O documento discute os desafios da leitura digital para bibliotecas escolares, educadores e famílias. Apresenta os benefícios e riscos da leitura em tela e como isso afeta o desenvolvimento cognitivo das crianças. Também reflete sobre como escolas, famílias e a mídia podem trabalhar juntos para promover competências de leitura em diferentes formatos e evitar a exclusão digital.
1. Ler e Formar Leitores no séc. XXI – Desafios digitais
Formanda: Rosa Maria Pimentel Barros da Costa, PB
do AEVA (Agrupamento de Escolas do Concelho de Viana do
Alentejo)
Relatório Crítico
Parte 1- Comentário crítico à conferência “Desafios Tecnológicos: um
jogo de luzes e de sombras, por Ana Bela Pereira Martins
No início dos trabalhos, após a sessão de abertura, a plateia escutou,
atentamente, Ana Bela Martins, técnica do Gabinete Coordenador da RBE, na
sua conferência “Desafios tecnológicos: um jogo de luzes e de sombras”.
A razão da escolha desta conferência prendeu-se com a
sugestionabilidade do título, que aponta para a dualidade subjacente aos
desafios tecnológicos relativos à questão da leitura e das literacias, além de ter
sido, quiçá, a conferência/comunicação a que foi prestada mais atenção, pelo
facto de ter sido a primeira, da parte da manhã, em que o cansaço por a
intensidade do dia e o calor que se fazia sentir foram condicionantes na
apreensão dos conteúdos explorados ao longo do dia.
Numa época em que cada mais o público principal das bibliotecas
escolares se encontra completamente seduzido pelo fenómeno digital, impõe-
se questionar quais as vantagens e desvantagens relativas à leitura em suporte
tradicional e em suporte digital. É neste contexto que a autora faz a metáfora
do “jogo de luz e de sombra”. Vantagens e desvantagens da leitura digital
foram assinaladas. Se a leitura em suporte tradicional têm as vantagens que
convencionou considerar-se, a leitura em écran apresenta algumas
características que alteram o desenvolvimento cognitivo, devido à
fragmentação e dispersão subjacentes à leitura em écran. A questão do écran
é interessante porque, antes da era digital, quem, alegadamente não gostava
de ler, ironizava, dizendo que gostava de ler legendas, em écrans, numa
referência clara à televisão e ao cinema. De facto, a rápida sucessão de
imagens, o imediatismo e a leitura de hipertextos são a realidade da maioria
das nossas crianças e jovens. Novas formas de escrever acompanham os
desafios digitais de crianças e jovens, quotidianamente em rede, com
telemóveis de última geração, com tablets e WEB 2.0. Todas estas questões
apontam para os grandes desafios que se apresentam às bibliotecas escolares,
às equipas, aos professores e professoras, de forma a desenvolver-se
competências de leitura crítica, com capacidade de transformar informação em
conhecimento, para, assim, se contribuir para uma verdadeira sociedade
cognitiva.
2. Ler e Formar Leitores no séc. XXI – Desafios digitais
Relatório Crítico
Parte 2- Reflexão em grupo sobre a seguinte questão: “Que desafios e
problemáticas se colocam em relação ao papel e responsabilidade social
de pais, educadores, mediadores de leitura e media neste universo?”
Grupo de trabalho:
- Catarina da Luz Rento Beirão
- Elsa Maria Cabo Malheiro
- Francisca de Jesus Rolo Matos
- Maria Elisa Calado Pinto
- Maria Joaquina Fernandes
- Maria Luísa de Mira Bagão
-Rosa Maria Pimentel Barros da Costa (autora)
A questão escolhida foi elaborada a partir do objectivo enunciado para o
encontro “Reconhecer os desafios e problemáticas associadas ao papel e
responsabilidade social de pais, educadores, mediadores de leitura e media na
era digital.” A dualidade “desafios/problemáticas” foi o mote para a reflexão em
grupo sobre o papel e responsabilidade social nos diversos actores
intervenientes no processo das novas leituras, das literacias, na era digital,
junto ao público-alvo, as crianças e jovens.
A construção de uma sociedade cognitiva exige esforço conjunto de
escola, famílias, meios de comunicação social, mediadores de leitora no
sentido da promoção das competências da leitura, em diversos suportes, sem
excluir qualquer deles, evitando preconceitos subjacentes a raízes educativas,
claramente ultrapassadas pelo avanço tecnológico que proporcionou a
revolução digital, num curto espaço de tempo. Se, por um lado é fundamental
evitar-se a infoexclusão, por outro lado, é importante continuar-se a promover a
leitura recreativa, ou formal em suportes tradicionais, na medida em que
permite o desenvolvimento de competências estruturantes para o pensamento,
para a linguagem, para a criatividade, redimensionando os tempos da narrativa,
da acção, da estória, da história, o tempo sagrado, o tempo profano…
A leitura em suportes digitais veio revolucionar o conceito de leitura,
introduzindo novas formas de ler, em suportes digitais, armazenamento virtual,
com todas as contingências que estão associadas a estes factores. Neste
contexto, é um desafio levar as famílias a acompanhar a fluência das suas
crianças e jovens nascidos na era digital, evitando a sua infoexclusão, tomando
consciência dos poderosos instrumentos de trabalho que a era digital fornece.
Em relação às famílias, constitui, sem dúvida, um desafio a divulgação e a
sensibilização para a leitura digital e para a formação de novos leitores, em que
poderá ser fundamental a intervenção concertada da BE com uma “escola de
pais”. Por outro lado, uma problemática, que constitui um desafio é a questão
da associação corrente do digital ao domínio lúdico: como levar crianças e
3. jovens, assim como as famílias a reverem esta posição, encarando o digital
como uma poderosa fonte de informação capaz de gerar conhecimento.
A diversificação de grupos de leitura na BE, dar a conhecer novos
suportes de leitura, como e readers, será uma nova forma de motivação para a
leitura, com a capacidade de captar novos leitores, junto a população escolar,
tradicionalmente, não leitora. Assim, desafios fundamentais colocam-se à BE,
como promotora da leitura em contexto digital e promotora da WEB 2.0 como
instrumento de trabalho e facilitadora das aprendizagens.
Sem dúvida, que esta revolução não é isenta de riscos, nomeadamente
questões éticas relativas a direitos de autor, a uma utilização honesta de
conteúdos intelectuais. Por outro lado, há custos que estão associados à era
digital que poderão gerar exclusão, nomeadamente, hardware, software,
manutenção, licenças, acesso… Além disso, há que salientar os riscos
relativos à segurança: a comunicação online poderá criar situações
conducentes a abusos de crianças e jovens por predadores, há o risco das
transacções e jogos online, que poderão criar situações económicas
incomportáveis para as famílias. Todos os riscos apresentados e discutidos
também constituem desafios, que deverão ser aceites e respondidos por quem
detém, não só a informação, mas também o conhecimento, que deverá de uma
forma honesta e equilibrada contribuir para a educação as nossas crianças e
jovens: escolas, bibliotecas, famílias, media deverão conscientemente
concorrer para as mesmas finalidades, uma vez que a educação é uma tarefa
de toda a comunidade e a leitura, em época digital é factor determinante para
sucesso pessoal e social. Assim, pode-se concluir que direitos humanos,
igualdade de oportunidades, igualdade de género, uma sociedade equitativa e
justa beneficia da capacidade de transformar informação em conhecimento,
principalmente nesta era digital.