1) O documento discute o carisma do ministério pastoral e fatores que levam ao seu desgaste, como individualismo, autonomia em relação à Igreja e vínculo com questões econômicas.
2) O carisma pastoral é um mandato dado pela Igreja, embora a vocação seja individual. Integridade, obediência à Igreja e o modelo de ministério de Jesus Cristo são aspectos importantes do carisma.
3) O documento ressalta a centralidade do Reino de Deus na pregação e ações
1. O CARISMA DO MINISTÉRIO PASTORAL
O tema "Carisma do Ministério Pastoral" está na agenda da Igreja Metodista deste o último
Concílio Geral, realizado em julho de 2001, quando da aprovação do Plano Nacional de Ênfases e
Diretrizes.
DESGASTES NO MINISTÉRIO PASTORAL
Em função de que nos últimos anos a figura do/a pastor/a tem sofrido desgastes e fragmentação
do carisma pastoral, o tema passou a ser considerado de uma maneira mais efetiva e como uma
preocupação em se resgatar e valorizar o carisma do pastor e da pastora. São várias as situações
que nos levam a esta constatação de desgaste na imagem pastoral:
1. Individualismo e personalismo. Quando as qualidades pessoais se sobrepõem ao carisma
ministerial e o ministério pastoral é exercido centralizado na pessoa, nas suas intenções e nas
suas habilidades, há o desgaste da figura pastoral;
2. Autonomia e desintegração com as orientações da Igreja. Quando o pastorado é exercido
de forma autônoma e desintegrado das orientações da Igreja, acontece a fragmentação da
vocação pastoral;
3. Status. O ministério pastoral atribui status à pessoa e a coloca em evidência na Igreja e na
sociedade. O exercício do pastorado, exclusivamente com essa intenção, é o mesmo que raptar o
sentido apostólico do ministério pastoral;
4. Relação econômica. A figura pastoral tem estado vinculada, nos últimos anos, às questões
econômicas e financeiras. Fazer do trabalho pastoral um negócio em troca de favores financeiros
é reduzir o carisma pastoral a uma mera mercadoria;
5. A negociação entre pastor e igreja, que esteve até mesmo presente durante alguns anos na
Igreja Metodista, é transformar as ações pastorais em interesses pessoais e de grupos e diminuir
a autoridade dos atos pastorais;
6. Profissionalismo. Muito embora vivamos numa sociedade secularizada, o exercício do
pastorado destituído do seu sentido bíblico e teológico, é transformar o ministério pastoral numa
relação meramente comercial, ou seja, trabalho vs. salário;
7. A pressão que existe sobre o pastor e pastora para que copiem e introduzam na igreja local
modelos praticados por outros grupos é outro fator gerador de desgastes. Um dos modelos é o
"pastor-show", ou "animador de auditório". Esse modelo não segue o exemplo cristológico -
profeta, servo, sacerdote e deturpa a imagem do pastor que cuida das ovelhas;
8. O movimento instalado nos meios evangélicos que busca sucesso nos molde do
capitalismo e do modernismo. Para este movimento o que vale é a eficiência na pregação, nos
cultos, etc. Se os objetivos são bons ou não é relegado ao segundo plano. Pregadores se tornam
"executivos religiosos" buscando sucesso em tudo o que fazem manchando assim, a imagem do
pastor que é servo de Deus;
9. Quando se perde o sentido da vocação, do ser chamado por Deus, do ser servo de Deus, se
perde a perspectiva apostólica do ministério pastoral.
2. VOCAÇÃO
É importante considerar que todos os membros da igreja são vocacionados para servir a Deus
através do desenvolvimento dos talentos naturais e profissão (Ef 4.1). A vocação é para a
salvação, para a santificação, para o testemunho, para a vivência do discipulado cristão, para o
serviço cristão e para exercício de dons e ministérios. A palavra vocação tem origem no verbo
grego Kaléo, que tem o sentido de "chamar", "reclamar para si", e "comissionamento", portanto
vocação significa "chamada", "convocação", ou, de forma mais literal, "sair de si mesmo para
servir aquele que chamou". As cartas paulinas empregam a palavra kaléo 29 vezes, klésis oito
vezes e klétos sete vezes, quase sempre com o sentido de vocação divina . Assim, podemos falar
de uma clesiologia, ou teologia da vocação.
Outra palavra que tem relação com a vocação e origem na palavra grega kaléo é ekklesia, que
quer dizer igreja, assembléia, povo chamado por Deus e vocacionado para realizar seus planos.
Assim, a teologia da igreja é denominada de eclesiologia, que está em relação com clesiologia. A
vocação acontece sempre no contexto da Igreja, pois o vocacionado deve estar integrado ao
Corpo de Cristo .
Este sentido de vocação coloca o pastor e pastora diante dos compromissos com a Igreja que
possui o carisma de reconhecer e de ordenar seus membros para o exercício de diversos
ministérios; coloca o pastor e a pastora diante da fidelidade aos votos feitos por ocasião da
consagração ou ordenação, pois o ministério pastoral é exercido no contexto do carisma da Igreja;
coloca ainda o pastor e a pastora diante da obediência a este carisma eclesiástico e desafia a
todos os ministérios ordenados ou consagrados a desenvolverem as qualidades que expressam a
dignidade da vocação: humildade, mansidão, longanimidade, suportar uns aos outros em amor (Ef
4.2), fundamentados nos alicerces da Igreja descritos em Efésios 4.4-6.
CARISMA
O carisma pastoral é, portanto, um mandato da Igreja. É a Igreja que capacita, que avalia e que
ordena e consagra e dá o mandato. Alan Richardson afirma: "Ninguém pode dizer que recebeu
autorização direta do próprio Cristo sem a instrumentalidade própria de seu corpo, a Igreja ...". "O
ministério pastoral tem sua autenticidade reconhecida quando o carisma da Igreja de Cristo
determina os carismas individuais". A vocação, o chamado, o despertamento para o ministério
pastoral pode ser individual, ou pessoal, mas o mandato, a ordenação, a autorização para
exercício dos atos pastorais e dos sacramentos é dada exclusivamente pela Igreja.
Destacamos alguns aspectos que acompanham o carisma pastoral:
1. Integridade
Integridade vem do latim integritate e significa qualidade de íntegro; inteireza; retidão; pureza. Já o
termo íntegro significa inteiro; completo; perfeito; reto; imparcial; brioso.
O primeiro aspecto na integridade do ministério pastoral é a questão dos tesouros (Mt 6.19-24). O
foco está na relação da pessoa com as coisas que possui, as atitudes que toma e os
pensamentos que tem. Jesus não condena o dinheiro em si, mas seu apego a ele. A expressão
tesouro evidencia coisas muito importantes para alguém. Estão incluídos o status, a posição
social, a busca pelo poder. Portanto, ajuntar tesouros no céu é fazer coisas na terra cujos efeitos
durem por toda a eternidade . Trata-se do exercício de uma liderança no estilo de Jesus, que fez
do Reino de Deus prioridade.
3. Outro aspecto da integridade está nos versículos 21 e 24: "onde está o teu tesouro, aí estará
também o teu coração" e "ninguém pode servir a dois senhores". O verbo servir é muito forte na
tradição bíblica, pois o povo de Deus foi chamado para servi-lo. Esta obediência está em relação
direta com o "coração", pois o que "fazemos é o resultado do que pensamos; portanto, o que irá
determinar nossas vidas e o exercício das nossas vontades é o que pensamos, e isso por sua vez
é determinado por onde está nosso coração - tesouro".
Um ministério pastoral íntegro não está dividido entre dois senhores, tampouco age de maneira
hipócrita, tentando mostrar o que de fato não é. O apóstolo Paulo usa a expressão irrepreensível
para transmitir a Timóteo esta qualidade (I Tm 3.2). Ser irrepreensível significa ter uma boa
reputação. Esta foi uma das razões que motivou Paulo a levar consigo Timóteo, pois em Listra e
Icônio as pessoas davam bom testemunho acerca dele (Atos 16.2). O importante no caso de
Timóteo é que as pessoas falavam sobre ele; era mais de uma pessoa que falava e em dois
lugares, Listra e Icônio. Quando a Igreja Primitiva enfrentou um problema na organização e
atendimento das pessoas, os apóstolos recomendaram que fossem escolhidos sete homens de
"boa reputação", ou seja, homens íntegros (Atos 6.3).
Paulo demonstra integridade no exercício do seu ministério e no relacionamento com os cristãos (I
Ts 2.3-8). Integridade não deve ser vista aqui como perfeição ou ausência de erro, mas, sim, a
capacidade de atingir os objetivos sem corrupção ou enganos. Vejamos como esta integridade se
apresenta no texto: a) verso 3 - a pregação não foi baseada no engano, impureza e dolo - engano
no sentido de "desviar do caminho", "iludir", "seduzir (para o erro)" ou "levar ao erro"; impureza no
sentido de "más intenções" e dolo no sentido de "falsificação" ou "adulteração". Pelo contrário, a
pregação era o anúncio dos oráculos de Deus para seu povo. A pregação é o momento no qual o
pastor e a pastora alimentam o rebanho e orientam sobre a vida, sobre a fé, sobre o discipulado,
sobre a esperança, sobre o serviço cristão, sobre a família, etc. Para isto, devem dedicar tempo
para a oração, leitura, reflexão e preparação do sermão; b) verso 4 - não para agradar a homens e
sim a Deus. É necessário que fique bem compreendido o que Paulo está afirmando, pois ele fala
num contexto onde muitos procuravam ganhar vantagens dos homens agradando-os de diversas
maneiras. A motivação para agradar era falsa pois não tinha o interesse pelo bem-estar dos
outros. Paulo está dizendo que a preocupação dele e dos companheiros não era o tornarem-se
populares e assim receberem favores. Pelo contrário, eles haviam sido maltratados em Filipos e
por todos os lugares onde passavam, pois a preocupação era com a pregação do evangelho de
Jesus Cristo; d) versos 7-8 - Paulo revela que estavam prontos a dar a própria vida em favor dos
Tessalonicenses e que trataram os cristãos com amor e carinho.
2. O ministério de Jesus Cristo é o modelo para o ministério ordenado da Igreja
Ele inicia seu ministério dizendo que o "tempo está completo e o Reino está próximo" (Mc
1.14-15). Dois verbos apontam que o eixo central da pregação de Jesus é o Reino de Deus:
pleróo - encher, completar, atingir seu fim, cumprir e eggízo - chegar perto, aproximar-se. Como o
verbo vem conjugado na 3ª pessoa do singular do perfeito do indicativo, da voz ativa, deve ser
traduzido por chegou, acabou de chegar ou é chegado.
A pregação e o ministério de Jesus são acompanhados de alguns dos sinais do Reino de Deus:
Discipulado - Mc 1.16-20. O objetivo do discipulado é o atendimento das necessidades da
multidão (Mt 9.36; 10.1). Jesus, através do ensino público e privado e da convivência, preparou
seus discípulos para o cumprimento da missão (Mc 3.13-15). Sem deixar de lado o ministério
público onde atendia as multidões que o procuravam com as mais diversas intenções, Jesus
4. dedicou grande parte do seu tempo para ensinar e preparar seus discípulos e enviá-los para o
cuidado pastoral.
Libertação - Mc 1.21-28. A libertação das opressões, dos vícios, dos pecados, das injustiças
sociais e religiosas que eram cometidas naquela época, da falta de consciência de classe e de
cidadania, também acompanha o ministério de Jesus e sinaliza a presença do Reino. Na época de
Jesus o número de pessoas pobres e mendigas era muito grande, em decorrência da situação
social, econômica e política. O povo não tinha acesso aos meios de produção e muitos viviam na
mendicância. Isto causava uma série de problemas emocionais, psicológicos, religiosos, mentais,
físicos, espirituais, morais, familiares, etc. O ministério de Jesus apontava o Reino de Deus para
estas pessoas que eram acolhidas com solidariedade, empatia e interesse pelo bem estar das
mesmas.
Curas - Mc 1.29-34. A cura das doenças físicas, emocionais, sentimentais e psicológicas é outro
sinal do Reino. Na época o povo vivia oprimido pela situação e não tinha acesso ao tratamento de
saúde e aos recursos da medicina. São muitas as curas relatadas pelos Evangelhos, mas Jesus
revela que não queria ser conhecido por causa dos milagres, e sim por causa do Reino de Deus.
Após realizar algum milagre Jesus pede para que as pessoas não contem a ninguém (Mc 1.44 e
3.12). Jesus não buscava promoção pelos atos pastorais que ofereciam a cura, mas sim oferecer
a nova vida.
Oração - Mc 1.35-39. A oração é sinal de vida e esperança. Ora quem tem força para crer no novo
e para lutar pela mensagem do Reino. Os Evangelhos narram várias vezes Jesus orando a Deus
(Mt 14.23, 26.36, 26.39, 26.42; Mc 6.46, 14.35, 14.39; Lc 3.21, 6.12, 5.16, 9.18, 9.28, 9.29, 11.1,
22.41, 22.44 e outras referências). Em algumas destas referências foi conservado o uso da
palavra aramaica abba: Mc 14.36, Mt 6.9, 11.25, 26.42, Lc 23.34,46 e João 11.41, 12.27, 17.1,5,
11, 21,24. Esta palavra era usada pelas crianças no dia a dia para referir-se ao seu pai. Uma outra
inovação de Jesus foi quanto ao caráter da oração. Na tradição judaica a oração era um rito
definido, obrigatório, formal e inconseqüente. A oração na vida e ministério de Jesus foi resultado
de um compromisso com o Reino dos Céus.
A oração deve acompanhar a vocação, a consagração e ordenação, as nomeações e as ações
pastorais. A oração do pastor servo segue este modelo: "Senhor, me ajude a compreender o
poder do amor, para que eu não seja levado pelo amor ao poder. Me ajude a compreender a
autoridade do respeito, para que eu não seja tentado a exigir o respeito a minha autoridade. Que
seja o meu egoísmo crucificado contigo para que, de fato, tu possas viver em mim. Que aqueles
sobre os quais sou chamado à liderança sejam mais discípulos do que súditos. E que eu tenha a
liberdade de desafiá-los dizendo: sejam meus imitadores como eu sou de Cristo".
Restauração - Mc 1.40-45. A Restauração do leproso é um dos grandes sinais da presença do
Reino de Deus e no ministério de Jesus. O leproso era marginalizado pela sociedade e pela
religião. Vivia num local isolado do resto da sociedade e era considerado "impuro", "pecador" e
proibido de relacionar-se com uma pessoa "pura". O povo em geral, principalmente os religiosos,
era proibido de se aproximar de um leproso sob pena de ficar contaminado. Vemos que Jesus
restaura a vida deste homem quando toca nele, curando-o. O leproso era considerado um morto-
vivo no qual o juízo de Deus se manifestava. Jesus resgata a dignidade de ser humano deste
leproso e integra-o novamente à sociedade e à religião. Nesta atitude Jesus está questionando as
leis religiosas da época que ensinavam que um leproso, ou qualquer outro doente, era pecador e
não merecia a graça de Deus.
5. Portanto, o ministério de Jesus é o modelo para o nosso ministério. Jesus se apresenta como o
bom pastor, solícito pelas suas ovelhas a ponto de dar por elas a própria vida (Jo 10,1-18).
3. Nomeação Pastoral
Quando de fala do carisma no ministério do pastor e da pastora tem que se considerar a
nomeação pastoral. A nomeação pastoral é comissionamento e autorização para que o ministério
e atos pastorais sejam exercidos em nome da Igreja que consagrou e ordenou o pastor e a
pastora.
Na Igreja Metodista o carisma é dado de forma conciliar, ou seja, são os Concílios da Igreja que
elegem os pastores e pastoras e a nomeação pastoral é uma atribuição e responsabilidade
episcopal. Para cumprir com esta função os bispos e bispa da Igreja Metodista se assessoram dos
Superintendentes Distritais e de instrumentos tais como Plano de Ação da Igreja Local, Avaliação
do Plano de Ação da Igreja Local, entrevistas e acompanhamento junto aos pastores e pastoras.
Nomeação é o ato ou efeito de instituir, de designar, de atribuir responsabilidade ou função, etc.
Portanto, sob o carisma da Igreja e a vocação de Deus, quem nomeia e quem recebe nomeação
devem considerar sempre aspectos como estes:
a) "O ministério pastoral deve seguir as pegadas de Cristo, ou seja, Ele nos chamou, nos
escolheu, nos consagrou e nos enviou. Quem é enviado por Cristo não está centrado em si
mesmo, mas sim naquele que enviou, Cristo: o enviado não se deixa guiar por suas próprias
idéias, mas pelo Espírito Santo de Deus; não determina as coisas, mas discerne a vontade de
Deus; não realiza seus planos, mas participa da construção do Reino; não se impõe, mas vive na
docilidade do Espírito; não desiste nas dificuldades, mas se apoio no Espírito Santo; não defende
sua opinião, mas deixa o espírito falar por ele; não se torna dono, mas servo da ação de Deus;
não decide sua vida, mas deixa o Espírito Santo traçar seu caminho e guiar seus passos".
b) O pastor e a pastora são servos de Deus, vocacionados, consagrados e comissionados para o
trabalho pastoral e, portanto, chamados a renunciar (Mt 10.3-15), sem o que haverá muitas
dificuldades para um cumprimento cabal do ministério pastoral. Vocação não significa a
concordância de Deus com os projetos pessoais, mas renúncia a projetos e expectativas pessoais
e familiares para servir a Deus;
c) A vocação e a nomeação pastoral não libera a pessoa do estudo e da formação. Na escola do
Reino de Deus o aprendizado tem dia para começar, mas não tem dia para terminar. O pastor e a
pastora que não se submeter ao aprendizado sistemático e diligente será um ministro
indisciplinado, sem conteúdo, indolente e ineficiente em sua ação pastoral;
d) Receber o comissionamento sem a tentação de olhar para trás é imperativo, pois não é digno
do Reino de Deus o trabalhador que lança mão do arado e olha para trás (Lc 9.62). A tentação de
olhar para trás e contemplar o que foi deixado, tal como família, emprego, moradia, salário e
gratificação, é muito grande, mas não combina com servos e servas que se submeteram à
vocação e consagração para um ministério de serviço e dedicação, como é o ministério pastoral;
e) A nomeação é uma manifestação da confiança da Igreja para com o pastor e pastora.
Independente do tipo de igreja local, projeto ou segmento para o qual sejamos nomeados, o ato
de nomeação apresenta no seu bojo este mandato para ser exercido em nome da Igreja. Neste
sentido, nomeação é autorização para o exercício do mais sublime dos ministérios em nome de
6. Deus, o ministério de cuidar, guiar, instruir, educar e pastorear o rebanho. Não importa o aprisco e
nem o seu tamanho, o fundamental é o cuidado com as ovelhas.
DESAFIOS DO MINISTÉRIO PASTORAL REVESTIDO DO CARISMA
À guisa de conclusão fazemos destacamos alguns desafios para o ministério pastoral revestido do
carisma, desafios estes que evidenciam a importância do carisma pastoral para a vida e missão
da Igreja:
1. Estar junto às ovelhas. Nossas igrejas locais esperam por um ministério pastoral motivador
dos dons e ministérios e, ao mesmo tempo, presente e articulador do trabalho evangelístico e
missionário. Nosso povo quer o pastor e a pastora junto de si, visitando e conduzindo o rebanho
com alegria e segurança. Nosso quadro pastoral apresenta este perfil, embora necessite ser
aperfeiçoado em alguns casos. João Wesley recomendava a visitação aos pregadores leigos:
"Não conheço atividade pastoral alguma de maior importância que essa. Sem dúvida, é um
trabalho muito penoso e só posso depender de uns poucos, entre nós pregadores, que se
comprometem a fazê-lo".
2. Observar valores éticos, morais e da cidadania. O ministério pastoral é exercido no ambiente
social em que a Igreja está estabelecida. Neste sentido, o carisma pastoral não coloca a pessoa
acima das leis ou das conseqüências da mesma. Para um pleno exercício do carisma dado pela
Igreja, o pastor e a pastora devem observar os valores éticos, morais e os da cidadania. Estes
valores dão legitimidade para o carisma perante a sociedade em geral.
3. Ter fidelidade às decisões conciliares. Como o carisma pastoral é um mandato da Igreja, o
pastor e a pastora devem observar as decisões conciliares, as orientações episcopais e os
documentos que fundamentam a vida e a missão da Igreja Metodista. Ao ser acolhida pela Igreja
para o exercício do ministério pastoral, a pessoa assume a identidade e a confessionalidade da
Igreja. O ministério pastoral sem esta característica de fidelidade e obediência fica destituído do
seu carisma, pois o pastor e pastora são servos de Deus, servos do mundo, servos da Igreja e
servos uns dos outros.
4. Desenvolver a espiritualidade. A prática da espiritualidade é fundamental para o ministério
pastoral, pois ela possibilita que o pastor e a pastora contemplem a Cristo, o Sumo Sacerdote e
Senhor. Esta relação pessoal com Cristo alimenta o carisma pastoral: "sentimos a necessidade de
uma renovação e revitalização da consciência vocacional do ministério pastoral, a fim de nos
dispormos a pregar o Cristo exigido por ela. Sem essa consciência vocacional e sem
disponibilidade para a obra, seria inútil qualquer planejamento...".
Ao desenvolver a sua espiritualidade o pastor e a pastora alimentam a dimensão da ordenação e
da consagração, como um ministério que é alimentado pelo Espírito Santo e que é exercido numa
comunidade onde diversidade de talentos, dons e ministérios.
5. Amar. O amor deve permear todas as ações pastorais. O ministério pastoral é marcado pela
doação e pela dedicação aos outros. O pastor não foi chamado para resolver problemas dos
membros da igreja, mas sim para pastorear e desenvolver o cuidado pastoral. Ao ser indagado por
Jesus (João 21.15-23), Pedro recebeu seu chamado para pastorear o rebanho. Em Romanos 5.5
lemos que "o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi
outorgado". O amor promove a gratuidade e a alegria do serviço.
7. 6. Usar o púlpito adequadamente. O púlpito é o ápice do pastoreio, pois através da pregação da
Palavra de Deus, o pastor e a pastora orientam o rebanho, alimentam e desafiam ao serviço
cristão e ao comprometimento com o Evangelho de Jesus Cristo. O púlpito bem utilizado facilita
em muito o trabalho pastoral. Ser um bom pregador, ou boa pregadora, significa que o pastor ou a
pastora sabe "onde receber a sua mensagem e ainda, coisa mais importante, sabe a quem vai
pregar e para quê".
Aula inaugural do primeiro semestre de 2004 da Faculdade de Teologia, ministrada pelo Revmo. Bispo
Metodista Josué Adam Lazier, em 11 de fevereiro de 2004.