2. • Discípulo de
Caeiro, como o
Caeiro
Mestre
aconselha a
aceitação calma
da ordem das
coisas e faz o
elogio da vida «pagão por carácter», segue
campestre, Alberto Caeiro no amor da vida
rústica, junto da natureza. Mas,
indiferente ao enquanto o Mestre, menos culto e
complicado, é um homem franco e
social. alegre, Ricardo Reis é um
ressentido
3. • Caeiro propunha
saber ver, a obra
ver
de Reis sugere-nos
saber
contemplar, ou
contemplar
seja, ver
intelectualmente a
realidade.
4. • Reis, tal como Caeiro,
Reis Caeiro
aconselha a aceitar a
ordem das coisas e
gozar a vida pensando o
menos possível, um
pouco ao jeito das
crianças - «Depois
pensemos, crianças
adultas, que a
vida/Passa e não fica
(...)».
5. As afinidades entre Caeiro e Reis
restringem-se aos aspectos
apontados:
• é notória a vivacidade • no discípulo Reis tudo
e a ingenuidade, o é calculado,
prazer e a alegria, a ponderado, reflectido e
naturalidade e bem perceptível num
espontaneidade do tom triste que
Mestre Caeiro transparece na sua
poesia e que é,
certamente, resultante
de uma atitude
racional
6. A poesia de Ricardo Reis acusa a
influência de Horácio
• HORACIANISMO
- carpe diem :vive o
momento
- áurea mediocritas: a
felicidade possível no
sossego do campo
(proximidade da Caeiro)
Forma exageradamente trabalhada:
– os latinismos, os poemas
demasiadamente intelectuais, a
sintaxe latina, a ode e o uso frequente
latina
do hipérbato, como em latim.
hipérbato
7. PAGANISMO
- crença nos deuses e na
civilização da Grécia
(desprezo pelo cristianismo)
- Culto do belo, como forma
belo
de superar a efemeridade dos
bens e a miséria da vida
-intelectualização das emoções
- medo da morte
8. Sofre e vive o drama da transitoriedade
doendo-lhe o desprezo dos deuses.
• Fugacidade do tempo
• Consciência da efemeridade da vida
• Fatalidade (medo) da morte
9. • Para enfrentar esse
medo da morte,
defende que é preciso
viver cada instante que
passa, sem pensar no
futuro, numa
perspectiva epicurista
de saudação do “carpe
diem”.
10. • Mas essa vivência do
prazer de cada momento
tem que ser feita de
forma disciplinada,
digna, encarando com
grandeza e resignação
esse Destino de
precariedade, numa
perspectiva que tem
raízes no estoicismo.
11. Epicurismo Estoicismo
• Busca de uma felicidade • Apatia – aceitação calma e
relativa através da serena das leis do Destino,
ataraxia - ausência de da ordem das coisas e a
perturbação - e da aponia indiferença face às paixões
- ausência de dor.
e aos males para atingir a
• «Carpe diem» - gozar em
felicidade.
profundidade o momento
presente. • Valorização da razão em
• moderação nos prazeres detrimento das emoções
• fuga à dor que merecem a
indiferença.
• ataraxia( tranquilidade
capaz de evitar a • abdicação da lutar
perturbação) • autodisciplina
12. • A filosofia de Reis é
a de um epicurismo
triste, pois defende
triste
o prazer do
momento, o «carpe
diem», como
caminho para a
felicidade, mas sem
ceder aos impulsos
dos instintos.
13. Faz dos Gregos o modelo da
sabedoria (aceitação do Destino
de forma digna e activa)
“ Segue o teu
destino,
Com este heterónimo,
Rega as tuas Pessoa projecta-se na
plantas, Antiguidade Clássica.
Ama as tuas
rosas.”
14. Ricardo Reis é o poeta clássico:
cultiva a ode e recorre
frequentemente à mitologia e aos latinismos.
Preconiza o regresso à
Grécia Antiga por
considerá-la um modelo de
15. Os gregos como modelo de sabedoria, pois
souberam aceitar o destino e fruir o bem da
vida.
• Tem consciência de que
não nos podemos opor
ao destino, mas antes
aceitá-lo com
naturalidade, como a
água segue o curso do
rio, sem lhe resistir.
16. O homem, sujeito do Fado, não
tem liberdade
“Porque, só na ilusão da
liberdade
A liberdade existe.”
“Como acima dos
Deuses O Destino
É calmo e inexorável.”
17. Linguagem e estilo
• Submissão da expressão ao conteúdo: a uma ideia perfeita
corresponde uma expressão perfeita Forma métrica: Ode
• Estrofes regulares em verso decassílabo alternadas ou não
com hexassílabo
• Verso branco
• Recursos frequente à assonância, à rima interior e à
aliteração
18. • Predomínio da subordinação
• Uso frequente do hipérbato
• Uso frequente do gerúndio e do imperativo
• Uso de latinismos
• Metáforas, eufemismos, comparações
• Estilo construído com muito rigor e muito
denso
Notas do Editor
Ode é uma composição poética que surgiu na Grécia Antiga , e era cantada e acompanhada pela lira . Ode, em grego , significa canto . Ela se divide em estrofes semelhantes entre si, tanto pelo número como pela medida dos versos, geralmente de quatro versos ou dividida em três partes recorrentes quando coral. Os poetas gregos Alceu, Safo e Anacreonte escreveram odes. Caracteriza-se pelo tom elevado e sublime com que trata determinado assunto. As literaturas ocidentais modernas aproveitaram sobretudo, do ponto de vista da forma, a ode composta por três unidades estróficas, correspondentes, no desenvolvimento da ideia do poema, à estrofe, à antístrofe (cantada pelo coro, originalmente) e ao epodo (conclusão do poema). A ode comportava uma série de esquemas métricos e rítmicos, de acordo com os quais era classificada.
epicurismo.: Epicuro acreditava que o maior bem era a procura de prazeres moderados de forma a atingir um estado de tranquilidade (ataraxia) e de libertação do medo, assim como a ausência de sofrimento corporal (aponia) através do conhecimento do funcionamento do mundo e da limitação dos desejos. A combinação desses dois estados constituiria a felicidade na sua forma mais elevada
Estoicismo: A autossuficiência é o objetivo supremo do estoicismo, que assume como lema o adágio ascético sustine et abstine , suporta e renuncia . Cada ser deve viver com a sua própria natureza, logo, ao homem, que se caracteriza por ser eminentemente racional, cabe viver de acordo com a virtude para atingir o objetivo máximo: a felicidade. Esta só é alcançável através do cumprimento do adágio já referido, tornando o homem um ser autárquico, quer dizer, cujo princípio está em si mesmo e que, por isso, é senhor de si. Para alcançar este fim, o sábio deve renunciar às suas paixões; a esta renúncia chamam os estoicos ataraxia ou apatia .
Hipérbato: inversão dos elementos da frase relativamente à sua ordem usual.