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Constelar Astrologia :: Mitologia e Literatura - O mito da Moira                                                           Page 1 of 4




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                                                                          Edição 90 :: Dezembro/2005 :: Segunda-feira, 15/06/2009 - 23h01




  Busca temática:                                                                                           MITOLOGIA E LITERATURA
   Selecione um assunto                                                                                 O mito da Moira
  Índices por autor:                                                                               Eugenia Maria Magnavita Galeffi
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  Explore por edição:
                                              O tema da Moira no Paradiso Terrestre
  1998 - 2000 | 2001 - 2002
  2003 - 2004 | 2005 - 2006                   Em Il Paradiso Terrestre o tema da Moira se
  2007 - 2009 |
                                              metamorfoseia em várias aparições: ora
  País & Mundo |
  Cotidiano | Opine! |                        como tradição arcaizante das mulheres
  Dicas & Eventos |                           vestidas de preto que caracterizam a
                                              condição feminina no contexto insular; ora
                                              como os cartazes fúnebres que atapetam os
                                              muros das cidadezinhas, a fim de que aqueles
                                              que se foram sejam a cada minuto
  Cursos via internet com inscrição aberta    lembrados; ora como o monumento aos
  início: 9 de junho                          caídos de Dogali, batalha histórica em defesa da cidade de Agrigento (foto), com
  Página de inscrição
                                              cuja inscrição o romance se abre; ora como a "cialoma", cantilena que acompanha a
                                              matança do atum e que se assemelha a uma trenódia grega; ora como a morte
  Aspectos 3                                  funesta de dois dos filhos de Don Gaetano, proprietário de Villa Ibla: Nunzio, que ao
  Um material único
  em língua                                   descobrir a verdadeira situação de filho ilegítimo, mata o irmão Luccio e se enforca
  portuguesa, com a                           em seguida; ora no contraste estarrecedor entre a situação privilegiada dos usuários
  chave da
  interpretação dos
                                              do paradisíaco hotel Villa Ibla, com piscina e parque verdíssimo, e a condição dos
  aspectos menores ou                         habitantes da casbah que faziam filas quilométricas para encher suas vasilhas de
  raros.                                      água, distribuída por duas horas a cada quinze dias, quadro agravado pela seca que
  Mais detalhes >> |                          assolava a região; ora no pisoteamento de uma criança durante a procissão de San
  Inscrições >>                               Calò, cuja multidão, no afã de ver o milagre da multiplicação dos pães, corre
                                              desenfreada, causando o acidente; na morte de Don Diego, pároco que procura
  Trânsitos, o mapa                           desvendar o segredo da carta do Diabo, lenda que paira sobre a mítica cidade de
  em movimento                                Agrigento. Enfim, a Moira se contextualiza no destino pessoal de Vanni Corvaia, que
  Uma base sólida para
  entender a qualidade                        sucumbe ao tentar resolver o velho problema hídrico de Agrigento. Havia a hipótese
  única de cada                               de que debaixo da cidade existissem lençóis freáticos no Hipogeu do Purgatório.
  momento da vida e
  seus desafios de
                                              Vanni, sozinho, e sem estar devidamente preparado, resolve embrenhar-se labirinto
  crescimento.                                adentro, justamente após o dilúvio que se abatera sobre a cidade castigada pela
                                              seca havia meses. O protagonista é atraído cegamente pela fatídica Moira, em busca
  Mais detalhes >> |
  Inscrições >>                               de uma solução para a sua vida. Ao perceber que ficara preso no Hipogeu do
                                              Purgatório, pois a chuva provocara o fechamento da passagem, tenta pronunciar o
  Trânsitos de                                nome de Penélope, aquela que lhe dedicara momentos de doçura e prazer no Vale
  Saturno: lidando                            dos Templos, mas é Perséfone, a rainha do Hades, a deusa dos Infernos, que lhe sai
  com o poder                                 dos lábios. Reconhece ter armado sua própria sepultura e se compara ao tolo atum
  Estes trânsitos
  podem restringir ou                         que se deixa atrair para a câmara da morte.
  libertar. A questão é
  como lidarmos com
  eles.
                                              Na religião grega, o paraíso destinava-se a raros heróis que por feitos
                                              extraordinários transformavam-se em semi-deuses. Todos os mortais destinavam-
  Mais detalhes >> |                          se, após a morte, a uma existência obscura no Reino do Hades, das Sombras.
  Inscrições >>

                                              No romance em questão, o personagem perde sua mãe ao nascer. Sabemos que
                                              quanto a esse aspecto "as Moiras influem sobre o nascimento de forma favorável ou
                                              desfavorável" [7]. Por outro lado, sua mãe manifestara sempre um desejo de morte,
  Cursos via internet com inscrição aberta    de fato, nunca conseguira sustentar a própria criação: "...tinha medo da gravidez e
  início: 23 de junho                         queria morrer... E tinha morrido" [8]. Esse fato imprime na personalidade de Vanni
  Página de inscrição
                                              Corvaia melancolia, tristeza e desorientação, e principalmente uma grande fraqueza:
                                              "a necessidade de encontrar uma segurança originária, sua mãe, que nunca
  Planetas Pessoais em Signos e Casas
  Como funcionam Mercúrio, o fator de
                                              conhecera e à qual queria de novo unir-se" [9]. Também uma ausência de vontade,
  aprendizagem; Vênus, o fator afetivo; e     para criar, para empreender um novo destino: "era um arquiteto falido". Em
  Marte, o fator de ação.                     contrapartida, essa fraqueza de Vanni se opõe ao espírito empreendedor do seu pai
  Mais detalhes >> | Inscrições >>            Pietro Corvaia.

  Interpretação, Método Clássico              Il Paradiso Terrestre é uma narrativa estruturada segundo o modelo baixo-imitativo
  A Teoria das Determinações, que constitui




http://www.constelar.com.br/constelar/90_dezembro05/moira2.php                                                               15/6/2009
Constelar Astrologia :: Mitologia e Literatura - O mito da Moira                                                        Page 2 of 4



                        uma espécie de          retomado de Aristóteles por Frye, cuja temática sugere uma iniciação fracassada do
                        "gramática" da
                        Astrologia,             ponto de vista da elevação espiritual.
                        compreendida a
                        partir de um clássico   Os símbolos referentes à tradição religiosa, mais precisamente, àqueles relacionados
                        genial: o francês
                        Jean-Baptiste Morin,    com a mitologia grega, e mesmo com o cristianismo, estão amplamente conectados
                        maior astrólogo do      com o destino de Vanni. A urdidura da trama está completa, o fio da vida de Vanni
                        século XVII.
                                                Corvaia é cortado pela implacável Átropos, a inflexível Moira.
                        Mais detalhes >> |
                        Inscrições >>                                                        A figura da Moira em Sergio Campailla é
                                                                                             bastante fatalista e isso deve-se à
                        Astrologia e                                                         grecidade genética existente no autor
                        Recursos Humanos                                                     assim como no habitante da ilha. Em uma
                        O mais importante
                        fator de sucesso nas                                                 entrevista, ele diz que no seu romance
                        organizações é o                                                     "existe uma presença significativa da
                        capital humano. O
                                                                                             Moira, que é um signo de destino". Ele se
                        desafio é produzir,
                        mas sem trair o                                                      reconhece na tradição meridional,
                         próprio mapa.                                                       especificamente siciliana, "que é a
                         Mais detalhes >> |                                                  conseqüência de uma história milenar" da
                         Inscrições >>                                                       qual se sente filho e expressão, tanto do
                                                                                             ponto de vista histórico quanto do ponto
                         Novidades em              As Moiras na visão do pintor Juan Medina, de vista familiar. Diz sentir e
                         mapas do Brasil             nascido em Santo Domingo, República     compreender através da sensibilidade " a
                                                    Dominicana, e atual diretor da Escola de experiência do homem da ilha que fica
                         Um link direto                    Belas Artes daquele país.         separado, que faz um esforço para
                         para os vinte
                                                                                             pertencer, para integrar-se" o que
                         mapas mais
   recentes                                     considera "uma espécie de destino". Continua dizendo que "na cultura siciliana,
  Joaquim Nabuco (Joaquim Aurélio
                                                mediterrânea, ou de origem grega, desenvolveu-se um fatalismo", que na sua obra é
  Barreto Nabuco de Araújo)                     um tema recorrente e fundamental. No seu caso específico esta fatalidade vem
  Mônica Waldvogel                              sempre com uma 'joie de vivre'. Finaliza dizendo: "Eu sou um siciliano, sou um
  Olavo de Carvalho (Olavo Luís Pimentel        trágico".
  de Carvalho)
  Castro Alves (Antônio Frederico de            Em comparação à concepção da Moira em Ésquilo, através das suas tragédias,
  Castro Alves)
                                                podemos dizer que a figura da Moira existente na obra de Campailla é muito mais
  Adélia Prado (Adélia Luzia Prado
  Freitas)                                      arcaica do que a do próprio poeta eleusino, que se apresenta mais atual em certos
  Graciliano Ramos (Graciliano Ramos de         aspectos. Vejamos em que medida.
  Oliveira)
  Sérgio Buarque de Holanda                     O tema da Moira em Ésquilo

                                                Em Ésquilo há um forte idealismo no sentido de acreditar que um dia a Justiça
                                                (Díke) e a ordem suprema triunfarão, pois se o papel da Moira é regularizar o que
                                                foi além da medida (Métron), uma vez estabelecido o equilíbrio, a Moira agirá
                                                suavemente. Em outras palavras, quanto menor for o Pecado (Hamarthía), menor
                                                será o Erro (Ate) e a Vingança (Nêmesis) só agirá de acordo com a situação.
                                                Segundo Ésquilo, o antídoto contra a Moira seria a Temperança (Sofrosýne), pois
                                                somente esta pode estar em consonância com a Lei Suprema do Universo, que é, em
                                                outras palavras, o Divino.

                                                                             Em suas tragédias, Ésquilo nos demonstra uma certa
                                                                             evolução do pensamento mítico do seu tempo, pois
                                                                             certamente tinha conhecimento da ligação entre
                                                                             consciência e inconsciência da Moira, ou seja, entre
                                                                             determinismo e livre-arbítrio. No Prometeu Acorrentado o
                                                                             conceito de Moira era quase cego, assim como nos Sete
                                                                             Contra Tebas, onde o determinismo impera. Já nos
                                                                             Persas podemos dizer que há uma ligeira evolução do
                                                                             livre-arbítrio. Xerxes não estava consciente da sua
                                                                             hýbris, mas tendo visto o exemplo da morte de Dario,
                                                                             seu pai, na Batalha de Maratona, achou-se no direito de
                                                                             continuar a luta, apesar de ter sido admoestado para não
                                                                             fazê-lo, pois acreditava-se mais poderoso do que os
                                                                             deuses ao atravessar o Bósforo, sendo derrotado de
                                                                             maneira humilhante pelos helenos. Na Oréstia parte-se
                                                   Ésquilo (525 a.C. - 456
                                                  a.C.) - Dramaturgo grego, de um conceito maior de determinismo que vai
                                                  deu à tragédia sua forma diminuindo em escala decrescente até chegar ao de livre-
                                                  definitiva, introduzindo a arbítrio. Orestes, consciente do seu erro, mesmo se a
                                                 figura de um antagonista e este foi forçado pelo oráculo, tem a dimensão da própria




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                                   reduzindo a importância do
                                                            culpa e, após a expiação, através da dor, redime-se e, de
                                   coro. Sua obra tem um tomfato, é absolvido. Não só o julgamento no Areópago em
                                   dramático impressionante,que Palas Athena dá o voto do desempate beneficiando
                                     mais arcaico do que em Orestes, liberando-o da culpa do crime de
                                     Sófocles ou Eurípedes, e
                                                            consagüineidade, ou melhor, de matricídio, como
                                        pleno de imagens
                                                            também a transformação das Erínias (Fúrias) em
                                     simbólicas. De sua vasta
                                                            Eumênides (Benfazejas), mostram que o criador da
                                    obra restaram apenas sete
                                                            tragédia idealizava um mundo melhor, resolvido nos seus
                                        peças completas.
                                                            conflitos, balanceado pelo equilíbrio da Justiça, podendo
                                  transmutar, assim, a atuação da Moira. Em outras palavras, o poeta eleusino
                                  interpretou diversamente a implacabilidade do Destino, dando-lhe uma certa
                                  flexibilidade.

                                  Ésquilo, desse modo, realiza uma transfiguração da concepção da inexorabilidade da
                                  fatalidade, melhor dizendo, do próprio determinismo, que consiste em elevar o
                                  destino à categoria de Justiça, e pode ser identificado, simbolicamente com a era de
                                  Zeus, incorporada nos ideais da pólis democrática. De fato, ele nos desvela, na sua
                                  obra, um livre arbítrio que depende da responsabilidade ou da consciência de
                                  cidadania dos membros da pólis, consciência essa que exige um respeito às leis das
                                  tradições. Ele age como se estivesse profetizando a relação de harmonia com o
                                  destino através da ação consciente do Homem.

                                  A Moira em Ésquilo assume um papel totalmente novo para a época, pois a solução
                                  achada por este para o julgamento de Orestes no Areópago, não só entre os deuses,
                                  mas também entre os homens, faz com que aquele conceito antigo de determinismo
                                  venha a ser transformado, pois, na sua obra, a mácula pode ser purificada ou
                                  diminuida através da dor; o sofrimento é, pois, a chave para a redenção da culpa.
                                  Este pode aplacar a Moira e o livre-arbítrio substitui-se ao cego determinismo [10].

                                  Em Campailla, como podemos constatar, a Moira é ainda sinônimo de Fatalidade.
                                  Arraigada nos costumes ancestrais do povo siciliano está a Moira campaillana, a
                                  Moira primitiva e tautológica, ainda a Moira Ananké (Necessidade).

                                  Vanni Corvaia precisava passar pelo labirinto e fazer a iniciação para poder ascender
                                  espiritualmente, mas não estava preparado e o acesso lhe fora vedado. Preso ainda
                                  ao determinismo instintivo, reconheceu ter agido como o atum, que
                                  inconscientemente é atraído para a câmara da morte. Constatou ter chegado até ali
                                  por suas próprias mãos. Pensou na nobre origem materna e lhe restou um consolo:
                                  "Era um arquiteto e morria dentro de uma grande construção, digna de Dédalo,
                                  arquiteto de Minos, digna de Feaz, arquiteto de Terão, digna de Imhotep, arquiteto
                                  de Zoser" [11]. Tateando no chão, encontrou um seixo e, em vez do epitáfio que lhe
                                  viera à mente, escreveu "Aiamola", grito de imolação entoado pelos pescadores ao
                                  cantarem a "cialoma".

                                  Sergio Campailla continua demonstrando que sua veia artística não se esgotou, pelo
                                  contrário, ela está, mais do que nunca, rica de mitos e símbolos, seja que trate do
                                  mito da Moira, sempre presente em sua obra, seja que trate de labirintos e figuras
                                  mitológicas (Domani domani, romance ambientado em Roma e Interno, con gruppo,
                                  conto claustrofóbico que se passa nas catacumbas romanas de Santa Inês), seja que
                                  trate do mito da diáspora (Romanzo americano). Vanni Corvaia, adolescente ainda
                                  na sua primeira obra narrativa, o longo conto Una stagione in Sicília fez-se homem
                                  em Il Paradiso Terrestre, mas não suficientemente maduro para enfrentar o
                                  labirinto. Mas quem sabe se no seu próximo romance Campailla encontra um
                                  personagem enraizado e unificado com o seu próprio Eu? Seria um resgate de Vanni
                                  do labirinto. Eu, pessoalmente, achei o meu "centro" nos passos de Vanni. Não por
                                  acaso Campailla, na dedicatória do seu romance a mim, disse que a Moira nos tinha
                                  ligado no Paradiso Terrestre. Ele, com seu personagem, me ajudou no meu processo
                                  de compreensão interna, quem sabe, eu de algum modo possa ajudar o próximo
                                  personagem a se encontrar? Esta é, pois, a questão. Só o tempo o dirá, ou melhor, a
                                  Moira.

                                                   NOTAS

                                                   [7] A. Magris, op. cit., p. 48.
                                                   [8] S. Campailla. Il Paradiso Terrestre. Milano: Rusconi, 1988, p. 384. A
                                                   tradução é nossa.
                                                   [9] Ibidem, p. 286.




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                                                              [10] Cf. E.M. Galeffi.. O papel da Moira na tragédia esquiliana. In
                                                              Representações da Antiguidade. III Congresso Nacional de Estuidos
                                                              clássicos - IX Reunião da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, GT 11.
                                                              Rio de Janeiro, SBEC/ Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ,
                                                              1995. p. 39-40.
                                                              [11] S. Campailla, op. cit., p. 568.

                                                              BIBLIOGRAFIA

                                                              CAMPAILLA, Sergio. Abitare il Labirinto in Motivo, Archetipo, Parola. Per
                                                              una tipologia del mito in letteratura. A cura di Cristiana Lardo. Roma:
                                                              Vecchiarelli, 1998.
                                                              CAMPAILLA, Sergio. CAMPAILLA, Sergio. Il Paradiso Terrestre. Milano:
                                                              Rusconi, 1988.
                                                              ÉSQUILO, SÓFOCLES, EURÍPEDES e ARISTÓFANES. Teatro Grego.
                                                              Seleção, intr., notas e trad. Jaime Bruna. São Paulo: Cultrix.
                                                              FRYE, Northrop. Anatomia della Critica. Trad. di Paolo Rosa-Clot e
                                                              Sandro Stratta. Torino: Einaudi, 1969.
                                                              GALEFFI. Eugenia Maria. O papel da Moira na tragédia esquiliana. In
                                                              Representações da Antiguidade. III Congresso Nacional de Estudos
                                                              clássicos - IX Reunião da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, GT 11.
                                                              Rio de Janeiro: SBEC/ Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ,
                                                              1995.
                                                              HESÍODO, Teogonia. A origem dos deuses. Trad. Jaa Torrano. São
                                                              Paulo: Iluminuras, 1991.
                                                              HORTA, Guida Nedda B. Parreiras. A luz da Hélade. Rio de Janeiro: Ed. J.
                                                              Di Giorgio, 1980.
                                                              MAGNAVITA, Flavio. A essência do drama em Ésquilo. Salvador, Bahia:
                                                              1961.
                                                              MAGRIS, Aldo. L'Idea del Destino nel Pensiero Antico. Trieste: Del
                                                              Bianco, vol. I, 1984, vol. II, 1985.
                                                              PLATÃO. A República. 7ª ed. São Paulo, Atena Editora.
                                                              UNTERSTEINER, Mario. La Fisiologia del Mito. Milano: Fratelli Bocca,
                                                              1946.



                                                              Saiba mais sobre Eugenia Maria Magnavita Galeffi.



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O mito da Moira no romance Il Paradiso Terrestre

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  • 2. Constelar Astrologia :: Mitologia e Literatura - O mito da Moira Page 2 of 4 uma espécie de retomado de Aristóteles por Frye, cuja temática sugere uma iniciação fracassada do "gramática" da Astrologia, ponto de vista da elevação espiritual. compreendida a partir de um clássico Os símbolos referentes à tradição religiosa, mais precisamente, àqueles relacionados genial: o francês Jean-Baptiste Morin, com a mitologia grega, e mesmo com o cristianismo, estão amplamente conectados maior astrólogo do com o destino de Vanni. A urdidura da trama está completa, o fio da vida de Vanni século XVII. Corvaia é cortado pela implacável Átropos, a inflexível Moira. Mais detalhes >> | Inscrições >> A figura da Moira em Sergio Campailla é bastante fatalista e isso deve-se à Astrologia e grecidade genética existente no autor Recursos Humanos assim como no habitante da ilha. Em uma O mais importante fator de sucesso nas entrevista, ele diz que no seu romance organizações é o "existe uma presença significativa da capital humano. O Moira, que é um signo de destino". Ele se desafio é produzir, mas sem trair o reconhece na tradição meridional, próprio mapa. especificamente siciliana, "que é a Mais detalhes >> | conseqüência de uma história milenar" da Inscrições >> qual se sente filho e expressão, tanto do ponto de vista histórico quanto do ponto Novidades em As Moiras na visão do pintor Juan Medina, de vista familiar. Diz sentir e mapas do Brasil nascido em Santo Domingo, República compreender através da sensibilidade " a Dominicana, e atual diretor da Escola de experiência do homem da ilha que fica Um link direto Belas Artes daquele país. separado, que faz um esforço para para os vinte pertencer, para integrar-se" o que mapas mais recentes considera "uma espécie de destino". Continua dizendo que "na cultura siciliana, Joaquim Nabuco (Joaquim Aurélio mediterrânea, ou de origem grega, desenvolveu-se um fatalismo", que na sua obra é Barreto Nabuco de Araújo) um tema recorrente e fundamental. No seu caso específico esta fatalidade vem Mônica Waldvogel sempre com uma 'joie de vivre'. Finaliza dizendo: "Eu sou um siciliano, sou um Olavo de Carvalho (Olavo Luís Pimentel trágico". de Carvalho) Castro Alves (Antônio Frederico de Em comparação à concepção da Moira em Ésquilo, através das suas tragédias, Castro Alves) podemos dizer que a figura da Moira existente na obra de Campailla é muito mais Adélia Prado (Adélia Luzia Prado Freitas) arcaica do que a do próprio poeta eleusino, que se apresenta mais atual em certos Graciliano Ramos (Graciliano Ramos de aspectos. Vejamos em que medida. Oliveira) Sérgio Buarque de Holanda O tema da Moira em Ésquilo Em Ésquilo há um forte idealismo no sentido de acreditar que um dia a Justiça (Díke) e a ordem suprema triunfarão, pois se o papel da Moira é regularizar o que foi além da medida (Métron), uma vez estabelecido o equilíbrio, a Moira agirá suavemente. Em outras palavras, quanto menor for o Pecado (Hamarthía), menor será o Erro (Ate) e a Vingança (Nêmesis) só agirá de acordo com a situação. Segundo Ésquilo, o antídoto contra a Moira seria a Temperança (Sofrosýne), pois somente esta pode estar em consonância com a Lei Suprema do Universo, que é, em outras palavras, o Divino. Em suas tragédias, Ésquilo nos demonstra uma certa evolução do pensamento mítico do seu tempo, pois certamente tinha conhecimento da ligação entre consciência e inconsciência da Moira, ou seja, entre determinismo e livre-arbítrio. No Prometeu Acorrentado o conceito de Moira era quase cego, assim como nos Sete Contra Tebas, onde o determinismo impera. Já nos Persas podemos dizer que há uma ligeira evolução do livre-arbítrio. Xerxes não estava consciente da sua hýbris, mas tendo visto o exemplo da morte de Dario, seu pai, na Batalha de Maratona, achou-se no direito de continuar a luta, apesar de ter sido admoestado para não fazê-lo, pois acreditava-se mais poderoso do que os deuses ao atravessar o Bósforo, sendo derrotado de maneira humilhante pelos helenos. Na Oréstia parte-se Ésquilo (525 a.C. - 456 a.C.) - Dramaturgo grego, de um conceito maior de determinismo que vai deu à tragédia sua forma diminuindo em escala decrescente até chegar ao de livre- definitiva, introduzindo a arbítrio. Orestes, consciente do seu erro, mesmo se a figura de um antagonista e este foi forçado pelo oráculo, tem a dimensão da própria http://www.constelar.com.br/constelar/90_dezembro05/moira2.php 15/6/2009
  • 3. Constelar Astrologia :: Mitologia e Literatura - O mito da Moira Page 3 of 4 reduzindo a importância do culpa e, após a expiação, através da dor, redime-se e, de coro. Sua obra tem um tomfato, é absolvido. Não só o julgamento no Areópago em dramático impressionante,que Palas Athena dá o voto do desempate beneficiando mais arcaico do que em Orestes, liberando-o da culpa do crime de Sófocles ou Eurípedes, e consagüineidade, ou melhor, de matricídio, como pleno de imagens também a transformação das Erínias (Fúrias) em simbólicas. De sua vasta Eumênides (Benfazejas), mostram que o criador da obra restaram apenas sete tragédia idealizava um mundo melhor, resolvido nos seus peças completas. conflitos, balanceado pelo equilíbrio da Justiça, podendo transmutar, assim, a atuação da Moira. Em outras palavras, o poeta eleusino interpretou diversamente a implacabilidade do Destino, dando-lhe uma certa flexibilidade. Ésquilo, desse modo, realiza uma transfiguração da concepção da inexorabilidade da fatalidade, melhor dizendo, do próprio determinismo, que consiste em elevar o destino à categoria de Justiça, e pode ser identificado, simbolicamente com a era de Zeus, incorporada nos ideais da pólis democrática. De fato, ele nos desvela, na sua obra, um livre arbítrio que depende da responsabilidade ou da consciência de cidadania dos membros da pólis, consciência essa que exige um respeito às leis das tradições. Ele age como se estivesse profetizando a relação de harmonia com o destino através da ação consciente do Homem. A Moira em Ésquilo assume um papel totalmente novo para a época, pois a solução achada por este para o julgamento de Orestes no Areópago, não só entre os deuses, mas também entre os homens, faz com que aquele conceito antigo de determinismo venha a ser transformado, pois, na sua obra, a mácula pode ser purificada ou diminuida através da dor; o sofrimento é, pois, a chave para a redenção da culpa. Este pode aplacar a Moira e o livre-arbítrio substitui-se ao cego determinismo [10]. Em Campailla, como podemos constatar, a Moira é ainda sinônimo de Fatalidade. Arraigada nos costumes ancestrais do povo siciliano está a Moira campaillana, a Moira primitiva e tautológica, ainda a Moira Ananké (Necessidade). Vanni Corvaia precisava passar pelo labirinto e fazer a iniciação para poder ascender espiritualmente, mas não estava preparado e o acesso lhe fora vedado. Preso ainda ao determinismo instintivo, reconheceu ter agido como o atum, que inconscientemente é atraído para a câmara da morte. Constatou ter chegado até ali por suas próprias mãos. Pensou na nobre origem materna e lhe restou um consolo: "Era um arquiteto e morria dentro de uma grande construção, digna de Dédalo, arquiteto de Minos, digna de Feaz, arquiteto de Terão, digna de Imhotep, arquiteto de Zoser" [11]. Tateando no chão, encontrou um seixo e, em vez do epitáfio que lhe viera à mente, escreveu "Aiamola", grito de imolação entoado pelos pescadores ao cantarem a "cialoma". Sergio Campailla continua demonstrando que sua veia artística não se esgotou, pelo contrário, ela está, mais do que nunca, rica de mitos e símbolos, seja que trate do mito da Moira, sempre presente em sua obra, seja que trate de labirintos e figuras mitológicas (Domani domani, romance ambientado em Roma e Interno, con gruppo, conto claustrofóbico que se passa nas catacumbas romanas de Santa Inês), seja que trate do mito da diáspora (Romanzo americano). Vanni Corvaia, adolescente ainda na sua primeira obra narrativa, o longo conto Una stagione in Sicília fez-se homem em Il Paradiso Terrestre, mas não suficientemente maduro para enfrentar o labirinto. Mas quem sabe se no seu próximo romance Campailla encontra um personagem enraizado e unificado com o seu próprio Eu? Seria um resgate de Vanni do labirinto. Eu, pessoalmente, achei o meu "centro" nos passos de Vanni. Não por acaso Campailla, na dedicatória do seu romance a mim, disse que a Moira nos tinha ligado no Paradiso Terrestre. Ele, com seu personagem, me ajudou no meu processo de compreensão interna, quem sabe, eu de algum modo possa ajudar o próximo personagem a se encontrar? Esta é, pois, a questão. Só o tempo o dirá, ou melhor, a Moira. NOTAS [7] A. Magris, op. cit., p. 48. [8] S. Campailla. Il Paradiso Terrestre. Milano: Rusconi, 1988, p. 384. A tradução é nossa. [9] Ibidem, p. 286. http://www.constelar.com.br/constelar/90_dezembro05/moira2.php 15/6/2009
  • 4. Constelar Astrologia :: Mitologia e Literatura - O mito da Moira Page 4 of 4 [10] Cf. E.M. Galeffi.. O papel da Moira na tragédia esquiliana. In Representações da Antiguidade. III Congresso Nacional de Estuidos clássicos - IX Reunião da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, GT 11. Rio de Janeiro, SBEC/ Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, 1995. p. 39-40. [11] S. Campailla, op. cit., p. 568. BIBLIOGRAFIA CAMPAILLA, Sergio. Abitare il Labirinto in Motivo, Archetipo, Parola. Per una tipologia del mito in letteratura. A cura di Cristiana Lardo. Roma: Vecchiarelli, 1998. CAMPAILLA, Sergio. CAMPAILLA, Sergio. Il Paradiso Terrestre. Milano: Rusconi, 1988. ÉSQUILO, SÓFOCLES, EURÍPEDES e ARISTÓFANES. Teatro Grego. Seleção, intr., notas e trad. Jaime Bruna. São Paulo: Cultrix. FRYE, Northrop. Anatomia della Critica. Trad. di Paolo Rosa-Clot e Sandro Stratta. Torino: Einaudi, 1969. GALEFFI. Eugenia Maria. O papel da Moira na tragédia esquiliana. In Representações da Antiguidade. III Congresso Nacional de Estudos clássicos - IX Reunião da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, GT 11. Rio de Janeiro: SBEC/ Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, 1995. HESÍODO, Teogonia. A origem dos deuses. Trad. Jaa Torrano. São Paulo: Iluminuras, 1991. HORTA, Guida Nedda B. Parreiras. A luz da Hélade. Rio de Janeiro: Ed. J. Di Giorgio, 1980. MAGNAVITA, Flavio. A essência do drama em Ésquilo. Salvador, Bahia: 1961. MAGRIS, Aldo. L'Idea del Destino nel Pensiero Antico. Trieste: Del Bianco, vol. I, 1984, vol. II, 1985. PLATÃO. A República. 7ª ed. São Paulo, Atena Editora. UNTERSTEINER, Mario. La Fisiologia del Mito. Milano: Fratelli Bocca, 1946. Saiba mais sobre Eugenia Maria Magnavita Galeffi. | Topo | Anterior | Próxima | Edição atual de Constelar | Atalhos de Constelar 90 - dezembro/2005 | Voltar à capa desta edição | O batismo cristão dos deuses pagãos | Designações astrológicas | Nenhum nome é casual? | Um exercício de aproximação | O mito da Moira | As Moiras na mitologia grega | A Moira em Sergio Campailla e em Ésquilo | 25 anos sem John Lennon | O mapa do nascimento e o mapa da morte | Cadastre seu e-mail e receba em primeira mão os avisos de atualização do site! 2009, Terra do Juremá Comunicação Ltda. Direitos autorais protegidos. Reprodução proibida sem autorização dos autores. http://www.constelar.com.br/constelar/90_dezembro05/moira2.php 15/6/2009