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Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
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Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
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Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
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Editorial
A
pesar da crise enfrentada pelo setor sucroenergético, intensificada pelos fatores cli-
máticos, ao longo de 2014, o ano termina apontando um futuro mais promissor para
o segmento. A prova disso é que novos investimentos começam a movimentar a ca-
deia produtiva da cana-de-açúcar, como o início da produção de etanol de segunda geração,
conforme mostra a matéria de capa desta edição.
Sempre na vanguarda, a Raízen começa a produzir o novo combustível a partir do bagaço
da cana e já o disponibiliza em um posto de Piracicaba - SP para testar sua aceitação com o
consumidor. A empresa tem planos de ter oito plantas de 2G até 2024 e produzir 1 bilhão de
litros do combustível, o que demandará investimentos da ordem de R$ 2,5 bilhões.
Inovação e tecnologia de ponta também estão na pauta de grandes empresas como a BASF,
que tem em Santo Antonio de Posse - SP, a maior área de pesquisa da multinacional alemã,
local onde é desenvolvido o Sistema Agmusa™. A Canavieiros foi conferir o local e traz a
matéria nesta última edição do ano. Também tem destaque a aprovação do PRA (Programa
de Regularização Ambiental), que define as diretrizes para adequar ambientalmente as pro-
priedades rurais do Estado de São Paulo.
A edição 103 traz ainda entrevistas com Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da
UNICA, e com Geraldo Veríssimo de Souza Barbosa, professor da UFAL (Universidade Fe-
deral de Alagoas) e coordenador do PMGCA.
Além da Coluna Caipirinha, assinada pelo professor Marcos Fava Neves opinam no “Pon-
to de Vista” Guilherme Nastari e Ângelo Guerra. Já o engenheiro agrônomo da Canaoeste
Ricardo Parisoto assina artigo técnico sobre o plantio na cultura da cana-de-açúcar.
As notícias do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, assuntos legais, informa-
ções setoriais, classificados e dicas de leitura e de português também podem ser conferidos
na revista de dezembro.
Desejamos a vocês uma boa leitura e também um excelente 2015!!!
Etanol de segunda geração
Boa leitura!
Conselho Editorial
RC
Expediente:
Conselho Editorial:
Antonio Eduardo Tonielo
Augusto César Strini Paixão
Clóvis Aparecido Vanzella
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan
Manoel Sérgio Sicchieri
Oscar Bisson
Editora:
Carla Rossini - MTb 39.788
Projeto gráfico e Diagramação:
Rafael H. Mermejo
Equipe de redação e fotos:
Andréia Vital, Carla Rodrigues, Fernanda
Clariano, Igor Savenhago e Rafael H. Mermejo
Comercial e Publicidade:
Marília F. Palaveri
(16) 3946-3300 - Ramal: 2208
atendimento@revistacanavieiros.com.br
Impressão: São Francisco Gráfica e Editora
Revisão: Lueli Vedovato
Tiragem DESTA EDIçÃO:
21.500 exemplares
ISSN: 1982-1530
A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente
aos cooperados, associados e fornecedores do
Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred.
As matérias assinadas e informes publicitários
são de responsabilidade de seus autores. A
reprodução parcial desta revista é autorizada,
desde que citada a fonte.
Endereço da Redação:
A/C Revista Canavieiros
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Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550
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Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
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10 - Ponto de Vista
Guilherme Nastari
Diretor da DATAGRO
- Geladeiroteca da Canaoeste é apresentada no 7º Seminário Internacional de Biblio-
tecas Públicas e Comunitárias em SP
- Projeto Geladeiroteca apoiado pela biblioteca da Canaoeste é premiado em Brasília
- Canaoeste e Copercana acompanham votação do PRA, em São Paulo
- Reuniões Técnicas Canaoeste
- Presidente da Canaoeste recebe Prêmio Visão Agro Brasil 2014
22 - Notícias Canaoeste
Ano VIII - Edição 102 - Dezembro de 2014 - Circulação: Mensal
Índice:
E mais:
Capa - 22
Etanol de segunda geração já
abastece carros no Brasil
Raízen é a primeira empresa a
produzir em escala o biocombustí-
vel a partir do bagaço da cana-de-
-açúcar e a disponibilizar o produto
em posto no interior de São Paulo
16 - Notícias Copercana
- III Encontro de Gerentes do Sistema é marcado pelo otimismo
- Reforma no supermercado de Sertãozinho amplia qualidade e conforto
30 - Notícias Sicoob Cocred
- Balancete Mensal
Pontos de Vista
Ângelo Guerra
.....................página 11
Pontos de Vista
Prof. Dr. Marcos Fava Neves
.....................página 12
Coluna Caipirinha
.....................página 14
Destaques:
“Certificação como ferramenta
de produtividade”
.....................página 36
13º Seminário de Produtividade
e Redução de Custos
.....................página 38
Cana Conviver
.....................página 40
Est. Experimental Agrícola da BASF
.....................página 42
Informações Setoriais
.....................página 46
Agende-se
.....................página xx
Classificados
.....................página 50
Cultura
.....................página 53
Foto:RafaelMermejo
48 - Artigos Técnicos
- O Plantio na Cultura da Cana-de-Açúcar
05 - Entrevista
Antonio de Pádua Rodrigues
diretor técnico da UNICA
“Jamais vamos ter ganhos de produtividade se existe uma con-
corrência desleal”
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
5
Revista Canavieiros: O que esperar da safra
2015/16?
Antonio de Padua Rodrigues: Provavelmente, a
oferta de cana não será maior que a da safra 2014/15,
podendo até ser inferior, se as chuvas não vierem dentro
da normalidade. Acho que a grande mudança que pode
haver é uma retomada do diálogo com a nova equipe do
Governo Dilma. E isso vai passar por algumas medidas
que podem melhorar efetivamente o setor. A primeira,
já em andamento, é o aumento da mistura, de 25% para
27,5%, de etanol na gasolina. Estamos na reta final e
tudo indica que, no início de fevereiro, vamos tomar a
decisão de quando iniciar a nova mistura. E, sem dú-
vida alguma, vai haver um tributo na gasolina, que é a
volta da CIDE (Contribuição de Intervenção no Domí-
nio Econômico). Ninguém sabe ainda efetivamente qual
será o valor, mas dará um novo impacto nos preços da
gasolina para o consumidor, o que vai aumentar a com-
petitividade do etanol hidratado. Eu diria que essa é a
principal medida a ser ajustada para ajudar a resolver o
grande problema de falta de competitividade do setor.
Outro grande movimento que está acontecendo, aqui da
região Centro-Sul do País, que poderá e deve ser co-
ordenado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), é
de um grupo de governadores, de Goiás, Mato Grosso
do Sul, Paraná, Minas Gerais, que vai buscar uma re-
dução do ICMS nesses Estados [como já acontece em
São Paulo e foi aprovado, neste mês de dezembro, em
Minas Gerais, onde a alíquota que incide sobre o etanol
Entrevista I
Antonio de Padua Rodrigues
“Jamais vamos ter ganhos de produtividade se
existe uma concorrência desleal”
Igor Savenhago
Na expectativa de mudanças positivas para o setor sucroenergético já em 2015, Antonio de
Padua Rodrigues, diretor técnico da UNICA, está otimista para a recuperação das usinas e dos
produtores de cana. Um dos principais motivos, segundo ele, será a retomada do diálogo com o
Governo Federal para que sejam definidas medidas de longo prazo, como a posição do etanol na
matriz energética brasileira.
Ele não acredita, no entanto, que a retomada será imediata. Afirma que, para isso, será preciso,
primeiramente, conter a bola de endividamento que assola o setor. E continuar trabalhando, in-
cessantemente, para reduzir custos e aumentar produtividade, o que, na visão dele, nunca deixou
de ser feito. Padua atribui os problemas de gestão enfrentados à falta de rentabilidade, impactada
pela concorrência desleal com a gasolina e pelas mudanças tecnológicas nos processos de plantio,
colheita e transporte da cana.
Durante o 13º Seminário de Produtividade e Redução de Custos, promovido pelo Grupo IDEA
nos dias 3 e 4 de dezembro, em Ribeirão Preto-SP, o diretor concedeu a seguinte entrevista.
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
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Entrevista I
cairá de 19% para 14%]. E mais: es-
ses governadores estariam dispostos a
ir para Brasília fazer uma agenda com
a Presidente da República, em prol da
recuperação, não só do setor, mas de
seus agregados: a indústria de bens de
capital, os fornecedores de cana. Os
municípios hoje estão muito prejudi-
cados pela falta de receita, pelo fim da
CIDE, pelo não crescimento do ICMS,
pela quebra agrícola, que vai haver
este ano, principalmente no Estado de
São Paulo. É uma ação com expectati-
vas muito positivas. E a última expec-
tativa é que, provavelmente, o ciclo de
excedentes de açúcar no mundo deve
se encerrar em setembro de 2015. Com
isso, o Brasil, de novo, será o País
mais capacitado para voltar a crescer,
produzir e exportar açúcar a preços
competitivos.
Revista Canavieiros: Com todas
essas medidas, dá para prever já uma
retomada do setor?
Padua: Eu diria que retomada não.
Acho difícil haver uma retomada da ex-
pansão, do investimento. Num primeiro
momento, é estancar essa bola crescente
de endividamento, de prejuízo, de falta
de preços que o setor enfrenta. É come-
çar a recuperar as empresas que estão
operando e que ainda têm condições de
serem recuperadas. Evidentemente que,
muitas delas, mesmo com essas medi-
das, vão ficar no meio do caminho.
Revista Canavieiros: Você falou
em retomada do diálogo com o Gover-
no. Por que acha que não houve uma
aproximação maior nos últimos qua-
tro anos?
Padua: Eu diria que diálogo sempre
houve, nunca faltou diálogo. Mas sempre
faltou uma decisão de longo prazo.Várias
medidas que aconteceram foram de curto
prazo. Desonerar o etanol hidratado e o
anidro de PIS e Cofins, por exemplo, foi
uma medida de diálogo. Mas é pontual. E
o que nós queremos são medidas de longo
prazo, como definir, claramente, a partici-
pação do etanol na matriz de combustí-
veis e entender como é que vai ser daqui a
20 anos, para que haja um planejamento,
crescimento e a volta do investimento.
Isso é o que foi difícil e que esperamos
que agora se retome.
Revista Canavieiros: Além do di-
álogo com a esfera pública, como o
setor está buscando medidas para con-
tinuar reduzindo custos e aumentando
a produtividade?
Padua: Isso nunca deixou de ser
feito. Vejam os investimentos que
ocorreram na questão da logística, no
alcoolduto, nos terminais, em sistemas
novos de produção. Houve, de fato,
uma perda de produtividade agrícola
por mudanças de tecnologia nos pro-
cessos de plantio, colheita, transporte
de cana. Grande parte da nossa perda
de competitividade não está no dia a
dia, no operacional, mas nas pressões
ambientais e sociais. E aí você não tem
controle. Então, a busca incessante por
melhores custos e produtividade nunca
parou e vai continuar. Agora, jamais
nós vamos ter ganhos de produtivida-
de de 10% ao ano, que mantenham a
competitividade dos nossos produtos,
se, do outro lado, existe uma concor-
rência desleal e não se sabe o que vai
acontecer com seu produto concorren-
te [gasolina]. A perda de competitivi-
dade não foi por um problema isolado
de gestão do setor. Houve problemas,
sim, com empresas que tiveram uma
péssima gestão. Mas o que leva a uma
gestão ruim? É a falta de rentabilidade.
As empresas estão num ciclo de sobre-
vivência. Para que haja ganhos, ve-
nham novas tecnologias e seja possível
pensar num salto tecnológico, tem que
haver rentabilidade. Se não houver, o
setor vai viver do sucateamento da la-
voura, da frota e da indústria. RC
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
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Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
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Revista Canavieiros: Fale como
surgiu o programa cana-energia?
Geraldo: Iniciamos em 2008 alguns
testes de cruzamento para definir quais
as melhores famílias possíveis para rea-
lizar os cruzamentos e assim seguir um
programa. Em 2011, algumas empresas
nos procuraram para desenvolver esse
programa e obter variedades porque já
estavam com indústrias sendo monta-
das no Brasil e precisariam da matéria-
-prima. Aceleramos o processo e passa-
mos três anos de trabalho muito forte
nisso e já temos quatro séries em campo
- RB 11, RB 12, RB 13 e RB 14.
Revista Canavieiros: A cana-ener-
gia é uma oportunidade para o setor
canavieiro?
Geraldo: Com certeza. Há um des-
perdício muito grande da palha e da
folha da cana-de-açúcar. Esse conjunto
tem conteúdo energético que é a meta-
de do que é produzido de petróleo no
Brasil e não é totalmente aproveitado.
Sabendo aproveitar esse potencial tem-
-se ganho de produtividade e maior ren-
dimento, o que é solução para muitos
problemas do setor.
Revista Canavieiros: Pode-se dizer
que a cana-energia é uma tendência?
Geraldo: Eu acredito que sim, é
uma tendência mundial. Em outros pa-
íses como a Europa, já foi estabelecido
que em 2020 sua matriz energética terá
que ser 20% baseada em biomassa. Nos
Estados Unidos, já tem regulamentado
o crescimento até 2020 - de 1,5 milhão
de hectares de cana-energia e, no Bra-
sil, temos várias ações do Governo para
este fim.
Revista Canavieiros: O que se
pode esperar das cultivares de cana-
-energia?
Geraldo: A cana-energia é pro-
duzida por meio de um melhoramen-
to genético que resulta em cana com
mais quantidade de fibras e variação
na quantidade de açúcar. As pesquisas
realizadas na UFAL visam ao desenvol-
vimento de uma cana-energia que pos-
sibilite: Menor quantidade de mudas
para o plantio; reduzido número de in-
sumos; elevada taxa de multiplicação;
longevidade das socarias (acima de 10
colheitas); maior tolerância aos estres-
ses abióticos; menor florescimento e
devem ser livres de doenças; e custo de
produção 1/3 menor, tornando-a muito
mais rentável.
Revista Canavieiros: Qual seria o
diferencial e os potenciais usuários da
cana-energia?
Geraldo: O diferencial é que a ren-
tabilidade é muito maior, tanto de rendi-
mento no campo quanto no rendimento
industrial. Os potenciais usuários são:
as indústrias produtoras de etanol e de
bioquímicos diversos, indústrias consu-
midoras de energia elétrica e de vapor
e calor, empresas geradoras de energia
elétrica, empresas produtoras e expor-
tadoras de briquetes e pellets, além de
outras empresas usuárias de energia
térmicas.
Revista Canavieiros: Qual seria o
custo de produção?
Geraldo: Já existem estudos lá fora e
aqui, que no campo o custo de produção
é 1/3 (um terço) do custo de produção da
cana tradicional. Na indústria mais alto,
mas quando você soma campo e indús-
tria, representa de 80 a 90% do custo de
produção do atual cenário.
Geraldo Veríssimo de Souza Barbosa
Cana-energia, o futuro já começou
Na busca por novas tecnologias e mercados, a indústria canavieira vem se reinventando ano a ano. A
RIDESA, através da Universidade Federal de Alagoas em parceria com a GraanBio, iniciou pesquisa para o
desenvolvimento de novas variedades RB com elevada biomassa, a chamada “cana-energia”.
Durante reunião anual do PMGCA (Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar) da RIDE-
SA (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético), que aconteceu em Ribeirão
Preto-SP, o professor da UFAL (Universidade Federal de Alagoas) e coordenador do PMGCA, Geraldo Verís-
simo de Souza Barbosa, falou com a Revista Canavieiros sobre essa nova tecnologia.
Fernanda Clariano
Entrevista II
RC
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
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Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
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Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
Cresce a participação de contêineres nas
exportações de açúcar ensacado no Brasil
Por Guilherme Nastari*
Guilherme Nastari
C
onforme nova atualização do
line-up, os embarques de açú-
car via contêineres no Brasil
totalizaram 1,583 milhão de tonela-
das entre janeiro e setembro, contra
1,761 milhão de toneladas em mesmo
período de 2013, queda de 10,1%. No
ano, o pico de exportações de açúcar
em contêineres foi em agosto, com
297,397 toneladas.
Em contrapartida, os embarques via
contêineres ganharam maior participa-
ção nos embarques totais de açúcar en-
sacado. Estimamos que as exportações
via contêineres foram responsáveis por
81,1% dos embarques totais de açúcar
ensacado na média de janeiro a setem-
bro. Em 2013 essa participação foi de
59,8% e de 63,5% em 2012.
O maior uso desse tipo de transpor-
te também tem influenciado a cotação
do açúcar branco na bolsa de Londres,
atual ICE Futures Europe. A atual es-
pecificação do contrato do açúcar #5
limita a entrega do produto apenas
através de navios de carga geral (Bre-
ak Bulk), o que não mais condiz com
a preferência do mercado em trabalhar
com contêineres. Diante da diminui-
ção de navios disponíveis para carga
geral, o prêmio do branco segue alto.
Há a expectativa de que o contrato #5
seja atualizado, oferecendo o contêiner
como uma opção de entrega.
O principal destino das exportações
brasileiras via contêineres no acumu-
lado de janeiro a setembro foi o Sri
Lanka, com 228.364 toneladas, ou
14,4% do total, seguido pelos EUA,
com 202.919 toneladas (12,8%), e Iê-
men, com 195.761 toneladas (12,4%).
Quanto aos embarques de açúcar via
Break Bulk, o Brasil exportou 2,034
milhões de toneladas em novembro a
um preço médio FOB de US$ 378,07/
ton, queda de 25,65% sobre o volume
exportado no mês anterior. Em compa-
ração ao igual mês do ano passado, a
redução foi de 10,21%.
Do total exportado em novembro,
1,743 milhão de toneladas foram de
açúcar a granel a US$ 375,29/ton FOB,
recuo de 17,26% em relação a outubro.
Já os embarques de açúcar em sacos
caíram 53,79% para 290.319 toneladas
a US$ 394,80/ton FOB. No acumulado
do ano, as exportações de açúcar soma-
ram 21,877 milhões de toneladas, redu-
ção de 11,82% sobre o mesmo período
de 2013 (24,811 milhões de toneladas).
Provavelmente motivado pela depre-
ciação cambial, observa-se, contudo,
uma melhora na nomeação de navios
para o embarque de açúcar no Brasil.
Em um mês, a taxa de câmbio sofreu
uma desvalorização de 5,3% para R$
2,7403 no dia 16 de dezembro, ao pas-
so que o primeiro futuro do açúcar #11
em NY caiu 6,7% no mesmo período
para US$ 14,71 c/lb. Consequentemen-
te, o preço do açúcar em reais sofreu
uma variação negativa de 1,8%, a R$
888,68/ton.
Hoje o embarque de VHP em Santos
para entrega em dezembro é negociado
com descontos de 85 a 95 pontos sobre
o primeiro futuro de NY. Para entrega
em janeiro, descontos passam a variar
de 50 a 60 pontos e de 35 a 45 pontos
para entrega em fevereiro.
*diretor da Datagro
Ponto de Vista I
RC
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
11
Ponto de Vista II
O significado da Recuperação Judicial
Por Ângelo Guerra*
Ângelo Guerra
O
setor sucroalcooleiro atravessa
um momento de apreensão e
incertezas. 2014 não foi um ano
bom para as usinas e, por consequência,
para os fornecedores de equipamentos e
prestadores de serviço que atendem à ca-
deia de açúcar e etanol. Se não foi bom
para os negócios, precisa ser para sua
organização. Segundo levantamentos do
setor, cerca de 60 usinas requereram a
Recuperação Judicial em 2014, utilizan-
do dos dispositivos da Lei 11.101/2005,
que instituiu a Recuperação Judicial no
País, além de outras deliberações.
A lei vigente oferece oportunidade
de reorganização do negócio e pode ser
acessada em circunstâncias de crise eco-
nômico-financeira, cuja análise reporte
a uma possibilidade de soerguimento
da empresa. Houve grande flexibiliza-
ção dos dispositivos legais que, antes,
miravam no fechamento da empresa,
venda de ativos e pagamento das dívi-
das, com sérias consequências sociais.
Os dispositivos da Lei 11.101/2005, por
sua vez, modernizaram os mecanismos
de negociação e de gestão no sentido de
viabilizar a continuidade do negócio.
O plano é elaborado e apresentado
pela empresa recuperanda aos seus cre-
dores em reunião pública - Assembleia
Geral de Credores – que votam pela sua
aprovação ou não.
Nos mais de 70 processos de recu-
peração que conduzimos com 100%
de aprovação na última década, uma
característica é praticamente unânime
e reveladora: a grande maioria dos em-
presários recorre ao dispositivo legal
somente no último instante, quando
todas as alternativas já se esgotaram.
Essa negação prolongada do empresa-
riado brasileiro é uma das mais perigo-
sas armadilhas quando se busca recu-
perar uma empresa.
A Recuperação Judicial oferece a
oportunidade de restruturação das dívi-
das, reorganização dos processos e proce-
dimentos e reavaliação do negócio. Acei-
tar que o cenário é de dificuldade e que
o futuro pode ser sombrio é o primeiro
grande passo para o empresário que dese-
ja verdadeiramente recuperar a saúde do
seu negócio, para que possa seguir pro-
duzindo e gerando riquezas. Apesar de o
nome ser associado a um cenário negati-
vo, a Recuperação Judicial deve ser enca-
rada como um excelente instrumento de
negociação de dívidas. Uma vez autoriza-
da pela justiça, a empresa requerente tem
180 dias de proteção legal contra ações e
execuções e a possibilidade de acesso aos
recursos eventualmente retidos.
Os passivos trabalhistas têm priorida-
de para quitação, conforme escala apro-
vada na Assembleia de Credores, e gran-
de parte da dívida pode ser paga de forma
parcelada e escalonada. Alguns passivos
estão fora das negociações, como aqueles
contraídos junto à União e aqueles vincu-
lados a alienações fiduciárias.
A legitimidade para requerer a recu-
peração judicial é exclusiva do devedor
que exerça regularmente suas atividades
há mais de dois anos e que, cumulati-
vamente, não seja falido, não tenha ob-
tido concessão do instituto nos últimos
cinco anos e não tenha como sócio ou
administradores condenados por crimes
falimentares. O devedor é definido como
todo empresário ou sociedade empresá-
ria. É possível também que o cônjuge
sobrevivente, herdeiros do devedor, in-
ventariante ou ainda sócio remanescente
requeiram a Recuperação Judicial. Não
podem requerer Recuperação Judicial:
sociedade simples, empresa pública, so-
ciedade de economia mista, instituições
financeiras (pública ou privada), coope-
rativa de crédito, consórcio, entidade de
previdência complementar, sociedade
operadora de plano de assistência à saú-
de, sociedade seguradora, sociedade de
capitalização e equiparadas.
Criar um ambiente favorável para
continuidade e crescimento das ope-
rações das empresas é um dos grandes
desafios de um projeto de recuperação
judicial. A retomada do crédito ocorre
gradativamente para aquelas empre-
sas que demonstram de forma consis-
tente e com informações confiáveis
as mudanças nos fundamentos que as
levaram à crise.
A lei não impõe nenhuma mudan-
ça operacional e/ou organizacional
na empresa durante o processo e ela
pode continuar operando normalmen-
te. Entretanto, como qualquer empresa
em dificuldade financeira, a obtenção
de novos recursos pode ser um dos
entraves. A reorganização proporcio-
nada pelo processo de recuperação,
organizada em um plano consistente e
factível, possibilita a retomada da cre-
dibilidade e, com o tempo, a geração
de caixa, que atrairá investimentos e
fomentos financeiros.
Nenhum cenário pode ser tão desa-
lentador quanto aquele no qual faltam
perspectivas. Existem, porém, disposi-
tivos legais e operacionais que podem
ser usados em favor do negócio e de
sua sustentabilidade. A Recuperação
Judicial pode parecer um remédio
amargo, porém seus efeitos, quando
combinados com decisões organiza-
cionais responsáveis, revelam-se ne-
cessários e prudentes.
*sócio-diretor da Exame Auditores
IndependentesRC
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
12
Ponto de Vista III
O Silêncio Perante as Tenebrosas Transações
Prof. Dr. Marcos Fava Neves*
Manifesto neste texto meu senti-
mento de tristeza e indignação
com o rumo que vem sendo
tomado pelo nosso País, colocando em
risco difíceis e dolorosas conquistas
que tivemos desde o processo de demo-
cratização.
Assistimos nos últimos anos a uma
gestão na esfera Federal que vem fa-
lhando na tentativa de promover um
maior desenvolvimento nos pilares
econômico, social e ambiental do nosso
país, facilmente comprovado por indi-
cadores internacionalmente reconheci-
dos em todas estas áreas, que vêm apre-
sentando seguida deterioração.
Entre os econômicos, destaco o re-
trocesso na atividade industrial e con-
sequente menor geração de empregos,
queda na arrecadação de impostos,
balança comercial passando a ser de-
ficitária em 2014, com importações já
representando quase 22% do total con-
sumido no Brasil, o retorno da inflação,
que perigosamente encosta na parte
superior da meta estabelecida, e repre-
senta uma terrível penalidade às classes
mais humildes.
Temos anualmente perdido posições
no índice internacional de competiti-
vidade das nações, passamos por um
aumento considerável dos custos de
produção, o que traz grande compro-
metimento na capacidade de geração
de renda pelas empresas, e sem geração
de renda, fica comprometida a salutar e
desejosa distribuição de renda, que se
observará nos cortes de programas so-
ciais já em 2015.
Entre os indicadores sociais, obser-
vo pela primeira vez nos últimos anos
o aumento no número de miseráveis,
fracas participações em competições
internacionais na área de educação, a
acomodação de importante parte de
nossa população desistindo do trabalho
e dependendo do Estado, a explosão da
violência urbana e rural, a degradação
do tecido social, deterioração das ins-
tituições sociais, dos valores éticos, de
educação, convivência e solidariedade.
Observo também um desencanto dos
jovens e dos talentos e empreendedores
com o Brasil, com aumento na vontade
de pessoas em buscarem alternativas
em outros países. Todos sabemos já
de muitos casos de pessoas que foram
embora, cérebros, repetindo processos
passados por nossos países vizinhos.
Finalmente, assistimos também se
deteriorarem alguns indicadores am-
bientais, com o aumento recente na
taxa de destruição de nossas florestas e,
principalmente, nas emissões de CO2,
entre outros, notadamente pela perda
do setor de etanol e energias renováveis
com equivocadas políticas de subsídios
aos combustíveis fósseis, amplamente
debatidas e contestadas pelos pesquisa-
dores, entre os quais me incluo.
Como mais um indicador de uma
gestão fraca, o Governo Federal não
cumpriu as metas do orçamento propos-
to para 2014, e necessita de uma ma-
nobra para acertar as contas. Isto repre-
senta mais uma afronta às instituições,
ao tentar flexibilizar perigosamente
uma conquista de enorme relevância à
sociedade brasileira, a lei de responsa-
bilidade fiscal, com possíveis reflexos
futuros nas arenas estaduais e muni-
cipais, pois se abre o precedente de se
acertar por artifícios as contas de quem
não as cumpriu como gestor público,
colocando em risco uma das maiores
conquistas da sociedade brasileira, que
foi a estabilização da moeda.
Assistimos também atônitos às des-
cobertas diárias de tenebrosas transa-
ções que vêm saqueando as nossas es-
tatais, sendo o caso da Petrobras, entre
muitos outros, o mais escandaloso que
vi em nossa história, pelo volume de
recursos comprovadamente desviados
pelo grupo que está à frente da gestão
do nosso país. Roubos que prejudicam a
nossa sociedade de diversas formas, mas
principalmente em investimentos que
poderiam beneficiar os mais humildes,
comprometendo as futuras gerações do
nosso país. Ressalto que a corrupção não
se restringe ao Governo Federal, é prati-
ca recorrente em nosso país.
Ou seja, encontramo-nos hoje na
mais triste situação em termos de ad-
ministração pública: má-gestão, que
comprovadamente tirou o País dos tri-
lhos do desenvolvimento, aliada à ele-
vada corrupção. Basta a leitura diária
dos editoriais da respeitável imprensa
brasileira e internacional para este triste
diagnóstico.
Dirijo-me à comunidade universitá-
ria manifestando minha decepção pela
elevada acomodação e omissão, na qual
não me enquadro, de boa parte do siste-
ma universitário, seja do corpo docente
ou discente, à situação de deterioração
na qual nos encontramos. Justo a Uni-
versidade, que historicamente é cata-
lisadora de movimentos de mudança e
moralização.
Chega a ser intrigante, além de difí-
cil compreensão, perante esta situação
de má-gestão e saque do patrimônio
público “em tenebrosas transações”, o
silêncio, além do compositor da canção
que cito no início, das nossas associa-
ções de classe, sindicatos e de entidades
estudantis, entre estas destaco os sem-
pre combativos e tradicionais Centros
Acadêmicos e notadamente a desapa-
recida UNE, entidade de contribuições
históricas e que foi às ruas no Anhanga-
baú (SP) comigo em 1992 derrubar via
impeachment um presidente que, em
tom de humor trágico, me parece hoje
um “homeopata” perto de tudo isto que
se vê. Por que estão em silêncio? Passa-
ram a tolerar, aceitar a corrupção desen-
freada? Ou se escondem num injustifi-
cável e falso argumento que... “sempre
foi assim” para justificar a omissão?
Uso este texto para manifestar meu
chamado, meu estímulo para que a co-
munidade universitária e a sociedade
saiam desta injustificável acomodação
e participem mais ativamente do pro-
cesso de protesto contra esta deteriora-
ção e tudo o que vem sendo feito diaria-
mente para prejudicar o nosso objetivo
comum, que é a construção de um país
justo, de oportunidades e com elevado
IDH (Índice de Desenvolvimento Hu-
mano), traduzindo em seguidas melho-
rias nos seus indicadores de desenvol-
vimento econômico, ambiental e social,
que comprovadamente por indicadores
internacionalmente aceitos, deixamos
de ver no nosso País.
“Dormia, a nossa pátria mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações...”
(Chico Buarque de Holanda)
RC
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
13
A Ameaça Progressista
Prof. Dr. Marcos Fava Neves*
O
leitor deve estar intrigado com
o título, afinal, como é que pro-
gresso pode ser ameaça?
Para explicar, conto um “causo”.
Final de semana, inspirado pela volta
triunfal de São Pedro à cidade de Ribei-
rão Preto-SP, li e assisti muita coisa, en-
tre elas, um filme norte-americano que
traz informação que já havia percebido:
os defensores das antigas ideias ligadas
ao comunismo e socialismo continuam
firmes e fortes, mas não usam mais es-
tes nomes, pela baixa aceitação na po-
pulação. Usam nova roupagem: o termo
“progressista”. Lastreiam “forças pro-
gressistas” com outro apelo junto: “jus-
tiça social”.
 Grande sacada esta mudan-
ça, pois alguém ouvindo que tal pessoa
é progressista, é levado a pensar que se
trata de uma pessoa ou ideia que trará
progresso, e todos gostam de progresso.
A palavra progresso, de onde se ori-
gina o que deveria ser o movimento
pelo progresso, ou progressismo, signi-
fica: “adiantamento, desenvolvimento,
aperfeiçoamento, marcha ou movimen-
to para diante” (Aurélio). Já o progres-
sismo (não se encontra no Aurélio, mas
na Wikipédia) é “uma doutrina política
que expressa a crença ou o desejo de
evolução, desenvolvimento, aperfeiço-
amento, superação. Opõe-se ao conser-
vadorismo. Políticas progressistas são
aquelas que propõem mudanças socioe-
conômicas radicais, para o desenvolvi-
mento e o progresso da sociedade”.
Nosso “causo” agora vai para a agri-
cultura. Por coincidência achei o termo
progressista, logo após o filme. Li en-
trevista com um ministro dizendo que
seu partido aceitará um ou uma “ru-
ralista” no comando do Ministério da
Agricultura, pois este tradicionalmente
não é ocupado por nenhum ministro
“progressista”, por ser um feudo do
agronegócio. Um pequeno aparte: ru-
ralista é outro termo terrivelmente pe-
sado, tal como socialista e comunista.
Precisamos copiar esta estratégia e mu-
dar de ruralista para “alimentaria a” e,
neste caso, a estratégia é honesta, pois
o novo nome significa a mesma coisa.
Manifesto visão radicalmente oposta
a deste ministro e destas pessoas no que
significa ser progressista. O agronegó-
cio é justamente o setor mais progres-
sista do Brasil, por trazer um saldo co-
mercial impressionante e gerar enorme
renda para ser amplamente distribuída
nesta parte do mundo. Em outras pa-
lavras, o I-Phone do ministro foi pago
pelo açúcar exportado. É praticamente
a única coisa que temos com respeito e
admiração internacional e que vem tra-
zendo progresso por aqui.
O ministro entrevistado não vê no
ex-colega e ex-ministro da Agricul-
tura Roberto Rodrigues uma pessoa
progressista. Talvez tenha perdido a
oportunidade de ver seu trabalho e re-
sultados entregues, ou de conversar e
ver que dele saltam ideias e ações de
progresso com inclusão social, afinal, é
também um dos principais lideres coo-
perativistas no mundo.
Progressistas seriam então os adep-
tos das ideias neossocialistas ou neo-
comunistas (se é que isto é possível),
e mais recentemente, os bolivarianos,
que o ex-presidente de destruído país
vizinho chamava de “socialismo do sé-
culo XXI”.
Conto a vocês neste “causo” que
tenho sim algo em comum com estas
pessoas, que são boas e idealistas: o
objetivo. Almejamos um país com ele-
vado índice de desenvolvimento huma-
no (IDH). Diferimos é na estratégia, o
“como fazer” para se atingir o objetivo
(aonde se quer chegar).
Comprovamos empiricamente após
décadas de tentativas em lugares do
mundo, que estas estratégias (comunis-
ta, socialista, bolivariana) levaram ao re-
trocesso, e não ao progresso. Seleciono
um motivo central para explicar onde fa-
lham: comprometem a geração de renda.
E sem geração de renda, torna-se difícil
distribuir renda e elevar o IDH.
Portanto, as ideias destas pessoas,
de “progressista”, no sentido correto da
palavra, não têm absolutamente nada.
Mas é bonito ver como acreditam pia-
mente que seus Governos entregam
progresso, mesmo lutando contra qua-
Ponto de Vista IV
se todos os indicadores que mostram o
contrário. A palavra “progressista” usa-
da para esta finalidade, para esta carac-
terização, é um estelionato.
Poderia parar aqui, mas o “causo”
terminaria com o leitor sem entender o
título deste artigo, afinal onde este mo-
vimento “progressista” representa uma
ameaça ao Brasil? Percebo cada vez
mais esta estratégia comprovadamente
equivocada, sendo disseminada como a
correta e ganhando adeptos pelo Brasil,
principalmente em orquestrados movi-
mentos sociais (vejam o recente con-
vênio de um deles com as comunas do
vizinho do Norte), ONGs, e o mais pe-
rigoso, vai espalhando silenciosamen-
te no ensino médio e universitário via
professores “progressistas”, atingindo
crianças e jovens com conteúdo ideo-
lógico em momento vulnerável de suas
formações.
Movem-se silenciosamente como o
cupim, e quando percebemos, seu estra-
go está feito. Qual estrago? O estrago
que basicamente faz a pessoa acreditar
que para ter renda, não precisa gerar
renda. Pensamento individual que, co-
letivizado, destrói uma nação, como já
destruiu muitas.
E pior ainda, para o “nobre” fim,
para a “nobre” causa “progressista”
justificam-se, ou toleram-se, os meios,
mesmo que altamente condenáveis. Daí
talvez esta apatia de grande parte dos
“movimentos sociais” e da juventude
ao quadro de corrupção instalado em
nosso país, pois este seria um mal ne-
cessário ao bem maior “progressista”.
Fica o alerta aos que querem produ-
zir, gerar renda e desenvolvimento no
Brasil: é necessário reagir de maneira
estruturada à crescente e enorme ameaça
“progressista”. A palavra original com-
bina com produção e desenvolvimento,
mas o novo uso desta palavra, não. Foi
amplamente demonstrado no mundo.
*Marcos Fava Neves é Professor Ti-
tular de Planejamento e Estratégia na
Faculdade de Economia, Administração
e Contabilidade da Universidade de São
Paulo, Campus de Ribeirão Preto.RC
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
14
C
omo está o nosso agro?
Pelo quarto mês consecutivo,
em novembro, o desempenho
das exportações do agronegócio so-
freu queda. As exportações (US$ 6,13
bilhões), se comparadas com o mesmo
período de 2013 (US$ 7,16 bi), diminu-
íram 14,4%. O saldo na balança do agro
de novembro foi de US$ 4,89 bi, uma
queda de 15,1% em relação a novembro
de 2013.
O valor exportado acumulado no
ano (US$ 89,9 bilhões) teve queda de
3,8% quando comparado com o mesmo
período de 2013 (US$ 93,6 bilhões).
O saldo acumulado no ano foi de US$
74,6 bilhões (4,2% menor que o mesmo
período em 2013).
Os demais produtos brasileiros fora
do agro tiveram uma grande queda de
30,5% nas exportações (US$ 13,7 bi em
2013, para US$ 9,5 bi em 2014), o que
levou a participação do agronegócio
nas exportações brasileiras a alcançar
um patamar de 39,2% do total das ex-
portações brasileiras.
Com isto, aumentou consideravelmen-
te o deficit da balança comercial brasileira
em relação a novembro de 2013, saindo
de um deficit de quase US$ 0,2 bilhão
para um deficit de US$ 4,2 bilhões. Se
não fosse o agronegócio, a balança co-
mercial brasileira teria um deficit de US$
79 bilhões acumulados no ano, ou seja,
mais uma vez o agro evitou um desastre
maior na economia brasileira.
Como está nossa cana?
Compartilho com o leitor da Caipi-
rinha a minha leitura de 2015. Come-
ço pelos meus pontos de preocupação,
para depois falar dos pontos ou fatos
que podem ser positivos.
Pontos de preocupação para 2015
- Preço do petróleo, qual é o piso? Se
continuar a cair, jogará grande pressão
sobre as margens do etanol;
- Crescimento zero e desemprego
forte no Brasil;
- Safra de cana será do mesmo tamanho;
- Riscos da tentativa de volta de ou-
tros impostos (CPMF), que afetam os
custos do setor;
- Custo de produção continua eleva-
do em 2015, pois não se esperam gran-
des ações de redução dos gargalos do
custo Brasil;
- Menor renovação de canaviais e
feitos do clima de 2014 nos levarão a
uma produtividade igual ou menor;
- Juros mais elevados (custo de capi-
tal) e maiores riscos de refinanciamento
(rebaixamento de ratings) trarão au-
mento do endividamento e de recupe-
ração judicial;
- Entressafra longa traz mais risco
para as empresas descapitalizadas (afe-
ta mercado por abaixar desnecessaria-
mente os preços);
- Desânimo e desconfiança generali-
zados no Brasil afetam negativamente o
investimento;
- Petrobras e o “dominó estatal”, ou
seja, todo este mar de lama na Petrobras
vai paralisar o Governo, e isto é apenas
o começo, pois deve chegar as outras
estatais;
Pontos favoráveis para 2015
- Deve finalmente aumentar a mistura
do anidro na gasolina, para 27,5% (prova-
velmente iniciando em março de 2015);
- A provável volta da incidência da
CIDE na gasolina, pela necessidade de
arrecadação por parte do Governo;
- Um balanço mais favorável de pre-
ços pode levar a aumento no consumo
de hidratado e efeitos positivos de uma
safra mais “etanoleira” nos preços in-
ternacionais do açúcar;
- Baixos preços do açúcar nos últimos
anos desestimulou a produção em alguns
locais no mundo, com isto começam a
cair os estoques mundiais de açúcar e
continua o consumo crescendo (1,5/2%),
podendo refletir em melhores preços;
- Com o aumento do desemprego,
devem cair os preços de mão de obra
no setor;
-Boasperspectivasnacogeraçãoem2015;
- Taxa de câmbio deve ficar entre 2,5
a 2,8, ajudando nas margens dos produ-
tos exportados pela cadeia produtiva;
- Teremos cada vez mais os efeitos
de processo de “seleção”, ou seja, anos
difíceis fizeram com que muitos deixas-
sem a atividade, e os consolidadores são
os mais eficientes e capitalizados (sem
desconsiderar os graves problemas so-
ciais ligados a esta saída da atividade);
- Ausência de Copa e eleições, que
paralisaram a produção no Brasil em
parte de 2014;
Quem é o homenageado do mês?
A coluna Caipirinha todo mês ho-
menageia uma pessoa. Neste mês, a
homenagem vai para a amiga Saman-
ta Pineda, advogada e especialista em
agronegócios, grande estudiosa e co-
nhecedora, árdua defensora do setor.
Haja Limão: 2014 terminou. Um ano
absolutamente complicado ao Brasil, de
retrocesso de nossa sociedade. Termina a
primeira gestão da presidente da Repúbli-
ca com pouca coisa que pode ser carac-
terizada como de êxito. Uma má-gestão
acossada pela corrupção. Lamentavel-
mente os eleitores cegos do Brasil não
viram isto e nos presentearam com mais
quatro anos. Haja limão pela frente!
Marcos Fava Neves é Professor
Titular da FEA/USP, Campus de
Ribeirão Preto. Em 2013 foi Profes-
sor Visitante Internacional da Purdue
University (EUA)
Coluna Caipirinha
Marcos Fava Neves
Caipirinha
Alguns fatos positivos para 2015
RC
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
15
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
16
III Encontro de Gerentes do Sistema
é marcado pelo otimismo
Notícias Copercana
I
nformar, conscientizar e manter a
equipe estimulada para um novo
ano que se inicia. Este foi o objetivo
do III Encontro de Gerentes do Sistema
Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred
realizado em novembro, no auditório
da Canaoeste, em Sertãozinho - SP. Pa-
lestras proferidas pelo economista José
Roberto Mendonça de Barros e pelo fi-
lósofo Mário Sérgio Cortella marcaram
o evento, que contou com a participa-
ção de mais de 200 colaboradores.
“Vivemos uma dupla transição, com
o término do atual modelo de cresci-
mento mundial e de uma estrutura de
poder que se formou a partir de 2003”,
explicou Barros, ao dar um panorama
sobre o cenário político e econômico
mundial e nacional. De acordo com o
palestrante, a economia doméstica vive
um desarranjo macroeconômico e se-
torial, com baixo crescimento, deficit
fiscal, inflação acima da meta, sem falar
na crise da indústria, energia e em ou-
tros setores, como o da construção civil,
que afastam os investimentos. “Nem
uma equipe de super-heróis resolveria
os problemas enfrentados pelo Brasil,
se a gestão continuar do jeito que está”,
afirmou o economista.
Andréia Vital
Segundo ele, 2015 ainda será um ano
difícil a ser enfrentado, mas o cenário
deverá mudar. “Existe muita coisa que
pode ser feita, mas que exige, antes de
tudo, pé no chão, uma estratégia que
seja cautelosa, mas compatível com a
retomada de crescimento mais adian-
te”, explicou, afirmando que “especial-
mente no agronegócio, mesmo a parte
que está mais prejudicada que é o setor
sucroenergético, tem uma perspectiva
bastante razoável porque o dólar vai
estar mais alto e isso tende a ajudar o
setor. Além disso, acho que os custos
vão subir um pouco menos do que tem
subido, no período recente. Então acho
que depois de tanta dificuldade o cená-
rio possa clarear um pouco para o se-
tor”, contextualizou.
Ao ser questionado pelo presidente
da Copercana e Sicoob Cocred,Antonio
Eduardo Tonielo, sobre a possibilidade
de se fazer uma reforma fiscal diante
do atual cenário em que se encontra o
Brasil atualmente, o economista foi ta-
xativo. “Teria se o Aécio Neves tivesse
vencido a eleição, com o Governo que
está ai, não vejo essa possibilidade”,
afirmou. Outros participantes também
esclarecem suas dúvidas sobre o desti-
no da economia nacional e sua influên-
cia na crise da agroindústria canavieira
na ocasião.
De acordo com o filósofo Mário Sér-
gio Cortella, a palavra crise, no sânscri-
to, significa purificação. “Por isso, uma
crise significa algo que nos leva a pensar
e reorientar processo, mas ela também
nos ajuda a olhar o que tem que ser dei-
xado de lado e o que tem que ser levado
Palestras de Mário Sérgio Cortella e José Roberto Mendonça de Barros abrilhantaram evento
que reuniu mais de 200 colaboradores em Sertãozinho - SP
Os participantes ficaram atentos a palestra do filósofo Mário Sérgio Cortella
José Roberto Mendonça de Barros,
economista
Antonio Eduardo Tonielo,
presidente da Copercana e Sicoob Cocred
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
17
adiante” ensinou, afirmando ainda que
quando se fala para um setor que está em
crise é necessário ser mais trazedor de
esperança. “Uma esperança que não seja
ilusória, mas também que não seja algo
que traga a catástrofe como sendo aquilo
que está às portas”, explicou.
“Uma crise não é o ponto final, uma
crise é um obstáculo na passagem e este
setor não vive em crise pela primeira
vez, essa crise é como na natureza, é
cíclica, mas quem é da roça sabe que a
agricultura é a arte da paciência e uma
pessoa que não tem paciência não pode
lidar com agricultura”, disse o filósofo,
afirmando que há dois modos de en-
frentar uma crise. “O primeiro é sentar
e chorar, o segundo é levantar e enfren-
tar. Não se enfrenta uma crise como
está sem trabalho, sem dedicação, sem
reação e sem junção”, analisou.
Cortella ressaltou também a impor-
tância de se equilibrar a vida profissio-
nal e pessoal. “Equilíbrio não é ficar pa-
rado no meio, equilíbrio na vida é igual
a ter equilíbrio na bicicleta. Na vida
você se equilibra em movimento, a vida
humana é uma maratona, e tem gente
que quer fazer da vida, da carreira, cem
metros com barreira, dispara, sai cor-
rendo, salta e quase cai morto”, disse,
afirmando que “equilíbrio é você ir aos
extremos e não se perder neles”. O filó-
sofo também citou o britânico Beda, o
Venerável, ao afirmar que há três cami-
nhos para o fracasso: não ensinar o que
se sabe; não praticar o que se ensina e
não perguntar o que se ignora.
Para ele, uma das coisas decisivas
para não se ter uma vida perdida é dis-
seminar a ideia de esforço. “Parte das
novas gerações não têm ideia de esfor-
ço, essa facilitação é um dos mecanis-
mos para que se crie uma geração mais
frouxa, que não pega no breu, é meio
cozida, o que traz um desequilíbrio à
relação de gerações”, analisou, mas avi-
sou que ainda há um caminho a seguir.
“Você não controla a direção dos ven-
tos, mas você pode reorientar suas ve-
las, orientar essa nova geração que está
chegando, pois se bobear, fraquejar, ela
não pega no breu”, disse, lembrando
ainda que o segredo da vida é simples.
“Vaca não dá leite, você tem que tirar”.
Nesta edição a Bayer foi a patrocina-
dora do encontro. “A Bayer enxerga o
Sistema como um parceiro de negócios
extremamente importante e nós vemos
que é uma oportunidade para transmitir
um pouco aquilo que a empresa é, não
só em nível Brasil, mas que a empre-
sa tem dentro do agronegócio, além do
fato da gente estar ampliando o conhe-
cimento do corpo gerencial da Coper-
cana e Canaoeste, essa interação com
o time gerencial é muito importante”,
concluiu o representando da multina-
cional Augusto de Camargo Monteiro.
Participantes aprovam o evento
Para o presidente da Copercana, An-
tonio Eduardo Tonielo, promover even-
tos como este é de fundamental impor-
tância para ajudar no dia a dia, seja na
vida profissional, como na pessoal. “É
sempre um alerta para as pessoas e te-
nho certeza que muito dos nossos co-
laboradores vão pensar um pouco dife-
rente na hora que voltar para o serviço
ou mesmo quando chegar em casa”,
disse ele.
Opinião compartilhada com o diretor
da Copercana, Pedro Esrael Bighetti.
“No cooperativismo você tem que estar
sempre aprendendo, e na família tam-
bém”, frisou.
Manoel Ortolan, presidente da Ca-
naoeste, também aprovou o encontro.
“Acho que foi um evento muito bom.
Os dois palestrantes, pelo que a gente
ouviu, passaram informações impor-
tantes, que foram bem aceitas por todos
que estavam participando. Consegui-
mos praticamente encher o salão, com
mais de 200 funcionários, colabora-
dores do Sistema. Além disso, vale
destacar também a integração entre as
três empresas - Copercana, Canaoeste,
Sicoob Cocred - pois todo mundo parti-
cipa desse evento”, disse.
Já o gerente da Uname (Unidade de
Grãos da Copercana), Augusto César
Strini Paixão, destacou as dicas ofere-
cidas pelos palestrantes. “A palestra do
Barros mostrou a dificuldade que tere-
mos pela frente e que o cenário para o
Brasil no próximo semestre ainda não
será muito bom e a palestra do Cortella
nos fez perceber que para enfrentar as
dificuldades a gente precisa estar uni-
dos”, analisou.
“Cada vez o evento fica melhor, es-
tamos aprendendo mais. Este ano veio
abrilhantar o nível de palestrantes, não
Pedro Esrael Bighetti,
diretor da Copercana
Manoel Ortolan,
presidente da Canaoeste
Augusto César Strini Paixão,
gerente da Uname
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
18
há quem não tenha gostado. Para nós
que trabalhamos na Copercana é uma
chance muito grande de ter a participa-
ção e o aprendizado de pessoas como
estas, é muito vantajoso”, disse Frede-
rico Dalmaso, gerente de comercializa-
ção da cooperativa.
De acordo com Manoel Sérgio Sic-
chieri, assessor das diretorias do Siste-
Frederico Dalmaso,
gerente de comercialização
Manoel Sérgio Sicchieri,
assessor das diretorias
Márcio Meloni, administrativo e
Financeiro da Sicoob Cocred
ma, as informações obtidas no encontro
são relevantes para a atualização dos
colaboradores sobre o cenário políti-
co e econômico. “A palestra do Mário
Sérgio trouxe muita motivação para a
gente e agrega valor no nosso dia a dia,
pois às vezes tem coisa que a gente dei-
xa passar, e não damos conta, portanto,
vem agregar no nosso trabalho, na nos-
sa família”, alegou.
Para o diretor Administrativo e Fi-
nanceiro da Sicoob Cocred, Márcio
Meloni, o evento é de suma importân-
cia “para atualizar todos os gerentes em
termos de política, em termos de ação
econômica, políticas de juros, câmbio,
enfim, ele dá um panorama da econo-
mia do País, com a perspectiva do que
pode acontecer e manter o pessoal atua-
lizado”, afirmou.
Notícias Copercana
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
19
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
20
Reforma no supermercado de Sertãozinho-SP
amplia qualidade e conforto
Notícias Copercana
U
m novo conceito em compras,
que alia conforto, sofisticação,
qualidade e preços competiti-
vos. A preocupação com a máxima sa-
tisfação dos clientes impulsionou a Co-
percana a fazer uma série de mudanças
em seu supermercado de Sertãozinho-
-SP. Novinho em folha, agrada pela dis-
posição dos produtos, corredores mais
largos, rotisseria ampla e mais organi-
zada e, claro, imensa gama de produtos
e a possibilidade de encher o carrinho
gastando menos.
A loja é a segunda a ganhar um estilo
diferenciado, marcado pela padronização
da fachada, caixas, balcões, gôndolas e
cores.Aprimeira, que já nasceu com esse
novo layout, foi a de Jaboticabal-SP, inau-
gurada em novembro de 2012.
As mudanças em Sertãozinho, que
incluíram iluminação e forro novos,
além de condicionadores de ar, o que
deixou o ambiente mais claro e refres-
cante, duraram seis meses e foram fei-
tas com a loja em pleno funcionamen-
Igor Savenhago
Mudanças fazem parte de um novo conceito que já havia sido aplicado na
loja de Jaboticabal-SP, inaugurada em novembro de 2012
to. Os trabalhos eram concentrados no
período noturno, para não atrapalhar
os clientes. Algumas estruturas ainda
devem ser implantadas, como uma se-
paração em vidro entre a rotisseria e a
geladeira, para evitar temperaturas mui-
to baixas.
Ricardo Meloni, gerente comer-
cial da Copercana, afirma que grandes
mudanças ocorrem, principalmente,
quando envolvem uma equipe de pro-
fissionais qualificados e que conseguem
entender o objetivo e a missão da coo-
perativa. “Estamos visualizando e pla-
nejando diariamente para alcançar cada
resultado positivo da empresa. A nossa
diretoria tem acompanhado e apoiado
todo o trabalho comercial, para que
possamos ter esse crescimento e aber-
tura a novos desafios”.
Meloni destaca, ainda, o desempe-
nho da equipe de compras. “Traba-
lhamos, incessantemente com forne-
cedores para que possamos oferecer
Ricardo Meloni, gerente comercial
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
21
A mesma opinião tem Antônio Sau-
le, outro cliente fiel. “Além de qualida-
de, hoje as pessoas buscam conforto. E,
nesse aspecto, ficou ótimo. Está mais
arejado e com mercadorias muito bem
distribuídas”.
Esses fatores favorecem, também, o
lazer em família. Para Vera Lúcia Silva,
que vai ao supermercado com o marido,
Júlio César Baltazar, e a sobrinha Maria
Eduarda, o espaço é perfeito para uma
refeição saudável e descontraída, já que
dispõe de uma rotisseria com mais op-
ções. “Além disso, é nítida a maior qua-
lidade da loja, de uma forma geral. A
localização dos produtos também está
mais fácil. A informação visual está
bem diferente do que era”.
O Supermercado Copercana em Ser-
tãozinho fica na rua Dr. Pio Dufles, 551,
no Jardim Soljumar.
melhores preços e aumento consi-
derável no mix de produtos. Hoje, a
diversidade com qualidade é a maior
com relação aos nossos concorrentes.
Tenho que agradecer a esta equipe pelo
comprometimento com as nossas me-
tas e por trabalhar sempre para termos,
também, os melhores preços. A Coper-
cana não é feita por uma pessoa, mas
por uma equipe focada. Exemplos são
nossos supervisores, gerentes, encarre-
gados e funcionários”.
Ele agradece ao supervisor dos Su-
permercados Copercana, Márcio Ze-
viani, que, desde o início, colocou sua
experiência e conhecimento como ges-
tor a serviço das novas tendências de
mercado. “Com a reforma, foi possível
melhorar todas as gôndolas, otimizan-
do melhor espaço aos clientes, tendo,
assim, a aceitação de 100% dos nos-
sos consumidores. Posso pontuar, por
exemplo, o refrigerador único das bebi-
das, que mantém a temperatura mesmo
com a reposição. Quero deixar claro
que sempre estarei pesquisando, para
disponibilizar aos nossos clientes o me-
lhor em supermercado. E agradecer a
toda equipe da loja de Sertãozinho pelo
empenho”, declara Zeviani. Ele lembra
que a reforma se estendeu à parte exter-
na, onde se localiza o estacionamento,
que ganhou mais vagas, tanto comuns
quanto especiais.
Satisfação
A loja recém-reformada, que man-
tinha o formato original já há 15 anos,
deixou os clientes com sorriso aberto.
“Um dos desafios mais interessantes era
reformar com o supermercado aberto. E
o mais legal dessa trajetória era a satis-
fação dos clientes em ver toda a equipe
empenhada para melhor conforto de-
les”, diz Zeviani.
Os mais tradicionais, que compram
no local há muitos anos, destacam que
os diferenciais irão atrair mais gente. E
que as mudanças são perceptíveis em
todos os aspectos do supermercado.
Cristina Assan, que frequenta a Co-
percana em Sertãozinho desde a pri-
meira inauguração, pelo menos duas
vezes por semana, afirma que uma
maior visibilidade dos produtos foi fa-
vorecida. “O açougue está melhor. Os
vinhos têm maior variedade. Enfim,
melhorou para todo lado”.
Márcio Zeviani, supervisor dos
Supermercados Copercana
Cristina Assan
Antônio Saule
Vera Lúcia Silva, Maria Eduarda e Júlio
César Baltazar
RC
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
22
Notícias Canaoeste
Geladeiroteca da Canaoeste é apresentada
no 7º Seminário Internacional de Bibliotecas
Públicas e Comunitárias em SP
C
om pouco mais de um ano, o
projeto Geladeiroteca, apoiado
pela biblioteca da Canaoeste,
vem ganhando espaços e se destacando
cada vez mais. Para fechar o ano com
chave de ouro, o projeto foi apresenta-
do durante o 7º Seminário Internacional
de Bibliotecas Públicas e Comunitárias
(Seminário Biblioteca Viva), que acon-
teceu entre os dias 17 e 19 de novem-
bro, no Novo Centro de Convenções
Rebouças, na capital paulista.
Realizado pela Secretaria da Cultura
do Governo do Estado de São Paulo, por
meio da Unidade de Biblioteca e Lei-
turas (UBL), e a SP Leituras, o evento
teve o objetivo de valorizar ainda mais
as bibliotecas, disseminar a leitura e a
informação e promover reflexões sobre
o papel das bibliotecas na comunidade.
Estiveram presentes bibliotecários
de vários Estados, profissionais de bi-
bliotecas, dirigentes de cultura, estu-
dantes, além de convidados nacionais e
Fernanda Clariano
O projeto “Geladeiroteca: consuma aqui e alimente seu espírito” foi apresentado pelo biblio-
tecário Haroldo Beraldo, em forma de painel, durante o seminário
internacionais de países como o Chile,
Colômbia, Espanha, Portugal e Estados
Unidos, que participaram de palestras,
debates, apresentações de painéis e pôs-
teres sobre as mais variadas experiên-
cias em bibliotecas.
Entre os temas apresentados esta-
vam: acessibilidade, bibliotecas como
espaços além da leitura, leitura nas
diversas mídias, sustentabilidade e so-
luções inovadoras e criativas para am-
bientes em bibliotecas, passando por
questões muito atuais como a diversi-
dade de gênero e sexualidade.
Na abertura, o secretário da Cultura
do Estado de São Paulo, Marcelo Matos
Araújo, representando o governador do
Estado, Geraldo Alckmin, falou sobre a
importância do trabalho realizado pelos
bibliotecários. “Em pesquisa recente rea-
lizada sobre os hábitos culturais dos pau-
listas, a leitura é o hábito cultural mais
praticado por eles no seu tempo livre. Te-
mos a certeza de que esse dado é, dentre
outros, decorrência do trabalho realizado
pelos bibliotecários. Sabemos que, para
a maior parte das pessoas, as bibliotecas
públicas e as comunitárias são o único
meio de acesso aos livros e a cultura de
forma geral”, afirmou o secretário.
“Essa é a primeira vez que os três
sistemas de bibliotecas públicas se re-
únem, o Municipal, o Estadual e o Na-
cional, que estão cada vez mais alinha-
dos na missão de garantir o direito de
acesso à leitura, à informação e à cultu-
ra a todos os brasileiros. Eu espero que
as pessoas consigam compartilhar os
conhecimentos, que elas se sintam aco-
lhidas, motivadas e revigoradas para
continuarem disseminando a leitura no
País”, disse a coordenadora geral do
evento, Adriana Cybele Ferrari.
Seminário Biblioteca Viva aconteceu no Novo Centro de Convenções Rebouças, na capital paulista
Marcelo Matos Araújo, secretário da
Cultura do Estado de São Paulo
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
23
O primeiro dia de seminário contou
com um bate-papo descontraído com o
escritor Maurício de Sousa, criador de
personagens clássicos como a Mônica
e sua turma.
Maurício de Sousa subiu ao palco
afirmando que seria uma pessoa dife-
rente se não frequentasse a biblioteca
da sua cidade quando criança e contou
um pouco da sua trajetória. Ainda jo-
vem, chegava a ler um livro por dia.
“Quem lê tem sempre algo a dizer, tem
sempre algo no coração e na cabeça
para dividir com alguém. Não é uma
pessoa vazia”. Ao mudar-se para São
Paulo, o escritor chegou a apresentar
alguns de seus desenhos para o editor
Adriana Cybele Ferrari.,
coordenadora geral do evento
de um jornal, mas o editor pediu para
que ele desistisse porque desenhos não
davam dinheiro. Ao invés de desistir,
Maurício colocou seu sonho em prá-
tica e hoje conduz uma empresa com
200 funcionários, que é responsável
por 86% do mercado brasileiro, com
atuação em mais de vinte países, e que
edita cerca de 2 milhões de livros em
parceria com 22 editoras brasileiras.
Maurício de Sousa, criador dos personagens Mônica e sua turma
e o mediador Wandi Doratiotto
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
24
A primeira palestra do seminário
foi ministrada pela convidada Sílvia
Castrillón, da Associação Colombia-
na de Leitura e Escrita (Asolectura),
que fez um panorama sobre as biblio-
tecas colombianas, seus acertos, frus-
trações e desafios.
Já o chileno Gonzalo Oyarzún, do
Sistema Nacional de Bibliotecas Públi-
cas do Chile, falou sobre gibiteca e me-
diação de leitura e dividiu mesa-redon-
da com Patrícia Pina, da Universidade
Estadual da Bahia.
“As bibliotecas públicas, motores
culturais da Catalunha” foi o tema apre-
sentado por Carme Fenoll, que em sua
apresentação afirmou que “na Espanha,
as bibliotecas são os equipamentos
mais próximos do público, especial-
mente nas pequenas cidades, mas não
são os que mais atraem visitantes”.
Para finalizar o primeiro dia de se-
minário, foram realizados painéis, com
exposições de diversos cases de sucesso
de bibliotecas do Brasil e o bibliotecá-
rio Haroldo Luís Beraldo apresentou
aos participantes do evento
“Como profissional é uma experi-
ência única, é a primeira vez que par-
ticipo de um evento com tamanha re-
percussão, pois reúne bibliotecários e
profissionais que trabalham no Brasil,
América Latina, América do Norte e
Europa. Ter sido convidado para apre-
sentar o projeto Geladeiroteca neste 7º
Seminário Internacional de Bibliotecas
Públicas e Comunitárias, é uma grande
satisfação”, afirmou Beraldo.
“A Geladeiroteca é um projeto bem
interessante e criativo, porque ao colocar
livros dentro de um utensílio doméstico
em locais públicos, ele se torna muito
mais atrativo, pois instiga a curiosidade
e acaba aproximando as pessoas à leitu-
ra”, ressaltou Adriana Cybele Ferrari.
“Tendo em vista que as maiores au-
toridades em bibliotecas do mundo es-
tão presentes neste seminário apresen-
tando seus projetos mais inovadores de
bibliotecas, poder presenciar o projeto
do Haroldo inserido dentro desse even-
to é uma honra imensa para Sertãozi-
nho e demonstra a importância que a
própria cidade dá para o livro e para a
leitura”, destacou a chefe de bibliotecas
de Sertãozinho, Sônia Sarti.
“A ideia da Geladeiroteca é bem inte-
ressante pelo fato de aproveitar, de forma
lúdica, um material que seria descartado,
que não teria utilidade. Além de facilitar o
acesso aos livros, à informação, você pode
colocar a Geladeiroteca numa praça e, faça
sol ou faça chuva, é só fechar que não da-
nifica os livros. Eu achei muito prática essa
ideia”, disse o bibliotecário Sidnei Pereira
de São José dos Campos-SP.
“O projeto em si, a distribuição de
livros na comunidade não é algo novo,
muitas bibliotecas fazem isso. O que eu
achei interessante é o móvel, o suporte
que eles usaram para poder deixar es-
ses livros expostos para a comunidade.
Estão usando geladeiras velhas, reutili-
zando algo que é tão prejudicial ao meio
ambiente. Achei muito bacana, gostei do
projeto”, afirmou a bibliotecária em Ca-
nanéia-SP, Alaide Pereira Santos Faraci.
Lembrando que o 7º Seminário In-
ternacional de Bibliotecas Públicas e
Comunitárias ainda contou com bate-
-papos interessantes com os escritores
Fabrício Carpinejar e Laurentino Go-
mes e com uma programação bastante
diversificada.RC
Haroldo Luís Beraldo (bibliotecário da Canaoeste)
apresentou o projeto Geladeiroteca aos participantes do evento
Sônia Sarti, chefe de
bibliotecas de Sertãozinho
Sidnei Pereira,
bibliotecário de São José dos Campos
Alaide Pereira Santos Faraci,
bibliotecária em Cananéia
Notícias Canaoeste
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
25
Projeto Geladeiroteca apoiado pela biblioteca
da Canaoeste é premiado em Brasília
A
ideia de difundir a leitura usando
uma geladeira velha e sem ser-
ventia, e fazer dela uma biblio-
teca, vem dando tão certo que, no dia 16
de dezembro, a “Geladeiroteca”, projeto
apoiado pela biblioteca da Canaoeste,
foi premiada na 7ª edição do Prêmio Vi-
valeitura, anunciado em Brasília- DF.
O projeto, que surgiu em 2013, consiste
em adaptar geladeiras antigas para ofere-
cer livros, de forma gratuita e sem burocra-
cia, em locais públicos de Sertãozinho-SP,
ebastantefrequentadospelapopulação.As
obras podem ser retiradas e, após a leitura,
devolvidas no local, repassadas a amigos e
conhecidos ou deixadas em pontos de ôni-
bus e bancos de praças.
Seis pontos de Sertãozinho já foram
contemplados: o ambulatório da UBS
(Unidade Básica de Saúde) Plínio de
Lima Rubião, no Jardim Recreio, e a
EMEI (Escola Municipal de Educação
Infantil) Aracy Pelá, no Jardim Porto
Seguro, a ABA (Associação de Amigos
do Bairro Alvorada), o CEJUSC (Centro
de Solução de Conflitos e Cidadania),
no bairro Shangri-lá, o CCI (Centro de
Convivência do Idoso), no Jardim Solju-
mar, e o CRAS V (Centro de Referência
de Assistência Social), na Vila Garcia.
Vivaleitura
O Prêmio Vivaleitura 2014 é uma
iniciativa dos Ministérios da Cultura e
da Educação e da OEI (Organização dos
Estados Ibero-americanos para a Edu-
cação), com apoio da Fundação San-
tillana, do Consed (Conselho Nacional
dos Secretários Estaduais de Educação)
e da Undime (União Nacional dos Diri-
gentes Municipais de Educação). O ob-
jetivo é estimular e fomentar a leitura,
reconhecendo boas práticas.
Esta edição contou com 998 projetos
inscritos de todas as regiões do País. Fo-
ram selecionados 20 finalistas, cinco em
cada uma das categorias: Bibliotecas Pú-
blicas, Privadas e Comunitárias; Escolas
Públicas e Privadas; Práticas continu-
adas de leitura em contextos e espaços
diversos desenvolvidos pela sociedade e
Promotor de Leitura (pessoa física).
A cerimônia de premiação foi rea-
lizada no Salão Nobre na Câmara dos
Deputados e contou com a participa-
ção da secretária de Educação Básica
do Ministério da Educação, Maria Be-
atriz Luce, que representou o ministro
Henrique Paim; da diretora da OEI no
Brasil, Ivana de Siqueira; do secretário
executivo do Plano Nacional do Livro
e Leitura do MinC, José Castilho Mar-
ques Neto; da presidente da Câmara
Brasileira do Livro (CBL), Karine Pan-
sa; da deputada federal e senadora eleita
Fátima Bezerra (PT-RN), que coordena
a Frente Parlamentar Mista em Defesa
do Livro e Leitura e que representou
a Comissão de Cultura da Câmara dos
Deputados, entre outros convidados.
O bibliotecário Haroldo Luís Beraldo,
idealizador do “Projeto Geladeiroteca:
consuma aqui e alimente seu espírito”,
foi premiado entre os cinco melhores na
Categoria 1 – “Bibliotecas Públicas, Pri-
vadas e Comunitárias”, tendo recebido o
troféu das mãos da ministra interina da
Cultura, Ana Cristina Wanzeler.
“Estou muito feliz por ter conquista-
do esse prêmio. Foi um momento úni-
co, muito especial, pois esse é o maior
prêmio de fomento individual de leitura
no Brasil. Trazermos para a nossa bi-
blioteca e para Sertãozinho-SP é algo
de grande valor, que coroou de forma
magnífica o trabalho que a gente vem
desempenhando”, afirmou Beraldo.
Reconhecimento
“Quando o trabalho é realizado com
prazer e dedicação, as coisas aconte-
cem. O Haroldo é um grande profissio-
nal e tem feito um trabalho exemplar,
levando a biblioteca ‘General Álva-
ro Tavares do Carmo’ ao encontro da
população, através da Geladeiroteca,
disponibilizando livros principalmente
àqueles que têm dificuldades no aces-
so à leitura. Estamos muito felizes com
essa conquista, que é fruto dos esforços
dele, e esperamos que ele continue fir-
me nessa trajetória”, disse o presidente
da Canaoeste, Manoel Ortolan.
Haroldo recebe o troféu das mãos da ministra interina da Cultura, Ana Cristina Wanzeler
RC
Fernanda Clariano com informações de assessoria
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
26
Canaoeste e Copercana acompanham votação
do PRA, em São Paulo
F
oram seis meses de discussão,
nove emendas e 45 alterações em
relação ao projeto original. De-
pois de muita discussão, foi aprovado,
no dia 10 de dezembro, na Assembleia
Legislativa de São Paulo, o PRA (Plano
de Regularização Ambiental) Paulista –
Projeto de Lei 219/2014 –, que define as
diretrizes para a adequação ambiental de
propriedades rurais do Estado. A Coper-
cana e a Canaoeste levaram representan-
tes para acompanhar os trâmites finais.
O plano, aprovado por 65 votos a fa-
vor e dois contra, corresponde à etapa
estadual para a implantação do Código
Florestal – Lei 12.651/2012 –, que pas-
sou no Congresso Nacional há pouco
mais de dois anos. O texto do PRA se-
gue, agora, para sanção do governador
Geraldo Alckmin (PSDB).
Conforme Juliano Bortoloti, advo-
gado da Canaoeste, o impasse entre
os deputados paulistas ocorreu, prin-
cipalmente, por causa de dois pontos
divergentes da Lei Federal. O primeiro
se referia à questão da temporalidade.
Segundo o Código Florestal, se o dono
de uma fazenda consegue comprovar
que a área foi desmatada numa épo-
ca em que não havia legislação que
disciplinasse a prática ou, então, em
que a lei vigente autorizasse a retirada
de vegetação, ele não fica obrigado a
complementar a reserva florestal até o
teto de 20% da propriedade, conforme
está determinado para outros casos.
No entanto, o código não cita datas, o
que deixa esse aspecto vago. Já o PRA
Paulista delimitou os períodos de tem-
po e o tipo de vegetação, deixando a
regra mais clara.
Outro ponto de discordâncias foi a
autorização ou não para que se fizesse
a compensação da reserva legal fora do
Estado de São Paulo. Como o Código
Florestal prevê que a recomposição seja
por bioma, e não por unidade da Fede-
ração, fica mantida a possibilidade de
reflorestar em outros Estados.
Os momentos finais de discussão e vo-
tação do programa foram acompanhados
por agrônomos e produtores associados
da Canaoeste e cooperados da Coperca-
na. Eles se juntaram a cerca de 200 pes-
soas que representaram vários segmentos
da cadeia produtiva do agronegócio, entre
eles o da cana-de-açúcar. Eram represen-
Diretores, associados, cooperados e colaboradores do Sistema acompanharam a votação
Programa de Regularização Ambiental, que teve 65 votos a favor e dois contras, define as
diretrizes para adequar ambientalmente as propriedades rurais do Estado
Fernanda Clariano
Igor Savenhago
Notícias Canaoeste
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
27
Barros Munhoz, deputado estadual
Cyro Penna Junior, presidente do Sindicato
Rural do Vale do Rio Grande, em Barretos
tantes de sindicatos rurais, movimentos
sociais, institutos de pesquisa, universi-
dades, ONGs, representantes do próprio
Governo Estadual, além de deputados,
tanto estaduais quanto federais.
O projeto, fundamental para os desdo-
bramentos do CAR (Cadastro Ambiental
Rural) federal, foi apresentado pelo depu-
tado estadual Barros Munhoz (PSDB) e
teve autoria coletiva – além de Munhoz,
participaram Campos Machado (PTB),
Itamar Borges (PMDB), Roberto Morais
(PPS), José Bittencourt (PSD) e Estevam
Galvão (DEM). Contou, ainda, com o
apoio dos também deputados Davi Zaia
(PPS), José Zico Prado (PT), Bruno Co-
vas (PSDB), Pedro Tobias (PSDB), Beto
Trícoli (PV), Ana do Carmo (PT), Enio
Tatto (PT), Welson Gasparini (PSDB),
Professor Tito (PT) e do deputado federal
Arnaldo Jardim (PPS/SP).
No dia 25 de novembro, eles com-
puseram uma mesa coordenada por
Munhoz no auditório Paulo Kobayashi.
O objetivo foi promover uma audiên-
cia pública para debater vários artigos
do projeto, que regula, nos termos dos
artigos 23, III, VI e VII, e 24 da Cons-
tituição, o detalhamento de caráter
específico e suplementar do PRA das
propriedades e imóveis rurais, e dispõe,
ainda, sobre a aplicação da Lei Comple-
mentar Federal 140/2011.
Os participantes parabenizaram a ini-
ciativa de Barros Munhoz e dos apoia-
dores do projeto, destacando a necessi-
dade de agilizar sua tramitação para dar
segurança jurídica a quem vive do traba-
lho no campo e que não penalizasse os
pequenos agricultores. De acordo com
o presidente da Fetaesp (Federação dos
Trabalhadores na Agricultura do Estado
de São Paulo), Braz Albertini, o progra-
ma é considerado um dos mais impor-
tantes instrumentos para a agricultura
paulista, já que permitirá a solução de
várias dúvidas dos produtores rurais. Ele
destacou a necessidade de que a aprova-
ção fosse feita logo, considerando que os
donos de propriedades têm pressa para
fazer o CAR e se adequar ao PRA. “O
programa satisfaz necessidades e exi-
gências ambientais sem prejudicar a ati-
vidade rural. Essa aprovação é muito im-
portante para que o produtor saiba como
proceder depois e para acelerarmos nos-
sos trabalhos, pois temos prazos”.
Presente na audiência, o presiden-
te da Copercana e da Sicoob Cocred,
Antonio Eduardo Tonielo, classificou a
reunião como positiva. “A audiência foi
muito importante, porque contou com
a participação de produtores, ONGs e
pessoas totalmente envolvidas no as-
sunto. Sem a aprovação dessa lei, todos
ficam à deriva e, como bem disse o de-
putado Barroz Munhoz, ‘está na hora
de fazer o gol. Já fizeram de tudo e está
na hora de chegar aos finalmentes com
esse processo’. Acredito que os deputa-
dos agora vão dar uma adesão certa”.
Ganho
“Essa audiência foi um ganho para
a democracia, para o meio ambiente e
para o setor rural de São Paulo. Todo
mundo se colocou, todas as opiniões fo-
ram ouvidas e o projeto agora pode ser
arredondado para ir a votação e efetivar
o que estava faltando, que é a segurança
jurídica do produtor rural e do meio am-
biente”, afirmou a advogada Samanta
Pineda, consultora jurídica para assun-
tos ambientais da Frente Parlamentar da
Agropecuária no Congresso Nacional.
“Esperamos que esse projeto de regu-
larização ambiental esteja favorável ao
setor rural, de tal forma que haja um equi-
líbrio entre meio ambiente e produção
rural. Que o produtor consiga atingir seu
objetivo, que é produzir com sustentabili-
dade e que, de forma organizada, possa-
mos fazer uma pressão legítima aqui na
Assembleia Legislativa e emplacar nosso
ponto de vista”, disse o presidente do Sin-
dicato Rural do Vale do Rio Grande, em
Barretos – SP, Cyro Penna Junior.
O deputado Barros Munhoz, autor
do projeto, foi enfático ao dizer que
buscava, dentro das regras federais de
regularização, a adequação ambiental
que trouxesse o menor impacto social e
econômico. “Fazer mais trará efeito co-
lateral social. Fazer menos implica em
conflito com a lei federal. Essa discus-
são mostrou uma grande evolução no
projeto com poucos pontos divergentes,
o que a gente já esperava que houves-
se. Embora estejamos saindo sem um
resultado, vamos tentar caminhar para
votar ainda esse ano, pois a aprovação
do PRA representa um avanço para o
Estado de São Paulo, para o meio am-
biente e para os produtores rurais”.
Como o deputado João Paulo Rillo,
do PT, não concordou com a urgência do
projeto, não houve acordo para votação.
No dia 9 de dezembro, um novo en-
contro foi marcado na capital paulista,
com a expectativa de que o projeto en-
trasse na pauta. O auditório Juscelino
Kubitschek ficou tomado por lideran-
ças favoráveis e contrárias à aprovação.
Como ainda não havia acordo entre
os deputados, as discussões seguiram
noite adentro. Só ao final da segunda
sessão extraordinária, houve consenso
entre os parlamentares, para que o PRA
fosse votado no dia seguinte.
A estimativa é que, com o programa,
o Estado de São Paulo, que tem 17% de
cobertura vegetal, recebe o plantio de
1,7 milhão de árvores, elevando o índi-
ce para 24%.RC
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
28
Reuniões Técnicas Canaoeste
A
Canaoeste e a Copercana de
Pontal-SP, com o apoio da em-
presa Syngenta, realizaram uma
Reunião Técnica para a abordagem do
tema “Pragas e Doenças da Cana-de-
-Açúcar”. Na ocasião também foram
apresentadas algumas informações im-
portantes sobre o CAR (Cadastro Am-
biental Rural) pela engenheira agrôno-
ma da Canaoeste, Daniela Aragão. A
reunião aconteceu no dia 3 de dezem-
bro e contou com a presença de aproxi-
madamente 50 pessoas.
Atualmente, o canavial está em ple-
no crescimento vegetativo, devido à
alta umidade e temperatura, que são
características favoráveis para o desen-
volvimento de pragas e doenças como a
cigarrinha, ferrugem alaranjada e ferru-
A Canaoeste de Bebedouro realizou
uma Reunião Técnica para apresenta-
ção do CAR (Cadastro Ambiental Ru-
ral). A palestra foi proferida pelo en-
genheiro agrônomo Fábio Soldera, do
Departamento Ambiental da Canaoes-
te. A reunião aconteceu no dia 25 de
novembro no escritório da Canaoeste
em Bebedouro, onde os associados
tiveram a oportunidade de esclarecer
dúvidas sobre o assunto.
Notícias Canaoeste
Reunião Técnica em Pontal-SP
Reunião Técnica em Bebedouro-SP
gem marrom. Portanto, é oportuno dis-
cutir sobre estes assuntos. Na ocasião,
muito se falou sobre o bicudo da cana-
-de-açúcar, o Sphenophurus levis, que
é uma das pragas mais temidas e que
causa grandes prejuízos ao canavial.
RC
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
29
Presidente da Canaoeste recebe
Prêmio Visão Agro Brasil 2014
Manoel Ortolan recebe o prêmio das mõas do
idealizador do evento, Alex Ramos
A
12ª Edição do Prêmio Visão
Agro Brasil 2014 aconteceu
na noite de 18 de novembro,
no Espaço Golf, em Ribeirão Preto -
SP e reuniu cerca de 300 profissionais
do setor sucroenergético. O prêmio é
concedido às personalidades, aos me-
lhores gerentes, às empresas nas áreas
administrativa, agrícolas e industriais e
serviços, às melhores usinas e entidades
que fizeram a diferença e desenvolve-
ram seus negócios com excelência e em
prol da indústria canavieira.
O evento, que é realizado pela AR
Empreendimentos e Revista Visão da
Agroindústria, já homenageou mais
de 800 empresas e entregou mais de
1500 troféus nas 12 edições realizadas.
Dividida em áreas e categorias, como
“Homens de Visão”, “Personalidades
em Destaque”, “Melhores gestores de
Usinas”, “Melhores empresas que atu-
am nas áreas: Agrícola, Administrativa,
Industrial” e as “Melhores Usinas”, a
premiação conta com apoio da ESALQ
(Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz da Universidade de São Pau-
lo), APLA (Arranjo Produtivo Local do
Álcool), SIMESP (Sindicato das Indús-
trias Metalúrgicas, Mecânicas, de Mate-
rial Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas e
Fundições de Piracicaba, Saltinho e Rio
das Pedras), CEISE Br (Centro Nacio-
nal das Indústrias do Setor Sucroener-
gético e Biocombustíveis), Gegis (Gru-
po de Estudos em Gestão Industrial do
Setor Sucroalcooleiro) e Coplana.
Manoel Ortolan, presidente da Ca-
naoeste e Orplana, foi um dos laurea-
dos na ocasião, recebendo o Prêmio
Visão Agro Brasil 2014, na categoria
“Homens de Visão”. Representando a
Sicoob Cocred, Ortolan também rece-
beu a premiação na categoria “Seguro
do Agronegócio”. “Hoje, me orgulha
Este ano, premiação homenageou 90 pessoas, empresas e
entidades da agroindústria canavieira
Andréia Vital
muito em participar tanto da Canaoeste
quanto da Copercana e da Sicoob Co-
cred. Como também da Orplana, que
congrega 33 associações, entre os Esta-
dos de São Paulo, Minas Gerais, Goiás
e Mato Grosso. O meu trabalho é sem-
pre em defesa dos produtores de cana.
Então, ter um reconhecimento pelo o
que estamos fazendo, sem dúvida nos
anima a continuar nos esforçando cada
vez mais. Não por conta disso, mas pelo
trabalho que é reconhecido”, afirmou
Ortolan, que estava acompanhado pela
esposa Sandra e por Ricardo Meloni,
gerente comercial da Copercana e Pau-
lo César Canesin, diretor da Canaoeste,
e suas respectivas esposas.
Neste ano, os troféus foram entre-
gues, por lideranças do setor, como
Mônica Bergamaschi, secretária da
Agricultura e Abastecimento do Estado
de São Paulo; Murilo Zauith, prefeito
de Dourados/MS; José Vicente Caixeta
Filho, diretor da ESALQ; André Rocha,
presidente dos Sindicatos da Indústria
de Fabricação de Açúcar e de Etanol do
Estado de Goiás (Sifaeg/Sifaçúcar) e do
presidente do Fórum Nacional Sucroe-
nergético; Plínio Nastari, presidente da
DATAGRO; Antonio Eduardo Tonielo
Filho, presidente do CEISE Br; Alexan-
dre Andrade Lima, presidente da UNI-
DA (União Nordestina dos Produtores
de Cana-de-Açúcar) e Ismael Perina,
presidente da Câmara Setorial da Ca-
deia Produtiva do Açúcar e do Álcool,
ligada ao Ministério da Agricultura, Pe-
cuária e Abastecimento (Mapa).
“Sabemos que foi um ano difícil, não
foi fácil chegar até aqui e temos que re-
conhecer que enquanto alguns choram,
outros vendem lenços e enfrentam as
dificuldades, têm o faro, estão traba-
lhando, buscando superar a crise. Vocês
são verdadeiros vendedores de lenços”,
disse Alex Ramos, diretor presidente
da AR Empreendimentos e idealizador
do evento, reforçando que os homena-
geados são visionários porque sabem
que quando a tempestade passar eles
estarão muito a frente de seus concor-
rentes, prontos para colher os frutos da
bonança. “Para nós é uma honra muito
grande estar recebendo e reconhecendo
a capacidade de gestão principalmente
num setor tão difícil como o setor su-
croenergético, mas eu acredito ainda
na força do trabalho, acredito na capa-
cidade da inteligência do ser humano e
acredito na força de vontade de vencer e
é por isso que vocês estão aqui, porque
vocês fazem a diferença”, assegurou o
presidente.
O palhaço “Ziriguidum Telecote-
co Esquindolelê”, da ONG Operação
Conta Gotas, deu seu recado aos parti-
cipantes na ocasião, que foi encerrada
com um jantar e entrega de brindes. Em
2015, o evento será realizado no dia 17
de novembro. Já a edição Sudeste da
premiação acontece no dia 21 de maio e
a Centro-Oeste, em 30 de julho. RC
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
30
Notícias Sicoob Cocred
Balancete Mensal - (prazos segregados)
Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do
Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados)
- Novembro/2014 - “valores em milhares de reais”
Sertãozinho/SP, 30 de Novembro de 2014.
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
31
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
32
Etanol de segunda geração
já abastece carros no Brasil
E
m uma época na qual a crise afu-
genta investidores e leva a no-
caute empresas do setor sucroe-
nergético, a Raízen segue na vanguarda
da agroindústria canavieira iniciando
a operação de sua primeira unidade de
etanol de segunda geração.Aplanta tem
capacidade para gerar anualmente 42
milhões de litros de etanol celulósico
e demandou investimentos de R$ 237
milhões, sendo que parte dos recursos
veio do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social).
A nova fábrica de 2G foi construída ao
lado da unidade do grupo já dedicada
à produção de etanol tradicional (a par-
tir do caldo da cana), a Costa Pinto, em
Piracicaba – SP, coincidentemente tam-
bém a primeira das 24 usinas do Grupo.
“A proximidade e a sinergia entre as
duas unidades conferem ganhos logísti-
cos e de custo, proporcionando eficiên-
cia e competitividade a todo o processo
Raízen é a primeira empresa a produzir em escala o
biocombustível a partir do bagaço da cana-de-açúcar e a
disponibilizar o produto em posto no interior de São Paulo
Andréia Vital
Reportagem de Capa
produtivo”, afirmou Pedro Mizutani, vi-
ce-presidente de Etanol, Açúcar e Bioe-
nergia da Raízen, durante coletiva de im-
prensa realizada no dia 17 de dezembro,
na nova unidade. Na ocasião, Mizutani
explicou que foi necessário buscar co-
nhecimento fora do País, já que, a tecno-
logia para a produção do biocombustível
a partir do bagaço da cana-de-açúcar
precisava ser desenvolvida.
“Desde 2012, o grupo em parceria
com a Iogen Corporation, empresa ca-
nadense de biotecnologia, mantém uma
planta teste de etanol celulósico no Ca-
nadá, com o objetivo de adquirir a ex-
pertise necessária para implementar a
primeira unidade comercial da Raízen,
no Brasil”, contextualizou o executivo,
contando que os testes incluíram o en-
vio de mais de 1000 toneladas de ba-
gaço de cana-de-açúcar para o Canadá
para o aprimoramento das técnicas de
produção de etanol celulósico.
Durante o encontro com a im-
prensa, João Alberto Abreu, diretor
agroindustrial e Rodrigo Pacheco,
diretor de Projeto, do Grupo Raízen,
explanaram sobre a implantação da
nova planta de etanol 2G da empresa.
A unidade, que começou a ser cons-
truída em outubro de 2013 e a operar
em novembro de 2014, é a primeira a
Pedro Mizutani, vice-presidente de Etanol,
Açúcar e Bioenergia da Raízen
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
33
produzir em escala o biocombustível
a partir do bagaço da cana.
“As palhas e folhas podem ser a
principal matéria-prima do 2G se supe-
rarem os desafios da logística”, apontou
Abreu, afirmando que como o processo
de mecanização vem aumentando mui-
to, tendo atingido em média 85% da
colheita, há muita matéria no campo.
“Não queimar a cana significa 45 mi-
lhões extras de biomassa disponíveis no
setor e podemos escolher entre trazer a
biomassa com a cana e ou usar o sistema
de coleta de fardo”, explicou o diretor,
contando que a empresa também vem
desenvolvendo tecnologia neste senti-
do, buscando custos diferentes. “Mas
o objetivo é dominar esta logística para
conseguir trazer essa matéria-prima da
melhor maneira possível, para as nossas
unidades”.
Outro ponto fundamental destacado
pelo executivo é a questão da sustenta-
bilidade. “Na produção de 2G a emis-
são de CO2 é 15 vezes menor do que
a pegada de carbono da produção da
primeira geração, que já é baixa”, dis-
se. “É sair de 1,5 milhão de toneladas
de CO2
para 100 mil toneladas de CO2
.
Então este é um elemento fundamental
dentro da nossa estratégia, de estar de-
senvolvendo produtos totalmente rela-
cionados ao nosso elemento sustentabi-
lidade”, afirmou.
Abreu também informou que faz par-
te do plano de longo prazo da empresa
chegar a produzir 1 bilhão de litros de
etanol 2G até 2024, ou seja, 50% a mais
do que produz hoje, que são os 2 bilhões
de litros de etanol de primeira geração.
Para isso, serão construídas outras sete
plantas, sendo que algumas terão capa-
cidade de produzir 130 milhões de eta-
nol por ano e deverão ser integradas às
já unidades existentes do Grupo. “Para
chegar a um bilhão de litros será preci-
so investir em torno de R$ 2,5 bilhões,
e isso acontecerá depois que algumas
etapas forem cumpridas, como atingir
a capacidade total da primeira planta”,
concluiu o diretor, avisando que a data
João Alberto Abreu, diretor agroindustrial Rodrigo Pacheco, diretor de projetos
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
34
de início da construção da próxima fá-
brica no plano da empresa está acertada
para junho de 2016. “É claro que este
prazo está condicionado a cumprir to-
das as etapas do nosso projeto”.
Segundo o diretor de projetos do
Grupo, Rodrigo Pacheco, a primeira
planta tem 10 mil m² de área constru-
ída e mais 30 mil m² para estoque de
bagaço, com mais de 700 toneladas de
estruturas metálicas e 300 toneladas
de tubulação. Nos 14 meses de obra
foram gerados cerca de 200 empre-
gos temporários, sendo que em alguns
períodos de pico, chegou a 500. “A
planta é muito automatizada, tem mais
controles e mais pontos de automação
do que a usina de Jataí, que é a planta
mais nova da Raízen, portanto, somen-
te 33 funcionários trabalham no local”,
contou o diretor. Pacheco disse ainda
que 30% dos equipamentos foram im-
portados, pois não existiam no Brasil,
mas a ideia é que sejam fabricados em
terras brasileiras para atender às próxi-
mas plantas.
Tecnologia própria
De acordo com Antonio Alberto
Stuchi, diretor executivo de produção
do Grupo Raízen, embora a fábrica es-
teja acertada para usar o bagaço, a tec-
nologia também pode ser usada com a
palha. “Essa fábrica funcionará como
um grande piloto para a incluirmos
outras matérias-primas”, disse Stuchi,
explicando que cerca de 60% a 70%
do poder calorífico do bagaço voltam
via lignina - uma substância três vezes
mais energética que o bagaço da cana
e obtida no processo de produção do
2G - para a caldeira para a produção
de eletricidade.
Na produção de segunda geração os
resíduos (matéria-prima) passam por
um pré-tratamento, no qual as fibras
do bagaço são desestruturadas e de-
pois transformadas em açúcares solú-
veis por meio de um processo chama-
do “hidrólise enzimática”. A empresa
dinamarquesa Novozymes fornece a
tecnologia de enzimas específica para
a produção do etanol de segunda ge-
ração nessa etapa. Na fase seguinte,
a fermentação converte o açúcar em
etanol, que é purificado na destilação
e enviado para a comercialização. A
composição do produto final é idênti-
ca a do etanol convencional, explica
Stuchi, informando que o tempo en-
tre a entrada do bagaço na planta e
a produção do etanol celulósico é de
cerca de cinco dias - ante oito horas
do processo do etanol convencional.
Nesta primeira etapa, a planta fará
produção por fermentação da glicose
(C6), e, a partir do ano que vem, dará
novo passo com o desenvolvimento
da fermentação da parte de C5 (açú-
cares provenientes da xilose) através
de uma levedura geneticamente modi-
ficada. A empresa parceira para o for-
necimento desse material modificado
não foi divulgada.
Antonio Alberto Stuchi,
diretor executivo de produção
Etanol 2G nos postos
Para testar o processo como um todo,
a produção, a logística, a comercializa-
ção e também a percepção do consu-
midor com relação a um produto muito
mais sustentável, a empresa disponibili-
zou 200 mil litros do combustível para
o Posto GT Shopping, da rede Shell,
localizado na Avenida Limeira, 950, em
Piracicaba-SP. O novo biocombustível,
igual ao fornecido até então, será ofere-
cido aos consumidores sem diferencia-
ção de preço. “O objetivo de vender du-
rante 30 dias é de fato testar a percepção
do consumidor, mas o nosso objetivo
não é fazer hidratado, e sim usar o etanol
de segunda geração para fazer anidro, e
isso significa fazer o blend gasolina ou
exportar”, explicou Abreu.
Segundo Augusto César Mafia, pro-
prietário do estabelecimento, os clientes
estão curiosos e também gostando da no-
vidade. “É uma honra ser pioneiro neste
projeto da Raízen, pois a gente entende
que é um produto com uma sustentabili-
dade importante e sempre buscamos este
tipo de comportamento no mercado, então,
esperamos que o consumidor compre essa
causa com a gente”, disse o executivo, que
é dono de mais dois postos na cidade.
O novo combustível da Raízen deve-
rá chegar aos postos de todo o Brasil a
partir de 2015.
Pedro Mizutani ao lado do proprietário do posto
de combustíveis, Augusto César Mafia
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
35
Reportagem de Capa
Novos investimentos já foram con-
firmados para a produção de com-
bustível a partir do bagaço e palha da
cana-de-açúcar. Recentemente, o BN-
DES (Banco Nacional de Desenvolvi-
mento Econômico e Social) divulgou
a aprovação de financiamentos via li-
nhas Inova Sustentabilidade e PAISS
Agrícola no valor de R$ 592,1 milhões
para projetos do setor sucroenergético.
Entre eles, tem destaque o projeto para
implantação de uma planta de etanol
de segunda geração da Abengoa Bioe-
nergia Agroindústria. A multinacional
receberá créditos de R$ 309,6 milhões
para construir a nova unidade, que será
integrada à Usina São Luiz, em Piras-
sununga- SP, e terá capacidade de 64
milhões de litros por safra.
Com a nova planta, o Brasil passará a
ter quatro unidades produtoras de etanol
A Raízen surgiu em 2011 como uma
das maiores empresas do País, através
da joint venture da Cosan e da Shell.
Com pais gigantes e conhecidos pelo
DNA focado em expansão, a nova em-
presa precisava ter um nome forte, que
representasse suas origens.
Assim nasceu a palavra Raízen, que
significa a união entre as palavras raiz
e energia, e a cor roxa da marca remete
à aparência da cana-de-açúcar madura.
Mas o nome já embalava uma banda
paranaense de reggae, que chegou a ser
um dos destaques do concurso “Olha
Minha Banda”, do Caldeirão do Huck,
da Rede Globo.
A solução foi adquirir o nome da
banda pelo valor de R$ 10 mil, confor-
me declarou o vice-presidente da em-
presa, Pedro Mizutani em evento rea-
lizado recentemente, em Piracicaba-SP.
Atualmente, em suas 24 unidades
produtoras, a Raízen, que tem quase
um milhão de hectares de área cul-
tivada, produz cerca de 2 bilhões de
litros de etanol por ano, 4,5 milhões
de toneladas de açúcar e gera mais de
900 MW de energia elétrica a partir do
bagaço da cana-de-açúcar. A empresa
fatura quase R$ 60 bilhões e tem cerca
de 40 mil funcionários.
Raízen: nome que
nasceu da junção
entre as palavras
raiz e energia
Segunda geração chegou para ficar
celulósico. São elas: a da Raízen, em Pi-
racicaba-SP, a da GranBio, em São Miguel
dos Campos, Alagoas, a unidade do CTC
(Centro deTecnologia Canavieira) em par-
ceria com Usina São Manoel, localizada
São Manoel – SP, além daAbengoa.
A capacidade instalada de produção
de etanol 2G no Brasil atingirá quase
200 milhões de litros por safra com o
novo investimento, segundo cálculos
do BNDES.
Além do Brasil, os Estados Unidos e
a Itália já produzem o etanol 2G a par-
tir de outras biomassas, como palha de
milho, de arroz ou de lascas de madeira.
A China também entrou nesta onda, e
está construindo a maior fábrica desde
tipo de combustível, com capacidade de
produzir cerca de 235 milhões de litros
de etanol celulósico por ano. RC
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
36
Destaque I
Fórum discute benefícios da certificação para
produtores de cana
O
aumento da produtividade da
cana-de-açúcar, que reduz cus-
tos e ajuda a impulsionar o setor
sucroenergético rumo à tão desejada re-
tomada econômica, passa, atualmente,
por algumas etapas consideradas fun-
damentais. Uma delas é a necessidade
de certificar fornecedores e usinas, para
atender às demandas socioambientais –
que têm, na sustentabilidade, uma pala-
vra de ordem – e, com isso, reposicio-
nar estrategicamente os produtos que
saem das usinas.
Os passos para promover esse avan-
ço foram discutidos no fórum “Certifi-
cação como ferramenta de produtivida-
de”, realizado no dia 12 de dezembro
no auditório da Canaoeste, em Sertão-
zinho-SP. Os destaques do debate, que
durou mais de duas horas, foram as exi-
gências dos órgãos certificadores inter-
nacionais e as recomendações para ini-
ciar a implantação de projetos voltados
à cultura da cana.
O evento, organizado pelo Sebrae-SP
(Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e
Pequena Empresa) e pela Faesp (Fede-
ração da Agricultura do Estado de São
Paulo), foi aberto pelo presidente da
Copercana, da Sicoob Cocred e do Sin-
dicato Rural de Sertãozinho, Antonio
Eduardo Tonielo. Ele afirmou que é im-
portante, para manter a competitividade,
que os produtores tenham seus canaviais
Apresentado durante o evento, o programa “Do Campo ao Consumidor” irá capacitar 20 mil
produtores de dez cadeias produtivas, entre elas a cana-de-açúcar
Igor Savenhago
certificados. Lembrou de trabalhos que
estão sendo desenvolvidos com outros
produtos, como o amendoim destinado
ao mercado externo, e fechou o discurso
dizendo que espera ver os benefícios es-
tendidos à cadeia canavieira.
O gerente regional do Sebrae-SP em
Ribeirão Preto, Rodrigo Mattos do Car-
mo, o segundo a falar, destacou que um
dos objetivos, ao discutir o assunto, é
plantar “uma semente da certificação”
junto aos agricultores e que ela germine
por meio da definição de um plano de
ação imediato para a cana-de-açúcar.
O fórum teve cerca de 50 participan-
tes, entre associados e gestores do Siste-
ma Copercana, Canaoeste e Sicoob Co-
cred. Para incentivar os produtores rurais
a buscar a certificação como forma de se
manter na atividade e vender com ren-
tabilidade melhor, Fernanda Bueno, co-
ordenadora da Faesp, detalhou as ações
do programa “Do Campo ao Consumi-
dor”, parceria do Sebrae-SP com a Faesp
que visa capacitar, através de 180 fóruns
semelhantes, 20 mil produtores rurais
de dez cadeias produtivas no Estado. O
trabalho, que irá contemplar a cana-de-
-açúcar, conta com apoio dos Sindicatos
Rurais e do Senar (Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural), que, em 2015, irá
oferecer cursos de comercialização.
Os resultados que podem ser obtidos
com a busca pela certificação agrícola
foram apresentados pelo palestrante
Acácio Masson Filho, presidente da As-
sobari (Associação dos Fornecedores
de Cana da Região de Bariri-SP), uma
das pioneiras no mundo na elaboração
de práticas de certificação e que, atual-
mente, compõe o quadro de membros
da Bonsucro, uma das maiores certifi-
cadoras internacionais.
Antonio Eduardo Tonielo, presidente da
Copercana, da Sicoob Cocred e do
Sindicato Rural de Sertãozinho-SP
Rodrigo Mattos do Carmo, gerente regional
do Sebrae-SP em Ribeirão Preto-SP
Fernanda Bueno,
coordenadora da Faesp
Revista Canavieiros - Dezembro de 2014
37
Pioneirismo
A Assobari foi fundada em 2005 e
tem 278 associados, sendo 85% de pro-
dutores familiares. Abrange uma área
de 13 mil hectares de cana-de-açúcar
em oito municípios paulistas – Bariri e
sete no entorno. A região está rodeada
por cinco usinas.
Em 2007, a associação começou a
desenvolver, com auxílio do Sebrae-
-SP e da OIA Brasil (Organização
Internacional Agropecuária), um pro-
tocolo para certificar as lavouras da
região atendida. Após três anos de
adequações e revisões, 36 produtores
foram certificados na primeira fase
do projeto, que durou mais um ano e
meio. Como os resultados apareceram,
outros 38 aderiram. Agora, 140 novos
integram a terceira etapa. A meta é
que 100% das propriedades se tornem
adeptas. A iniciativa fez tanto sucesso
que o projeto-piloto de certificação
proposto pela Bonsucro para Bariri foi
desenvolvido conjuntamente com o
protocolo da Assobari.
Masson apontou, durante a pales-
tra, que, além de possibilitar economia
de recursos aos pequenos produtores
e permitir que o número de toneladas
em áreas certificadas crescesse 7,5%,
os preços pagos pela cana subiram pelo
menos 3%, através de uma parceria
com a Usina Della Colleta, que fica em
Bariri e que também apoiou o proces-
so de certificação, desde o início. “Este
trabalho fortalece os produtores e sua
relação com as usinas, além de diferen-
ciar o produto, mostrando que ele aten-
de às exigências socioambientais”.
Ele alertou que, a partir de 2017,
grandes clientes do setor sucroenergé-
tico, como Coca-Cola, Nestlé e Kibon,
só comprarão açúcar proveniente de
produtores e usinas certificadas. Diante
disso, de acordo com Masson, as asso-
ciações devem se apressar para implan-
tar um modelo de protocolo. “É preciso
perceber a grande força da certificação.
Sem ela, o mercado para os produtos
derivados da cana ficará limitado”.
Os produtores interessados em cer-
tificar a lavoura são submetidos a um
sistema de reconhecimento, que avalia
a área de produção e faz as alterações
necessárias. Isso leva de 18 a 24 me-
ses. Entre as mudanças na propriedade,
estão a implantação de um plano de
adubação, regulagem de equipamen-
tos, capacitação da mão de obra – para
que todas as normas trabalhistas e de
segurança sejam seguidas –, e elimi-
nação da queima. O acompanhamento
técnico deve ser abrangente, em toda a
propriedade e não apenas no canavial, e
qualquer intervenção da plantação pre-
cisa ser documentada. “Dessa forma,
o produtor não é mais visto como um
pequeno lavrador, mas como pequeno
empresário”, concluiu Masson.
Acácio Masson Filho, presidente da Assobari
RC
Retomada do diálogo pode ajudar setor sucroenergético em 2015
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Retomada do diálogo pode ajudar setor sucroenergético em 2015

  • 1. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 1
  • 2. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 2
  • 3. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 3 Editorial A pesar da crise enfrentada pelo setor sucroenergético, intensificada pelos fatores cli- máticos, ao longo de 2014, o ano termina apontando um futuro mais promissor para o segmento. A prova disso é que novos investimentos começam a movimentar a ca- deia produtiva da cana-de-açúcar, como o início da produção de etanol de segunda geração, conforme mostra a matéria de capa desta edição. Sempre na vanguarda, a Raízen começa a produzir o novo combustível a partir do bagaço da cana e já o disponibiliza em um posto de Piracicaba - SP para testar sua aceitação com o consumidor. A empresa tem planos de ter oito plantas de 2G até 2024 e produzir 1 bilhão de litros do combustível, o que demandará investimentos da ordem de R$ 2,5 bilhões. Inovação e tecnologia de ponta também estão na pauta de grandes empresas como a BASF, que tem em Santo Antonio de Posse - SP, a maior área de pesquisa da multinacional alemã, local onde é desenvolvido o Sistema Agmusa™. A Canavieiros foi conferir o local e traz a matéria nesta última edição do ano. Também tem destaque a aprovação do PRA (Programa de Regularização Ambiental), que define as diretrizes para adequar ambientalmente as pro- priedades rurais do Estado de São Paulo. A edição 103 traz ainda entrevistas com Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da UNICA, e com Geraldo Veríssimo de Souza Barbosa, professor da UFAL (Universidade Fe- deral de Alagoas) e coordenador do PMGCA. Além da Coluna Caipirinha, assinada pelo professor Marcos Fava Neves opinam no “Pon- to de Vista” Guilherme Nastari e Ângelo Guerra. Já o engenheiro agrônomo da Canaoeste Ricardo Parisoto assina artigo técnico sobre o plantio na cultura da cana-de-açúcar. As notícias do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, assuntos legais, informa- ções setoriais, classificados e dicas de leitura e de português também podem ser conferidos na revista de dezembro. Desejamos a vocês uma boa leitura e também um excelente 2015!!! Etanol de segunda geração Boa leitura! Conselho Editorial RC Expediente: Conselho Editorial: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Editora: Carla Rossini - MTb 39.788 Projeto gráfico e Diagramação: Rafael H. Mermejo Equipe de redação e fotos: Andréia Vital, Carla Rodrigues, Fernanda Clariano, Igor Savenhago e Rafael H. Mermejo Comercial e Publicidade: Marília F. Palaveri (16) 3946-3300 - Ramal: 2208 atendimento@revistacanavieiros.com.br Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Revisão: Lueli Vedovato Tiragem DESTA EDIçÃO: 21.500 exemplares ISSN: 1982-1530 A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas e informes publicitários são de responsabilidade de seus autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Endereço da Redação: A/C Revista Canavieiros Rua Augusto Zanini, 1591 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550 Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008) redacao@revistacanavieiros.com.br www.revistacanavieiros.com.br www.twitter.com/canavieiros www.facebook.com/RevistaCanavieiros
  • 4. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 4 10 - Ponto de Vista Guilherme Nastari Diretor da DATAGRO - Geladeiroteca da Canaoeste é apresentada no 7º Seminário Internacional de Biblio- tecas Públicas e Comunitárias em SP - Projeto Geladeiroteca apoiado pela biblioteca da Canaoeste é premiado em Brasília - Canaoeste e Copercana acompanham votação do PRA, em São Paulo - Reuniões Técnicas Canaoeste - Presidente da Canaoeste recebe Prêmio Visão Agro Brasil 2014 22 - Notícias Canaoeste Ano VIII - Edição 102 - Dezembro de 2014 - Circulação: Mensal Índice: E mais: Capa - 22 Etanol de segunda geração já abastece carros no Brasil Raízen é a primeira empresa a produzir em escala o biocombustí- vel a partir do bagaço da cana-de- -açúcar e a disponibilizar o produto em posto no interior de São Paulo 16 - Notícias Copercana - III Encontro de Gerentes do Sistema é marcado pelo otimismo - Reforma no supermercado de Sertãozinho amplia qualidade e conforto 30 - Notícias Sicoob Cocred - Balancete Mensal Pontos de Vista Ângelo Guerra .....................página 11 Pontos de Vista Prof. Dr. Marcos Fava Neves .....................página 12 Coluna Caipirinha .....................página 14 Destaques: “Certificação como ferramenta de produtividade” .....................página 36 13º Seminário de Produtividade e Redução de Custos .....................página 38 Cana Conviver .....................página 40 Est. Experimental Agrícola da BASF .....................página 42 Informações Setoriais .....................página 46 Agende-se .....................página xx Classificados .....................página 50 Cultura .....................página 53 Foto:RafaelMermejo 48 - Artigos Técnicos - O Plantio na Cultura da Cana-de-Açúcar 05 - Entrevista Antonio de Pádua Rodrigues diretor técnico da UNICA “Jamais vamos ter ganhos de produtividade se existe uma con- corrência desleal”
  • 5. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 5 Revista Canavieiros: O que esperar da safra 2015/16? Antonio de Padua Rodrigues: Provavelmente, a oferta de cana não será maior que a da safra 2014/15, podendo até ser inferior, se as chuvas não vierem dentro da normalidade. Acho que a grande mudança que pode haver é uma retomada do diálogo com a nova equipe do Governo Dilma. E isso vai passar por algumas medidas que podem melhorar efetivamente o setor. A primeira, já em andamento, é o aumento da mistura, de 25% para 27,5%, de etanol na gasolina. Estamos na reta final e tudo indica que, no início de fevereiro, vamos tomar a decisão de quando iniciar a nova mistura. E, sem dú- vida alguma, vai haver um tributo na gasolina, que é a volta da CIDE (Contribuição de Intervenção no Domí- nio Econômico). Ninguém sabe ainda efetivamente qual será o valor, mas dará um novo impacto nos preços da gasolina para o consumidor, o que vai aumentar a com- petitividade do etanol hidratado. Eu diria que essa é a principal medida a ser ajustada para ajudar a resolver o grande problema de falta de competitividade do setor. Outro grande movimento que está acontecendo, aqui da região Centro-Sul do País, que poderá e deve ser co- ordenado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), é de um grupo de governadores, de Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Minas Gerais, que vai buscar uma re- dução do ICMS nesses Estados [como já acontece em São Paulo e foi aprovado, neste mês de dezembro, em Minas Gerais, onde a alíquota que incide sobre o etanol Entrevista I Antonio de Padua Rodrigues “Jamais vamos ter ganhos de produtividade se existe uma concorrência desleal” Igor Savenhago Na expectativa de mudanças positivas para o setor sucroenergético já em 2015, Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da UNICA, está otimista para a recuperação das usinas e dos produtores de cana. Um dos principais motivos, segundo ele, será a retomada do diálogo com o Governo Federal para que sejam definidas medidas de longo prazo, como a posição do etanol na matriz energética brasileira. Ele não acredita, no entanto, que a retomada será imediata. Afirma que, para isso, será preciso, primeiramente, conter a bola de endividamento que assola o setor. E continuar trabalhando, in- cessantemente, para reduzir custos e aumentar produtividade, o que, na visão dele, nunca deixou de ser feito. Padua atribui os problemas de gestão enfrentados à falta de rentabilidade, impactada pela concorrência desleal com a gasolina e pelas mudanças tecnológicas nos processos de plantio, colheita e transporte da cana. Durante o 13º Seminário de Produtividade e Redução de Custos, promovido pelo Grupo IDEA nos dias 3 e 4 de dezembro, em Ribeirão Preto-SP, o diretor concedeu a seguinte entrevista.
  • 6. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 6 Entrevista I cairá de 19% para 14%]. E mais: es- ses governadores estariam dispostos a ir para Brasília fazer uma agenda com a Presidente da República, em prol da recuperação, não só do setor, mas de seus agregados: a indústria de bens de capital, os fornecedores de cana. Os municípios hoje estão muito prejudi- cados pela falta de receita, pelo fim da CIDE, pelo não crescimento do ICMS, pela quebra agrícola, que vai haver este ano, principalmente no Estado de São Paulo. É uma ação com expectati- vas muito positivas. E a última expec- tativa é que, provavelmente, o ciclo de excedentes de açúcar no mundo deve se encerrar em setembro de 2015. Com isso, o Brasil, de novo, será o País mais capacitado para voltar a crescer, produzir e exportar açúcar a preços competitivos. Revista Canavieiros: Com todas essas medidas, dá para prever já uma retomada do setor? Padua: Eu diria que retomada não. Acho difícil haver uma retomada da ex- pansão, do investimento. Num primeiro momento, é estancar essa bola crescente de endividamento, de prejuízo, de falta de preços que o setor enfrenta. É come- çar a recuperar as empresas que estão operando e que ainda têm condições de serem recuperadas. Evidentemente que, muitas delas, mesmo com essas medi- das, vão ficar no meio do caminho. Revista Canavieiros: Você falou em retomada do diálogo com o Gover- no. Por que acha que não houve uma aproximação maior nos últimos qua- tro anos? Padua: Eu diria que diálogo sempre houve, nunca faltou diálogo. Mas sempre faltou uma decisão de longo prazo.Várias medidas que aconteceram foram de curto prazo. Desonerar o etanol hidratado e o anidro de PIS e Cofins, por exemplo, foi uma medida de diálogo. Mas é pontual. E o que nós queremos são medidas de longo prazo, como definir, claramente, a partici- pação do etanol na matriz de combustí- veis e entender como é que vai ser daqui a 20 anos, para que haja um planejamento, crescimento e a volta do investimento. Isso é o que foi difícil e que esperamos que agora se retome. Revista Canavieiros: Além do di- álogo com a esfera pública, como o setor está buscando medidas para con- tinuar reduzindo custos e aumentando a produtividade? Padua: Isso nunca deixou de ser feito. Vejam os investimentos que ocorreram na questão da logística, no alcoolduto, nos terminais, em sistemas novos de produção. Houve, de fato, uma perda de produtividade agrícola por mudanças de tecnologia nos pro- cessos de plantio, colheita, transporte de cana. Grande parte da nossa perda de competitividade não está no dia a dia, no operacional, mas nas pressões ambientais e sociais. E aí você não tem controle. Então, a busca incessante por melhores custos e produtividade nunca parou e vai continuar. Agora, jamais nós vamos ter ganhos de produtivida- de de 10% ao ano, que mantenham a competitividade dos nossos produtos, se, do outro lado, existe uma concor- rência desleal e não se sabe o que vai acontecer com seu produto concorren- te [gasolina]. A perda de competitivi- dade não foi por um problema isolado de gestão do setor. Houve problemas, sim, com empresas que tiveram uma péssima gestão. Mas o que leva a uma gestão ruim? É a falta de rentabilidade. As empresas estão num ciclo de sobre- vivência. Para que haja ganhos, ve- nham novas tecnologias e seja possível pensar num salto tecnológico, tem que haver rentabilidade. Se não houver, o setor vai viver do sucateamento da la- voura, da frota e da indústria. RC
  • 7. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 7
  • 8. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 8 Revista Canavieiros: Fale como surgiu o programa cana-energia? Geraldo: Iniciamos em 2008 alguns testes de cruzamento para definir quais as melhores famílias possíveis para rea- lizar os cruzamentos e assim seguir um programa. Em 2011, algumas empresas nos procuraram para desenvolver esse programa e obter variedades porque já estavam com indústrias sendo monta- das no Brasil e precisariam da matéria- -prima. Aceleramos o processo e passa- mos três anos de trabalho muito forte nisso e já temos quatro séries em campo - RB 11, RB 12, RB 13 e RB 14. Revista Canavieiros: A cana-ener- gia é uma oportunidade para o setor canavieiro? Geraldo: Com certeza. Há um des- perdício muito grande da palha e da folha da cana-de-açúcar. Esse conjunto tem conteúdo energético que é a meta- de do que é produzido de petróleo no Brasil e não é totalmente aproveitado. Sabendo aproveitar esse potencial tem- -se ganho de produtividade e maior ren- dimento, o que é solução para muitos problemas do setor. Revista Canavieiros: Pode-se dizer que a cana-energia é uma tendência? Geraldo: Eu acredito que sim, é uma tendência mundial. Em outros pa- íses como a Europa, já foi estabelecido que em 2020 sua matriz energética terá que ser 20% baseada em biomassa. Nos Estados Unidos, já tem regulamentado o crescimento até 2020 - de 1,5 milhão de hectares de cana-energia e, no Bra- sil, temos várias ações do Governo para este fim. Revista Canavieiros: O que se pode esperar das cultivares de cana- -energia? Geraldo: A cana-energia é pro- duzida por meio de um melhoramen- to genético que resulta em cana com mais quantidade de fibras e variação na quantidade de açúcar. As pesquisas realizadas na UFAL visam ao desenvol- vimento de uma cana-energia que pos- sibilite: Menor quantidade de mudas para o plantio; reduzido número de in- sumos; elevada taxa de multiplicação; longevidade das socarias (acima de 10 colheitas); maior tolerância aos estres- ses abióticos; menor florescimento e devem ser livres de doenças; e custo de produção 1/3 menor, tornando-a muito mais rentável. Revista Canavieiros: Qual seria o diferencial e os potenciais usuários da cana-energia? Geraldo: O diferencial é que a ren- tabilidade é muito maior, tanto de rendi- mento no campo quanto no rendimento industrial. Os potenciais usuários são: as indústrias produtoras de etanol e de bioquímicos diversos, indústrias consu- midoras de energia elétrica e de vapor e calor, empresas geradoras de energia elétrica, empresas produtoras e expor- tadoras de briquetes e pellets, além de outras empresas usuárias de energia térmicas. Revista Canavieiros: Qual seria o custo de produção? Geraldo: Já existem estudos lá fora e aqui, que no campo o custo de produção é 1/3 (um terço) do custo de produção da cana tradicional. Na indústria mais alto, mas quando você soma campo e indús- tria, representa de 80 a 90% do custo de produção do atual cenário. Geraldo Veríssimo de Souza Barbosa Cana-energia, o futuro já começou Na busca por novas tecnologias e mercados, a indústria canavieira vem se reinventando ano a ano. A RIDESA, através da Universidade Federal de Alagoas em parceria com a GraanBio, iniciou pesquisa para o desenvolvimento de novas variedades RB com elevada biomassa, a chamada “cana-energia”. Durante reunião anual do PMGCA (Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar) da RIDE- SA (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético), que aconteceu em Ribeirão Preto-SP, o professor da UFAL (Universidade Federal de Alagoas) e coordenador do PMGCA, Geraldo Verís- simo de Souza Barbosa, falou com a Revista Canavieiros sobre essa nova tecnologia. Fernanda Clariano Entrevista II RC
  • 9. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 9
  • 10. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 10 Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 Cresce a participação de contêineres nas exportações de açúcar ensacado no Brasil Por Guilherme Nastari* Guilherme Nastari C onforme nova atualização do line-up, os embarques de açú- car via contêineres no Brasil totalizaram 1,583 milhão de tonela- das entre janeiro e setembro, contra 1,761 milhão de toneladas em mesmo período de 2013, queda de 10,1%. No ano, o pico de exportações de açúcar em contêineres foi em agosto, com 297,397 toneladas. Em contrapartida, os embarques via contêineres ganharam maior participa- ção nos embarques totais de açúcar en- sacado. Estimamos que as exportações via contêineres foram responsáveis por 81,1% dos embarques totais de açúcar ensacado na média de janeiro a setem- bro. Em 2013 essa participação foi de 59,8% e de 63,5% em 2012. O maior uso desse tipo de transpor- te também tem influenciado a cotação do açúcar branco na bolsa de Londres, atual ICE Futures Europe. A atual es- pecificação do contrato do açúcar #5 limita a entrega do produto apenas através de navios de carga geral (Bre- ak Bulk), o que não mais condiz com a preferência do mercado em trabalhar com contêineres. Diante da diminui- ção de navios disponíveis para carga geral, o prêmio do branco segue alto. Há a expectativa de que o contrato #5 seja atualizado, oferecendo o contêiner como uma opção de entrega. O principal destino das exportações brasileiras via contêineres no acumu- lado de janeiro a setembro foi o Sri Lanka, com 228.364 toneladas, ou 14,4% do total, seguido pelos EUA, com 202.919 toneladas (12,8%), e Iê- men, com 195.761 toneladas (12,4%). Quanto aos embarques de açúcar via Break Bulk, o Brasil exportou 2,034 milhões de toneladas em novembro a um preço médio FOB de US$ 378,07/ ton, queda de 25,65% sobre o volume exportado no mês anterior. Em compa- ração ao igual mês do ano passado, a redução foi de 10,21%. Do total exportado em novembro, 1,743 milhão de toneladas foram de açúcar a granel a US$ 375,29/ton FOB, recuo de 17,26% em relação a outubro. Já os embarques de açúcar em sacos caíram 53,79% para 290.319 toneladas a US$ 394,80/ton FOB. No acumulado do ano, as exportações de açúcar soma- ram 21,877 milhões de toneladas, redu- ção de 11,82% sobre o mesmo período de 2013 (24,811 milhões de toneladas). Provavelmente motivado pela depre- ciação cambial, observa-se, contudo, uma melhora na nomeação de navios para o embarque de açúcar no Brasil. Em um mês, a taxa de câmbio sofreu uma desvalorização de 5,3% para R$ 2,7403 no dia 16 de dezembro, ao pas- so que o primeiro futuro do açúcar #11 em NY caiu 6,7% no mesmo período para US$ 14,71 c/lb. Consequentemen- te, o preço do açúcar em reais sofreu uma variação negativa de 1,8%, a R$ 888,68/ton. Hoje o embarque de VHP em Santos para entrega em dezembro é negociado com descontos de 85 a 95 pontos sobre o primeiro futuro de NY. Para entrega em janeiro, descontos passam a variar de 50 a 60 pontos e de 35 a 45 pontos para entrega em fevereiro. *diretor da Datagro Ponto de Vista I RC
  • 11. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 11 Ponto de Vista II O significado da Recuperação Judicial Por Ângelo Guerra* Ângelo Guerra O setor sucroalcooleiro atravessa um momento de apreensão e incertezas. 2014 não foi um ano bom para as usinas e, por consequência, para os fornecedores de equipamentos e prestadores de serviço que atendem à ca- deia de açúcar e etanol. Se não foi bom para os negócios, precisa ser para sua organização. Segundo levantamentos do setor, cerca de 60 usinas requereram a Recuperação Judicial em 2014, utilizan- do dos dispositivos da Lei 11.101/2005, que instituiu a Recuperação Judicial no País, além de outras deliberações. A lei vigente oferece oportunidade de reorganização do negócio e pode ser acessada em circunstâncias de crise eco- nômico-financeira, cuja análise reporte a uma possibilidade de soerguimento da empresa. Houve grande flexibiliza- ção dos dispositivos legais que, antes, miravam no fechamento da empresa, venda de ativos e pagamento das dívi- das, com sérias consequências sociais. Os dispositivos da Lei 11.101/2005, por sua vez, modernizaram os mecanismos de negociação e de gestão no sentido de viabilizar a continuidade do negócio. O plano é elaborado e apresentado pela empresa recuperanda aos seus cre- dores em reunião pública - Assembleia Geral de Credores – que votam pela sua aprovação ou não. Nos mais de 70 processos de recu- peração que conduzimos com 100% de aprovação na última década, uma característica é praticamente unânime e reveladora: a grande maioria dos em- presários recorre ao dispositivo legal somente no último instante, quando todas as alternativas já se esgotaram. Essa negação prolongada do empresa- riado brasileiro é uma das mais perigo- sas armadilhas quando se busca recu- perar uma empresa. A Recuperação Judicial oferece a oportunidade de restruturação das dívi- das, reorganização dos processos e proce- dimentos e reavaliação do negócio. Acei- tar que o cenário é de dificuldade e que o futuro pode ser sombrio é o primeiro grande passo para o empresário que dese- ja verdadeiramente recuperar a saúde do seu negócio, para que possa seguir pro- duzindo e gerando riquezas. Apesar de o nome ser associado a um cenário negati- vo, a Recuperação Judicial deve ser enca- rada como um excelente instrumento de negociação de dívidas. Uma vez autoriza- da pela justiça, a empresa requerente tem 180 dias de proteção legal contra ações e execuções e a possibilidade de acesso aos recursos eventualmente retidos. Os passivos trabalhistas têm priorida- de para quitação, conforme escala apro- vada na Assembleia de Credores, e gran- de parte da dívida pode ser paga de forma parcelada e escalonada. Alguns passivos estão fora das negociações, como aqueles contraídos junto à União e aqueles vincu- lados a alienações fiduciárias. A legitimidade para requerer a recu- peração judicial é exclusiva do devedor que exerça regularmente suas atividades há mais de dois anos e que, cumulati- vamente, não seja falido, não tenha ob- tido concessão do instituto nos últimos cinco anos e não tenha como sócio ou administradores condenados por crimes falimentares. O devedor é definido como todo empresário ou sociedade empresá- ria. É possível também que o cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, in- ventariante ou ainda sócio remanescente requeiram a Recuperação Judicial. Não podem requerer Recuperação Judicial: sociedade simples, empresa pública, so- ciedade de economia mista, instituições financeiras (pública ou privada), coope- rativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saú- de, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e equiparadas. Criar um ambiente favorável para continuidade e crescimento das ope- rações das empresas é um dos grandes desafios de um projeto de recuperação judicial. A retomada do crédito ocorre gradativamente para aquelas empre- sas que demonstram de forma consis- tente e com informações confiáveis as mudanças nos fundamentos que as levaram à crise. A lei não impõe nenhuma mudan- ça operacional e/ou organizacional na empresa durante o processo e ela pode continuar operando normalmen- te. Entretanto, como qualquer empresa em dificuldade financeira, a obtenção de novos recursos pode ser um dos entraves. A reorganização proporcio- nada pelo processo de recuperação, organizada em um plano consistente e factível, possibilita a retomada da cre- dibilidade e, com o tempo, a geração de caixa, que atrairá investimentos e fomentos financeiros. Nenhum cenário pode ser tão desa- lentador quanto aquele no qual faltam perspectivas. Existem, porém, disposi- tivos legais e operacionais que podem ser usados em favor do negócio e de sua sustentabilidade. A Recuperação Judicial pode parecer um remédio amargo, porém seus efeitos, quando combinados com decisões organiza- cionais responsáveis, revelam-se ne- cessários e prudentes. *sócio-diretor da Exame Auditores IndependentesRC
  • 12. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 12 Ponto de Vista III O Silêncio Perante as Tenebrosas Transações Prof. Dr. Marcos Fava Neves* Manifesto neste texto meu senti- mento de tristeza e indignação com o rumo que vem sendo tomado pelo nosso País, colocando em risco difíceis e dolorosas conquistas que tivemos desde o processo de demo- cratização. Assistimos nos últimos anos a uma gestão na esfera Federal que vem fa- lhando na tentativa de promover um maior desenvolvimento nos pilares econômico, social e ambiental do nosso país, facilmente comprovado por indi- cadores internacionalmente reconheci- dos em todas estas áreas, que vêm apre- sentando seguida deterioração. Entre os econômicos, destaco o re- trocesso na atividade industrial e con- sequente menor geração de empregos, queda na arrecadação de impostos, balança comercial passando a ser de- ficitária em 2014, com importações já representando quase 22% do total con- sumido no Brasil, o retorno da inflação, que perigosamente encosta na parte superior da meta estabelecida, e repre- senta uma terrível penalidade às classes mais humildes. Temos anualmente perdido posições no índice internacional de competiti- vidade das nações, passamos por um aumento considerável dos custos de produção, o que traz grande compro- metimento na capacidade de geração de renda pelas empresas, e sem geração de renda, fica comprometida a salutar e desejosa distribuição de renda, que se observará nos cortes de programas so- ciais já em 2015. Entre os indicadores sociais, obser- vo pela primeira vez nos últimos anos o aumento no número de miseráveis, fracas participações em competições internacionais na área de educação, a acomodação de importante parte de nossa população desistindo do trabalho e dependendo do Estado, a explosão da violência urbana e rural, a degradação do tecido social, deterioração das ins- tituições sociais, dos valores éticos, de educação, convivência e solidariedade. Observo também um desencanto dos jovens e dos talentos e empreendedores com o Brasil, com aumento na vontade de pessoas em buscarem alternativas em outros países. Todos sabemos já de muitos casos de pessoas que foram embora, cérebros, repetindo processos passados por nossos países vizinhos. Finalmente, assistimos também se deteriorarem alguns indicadores am- bientais, com o aumento recente na taxa de destruição de nossas florestas e, principalmente, nas emissões de CO2, entre outros, notadamente pela perda do setor de etanol e energias renováveis com equivocadas políticas de subsídios aos combustíveis fósseis, amplamente debatidas e contestadas pelos pesquisa- dores, entre os quais me incluo. Como mais um indicador de uma gestão fraca, o Governo Federal não cumpriu as metas do orçamento propos- to para 2014, e necessita de uma ma- nobra para acertar as contas. Isto repre- senta mais uma afronta às instituições, ao tentar flexibilizar perigosamente uma conquista de enorme relevância à sociedade brasileira, a lei de responsa- bilidade fiscal, com possíveis reflexos futuros nas arenas estaduais e muni- cipais, pois se abre o precedente de se acertar por artifícios as contas de quem não as cumpriu como gestor público, colocando em risco uma das maiores conquistas da sociedade brasileira, que foi a estabilização da moeda. Assistimos também atônitos às des- cobertas diárias de tenebrosas transa- ções que vêm saqueando as nossas es- tatais, sendo o caso da Petrobras, entre muitos outros, o mais escandaloso que vi em nossa história, pelo volume de recursos comprovadamente desviados pelo grupo que está à frente da gestão do nosso país. Roubos que prejudicam a nossa sociedade de diversas formas, mas principalmente em investimentos que poderiam beneficiar os mais humildes, comprometendo as futuras gerações do nosso país. Ressalto que a corrupção não se restringe ao Governo Federal, é prati- ca recorrente em nosso país. Ou seja, encontramo-nos hoje na mais triste situação em termos de ad- ministração pública: má-gestão, que comprovadamente tirou o País dos tri- lhos do desenvolvimento, aliada à ele- vada corrupção. Basta a leitura diária dos editoriais da respeitável imprensa brasileira e internacional para este triste diagnóstico. Dirijo-me à comunidade universitá- ria manifestando minha decepção pela elevada acomodação e omissão, na qual não me enquadro, de boa parte do siste- ma universitário, seja do corpo docente ou discente, à situação de deterioração na qual nos encontramos. Justo a Uni- versidade, que historicamente é cata- lisadora de movimentos de mudança e moralização. Chega a ser intrigante, além de difí- cil compreensão, perante esta situação de má-gestão e saque do patrimônio público “em tenebrosas transações”, o silêncio, além do compositor da canção que cito no início, das nossas associa- ções de classe, sindicatos e de entidades estudantis, entre estas destaco os sem- pre combativos e tradicionais Centros Acadêmicos e notadamente a desapa- recida UNE, entidade de contribuições históricas e que foi às ruas no Anhanga- baú (SP) comigo em 1992 derrubar via impeachment um presidente que, em tom de humor trágico, me parece hoje um “homeopata” perto de tudo isto que se vê. Por que estão em silêncio? Passa- ram a tolerar, aceitar a corrupção desen- freada? Ou se escondem num injustifi- cável e falso argumento que... “sempre foi assim” para justificar a omissão? Uso este texto para manifestar meu chamado, meu estímulo para que a co- munidade universitária e a sociedade saiam desta injustificável acomodação e participem mais ativamente do pro- cesso de protesto contra esta deteriora- ção e tudo o que vem sendo feito diaria- mente para prejudicar o nosso objetivo comum, que é a construção de um país justo, de oportunidades e com elevado IDH (Índice de Desenvolvimento Hu- mano), traduzindo em seguidas melho- rias nos seus indicadores de desenvol- vimento econômico, ambiental e social, que comprovadamente por indicadores internacionalmente aceitos, deixamos de ver no nosso País. “Dormia, a nossa pátria mãe tão distraída Sem perceber que era subtraída Em tenebrosas transações...” (Chico Buarque de Holanda) RC
  • 13. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 13 A Ameaça Progressista Prof. Dr. Marcos Fava Neves* O leitor deve estar intrigado com o título, afinal, como é que pro- gresso pode ser ameaça? Para explicar, conto um “causo”. Final de semana, inspirado pela volta triunfal de São Pedro à cidade de Ribei- rão Preto-SP, li e assisti muita coisa, en- tre elas, um filme norte-americano que traz informação que já havia percebido: os defensores das antigas ideias ligadas ao comunismo e socialismo continuam firmes e fortes, mas não usam mais es- tes nomes, pela baixa aceitação na po- pulação. Usam nova roupagem: o termo “progressista”. Lastreiam “forças pro- gressistas” com outro apelo junto: “jus- tiça social”.
 Grande sacada esta mudan- ça, pois alguém ouvindo que tal pessoa é progressista, é levado a pensar que se trata de uma pessoa ou ideia que trará progresso, e todos gostam de progresso. A palavra progresso, de onde se ori- gina o que deveria ser o movimento pelo progresso, ou progressismo, signi- fica: “adiantamento, desenvolvimento, aperfeiçoamento, marcha ou movimen- to para diante” (Aurélio). Já o progres- sismo (não se encontra no Aurélio, mas na Wikipédia) é “uma doutrina política que expressa a crença ou o desejo de evolução, desenvolvimento, aperfeiço- amento, superação. Opõe-se ao conser- vadorismo. Políticas progressistas são aquelas que propõem mudanças socioe- conômicas radicais, para o desenvolvi- mento e o progresso da sociedade”. Nosso “causo” agora vai para a agri- cultura. Por coincidência achei o termo progressista, logo após o filme. Li en- trevista com um ministro dizendo que seu partido aceitará um ou uma “ru- ralista” no comando do Ministério da Agricultura, pois este tradicionalmente não é ocupado por nenhum ministro “progressista”, por ser um feudo do agronegócio. Um pequeno aparte: ru- ralista é outro termo terrivelmente pe- sado, tal como socialista e comunista. Precisamos copiar esta estratégia e mu- dar de ruralista para “alimentaria a” e, neste caso, a estratégia é honesta, pois o novo nome significa a mesma coisa. Manifesto visão radicalmente oposta a deste ministro e destas pessoas no que significa ser progressista. O agronegó- cio é justamente o setor mais progres- sista do Brasil, por trazer um saldo co- mercial impressionante e gerar enorme renda para ser amplamente distribuída nesta parte do mundo. Em outras pa- lavras, o I-Phone do ministro foi pago pelo açúcar exportado. É praticamente a única coisa que temos com respeito e admiração internacional e que vem tra- zendo progresso por aqui. O ministro entrevistado não vê no ex-colega e ex-ministro da Agricul- tura Roberto Rodrigues uma pessoa progressista. Talvez tenha perdido a oportunidade de ver seu trabalho e re- sultados entregues, ou de conversar e ver que dele saltam ideias e ações de progresso com inclusão social, afinal, é também um dos principais lideres coo- perativistas no mundo. Progressistas seriam então os adep- tos das ideias neossocialistas ou neo- comunistas (se é que isto é possível), e mais recentemente, os bolivarianos, que o ex-presidente de destruído país vizinho chamava de “socialismo do sé- culo XXI”. Conto a vocês neste “causo” que tenho sim algo em comum com estas pessoas, que são boas e idealistas: o objetivo. Almejamos um país com ele- vado índice de desenvolvimento huma- no (IDH). Diferimos é na estratégia, o “como fazer” para se atingir o objetivo (aonde se quer chegar). Comprovamos empiricamente após décadas de tentativas em lugares do mundo, que estas estratégias (comunis- ta, socialista, bolivariana) levaram ao re- trocesso, e não ao progresso. Seleciono um motivo central para explicar onde fa- lham: comprometem a geração de renda. E sem geração de renda, torna-se difícil distribuir renda e elevar o IDH. Portanto, as ideias destas pessoas, de “progressista”, no sentido correto da palavra, não têm absolutamente nada. Mas é bonito ver como acreditam pia- mente que seus Governos entregam progresso, mesmo lutando contra qua- Ponto de Vista IV se todos os indicadores que mostram o contrário. A palavra “progressista” usa- da para esta finalidade, para esta carac- terização, é um estelionato. Poderia parar aqui, mas o “causo” terminaria com o leitor sem entender o título deste artigo, afinal onde este mo- vimento “progressista” representa uma ameaça ao Brasil? Percebo cada vez mais esta estratégia comprovadamente equivocada, sendo disseminada como a correta e ganhando adeptos pelo Brasil, principalmente em orquestrados movi- mentos sociais (vejam o recente con- vênio de um deles com as comunas do vizinho do Norte), ONGs, e o mais pe- rigoso, vai espalhando silenciosamen- te no ensino médio e universitário via professores “progressistas”, atingindo crianças e jovens com conteúdo ideo- lógico em momento vulnerável de suas formações. Movem-se silenciosamente como o cupim, e quando percebemos, seu estra- go está feito. Qual estrago? O estrago que basicamente faz a pessoa acreditar que para ter renda, não precisa gerar renda. Pensamento individual que, co- letivizado, destrói uma nação, como já destruiu muitas. E pior ainda, para o “nobre” fim, para a “nobre” causa “progressista” justificam-se, ou toleram-se, os meios, mesmo que altamente condenáveis. Daí talvez esta apatia de grande parte dos “movimentos sociais” e da juventude ao quadro de corrupção instalado em nosso país, pois este seria um mal ne- cessário ao bem maior “progressista”. Fica o alerta aos que querem produ- zir, gerar renda e desenvolvimento no Brasil: é necessário reagir de maneira estruturada à crescente e enorme ameaça “progressista”. A palavra original com- bina com produção e desenvolvimento, mas o novo uso desta palavra, não. Foi amplamente demonstrado no mundo. *Marcos Fava Neves é Professor Ti- tular de Planejamento e Estratégia na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, Campus de Ribeirão Preto.RC
  • 14. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 14 C omo está o nosso agro? Pelo quarto mês consecutivo, em novembro, o desempenho das exportações do agronegócio so- freu queda. As exportações (US$ 6,13 bilhões), se comparadas com o mesmo período de 2013 (US$ 7,16 bi), diminu- íram 14,4%. O saldo na balança do agro de novembro foi de US$ 4,89 bi, uma queda de 15,1% em relação a novembro de 2013. O valor exportado acumulado no ano (US$ 89,9 bilhões) teve queda de 3,8% quando comparado com o mesmo período de 2013 (US$ 93,6 bilhões). O saldo acumulado no ano foi de US$ 74,6 bilhões (4,2% menor que o mesmo período em 2013). Os demais produtos brasileiros fora do agro tiveram uma grande queda de 30,5% nas exportações (US$ 13,7 bi em 2013, para US$ 9,5 bi em 2014), o que levou a participação do agronegócio nas exportações brasileiras a alcançar um patamar de 39,2% do total das ex- portações brasileiras. Com isto, aumentou consideravelmen- te o deficit da balança comercial brasileira em relação a novembro de 2013, saindo de um deficit de quase US$ 0,2 bilhão para um deficit de US$ 4,2 bilhões. Se não fosse o agronegócio, a balança co- mercial brasileira teria um deficit de US$ 79 bilhões acumulados no ano, ou seja, mais uma vez o agro evitou um desastre maior na economia brasileira. Como está nossa cana? Compartilho com o leitor da Caipi- rinha a minha leitura de 2015. Come- ço pelos meus pontos de preocupação, para depois falar dos pontos ou fatos que podem ser positivos. Pontos de preocupação para 2015 - Preço do petróleo, qual é o piso? Se continuar a cair, jogará grande pressão sobre as margens do etanol; - Crescimento zero e desemprego forte no Brasil; - Safra de cana será do mesmo tamanho; - Riscos da tentativa de volta de ou- tros impostos (CPMF), que afetam os custos do setor; - Custo de produção continua eleva- do em 2015, pois não se esperam gran- des ações de redução dos gargalos do custo Brasil; - Menor renovação de canaviais e feitos do clima de 2014 nos levarão a uma produtividade igual ou menor; - Juros mais elevados (custo de capi- tal) e maiores riscos de refinanciamento (rebaixamento de ratings) trarão au- mento do endividamento e de recupe- ração judicial; - Entressafra longa traz mais risco para as empresas descapitalizadas (afe- ta mercado por abaixar desnecessaria- mente os preços); - Desânimo e desconfiança generali- zados no Brasil afetam negativamente o investimento; - Petrobras e o “dominó estatal”, ou seja, todo este mar de lama na Petrobras vai paralisar o Governo, e isto é apenas o começo, pois deve chegar as outras estatais; Pontos favoráveis para 2015 - Deve finalmente aumentar a mistura do anidro na gasolina, para 27,5% (prova- velmente iniciando em março de 2015); - A provável volta da incidência da CIDE na gasolina, pela necessidade de arrecadação por parte do Governo; - Um balanço mais favorável de pre- ços pode levar a aumento no consumo de hidratado e efeitos positivos de uma safra mais “etanoleira” nos preços in- ternacionais do açúcar; - Baixos preços do açúcar nos últimos anos desestimulou a produção em alguns locais no mundo, com isto começam a cair os estoques mundiais de açúcar e continua o consumo crescendo (1,5/2%), podendo refletir em melhores preços; - Com o aumento do desemprego, devem cair os preços de mão de obra no setor; -Boasperspectivasnacogeraçãoem2015; - Taxa de câmbio deve ficar entre 2,5 a 2,8, ajudando nas margens dos produ- tos exportados pela cadeia produtiva; - Teremos cada vez mais os efeitos de processo de “seleção”, ou seja, anos difíceis fizeram com que muitos deixas- sem a atividade, e os consolidadores são os mais eficientes e capitalizados (sem desconsiderar os graves problemas so- ciais ligados a esta saída da atividade); - Ausência de Copa e eleições, que paralisaram a produção no Brasil em parte de 2014; Quem é o homenageado do mês? A coluna Caipirinha todo mês ho- menageia uma pessoa. Neste mês, a homenagem vai para a amiga Saman- ta Pineda, advogada e especialista em agronegócios, grande estudiosa e co- nhecedora, árdua defensora do setor. Haja Limão: 2014 terminou. Um ano absolutamente complicado ao Brasil, de retrocesso de nossa sociedade. Termina a primeira gestão da presidente da Repúbli- ca com pouca coisa que pode ser carac- terizada como de êxito. Uma má-gestão acossada pela corrupção. Lamentavel- mente os eleitores cegos do Brasil não viram isto e nos presentearam com mais quatro anos. Haja limão pela frente! Marcos Fava Neves é Professor Titular da FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto. Em 2013 foi Profes- sor Visitante Internacional da Purdue University (EUA) Coluna Caipirinha Marcos Fava Neves Caipirinha Alguns fatos positivos para 2015 RC
  • 15. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 15
  • 16. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 16 III Encontro de Gerentes do Sistema é marcado pelo otimismo Notícias Copercana I nformar, conscientizar e manter a equipe estimulada para um novo ano que se inicia. Este foi o objetivo do III Encontro de Gerentes do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred realizado em novembro, no auditório da Canaoeste, em Sertãozinho - SP. Pa- lestras proferidas pelo economista José Roberto Mendonça de Barros e pelo fi- lósofo Mário Sérgio Cortella marcaram o evento, que contou com a participa- ção de mais de 200 colaboradores. “Vivemos uma dupla transição, com o término do atual modelo de cresci- mento mundial e de uma estrutura de poder que se formou a partir de 2003”, explicou Barros, ao dar um panorama sobre o cenário político e econômico mundial e nacional. De acordo com o palestrante, a economia doméstica vive um desarranjo macroeconômico e se- torial, com baixo crescimento, deficit fiscal, inflação acima da meta, sem falar na crise da indústria, energia e em ou- tros setores, como o da construção civil, que afastam os investimentos. “Nem uma equipe de super-heróis resolveria os problemas enfrentados pelo Brasil, se a gestão continuar do jeito que está”, afirmou o economista. Andréia Vital Segundo ele, 2015 ainda será um ano difícil a ser enfrentado, mas o cenário deverá mudar. “Existe muita coisa que pode ser feita, mas que exige, antes de tudo, pé no chão, uma estratégia que seja cautelosa, mas compatível com a retomada de crescimento mais adian- te”, explicou, afirmando que “especial- mente no agronegócio, mesmo a parte que está mais prejudicada que é o setor sucroenergético, tem uma perspectiva bastante razoável porque o dólar vai estar mais alto e isso tende a ajudar o setor. Além disso, acho que os custos vão subir um pouco menos do que tem subido, no período recente. Então acho que depois de tanta dificuldade o cená- rio possa clarear um pouco para o se- tor”, contextualizou. Ao ser questionado pelo presidente da Copercana e Sicoob Cocred,Antonio Eduardo Tonielo, sobre a possibilidade de se fazer uma reforma fiscal diante do atual cenário em que se encontra o Brasil atualmente, o economista foi ta- xativo. “Teria se o Aécio Neves tivesse vencido a eleição, com o Governo que está ai, não vejo essa possibilidade”, afirmou. Outros participantes também esclarecem suas dúvidas sobre o desti- no da economia nacional e sua influên- cia na crise da agroindústria canavieira na ocasião. De acordo com o filósofo Mário Sér- gio Cortella, a palavra crise, no sânscri- to, significa purificação. “Por isso, uma crise significa algo que nos leva a pensar e reorientar processo, mas ela também nos ajuda a olhar o que tem que ser dei- xado de lado e o que tem que ser levado Palestras de Mário Sérgio Cortella e José Roberto Mendonça de Barros abrilhantaram evento que reuniu mais de 200 colaboradores em Sertãozinho - SP Os participantes ficaram atentos a palestra do filósofo Mário Sérgio Cortella José Roberto Mendonça de Barros, economista Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana e Sicoob Cocred
  • 17. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 17 adiante” ensinou, afirmando ainda que quando se fala para um setor que está em crise é necessário ser mais trazedor de esperança. “Uma esperança que não seja ilusória, mas também que não seja algo que traga a catástrofe como sendo aquilo que está às portas”, explicou. “Uma crise não é o ponto final, uma crise é um obstáculo na passagem e este setor não vive em crise pela primeira vez, essa crise é como na natureza, é cíclica, mas quem é da roça sabe que a agricultura é a arte da paciência e uma pessoa que não tem paciência não pode lidar com agricultura”, disse o filósofo, afirmando que há dois modos de en- frentar uma crise. “O primeiro é sentar e chorar, o segundo é levantar e enfren- tar. Não se enfrenta uma crise como está sem trabalho, sem dedicação, sem reação e sem junção”, analisou. Cortella ressaltou também a impor- tância de se equilibrar a vida profissio- nal e pessoal. “Equilíbrio não é ficar pa- rado no meio, equilíbrio na vida é igual a ter equilíbrio na bicicleta. Na vida você se equilibra em movimento, a vida humana é uma maratona, e tem gente que quer fazer da vida, da carreira, cem metros com barreira, dispara, sai cor- rendo, salta e quase cai morto”, disse, afirmando que “equilíbrio é você ir aos extremos e não se perder neles”. O filó- sofo também citou o britânico Beda, o Venerável, ao afirmar que há três cami- nhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe; não praticar o que se ensina e não perguntar o que se ignora. Para ele, uma das coisas decisivas para não se ter uma vida perdida é dis- seminar a ideia de esforço. “Parte das novas gerações não têm ideia de esfor- ço, essa facilitação é um dos mecanis- mos para que se crie uma geração mais frouxa, que não pega no breu, é meio cozida, o que traz um desequilíbrio à relação de gerações”, analisou, mas avi- sou que ainda há um caminho a seguir. “Você não controla a direção dos ven- tos, mas você pode reorientar suas ve- las, orientar essa nova geração que está chegando, pois se bobear, fraquejar, ela não pega no breu”, disse, lembrando ainda que o segredo da vida é simples. “Vaca não dá leite, você tem que tirar”. Nesta edição a Bayer foi a patrocina- dora do encontro. “A Bayer enxerga o Sistema como um parceiro de negócios extremamente importante e nós vemos que é uma oportunidade para transmitir um pouco aquilo que a empresa é, não só em nível Brasil, mas que a empre- sa tem dentro do agronegócio, além do fato da gente estar ampliando o conhe- cimento do corpo gerencial da Coper- cana e Canaoeste, essa interação com o time gerencial é muito importante”, concluiu o representando da multina- cional Augusto de Camargo Monteiro. Participantes aprovam o evento Para o presidente da Copercana, An- tonio Eduardo Tonielo, promover even- tos como este é de fundamental impor- tância para ajudar no dia a dia, seja na vida profissional, como na pessoal. “É sempre um alerta para as pessoas e te- nho certeza que muito dos nossos co- laboradores vão pensar um pouco dife- rente na hora que voltar para o serviço ou mesmo quando chegar em casa”, disse ele. Opinião compartilhada com o diretor da Copercana, Pedro Esrael Bighetti. “No cooperativismo você tem que estar sempre aprendendo, e na família tam- bém”, frisou. Manoel Ortolan, presidente da Ca- naoeste, também aprovou o encontro. “Acho que foi um evento muito bom. Os dois palestrantes, pelo que a gente ouviu, passaram informações impor- tantes, que foram bem aceitas por todos que estavam participando. Consegui- mos praticamente encher o salão, com mais de 200 funcionários, colabora- dores do Sistema. Além disso, vale destacar também a integração entre as três empresas - Copercana, Canaoeste, Sicoob Cocred - pois todo mundo parti- cipa desse evento”, disse. Já o gerente da Uname (Unidade de Grãos da Copercana), Augusto César Strini Paixão, destacou as dicas ofere- cidas pelos palestrantes. “A palestra do Barros mostrou a dificuldade que tere- mos pela frente e que o cenário para o Brasil no próximo semestre ainda não será muito bom e a palestra do Cortella nos fez perceber que para enfrentar as dificuldades a gente precisa estar uni- dos”, analisou. “Cada vez o evento fica melhor, es- tamos aprendendo mais. Este ano veio abrilhantar o nível de palestrantes, não Pedro Esrael Bighetti, diretor da Copercana Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste Augusto César Strini Paixão, gerente da Uname
  • 18. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 18 há quem não tenha gostado. Para nós que trabalhamos na Copercana é uma chance muito grande de ter a participa- ção e o aprendizado de pessoas como estas, é muito vantajoso”, disse Frede- rico Dalmaso, gerente de comercializa- ção da cooperativa. De acordo com Manoel Sérgio Sic- chieri, assessor das diretorias do Siste- Frederico Dalmaso, gerente de comercialização Manoel Sérgio Sicchieri, assessor das diretorias Márcio Meloni, administrativo e Financeiro da Sicoob Cocred ma, as informações obtidas no encontro são relevantes para a atualização dos colaboradores sobre o cenário políti- co e econômico. “A palestra do Mário Sérgio trouxe muita motivação para a gente e agrega valor no nosso dia a dia, pois às vezes tem coisa que a gente dei- xa passar, e não damos conta, portanto, vem agregar no nosso trabalho, na nos- sa família”, alegou. Para o diretor Administrativo e Fi- nanceiro da Sicoob Cocred, Márcio Meloni, o evento é de suma importân- cia “para atualizar todos os gerentes em termos de política, em termos de ação econômica, políticas de juros, câmbio, enfim, ele dá um panorama da econo- mia do País, com a perspectiva do que pode acontecer e manter o pessoal atua- lizado”, afirmou. Notícias Copercana
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  • 20. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 20 Reforma no supermercado de Sertãozinho-SP amplia qualidade e conforto Notícias Copercana U m novo conceito em compras, que alia conforto, sofisticação, qualidade e preços competiti- vos. A preocupação com a máxima sa- tisfação dos clientes impulsionou a Co- percana a fazer uma série de mudanças em seu supermercado de Sertãozinho- -SP. Novinho em folha, agrada pela dis- posição dos produtos, corredores mais largos, rotisseria ampla e mais organi- zada e, claro, imensa gama de produtos e a possibilidade de encher o carrinho gastando menos. A loja é a segunda a ganhar um estilo diferenciado, marcado pela padronização da fachada, caixas, balcões, gôndolas e cores.Aprimeira, que já nasceu com esse novo layout, foi a de Jaboticabal-SP, inau- gurada em novembro de 2012. As mudanças em Sertãozinho, que incluíram iluminação e forro novos, além de condicionadores de ar, o que deixou o ambiente mais claro e refres- cante, duraram seis meses e foram fei- tas com a loja em pleno funcionamen- Igor Savenhago Mudanças fazem parte de um novo conceito que já havia sido aplicado na loja de Jaboticabal-SP, inaugurada em novembro de 2012 to. Os trabalhos eram concentrados no período noturno, para não atrapalhar os clientes. Algumas estruturas ainda devem ser implantadas, como uma se- paração em vidro entre a rotisseria e a geladeira, para evitar temperaturas mui- to baixas. Ricardo Meloni, gerente comer- cial da Copercana, afirma que grandes mudanças ocorrem, principalmente, quando envolvem uma equipe de pro- fissionais qualificados e que conseguem entender o objetivo e a missão da coo- perativa. “Estamos visualizando e pla- nejando diariamente para alcançar cada resultado positivo da empresa. A nossa diretoria tem acompanhado e apoiado todo o trabalho comercial, para que possamos ter esse crescimento e aber- tura a novos desafios”. Meloni destaca, ainda, o desempe- nho da equipe de compras. “Traba- lhamos, incessantemente com forne- cedores para que possamos oferecer Ricardo Meloni, gerente comercial
  • 21. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 21 A mesma opinião tem Antônio Sau- le, outro cliente fiel. “Além de qualida- de, hoje as pessoas buscam conforto. E, nesse aspecto, ficou ótimo. Está mais arejado e com mercadorias muito bem distribuídas”. Esses fatores favorecem, também, o lazer em família. Para Vera Lúcia Silva, que vai ao supermercado com o marido, Júlio César Baltazar, e a sobrinha Maria Eduarda, o espaço é perfeito para uma refeição saudável e descontraída, já que dispõe de uma rotisseria com mais op- ções. “Além disso, é nítida a maior qua- lidade da loja, de uma forma geral. A localização dos produtos também está mais fácil. A informação visual está bem diferente do que era”. O Supermercado Copercana em Ser- tãozinho fica na rua Dr. Pio Dufles, 551, no Jardim Soljumar. melhores preços e aumento consi- derável no mix de produtos. Hoje, a diversidade com qualidade é a maior com relação aos nossos concorrentes. Tenho que agradecer a esta equipe pelo comprometimento com as nossas me- tas e por trabalhar sempre para termos, também, os melhores preços. A Coper- cana não é feita por uma pessoa, mas por uma equipe focada. Exemplos são nossos supervisores, gerentes, encarre- gados e funcionários”. Ele agradece ao supervisor dos Su- permercados Copercana, Márcio Ze- viani, que, desde o início, colocou sua experiência e conhecimento como ges- tor a serviço das novas tendências de mercado. “Com a reforma, foi possível melhorar todas as gôndolas, otimizan- do melhor espaço aos clientes, tendo, assim, a aceitação de 100% dos nos- sos consumidores. Posso pontuar, por exemplo, o refrigerador único das bebi- das, que mantém a temperatura mesmo com a reposição. Quero deixar claro que sempre estarei pesquisando, para disponibilizar aos nossos clientes o me- lhor em supermercado. E agradecer a toda equipe da loja de Sertãozinho pelo empenho”, declara Zeviani. Ele lembra que a reforma se estendeu à parte exter- na, onde se localiza o estacionamento, que ganhou mais vagas, tanto comuns quanto especiais. Satisfação A loja recém-reformada, que man- tinha o formato original já há 15 anos, deixou os clientes com sorriso aberto. “Um dos desafios mais interessantes era reformar com o supermercado aberto. E o mais legal dessa trajetória era a satis- fação dos clientes em ver toda a equipe empenhada para melhor conforto de- les”, diz Zeviani. Os mais tradicionais, que compram no local há muitos anos, destacam que os diferenciais irão atrair mais gente. E que as mudanças são perceptíveis em todos os aspectos do supermercado. Cristina Assan, que frequenta a Co- percana em Sertãozinho desde a pri- meira inauguração, pelo menos duas vezes por semana, afirma que uma maior visibilidade dos produtos foi fa- vorecida. “O açougue está melhor. Os vinhos têm maior variedade. Enfim, melhorou para todo lado”. Márcio Zeviani, supervisor dos Supermercados Copercana Cristina Assan Antônio Saule Vera Lúcia Silva, Maria Eduarda e Júlio César Baltazar RC
  • 22. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 22 Notícias Canaoeste Geladeiroteca da Canaoeste é apresentada no 7º Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias em SP C om pouco mais de um ano, o projeto Geladeiroteca, apoiado pela biblioteca da Canaoeste, vem ganhando espaços e se destacando cada vez mais. Para fechar o ano com chave de ouro, o projeto foi apresenta- do durante o 7º Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias (Seminário Biblioteca Viva), que acon- teceu entre os dias 17 e 19 de novem- bro, no Novo Centro de Convenções Rebouças, na capital paulista. Realizado pela Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Unidade de Biblioteca e Lei- turas (UBL), e a SP Leituras, o evento teve o objetivo de valorizar ainda mais as bibliotecas, disseminar a leitura e a informação e promover reflexões sobre o papel das bibliotecas na comunidade. Estiveram presentes bibliotecários de vários Estados, profissionais de bi- bliotecas, dirigentes de cultura, estu- dantes, além de convidados nacionais e Fernanda Clariano O projeto “Geladeiroteca: consuma aqui e alimente seu espírito” foi apresentado pelo biblio- tecário Haroldo Beraldo, em forma de painel, durante o seminário internacionais de países como o Chile, Colômbia, Espanha, Portugal e Estados Unidos, que participaram de palestras, debates, apresentações de painéis e pôs- teres sobre as mais variadas experiên- cias em bibliotecas. Entre os temas apresentados esta- vam: acessibilidade, bibliotecas como espaços além da leitura, leitura nas diversas mídias, sustentabilidade e so- luções inovadoras e criativas para am- bientes em bibliotecas, passando por questões muito atuais como a diversi- dade de gênero e sexualidade. Na abertura, o secretário da Cultura do Estado de São Paulo, Marcelo Matos Araújo, representando o governador do Estado, Geraldo Alckmin, falou sobre a importância do trabalho realizado pelos bibliotecários. “Em pesquisa recente rea- lizada sobre os hábitos culturais dos pau- listas, a leitura é o hábito cultural mais praticado por eles no seu tempo livre. Te- mos a certeza de que esse dado é, dentre outros, decorrência do trabalho realizado pelos bibliotecários. Sabemos que, para a maior parte das pessoas, as bibliotecas públicas e as comunitárias são o único meio de acesso aos livros e a cultura de forma geral”, afirmou o secretário. “Essa é a primeira vez que os três sistemas de bibliotecas públicas se re- únem, o Municipal, o Estadual e o Na- cional, que estão cada vez mais alinha- dos na missão de garantir o direito de acesso à leitura, à informação e à cultu- ra a todos os brasileiros. Eu espero que as pessoas consigam compartilhar os conhecimentos, que elas se sintam aco- lhidas, motivadas e revigoradas para continuarem disseminando a leitura no País”, disse a coordenadora geral do evento, Adriana Cybele Ferrari. Seminário Biblioteca Viva aconteceu no Novo Centro de Convenções Rebouças, na capital paulista Marcelo Matos Araújo, secretário da Cultura do Estado de São Paulo
  • 23. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 23 O primeiro dia de seminário contou com um bate-papo descontraído com o escritor Maurício de Sousa, criador de personagens clássicos como a Mônica e sua turma. Maurício de Sousa subiu ao palco afirmando que seria uma pessoa dife- rente se não frequentasse a biblioteca da sua cidade quando criança e contou um pouco da sua trajetória. Ainda jo- vem, chegava a ler um livro por dia. “Quem lê tem sempre algo a dizer, tem sempre algo no coração e na cabeça para dividir com alguém. Não é uma pessoa vazia”. Ao mudar-se para São Paulo, o escritor chegou a apresentar alguns de seus desenhos para o editor Adriana Cybele Ferrari., coordenadora geral do evento de um jornal, mas o editor pediu para que ele desistisse porque desenhos não davam dinheiro. Ao invés de desistir, Maurício colocou seu sonho em prá- tica e hoje conduz uma empresa com 200 funcionários, que é responsável por 86% do mercado brasileiro, com atuação em mais de vinte países, e que edita cerca de 2 milhões de livros em parceria com 22 editoras brasileiras. Maurício de Sousa, criador dos personagens Mônica e sua turma e o mediador Wandi Doratiotto
  • 24. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 24 A primeira palestra do seminário foi ministrada pela convidada Sílvia Castrillón, da Associação Colombia- na de Leitura e Escrita (Asolectura), que fez um panorama sobre as biblio- tecas colombianas, seus acertos, frus- trações e desafios. Já o chileno Gonzalo Oyarzún, do Sistema Nacional de Bibliotecas Públi- cas do Chile, falou sobre gibiteca e me- diação de leitura e dividiu mesa-redon- da com Patrícia Pina, da Universidade Estadual da Bahia. “As bibliotecas públicas, motores culturais da Catalunha” foi o tema apre- sentado por Carme Fenoll, que em sua apresentação afirmou que “na Espanha, as bibliotecas são os equipamentos mais próximos do público, especial- mente nas pequenas cidades, mas não são os que mais atraem visitantes”. Para finalizar o primeiro dia de se- minário, foram realizados painéis, com exposições de diversos cases de sucesso de bibliotecas do Brasil e o bibliotecá- rio Haroldo Luís Beraldo apresentou aos participantes do evento “Como profissional é uma experi- ência única, é a primeira vez que par- ticipo de um evento com tamanha re- percussão, pois reúne bibliotecários e profissionais que trabalham no Brasil, América Latina, América do Norte e Europa. Ter sido convidado para apre- sentar o projeto Geladeiroteca neste 7º Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias, é uma grande satisfação”, afirmou Beraldo. “A Geladeiroteca é um projeto bem interessante e criativo, porque ao colocar livros dentro de um utensílio doméstico em locais públicos, ele se torna muito mais atrativo, pois instiga a curiosidade e acaba aproximando as pessoas à leitu- ra”, ressaltou Adriana Cybele Ferrari. “Tendo em vista que as maiores au- toridades em bibliotecas do mundo es- tão presentes neste seminário apresen- tando seus projetos mais inovadores de bibliotecas, poder presenciar o projeto do Haroldo inserido dentro desse even- to é uma honra imensa para Sertãozi- nho e demonstra a importância que a própria cidade dá para o livro e para a leitura”, destacou a chefe de bibliotecas de Sertãozinho, Sônia Sarti. “A ideia da Geladeiroteca é bem inte- ressante pelo fato de aproveitar, de forma lúdica, um material que seria descartado, que não teria utilidade. Além de facilitar o acesso aos livros, à informação, você pode colocar a Geladeiroteca numa praça e, faça sol ou faça chuva, é só fechar que não da- nifica os livros. Eu achei muito prática essa ideia”, disse o bibliotecário Sidnei Pereira de São José dos Campos-SP. “O projeto em si, a distribuição de livros na comunidade não é algo novo, muitas bibliotecas fazem isso. O que eu achei interessante é o móvel, o suporte que eles usaram para poder deixar es- ses livros expostos para a comunidade. Estão usando geladeiras velhas, reutili- zando algo que é tão prejudicial ao meio ambiente. Achei muito bacana, gostei do projeto”, afirmou a bibliotecária em Ca- nanéia-SP, Alaide Pereira Santos Faraci. Lembrando que o 7º Seminário In- ternacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias ainda contou com bate- -papos interessantes com os escritores Fabrício Carpinejar e Laurentino Go- mes e com uma programação bastante diversificada.RC Haroldo Luís Beraldo (bibliotecário da Canaoeste) apresentou o projeto Geladeiroteca aos participantes do evento Sônia Sarti, chefe de bibliotecas de Sertãozinho Sidnei Pereira, bibliotecário de São José dos Campos Alaide Pereira Santos Faraci, bibliotecária em Cananéia Notícias Canaoeste
  • 25. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 25 Projeto Geladeiroteca apoiado pela biblioteca da Canaoeste é premiado em Brasília A ideia de difundir a leitura usando uma geladeira velha e sem ser- ventia, e fazer dela uma biblio- teca, vem dando tão certo que, no dia 16 de dezembro, a “Geladeiroteca”, projeto apoiado pela biblioteca da Canaoeste, foi premiada na 7ª edição do Prêmio Vi- valeitura, anunciado em Brasília- DF. O projeto, que surgiu em 2013, consiste em adaptar geladeiras antigas para ofere- cer livros, de forma gratuita e sem burocra- cia, em locais públicos de Sertãozinho-SP, ebastantefrequentadospelapopulação.As obras podem ser retiradas e, após a leitura, devolvidas no local, repassadas a amigos e conhecidos ou deixadas em pontos de ôni- bus e bancos de praças. Seis pontos de Sertãozinho já foram contemplados: o ambulatório da UBS (Unidade Básica de Saúde) Plínio de Lima Rubião, no Jardim Recreio, e a EMEI (Escola Municipal de Educação Infantil) Aracy Pelá, no Jardim Porto Seguro, a ABA (Associação de Amigos do Bairro Alvorada), o CEJUSC (Centro de Solução de Conflitos e Cidadania), no bairro Shangri-lá, o CCI (Centro de Convivência do Idoso), no Jardim Solju- mar, e o CRAS V (Centro de Referência de Assistência Social), na Vila Garcia. Vivaleitura O Prêmio Vivaleitura 2014 é uma iniciativa dos Ministérios da Cultura e da Educação e da OEI (Organização dos Estados Ibero-americanos para a Edu- cação), com apoio da Fundação San- tillana, do Consed (Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação) e da Undime (União Nacional dos Diri- gentes Municipais de Educação). O ob- jetivo é estimular e fomentar a leitura, reconhecendo boas práticas. Esta edição contou com 998 projetos inscritos de todas as regiões do País. Fo- ram selecionados 20 finalistas, cinco em cada uma das categorias: Bibliotecas Pú- blicas, Privadas e Comunitárias; Escolas Públicas e Privadas; Práticas continu- adas de leitura em contextos e espaços diversos desenvolvidos pela sociedade e Promotor de Leitura (pessoa física). A cerimônia de premiação foi rea- lizada no Salão Nobre na Câmara dos Deputados e contou com a participa- ção da secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Maria Be- atriz Luce, que representou o ministro Henrique Paim; da diretora da OEI no Brasil, Ivana de Siqueira; do secretário executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura do MinC, José Castilho Mar- ques Neto; da presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Karine Pan- sa; da deputada federal e senadora eleita Fátima Bezerra (PT-RN), que coordena a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Livro e Leitura e que representou a Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, entre outros convidados. O bibliotecário Haroldo Luís Beraldo, idealizador do “Projeto Geladeiroteca: consuma aqui e alimente seu espírito”, foi premiado entre os cinco melhores na Categoria 1 – “Bibliotecas Públicas, Pri- vadas e Comunitárias”, tendo recebido o troféu das mãos da ministra interina da Cultura, Ana Cristina Wanzeler. “Estou muito feliz por ter conquista- do esse prêmio. Foi um momento úni- co, muito especial, pois esse é o maior prêmio de fomento individual de leitura no Brasil. Trazermos para a nossa bi- blioteca e para Sertãozinho-SP é algo de grande valor, que coroou de forma magnífica o trabalho que a gente vem desempenhando”, afirmou Beraldo. Reconhecimento “Quando o trabalho é realizado com prazer e dedicação, as coisas aconte- cem. O Haroldo é um grande profissio- nal e tem feito um trabalho exemplar, levando a biblioteca ‘General Álva- ro Tavares do Carmo’ ao encontro da população, através da Geladeiroteca, disponibilizando livros principalmente àqueles que têm dificuldades no aces- so à leitura. Estamos muito felizes com essa conquista, que é fruto dos esforços dele, e esperamos que ele continue fir- me nessa trajetória”, disse o presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan. Haroldo recebe o troféu das mãos da ministra interina da Cultura, Ana Cristina Wanzeler RC Fernanda Clariano com informações de assessoria
  • 26. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 26 Canaoeste e Copercana acompanham votação do PRA, em São Paulo F oram seis meses de discussão, nove emendas e 45 alterações em relação ao projeto original. De- pois de muita discussão, foi aprovado, no dia 10 de dezembro, na Assembleia Legislativa de São Paulo, o PRA (Plano de Regularização Ambiental) Paulista – Projeto de Lei 219/2014 –, que define as diretrizes para a adequação ambiental de propriedades rurais do Estado. A Coper- cana e a Canaoeste levaram representan- tes para acompanhar os trâmites finais. O plano, aprovado por 65 votos a fa- vor e dois contra, corresponde à etapa estadual para a implantação do Código Florestal – Lei 12.651/2012 –, que pas- sou no Congresso Nacional há pouco mais de dois anos. O texto do PRA se- gue, agora, para sanção do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Conforme Juliano Bortoloti, advo- gado da Canaoeste, o impasse entre os deputados paulistas ocorreu, prin- cipalmente, por causa de dois pontos divergentes da Lei Federal. O primeiro se referia à questão da temporalidade. Segundo o Código Florestal, se o dono de uma fazenda consegue comprovar que a área foi desmatada numa épo- ca em que não havia legislação que disciplinasse a prática ou, então, em que a lei vigente autorizasse a retirada de vegetação, ele não fica obrigado a complementar a reserva florestal até o teto de 20% da propriedade, conforme está determinado para outros casos. No entanto, o código não cita datas, o que deixa esse aspecto vago. Já o PRA Paulista delimitou os períodos de tem- po e o tipo de vegetação, deixando a regra mais clara. Outro ponto de discordâncias foi a autorização ou não para que se fizesse a compensação da reserva legal fora do Estado de São Paulo. Como o Código Florestal prevê que a recomposição seja por bioma, e não por unidade da Fede- ração, fica mantida a possibilidade de reflorestar em outros Estados. Os momentos finais de discussão e vo- tação do programa foram acompanhados por agrônomos e produtores associados da Canaoeste e cooperados da Coperca- na. Eles se juntaram a cerca de 200 pes- soas que representaram vários segmentos da cadeia produtiva do agronegócio, entre eles o da cana-de-açúcar. Eram represen- Diretores, associados, cooperados e colaboradores do Sistema acompanharam a votação Programa de Regularização Ambiental, que teve 65 votos a favor e dois contras, define as diretrizes para adequar ambientalmente as propriedades rurais do Estado Fernanda Clariano Igor Savenhago Notícias Canaoeste
  • 27. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 27 Barros Munhoz, deputado estadual Cyro Penna Junior, presidente do Sindicato Rural do Vale do Rio Grande, em Barretos tantes de sindicatos rurais, movimentos sociais, institutos de pesquisa, universi- dades, ONGs, representantes do próprio Governo Estadual, além de deputados, tanto estaduais quanto federais. O projeto, fundamental para os desdo- bramentos do CAR (Cadastro Ambiental Rural) federal, foi apresentado pelo depu- tado estadual Barros Munhoz (PSDB) e teve autoria coletiva – além de Munhoz, participaram Campos Machado (PTB), Itamar Borges (PMDB), Roberto Morais (PPS), José Bittencourt (PSD) e Estevam Galvão (DEM). Contou, ainda, com o apoio dos também deputados Davi Zaia (PPS), José Zico Prado (PT), Bruno Co- vas (PSDB), Pedro Tobias (PSDB), Beto Trícoli (PV), Ana do Carmo (PT), Enio Tatto (PT), Welson Gasparini (PSDB), Professor Tito (PT) e do deputado federal Arnaldo Jardim (PPS/SP). No dia 25 de novembro, eles com- puseram uma mesa coordenada por Munhoz no auditório Paulo Kobayashi. O objetivo foi promover uma audiên- cia pública para debater vários artigos do projeto, que regula, nos termos dos artigos 23, III, VI e VII, e 24 da Cons- tituição, o detalhamento de caráter específico e suplementar do PRA das propriedades e imóveis rurais, e dispõe, ainda, sobre a aplicação da Lei Comple- mentar Federal 140/2011. Os participantes parabenizaram a ini- ciativa de Barros Munhoz e dos apoia- dores do projeto, destacando a necessi- dade de agilizar sua tramitação para dar segurança jurídica a quem vive do traba- lho no campo e que não penalizasse os pequenos agricultores. De acordo com o presidente da Fetaesp (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo), Braz Albertini, o progra- ma é considerado um dos mais impor- tantes instrumentos para a agricultura paulista, já que permitirá a solução de várias dúvidas dos produtores rurais. Ele destacou a necessidade de que a aprova- ção fosse feita logo, considerando que os donos de propriedades têm pressa para fazer o CAR e se adequar ao PRA. “O programa satisfaz necessidades e exi- gências ambientais sem prejudicar a ati- vidade rural. Essa aprovação é muito im- portante para que o produtor saiba como proceder depois e para acelerarmos nos- sos trabalhos, pois temos prazos”. Presente na audiência, o presiden- te da Copercana e da Sicoob Cocred, Antonio Eduardo Tonielo, classificou a reunião como positiva. “A audiência foi muito importante, porque contou com a participação de produtores, ONGs e pessoas totalmente envolvidas no as- sunto. Sem a aprovação dessa lei, todos ficam à deriva e, como bem disse o de- putado Barroz Munhoz, ‘está na hora de fazer o gol. Já fizeram de tudo e está na hora de chegar aos finalmentes com esse processo’. Acredito que os deputa- dos agora vão dar uma adesão certa”. Ganho “Essa audiência foi um ganho para a democracia, para o meio ambiente e para o setor rural de São Paulo. Todo mundo se colocou, todas as opiniões fo- ram ouvidas e o projeto agora pode ser arredondado para ir a votação e efetivar o que estava faltando, que é a segurança jurídica do produtor rural e do meio am- biente”, afirmou a advogada Samanta Pineda, consultora jurídica para assun- tos ambientais da Frente Parlamentar da Agropecuária no Congresso Nacional. “Esperamos que esse projeto de regu- larização ambiental esteja favorável ao setor rural, de tal forma que haja um equi- líbrio entre meio ambiente e produção rural. Que o produtor consiga atingir seu objetivo, que é produzir com sustentabili- dade e que, de forma organizada, possa- mos fazer uma pressão legítima aqui na Assembleia Legislativa e emplacar nosso ponto de vista”, disse o presidente do Sin- dicato Rural do Vale do Rio Grande, em Barretos – SP, Cyro Penna Junior. O deputado Barros Munhoz, autor do projeto, foi enfático ao dizer que buscava, dentro das regras federais de regularização, a adequação ambiental que trouxesse o menor impacto social e econômico. “Fazer mais trará efeito co- lateral social. Fazer menos implica em conflito com a lei federal. Essa discus- são mostrou uma grande evolução no projeto com poucos pontos divergentes, o que a gente já esperava que houves- se. Embora estejamos saindo sem um resultado, vamos tentar caminhar para votar ainda esse ano, pois a aprovação do PRA representa um avanço para o Estado de São Paulo, para o meio am- biente e para os produtores rurais”. Como o deputado João Paulo Rillo, do PT, não concordou com a urgência do projeto, não houve acordo para votação. No dia 9 de dezembro, um novo en- contro foi marcado na capital paulista, com a expectativa de que o projeto en- trasse na pauta. O auditório Juscelino Kubitschek ficou tomado por lideran- ças favoráveis e contrárias à aprovação. Como ainda não havia acordo entre os deputados, as discussões seguiram noite adentro. Só ao final da segunda sessão extraordinária, houve consenso entre os parlamentares, para que o PRA fosse votado no dia seguinte. A estimativa é que, com o programa, o Estado de São Paulo, que tem 17% de cobertura vegetal, recebe o plantio de 1,7 milhão de árvores, elevando o índi- ce para 24%.RC
  • 28. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 28 Reuniões Técnicas Canaoeste A Canaoeste e a Copercana de Pontal-SP, com o apoio da em- presa Syngenta, realizaram uma Reunião Técnica para a abordagem do tema “Pragas e Doenças da Cana-de- -Açúcar”. Na ocasião também foram apresentadas algumas informações im- portantes sobre o CAR (Cadastro Am- biental Rural) pela engenheira agrôno- ma da Canaoeste, Daniela Aragão. A reunião aconteceu no dia 3 de dezem- bro e contou com a presença de aproxi- madamente 50 pessoas. Atualmente, o canavial está em ple- no crescimento vegetativo, devido à alta umidade e temperatura, que são características favoráveis para o desen- volvimento de pragas e doenças como a cigarrinha, ferrugem alaranjada e ferru- A Canaoeste de Bebedouro realizou uma Reunião Técnica para apresenta- ção do CAR (Cadastro Ambiental Ru- ral). A palestra foi proferida pelo en- genheiro agrônomo Fábio Soldera, do Departamento Ambiental da Canaoes- te. A reunião aconteceu no dia 25 de novembro no escritório da Canaoeste em Bebedouro, onde os associados tiveram a oportunidade de esclarecer dúvidas sobre o assunto. Notícias Canaoeste Reunião Técnica em Pontal-SP Reunião Técnica em Bebedouro-SP gem marrom. Portanto, é oportuno dis- cutir sobre estes assuntos. Na ocasião, muito se falou sobre o bicudo da cana- -de-açúcar, o Sphenophurus levis, que é uma das pragas mais temidas e que causa grandes prejuízos ao canavial. RC
  • 29. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 29 Presidente da Canaoeste recebe Prêmio Visão Agro Brasil 2014 Manoel Ortolan recebe o prêmio das mõas do idealizador do evento, Alex Ramos A 12ª Edição do Prêmio Visão Agro Brasil 2014 aconteceu na noite de 18 de novembro, no Espaço Golf, em Ribeirão Preto - SP e reuniu cerca de 300 profissionais do setor sucroenergético. O prêmio é concedido às personalidades, aos me- lhores gerentes, às empresas nas áreas administrativa, agrícolas e industriais e serviços, às melhores usinas e entidades que fizeram a diferença e desenvolve- ram seus negócios com excelência e em prol da indústria canavieira. O evento, que é realizado pela AR Empreendimentos e Revista Visão da Agroindústria, já homenageou mais de 800 empresas e entregou mais de 1500 troféus nas 12 edições realizadas. Dividida em áreas e categorias, como “Homens de Visão”, “Personalidades em Destaque”, “Melhores gestores de Usinas”, “Melhores empresas que atu- am nas áreas: Agrícola, Administrativa, Industrial” e as “Melhores Usinas”, a premiação conta com apoio da ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Pau- lo), APLA (Arranjo Produtivo Local do Álcool), SIMESP (Sindicato das Indús- trias Metalúrgicas, Mecânicas, de Mate- rial Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas e Fundições de Piracicaba, Saltinho e Rio das Pedras), CEISE Br (Centro Nacio- nal das Indústrias do Setor Sucroener- gético e Biocombustíveis), Gegis (Gru- po de Estudos em Gestão Industrial do Setor Sucroalcooleiro) e Coplana. Manoel Ortolan, presidente da Ca- naoeste e Orplana, foi um dos laurea- dos na ocasião, recebendo o Prêmio Visão Agro Brasil 2014, na categoria “Homens de Visão”. Representando a Sicoob Cocred, Ortolan também rece- beu a premiação na categoria “Seguro do Agronegócio”. “Hoje, me orgulha Este ano, premiação homenageou 90 pessoas, empresas e entidades da agroindústria canavieira Andréia Vital muito em participar tanto da Canaoeste quanto da Copercana e da Sicoob Co- cred. Como também da Orplana, que congrega 33 associações, entre os Esta- dos de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. O meu trabalho é sem- pre em defesa dos produtores de cana. Então, ter um reconhecimento pelo o que estamos fazendo, sem dúvida nos anima a continuar nos esforçando cada vez mais. Não por conta disso, mas pelo trabalho que é reconhecido”, afirmou Ortolan, que estava acompanhado pela esposa Sandra e por Ricardo Meloni, gerente comercial da Copercana e Pau- lo César Canesin, diretor da Canaoeste, e suas respectivas esposas. Neste ano, os troféus foram entre- gues, por lideranças do setor, como Mônica Bergamaschi, secretária da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo; Murilo Zauith, prefeito de Dourados/MS; José Vicente Caixeta Filho, diretor da ESALQ; André Rocha, presidente dos Sindicatos da Indústria de Fabricação de Açúcar e de Etanol do Estado de Goiás (Sifaeg/Sifaçúcar) e do presidente do Fórum Nacional Sucroe- nergético; Plínio Nastari, presidente da DATAGRO; Antonio Eduardo Tonielo Filho, presidente do CEISE Br; Alexan- dre Andrade Lima, presidente da UNI- DA (União Nordestina dos Produtores de Cana-de-Açúcar) e Ismael Perina, presidente da Câmara Setorial da Ca- deia Produtiva do Açúcar e do Álcool, ligada ao Ministério da Agricultura, Pe- cuária e Abastecimento (Mapa). “Sabemos que foi um ano difícil, não foi fácil chegar até aqui e temos que re- conhecer que enquanto alguns choram, outros vendem lenços e enfrentam as dificuldades, têm o faro, estão traba- lhando, buscando superar a crise. Vocês são verdadeiros vendedores de lenços”, disse Alex Ramos, diretor presidente da AR Empreendimentos e idealizador do evento, reforçando que os homena- geados são visionários porque sabem que quando a tempestade passar eles estarão muito a frente de seus concor- rentes, prontos para colher os frutos da bonança. “Para nós é uma honra muito grande estar recebendo e reconhecendo a capacidade de gestão principalmente num setor tão difícil como o setor su- croenergético, mas eu acredito ainda na força do trabalho, acredito na capa- cidade da inteligência do ser humano e acredito na força de vontade de vencer e é por isso que vocês estão aqui, porque vocês fazem a diferença”, assegurou o presidente. O palhaço “Ziriguidum Telecote- co Esquindolelê”, da ONG Operação Conta Gotas, deu seu recado aos parti- cipantes na ocasião, que foi encerrada com um jantar e entrega de brindes. Em 2015, o evento será realizado no dia 17 de novembro. Já a edição Sudeste da premiação acontece no dia 21 de maio e a Centro-Oeste, em 30 de julho. RC
  • 30. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 30 Notícias Sicoob Cocred Balancete Mensal - (prazos segregados) Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados) - Novembro/2014 - “valores em milhares de reais” Sertãozinho/SP, 30 de Novembro de 2014.
  • 31. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 31
  • 32. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 32 Etanol de segunda geração já abastece carros no Brasil E m uma época na qual a crise afu- genta investidores e leva a no- caute empresas do setor sucroe- nergético, a Raízen segue na vanguarda da agroindústria canavieira iniciando a operação de sua primeira unidade de etanol de segunda geração.Aplanta tem capacidade para gerar anualmente 42 milhões de litros de etanol celulósico e demandou investimentos de R$ 237 milhões, sendo que parte dos recursos veio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A nova fábrica de 2G foi construída ao lado da unidade do grupo já dedicada à produção de etanol tradicional (a par- tir do caldo da cana), a Costa Pinto, em Piracicaba – SP, coincidentemente tam- bém a primeira das 24 usinas do Grupo. “A proximidade e a sinergia entre as duas unidades conferem ganhos logísti- cos e de custo, proporcionando eficiên- cia e competitividade a todo o processo Raízen é a primeira empresa a produzir em escala o biocombustível a partir do bagaço da cana-de-açúcar e a disponibilizar o produto em posto no interior de São Paulo Andréia Vital Reportagem de Capa produtivo”, afirmou Pedro Mizutani, vi- ce-presidente de Etanol, Açúcar e Bioe- nergia da Raízen, durante coletiva de im- prensa realizada no dia 17 de dezembro, na nova unidade. Na ocasião, Mizutani explicou que foi necessário buscar co- nhecimento fora do País, já que, a tecno- logia para a produção do biocombustível a partir do bagaço da cana-de-açúcar precisava ser desenvolvida. “Desde 2012, o grupo em parceria com a Iogen Corporation, empresa ca- nadense de biotecnologia, mantém uma planta teste de etanol celulósico no Ca- nadá, com o objetivo de adquirir a ex- pertise necessária para implementar a primeira unidade comercial da Raízen, no Brasil”, contextualizou o executivo, contando que os testes incluíram o en- vio de mais de 1000 toneladas de ba- gaço de cana-de-açúcar para o Canadá para o aprimoramento das técnicas de produção de etanol celulósico. Durante o encontro com a im- prensa, João Alberto Abreu, diretor agroindustrial e Rodrigo Pacheco, diretor de Projeto, do Grupo Raízen, explanaram sobre a implantação da nova planta de etanol 2G da empresa. A unidade, que começou a ser cons- truída em outubro de 2013 e a operar em novembro de 2014, é a primeira a Pedro Mizutani, vice-presidente de Etanol, Açúcar e Bioenergia da Raízen
  • 33. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 33 produzir em escala o biocombustível a partir do bagaço da cana. “As palhas e folhas podem ser a principal matéria-prima do 2G se supe- rarem os desafios da logística”, apontou Abreu, afirmando que como o processo de mecanização vem aumentando mui- to, tendo atingido em média 85% da colheita, há muita matéria no campo. “Não queimar a cana significa 45 mi- lhões extras de biomassa disponíveis no setor e podemos escolher entre trazer a biomassa com a cana e ou usar o sistema de coleta de fardo”, explicou o diretor, contando que a empresa também vem desenvolvendo tecnologia neste senti- do, buscando custos diferentes. “Mas o objetivo é dominar esta logística para conseguir trazer essa matéria-prima da melhor maneira possível, para as nossas unidades”. Outro ponto fundamental destacado pelo executivo é a questão da sustenta- bilidade. “Na produção de 2G a emis- são de CO2 é 15 vezes menor do que a pegada de carbono da produção da primeira geração, que já é baixa”, dis- se. “É sair de 1,5 milhão de toneladas de CO2 para 100 mil toneladas de CO2 . Então este é um elemento fundamental dentro da nossa estratégia, de estar de- senvolvendo produtos totalmente rela- cionados ao nosso elemento sustentabi- lidade”, afirmou. Abreu também informou que faz par- te do plano de longo prazo da empresa chegar a produzir 1 bilhão de litros de etanol 2G até 2024, ou seja, 50% a mais do que produz hoje, que são os 2 bilhões de litros de etanol de primeira geração. Para isso, serão construídas outras sete plantas, sendo que algumas terão capa- cidade de produzir 130 milhões de eta- nol por ano e deverão ser integradas às já unidades existentes do Grupo. “Para chegar a um bilhão de litros será preci- so investir em torno de R$ 2,5 bilhões, e isso acontecerá depois que algumas etapas forem cumpridas, como atingir a capacidade total da primeira planta”, concluiu o diretor, avisando que a data João Alberto Abreu, diretor agroindustrial Rodrigo Pacheco, diretor de projetos
  • 34. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 34 de início da construção da próxima fá- brica no plano da empresa está acertada para junho de 2016. “É claro que este prazo está condicionado a cumprir to- das as etapas do nosso projeto”. Segundo o diretor de projetos do Grupo, Rodrigo Pacheco, a primeira planta tem 10 mil m² de área constru- ída e mais 30 mil m² para estoque de bagaço, com mais de 700 toneladas de estruturas metálicas e 300 toneladas de tubulação. Nos 14 meses de obra foram gerados cerca de 200 empre- gos temporários, sendo que em alguns períodos de pico, chegou a 500. “A planta é muito automatizada, tem mais controles e mais pontos de automação do que a usina de Jataí, que é a planta mais nova da Raízen, portanto, somen- te 33 funcionários trabalham no local”, contou o diretor. Pacheco disse ainda que 30% dos equipamentos foram im- portados, pois não existiam no Brasil, mas a ideia é que sejam fabricados em terras brasileiras para atender às próxi- mas plantas. Tecnologia própria De acordo com Antonio Alberto Stuchi, diretor executivo de produção do Grupo Raízen, embora a fábrica es- teja acertada para usar o bagaço, a tec- nologia também pode ser usada com a palha. “Essa fábrica funcionará como um grande piloto para a incluirmos outras matérias-primas”, disse Stuchi, explicando que cerca de 60% a 70% do poder calorífico do bagaço voltam via lignina - uma substância três vezes mais energética que o bagaço da cana e obtida no processo de produção do 2G - para a caldeira para a produção de eletricidade. Na produção de segunda geração os resíduos (matéria-prima) passam por um pré-tratamento, no qual as fibras do bagaço são desestruturadas e de- pois transformadas em açúcares solú- veis por meio de um processo chama- do “hidrólise enzimática”. A empresa dinamarquesa Novozymes fornece a tecnologia de enzimas específica para a produção do etanol de segunda ge- ração nessa etapa. Na fase seguinte, a fermentação converte o açúcar em etanol, que é purificado na destilação e enviado para a comercialização. A composição do produto final é idênti- ca a do etanol convencional, explica Stuchi, informando que o tempo en- tre a entrada do bagaço na planta e a produção do etanol celulósico é de cerca de cinco dias - ante oito horas do processo do etanol convencional. Nesta primeira etapa, a planta fará produção por fermentação da glicose (C6), e, a partir do ano que vem, dará novo passo com o desenvolvimento da fermentação da parte de C5 (açú- cares provenientes da xilose) através de uma levedura geneticamente modi- ficada. A empresa parceira para o for- necimento desse material modificado não foi divulgada. Antonio Alberto Stuchi, diretor executivo de produção Etanol 2G nos postos Para testar o processo como um todo, a produção, a logística, a comercializa- ção e também a percepção do consu- midor com relação a um produto muito mais sustentável, a empresa disponibili- zou 200 mil litros do combustível para o Posto GT Shopping, da rede Shell, localizado na Avenida Limeira, 950, em Piracicaba-SP. O novo biocombustível, igual ao fornecido até então, será ofere- cido aos consumidores sem diferencia- ção de preço. “O objetivo de vender du- rante 30 dias é de fato testar a percepção do consumidor, mas o nosso objetivo não é fazer hidratado, e sim usar o etanol de segunda geração para fazer anidro, e isso significa fazer o blend gasolina ou exportar”, explicou Abreu. Segundo Augusto César Mafia, pro- prietário do estabelecimento, os clientes estão curiosos e também gostando da no- vidade. “É uma honra ser pioneiro neste projeto da Raízen, pois a gente entende que é um produto com uma sustentabili- dade importante e sempre buscamos este tipo de comportamento no mercado, então, esperamos que o consumidor compre essa causa com a gente”, disse o executivo, que é dono de mais dois postos na cidade. O novo combustível da Raízen deve- rá chegar aos postos de todo o Brasil a partir de 2015. Pedro Mizutani ao lado do proprietário do posto de combustíveis, Augusto César Mafia
  • 35. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 35 Reportagem de Capa Novos investimentos já foram con- firmados para a produção de com- bustível a partir do bagaço e palha da cana-de-açúcar. Recentemente, o BN- DES (Banco Nacional de Desenvolvi- mento Econômico e Social) divulgou a aprovação de financiamentos via li- nhas Inova Sustentabilidade e PAISS Agrícola no valor de R$ 592,1 milhões para projetos do setor sucroenergético. Entre eles, tem destaque o projeto para implantação de uma planta de etanol de segunda geração da Abengoa Bioe- nergia Agroindústria. A multinacional receberá créditos de R$ 309,6 milhões para construir a nova unidade, que será integrada à Usina São Luiz, em Piras- sununga- SP, e terá capacidade de 64 milhões de litros por safra. Com a nova planta, o Brasil passará a ter quatro unidades produtoras de etanol A Raízen surgiu em 2011 como uma das maiores empresas do País, através da joint venture da Cosan e da Shell. Com pais gigantes e conhecidos pelo DNA focado em expansão, a nova em- presa precisava ter um nome forte, que representasse suas origens. Assim nasceu a palavra Raízen, que significa a união entre as palavras raiz e energia, e a cor roxa da marca remete à aparência da cana-de-açúcar madura. Mas o nome já embalava uma banda paranaense de reggae, que chegou a ser um dos destaques do concurso “Olha Minha Banda”, do Caldeirão do Huck, da Rede Globo. A solução foi adquirir o nome da banda pelo valor de R$ 10 mil, confor- me declarou o vice-presidente da em- presa, Pedro Mizutani em evento rea- lizado recentemente, em Piracicaba-SP. Atualmente, em suas 24 unidades produtoras, a Raízen, que tem quase um milhão de hectares de área cul- tivada, produz cerca de 2 bilhões de litros de etanol por ano, 4,5 milhões de toneladas de açúcar e gera mais de 900 MW de energia elétrica a partir do bagaço da cana-de-açúcar. A empresa fatura quase R$ 60 bilhões e tem cerca de 40 mil funcionários. Raízen: nome que nasceu da junção entre as palavras raiz e energia Segunda geração chegou para ficar celulósico. São elas: a da Raízen, em Pi- racicaba-SP, a da GranBio, em São Miguel dos Campos, Alagoas, a unidade do CTC (Centro deTecnologia Canavieira) em par- ceria com Usina São Manoel, localizada São Manoel – SP, além daAbengoa. A capacidade instalada de produção de etanol 2G no Brasil atingirá quase 200 milhões de litros por safra com o novo investimento, segundo cálculos do BNDES. Além do Brasil, os Estados Unidos e a Itália já produzem o etanol 2G a par- tir de outras biomassas, como palha de milho, de arroz ou de lascas de madeira. A China também entrou nesta onda, e está construindo a maior fábrica desde tipo de combustível, com capacidade de produzir cerca de 235 milhões de litros de etanol celulósico por ano. RC
  • 36. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 36 Destaque I Fórum discute benefícios da certificação para produtores de cana O aumento da produtividade da cana-de-açúcar, que reduz cus- tos e ajuda a impulsionar o setor sucroenergético rumo à tão desejada re- tomada econômica, passa, atualmente, por algumas etapas consideradas fun- damentais. Uma delas é a necessidade de certificar fornecedores e usinas, para atender às demandas socioambientais – que têm, na sustentabilidade, uma pala- vra de ordem – e, com isso, reposicio- nar estrategicamente os produtos que saem das usinas. Os passos para promover esse avan- ço foram discutidos no fórum “Certifi- cação como ferramenta de produtivida- de”, realizado no dia 12 de dezembro no auditório da Canaoeste, em Sertão- zinho-SP. Os destaques do debate, que durou mais de duas horas, foram as exi- gências dos órgãos certificadores inter- nacionais e as recomendações para ini- ciar a implantação de projetos voltados à cultura da cana. O evento, organizado pelo Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresa) e pela Faesp (Fede- ração da Agricultura do Estado de São Paulo), foi aberto pelo presidente da Copercana, da Sicoob Cocred e do Sin- dicato Rural de Sertãozinho, Antonio Eduardo Tonielo. Ele afirmou que é im- portante, para manter a competitividade, que os produtores tenham seus canaviais Apresentado durante o evento, o programa “Do Campo ao Consumidor” irá capacitar 20 mil produtores de dez cadeias produtivas, entre elas a cana-de-açúcar Igor Savenhago certificados. Lembrou de trabalhos que estão sendo desenvolvidos com outros produtos, como o amendoim destinado ao mercado externo, e fechou o discurso dizendo que espera ver os benefícios es- tendidos à cadeia canavieira. O gerente regional do Sebrae-SP em Ribeirão Preto, Rodrigo Mattos do Car- mo, o segundo a falar, destacou que um dos objetivos, ao discutir o assunto, é plantar “uma semente da certificação” junto aos agricultores e que ela germine por meio da definição de um plano de ação imediato para a cana-de-açúcar. O fórum teve cerca de 50 participan- tes, entre associados e gestores do Siste- ma Copercana, Canaoeste e Sicoob Co- cred. Para incentivar os produtores rurais a buscar a certificação como forma de se manter na atividade e vender com ren- tabilidade melhor, Fernanda Bueno, co- ordenadora da Faesp, detalhou as ações do programa “Do Campo ao Consumi- dor”, parceria do Sebrae-SP com a Faesp que visa capacitar, através de 180 fóruns semelhantes, 20 mil produtores rurais de dez cadeias produtivas no Estado. O trabalho, que irá contemplar a cana-de- -açúcar, conta com apoio dos Sindicatos Rurais e do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), que, em 2015, irá oferecer cursos de comercialização. Os resultados que podem ser obtidos com a busca pela certificação agrícola foram apresentados pelo palestrante Acácio Masson Filho, presidente da As- sobari (Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Bariri-SP), uma das pioneiras no mundo na elaboração de práticas de certificação e que, atual- mente, compõe o quadro de membros da Bonsucro, uma das maiores certifi- cadoras internacionais. Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana, da Sicoob Cocred e do Sindicato Rural de Sertãozinho-SP Rodrigo Mattos do Carmo, gerente regional do Sebrae-SP em Ribeirão Preto-SP Fernanda Bueno, coordenadora da Faesp
  • 37. Revista Canavieiros - Dezembro de 2014 37 Pioneirismo A Assobari foi fundada em 2005 e tem 278 associados, sendo 85% de pro- dutores familiares. Abrange uma área de 13 mil hectares de cana-de-açúcar em oito municípios paulistas – Bariri e sete no entorno. A região está rodeada por cinco usinas. Em 2007, a associação começou a desenvolver, com auxílio do Sebrae- -SP e da OIA Brasil (Organização Internacional Agropecuária), um pro- tocolo para certificar as lavouras da região atendida. Após três anos de adequações e revisões, 36 produtores foram certificados na primeira fase do projeto, que durou mais um ano e meio. Como os resultados apareceram, outros 38 aderiram. Agora, 140 novos integram a terceira etapa. A meta é que 100% das propriedades se tornem adeptas. A iniciativa fez tanto sucesso que o projeto-piloto de certificação proposto pela Bonsucro para Bariri foi desenvolvido conjuntamente com o protocolo da Assobari. Masson apontou, durante a pales- tra, que, além de possibilitar economia de recursos aos pequenos produtores e permitir que o número de toneladas em áreas certificadas crescesse 7,5%, os preços pagos pela cana subiram pelo menos 3%, através de uma parceria com a Usina Della Colleta, que fica em Bariri e que também apoiou o proces- so de certificação, desde o início. “Este trabalho fortalece os produtores e sua relação com as usinas, além de diferen- ciar o produto, mostrando que ele aten- de às exigências socioambientais”. Ele alertou que, a partir de 2017, grandes clientes do setor sucroenergé- tico, como Coca-Cola, Nestlé e Kibon, só comprarão açúcar proveniente de produtores e usinas certificadas. Diante disso, de acordo com Masson, as asso- ciações devem se apressar para implan- tar um modelo de protocolo. “É preciso perceber a grande força da certificação. Sem ela, o mercado para os produtos derivados da cana ficará limitado”. Os produtores interessados em cer- tificar a lavoura são submetidos a um sistema de reconhecimento, que avalia a área de produção e faz as alterações necessárias. Isso leva de 18 a 24 me- ses. Entre as mudanças na propriedade, estão a implantação de um plano de adubação, regulagem de equipamen- tos, capacitação da mão de obra – para que todas as normas trabalhistas e de segurança sejam seguidas –, e elimi- nação da queima. O acompanhamento técnico deve ser abrangente, em toda a propriedade e não apenas no canavial, e qualquer intervenção da plantação pre- cisa ser documentada. “Dessa forma, o produtor não é mais visto como um pequeno lavrador, mas como pequeno empresário”, concluiu Masson. Acácio Masson Filho, presidente da Assobari RC