no último mês. segregação e quantificação dos materiais representantes de cada clas- Quantificação do RCD pelo método direto se, de acordo com a norma NBR 15116 (ABNT, 2004), aplicável aos agregados reciclados de RCD. O município foi dividido em 15 regiões, agrupando-se bairros com condições semelhantes de renda populacional, desde que contidos num Resultados e Discussão diâmetro máximo de 1 km. Um levantamento de campo foi realizado du- rante um mês nas 15 regiões, identificando-se o volume e a origem dos Quantificação do RCD pelo método indireto (C e R) resíduos (C ou R), próximas às obras, dividindo-os conforme já foi des- crito. A forma de transporte do resíduo (caçamba, carroça, entre outros) O município em estudo é caracterizado predominantemente por e sua disposição (ruas, terrenos, córregos, botas-foras) também foram residências térreas, com área média de construção de 118 m2. Para analisadas. O resíduo coletado por caçamba e carroça foi destinado a um 2007, 2008 e 2009, as gerações acumuladas de resíduos da constru- bota-fora. A distribuição e o volume de RCD disposto acumulado foram ção foram 2.537 t, 3.675 t e 2.398 t (Figura 1a), respectivamente. analisados em função das 15 regiões definidas. Por meio da compilação Para os três anos estudados, a média foi de 2.870 t. desses resultados, obteve-se uma geração de RCD para cada região do As solicitações de transformação dos pontos de água acumula- município em função dos diferentes agentes geradores. dos ao longo dos meses variaram entre 200 e 600 pedidos no ano (Tabela 1). Multiplicando-se as transformações dos pontos pela área Avaliação comparativa dos métodos de média reformada (30 m2), por ligação e pelo índice de geração de quantificação adotados 0,470 t RCD/m2 de reforma (MORALES et al., 2006), obtêm-se as massas de resíduos de reforma acumuladas nos últimos três anos Uma análise comparativa entre os métodos de quantificação (di- (Figura 1b). reto e indireto) foi realizada com base nos dados médios anuais, assu- As estimativas realizadas pelas solicitações de transformação dos mindo-se a premissa de que a geração indireta de RCD, representada pontos de energia elétrica foram superiores às solicitações de trans- pela soma do resíduo gerado por C e R, deve ser igual ao volume de formação dos pontos de água para 2009 (Tabela 2). Nesse ano, o RCD encontrado diretamente nos locais de disposição, multiplicado coeficiente de correlação entre a transformação dos pontos de energia pela sua massa unitária (Equação 3). elétrica e a dos pontos de água foi igual a 2,04. Na Tabela 3, a média de resíduos de reforma obtidos a partir das C R VRCD RCD Equação 3 transformações dos pontos de água nos últimos três anos foi de 4.851 toneladas. Admitindo-se o mesmo coeficiente de correlação (2,04), onde: infere-se uma média de 9.894 toneladas de resíduos de reforma a C: resíduo gerado na construção por mês (t RCD/mês); partir das transformações dos pontos de energia elétrica. R: resíduo gerado na reforma por mês (t RCD/mês); VRCD: volume disposto de resíduo de construção e demolição (m³ Quantificação do RCD pelo método direto RCD/mês); (disposição) γRCD: massa unitária do resíduo de construção e demolição (t/m³), adotada como 1 t/m³ com base em levantamento de campo realizado A Figura 2 apresenta os dois pontos de disposição final do RCD pelos autores. no município: bota-fora ou ruas/terrenos. Os resíduos gerados em 302 Eng Sanit Ambient | v.16 n.3 | jul/set 2011 | 299-306
  • 5. Resíduos de construção e demolição: métodos de quantificação cada região foram somados pelo conceito de balanço de massa, tota- lizando 4.896 e 8.327 m³/ano, respectivamente. Nesse caso, 37% do (a) RCD (4.896 m3/ano) foram depositados ilegalmente em bota-fora e o restante está disposto irregularmente em ruas e terrenos. A distribui- ção e pequena concentração dos RCD nas ruas e terrenos dificultam a percepção de tal montante disposto. Pequenos geradores de obras de reforma correspondem a, no máximo, 10% do RCD disposto irregularmente na cidade. Devido à inabilidade gerencial, cabe ao poder público implantar pontos de entrega voluntária (PEV). Para este município, um único PEV seria capaz de absorver esse tipo de gerador. Vale ressaltar que são observados grandes geradores de resíduos de reforma nas demais regiões principais (F G, B e A). Para o vo- , lume considerado, o cidadão (gerador), mediante ações de educa- ção ambiental, poderia ser responsável pela destinação aderente ao plano de gerenciamento municipal, por meio do controle das fichas de transporte e contratação das empresas de caçambas reconhecidas pela Prefeitura, sem precisar dos PEV. Uma proposta de gerenciamento eficaz precisa estar focada nesse (b) tipo de gerador e não se resolverá apenas com a disponibilização de PEV. Talvez seja esta característica que impeça o progresso da reso- lução CONAMA 307. Frente ao pequeno investimento em educação ambiental para os agentes geradores de reforma, muitos desconhe- cem a possibilidade do uso dessas áreas de manejo. Estratégias de gerenciamento capazes de minimizar a geração são bastante inte- ressantes, tais como: a proibição da venda de cimento no varejo; os subsídios fiscais para materiais e práticas de construção racionalizada (por meio de pré-fabricação e automontagem de residências) e re- forma (por meio de revestimentos novos – tintas, pisos ou azulejos – aderentes aos revestimentos antigos, que não requeiram atividades parciais de demolição), que gerem pouco resíduos. Tais estratégias evitam investimentos em áreas de manejo e descentralizam ações gerenciais. A Tabela 4 apresenta uma síntese da geração de RCD no municí- pio em função dos agentes geradores e regiões. As construtoras não Figura 1 – (a) Resíduos acumulados de construção (a) e resíduos se caracterizam como os maiores agentes geradores do RCD (18% acumulados de reforma, em função dos pontos de transformação de água (b). Tabela 2 – Resíduo de reforma pela transformação dos pontos de água e de energia em 2009 Transformação Resíduo Tabela 4 – Geração de RCD (t/dia) em função dos agentes geradores e Fonte Reforma (m2) dos pontos (un) da reforma (t) regiões Água 207 6.210 2.919 Geração de RCD (t/dia) Energia 422 12.660 5.950 Regiões Grandes Pequenas Construtoras Total reformas reformas A 0,8 8,9 1,0 10,8 Tabela 3 – Estimativa do resíduo de reforma (t) no município, nos últimos B 1,9 3,3 0,6 5,9 três anos C 4,6 0,3 0,4 5,3 Resíduo de reforma no ano (t) F 0,4 4,3 0,4 5,1 Fonte 2007 2008 2009 Média G 0,1 5,7 0,2 6,1 Água 3.328 8.305 2.919 4.851 Média (10 regiões) 0,1 1,4 0,2 1,7 Energia - - 5.950 9.894 (*) Total (*) 8,8 36,8 4,5 50,1 (*) 4.851 x 2,04. (*) Total = A + B + C + F + G + Média*10. Eng Sanit Ambient | v.16 n.3 | jul/set 2011 | 299-306 303
  • 6. Angulo, S.C. et al Figura 2 – Balanço de massa do RCD na disposição para 2009. do total). Esse dado é confirmado para diversos municípios pau- Avaliação comparativa dos métodos listas, de acordo com Pinto et al. (2005), variando entre 27 e 51%. A grande maioria dos RCD é gerada pelas grandes reformas, que A Tabela 5 apresenta a análise comparativa da geração média dos geram aproximadamente 37 toneladas/dia (73% do total), enquanto RCD pelos métodos indireto e direto, em 2009, e pela média dos úl- apenas 5 toneladas/dia são geradas por pequenas reformas (9% do timos três anos. Como as obras residenciais têm duração geralmente total). Devido à ausência de empresas demolidoras (grandes gera- inferior a um ano, é razoável afirmar que a quantificação indireta dores legalizados) em pequenos municípios, a importância relativa (soma da metragem quadrada por alvarás de construção e índice de das reformas é ainda maior. geração médio) é muito semelhante à direta para 2009. O cálculo 304 Eng Sanit Ambient | v.16 n.3 | jul/set 2011 | 299-306
  • 7. Resíduos de construção e demolição: métodos de quantificação pela média dos últimos três anos superestima este valor. Isto pode Tabela 5 – Estimativa do RCD (t/ano ou kg/hab. ano) pela origem e destino não ser válido para regiões em que a presença de edificações multian- Método Método Diferença Método Método Diferença RCD indireto indireto dares é significativa, porque o prazo de execução das obras se altera direto (em %) direto (em %) (2009) (três anos) para dois ou três anos. Construção (t) 2.398 2.329 -3 2.870 2.329 -23 No caso das obras de reforma, sabe-se que a estimativa indireta Reforma (t) 5.950 10.894 45 9.894 10.894 9 Total (t) 8.348 13.223 37 12.764 13.223 3 pela geração por transformações dos pontos de água subestima signi- ficativamente aquela encontrada pelo método direto. Como a média Tabela 6 – Composição do RCD (% em massa) no município disponibilizada dos pontos de energia elétrica para 2009 é superior Classes do RCD pela CONAMA 307 Massa (%) aos de água, admite-se que esse indicador seja mais preciso para se Classe A 91,0 correlacionar com atividades de reforma, especialmente porque o Classe B 9,0 Classe C 0,0 valor agregado do serviço prestado é superior ao outro, indicando Classe D 0,0 qualquer atividade econômica fora da normalidade ou aumento da população numa residência. 800 A geração dos resíduos de reforma, calculada pelas transforma- Geração de RCD per capita (kg/hab.ano) 700 ções dos pontos de energia, ficou também subestimada para 2009, 600 porque o indicador de geração não é suficiente preciso, uma vez que 500 R2 = 0,68 reformas menores e pontuais podem não ser quantificadas por esse 400 tipo de indicador, tais como trocas de pisos ou revestimentos. O con- 300 Novo Horizonte sumo de cimento no varejo pode ser um indicador ainda mais pre- 200 dados de MC (2005) ciso, cabendo maiores investigações. Como a quantidade de resíduo 100 gerada numa reforma pontual (troca de piso ou azulejos) é inferior à 0 quantidade gerada numa ampliação, a imprecisão do estimador pode 0,78 0,8 0,82 0,84 0,86 0,88 ! IDH estar vinculada ao fato de que não se remove, com frequência, du- rante a limpeza pública, os resíduos de reforma, permanecendo nas Figura 3 – IDH versus geração de RCD per capita. ruas por mais de um ano. Nesse último caso, pode ser mais preciso realizar estimativas médias pela origem (método indireto). Conclusões Com base no método direto, os resíduos de reforma corres- pondem a 82% da massa do RCD gerado no município. Obras de Não é possível quantificar indiretamente a geração dos agentes in- reforma são as principais geradoras de RCD. Essa realidade é con- formais (reformas), por meio das transformações dos pontos de água. firmada para a maioria dos municípios paulistas investigados pelo Há indícios que as transformações dos pontos de energia elétrica sejam Ministério das Cidades (PINTO et al., 2005). A geração per capita indicadores mais precisos, bem como não deve ser descartada a possibi- média de RCD está em torno de 367 kg/habitantes, por ano, e apre- lidade do uso de outros indicadores (consumo de cimento no varejo). A senta correlação com o índice de desenvolvimento humano (IDH) metodologia de quantificação indireta, ainda indisponível na literatura, para os municípios paulistas (Figura 3), conforme já apontado por pode eliminar a necessidade de quantificação direta, que é dispendiosa Careli (2008) e Benvenuto e Suzuki (2009). Estes autores utilizaram para a implantação da gestão de RCD. Quanto ao uso do método direto, esse indicador para prever a geração futura de RCD, numa determi- o artigo ainda propõe a identificação do tipo de gerador, próximo ao nada região, e dimensionar mais apropriadamente os instrumentos local de geração, por região, e cálculo do balanço de massa, conferindo de gestão do RCD (PEV, áreas de transbordo e triagem, usina de um grau de importância por regiões. Tal método pode descentralizar as reciclagem, entre outros). ações e reduzir os custos do programa de gestão. Na ausência de dados validados cientificamente, recomenda-se a adoção de ambos os métodos, Composição média de RCD obtida no estudo pois viabilizam a verificação da consistência dos dados. A composição média dos RCD analisados no presente estudo está Agradecimentos apresentada na Tabela 6. Observa-se a predominância do RCD na Classe A, 91% da massa, e 9,0% de Classe B, não sendo quantificados Agradecemos ao Programa de Apoio Tecnológico aos Municípios componentes pertencentes às Classes C e D. Resultados semelhantes (PATEM) da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência são apresentados nos estudos nacionais e na maioria dos internacio- e Tecnologia do Governo do Estado de São Paulo e à Prefeitura de nais (ANGULO, 2005), com exceção de alguns países (EUA, devido Novo Horizonte, bem como Sidnei Rodrigues de Oliveira (levanta- ao uso intenso de madeira, dentre outros). mento de dados) e Ana Paula Shibata (revisão). Eng Sanit Ambient | v.16 n.3 | jul/set 2011 | 299-306 305
  • 8. Angulo, S.C. et al Referências ANGULO, S.C. Caracterização de agregados de resíduos de construção docência) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São e demolição reciclados e a influência de suas características no Paulo, 2000. comportamento mecânico dos concretos. 2005. 149 f. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – Escola Politécnica da Universidade de São lage, i.m. et al. Estimation of the annual production and composition of Paulo, São Paulo, 2005. CD debris in Glicia (Spain). Waste Management, v. 30, n. 4, p. 636-45, 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15.116: agregados de resíduos sólidos da construção civil: utilização LLATAS, C. A model for quantifying construction waste in projects em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – according to the European waste list, Waste Management, v. 31, n. 6, requisitos. Rio de Janeiro, 2004. p. 1261-1276, 2011. BENVENUTO, C.; SUZUKI, F.K.S. Plano integrado de gerenciamento MARQUES NETO, J.C. Estudo da gestão municipal dos resíduos de regional de resíduos de construção civil e volumosos. Revista Limpeza construção e demolição na Bacia Hidrográfica do Turvo Grande. 2009. Pública, n. 71, p. 6-11, 2009. 629 p. Tese (Doutorado em Ciências da Engenharia Ambiental) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2009. BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010: institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro MIRANDA, L.; ANGULO, S.C.; CARELI, E.D. A reciclagem de resíduos de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, de construção e demolição no Brasil: 1986-2008. Ambiente Construído 3 ago. 2010. (Online), v. 9, n. 1, p. 57-71, 2009. CARELI, E.D. A resolução CONAMA n. 307/2002 e as novas condições MORALES, G; MENDES, T.; ANGULO, S.C. Índices de geração de RCD para a gestão dos resíduos de construção e demolição. 2008. 155 p. provenientes de obras de construção, reforma e demolição na cidade Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Centro Estadual de de Londrina/PR. In: II Congresso Internacional na Recuperação, Educação Tecnológica Paula Souza, São Paulo, 2008. Manutenção e Restauração de Edificações, 2006, Rio de Janeiro. Anais… (CD-ROM). Rio de Janeiro: 2006. v. 1. COCHRAN, K.M.; TOWNSEND, T.G. Estimating construction and demolition debris generation using a materials flow analysis approach. PETERSEN, I.F. Blending in circular and longitudinal mixing piles. Waste Management, v. 30, n. 11, p. 2247-2254, 2010. Chemometrics and Intelligent Laboratory Systems, v. 74, n. 1, p. 135- 141, 2004. COCHRAN, K. M. et al. Estimation of regional building-related CD debris generation and composition: Case study for Florida, US. Waste PINTO, T.P Gerenciamento de resíduos da construção no Brasil. In: . Management, v. 27, n. 7, p. 921-931, 2007. RCD08, Universidade de São Paulo, São Paulo. Apresentação (CD- ROM). São Paulo, 2008. Disponível em: http://rcd08.pcc.usp.br. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução n º 307, Acesso em: 6 jun. 2011. de 05 de julho de 2002: Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Diário Oficial da União, ______. Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos da Brasília, DF, 17 jul. 2002. construção urbana. 1999. 189 f. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999. COSTA, N. da et al. Planejamento de programas de reciclagem de resíduos de construção e demolição no Brasil: uma análise multivariada. PINTO, T. P et al. Ministério das Cidades. Manejo e gestão de resíduos . Revista Engenharia Sanitária, v. 12, n. 4, p.446-456, 2007. da construção civil: como implantar um sistema de manejo e gestão nos municípios. v. 1. 196 p. Brasília: Caixa, 2005. HSIAO, T.Y. et al. Modeling materials flow of waste concrete from construction and demolition wastes in Taiwan. Resources Policy, v. 28, SOLIS-GUZMAN, J. et al. A Spanish model for quantification and n. 1-2, p.39-47, 2002. management of construction waste. Waste Management, v. 29, n.9, p. 2542-2548, 2009. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Censo 2010. Disponível em: SOUZA, U.E.L. et al. Diagnóstico e combate à geração de resíduos http://www.ibge.gov.br/home/default.php. Acesso em: 06 jun. na produção de obras de construção de edifícios: uma abordagem 2011. progressiva. Ambiente Construído, v. 4, n. 4, p. 33-46, 2004. JOHN, V.M. Reciclagem de resíduos na construção civil – contribuição WANG, J. Y. et al. A systems analysis tool for construction and demolition a metodologia de pesquisa e desenvolvimento. 2000. 102 p. Tese (livre- wastes management. Waste Management, v. 24, n. 10, p. 989-997, 2004. 306 Eng Sanit Ambient | v.16 n.3 | jul/set 2011 | 299-306