QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
Documentário história linguagem
1. Produção de Suportes Midiáticos para a Educação
Documentário:
história e linguagem
CCA0296 - Prof. Richard Romancini
2. O que é o documentário
• Existe certa dificuldade em definir
de maneira consistente e geral o
que é filme documentário.
• Tanto é assim, que nos países
anglo-saxões opta-se por um
termo negativo non-fiction film.
https://www.youtube.com/watch
?v=as1OWfcsX48
• De qualquer modo, a indexação ao real, a
documentação/registro de algo que tem existência fora
do universo narrativo tende a ser o principal critério
para categorizar trabalhos audiovisuais como
documentários.
3. Uma definição
• “O modo de enunciação constitui [...] o documentário como
singularidade narrativa, dentro de sua transformação
histórica. Nas diferentes abordagens que se debruçam sobre o
documentário, há uma confluência em determinar a camada
enunciativa pela sua característica em estabelecer
enunciados/asserções/argumentos sobre o mundo. O
documentário pode ser definido, de forma breve, como uma
narrativa que estabelece enunciados sobre o mundo
histórico: ‘assim vive Nanook’, ‘assim se entregam cartas na
Inglaterra nos anos 1930’, ‘assim Randall Adams se viu
envolvido no assassinato de um policial’, [...]. A camada que
enuncia no documentário distingue-se nitidamente daquela
que enuncia no cinema de ficção.” (Ramos, 2004, p. 163,
destaque nosso)
4. Panorama sintético da história do
documentário
Primeiros tempos (até os
anos 1960)
Época moderna (a partir
1960)
Período contemporâneo
Cinema primitivo
(variedades, cientificismo,
notícias)
Cinema Direto (EUA)
Continuidades e mesclas do
CD e CV, bem como do
documentário clássico
Documentário clássico
(Flaherty, Grierson - escola
inglesa)
Cinema Verdade (França)
Força do “filme ensaio”, por
vezes em diálogo com
linguagem da TV (Michael
Moore, Errol Morris, Jorge
Furtado)
Vanguardas (Vertov, Vigo,
Ivens, filmes sobre cidades)
Continuidades do
documentário clássico (TV,
principalmente) e
experiências de vanguarda
(Mekas, Warhol; “filme
ensaio”: p.ex., Verdades e
mentiras, 1976, de Orson
Welles)
Hibridismos, experiências
que rompem fronteiras,
abertura para novas
linguagens: diversidade(doc
umentário animado, sonoro,
a partir de ambientes
virtuais, etc.)
5. Documentário Clássico
• Amadurecimento da linguagem: elaboração de uma narratividade “encenada”
do real e edição do material captado a partir de sintaxe próxima do cinema de
ficção (desenvolvimento, clímax, etc.).
• Robert Flaherty (EUA, 1884-1951): tratamento narrativo dos temas,
geralmente envolvendo contextos exóticos, influenciando o cinema
antropológico.
• John Grierson (Escócia, 1898-1972): líder do Movimento Documentarista
Britânico (décadas de 1930-40), defende um “tratamento artístico da
realidade” e preocupações sociais, bem como o caráter educativo que o
documentário (termo pioneiramente usado por ele) deveria ter.
• Preocupação com realismo e objetividade, conceitos reforçados por narrações.
• Filmes de teor bélico-propagandístico, como O triunfo da vontade (1935, Leni
Riefenstahl) e a série Porque lutamos (Frank Capra, 1942-43) também tiveram
importância.
6. Documentário Clássico: filmes significativos
https://www.youtube.com/watch?v=iTgBujgw
v-I
Nanook, o esquimó (Nanook of
North, 1922) - Robert Flaherty
https://www.youtube.com/watch?v=FkLoDg7
e_ns
Night Mail (1935) - Harry Watt e
Basil Wright (prod. - John Grieson,
dir. de som - Alberto Cavalcanti)
7. Cinema Direto: fly on the wall
• Obra inaugural: Primárias
(1960, Robert Drew).
• Estética objetivista de não-
intervenção: filmes sem
narração ou trilha sonora
original.
• Filma-se muito (p. ex., 1:10), em busca de momentos
“verdadeiros”; construção da narrativa se dá na edição.
• Influência do jornalismo: tentativa de construir uma narrativa
audiovisual jornalística específica.
• Autores: Richard Leacock, D. A. Pennebaker, Frederick Wiseman.
http://vimeo.com/65241039
8. Cinema Verdade: fly in the soup
• Obra inaugural: Crônica de um
verão (1961, Jean Rouch e Edgar
Morin).
• Documentário participativo, com
amplo uso de entrevistas e outras
situações que marcam intervenção
do autor/equipe (mostrados no
filme, diferentemente do CD).
• Mais do que captar a verdade, busca produzi-la, por
meio de diferentes estratégias.
• Autores: Jean Rouch, Pierre Perrault, Chris Marker.
https://www.youtube.com/watch?
v=bESrAdqNSiw
9. Confluências entre Cinema Direto e Cinema
Verdade
• Trabalham com equipes pequenas e a
construção narrativa se dá, em grande
medida, durante a edição.
• Ambos devem muito ao desenvolvimento
ocorrido nos equipamentos de filmagem,
particularmente nos gravadores portáteis
de som direto.
• “Há duas maneiras de conceber o cinema do real. A primeira é
pretender dar a ver o real, a segunda de levantar o problema do
real” - Edgar Morin, citado em Wikipédia.
• Representaram um renovação estética no cinema
documentário, fornecendo modelos para o documentário
contemporâneo.
https://www.nfb.ca/film/pour_la_suit
e_du_monde_en#temp-share-panel
10. Contexto contemporâneo do documentário
• Hibridismo e indefinição de categorias.
Contaminação do gênero
documentário pela ficção.
• Perda de inocência pela percepção da
complexidade envolvida em termos
como “verdade”, “realidade”,
“informação objetiva”.
• Há uma “uma expansão do conceito de documentário e, em
algum sentido também, a sua superação” (Machado, 2011, p. 10).
• “Desvios”: documentário híbrido; falso documentário;
metadocumentário; documentário sonoro; animação
documental; documentário machinima, etc.
https://www.youtube.com/watch?v=RUas
yqVhOuw
Fonte: Machado (2011)
12. Linguagem: os modos do
documentários
• O teórico de cinema Bill Nichols (2005) criou o conceito de
“modo”, para referir-se ao conjunto de elementos que
organizam a lógica de um filme.
• O uso do som, a composição das imagens, o tempo dos
planos, os tipos de representação, enfim, todos os aspectos
que conformam e modulam a enunciação do relato
audiovisual.
• Nesta perspectiva, desenvolve uma categorização que é
composta por seis modos estilísticos: o modo expositivo, o
poético, o observativo, o participativo, o reflexivo e o
performático.
13. Modos do documentário
Expositivo
• Preocupação maior com a linha de argumentação do que com a forma.
• Naturalismo e verossimilhança: narração (off) dialoga e reforça o sentido das
imagens.
• Ex.: maior parte dos documentários de TV.
Poético
• Forma é priorizada: planos e montagem elaborados com fins estéticos.
• O texto pode incorporar poemas ou fragmentos de obras literárias.
• Ex.: Caramujo Flor.
Observativo
• Procura captar a realidade tal como ela acontece, com menor interferência possível.
• Descarta o uso de narração ou trilha sonora. Diretor e equipe não aparecem.
• Ex.: Cinema Direto.
Participativo
• Participação do autor/equipe é valorizada. Situações são provocadas, no contexto
de realização do filme.
• Utiliza entrevistas, depoimentos e, eventualmente, trilha sonora.
• Ex.: Cinema Verdade.
Reflexivo
• Os próprios procedimentos de realização do documentário são mostrados.
• Participantes do filme podem, por vezes, ver, opinar e até mesmo filmar parte do
trabalho. Interação e subjetividade dos participantes problematizam o trabalho.
• Ex.: O prisioneiro da grade de ferro.
Performático
• Subjetividade do autor é explicitamente exposta. Intersubjetividade questiona um
sujeito transcendental.
• Linguagem cinematográfica é utilizada de maneira mais livre.
• Ex.: 33, Santiago.
14. Tarefa: exercício de análise
• Escolher um documentário breve (mini ou curta-metragem) –
ver locais como Vimeo Staff Picks, Op-Docs | The New York
Times, Culture Unplugged, YouTube, People of Change, entre
outros – e analisar o trabalho selecionado para:
• Perceber o modo enunciativo predominante (conforme a classificação de
Nichols).
• Observar as relações que a obra possui com os diferentes estilos de
documentário vistos na aula.
• Refletir sobre como as estratégias de construção da obra, do ponto de
vista da gramática cinematográfica (planos curtos ou longos, uso de trilha
sonora, legendas, etc.) e do desenvolvimento narrativo (como é a
estrutura: possui um desenvolvimento, conflito, clímax claros? usa
recursos mais próximos do cinema ficcional? centra-se num personagem,
instituição ou numa ideia?, etc.), conformam o sentido do trabalho.
15. Referências
Machado, Arlindo. (2011) Novos territórios do documentário.
Doc On-line, n. 11, dez. Disponível em link.
Nichols, Bill. (2005) Introdução ao documentário. Campinas, SP:
Papirus.
Ramos, Fernão Pessoa. (2004) A cicatriz da tomada:
documentário, ética e imagem-intensa. In: Ramos, Fernão
Pessoa (org.). Teoria contemporânea do cinema, vol. II. São
Paulo, Ed. Senac, p. 159-228.