SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Baixar para ler offline
O Metodismo descobre o povo
A pregação ao ar livre
Após treze anos de busca, João Wesley pessoalmente apropriou a fé em Deus, por
meio de Cristo, acompanhada dos frutos de paz com Deus (pois Deus o perdoara, não mais
o condenava - Rm 8.1) e da vitória sobre o pecado. Tudo isso ocorreu na noite de 24 de
maio de 1738.
A experiência não lhe ofereceu nenhum programa ou esquema que, elaborado, seria
o Movimento Metodista. Mas Wesley começou naquela mesma noite a compartilhar com
todas as pessoas, presentes naquela reunião à Rua Aldersgate, o que Deus acabava de
efetuar no seu coração ("Então testemunhei abertamente a todos os presentes aquilo que,
pela primeira vez, sentia no meu coração"). Wesley começou a aproveitar todas as
oportunidades para compartilhar sua experiência de fé com familiares e companheiros e,
para tornar a experiência mais compreensível, ele logo escreveu uma autobiografia
espiritual, a qual mostrou primeiro à sua mãe Susana e, posteriormente, publicou-a no
Diário público, para maior divulgação. As Sociedades Religiosas, já existentes em muitas
cidades, também lhe serviram de lugares propícios para tal divulgação, bem como a
Sociedade de Fetter Lane, fundada pelos próprios irmãos Wesley. Ele também aproveitou
convites que recebia para pregarem igrejas anglicanas; mas os párocos, escandalizados com
o que lhes parecia "fanatismo" e, talvez, a heresia de Wesley, logo lhe fecharam as portas
das igrejas.
Analisando essa primeira fase do movimento, creio que podemos afirmar que
Wesley intuía a necessidade dessa gente - seus familiares, seus companheiros religiosos, os
membros mais sérios da Igreja Anglicana (que participavam das Sociedades Religiosas, em
busca de uma vida cristã digna e ainda os que pelo menos freqüentavam os cultos
anglicanos). Ele como que "sentia" as necessidades religiosas dessa gente, pois eram
pessoas que, como ele antes de Aldersgate, tinham a "forma" da santidade sem o seu
"poder" (cf. 2Tm 3.5).
Possivelmente, as atividades do "Clube Santo" tenham fornecido uma espécie de
preparação para os acontecimentos de 1739 - a criação da escola para crianças pobres de
Oxford; a visitação aos condenados e encarcerados etc. Mas não é fácil perceber no
Wesley, entre maio de 1738 e março/abril de 1739, uma grande preocupação com pessoas
que só mantinham uma tênue, ou nenhuma, ligação com a religião oficial, pessoas que não
possuíam nem a “forma” e, muito menos, o “poder” da santidade. Quem primeiro se
conscientizou das necessidades dessa gente, não apenas afastada da Igreja, como também
esquecida por ela, foi Jorge Whitefield.
I - PERCEBENDO A NECESSIDADE DO POVO
Jorge Whitefield se encontrava em Bristol, onde pregava nas Igrejas Anglicanas,
sendo ele próprio sacerdote daquela Igreja. Depois, barrado dos púlpitos dos templos
Anglicanos, ele buscou um novo auditório, nas cadeias da cidade (antiga prática
"metodista"), mas logo se viu proibido de pregar para essa gente esquecida da sociedade.
Quase em desespero, ele começou a pregar aos mineiros, na hora em que safam das minas,
após sua longa e estafante jornada de trabalho. Ele descobriu nessa gente um auditório
sedento da mensagem que proclamava.
Tendo descoberto o povo, povo antes "invisível", a necessidade, do mesmo, de ouvir
a boa nova do amor de Deus, tornava-se óbvia. Eles eram como ovelhas sem pastor (Mt
9.36), abandonados pela religião oficial, da qual tão pouco participavam.
No caso de Whitefield, a repetida frustração havia como que o empurrado para os
mineiros. Sempre irrequieto, ele havia escrito para seu amigo João Wesley sobre o que
acontecia, e apelou veementemente para que este lhe ajudasse na obra. Wesley recebeu o
apelo com uma reação mista -ele se encontrou ao mesmo tempo fascinado com as
possibilidades dessa nova modalidade de evangelização, como repelido pela novidade que
se lhe apresentava quase indecente.
II . EM QUE BASE BÍBLICO-TEOLÓGICA DESEMPENHAR A MISSÃO?
Que fazer para saber se essa inovação, a pregação ao ar livre, poderia ser a vontade
de Deus? Ir, ou não ir? Diante do dilema, Wesley se valeu da bibliomancia, a saber,
consultou a Bíblia, como se fosse oráculo. No dia 27 de março, 1739, ele abriu sua Bíblia
repetidas vezes, aleatoriamente, achando, entre outras, as seguintes passagens: Dt 32.49, 50
e 34.8; Atos 9.16 e 8.2. (Estas passagens devem ser lidas!) Seu intuito era, sem dúvida,
"ouvir" o que Deus lhe dizia frente o convite insistente. E que foi que ouviu? Todos os
trechos que leu pareciam indicar sofrimento, morte, martírio. Deus estaria dizendo a
Wesley “Não vá!"? Wesley concluiu o contrário; Deus estaria lhe dizendo "Vá, pois eu
preciso de um verdadeiro mártir (testemunha) entre essas ovelhas desgarradas". E João
Wesley foi até Bristol!
Foi com temor e tremor. Ao chegar, conforme registra no seu Diário, ainda achava
quase pecado alguém se salvar fora da Igreja (31/03/1739).
Sucedeu-se, em rápida seqiiência, uma série de eventos inter-relacionados, cada um
com sua carga de significado.
1) Ele acompanhou, ainda cheio de dúvidas e desassossego, Whitefield, na sua pregação ao
ar livre, no domingo, 1° de abril de 1739, e viu com seus próprios olhos como o povo
recebia a mensagem.
2) Impressionado com o evento da tarde, Wesley preparou o sermão que pregaria aquela
noite, na Sociedade. Ele escolheu um trecho que havia lido e comentado inúmeras vezes, o
Sermão do Monte. Mas, embora conhecesse o trecho quase de cor, um dos elementos mais
plenos de significação da "situação" do sermão de Jesus nunca lhe tinha ocorrido antes: que
Jesus não havia pregado aquele sermão no Templo e nem na Sinagoga; não, Jesus havia
levado sua mensagem ao povo, ao ar livre! Percebendo isso, Wesley registrou sua nova
compreensão no Diário (01/03/1739) como "um bem notável precedente em favor da
pregação ao ar livre".
3) Mediante o exemplo e os resultados da pregação de Whitefield, o exemplo agora tão
claro da pregação de Jesus, e com a releitura que começou a fazer do fato que Jesus levava
sua preciosa mensagem ao povo, Wesley pôs de lado todo seu preconceito e converteu-se
aos pobres.
Algo do custo emocional do seu ato de levar a boa nova diretamente ao povo deixase transparecer na própria linguagem que ele emprega no registro do dia 2 de abril de 1739,
data que merece um destaque especial entre os metodista:
Às 16 horas, eu consenti em me fazer mais desprezível (cf 2Sm 6.22) e proclamei nas
encruzilhadas (cf Mt 229) a boa nova da salvação (...) a mais ou menos 3000 pessoas.
A escolha do seu texto, Lc 4.18-19, longe de acidental, mostra que Wesley percebia
na missão de Jesus uma missão em favor e no meio do povo, e que se via na mesma
situação quando safa da Igreja e proclamava "nas encruzilhadas" as boas novas do Reino!
III - A PREGAÇÃO AO AR LIVRE E O SEU COMPLEMENTO
O leitor já terá percebido que o método que os metodistas adotaram para alcançar as
multidões na Inglaterra no Século XVIII era a PREGAÇÃO AO AR LIVRE. Mas, em certo
sentido, isso era apenas um lado da moeda. Quando o metodismo nascente descobriu a
multidão, isso não significou seu abandono dos pequenos grupos. Curiosamente, durante o
ano de 1739, o ano em que o metodismo conscientemente adotou a pregação "nos campos",
como Wesley a denominava, Wesley teve uma experiência traumática, na sua amada
Sociedade de Fetter Lane. Surgiu entre seus membros a prática do "quietismo", a saber, a
crença de que Deus salva unicamente pela sua graça e que as pessoas deviam esperar
passivas, "quietas", até que recebessem tal dom. Incapaz de extirpar essa idéia, Wesley e
alguns companheiros se separaram da Sociedade.
No final do mesmo ano, algumas pessoas, despertadas pela obra de Wesley, pediram
que fosse seu orientador espiritual. Wesley aceitou a incumbência, organizando essas
pessoas em uma sociedade. Eu creio que as finalidades dessa sociedade (no meu entender, a
primeira sociedade que Wesley criou que merece ser considerada plenamente metodista)
podem ser mais bem compreendidas mediante um estudo das Regras Gerais, que ele
elaborou para a orientação dos seus membros (Já escrevi mais de uma vez sobre o sentido
das Regras Gerais, e não quero repetir isso aqui. Mas devemos lembrar que a chave para
entender as Regras é Lc 3.7-14; "evitar o mal" era muito mais do que não fumar, jogar ou
beber; incluía "não ajuntar tesouro sobre a terra"; "praticar o bem" começava com o corpo,
e lembra Mt 25; "usar os meios de graça" garantia a íntima relação dos metodistas à Igreja
Anglicana e à viva participação na sua vida).
Mas o que quero frisar especialmente aqui é que o povo era inicialmente atingido
pela pregação ao ar livre; o povo era disciplinado, ensinado, edificado e encaminhado à
missão, através das sociedades e classes metodistas, o que completou a primeira obra.
Talvez a melhor testemunha desse fato seja o próprio Whitefield, tido como maior
evangelista que Wesley. Mas, no fim da vida, Whitefield disse a Wesley: "O meu povo é
uma corda de areia", isto é, sem força, sem coesão, sem permanência. Isto porque
Whitefield não havia organizado e forjado seus conversos em corporação capaz de
conservar os efeitos da sua conversão e de os capacitar para a missão.
Duncan Alexander Reily

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

A reforma-wesleyana-do-século-xvii
A reforma-wesleyana-do-século-xviiA reforma-wesleyana-do-século-xvii
A reforma-wesleyana-do-século-xviiPaulo Dias Nogueira
 
Catolicismo romano à luz das escrituras
Catolicismo romano à luz das escriturasCatolicismo romano à luz das escrituras
Catolicismo romano à luz das escriturasREFORMADOR PROTESTANTE
 
Cartilha montada 22_07 (1)
Cartilha montada 22_07 (1)Cartilha montada 22_07 (1)
Cartilha montada 22_07 (1)Jose Moraes
 
LBA Lição 13 - O cultivo das relações interpessoais
LBA Lição 13 - O cultivo das relações interpessoaisLBA Lição 13 - O cultivo das relações interpessoais
LBA Lição 13 - O cultivo das relações interpessoaisNatalino das Neves Neves
 
Até Reformistas omitem texto de Urias Smith Sobre o "Filho Unigênito de Deus"
Até Reformistas omitem texto de Urias Smith Sobre o "Filho Unigênito de Deus"Até Reformistas omitem texto de Urias Smith Sobre o "Filho Unigênito de Deus"
Até Reformistas omitem texto de Urias Smith Sobre o "Filho Unigênito de Deus"ASD Remanescentes
 
Lição 11- A Tolerância Cristã
Lição 11- A Tolerância CristãLição 11- A Tolerância Cristã
Lição 11- A Tolerância CristãRegio Davis
 
A054 EAE DM - FUNDAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ - 20190327V5
A054 EAE DM - FUNDAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ - 20190327V5A054 EAE DM - FUNDAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ - 20190327V5
A054 EAE DM - FUNDAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ - 20190327V5Daniel de Melo
 
AULA 065 EAE DM - A PREDESTINAÇÃO SEGUNDO A DOUTRINA DE PAULO - 20170316
AULA 065 EAE DM - A PREDESTINAÇÃO SEGUNDO A DOUTRINA DE PAULO - 20170316AULA 065 EAE DM - A PREDESTINAÇÃO SEGUNDO A DOUTRINA DE PAULO - 20170316
AULA 065 EAE DM - A PREDESTINAÇÃO SEGUNDO A DOUTRINA DE PAULO - 20170316Daniel de Melo
 
A família católica, 24 edição, maio 2015(2)
A família católica, 24 edição, maio 2015(2)A família católica, 24 edição, maio 2015(2)
A família católica, 24 edição, maio 2015(2)A Família Católica
 
4 Motivos Para Você não ir Para Emaús
4 Motivos Para Você não ir Para Emaús4 Motivos Para Você não ir Para Emaús
4 Motivos Para Você não ir Para EmaúsSamuel Couto
 
Características e consequências do Secularismo na Igreja
Características e consequências do Secularismo na IgrejaCaracterísticas e consequências do Secularismo na Igreja
Características e consequências do Secularismo na IgrejaIPB706Sul
 
Cartas a um cristão arrasado Gene edwards
Cartas a um cristão arrasado   Gene edwardsCartas a um cristão arrasado   Gene edwards
Cartas a um cristão arrasado Gene edwardsAlex Martins
 
Lição 06 - Tiatira, a igreja tolerante
Lição 06 - Tiatira, a igreja toleranteLição 06 - Tiatira, a igreja tolerante
Lição 06 - Tiatira, a igreja toleranteAilton da Silva
 
PROJEÇÃO_LIÇÃO 8 - A IMPUREZA DA IGREJA DE CORINTO
PROJEÇÃO_LIÇÃO 8 -  A IMPUREZA DA IGREJA DE CORINTOPROJEÇÃO_LIÇÃO 8 -  A IMPUREZA DA IGREJA DE CORINTO
PROJEÇÃO_LIÇÃO 8 - A IMPUREZA DA IGREJA DE CORINTOPastor Natalino Das Neves
 
Doutrina i corintios
Doutrina  i corintiosDoutrina  i corintios
Doutrina i corintiosJoel Silva
 

Mais procurados (19)

A reforma-wesleyana-do-século-xvii
A reforma-wesleyana-do-século-xviiA reforma-wesleyana-do-século-xvii
A reforma-wesleyana-do-século-xvii
 
Catolicismo romano à luz das escrituras
Catolicismo romano à luz das escriturasCatolicismo romano à luz das escrituras
Catolicismo romano à luz das escrituras
 
Cartilha montada 22_07 (1)
Cartilha montada 22_07 (1)Cartilha montada 22_07 (1)
Cartilha montada 22_07 (1)
 
LBA Lição 13 - O cultivo das relações interpessoais
LBA Lição 13 - O cultivo das relações interpessoaisLBA Lição 13 - O cultivo das relações interpessoais
LBA Lição 13 - O cultivo das relações interpessoais
 
Até Reformistas omitem texto de Urias Smith Sobre o "Filho Unigênito de Deus"
Até Reformistas omitem texto de Urias Smith Sobre o "Filho Unigênito de Deus"Até Reformistas omitem texto de Urias Smith Sobre o "Filho Unigênito de Deus"
Até Reformistas omitem texto de Urias Smith Sobre o "Filho Unigênito de Deus"
 
Lição 11- A Tolerância Cristã
Lição 11- A Tolerância CristãLição 11- A Tolerância Cristã
Lição 11- A Tolerância Cristã
 
A054 EAE DM - FUNDAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ - 20190327V5
A054 EAE DM - FUNDAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ - 20190327V5A054 EAE DM - FUNDAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ - 20190327V5
A054 EAE DM - FUNDAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ - 20190327V5
 
Tiatira 02
Tiatira 02Tiatira 02
Tiatira 02
 
Os Tudo De Paulo De Tarso
Os Tudo De Paulo De TarsoOs Tudo De Paulo De Tarso
Os Tudo De Paulo De Tarso
 
AULA 065 EAE DM - A PREDESTINAÇÃO SEGUNDO A DOUTRINA DE PAULO - 20170316
AULA 065 EAE DM - A PREDESTINAÇÃO SEGUNDO A DOUTRINA DE PAULO - 20170316AULA 065 EAE DM - A PREDESTINAÇÃO SEGUNDO A DOUTRINA DE PAULO - 20170316
AULA 065 EAE DM - A PREDESTINAÇÃO SEGUNDO A DOUTRINA DE PAULO - 20170316
 
A família católica, 24 edição, maio 2015(2)
A família católica, 24 edição, maio 2015(2)A família católica, 24 edição, maio 2015(2)
A família católica, 24 edição, maio 2015(2)
 
4 Motivos Para Você não ir Para Emaús
4 Motivos Para Você não ir Para Emaús4 Motivos Para Você não ir Para Emaús
4 Motivos Para Você não ir Para Emaús
 
Características e consequências do Secularismo na Igreja
Características e consequências do Secularismo na IgrejaCaracterísticas e consequências do Secularismo na Igreja
Características e consequências do Secularismo na Igreja
 
Romanizacao do adventismo
Romanizacao do adventismoRomanizacao do adventismo
Romanizacao do adventismo
 
Cartas a um cristão arrasado Gene edwards
Cartas a um cristão arrasado   Gene edwardsCartas a um cristão arrasado   Gene edwards
Cartas a um cristão arrasado Gene edwards
 
Lição 06 - Tiatira, a igreja tolerante
Lição 06 - Tiatira, a igreja toleranteLição 06 - Tiatira, a igreja tolerante
Lição 06 - Tiatira, a igreja tolerante
 
PROJEÇÃO_LIÇÃO 8 - A IMPUREZA DA IGREJA DE CORINTO
PROJEÇÃO_LIÇÃO 8 -  A IMPUREZA DA IGREJA DE CORINTOPROJEÇÃO_LIÇÃO 8 -  A IMPUREZA DA IGREJA DE CORINTO
PROJEÇÃO_LIÇÃO 8 - A IMPUREZA DA IGREJA DE CORINTO
 
Doutrina i corintios
Doutrina  i corintiosDoutrina  i corintios
Doutrina i corintios
 
Católicos
CatólicosCatólicos
Católicos
 

Destaque (20)

América Latina: Entrevista con el Keniano Alex Gakuru Computación en la nube:...
América Latina: Entrevista con el Keniano Alex Gakuru Computación en la nube:...América Latina: Entrevista con el Keniano Alex Gakuru Computación en la nube:...
América Latina: Entrevista con el Keniano Alex Gakuru Computación en la nube:...
 
Final unit plan
Final unit planFinal unit plan
Final unit plan
 
2014's Top 10 Best Soy Protein Powders
2014's Top 10 Best Soy Protein Powders2014's Top 10 Best Soy Protein Powders
2014's Top 10 Best Soy Protein Powders
 
124 anos(vesp)
124 anos(vesp)124 anos(vesp)
124 anos(vesp)
 
конкурс
конкурсконкурс
конкурс
 
Organo gold presentation
Organo gold presentationOrgano gold presentation
Organo gold presentation
 
Tarea7 reyes
Tarea7 reyesTarea7 reyes
Tarea7 reyes
 
SEMINARIO 8
SEMINARIO 8SEMINARIO 8
SEMINARIO 8
 
Presentation riza
Presentation rizaPresentation riza
Presentation riza
 
Recommended Security Practices on IBM Switches and Routers
Recommended Security Practices on IBM Switches and RoutersRecommended Security Practices on IBM Switches and Routers
Recommended Security Practices on IBM Switches and Routers
 
SALES COACHING - Treinamento e Estratégia de Vendas
SALES COACHING - Treinamento e Estratégia de VendasSALES COACHING - Treinamento e Estratégia de Vendas
SALES COACHING - Treinamento e Estratégia de Vendas
 
Media pembelajaran bahasainggris bahasa inggris
Media pembelajaran bahasainggris bahasa inggrisMedia pembelajaran bahasainggris bahasa inggris
Media pembelajaran bahasainggris bahasa inggris
 
Culto dia mundial oracao dia int_mulheres_web
Culto dia mundial oracao   dia int_mulheres_webCulto dia mundial oracao   dia int_mulheres_web
Culto dia mundial oracao dia int_mulheres_web
 
Mini's Balsamiq's
Mini's Balsamiq'sMini's Balsamiq's
Mini's Balsamiq's
 
Unión dinástica. españa
Unión dinástica. españaUnión dinástica. españa
Unión dinástica. españa
 
Laura socha niño
Laura socha niñoLaura socha niño
Laura socha niño
 
23
2323
23
 
Historia de la Ingenieria
Historia de la IngenieriaHistoria de la Ingenieria
Historia de la Ingenieria
 
Elcrucigrama
ElcrucigramaElcrucigrama
Elcrucigrama
 
Kimia organik part 3
Kimia organik part 3Kimia organik part 3
Kimia organik part 3
 

Semelhante a A descoberta do povo e a pregação ao ar livre

Linha de Esplendor Sem Fim - Histórias missionárias metodistas
Linha de Esplendor Sem Fim - Histórias missionárias metodistasLinha de Esplendor Sem Fim - Histórias missionárias metodistas
Linha de Esplendor Sem Fim - Histórias missionárias metodistasSammis Reachers
 
Metodismo oxford, geórgia e londres (em marcha)
Metodismo   oxford, geórgia e londres (em marcha)Metodismo   oxford, geórgia e londres (em marcha)
Metodismo oxford, geórgia e londres (em marcha)Paulo Dias Nogueira
 
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (3)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (3)Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (3)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (3)Luiza Dayana
 
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (2)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (2)Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (2)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (2)Luiza Dayana
 
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (4)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (4)Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (4)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (4)Luiza Dayana
 
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fimHalford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fimLuiza Dayana
 
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (1)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (1)Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (1)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (1)Luiza Dayana
 
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (5)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (5)Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (5)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (5)Luiza Dayana
 
Arminianismo e metodismo josé goncalves salvador
Arminianismo e metodismo   josé goncalves salvadorArminianismo e metodismo   josé goncalves salvador
Arminianismo e metodismo josé goncalves salvadorDouglas Martins
 
Metodismo oxford, geórgia e londres (em marcha) com figuras
Metodismo   oxford, geórgia e londres (em marcha) com figurasMetodismo   oxford, geórgia e londres (em marcha) com figuras
Metodismo oxford, geórgia e londres (em marcha) com figurasPaulo Dias Nogueira
 
Acao social crista
Acao social cristaAcao social crista
Acao social cristaMarcos Lino
 
via-sacra-sao-josemaria-escriva-pdf
via-sacra-sao-josemaria-escriva-pdfvia-sacra-sao-josemaria-escriva-pdf
via-sacra-sao-josemaria-escriva-pdfMariGiopato
 

Semelhante a A descoberta do povo e a pregação ao ar livre (20)

Linha de Esplendor Sem Fim - Histórias missionárias metodistas
Linha de Esplendor Sem Fim - Histórias missionárias metodistasLinha de Esplendor Sem Fim - Histórias missionárias metodistas
Linha de Esplendor Sem Fim - Histórias missionárias metodistas
 
Metodismo oxford, geórgia e londres (em marcha)
Metodismo   oxford, geórgia e londres (em marcha)Metodismo   oxford, geórgia e londres (em marcha)
Metodismo oxford, geórgia e londres (em marcha)
 
Aldersgate
AldersgateAldersgate
Aldersgate
 
Linha de esplendor sem fim
Linha de esplendor sem fimLinha de esplendor sem fim
Linha de esplendor sem fim
 
John Wesley
John WesleyJohn Wesley
John Wesley
 
Metodismo nos estados unidos
Metodismo nos estados unidosMetodismo nos estados unidos
Metodismo nos estados unidos
 
Metodismo na inglaterra
Metodismo na inglaterraMetodismo na inglaterra
Metodismo na inglaterra
 
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (3)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (3)Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (3)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (3)
 
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (2)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (2)Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (2)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (2)
 
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (4)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (4)Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (4)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (4)
 
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fimHalford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim
 
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (1)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (1)Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (1)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (1)
 
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (5)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (5)Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (5)
Halford e luccok-linha_de_esplendor_sem_fim (5)
 
Arminianismo e metodismo josé goncalves salvador
Arminianismo e metodismo   josé goncalves salvadorArminianismo e metodismo   josé goncalves salvador
Arminianismo e metodismo josé goncalves salvador
 
Metodismo oxford, geórgia e londres (em marcha) com figuras
Metodismo   oxford, geórgia e londres (em marcha) com figurasMetodismo   oxford, geórgia e londres (em marcha) com figuras
Metodismo oxford, geórgia e londres (em marcha) com figuras
 
Metodismo em oxford (fotos)
Metodismo em oxford (fotos)Metodismo em oxford (fotos)
Metodismo em oxford (fotos)
 
A doutrina da igreja
A doutrina da igrejaA doutrina da igreja
A doutrina da igreja
 
Acao social crista
Acao social cristaAcao social crista
Acao social crista
 
via-sacra-sao-josemaria-escriva-pdf
via-sacra-sao-josemaria-escriva-pdfvia-sacra-sao-josemaria-escriva-pdf
via-sacra-sao-josemaria-escriva-pdf
 
Origem da IASD.ppt
Origem da IASD.pptOrigem da IASD.ppt
Origem da IASD.ppt
 

Mais de Paulo Dias Nogueira

O Senhor é meu Pastor e Hospedeiro -
O Senhor é meu Pastor e Hospedeiro - O Senhor é meu Pastor e Hospedeiro -
O Senhor é meu Pastor e Hospedeiro - Paulo Dias Nogueira
 
Plano de Ação Pastoral - aula e exemplo
Plano de Ação Pastoral - aula e exemploPlano de Ação Pastoral - aula e exemplo
Plano de Ação Pastoral - aula e exemploPaulo Dias Nogueira
 
Sermão - Não Temais... Sou Eu - Mt 14:22-33
Sermão - Não Temais... Sou Eu - Mt 14:22-33 Sermão - Não Temais... Sou Eu - Mt 14:22-33
Sermão - Não Temais... Sou Eu - Mt 14:22-33 Paulo Dias Nogueira
 
Sermão - O maior Mandamento - Mt 22 34-40
Sermão - O maior Mandamento - Mt 22 34-40Sermão - O maior Mandamento - Mt 22 34-40
Sermão - O maior Mandamento - Mt 22 34-40Paulo Dias Nogueira
 
Liturgia - Da Páscoa Judaica à Páscoa Cristã
Liturgia - Da Páscoa Judaica à Páscoa CristãLiturgia - Da Páscoa Judaica à Páscoa Cristã
Liturgia - Da Páscoa Judaica à Páscoa CristãPaulo Dias Nogueira
 
SERMÃO: Natal - as mensagens dos anjos
SERMÃO: Natal  - as mensagens dos anjosSERMÃO: Natal  - as mensagens dos anjos
SERMÃO: Natal - as mensagens dos anjosPaulo Dias Nogueira
 
SERMÃO - Natal: as mensagens dos anjos
SERMÃO - Natal: as mensagens dos anjosSERMÃO - Natal: as mensagens dos anjos
SERMÃO - Natal: as mensagens dos anjosPaulo Dias Nogueira
 
POV 2016 - Carta de orientação e ficha da CLAM
POV 2016 - Carta de orientação e ficha da CLAMPOV 2016 - Carta de orientação e ficha da CLAM
POV 2016 - Carta de orientação e ficha da CLAMPaulo Dias Nogueira
 
Liturgia - da páscoa judaica à páscoa cristã - grupo de comunhão do campos el...
Liturgia - da páscoa judaica à páscoa cristã - grupo de comunhão do campos el...Liturgia - da páscoa judaica à páscoa cristã - grupo de comunhão do campos el...
Liturgia - da páscoa judaica à páscoa cristã - grupo de comunhão do campos el...Paulo Dias Nogueira
 
Sermão pedro - um homem em busca de compromisso
Sermão   pedro - um homem em busca de compromissoSermão   pedro - um homem em busca de compromisso
Sermão pedro - um homem em busca de compromissoPaulo Dias Nogueira
 
Sermão ouvir a deus ou aos homens - 2 cr 18 1-27 - sermão
Sermão   ouvir a deus ou aos homens - 2 cr 18 1-27 - sermãoSermão   ouvir a deus ou aos homens - 2 cr 18 1-27 - sermão
Sermão ouvir a deus ou aos homens - 2 cr 18 1-27 - sermãoPaulo Dias Nogueira
 
Sermão o senhor é meu pastor e hospedeiro - salmo 23 (2012)
Sermão   o senhor é meu pastor e hospedeiro - salmo 23 (2012)Sermão   o senhor é meu pastor e hospedeiro - salmo 23 (2012)
Sermão o senhor é meu pastor e hospedeiro - salmo 23 (2012)Paulo Dias Nogueira
 
Sermão jesus o bom pastor - joão 10 11-18 (2012)
Sermão   jesus o bom pastor - joão 10 11-18 (2012)Sermão   jesus o bom pastor - joão 10 11-18 (2012)
Sermão jesus o bom pastor - joão 10 11-18 (2012)Paulo Dias Nogueira
 
Sermão jesus nos chama ao compromisso - lucas 14 25-33 - reflexão
Sermão   jesus nos chama ao compromisso - lucas 14 25-33 - reflexãoSermão   jesus nos chama ao compromisso - lucas 14 25-33 - reflexão
Sermão jesus nos chama ao compromisso - lucas 14 25-33 - reflexãoPaulo Dias Nogueira
 
Sermão eliseu e a mulher sunamita - 2 reis 4 8-17
Sermão   eliseu e a mulher sunamita - 2 reis 4 8-17Sermão   eliseu e a mulher sunamita - 2 reis 4 8-17
Sermão eliseu e a mulher sunamita - 2 reis 4 8-17Paulo Dias Nogueira
 

Mais de Paulo Dias Nogueira (20)

Em Jesus os opostos se atraem
Em Jesus os opostos se atraemEm Jesus os opostos se atraem
Em Jesus os opostos se atraem
 
O Senhor é meu Pastor e Hospedeiro -
O Senhor é meu Pastor e Hospedeiro - O Senhor é meu Pastor e Hospedeiro -
O Senhor é meu Pastor e Hospedeiro -
 
Plano de Ação Pastoral - aula e exemplo
Plano de Ação Pastoral - aula e exemploPlano de Ação Pastoral - aula e exemplo
Plano de Ação Pastoral - aula e exemplo
 
Boletim Mensageiro - 05 06 2016
Boletim Mensageiro - 05 06 2016Boletim Mensageiro - 05 06 2016
Boletim Mensageiro - 05 06 2016
 
Sermão - Não Temais... Sou Eu - Mt 14:22-33
Sermão - Não Temais... Sou Eu - Mt 14:22-33 Sermão - Não Temais... Sou Eu - Mt 14:22-33
Sermão - Não Temais... Sou Eu - Mt 14:22-33
 
Sermão - O maior Mandamento - Mt 22 34-40
Sermão - O maior Mandamento - Mt 22 34-40Sermão - O maior Mandamento - Mt 22 34-40
Sermão - O maior Mandamento - Mt 22 34-40
 
Liturgia - Da Páscoa Judaica à Páscoa Cristã
Liturgia - Da Páscoa Judaica à Páscoa CristãLiturgia - Da Páscoa Judaica à Páscoa Cristã
Liturgia - Da Páscoa Judaica à Páscoa Cristã
 
SERMÃO: Natal - as mensagens dos anjos
SERMÃO: Natal  - as mensagens dos anjosSERMÃO: Natal  - as mensagens dos anjos
SERMÃO: Natal - as mensagens dos anjos
 
SERMÃO - Natal: as mensagens dos anjos
SERMÃO - Natal: as mensagens dos anjosSERMÃO - Natal: as mensagens dos anjos
SERMÃO - Natal: as mensagens dos anjos
 
POV 2016 - Carta de orientação e ficha da CLAM
POV 2016 - Carta de orientação e ficha da CLAMPOV 2016 - Carta de orientação e ficha da CLAM
POV 2016 - Carta de orientação e ficha da CLAM
 
Gaivota 183 encarte
Gaivota 183 encarteGaivota 183 encarte
Gaivota 183 encarte
 
Gaivota 183
Gaivota 183Gaivota 183
Gaivota 183
 
Liturgia - da páscoa judaica à páscoa cristã - grupo de comunhão do campos el...
Liturgia - da páscoa judaica à páscoa cristã - grupo de comunhão do campos el...Liturgia - da páscoa judaica à páscoa cristã - grupo de comunhão do campos el...
Liturgia - da páscoa judaica à páscoa cristã - grupo de comunhão do campos el...
 
Apresentação do pov 2015
Apresentação do pov 2015Apresentação do pov 2015
Apresentação do pov 2015
 
Sermão pedro - um homem em busca de compromisso
Sermão   pedro - um homem em busca de compromissoSermão   pedro - um homem em busca de compromisso
Sermão pedro - um homem em busca de compromisso
 
Sermão ouvir a deus ou aos homens - 2 cr 18 1-27 - sermão
Sermão   ouvir a deus ou aos homens - 2 cr 18 1-27 - sermãoSermão   ouvir a deus ou aos homens - 2 cr 18 1-27 - sermão
Sermão ouvir a deus ou aos homens - 2 cr 18 1-27 - sermão
 
Sermão o senhor é meu pastor e hospedeiro - salmo 23 (2012)
Sermão   o senhor é meu pastor e hospedeiro - salmo 23 (2012)Sermão   o senhor é meu pastor e hospedeiro - salmo 23 (2012)
Sermão o senhor é meu pastor e hospedeiro - salmo 23 (2012)
 
Sermão jesus o bom pastor - joão 10 11-18 (2012)
Sermão   jesus o bom pastor - joão 10 11-18 (2012)Sermão   jesus o bom pastor - joão 10 11-18 (2012)
Sermão jesus o bom pastor - joão 10 11-18 (2012)
 
Sermão jesus nos chama ao compromisso - lucas 14 25-33 - reflexão
Sermão   jesus nos chama ao compromisso - lucas 14 25-33 - reflexãoSermão   jesus nos chama ao compromisso - lucas 14 25-33 - reflexão
Sermão jesus nos chama ao compromisso - lucas 14 25-33 - reflexão
 
Sermão eliseu e a mulher sunamita - 2 reis 4 8-17
Sermão   eliseu e a mulher sunamita - 2 reis 4 8-17Sermão   eliseu e a mulher sunamita - 2 reis 4 8-17
Sermão eliseu e a mulher sunamita - 2 reis 4 8-17
 

A descoberta do povo e a pregação ao ar livre

  • 1. O Metodismo descobre o povo A pregação ao ar livre Após treze anos de busca, João Wesley pessoalmente apropriou a fé em Deus, por meio de Cristo, acompanhada dos frutos de paz com Deus (pois Deus o perdoara, não mais o condenava - Rm 8.1) e da vitória sobre o pecado. Tudo isso ocorreu na noite de 24 de maio de 1738. A experiência não lhe ofereceu nenhum programa ou esquema que, elaborado, seria o Movimento Metodista. Mas Wesley começou naquela mesma noite a compartilhar com todas as pessoas, presentes naquela reunião à Rua Aldersgate, o que Deus acabava de efetuar no seu coração ("Então testemunhei abertamente a todos os presentes aquilo que, pela primeira vez, sentia no meu coração"). Wesley começou a aproveitar todas as oportunidades para compartilhar sua experiência de fé com familiares e companheiros e, para tornar a experiência mais compreensível, ele logo escreveu uma autobiografia espiritual, a qual mostrou primeiro à sua mãe Susana e, posteriormente, publicou-a no Diário público, para maior divulgação. As Sociedades Religiosas, já existentes em muitas cidades, também lhe serviram de lugares propícios para tal divulgação, bem como a Sociedade de Fetter Lane, fundada pelos próprios irmãos Wesley. Ele também aproveitou convites que recebia para pregarem igrejas anglicanas; mas os párocos, escandalizados com o que lhes parecia "fanatismo" e, talvez, a heresia de Wesley, logo lhe fecharam as portas das igrejas. Analisando essa primeira fase do movimento, creio que podemos afirmar que Wesley intuía a necessidade dessa gente - seus familiares, seus companheiros religiosos, os membros mais sérios da Igreja Anglicana (que participavam das Sociedades Religiosas, em busca de uma vida cristã digna e ainda os que pelo menos freqüentavam os cultos anglicanos). Ele como que "sentia" as necessidades religiosas dessa gente, pois eram pessoas que, como ele antes de Aldersgate, tinham a "forma" da santidade sem o seu "poder" (cf. 2Tm 3.5). Possivelmente, as atividades do "Clube Santo" tenham fornecido uma espécie de preparação para os acontecimentos de 1739 - a criação da escola para crianças pobres de Oxford; a visitação aos condenados e encarcerados etc. Mas não é fácil perceber no Wesley, entre maio de 1738 e março/abril de 1739, uma grande preocupação com pessoas que só mantinham uma tênue, ou nenhuma, ligação com a religião oficial, pessoas que não possuíam nem a “forma” e, muito menos, o “poder” da santidade. Quem primeiro se conscientizou das necessidades dessa gente, não apenas afastada da Igreja, como também esquecida por ela, foi Jorge Whitefield. I - PERCEBENDO A NECESSIDADE DO POVO Jorge Whitefield se encontrava em Bristol, onde pregava nas Igrejas Anglicanas, sendo ele próprio sacerdote daquela Igreja. Depois, barrado dos púlpitos dos templos Anglicanos, ele buscou um novo auditório, nas cadeias da cidade (antiga prática "metodista"), mas logo se viu proibido de pregar para essa gente esquecida da sociedade. Quase em desespero, ele começou a pregar aos mineiros, na hora em que safam das minas, após sua longa e estafante jornada de trabalho. Ele descobriu nessa gente um auditório sedento da mensagem que proclamava.
  • 2. Tendo descoberto o povo, povo antes "invisível", a necessidade, do mesmo, de ouvir a boa nova do amor de Deus, tornava-se óbvia. Eles eram como ovelhas sem pastor (Mt 9.36), abandonados pela religião oficial, da qual tão pouco participavam. No caso de Whitefield, a repetida frustração havia como que o empurrado para os mineiros. Sempre irrequieto, ele havia escrito para seu amigo João Wesley sobre o que acontecia, e apelou veementemente para que este lhe ajudasse na obra. Wesley recebeu o apelo com uma reação mista -ele se encontrou ao mesmo tempo fascinado com as possibilidades dessa nova modalidade de evangelização, como repelido pela novidade que se lhe apresentava quase indecente. II . EM QUE BASE BÍBLICO-TEOLÓGICA DESEMPENHAR A MISSÃO? Que fazer para saber se essa inovação, a pregação ao ar livre, poderia ser a vontade de Deus? Ir, ou não ir? Diante do dilema, Wesley se valeu da bibliomancia, a saber, consultou a Bíblia, como se fosse oráculo. No dia 27 de março, 1739, ele abriu sua Bíblia repetidas vezes, aleatoriamente, achando, entre outras, as seguintes passagens: Dt 32.49, 50 e 34.8; Atos 9.16 e 8.2. (Estas passagens devem ser lidas!) Seu intuito era, sem dúvida, "ouvir" o que Deus lhe dizia frente o convite insistente. E que foi que ouviu? Todos os trechos que leu pareciam indicar sofrimento, morte, martírio. Deus estaria dizendo a Wesley “Não vá!"? Wesley concluiu o contrário; Deus estaria lhe dizendo "Vá, pois eu preciso de um verdadeiro mártir (testemunha) entre essas ovelhas desgarradas". E João Wesley foi até Bristol! Foi com temor e tremor. Ao chegar, conforme registra no seu Diário, ainda achava quase pecado alguém se salvar fora da Igreja (31/03/1739). Sucedeu-se, em rápida seqiiência, uma série de eventos inter-relacionados, cada um com sua carga de significado. 1) Ele acompanhou, ainda cheio de dúvidas e desassossego, Whitefield, na sua pregação ao ar livre, no domingo, 1° de abril de 1739, e viu com seus próprios olhos como o povo recebia a mensagem. 2) Impressionado com o evento da tarde, Wesley preparou o sermão que pregaria aquela noite, na Sociedade. Ele escolheu um trecho que havia lido e comentado inúmeras vezes, o Sermão do Monte. Mas, embora conhecesse o trecho quase de cor, um dos elementos mais plenos de significação da "situação" do sermão de Jesus nunca lhe tinha ocorrido antes: que Jesus não havia pregado aquele sermão no Templo e nem na Sinagoga; não, Jesus havia levado sua mensagem ao povo, ao ar livre! Percebendo isso, Wesley registrou sua nova compreensão no Diário (01/03/1739) como "um bem notável precedente em favor da pregação ao ar livre". 3) Mediante o exemplo e os resultados da pregação de Whitefield, o exemplo agora tão claro da pregação de Jesus, e com a releitura que começou a fazer do fato que Jesus levava sua preciosa mensagem ao povo, Wesley pôs de lado todo seu preconceito e converteu-se aos pobres.
  • 3. Algo do custo emocional do seu ato de levar a boa nova diretamente ao povo deixase transparecer na própria linguagem que ele emprega no registro do dia 2 de abril de 1739, data que merece um destaque especial entre os metodista: Às 16 horas, eu consenti em me fazer mais desprezível (cf 2Sm 6.22) e proclamei nas encruzilhadas (cf Mt 229) a boa nova da salvação (...) a mais ou menos 3000 pessoas. A escolha do seu texto, Lc 4.18-19, longe de acidental, mostra que Wesley percebia na missão de Jesus uma missão em favor e no meio do povo, e que se via na mesma situação quando safa da Igreja e proclamava "nas encruzilhadas" as boas novas do Reino! III - A PREGAÇÃO AO AR LIVRE E O SEU COMPLEMENTO O leitor já terá percebido que o método que os metodistas adotaram para alcançar as multidões na Inglaterra no Século XVIII era a PREGAÇÃO AO AR LIVRE. Mas, em certo sentido, isso era apenas um lado da moeda. Quando o metodismo nascente descobriu a multidão, isso não significou seu abandono dos pequenos grupos. Curiosamente, durante o ano de 1739, o ano em que o metodismo conscientemente adotou a pregação "nos campos", como Wesley a denominava, Wesley teve uma experiência traumática, na sua amada Sociedade de Fetter Lane. Surgiu entre seus membros a prática do "quietismo", a saber, a crença de que Deus salva unicamente pela sua graça e que as pessoas deviam esperar passivas, "quietas", até que recebessem tal dom. Incapaz de extirpar essa idéia, Wesley e alguns companheiros se separaram da Sociedade. No final do mesmo ano, algumas pessoas, despertadas pela obra de Wesley, pediram que fosse seu orientador espiritual. Wesley aceitou a incumbência, organizando essas pessoas em uma sociedade. Eu creio que as finalidades dessa sociedade (no meu entender, a primeira sociedade que Wesley criou que merece ser considerada plenamente metodista) podem ser mais bem compreendidas mediante um estudo das Regras Gerais, que ele elaborou para a orientação dos seus membros (Já escrevi mais de uma vez sobre o sentido das Regras Gerais, e não quero repetir isso aqui. Mas devemos lembrar que a chave para entender as Regras é Lc 3.7-14; "evitar o mal" era muito mais do que não fumar, jogar ou beber; incluía "não ajuntar tesouro sobre a terra"; "praticar o bem" começava com o corpo, e lembra Mt 25; "usar os meios de graça" garantia a íntima relação dos metodistas à Igreja Anglicana e à viva participação na sua vida). Mas o que quero frisar especialmente aqui é que o povo era inicialmente atingido pela pregação ao ar livre; o povo era disciplinado, ensinado, edificado e encaminhado à missão, através das sociedades e classes metodistas, o que completou a primeira obra. Talvez a melhor testemunha desse fato seja o próprio Whitefield, tido como maior evangelista que Wesley. Mas, no fim da vida, Whitefield disse a Wesley: "O meu povo é uma corda de areia", isto é, sem força, sem coesão, sem permanência. Isto porque Whitefield não havia organizado e forjado seus conversos em corporação capaz de conservar os efeitos da sua conversão e de os capacitar para a missão. Duncan Alexander Reily