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Revista Canavieiros - Outubro de 2007
Revista Canavieiros - Outubro de 2007
Editorial

O produtor e a
mecanização

A

colheita mecanizada da canade-açúcar já é uma realidade.
Várias Usinas já aderiram ao Protocolo
Agroambiental que prevê, entre outras
medidas, a antecipação do prazo final
para a eliminação da queima nos terrenos com declividade até 12% de 2021
para 2014, adiantando o percentual de
cana não queimada, em 2010, de 30%
para 70%. Para as áreas com declividade maior, o prazo anterior, de 2031, foi
reduzido para 2017 e daqui a três anos,
30% da colheita têm de ser feita mecanicamente. Em áreas novas de plantio,
a queima está proibida já a partir do dia
1º de novembro. Devido aos novos prazos, somente nesta safra, mais 70% da
cana plantada na região de Ribeirão
Preto foi cortada mecanicamente.
Essas medidas também têm aquecido o mercado de colheitadeiras de cana.
Os fabricantes já vendem máquinas para
entregar somente na próxima safra. Com
toda essa mudança, é preciso que o produtor independente de cana esteja preparado para a colheita mecanizada. Por
isso, além da reportagem de capa sobre
o aumento da colheita mecanizada, a
Revista Canavieiros traz um artigo técnico de dois pesquisadores do CTC
(Centro de Tecnologia Canavieira) para
tirar todas as dúvidas e desmistificar o
processo de colheita de cana crua.
O entrevistado desta edição é o presidente da Unica (União da Indústria
de Cana-de-Açúcar), Marcos Sawaya
Jank. Segundo ele, agora é o momento
propício para investir em pesquisas e,
principalmente, em sustentabilidade
sócio-ambiental. Jank fala ainda sobre
a baixa nos preços do açúcar e álcool,
da necessidade de unificação da alíquota do ICMS e da implantação de escritórios da Unica nos EUA, Europa e
Ásia. A Revista traz ainda dois artigos
na editoria Ponto de Vista: um deles intitulado "Álcool: potencialidade e ris-

cos" escrito pelo auxiliar de planejamento e controle da Canaoeste, Almir Torcato e outro escrito pelos pesquisadores do PENSA-RP, Marcos Fava Neves
e Marco Antônio Conejero, sobre o
cenário sócio-cultural e seu impacto no
setor canavieiro.
Nas páginas da Copercana, você encontra o balanço da Fenasucro & Agrocana 2007 e tudo que aconteceu no estande do sistema Copercana, Canaoeste
e Cocred durante a Agrocana. O gerente
de comercialização de implementos e calcário da Uname fala da implantação do
poço artesiano na Unidade de Grãos e
sobre a contratação de uma empresa para
manter a qualidade da água usada na
Unidade. Nas notícias Canaoeste, o associado confere o calendário do novo
ciclo de Reuniões Técnicas da Canaoeste e o encontro do presidente da associação, Manoel Ortolan, com comitivas de
estrangeiros, interessados na produção
de cana-de-açúcar. Por fim, na editoria da
Cocred, o leitor conhece a agência Cocred de Pontal e o balanço do Cocred em
Ação, também realizado em Pontal, no
dia sete de outubro.
O destaque deste mês fica o IX Fórum Internacional Sobre o Futuro do
Álcool, que aconteceu em Sertãozinho,
no primeiro dia da Fenasucro & Agrocana. O engenheiro agrônomo da filial
da Canaoeste de Pitangueiras fala, em
seu artigo, sobre uma praga que assusta produtores da região: os Migdolus.
Já Leandro Rossini, também engenheiro agrônomo, tira as principais dúvidas
sobre o controle biológico da cigarrinha-da-raíz. Além disso, a Revista traz
o artigo jurídico do Dr. Juliano Bortoloti e os prognósticos climáticos do Dr.
Oswaldo Alonso. E mais: dicas de português, indicação de livros, agenda de
eventos, repercutiu e classificados.
Boa Leitura!
Conselho Editorial
Revista Canavieiros Outubro de 2007
Revista Canavieiros -- Outubro de 2007

03
Indice

EXPEDIENTE

Capa

CONSELHO EDITORIAL:
Antonio Eduardo Tonielo
Augusto César Strini Paixão
Clóvis Aparecido Vanzella
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan
Manoel Sérgio Sicchieri
Oscar Bisson

Mecanização do corte:
O produtor precisa estar
preparado
Com a antecipação do prazo
para o fim da queima, os
fornecedores de cana precisam
estar organizados para preparar
o canavial e analisar a
aquisição de equipamentos

Pag.
Pag.

OUTRAS

DESTA
DESTA QUES

CONSECANA

Entrevista

Pag.

14

Marcos Sawaya
Jank

DESTAQUE

Presidente da Unica
(União da Indústria de
Cana-de-açúcar)
Pag.
Pag.

05

Ponto de vista
Almir A. Torcato

Álcool: potencialidade e
riscos

INFORMAÇÕES
Pag.
SETORIAIS
26
PRAGAS E DOENÇAS
3 1 CIGARRINHA
LEGISLAÇÃO
Pag.

34

Pag.

REPERCUTIU

11

14
Canaoeste
Canaoeste recebe produtores de cana
da Bolívia e da Angola
Pag.

CULTURA
Pag.

36

AGENDE-SE
Pag.

37

COLABORAÇÃO:
Marcelo Massensini
COMERCIAL E PUBLICIDADE:
Artur Teixeira: (16) 3946-3311
revistacanavieiros@copercana.com.br

TIRAGEM:
8.500 exemplares

A Revista Canavieiros é distribuída
gratuitamente aos cooperados, associados
e fornecedores do Sistema Copercana,
Canaoeste e Cocred. As matérias assinadas são de responsabilidade dos autores.
A reprodução parcial desta revista é
autorizada, desde que citada a fonte.

38

Pragas e Doenças

Revista Canavieiros - Outubro de 2007

IMPRESSÃO:
São Francisco Gráfica e Editora

CLASSIFICADOS
Pag.

Pag.

Migdolus! Uma realidade na região
de Pitangueiras/SP

DEPARTAMENTO DE MARKETING
E COMUNICAÇÃO:
Ana Carolina Paro, Artur Teixeira, Carla
Rossini, Daniel Pelanda, Giselle Mariano,
Letícia Pignata, Marcelo Massensini,
Rafael Mermejo, Roberta Faria da Silva,
Talita Carilli.

ISSN:
1982-1530

16
Cocred
Cocred em Ação faz sucesso em Pontal
Agência Pontal: excelência em atendimento

04

FOTOS:
Carla Rossini
Marcelo Massensini

35

08
08

Copercana
Fenasucro & Agrocana 2007:
Copercana recebe clientes e
cooperados durante Agrocana

Notícias

24

Pag.

Pag.
Pag.

Notícias

Pag.

PROJETO GRÁFICO E
DIAGRAMAÇÃO:
Rafael H. Mermejo

Pag.

Planejamento e Controle Canaoeste
Formando em Comércio Exterior Centro Univ. Barão de Mauá

Notícias

20

EQUIPE DE JORNALISMO:
Carla Rossini – MTb 39.788
Cristiane Barão – MTb 31.814

28

Pag.
Pag.

ENDEREÇO DA REDAÇÃO:
Rua Dr. Pio Dufles, 532
Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-680
Fone: (16) 3946 3311
Entrevista

Marcos Sawaya Jank
Presidente da Unica - União da Indústria de Cana-de-açúcar
Perfil:
Marcos Sawaya Jank, 44, presidente
da Unica - União da Indústria de
Cana-de-Açúcar; graduado em Engenharia Agronômica e livre docente pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz da Universidade de São Paulo (ESALQ-USP).
Ex-Presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), é mestre em Política Agrícola pelo IAM Montpellier
(França) e doutor pela Faculdade de
Economia, Administração e Contabilidade da USP. De 2001 a 2002, trabalhou no Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), em Washington DC e atuou como professor visitante nas universidades de
Georgetown, Missouri-Columbia,
Quebec-Montreal, Calgary, Western
Ontario e York.

O momento é de investir em
pesquisas e sustentabilidade
socio-ambiental
Carla Rossini

A

afirmação é do presidente
da Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar), Marcos Sawaya Jank que concedeu entrevista
por e-mail a redação da Revista Canavieiros.
Marcos falou sobre o momento
histórico de preços muito baixos de
açúcar e álcool que o setor sucroalcooleiro está atravessando, causado por um desequilíbrio entre a oferta e demanda dos produtos. Apesar
disso, ele acredita na importância

dos biocombustíveis na matriz energética do planeta, o que coloca o
Brasil em evidência.
O executivo aponta como possível solução para os preços baixos
o estimulo ao crescimento do mercado interno e a abertura de novos
mercados. No caso do mercado interno, pela primeira vez está sendo
realizada uma campanha de comunicação em todo o país para incentivar o uso de álcool nos carros flex.
Ele afirma que é preciso "unificar

a alíquota do ICMS em todo o território nacional, estabelecendo um
tratamento para os combustíveis renováveis semelhante ao hoje conferido ao óleo diesel e ao gás natural veicular".
Para aumentar a demanda internacional de álcool, a UNICA estará
implantando nos próximos seis meses uma estrutura de três escritórios
no exterior, localizados nos EUA,
Europa e Ásia. Confira a íntegra da
entrevista.
Revista Canavieiros - Outubro de 2007

05
Entrevista
Revista Canavieiros: Como o seRevista Canavieiros: Há perspecRevista Canavieiros: Com o aunhor vê o momento pelo qual está pas- tivas de mudanças na produção de mento na oferta, como as usinas essando o setor sucroalcooleiro?
álcool, uma vez que a atual produ- tão se organizando para a estocagem
Marcos Jank: A curto prazo temos ção é maior do que a demanda? de etanol?
um desequilíbrio de oferta e demanda, Como solucionar esse problema?
Marcos Jank: O setor tem capacié um momento histórico de preços
Marcos Jank: Na safra passada a dade de armazenar 70% da produção
muito baixos de açúcar e álcool. Porém produção total somou 17,7 bilhões de anual, por isso mesmo com o aumento
de uma forma mais ampla este é um mo- litros, a demanda interna atingiu 14 bi- na oferta, não há problema de armazemento muito especial para o setor, que lhões de litros e as exportações soma- nagem.
está em evidência pela importância dos ram 3,6 bilhões de litros do combustível.
biocombustíveis na matriz energética Para solucionar esse problema, precisaRevista Canavieiros: Os EUA endo planeta, contribuindo para a redu- mos estimular o crescimento do merca- frentam, como o Brasil, problemas
ção do aquecimento global. Esta bus- do interno e abrir novos mercados. No com o “boom” do etanol e queda nos
ca mundial por combustípreços devido ao aumenveis renováveis, que irá
"Acredito que o Brasil tem todas as condições de to na produção. Há riscos
expandir-se pela pressão
de crise, como a que aconocupar um papel de liderança no crescimento da
dos consumidores e dos
teceu no Brasil em 99?
agroenergia no mundo, seja pela nossa vasta
governos, representa uma
Marcos Jank: Não. O
grande oportunidade para disponibilidade de recursos naturais (terra, água,
mercado tem capacidade
o setor, não só de exporpara consumir toda a oferclima), seja pelo amplo domínio tecnológico
tação de etanol mas da
ta. Precisamos continuar o
sobre a cana-de-açúcar, a melhor planta para se
tecnologia que desenvoldiálogo com o governo para
produzir açúcar, etanol e eletricidade de forma
vemos nos últimos 30
buscar a isonomia do ICMS
competitiva e sustentável".
anos. É um momento tame estimular a demanda.
bém de investimentos em
pesquisas e sustentabilidade socio- caso do mercado interno, pela primeira
Revista Canavieiros: Como os proambiental, com a crescente mecaniza- vez lançamos uma campanha de comu- dutores de cana podem conciliar proção e o uso da bioeletricidade, utili- nicação em todo o país para incentivar o dução x meio-ambiente?
zando a biomassa disponível na pró- uso de álcool nos carros flex. Porém preMarcos Jank: O Brasil tem uma
pria usina. Acredito que o Brasil tem cisamos também unificar a alíquota do grande fração do território em conditodas as condições de ocupar um pa- ICMS em todo o território nacional, es- ções de sustentar economicamente a
pel de liderança no crescimento da tabelecendo um tratamento para os com- produção agrícola, mantendo ainda
agroenergia no mundo, seja pela nos- bustíveis renováveis semelhante ao hoje grandes áreas de florestas com difesa vasta disponibilidade de recursos conferido ao óleo diesel e ao gás natural rentes biomas. A UNICA incentiva a
naturais (terra, água, clima), seja pelo veicular. Para aumentar a demanda inter- adesão das unidades produtivas ao
amplo domínio tecnológico sobre a nacional de álcool a Unica estará implan- Protocolo Agroambiental do Setor Sucana-de-açúcar, a melhor planta para tando nos próximos seis meses uma es- croalcooleiro, assinado com o Goverse produzir açúcar, etanol e eletricida- trutura de três escritórios no exterior, lo- no do Estado de São Paulo, que antede de forma competitiva e sustentável. calizados nos EUA, Europa e Ásia.
cipa o fim da queima da cana de 2021
para 2014 nas áreas mecanizáveis e de
2031 para 2017 em áreas não-mecanizáveis. Já temos cerca de 60 usinas que
aderiram ao protocolo. Uma das diretivas técnicas do protocolo é a proteção das áreas de matas ciliares nas propriedades com cana-de-açúcar. Além
disso, outra diretiva do protocolo prevê a recuperação da vegetação de matas ciliares exclusivamente ao redor
das nascentes, na proporção de 10%
ao ano. A Unica tem como preocupação a sustentabilidade tanto nas questões ambientais como sociais. Por essa
razão, vamos iniciar um programa de
requalificação de mão-de-obra no setor para funções como tratorista, caldeireiro, visando aproveitar parte da
mão-de-obra que estará disponível
06

Revista Canavieiros - Outubro de 2007
após a mecanização. Teremos 50 mil
novos empregos no plantio/colheita e
20 mil novos empregos na indústria sucroalcooleira em 2020.
Revista Canavieiros: A UNICA divulgou recentemente que vai expandir sua área de atuação. Qual é o objetivo dessa expansão e como esse
processo deve acontecer?
Marcos Jank: A UNICA estará implantando nos próximos seis meses
uma estrutura de três escritórios no exterior, onde teremos pessoas locais
para defender a indústria da cana, combatendo mitos e esclarecendo dúvidas
na Europa, EUA e Ásia, estaremos presentes nos debates junto a governos,
ONGs, setor privado e mídia. O objetivo é promover e melhorar a imagem do
etanol e do Setor Sucroalcooleiro brasileiro no mundo para abrir novos mercados. A UNICA já conta com um representante em Washington, Joel
Velasco, pretende ter o representante
em Bruxelas até o final do ano e na Ásia
no início de 2008.

08

Marcos Jank (presidente Unica) e Manoel
Ortolan (presidente Canaoeste) durante o
IX Fórum Internacional sobre o Futuro do Álcool

Revista Canavieiros: Quais são os
cenários futuros para a exportação
do açúcar e álcool brasileiros?
Marcos Jank: Acreditamos que o
Brasil continuará exportando muito
açúcar, mas, desta vez, dividindo a liderança com a Índia. Já o álcool deve
ganhar mais espaço no exterior – principalmente Estados Unidos, Europa,
Japão e China - como fruto da pressão
dos consumidores e dos governos por

combustíveis renováveis.
Revista Canavieiros: Como o senhor
vê a parceria entre os produtores independentes de cana e os usineiros?
Marcos Jank: Acredito que essas
parcerias trazem resultados para os
dois lados, já que o produtor independente recebe mais pelas terras e os
empresários do setor ganham mais alternativas de fornecimento.

Revista Canavieiros - Outubro de 2007

07
Ponto de Vista

Álcool:

potencialidade e riscos
Almir A. Torcato
Planejamento e Controle Canaoeste
Formando em Comércio Exterior - Centro Univ. Barão de Mauá

N

o atual quadro de globalização, o Brasil hoje dispõe de um "combustível
verde", renovável, de menor impacto em relação ao efeito estufa, tornando-se assim, um poderoso instrumento de preservação ambiental. Por esses motivos o país tem recebido atenção internacional nos últimos anos, já que além da
redução da oferta de petróleo no mundo, a utilização do combustível ser menos
poluente.
Toda a história começa com o Programa Nacional do Álcool - PROÁLCOOL,
hoje com mais de 30 anos, buscando reduzir a dependência do petróleo, face aos
altos preços, foi uma tentativa para melhorar a economia nacional, que passava
por grandes dificuldades na época. Mesmo com crítica situação econômica, o
PROÁLCOOL não surtiu o efeito esperado, mas trouxe um forte crescimento da
indústria nacional sucroalcooleira. A crescente redução da oferta de petróleo,
inclusive intensificada pelos acordos ambientais, propicia ao álcool a transformar-se em uma commodity energética.
O Brasil conta hoje com o bioetanol mais barato do mundo, se comparado aos
outros biocombustíveis, onde a produção de um litro de álcool proveniente de cana-de-açúcar é mais barata que os
provenientes de outras matérias primas, além de reunir condições de solo e clima inigualáveis. Maiores são os custos
de produção do bioetanol nos Estados Unidos, no Canadá, na Polônia e na União Européia segundo dados da OECD
- Orgazination for Economic Co-operation Development, que pode ser acessada pelo site: www.oecd.org.

* Valores considerados sem subsídios estadual e federal.

Todavia dispomos de um bom
produto para ofertar aos demais países, que, se pretenderem usar combustível limpo, a indústria brasileira
é uma das que deterá as melhores
condições para fornecimento em
maior escala. O ideal seria, realmente, transformar o etanol em uma commodity energética internacional, tal
como o petróleo, que para tanto, é
necessário incentivar outros países
a tornarem-se produtores deste biocombustível, porém, com especificações técnicas e certificações para o
produto.
Espera-se que mesmo incentivando outros participantes, o Bra08

Revista Canavieiros - Outubro de 2007

sil tem a ganhar com o aumento do
mercado externo, vendendo conhecimento e tecnologia, que foram
conquistados durante todo esse
tempo. As promessas brasileiras
sobre o combustível limpo, renovável, são consistentes, mas estamos
um tanto distantes de tornar o Brasil um pólo de exportação do etanol.
Em primeiro lugar, ainda não contamos com excedentes significativos para exportar. Quase toda a produção é para consumo interno. Atualmente, tal qual os EUA, o Brasil é
o um dos países a utilizar o etanol
em larga escala, diferentemente dos
demais. A exportação de álcool com-

bustível é pequena e, o mercado
mais expressivo são os Estados
Unidos e o Japão.
Essas duas tabelas mostram significativo acréscimo nas importações
de álcool brasileiro pelos Estados
Unidos, que em 2006 cresceu quase
Ponto de Vista
sete vezes em relação a
2005. E que provavelmente, motivos não faltarão para manter esses
patamares, uma vez que
os EUA busca uma redução de consumo e da dependência de petróleo
mundial.
A produção mundial
de álcool está hoje concentrada nas Américas,
segundo trabalho feito
pela UNICA, oferece cerca de três quartos do total anual ofertado. Estados Unidos e Brasil são
os maiores produtores
mundiais e o Brasil, o
maior exportador.
É valido o benefício ao planeta
Terra, com a utilização de biocombustiveis - bioetanol, mas vale lembrar que quando se trata de abastecimento mundial, os países compradores sempre se apoiarão em vários
países fornecedores, pois o consumo projetado é muito alto e será crescente.
Com o aumento de projetos de
novas unidades produtoras, haverá
significativo aumento na produção,
que condiciona a busca de novos
mercados de etanol.
As dificuldades de logística para
a exportação do álcool ainda são
grandes, este é o conhecido custo

Fonte: UNICA

Brasil, que embora compensado
pelo baixo custo na produção reduz
a competitividade do nosso país.
Com o aumento de unidades industriais, as atenções estarão voltadas

ao Brasil, criando projetos que viabilizem ou minimizem as dificuldades
de escoamento do álcool, como alcooldutos, utilização de ferrovias e
adequação dos portos.

Resumindo: O Brasil, em termos de produção, está preparado
para aumentar sua participação no mercado externo como fornecedor de álcool, porém esforços privados e públicos deverão ser voltados para facilitar esse escoamento.
Vários fatores beneficiam os produtores brasileiros em relação
aos outros países, tais como: condições climáticas favoráveis, baixos
preços da terra, elevados investimentos em tecnologia e desenvolvimento de variedades mais produtivas; o segundo fator, é que a existência de terras cultiváveis no Brasil, são suficientes para expandir a
produção de etanol em proporções inimagináveis para os demais
paises; o terceiro importante fator, é que o mercado de etanol brasileiro, não depende de subsídios do governo.

9
Ponto de Vista

O cenário socio-cultural e seu
impacto no setor canavieiro
Marcos Fava Neves*
Marco Antonio Conejero*

N

o terceiro artigo dessa série,
vamos agora focar em alguns
direcionadores sócio-culturais e seu
impacto no setor canavieiro como um
todo. Dentro de um sistema agroindustrial, o elo final e mais importante, aquele que direciona toda a dinâmica evolutiva do processo de produção de alimentos, fibras e bioenergia, é o consumidor final. Assim, na conjuntura atual, as empresas precisam estudar e
acompanhar os hábitos (cultura), tradição, envolvimento e emoção, e confiança do consumidor, aspectos importantes na escolha dos alimentos e biocombustíveis.
Como o consumidor é que tem o
poder de decisão, ele exige maior conveniência e variedade de produtos, responsabilidade social e ambiental das
empresas, modo de produção sustentável, mais segurança do alimento, biogenética, ingredientes funcionais, alimentos mais naturais, certificações e
selos de origem, e comércio justo (fair
trade).
Apesar de tudo, um "apelo" ao
consumidor chama a atenção por envolver um conceito mais amplo. Trata-se de um fenômeno ocorrido nos
últimos dez anos, que foi a transição
do foco apenas no meio ambiente para
um foco mais abrangente, mais subjetivo e mais complicado, do qual o meio
ambiente faz parte, chamado sustentabilidade. Para muitos consumidores,
não basta apenas o produto ser "verde"; o modo de produção deve ser
sustentável.
Este conceito foi "apelidado" de 3Ps
da sustentabilidade: People (pessoas),
Profit (lucro), Planet (planeta): a preocupação que as organizações devem ter
com as pessoas envolvidas direta e indiretamente com o negócio, o lucro que
garante a continuidade do investimento pela atratividade e, finalmente, a pre10

Revista Canavieiros - Outubro de 2007

ocupação com o meio ambiente.
Nessa ótica da sustentabilidade,
vamos a um exemplo concreto. Todos
os agentes, do sistema agroindustrial
da cana, em conjunto com governo e
sociedade, poderiam divulgar a imagem
sustentável do álcool brasileiro perante o mundo. É a afirmação da imagem
do combustível limpo e a valorização
do produto nacional. É preciso veicular as seguintes qualidades do combustível brasileiro: reduz a dependência dos países com relação ao petróleo
importado e escasso; estimula a adoção de tecnologias limpas (carros flex
fuel, gasohol, integração álcool e biodiesel, ampliação de redes de distribuição); garante um sistema de produção
sustentável, com balanço energético
elevado (e reduz emissões de gases de
efeito estufa); permite a co-geração de
energia limpa (com uso do bagaço de
cana); gera créditos de carbono; promove a inclusão de pequenos produtores com remuneração adequada; e
tem capacidade de estabelecer e honrar contratos de longo prazo. Por isso,
apelidamos o etanol brasileiro de "o
combustível da paz".
Por fim, cabe agora refletir sobre

como garantir ao consumidor a veracidade da oferta diferenciada "sustentável" de uma empresa. A operacionalização da padronização se dá através
do desenvolvimento dos sistemas de
certificação. Estes possibilitam que as
empresas monitorem seus processos
produtivos, garantindo o fornecimento de produtos com determinados atributos e, concomitantemente, permitindo que o consumidor tenha condições
de distinguir o produto desejado da
"cópia". Portanto, nenhuma tentativa
de diferenciar o produto por meio do
apelo sócio-ambiental será valida, se a
empresa não cuidar de padronizar a sua
oferta, seguindo os preceitos de um
processo de certificação amplamente
reconhecido.
Marcos Fava Neves é engenheiro agrônomo pela Esalq/USP, mestre e doutor em
Administração de Empresas pela FEAUSP. Pós-graduado em Agribusiness &
Marketing Europeu na França e em canais
de distribuição na Holanda. É coordenador do PENSA/USP (Programa de Estudos
dos Negócios do Sistema Agroindustrial).
Marco Antonio Conejero é mestre em
Administração de Organizações pela
FEARP/ USP; Economista formado pela
FEA/USP em São Paulo. É pesquisador do
PENSA/USP (Programa de Estudos dos
Negócios do Sistema Agroindustrial).
Notícias
Copercana

Fenasucro & Agrocana 2007
Organização prevê faturamento de R$ 1,8 bilhão
Marcelo Massensini

U

m dos assuntos mais comentados em todo o mundo, a cultura de cana-de-açúcar e a produção
de açúcar e álcool atraiu mais de 26
mil pessoas a Sertãozinho, entre os
dias 18 e 21 de setembro. Realizadas
simultaneamente, a Fenasucro e a
Agrocana são as maiores feiras voltadas ao setor sucroalcooleiro e a previsão é de que os negócios iniciados
lá possam ultrapassar R$ 1,8 bilhão
até dezembro.
As Feiras passaram por algumas
mudanças operacionais como, a ampliação do horário de visitação e a restrição de público não ligado ao setor. O
que agradou a organização, os 420 expositores e até o próprio público. Segundo Antônio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana, Cocred e da
Agrocana, a restrição reduziu o número de visitantes pela metade em relação ao ano passado, mas facilitou o
contato e a negociação entre os compradores e fornecedores.
Prova disso são os números de

Autoridades visitam o estande da Copercana durante a abertura oficial das feiras

2007, ainda mais impressionantes do
que no ano passado. A expectativa é
que o número de R$ 1,65 bilhão, em
2006, possa ser superado até o final do
ano. "Notamos que o ambiente cauteloso relacionado aos baixos preços do
açúcar e do álcool este ano não afetou
as feiras, já que os expositores declararam-se otimistas com suas vendas",
disse Augusto Balieiro, diretor da
Multiplus. Ao todo, 40 países enviaram representantes ao evento, assim

como 22 Estados brasileiros, reunindo
assim visitantes de praticamente todas
as usinas do país.
"Sem dúvida, o evento trouxe bons
resultados para os expositores e visitantes, mostrando que o desenvolvimento do Brasil e as novas oportunidades de negócios com o etanol no
mundo passam necessariamente pela
nossa agroindústria canavieira", finaliza Antonio Tonielo.

Copercana recebe clientes e
cooperados durante Agrocana
Assim como em todos os anos, o
sistema Copercana, Canaoeste e
Cocred esteve presente na Agrocana
2007. Durante os quatro dias de feira,
mais de 3 mil pessoas, grande parte cooperados, visitaram o estande do sistema.
Durante visita às feiras, os produtores aproveitaram o estande da
Copercana para descansar e também
fazer cotações de produtos. “Nossos
cooperados estão acostumados a visitarem o estande da Copercana durante a realização da Agrocana e aproveitam para trocar informações com os
agrônomos e fazer cotações de produtos”, disse o gerente comercial da

Copercana,
Frederico José
Dalmaso.

Estande da Copercana na
Agrocana 2007

“Os nossos
cooperados são
produtores rurais e se interessam muito pela
parte agrícola
(Agrocana) da
feira. Aqui eles
encontram o
que há de melhor para realizar uma boa safra”, afirmou Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana, Cocred e também
da Agrocana. Na quarta-feira, uma con-

fraternização reuniu aproximadamente
300 pessoas no estande, entre elas, cooperados e fornecedores da Copercana
e clientes da Cocred.
Revista Canavieiros - Outubro de 2007

11
Notícias
Copercana

Tudo pronto para o leilão de
prendas de Sertãozinho
Carla Rossini

H

á três anos, o sistema Copercana, Canaoeste e Cocred,
em conjunto com Irmãos Toniello e Fundação Vidalina
Flóridi, realizam o Leilão Beneficente de Sertãozinho. A última
edição, realizada em novembro de 2006, contou com a participação de mais de 350 pessoas e arrecadou R$ 500 mil, um
recorde.
A verba é destinada a 14 instituições filiadas a Fundação Vidalina Flóridi. Além da ajuda dos doadores de prendas e arrematadores, o leilão também conta com o apoio de
dezenas de voluntários que colaboram doando seu tempo
e trabalho.
Neste ano, a data e local para a realização já estão marcados: 24 de novembro de 2007, no Clube de Campo Vale do Sol.
Para fazer doações de prendas é preciso entrar em contato
com Mônica ou Roberta através do telefone (16) 3946.3300
Ramal 2005. A Copercana conta com a colaboração dos amigos e cooperados! "Ajude de coração, seja solidário".

12 Revista Canavieiros - Outubro de 2007

Leilão Beneficente de Sertãozinho realizado em 2006
Notícias
Copercana

Uname contrata empresa
para controlar a potabilidade
da água em poço da unidade
Carlos Fernando Biagi (Gerente de Comercialização de Implementos e Calcário da Uname)

A

Unidade de Grãos da Copercana (Uname), preocupada
com a qualidade da água potável usada na filial, no fim do ano passado,
tomou a ini-ciativa de perfurar um
poço semi-artesiano e cumpriu todas
as normas e cuidados estabelecidas
pela ABNT.
Para o controle da potabilidade da
água, no último mês de agosto, a Copercana contratou a empresa Agostine & Correa Produtos Hidráulicos

Ltda, localizada no município de Cravinhos-SP. O químico responsável
pela empresa, Paulo Giovani de Agostine, fará três visitas mensais e efetuará três amostragem da água (bacteriológica) na saída do poço e no final
da rede de distribuição, para avaliação dos padrões analíticos a serem
mantidos. Depois de obtido os resultados, serão emitidos laudos analíticos e planilhas de controle, que são
encaminhados à vigilância sanitária e
também a Copercana.

Procedimento de perfuração e
manutenção:
Para que a perfuração de um poço
artesiano seja possível, deve-se cumprir normas e cuidados específicos. Ao
analisar um orçamento, deve-se verificar em primeiro lugar se a empresa tem
registro no CREA - Conselho Regional
de Engenharia e Arquitetura e se há um
geólogo responsável pela obra. Além
disso, a empresa contratada precisa
apresentar uma autorização de outorga, em nome da contratante, obtida junto ao Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), órgão estadual que
rege a construção de poços e controla
sua utilização. A empresa deve apresentar um projeto e as capacitações técnicas necessárias.
Além disso, a perfuração deve ser
feita de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para o setor. Entregando
o serviço a uma empresa idônea e que
siga as normas construtivas, não há
riscos do contratante obter água contaminada nem de que a obra comprometa os aqüíferos subterrâneos. A preocupação com a qualidade da perfuração do poço é justificável, já que a

O químico Paulo G. Agostine, analisa
o poço semi-artesiano da Uname

empresa contratante será a responsável pela qualidade da água que utilizará. Depois de realizada a obra, a empresa onde foi perfurado o poço deve
fazer um contrato com um laboratório
de análises que, periodicamente, deve
analisar a potabilidade da água. Uma
manutenção sistemática também deve

ser providenciada para o equipamento
de bombeamento, que garante que a
água do poço chegue aos reservatórios da empresa. Uma vez por ano ainda
é preciso providenciar a limpeza química do poço. Com esses cuidados
fica garantida uma vida útil longa do
poço.
Revista Canavieiros - Outubro de 2007

13
Notícias
Canaoeste

Canaoeste realiza ciclo de
reuniões técnicas
Encontros discutirão formas de controle de pragas e qualidade de matéria prima
Marcelo Massensini

A

Canaoeste realiza em outubro e novembro mais um ciclo
de Reuniões Técnicas. Os encontros
acontecem entre os dias 17 de outubro
e 13 de novembro e contam com o apoio
da Syngenta, Basf e Milenia.
Desta vez os assuntos tratados
serão: o “Monitoramento e Controle
de Pragas da Cana-de-Açúcar”, “Sistema ATR e Qualidade da Matéria Prima”. Como de costume, as palestras
serão ministradas pela Equipe Técnica
da Canaoeste e representantes das
empresas parceiras, trazendo as novidades de cada uma para o setor
sucroalcooleiro.
Na filial de Severínia, a palestra

“Monitoramento e Controle de Pragas da Cana-de-Açúcar” será apresentada pelo Dr. Wilson Novareti,
com o apoio da Basf.
Segundo o Gerente do Departamento Técnico da Canaoeste, Gustavo

Veja a programação:
Datas
17/outubro/2007
18/outubro/2007
23/outubro/2007
25/outubro/2007
29/outubro/2007
30/outubro/2007
07/novembro/2007
08/novembro/2007
12/novembro/2007
13/novembro/2007

Locais
Barretos
Severinia
Colina
Bebedouro
Morro Agudo
Viradouro
Pitangueiras
Pontal
Sertãozinho
Cravinhos

Consecana
Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo

A

Nogueira, as Reuniões Técnicas são
uma ferramenta importante para a comunicação entre a Canaoeste, empresas e unidades produtoras e seus associados, onde são discutidos assuntos atuais que facilitam a vida dos produtores rurais.
Apoio
Syngenta
Basf
Syngenta
Syngenta
Syngenta
Basf
Basf
Milenia
Milenia
Milenia
CIRCULAR Nº 08/07
DATA: 28 de setembro de 2007

seguir, informamos o preço médio do kg do ATR para efeito de emissão da Nota de Entrada de cana entregue durante o
mês de SETEMBRO de 2007. O preço médio acumulado do kg de ATR para o mês de SETEMBRO é de R$ 0,2465.
Os preços de faturamento do açúcar no mercado interno e externo e os preços do álcool anidro e hidratado, destinados
aos mercados interno e externo, levantados pela ESALQ/CEPEA, nos meses de
ABRIL a SETEMBRO e acumulados até
SETEMBRO, são apresentados a seguir:
Os preços do Açúcar de Mercado Interno (ABMI) e os do álcool anidro e
hidratado destinados à industria (AAI e
AHI), incluem impostos, enquanto que os
preços do açúcar de mercado externo
(ABME e AVHP) e do álcool anidro e
hidratado, carburante e destinados ao
mercado externo, são líquidos (PVU/PVD).
Os preços líquidos médios do kg do
ATR, em R$/kg, por produto, obtidos nos
meses de ABRIL a SETEMBRO e acumulados até SETEMBRO, calculados com
base nas informações contidas na Circular 01/07, são os seguintes:
14

Revista Canavieiros - Outubro de 2007
Notícias
Copercana

Canaoeste recebe produtores
de cana da Bolívia e da Angola
O interesse dos estrangeiros é conhecer o sistema de produção de cana brasileiro e também a
Fenasucro & Agrocana
Carla Rossini/ Marcelo Massensini

O

presidente da
Canaoeste, Manoel Ortolan, recebeu a
visita de uma missão oficial da Bolívia na sede da
associação em setembro.
Os bolivianos vieram
acompanhados do professor e consultor Victorio Laerte Furlani Neto,
da Qualinec.
O grupo de bolivianos conta com aproximadamente 20 pessoas entre produtores de cana-de-açúcar e alguns
industriais. Eles são da cidade de
Mineiros – região de Santa Cruz de
La Sierra. Além de produtores de
cana, os bolivianos também possuem um engenho (UNAGRO), com
capacidade de moagem de 10 mil
toneladas/dia.
Durante a reunião com o presidente da Canaoeste, as dúvidas eram
sobre o sistema de pagamento aos
fornecedores de cana, produção da
matéria-prima e administração da associação e das cooperativas. “Eles
querem conhecer a cadeia de produção de cana, açúcar e álcool aqui no
Brasil, para se organizarem melhor na
Bolívia”, afirmou Ortolan. A missão
boliviana também visitou a Usina da
Pedra e a Fenasucro e Agrocana.

Comitiva de Bolivianos se reuniu com Ortolan
no auditório da Canaoeste

tolan, para discutirem assuntos relacionados ao setor sucroalcooleiro e
adquirirem conhecimento com quem,
segundo eles, “entende do assunto”.
Carlos Emilio Henriques Liumba,
representante do Ministério dos Petróleos da Angola, explicou que a
comitiva tem a tarefa de criar propostas políticas para futuros investimentos em cana-de-açúcar e etanol e aprender sobre legislação e
outros fatores da cadeia produtiva
da cana. “Nós viemos ver, ouvir e
aprender para tentar levar esse co-

nhecimento ao
nosso governo”,
conta.

Liumba ressalta ainda a importância
do
contato da Canaoeste, que foi escolhida por eles
depois de uma
vasta pesquisa
sobre a produção
de cana-de-açúcar. “A Canaoeste foi fundamental para
nos ajudar na experiência que estamos tendo aqui”, completa. Além do
presidente Manoel Ortolan, participaram da reunião: o gerente do departamento técnico da Canaoeste, Gustavo Nogueira, e o consultor agronômico da associação, Oswaldo Alonso.
A comitiva trouxe representantes
dos ministérios dos Petróleos, Planejamento, Indústrias e Energia e
Águas. Além de uma empresa estatal
que começou a fazer os primeiros ensaios sobre etanol no país.
Representantes Ministériais da Angola no
estande do sistema, na Fenasucro 2007

Angolanos
Também no mês de setembro, o estande do sistema Copercana, Canaoeste e Cocred na Agrocana, recebeu
uma comitiva com sete representantes ministeriais de Angola, que veio
ao Brasil para visitar a Fenasucro e
Agrocana 2007 e se reuniram com o
presidente da Canaoeste, Manoel OrRevista Canavieiros - Outubro de 2007

15
Notícias
Cocred

Cocred em Ação faz
sucesso em Pontal
Evento recebe mais de 2 mil pessoas e arrecada mais de R$ 100 mil
Marcelo Massensini

A

pós do sucesso do Cocred em
Ação em Batatais, agora foi a
vez de Pontal. Com público e arrecadação ainda maiores, o Cocred em Ação
marcou a cidade no último dia sete de
outubro.
O evento, realizado pela Cocred,
contou com a parceria de duas empresas da cidade: a Hincol Equipamentos
Hidráulicos e o Fripon (Frigorífico
Pontal) que também participaram doando prêmios. Já as três motos, uma televisão, um DVD e um forno de microondas foram doados pela Cooperativa.
Ao todo foram arrecadados mais
de R$ 100 mil reais no evento, valor
este que será dividido em partes iguais
entre as cinco entidades participantes:
o Albergue Noturno Eurípedes
Barsanulfo, a Apae - Associação de
pais e amigos do excepcional, Apam Associação de proteção ao menor, o
Centro Educacional Maria Mãe de Todos e o Lar dos Velhos Dona Albertina
Schmidt, todos da cidade de Pontal.
Maria Elisa dos Reis Ramazini, representante do Lar dos Velhos e Dona
Albertina Schmidt, só tem "a agradecer a iniciativa da Cocred ao realizar
esse evento". Segundo ela, o fato de
reunir mais de 2 mil pessoas em um domingo a tarde já mostra a magnitude e
a importância do evento. "Só tenho a
agradecer a Cocred por esta atitude
que propaga o amor, e por doar seu
tempo para ajudar as pessoas mais carentes", completa.
A interventora da Apae, Magda Silva Carolo, considerou o evento de
grande valia tanto para a cidade, quanto para as entidades. "Foi uma campanha em que todo mundo trabalhou
muito, mas no final fez um evento muito bonito, todo mundo elogiou", con16

Revista Canavieiros - Outubro de 2007

2 mil pessoas lotaram o Ginásio de Esportes Adib Damião

Ganhadores da primeira moto: Agna Soares e Helton Jonas da Silva ao lado do gerente
de Marketing da Cocred, Fabiano Gatarossa

ta. Segundo ela, o resultado do evento
foi muito satisfatório e a iniciativa foi
bastante comentada na cidade.
Eder Junior Rodrigues, Vice-Prefeito da cidade diz que o evento veio
em boa hora e agradece o gesto da

Cocred. "Um evento desse porte é
muito importante para a cidade de
Pontal. Gostaria de parabenizar a diretoria da Cocred por disponibilizar
esses prêmios para nossas entidades", explica. "A Cocred mais uma vez
saiu na frente".
Notícias
Cocred
Para o Prefeito Municipal de
Pontal, Antônio Luiz Garnica, o
Cocred em Ação foi "de suma importância para a cidade" e agradece a todos os organizadores do evento e fun-

cionários da Cocred que, segundo ele,
além de ajudar os produtores rurais
que movimentam a economia da cidade, também ajuda as entidades que
fazem muito pelo povo de Pontal.

O prefeito de Pontal Antônio Luiz Garnica (esquerda) e o vice Éder Jr. Rodrigues
(direita) entregam a moto aos ganhadores: Levi Barbosa, Sueli Granito Moronta de
Paula, Ângela Maria Passal Moraes e Elizabete Dadalt.

Arthur Sandrin e Fabiano Gatarossa entregam a moto para Henrique Aparecido
Manfrim e sua esposa Lídia Magalhães Nogueira.

Revista Canavieiros - Outubro de 2007

17
Notícias
Cocred

Cocred Pontal: excelência
em atendimento
Filial é a segunda maior agência da Cocred, em número de cooperados.
Marcelo Massensini

I

naugurada em setembro de 1998,
a Cocred de Pontal é a segunda
maior agência - em número de cooperados - da cooperativa. Atualmente a
filial possui 1008 cooperados totalmente satisfeitos com o atendimento diferenciado e com os produtos e serviços
exclusivos que só os cooperados da
Cocred conseguem ter.
"O atendimento da Cocred é excelente, porque é personalizado, individual. (Os funcionários) são pessoas
competentes que sabem falar com você,
que te tratam como amigos", explica Ana
Maria de Oliveira Crivelaro. Cooperada
desde 2003, ela conta que a maneira
como é tratada a faz querer voltar sempre. "Tem dias que você não está muito
legal e eles (funcionários) percebem e
perguntam: o que foi? Está tudo bem?
Eu me sinto em casa, realmente", elogia
Ana Maria.
Já Fernando dos Reis Filho é cooperado há mais de 25 anos e considera
os serviços exclusivos da cooperativa
os maiores atrativos. "Todo ano eu faço
financiamentos de safra e de adubo. E é
muito diferente de bancos convencionais: o atendimento, a rapidez. Aqui não
tem burocracia", diz. Segundo ele, to-

Para Ana Maria Crivelaro, os funcionários da Cocred
são como amigos

18

Revista Canavieiros - Outubro de 2007

das as suas movimentações financeiras são feitas na
Cocred, inclusive
as feitas com cartão de crédito e talões de cheque.
"Pontal está de parabéns pela estrutura e pelo pessoal
que trabalha na
agência. Tenho
conta em outros
bancos, mas o meu
movimento é só A agência atende
mais de mil
aqui. É bom em cooperados
atendimento, em
taxas e prazos. Tudo nota 10", completa.
Para Ana Maria Crivelaro, mesmo
comparado a bancos que oferecem um
ótimo atendimento, a Cocred sai sempre na frente. "Não tenho reclamação
dos bancos da cidade, mas a Cocred é
especial, não tem o que falar. É muito
bom. E ainda tem outras vantagens: os
juros são mais baixos, as taxas são menores", explica. De acordo com a professora aposentada, a existência da cooperativa é muito conveniente para o
cooperado e para a cidade. "Aqui o cooperado é o dono e está aqui partici-

pando de tudo. As pessoas estão aqui
para nos ajudar, o gerente esta sempre
presente", diz.
José Micheletto concorda com eles.
Cooperado desde 1975, o agricultor explica que seu pai já fazia parte da Cocred
e, assim que começou a fornecer cana,
ele também se tornou um cooperado.
Micheletto conta que tem acompanhado a evolução da cooperativa que, segundo ele, só muda para melhor. "As
taxas e prazos são ótimos, o atendimento e os funcionários são todos bons. A
Cocred está de parabéns", finaliza.

José Micheletto se tornou cooperado por influência
do pai, há mais de 30 anos

Fernando dos Reis Filho faz todas as suas
movimentações financeiras pela Cocred
Notícias
Cocred
Balancete Mensal
Cooperativa de Crédito dos Plantadores de Cana
de Sertãozinho BALANCETE - Agosto/2007
Valores em Reais

Revista Canavieiros - Outubro de 2007

19
Reportagem de Capa

MECANIZAÇÃO
MECANIZAÇÃO
O PRODUTOR PRECISA
O PRODUTOR PRECISA
Com a antecipação do prazo para o fim da queima, os fornecedores de cana precisam
Da Redação

A

adesão de cerca de 50 indústrias ao Protocolo Agroambiental e o interesse já manifestado
por outras são um indicativo de que
a queima da palha da cana está, de
fato, com os dias contados e os prazos, mais curtos. Assim, é preciso que
o produtor independente de cana esteja preparado para a colheita mecanizada.
O presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, destaca a necessidade
de o produtor adaptar o canavial para
o trabalho das máquinas e também
analisar a forma mais viável de acesso aos equipamentos. "Além dos consórcios ou condomínios de produtores, as cooperativas e associações
podem ser um importante meio para
viabilizar a compra de um equipamento de alto valor agregado, como é o
caso da colhedora de cana. O prazo
está aí e o produtor tem de estar organizado e preparado", disse.
O protocolo prevê, entre outras
medidas, a antecipação do prazo final para a eliminação da queima nos
terrenos com declividade até 12% de
2021 para 2014, adiantando o percentual de cana não queimada, em 2010,
de 30% para 70%. Para as áreas com
declividade maior, o prazo anterior,
de 2031, foi reduzido para 2017 e daqui a três anos, 30% da colheita têm
de ser feita mecanicamente. Em áreas
novas de plantio, a queima está proibida já a partir do dia 1º de novembro.
Na região, segundo estimativa da
Unica, as usinas avançaram bem.
"Na região de Ribeirão, temos, nas
principais usinas, mais de 70% da
colheita mecanizada", afirma o chefe
do escritório da Unica em Ribeirão
Preto, Sérgio Prado.
20

Revista Canavieiros - Outubro de 2007

A Usina da Pedra, por exemplo,
encerrará a safra
com 92% da cana
própria colhida mecanicamente. No
ciclo anterior, alcançou 87%. Já
seus fornecedores
deverão colher
27% de suas canas
com colhedoras,
um avanço de seis
pontos percentuais
em relação à safra
anterior. Do total,
entre cana própria
e de fornecedores,
73% terão colheita
mecânica nesta safra. A Usina da Pedra fará sua adesão
ao protocolo ainda
em outubro.
"A Usina da Pedra tem uma particularidade: todos
os seus fornecedores fazem a colheita da cana sem a intervenção da usina", diz o gerente de Suprimento de
Matéria-Prima, Luiz Eduardo Gerardi. Assim, segundo ele, há maior espaço para ampliação do corte mecanizado justamente na cana de fornecedores.
De acordo com Gerardi, a principal providência por parte dos produtores independentes em relação à mecanização é quanto à preparação do
canavial. "Não adianta pensar em
aquisição de colhedora se o canavial
não estiver pronto para viabilizar,
economicamente, o corte mecânico. O
segredo do sucesso da colheita mecânica está na qualidade do canavial.", diz. Segundo ele, quem não se
preparar desde já, terá sérios proble-

mas. E ele elenca como providências:
PREPARO DO SOLO: nivelamento do solo com eliminação de sulcos de erosões, barrancos, pedras,
tocos e raízes. Construção de terraços embutidos ou de base larga.
SULCAÇÃO: com espaçamento
mínimo de 1,50 metros entre as linhas
de cana. Sulcos não muito profundos e regulares. Evitar as ruas mortas dentro do talhão. Construção de
talhões compridos para evitar excesso de manobras da colhedora.
Para Mauro Sampaio Benedini, Gerente Regional Fornecedores, e Jorge
Luiz Donzelli, coordenador de Pesquisa Tecnológica, ambos do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), resultados de pesquisas recentes realiza-
Reportagem de Capa

ÃO DO CORTE:
ÃO DO CORTE:
SA ESTAR PREPARADO
SA ESTAR PREPARADO

am estar organizados para preparar o canavial e analisar a aquisição de equipamentos
Foto: Fernando Battistetti

- propicia ganhos ambientais significativos
- melhora a qualidade da lavoura
pela racionalização do uso de herbicidas, menor erosão, maior atividade
microbiana depois de 2 a 3 anos do
sistema implantado, maior retenção
de umidade no solo, menor amplitude térmica e aumento na disponibilidade de nutrientes no perfil do solo.

PRODUTOR INICIOU
CORTE MECANIZADO
NESTA SAFRA
O produtor Francisco César Urenha, sócio-diretor da Urenha Agrícola, começou a colher com máquinas
nesta safra, depois de três anos de
planejamento. Investiu R$ 1 milhão
na compra financiada de duas colhedoras, uma nova e uma semi-nova e
espera recuperar o investimento ao
longo de três ciclos.
das pelo centro apontam que o sistema de colheita mecanizada da cana
sem queima:
- aumenta a longevidade do canavial, estabilizando a produtividade em níveis elevados de produtividade;
Francisco
César Urenha

Segundo ele, o custo do corte
mecanizado é 55% mais baixo do que
o manual. "Além do custo, há outras
vantagens: uma delas é não ter de
lidar com os problemas das queimadas, e também observamos uma diminuição no uso de herbicidas e fungicidas", disse.
Segundo Urenha, a sistematização dos terrenos foi a dificuldade encontrada. "Os terrenos não estão
preparados para as máquinas e, assim, ainda não atingimos toda a eficiência que as máquinas têm condições de proporcionar", disse.
Para ele, não há outra saída para
o produtor. "É uma tendência. Os
produtores terão de investir na colheita mecanizada, individualmente
ou se unir em grupos, pois é um cus-

Sérgio Prado

to muito alto para um pequeno fornecedor. Mas não tem como fugir, os
produtores independentes de cana
terão de se adequar",

MERCADO DE
COLHEDORAS AQUECIDO
O chefe do escritório da Única em
Ribeirão Preto, Sérgio Prado, observa que o motivo que impede o fim da
queima de forma imediata é técnico,
já que, por conta da demanda, há demora para a entrega desses equipamentos. "Uma máquina para cortar
cana é um equipamento sofisticado,
que demora para ser produzido. A
indústria está hoje com a carteira dela
toda ocupado para os próximos
anos", diz.
Se a Santal, fabricante 100% nacional, dobrasse sua produção, já
teria comercializado todas as colhedoras, de acordo com Filipe Silveira
Revista Canavieiros - Outubro de 2007

21
Reportagem de Capa
Righi, do departamento de marketing.
A empresa, com sede em Ribeirão
Preto, lançou sua Colhedora Tandem
em 2004 e de lá para cá, a demanda
cresceu progressivamente. Em 2005,
foram comercializadas três colhedoras. No ano passado, 30. Para 2008,
já são mais de 40 encomendas.
E as usinas não são os únicos clientes. Três colhedoras foram comercializadas para a empresa dos irmãos
Reginaldo e Roberto da Silva, com
sede em Catiguá, que planta e colhe
para indústrias. Funcionários de uma
usina até 98 e apoiados pela empresa, os irmãos resolveram montar um
negócio próprio. Começaram a prestar serviço de carregamento de cana
e nesta safra, já partiram para a colheita de cana picada. "A tendência
é que o mercado melhore ainda
mais", diz Reginaldo.
Seus clientes ainda são usinas,
mas os irmãos acreditam que poderão atender também associações de
fornecedores de cana. Aliás, os fa-

22

Revista Canavieiros - Outubro de 2007

bricantes de equipamentos também
apostam nos pequenos e médios produtores de cana como potenciais clientes. Em maio, a Star Máquinas
Agrícolas, com sede em Serrana, lançou uma colhedora de cana, voltada
a esse perfil de fornecedor.
De acordo com Célio Song, diretor-administrativo da Star, a colhedora custa em torno de 35% menos
que as tradicionais, podendo colher
até 40 toneladas por hora em canaviais com densidade de até 100 toneladas/ hectare. "Resolvemos investir
nesse equipamento porque vemos um
importante mercado surgindo para
ele", disse Song, durante o "Dia de
Campo", realizado em maio, em Sertãozinho, para a apresentação do
equipamento.
O PROTOCOLO
AGROAMBIENTAL
Ao aderir ao Agroambiental, as
indústrias se comprometem a apresentar, em 180 dias, um plano de ação

para cumprimento das dez diretivas
técnicas do protocolo, sob avaliação
de um Comitê Executivo, formado por
representantes do governo do Estado e Única.
Além da antecipação dos prazos
para o fim da queima, o protocolo também prevê a recuperação da vegetação no entorno de nascentes de água
em propriedades canavieiras, a implementação de projetos de conservação
de recursos hídricos, e do solo, ações
para que não ocorra a queima a céu
aberto do bagaço da cana ou qualquer
outro subproduto, boas práticas para
o descarte de embalagens vazias de
agrotóxicos e para minimizar a poluição atmosférica de processos industriais, além de otimizar a reciclagem e o
reuso dos resíduos da produção.
As usinas que cumprirem as normas propostas no protocolo irão receber um certificado de conformidade
ambiental. O Protocolo Agroambiental
foi assinado em junho deste ano, durante o Ethanol Summit, em São Paulo.
Artigo Técnico

DESMISTIFICANDO A COLHEITA
COLHEITA
DESMISTIFICANDO A COLHEITA
COLHEITA
MECANIZADA DA CANA CRUA
MECANIZADA DA CANA CRUA
Mauro Sampaio Benedini (Gerente Regional Fornecedores - CTC)
Jorge Luiz Donzelli (Coordenador de Pesquisa Tecnológica– CTC)

H

ISTÓRICO – É preciso desmistificar a colheita mecanizada da “cana crua”. Resultados de pesquisas recentes realizadas pelo CTC e
a aplicação prática dessa tecnologia
nas empresas associadas ratificam os
benefícios deste sistema de colheita.
A década de setenta caracterizou-se pelo corte manual de cana queimada, com uma média de três a quatro
cortes, influenciados principalmente
pela menor qualidade das variedades
existentes na época.
No início da década de oitenta, com
o surgimento de variedades melhoradas (SP70-1143, SP71-6163, SP71-1406,
etc.); o número de cortes do canavial
aumentou. Entretanto em meados desta mesma década, a colheita mecanizada da cana-de-açúcar intensificou-se
pela necessidade de complementar a
colheita manual em um período de grande expansão do plantio de cana-deaçúcar. Naquela época, dizia-se que o
corte mecanizado da cana era um “mal

necessário”, pois não podia ser preterido, devido à falta de mão de obra existente. As conseqüências apareceram
sob a forma de redução da longevidade do canavial, perdas excessivas na
colheita, necessidade de maior tecnificação, entre outras.
Na década de noventa, com o
aumento da conscientização ambiental surgiu a colheita da cana sem queimar, a “cana crua”, que foi marcada
pelo termo “necessidade de se pagar
pedágio” pela acentuada mudança tecnológica envolvida no novo processo. Este aprendizado ou “pedágio”
teve como conseqüência inicial, quebras de produtividades e queda de receita ao produtor; pela falta de conhecimentos técnicos na adoção do novo
sistema. Mas, a pesquisa e os adeptos
ao sistema já naquela época começaram a demonstrar que a cana crua tem
além das vantagens ambientais, um
avanço sócio-econômico para o produtor.

CANA-DE-AÇÚCAR – HISTÓRICO
Década 70: Corte Manual. 4 cortes.
Década 80: Manual. Até 6 cortes
Colhedeira: mal necessário!
Década 80: Mecânico queimada
Cana crua: pagar pedágio!
Década 90: mecânica crua
Futuro (hoje): mecânica cru

(100/85/65/50/x/x) =
(120/90/85/80/70/65) =

75
85

(120/90/80/75/?/x) =

RESULTADOS – Os ensaios
conduzidos pelo CTC mostraram que a
eliminação da queima traz inúmeros benefícios ao solo e ao canavial, entre
eles; maior controle de ervas daninhas,
menor erosão, maior atividade
microbiana depois de 2 a 3 anos do sistema implantado, maior retenção de
umidade no solo, menor amplitude térmica, aumento na disponibilidade de
nutrientes no perfil do solo, menor ataque da lagarta elasmo, etc.
Com o passar dos anos foi-se percebendo que a colheita mecânica e principalmente a de cana crua, necessita
de maior tecnologia, priorizando o canavial, protegendo-o do tráfego intenso e melhorando as condições de
colheitabilidade. Estes fatos resultaram
em novos conceitos tais como sistematização da base física da lavoura,
maiores cuidados com a compactação
do solo e pisoteio da linha da soqueira
e mais recentemente o desenvolvimento do tráfego controlado ou
canteirização/envazamento da linha da
soqueira.

85

(130/90/85/75/70/x) =
90
(130/100/95/95/90/90/90/90/90/90) = 95

ESTUDOS NECESSÁRIOS
A partir de 1992, o Centro de
Tecnologia Canavieira (CTC), na
época da Copersucar; iniciou estudos para definir práticas agronômicas (adubação, herbicida, cultivo, etc.), estudar os efeitos da
compactação no solo, do tráfego
intenso, aprimorar equipamentos
para reduzir esses impactos no solo
e desenvolver variedades melhoradas, mais adaptadas ao novo sistema a ser adotado. Inúmeros enEnsaio varietal com colheita mecanizada sem
saios foram instalados em usinas queimar (CTC). Primeiro plano: variedade que não
brota sob a palha (inapta). Segundo plano: variedade
cooperadas na época.
adaptada ao sistema de colheita sem queima (apta).

No alto à esquerda: área com sistematização convencional; no alto à direita: sistematização com sulcação reta.
Em baixo: vista aérea de área sistematizada.

SISTEMATIZAÇÃO – Entende-se por sistematização, a adequação
do terreno para um maior rendimento
da máquina e para menores impactos
da mecanização no terreno. Estudos realizados pelo CTC mostram reduções
de custos de R$60,00 a R$70,00 por hectare, em média; com a adoção de práticas como eliminação de terraços em
Revista Canavieiros - Outubro de 2007

23
Artigo Técnico
baixas declividades (<6%), plantio em linha reta em declividades de até 3%,
entre outras. É necessária a permanência de cobertura vegetal constante no
solo, para a implantação do sistema. Portanto, recomenda-se cuidados na introdução do conceito no campo. Informe-se no CTC ou nas usinas que já adotam
o sistema, sobre as vantagens e desvantagens da técnica.

COMPACTAÇÃO DO SOLO – Os estudos do CTC mostraram que o
controle da compactação do solo pode e deve ser preventiva e não somente
corretiva como sempre foi
realizada. São práticas recomendadas: evitar colheita
com solos úmidos, pneus de
alta flutuação e esteiras para
causar menor impacto e
compactação, entre outras.
Esses estudos mostram
hoje, na prática, que o número de cortes do canavial
dependerá do manejo adoBrotação de soqueira em linha com tráfego (esquerda).
tado na sua condução.

CONCLUSÃO - Os resultados
práticos dos inúmeros trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelo CTC mostram
que o sistema de colheita mecanizada
da cana sem queima, a “cana crua”:
a) aumenta a longevidade do canavial, estabilizando a produtividade em
níveis elevados de produtividade;
b) propicia ganhos ambientais significativos;
c) melhora a qualidade da lavoura
pela racionalização do uso de
herbicidas, menor erosão, maior atividade microbiana depois de 2 a 3 anos
do sistema implantado, maior retenção
de umidade no solo, menor amplitude
térmica e aumento na disponibilidade
de nutrientes no perfil do solo.

Esquerda: perda de produtividade pelo efeito do tráfego após 24 h de chuvas de diferentes
intensidades; Direita: perda de produtividade devido ao trafego na linha e entrelinha.

ENVAZAMENTO OU CANTEIRIZAÇÃO – Os cuidados com o
controle de tráfego dentro dos talhões resultaram na adoção da tecnologia conhecida por “canteirização” ou “envazamento”; que é, dentre outras tecnologias,
a adequação das bitolas de tratores e transbordos para evitar o pisoteio das
soqueiras (controle de tráfego), resultando em um espaço maior do solo, ao lado
das soqueiras, sem compactação; propiciando melhor desenvolvimento do canavial e maior longevidade.
“Envazamento” ou “canteirização”

Ajuste de bitolas dos tratores.

24

Revista Canavieiros - Outubro de 2007
Destaque

Fórum Internacional Sobre
o Futuro do Álcool
Técnicos, empresários e autoridades do governo discutiram a relação
do setor com o meio-ambiente
Carla Rossini

O

Fórum Internacional sobre o
Futuro do Álcool que antecedeu a abertura da Fenasucro e
Agrocana no dia 17 de setembro, reuniu no Teatro Municipal de
Sertãozinho, técnicos, empresários e
autoridades ligadas ao governo a ao
setor sucroalcooleiro para discutir a
relação entre produção, meio-ambiente e crescimento sustentável.
Participaram da abertura dos debates, o prefeito municipal de Sertãozinho,
José Alberto Gimenes, os presidentes
da Fenasucro, Mário Garrefa, e da
Agrocana, Antonio Eduardo Tonielo,
o diretor da Múltiplus Eventos,
Fernando Barbosa, o diretor regional
do Ceise (Centro das Indústrias do
Estado de São Paulo), Adésio José
Marques e Milton José Dalari, representando o Sebrae-SP.
O presidente da Agrocana e também da Copercana, Cocred e Sindicato
Rural de Sertãozinho, Toninho Tonielo,
enfocou seu discurso nas críticas e
notícias negativas que agridem o setor sucroalcooleiro. "Por que, tantos
comentários negativos sobre um país
que produz energia renovável, que
polui menos o meio-ambiente e está em
fase de desenvolvimento? A resposta
é simples. Trata-se, de uma verdadeira
guerra comercial, que envolve não apenas um mercado multibilionário, mas
também grandes interesses de outras
potências que não hesitam em utilizarse dos mais variados recursos em favor dos seus interesses. Basta observarmos as recorrentes tentativas dos
EUA e da União Européia em incluir
temas como meio ambiente e direitos
humanos na pauta de negociações comerciais com países em desenvolvimento, como o Brasil", afirmou Tonielo
que foi aplaudido inclusive pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Após a abertura, o primeiro painel teve a participação de técnicos do
Ministério do Meio Ambiente e da ministra
Marina Silva, empresários
da
agroindústria
canavieira e do presidente da UNICA, Marcos
Jank. No período da tarde
os debates tiveram como
tema o crescimento do
setor sucroalcooleiro, com
a participação de técnicos
e analistas do setor, inteAntonio Eduardo Tonielo em seu discurso de abertura do Fórum
grantes do governo fedeJá o ex-ministro Roberto Rodrigues,
ral e da Petrobrás, e do ex-ministro da
Agricultura e coordenador do Centro falou sobre o horizonte do mercado de
de Agronegócios da Fundação Getúlio etanol. "O etanol ainda não tem um mercado próprio, o que existe é um horiVargas, Roberto Rodrigues.
zonte enorme para esse produto. Nós
A ministra Marina Silva, em seu dis- temos um mercado em potencial, mas
curso, afirmou que "estamos transitan- faltam estratégias privadas e governado positivamente e levantando proble- mentais mais fortes para se ter um mermas que temos condições de resolver. A cado ainda melhor", afirmou Rodrigues.
participação em reuniões de trabalho
Após o encerramento do Fórum, as
como essa, permite fechar uma equação
que leva em consideração não apenas a autoridades se dirigiram a Fenasucro e
viabilidade econômica, mas também a Agrocana onde foi descerrada a fita
inaugural das feiras.
social e a ambiental", disse a ministra.
Mais de 400 pessoas lotaram o Teatro
Municipal de Sertãozinho

Revista Canavieiros - Outubro de 2007
Informações setoriais

CHUVAS DE SETEMBRO
e Prognósticos Climáticos

N

o quadro abaixo, estão anotadas as chuvas que ocorreram na região de abrangência da CANAOESTE
durante o mês de SETEMBRO de 2007.

Engº Agrônomo Oswaldo Alonso
Assessor Técnico Canaoeste

Não houve ocorrência de chuvas nos locais habitualmente observados ou consultados. O que contribui para melhores
operações de colheita e melhor qualidade da matéria prima, notadamente, durante a segunda quinzena de agosto e até então
(ou, pelas previsões meteorológicas), até o início da primavera)

Mapa 1:- Água Disponível no Solo entre 10 a 12
de SETEMBRO de 2007.
O Mapa 1, acima, mostra claramente que o índice
de Água Disponível no Solo, desde o dia 10 de
SETEMBRO, já se apresentava como crítico em toda
área canavieira do Estado de São Paulo. Cabe
ressaltar que esta condição e diga-se muito crítica, ou
seja, de Seca Meteorológica, já vem ocorrendo desde
os dez dias finais de agosto deste ano.
A CANAOESTE procurará avaliar os impactos
desta intensa seca, através de Instituições, mapas
climáticos e levantamentos de massa verde.

26

Revista Canavieiros - Outubro de 2007

Comparando-se os mapas 2 e 3 mostram que, ao final de
agosto destes dois anos, toda região canavieira do Estado
de São Paulo apresentava-se com índices críticos de Água
Disponível no Solo.
Informações setoriais
Mapa 2: Água Disponível no Solo ao final de SETEMBRO de 2006.

Mapa 3: Água Disponível no Solo ao final de SETEMBRO de 2007.

Comparando-se os mapas acima, mostram que ao final de SETEMBRO de 2006
(mapa 2), mês que "carregava" as consequências de um período longo de estiagem (deste meados de abril), havia ainda uma larga faixa, Centro-Leste e Sudoeste
do Estado, em condições críticas de Disponibilidade de Água no Solo. Entretanto, neste SETEMBRO de 2007 (mapa 3), que em muitos dos locais observados não
houve ocorrência de chuvas (vide quadro acima) e agravado por altas temperaturas desde meados do mês, toda região canavieira do Estado de São Paulo apresentava-se com índices muito críticos de Água Disponível no Solo, acentuandose ainda mais nestes 10 dias iniciais de outubro.
Para bem dos Humanos, que muito precisam ajudar a Mãe Natureza, e todos
seres vivos, desejamos que ao receberem esta Revista, estejam assistindo a ocorrência das primeiras chuvas significativas desta primavera.

Como subsídio a planejamentos de
atividades futuras, a CANAOESTE
resume o prognóstico climático de consenso entre INMET-Instituto Nacional de Meteorologia e INPE-Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais para
os meses de outubro a dezembro.
- A temperatura média poderá ser
acima ou ligeiramente acima nas normais climáticas nas Regiões Sudeste
e Centro Oeste do Brasil; enquanto
que na Região Sul prevê-se que a temperatura média poderá "ficar" próxima da média;
- Quanto às chuvas previstas para
os meses de outubro a dezembro, estas poderão "ficar" abaixo das respectivas médias históricas em todos os
Estados da Região Centro Sul, excetuando-se o Rio Grande do Sul;
- Exemplificando para Ribeirão Preto e municípios vizinhos, as médias
históricas pelo Centro Apta-IAC, são
de 130mm em outubro, 215mm em novembro e de 270mm em dezembro.
Lembrando das Reuniões Técnicas realizadas entre julho e agosto, a
CANAOESTE volta recomendar que
mantenham revisados e "tinindo" os
equipamentos para tratos culturais,
adubações e pulverizadores de
herbicidas, pois as chuvas (desta vez)
estão mais próximas. Quando muito,
a partir de 20 de outubro.
Deve-se acrescentar, ainda, que
tratos culturais mecânicos mais enérgicos (por exemplo, as escarificações)
são dispensáveis em áreas que não
sofreram pisoteios, mesmo após chuvas de 40-50mm. Também nas áreas
que tenham sido colhidas no início
da safra e não foram cultivadas na
época, os cultivos profundos devem
ser analisados, pois após o reinício
das chuvas o sistema radicular terá
condições, com rapidez, para emitir
novas raízes, principalmente, as de
absorção de água e nutrientes. Tais
cultivos irão cortar as raízes e pesquisas mostram que, nestes casos, podem provocar danos.
Por outro lado, devem atentar para
o controle do mato, preferentemente
em pré-emergência, desde que a umidade do solo permita.
Persistindo dúvidas, consultem os
Técnicos mais próximos.
Revista Canavieiros - Outubro de 2007

27
Pragas e Doenças

Migdolus!
Uma realidade na região de
Pitangueiras/SP

A

tualmente a cana-de-açúcar
é atacada por cerca de 80
pragas, porém pequeno número causa prejuízos à cultura. Dependendo da
espécie da praga presente no local,
bem como do nível populacional dessa espécie, pode ocorrer importantes
prejuízos à cana-de-açúcar, com reduções significativas nas produtividades
agrícola e industrial dessa cultura.
O Migdolus fryanus é um besouro da família Cerambycidae que, em
sua fase larval, ataca e destrói o sisMarcelo de Felício
tema radicular de várias culturas,
Engenheiro agrônomo da Canaoeste como café, eucalipto, mandioca, feijão, uva, amora, pastagens, cipós nativos e a cana-de-açúcar. As perdas provocadas por esse inseto podem variar de

algumas toneladas de cana por hectare até, na maioria dos
casos, a completa destruição da lavoura, resultando na reforma antecipada mesmo de canaviais de primeiro corte.
Além das dificuldades normais de controle de qualquer
praga de solo, o desconhecimento de várias fases do ciclo
desse coleóptero complica ainda mais o seu combate. Entretanto, os esclarecimentos atuais, fruto dos avanços
tecnológicos alcançados nos últimos cinco anos, têm possibilitado, de certa forma, obter resultados satisfatórios de
controle dessa praga.
As condições de seca, bem como a redução ou mesmo a
eliminação do uso de inseticidas organoclorados (Aldrin,
Heptacloro, Thiodan), adotada em muitas usinas e destilarias, resultaram num aumento significativo das áreas atacadas pelo Migdolus fryanus, principalmente nos Estados de
São Paulo e Paraná.

Quanto ao comportamento do inseto
A fêmea de Migdolus fryanus tem
vida praticamente subterrânea, já o macho é bastante ativo, voa bem, ambos
são escavadores e estão presentes fora
do solo a partir do mês de outubro, assim
que se iniciam as primeiras chuvas. O aparecimento dos machos é estimulado pelas fêmeas, que liberam um feromônio de
atração sexual, provocando o fenômeno
denominado de “revoadas de Migdolus”
que ocorrem, após as primeiras chuvas

de outubro, variando de uma região para
outra, podendo acontecer até o mês de
março. A fase larval é longa, quase sempre de um ano, podendo prolongar-se em
dois ou três.
As larvas de Migdolus fryanus têm
hábito subterrâneo, podendo atingir até
de 4 (quatro) a 5 (cinco) metros de profundidade. Esse comportamento tem dificultado estudos biológicos do inseto.

O que se conhece sobre esse
coleóptero refere-se apenas aos primeiros 60 cm de profundidade no solo.
Concomitantemente, em função da dificuldade de realizar estudos nas camadas mais profundas, presume-se que
as informações até agora obtidas sobre o inseto sejam apenas de uma parte
da população, aspecto que pode estar
dificultando o emprego de métodos de
controle eficientes.

Ciclo Biológico

Besouro adulto de Migdolus fryanus.
(Fonte - CTC)

Fonte - CTC

28

Revista Canavieiros - Outubro de 2007

O macho é preto, apresentando
asas posteriores desenvolvidas. A fêmea é marrom, com asas posteriores
atrofiadas, e não voam. Ambos medem
cerca de 18 a 25 mm de comprimento. A
fêmea, após o acasalamento, penetra
Pragas e Doenças
no solo, cavando galerias novas ou
utilizando-se dos mesmos canais abertos para sua saída. Alguns dias depois,
elas realizam suas posturas que podem
ocorrer até as grandes profundidades.
Sua larva é branca leitosa, chegan-

do a medir cerca de 40 mm de comprimento, que, no final de seu estádio larvas, penetram a grandes profundidades, constroem no final da galeria uma
câmara pupal e transformam-se em
pupa. O ataque normalmente ocorre em
reboleiras, em cana-planta e também

nos cortes subseqüentes. As larvas se
alimentam tanto dos toletes como dos
rizomas. Os rizomas atacados emitem
poucas raízes, provocando o
secamento de touceiras nas reboleiras
infestadas, os prejuízos causados na
produção final são grandes.

Prejuízos e Danos Causados pela
larva do Migdolus fryanus.
As larvas do Migdolus destroem
o sistema radicular da cana-de-açúcar
de qualquer idade, perfurando-os em
todos os sentidos e alimentando-se
dele. Em cana-de-açúcar, atacam o
rizoma, podendo destruí-lo totalmente. Em canas jovens, as touceiras aparecem parcial ou totalmente secas e as
falhas podem ser numerosas. Em canas mais velhas, as touceiras atacadas apresentam aspectos e canas afetadas por seca ou fogo. Os efeitos são
mais evidentes durante os períodos em

Larva de Migdolus atacando tolete de cana.

que as plantas estão sujeitas a déficit
hídrico, quando é possível encontrar
números elevados de larvas junto às
touceiras atacadas. Os adultos também podem fazer orifícios nos toletes.
Por viver debaixo da terra e só sair na
superfície por um curto período de
tempo – para as revoadas de
acasalamento – a praga é difícil de ser
encontrada, o que prejudica seu controle. Os danos ao canavial são
irreparáveis: de queda da produtividade à perda da plantação.

Sintomas do ataque em cana planta.

Controle

Sintomas do ataque no canavial.

Larva de Migdolus fryanus.

Toletes de cana danificados pela larva. (Fonte - CTC).

O controle do besouro Migdolus é
difícil e trabalhoso devido ao desconhecimento do seu ciclo biológico, o que
impossibilita antever com exatidão o seu
aparecimento em uma determinada área,
a larva e mesmo os adultos passam uma
etapa da vida em grandes profundidades
no solo (2 a 5 metros), o que proporciona
a esse inseto uma substancial proteção
às medidas tradicionais de combate.
Apesar do modo de vida pouco peculiar desse inseto, o mesmo apresenta algumas características biológicas favoráveis ao agricultor, as quais devem
ser exploradas no sentido de aumentar
a eficiência do controle. Entre essas ca-

Sintomas do ataque em cana soqueira.

racterísticas merecem destaque as seguintes:
- a baixa capacidade reprodutiva
(cerca de 30 ovos por fêmea);
- a fragilidade das larvas no que se
refere a qualquer interferência mecânica no seu habitat;
- o curto período de sobrevivência
dos machos (1 a 4 dias);
- a ausência de asas funcionais nas
fêmeas, o que restringe, sobremaneira,
a disseminação.
O controle integrado do besouro
Migdolus fryanus consiste no emprego concomitante de três métodos: mecânico, químico e cultural.
Revista Canavieiros - Outubro de 2007

29
Pragas e Doenças

Controle Mecânico
O controle mecânico esta vinculado à destruição do canavial atacado e, nesse aspecto, dois pontos importantes devem ser considerados: a
época de execução do trabalho e os
implementos utilizados. Estudos da
flutuação populacional do Migdolus
mostraram que a época do ano, na
qual a maior porcentagem de larvas
se concentra nos primeiros 20 a 30
cm do solo, coincide com os meses
mais frios e secos, ou seja, de março
a agosto. Desse modo, do ponto de
vista do controle mecânico, a destruição das touceiras de cana, quando
efetuada nessa época, mesmo que

parcialmente, é muito mais efetiva.
Aliada à época de reforma, o tipo
de destruição também tem influência na
mortalidade das larvas. Experimentos
conduzidos em áreas infestadas revelaram que o uso de diferentes
implementos por ocasião da reforma do
canavial apresenta efeitos variados no
extermínio das larvas de Migdolus. A
grade aradora, passada apenas uma
vez, atinge níveis de mortalidade ao
redor de 40%, enquanto o uso de
eliminador de soqueira, modelo
Copersucar, pode reduzir a população
das larvas em mais de 80%.

Outros trabalhos executados em
condições de plantio comercial de
cana-de-açúcar confirmaram a eficiência do destruidor de soqueira no controle das larvas do Migdolus. Os mesmos estudos assinalaram também
bons resultados com o arado de aiveca,
não só no aspecto relativo à mortandade de larvas, mas também na eficiente destruição dos canais usados
pelas larvas na sua movimentação vertical durante o ano. Ainda no tocante
ao método de reforma dos canaviais,
alerta-se para a inconveniência do
emprego do cultivo mínimo nas áreas
infestadas com Migdolus.

Controle Químico
O método mais simples e pratico de
controle é o químico aplicado no sulco
de plantio. Essa forma de aplicação de
inseticidas tem revelado resultados promissores no combate a essa praga. Experimentos mostraram que o emprego
de inseticidas organoclorados
(Endosulfan 350 CE) apresentou reduções significativas na população e no
peso das larvas de Migdolus, quando
comparadas a uma testemunha não tratada. A aplicação desses produtos resultou na proteção das touceiras de
cana durante o primeiro corte da cultura, com aumentos na produção da ordem de 19 toneladas de cana por hectare. Os números mais expressivos de controle foram alcançados nas soqueiras
subseqüentes. Os acréscimos de produtividade registraram valores superiores a duas ou três vezes aos encontrados nas parcelas-testemunhas, como

conseqüência do uso de inseticidas.
Estudos com o inseticida Endosulfan
350 CE, mostraram um retorno econômico altamente significativo, tanto em doses isoladas como quando associado ao
nematicida Carbofuran 350SC. A produtividade média de três cortes, nas áreas
tratadas com Endosulfan 350 CE, na dosagem de 12 litros/ha, foi de 105 t/ha,
contra 46 t/ha obtidas nas parcelas testemunhas. Uma outra forma de controle
é a aplicação de inseticidas de longo
poder residual no preparo do solo, através de bicos colocados atrás das bacias do arado de aiveca.
Esse método, que implica no consumo de 300 a 1000 litros de solução
por hectare, apresenta a vantagem de
depositar o inseticida a aproximadamente 40 cm de profundidade, forman-

Arado de Aiveca acoplado com sistema de inseticida (Fonte - CTC)

do uma faixa protetora contínua. Os
resultados atuais de pesquisa recomendam o controle químico através do emprego do inseticida Endosulfan 350 CE,
aplicado no arado de aiveca na dosagem de 12 litros/ha, mais uma complementação com o inseticida Fipronil 800
WG, utilizado na dosagem de 250 g/ha,
colocado no sulco de plantio, no momento de cobertura da cana.

Controle Cultural
Consiste no uso de armadilhas com feromônio sintético, as quais capturam e matam os machos do besouro
Migdolus. Além do efeito de
controle dessas armadilhas,
deve-se ressaltar também a
possibilidade de monitorar
um grande número de fazendas, o que proporcionará, em
breve, antever ataque de larvas nas raízes.
30

Revista Canavieiros - Outubro de 2007

Pastilhas de feromônio, no controle de besouros machos Migdolus.

(fonte CTC)
Pragas e Doenças

Controle Biológico das
cigarrinhas-das-raízes
da cana-de-açúcar com o fungo
Metarhizium anisopliae
“É um controle barato, eficiente e com responsabilidade social.”

A

cana-de-açúcar colhida sem
queima é uma realidade em
todo o Estado de São Paulo. Com
isso, a cigarrinha-da-raíz (Mahanarva fimbriolata) tornou-se importante praga. As condições ambientais
favorecidas pela palha da cana não
queimada, como maior retenção de
umidade no solo e proteção das ninfas dos raios solares fizeram com
que este inseto se tornasse praga
pelos elevados níveis populacionais
que atinge quando não corretamente manejado.
O controle biológico com o fungo entomopatogênico Metarhizium
anisopliae vem se destacando como
principal método de controle, por
não ser agressivo ao meio ambiente
e por ser mais barato que o método
químico. A oviposição por fêmea de
cigarrinha é em média 300-350 ovos
no solo, próximos às raízes das touceiras. Nos meses mais secos e frios,
esses ovos entram em diapausa. Sua
ocorrência é de outubro a abril, surgindo com as primeiras fortes chuvas. A umidade do solo é fundamental para a sua proliferação. As ninfas
sugam a seiva das raízes e das radicelas, protegidas por uma espuma
branca. Ocorrem cinco mudas de pele
(ecdises). O ciclo médio é de 65-80
dias (ovos: 15-20 dias; ninfas: 35-40
dias; adultos: 15-20 dias). Ocorrem
até quatro gerações no ano.

Os principais danos vistos são:
plantas desnutridas, desidratadas e
ressecadas. Folhas com manchas
amareladas e posteriormente avermelhadas e secas. Os adultos injetam
toxinas nas folhas. A redução da área
verde da cana decorrente da sucção
pelas ninfas e adultos interrompe o
processo de fotossíntese, causando
atrofia da cana e encurtamento dos
entrenós (gomos), reduzindo o armazenamento do açúcar e podendo causar perdas agrícolas e industriais da
ordem de até 60%.

Os inimigos naturais desta praga
são de grande importância. A mosca
Salpingogaster nigra é considerada
a principal predadora de ninfas. Suas
larvas predam de 30 a 40 ninfas por
ciclo e ocorrem de 2 a 3 gerações por
geração da cigarrinha. O Batkoa apiculata é um fungo nativo exclusivo
de adultos.
Deixa o inseto fixo
nas folhas com as
asas abertas. Al-

gumas Usinas da região de Sertãozinho-SP
mostraram controles
de até 40% com
Batkoa em
levantamentos recentes.
É importante
frisar que
Leandro Aurélio Rossini
esta alta população de Engenheiro Agrônomo do departamento
técnico e comercial da Biocontrol
Batkoa aparece apenas em áreas onde foi aplicado Metarhizium, possivelmente pela
maior debilidade da
cigarrinha.
Sobre o nível de
controle, recomendase iniciá-lo quando
atingir uma população superior a 1 ninfa/metro linear de média no talhão e em
áreas historicamente
potenciais da praga.
Com este procedimento evitam-se
riscos de aumentos populacionais.
As ninfas começam a aparecer cerca
de 15-25 dias após o início das primeiras chuvas. O levantamento deve
ser feito com intervalos nunca superiores a 15 dias para variedades mais
susceptíveis e 30 dias para variedades menos susceptíveis, em 8 pontos/ha de 1 metro, totalizando 8 metros/ha.
Recomenda-se aplicar o Metarhizium somente ao entardecer e no período noturno, com alta umidade relativa (ideal 80%) para dar condições
excepcionais para a proliferação do
fungo e este causar a doença-verde
na cigarrinha, fazendo assim, o conRevista Canavieiros - Outubro de 2007

31
Pragas e Doenças

Espuma característica de toucera com
cigarrinha

Cigarrinhas mortas pelo fungo
Metarhizium após 10 dias

Ninfas na cana

Inimigos Naturais

Salpingogaster Nigra em fase de larva e na fase adulta

trole da praga. A aplicação tratorizada é a melhor opção por estar aplicando o produto de forma direcionada (concentrada) na base das touceiras. O fungo atua por contato. Da
aplicação até a morte do inseto levase de 4 a 7 dias e para que o inseto se
torne esverdeado, aproximadamente
10 a 14 dias.
O alto preço dos produtos químicos (10 a 20 vezes superiores ao biológico), o desequilíbrio biológico
causado pelas suas aplicações com
a morte de inimigos naturais e os elevados prejuízos que a cigarrinha-daraíz poderá causar aos canaviais; di-

recionam para a não economia em
doses do fungo Metarhizium anisopliae, para que este excelente agente de controle microbiano não seja
prejudicado. As doses normalmente
utilizadas variam de 1012 a 1013 conídios/ha. Doses menores (1012 conídios) para áreas de menor risco na
forma líquida tratorizada e doses maiores (1013 conídios) em canaviais
fechados ou áreas altamente infestadas ou com históricos anteriores de
ataques severos ou que utilizaram
produtos químicos em anos anteriores, preferencialmente na forma granulada em aplicação aérea. Essas
doses mais elevadas em áreas infestadas devem visar a
‘’saturação do ambiente”, chamada de
“aplicação inundativa”. Em anos posteriores essas áreas
certamente necessitarão de menores
doses.
Após inúmeras
visitas e contatos
com técnicos das empresas, acreditamos
que o “problema ci-

32

Revista Canavieiros - Outubro de 2007

Cigarrinha morta pelo fungo Batkoa

garrinha” existe, mas os níveis populacionais da “praga” encontrados, na
maioria dos casos, são baixos. Este fato
nos leva a crer que o controle biológico é a saída para a grande maioria. Levantamentos realizados mostram que
poucas são as áreas com infestações
superiores a 5 ninfas/ha, certamente
menos de 15% da cana crua cortada,
viabilizando a introdução do fungo
com o objetivo de reduzir a população
da cigarrinha e estabelecer o equilíbrio
biológico da área.
O comprometimento do produtor
de cana é fundamental para o sucesso no controle da cigarrinha. Sabemos que a propriedade tem inúmeras
outras prioridades como término de
safra, tratos culturais das soqueiras,
plantio de cana de ano entre outras,
mas novembro, dezembro até no máximo janeiro é a hora de se preocupar
com a cigarrinha.
O controle biológico não é poluente, não provoca desequilíbrios biológicos, é duradouro e aproveita o potencial biótico do agroecossistema,
não é tóxico para os homens e animais
e pode ser aplicado com máquinas convencionais com pequenas adaptações.
Informação

Adeus ao lampião
Programa do Governo Federal leva energia elétrica ao campo
Marcelo Massensini

A

partir de agora, a vida no campo pode ser mais confortável. Isso porque o Governo Federal,
através do Programa Luz Para Todos,
pretende levar energia elétrica a todos os consumidores residenciais,
comerciais e industriais localizados
em áreas rurais.
O programa atende a todos os
proprietários rurais, desde que a propriedade tenha uma residência, ou
uma área comercial ou industrial. Para
fazer parte do Luz Para Todos, o proprietário deve se dirigir até a agência
de atendimento CPFL mais próxima
de sua cidade, ou pelo telefone 0800
0 10 10 10. Após análise da solicitação, a eletricidade será ativada, sem
custos ao consumidor.

O Governo Federal lançou o Luz Para Todos em
novembro de 2003 e espera
levar energia elétrica para
mais de 10 milhões de pessoas do meio rural até 2008.
Para isso ele conta com um
orçamento de R$ 12,7 bilhões. R$ 9,1 bilhões virão
do Governo e o restante será
partilhado entre governos
estaduais e concessionária
de energia elétrica e cooperativas de eletrificação rural.
O projeto é coordenado pelo
Ministério de Minas e Energia com participação da Eletrobrás.
Se você, produtor rural, se encaixa neste perfil, vá até um dos postos

de atendimento e faça valer seus direitos. Além de conforto, a energia
elétrica pode aumentar os lucros de
sua propriedade.

Revista Canavieiros - Outubro de 2007
Legislação

Resolução SMA nº 42, de
26 de setembro de 2007

P

rezados produtores rurais, foi publicado no Diário
Oficial do Estado de 27 de Setembro de 2007, a Resolução SMA (Secretaria do Meio Ambiente) nº 42/2007, que institui o Projeto Estratégico Mata Ciliar dá Outras Providências,
assinada pelo Secretário do Meio Ambiente do Estado de São
Paulo, Francisco Graziano Neto.
Dentre as várias atribuições que referida resolução traz,
nos chama atenção o artigo 3º, que assim dispõe:
“Artigo 3º - Visando assegurar que as restrições legais incidentes sobre as áreas ciliares, conforme definidas no Código Florestal, sejam efetivamente observadas,
os proprietários ou possuidores de áreas rurais deverão
encaminhar à SMA comunicação informando que as áreas ciliares em suas propriedades ou posses encontram-se
delimitadas e protegidas de modo a permitir a regeneração natural, observando-se os seguintes prazos:
I. Para as propriedades canavieiras, as comunicações de áreas ciliares deverão ser entregues juntamente
com os requerimentos para queima previstos na Resolução SMA 12 de 11 de março de 2005 ou com os Planos de
Ação previstos nos Protocolos Agro-ambiental no âmbito do Projeto Etanol Verde.
II. Até 30 de abril de 2008 para propriedades ou posses rurais com área igual ou superior a 2.000 (dois mil)
ha, áreas exploradas por empresas florestais do setor de
papel e celulose e áreas marginais a reservatórios administrados por empresas de energia e saneamento;
III. Até 30 de setembro de 2008 para propriedades ou
posses rurais com área de 500 (quinhentos) até 2.000
(dois mil) ha;
IV. Até 30 de setembro de 2009 para propriedades ou
posses rurais com área de 200 (duzentos) até 500 (qui-

nhentos) ha;
§ 1º: As comunicações poderão ser
encaminhadas individualmente ou em
grupos de propriedades, agregadas em
microbacias, cooperativas, associações
ou outras formas de organização.
§ 2º: A Coordenadoria de Licenciamento Ambiental e Proteção de
Juliano Bortoloti - Advogado
Recursos Naturais - CPRN da SMA
Departamento Jurídico Canaoeste
definirá os procedimentos para o envio das comunicações, prevendo-se o georeferenciamento ou sistema equivalente passível de mapeamento e fiscalização ambiental.
§ 3º: Os proprietários ou possuidores de áreas rurais
poderão optar por efetuar a comunicação de que trata o
caput por meio da inscrição das áreas ciliares no Banco
de Áreas Disponíveis para Recuperação Florestal instituído pela Resolução SMA 30 de 11 de junho de 2007".
Verifica-se, pela referida resolução, que todo produtor rural deverá entregar à Secretaria Estadual do Meio Ambiente,
“comunicação informando que as áreas ciliares em suas propriedades ou posses encontram-se delimitadas e protegidas
de modo a permitir a regeneração natural”, observados alguns prazos de acordo com o tamanho da propriedade rural.
Porém, o produtor de cana-de-açúcar, independente do tamanho de seu imóvel ou posse rural, deverá encaminhar sua
comunicação juntamente com os requerimentos para queima
previstos na Resolução SMA nº 12, de 11 de março de 2005, ou
seja, até 02 de abril de 2008, ou, ainda, juntamente com os
Planos de Ação previstos nos Protocolos Agro-ambiental no
âmbito do Projeto Etanol Verde, que ainda não foi feito entre o
Governo e os fornecedores independentes.

Ada – ato declaratório ambiental

C

onforme apurado, a entrega do
ADA 2007 - Exercício 2007,
foi prorrogada até o dia 30 de novembro de 2007 (fonte: www.ibama.gov.br/
adaweb/).
Como já afirmado n’outras edições, o
ADA (Ato Declaratório Ambiental), é uma
declaração da situação ambiental da propriedade rural, onde será informado OBRIGATORIAMENTE ao IBAMA(Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), as áreas de preservação permanente, reserva legal e outras áreas de proteção ambiental (área de
reserva particular do patrimônio natural,
34

Revista Canavieiros - Outubro de 2007

área de declarado interesse ecológico, área
com plano de manejo florestal, área com
reflorestamento), caso existam no imóvel
rural e desde que declaradas no DIAT
(Distribuição da Área do Imóvel Rural),
entregue quando do preenchimento da
DITR (Declaração do Importo Territorial
Rural). Tal declaração possibilita a redução do pagamento do ITR (Imposto Territorial Rural) em até 100% de seu valor.
Ressaltamos, ainda, que o envio do
ADA a partir do exercício 2007, é feito
por meio eletrônico, via internet (ADAweb), através do site www.ibama.gov.br/
adaweb/.

No preenchimento eletrônico do
ADA ou em caso de retificação, deve-se
observar fielmente o que foi declarado
no formulário do DITR, protocolizado
perante a Secretaria da Receita Federal,
pois as informações ali contidas devem
guardar relação com as que forem prestadas no ADA, tendo em vista que, visando um maior controle administrativo
das propriedades rurais, o IBAMA começou a cruzar suas informações com a
Receita Federal e o INCRA – Instituto
Nacional de Colonização e Reforma
Agrária, responsáveis pelo controle e
recolhimento anual do ITR.
Repercutiu
“Por que, então, tantos comentários negativos sobre um
país que produz energia renovável, que polui menos o meio
ambiente e está em fase de desenvolvimento? A resposta é
simples. Trata-se, portanto, de uma verdadeira guerra comercial, que envolve não apenas um mercado multibilionário,
mas também grandes interesses de outras potências que
não hesitam em utilizar-se dos mais variados recursos em
favor dos seus interesses. Basta observarmos as recorrentes tentativas dos EUA e da União Européia em incluir temas como meio ambiente e direitos humanos na pauta de
negociações comerciais com países em desenvolvimento,
como o Brasil”.
Trecho do discurso do presidente da Copercana,
Cocred e da Agrocana, Antônio Eduardo Tonielo, que foi
ovacionado na abertura do IX Fórum Internacional sobre
o Futuro do Álcool, em Sertãozinho.

“Nós somos os melhores em tecnologia para
a extração de etanol da cana-de-açúcar. Portanto essa é a única vez na nossa história que
nós poderemos dominar um processo.”
Roberto Rodrigues, ex-ministro da agricultura e atual coordenador do Centro de
Agronegócio da FGV, durante o mesmo Fórum,
em Sertãozinho.

“Se eu disser que está tudo bem nessa relação da produção com o
ambiente não estarei sendo justa, mas reconheço que muitos do setor
têm desempenhado papel importante na defesa ambiental.”
A ministra do meio-ambiente, Marina Silva, durante o Fórum
que abriu a Fenasucro e Agrocana 2007.

O presidente da Unica,
Marcos Jank. Segundo ele,
as usinas sucroalcooleiras
poderiam ampliar os atuais
2.000 MW de capacidade
instalada de geração de
energia para 9.600 MW em
2015, o que corresponderia
a duas vezes a geração de
Itaipu ou 15% da energia
consumida no País.

“Os biocombustíveis
são uma opção. O etanol
e o biodiesel podem oferecer muitas oportunidades a países emergentes,
podem gerar emprego e
renda e favorecer a agricultura familiar, além de
equilibrar a balança comercial”.

Foto: Ag. Brasil

“Nós podemos cobrir o
risco de ‘apagão’, mas precisamos que haja uma
valoração desse trabalho”.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em seu discurso na abertura da 62ª Assembléia Geral da ONU em Nova York, nos Estados Unidos.
Revista Canavieiros - Outubro de 2007

35
Cultura

Cultivando
a Língua Portuguesa
Esta coluna tem a intenção de maneira didática,
esclarecer algumas dúvidas a respeito do português

Biblioteca
“GENERAL ÁLVARO
TAVARES CARMO”
"MANUAL DE GESTÃO DAS COOPERATIVAS
UMA ABORDAGEM PRÁTICA"
Djalma de Pinho Rebouças de Oliveira

1) “INAUGURA” hoje o famoso restaurante!!!
Será? Com o Português de forma incorreta talvez seja melhor
transferir a inauguração.
Renata Carone
Sborgia*
Por que?
Prezado amigo leitor, alguma coisa SE INAUGURA e não inaugura apenas
(sem a partícula SE).
Ex.: INAUGURA-SE (e não inaugura) hoje o famoso restaurante!!!
A festa esperada inaugura-se (e não inaugura) no próximo sábado.
2) Ele não foi “INCLUÍDO” na lista de convidados...
Uma pena.
Vamos esclarecer a dúvida entre INCLUÍDO e INCLUSO:
INCLUÍDO—usar para expressar uma ação, deve ser usado tanto com os
verbos TER e HAVER como com os verbos SER e ESTAR.
Ex.: Tinha(ou Havia) incluído.
Foi (ou estava) incluído.
Prefira INCLUSO para usá-lo como adjetivo.
Ex.: autos inclusos (autos-substantivo e inclusos-adjetivo)
documentos inclusos (documentos-substantivo e inclusos-adjetivo)
causas inclusas (causas-substantivo e inclusas-adjetivo)
3) Pedro “INTERVIU” na briga.
Pedro, confusão também com o Português!
O correto é INTERVEIO.
O verbo INTERVIR é derivado do verbo VIR.
Ex.: Pretérito Perfeito Simples (passado simples)
Verbo Vir - Verbo Intervir
Eu vim- Eu intervim
Tu vieste - Ele intervieste
Ele veio - Ele interveio
Nós viemos - Nós interviemos
Vós viestes - Vós interviestes
Eles vieram - Eles intervieram
Dica: observe que só acrescentou no verbo intervir o “inter” no “começo”
da conjugação.
* Advogada e Prof.ª de Português e Inglês
Mestra—USP/RP, Especialista em Língua Portuguesa, Consultora de Português, MBA
em Direito e Gestão Educacional, Escreveu a Gramática Português Sem Segredos (Ed.
Madras) com Miriam M. Grisolia

36

Revista Canavieiros - Outubro de 2007

O

segmento da economia representado pelas
cooperativas é um dos que mais têm crescido no mundo e no Brasil. Entretanto, esse crescimento pode estar, em alguns casos, sendo realizado
de forma não sustentada, consolidando uma situação problemática para o sistema cooperativista brasileiro. Essa sustentação pode estar baseada na análise e no conhecimento dos negócios das cooperativas, na evolução de seus mercados, na capacitação
profissional de seus executivos e funcionários, mas
também - e principalmente - nos modelos de gestão
aplicados pelas cooperativas, quer seja ou não de
forma explícita e estruturada.
É nessa questão do modelo de gestão das cooperativas que este livro apresenta uma contribuição que pode ser maior ou menor, dependendo da situação de absorção pela cooperativa - para que o sistema cooperativista possa consolidar-se, inclusive,
como negócio de sucesso.
Livro básico para a complementação e a abordagem pratica e específica, em um segmento da economia brasileira, nas disciplinas de planejamento estratégico, estrutura organizacional, organização e métodos e processo diretivo, bem como teoria geral da
administração. Livro-texto para os cursos de
cooperativismo. Leitura fundamental de atualização e reciclagem profissional para conselheiros, executivos e funcionários de organizações
cooperativistas e cooperativas, bem como cooperados que pretendam ter uma postura mais interativa
com suas cooperativas.
Os interessados em conhecer as sugestões de leitura da Revista Canavieiros podem procurar a Biblioteca da Canaoeste, na Rua Augusto Zanini,
nº1461 em Sertãozinho, ou pelo telefone (16)39463300 - Ramal 2016
Agende-se
Novembro

de 2007

Simpósio Estadual de Agroenergia - 1ª Reunião
Técnica Anual de Pesquisa de Agroenergia - RS
Data: 06 a 08 de novembro de 2007
Local: Embrapa Clima Temperado - Pelotas - RS
Temática: A Embrapa Clima Temperado, a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária - FEPAGRO e a EMATER,
reconhecendo a relevância da agroenergia como nova plataforma para a agroindústria riograndense promovem o
Simpósio Estadual de Agroenergia e a 1ª Reunião Técnica
Anual de Agroenergia, entre 6 e 8 de novembro de 2007, em
Pelotas, nas dependências da Embrapa Clima Temperado.
Mais Informações: (53) 3275 -8147

Curso Intensivo de Viveiros e Produção de Mudas
Data: 07 a 09 de novembro de 2007
Local: Embrapa Florestas - Estrada da Ribeira, km 111 Colombo - PR
Temática: O curso tem como objetivo capacitar, de forma teórica e prática, profissionais da área de produção de
mudas e demais interessados, para o planejamento e implantação de viveiros e para a aplicação de diferentes técnicas de propagação e produção de mudas de plantas
arbóreas. Bem como adquirir e/ou atualizar conhecimentos
nas técnicas e processos utilizados na propagação de plantas e produção de mudas.
Mais Informações: (41) 3675-5634

6º Congresso Brasileiro de Turismo Rural
Data: 08 a 11 de novembro de 2007
Local: Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"
- ESALQ/USP - Piracicaba - SP
Temática: O objetivo do Congresso é fazer uma apresentação e uma discussão de trabalhos originais sobre o
assunto, além de promover a sistematização de informações, experiências e recomendações no âmbito do turismo
no espaço rural brasileiro.
Mais Informações: (19) 3417-6604

Workshop sobre Adequação Ambiental e Técnicas de Recuperação de Áreas Degradadas
Data: 12 a 13 de novembro de 2007
Local: Anfiteatro do Pavilhão de Engenharia da ESALQ/
USP - Piracicaba - SP

Temática: O evento é voltado a profissionais do setor
agrícola e ambiental visando atualização nas técnicas de
restauração florestal e políticas públicas relacionadas ao
mesmo. Estudantes de graduação e pós-graduação em ciências agrárias e ambientais. Entidades públicas e privadas
e terceiro setor.
Mais Informações: (19) 3417-6604

Curso de Análise de Mercado Físico e Futuro de Milho
Data: 21 de novembro de 2007
Local: São Paulo - SP
Temática: O encontro tem, como principal objetivo,
reavaliar os novos parâmetros de formação de preço e tendências na comercialização brasileira e mundial, combinando as ações junto com operações de mercado futuro. Destina-se a produtores, operadores, traders, corretores e qualquer profissional que esteja envolvido na administração
rural e na comercialização das principais commodities
agropecuárias
Mais Informações: (51) 3224-7039

Reunião Itinerante de Fitossanidade do
Instituto Biológico Cana-de-açúcar
Data: 22 de novembro de 2007
Local: Sertãozinho - SP
Temática: Com 200 vagas, a reunião é voltada para agrônomos, técnicos agrícolas e empresários do setor canavieiro.
Mais Informações: (19) 3252-2942

Curso de Análise Fundamental e Introdução
a Comercialização de Soja
Data: 22 de novembro de 2007
Local: Curitiba - PR
Temática: O encontro tem como objetivo básico dar subsídios introdutórios, através da analise fundamentalista, ao
entendimento do processo de comercialização da soja no
Brasil. A abordagem será feita tendo sempre a ótica do mercado, envolvendo as duas pontas do processo, ou seja, a produção e o consumo, destacando os principais pontos de
composição da oferta e da demanda a nível mundial e nacional, e sua interpolação com o processo de negociação.
Mais Informações: (51) 3224-7039

Revista Canavieiros - Outubro de 2007

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Revista Canavieiros - Outubro de 2007: Mecanização da colheita, entrevista com presidente da Unica e mais
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  • 1. Revista Canavieiros - Outubro de 2007
  • 2. Revista Canavieiros - Outubro de 2007
  • 3. Editorial O produtor e a mecanização A colheita mecanizada da canade-açúcar já é uma realidade. Várias Usinas já aderiram ao Protocolo Agroambiental que prevê, entre outras medidas, a antecipação do prazo final para a eliminação da queima nos terrenos com declividade até 12% de 2021 para 2014, adiantando o percentual de cana não queimada, em 2010, de 30% para 70%. Para as áreas com declividade maior, o prazo anterior, de 2031, foi reduzido para 2017 e daqui a três anos, 30% da colheita têm de ser feita mecanicamente. Em áreas novas de plantio, a queima está proibida já a partir do dia 1º de novembro. Devido aos novos prazos, somente nesta safra, mais 70% da cana plantada na região de Ribeirão Preto foi cortada mecanicamente. Essas medidas também têm aquecido o mercado de colheitadeiras de cana. Os fabricantes já vendem máquinas para entregar somente na próxima safra. Com toda essa mudança, é preciso que o produtor independente de cana esteja preparado para a colheita mecanizada. Por isso, além da reportagem de capa sobre o aumento da colheita mecanizada, a Revista Canavieiros traz um artigo técnico de dois pesquisadores do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) para tirar todas as dúvidas e desmistificar o processo de colheita de cana crua. O entrevistado desta edição é o presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Marcos Sawaya Jank. Segundo ele, agora é o momento propício para investir em pesquisas e, principalmente, em sustentabilidade sócio-ambiental. Jank fala ainda sobre a baixa nos preços do açúcar e álcool, da necessidade de unificação da alíquota do ICMS e da implantação de escritórios da Unica nos EUA, Europa e Ásia. A Revista traz ainda dois artigos na editoria Ponto de Vista: um deles intitulado "Álcool: potencialidade e ris- cos" escrito pelo auxiliar de planejamento e controle da Canaoeste, Almir Torcato e outro escrito pelos pesquisadores do PENSA-RP, Marcos Fava Neves e Marco Antônio Conejero, sobre o cenário sócio-cultural e seu impacto no setor canavieiro. Nas páginas da Copercana, você encontra o balanço da Fenasucro & Agrocana 2007 e tudo que aconteceu no estande do sistema Copercana, Canaoeste e Cocred durante a Agrocana. O gerente de comercialização de implementos e calcário da Uname fala da implantação do poço artesiano na Unidade de Grãos e sobre a contratação de uma empresa para manter a qualidade da água usada na Unidade. Nas notícias Canaoeste, o associado confere o calendário do novo ciclo de Reuniões Técnicas da Canaoeste e o encontro do presidente da associação, Manoel Ortolan, com comitivas de estrangeiros, interessados na produção de cana-de-açúcar. Por fim, na editoria da Cocred, o leitor conhece a agência Cocred de Pontal e o balanço do Cocred em Ação, também realizado em Pontal, no dia sete de outubro. O destaque deste mês fica o IX Fórum Internacional Sobre o Futuro do Álcool, que aconteceu em Sertãozinho, no primeiro dia da Fenasucro & Agrocana. O engenheiro agrônomo da filial da Canaoeste de Pitangueiras fala, em seu artigo, sobre uma praga que assusta produtores da região: os Migdolus. Já Leandro Rossini, também engenheiro agrônomo, tira as principais dúvidas sobre o controle biológico da cigarrinha-da-raíz. Além disso, a Revista traz o artigo jurídico do Dr. Juliano Bortoloti e os prognósticos climáticos do Dr. Oswaldo Alonso. E mais: dicas de português, indicação de livros, agenda de eventos, repercutiu e classificados. Boa Leitura! Conselho Editorial Revista Canavieiros Outubro de 2007 Revista Canavieiros -- Outubro de 2007 03
  • 4. Indice EXPEDIENTE Capa CONSELHO EDITORIAL: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Mecanização do corte: O produtor precisa estar preparado Com a antecipação do prazo para o fim da queima, os fornecedores de cana precisam estar organizados para preparar o canavial e analisar a aquisição de equipamentos Pag. Pag. OUTRAS DESTA DESTA QUES CONSECANA Entrevista Pag. 14 Marcos Sawaya Jank DESTAQUE Presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar) Pag. Pag. 05 Ponto de vista Almir A. Torcato Álcool: potencialidade e riscos INFORMAÇÕES Pag. SETORIAIS 26 PRAGAS E DOENÇAS 3 1 CIGARRINHA LEGISLAÇÃO Pag. 34 Pag. REPERCUTIU 11 14 Canaoeste Canaoeste recebe produtores de cana da Bolívia e da Angola Pag. CULTURA Pag. 36 AGENDE-SE Pag. 37 COLABORAÇÃO: Marcelo Massensini COMERCIAL E PUBLICIDADE: Artur Teixeira: (16) 3946-3311 revistacanavieiros@copercana.com.br TIRAGEM: 8.500 exemplares A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Cocred. As matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. 38 Pragas e Doenças Revista Canavieiros - Outubro de 2007 IMPRESSÃO: São Francisco Gráfica e Editora CLASSIFICADOS Pag. Pag. Migdolus! Uma realidade na região de Pitangueiras/SP DEPARTAMENTO DE MARKETING E COMUNICAÇÃO: Ana Carolina Paro, Artur Teixeira, Carla Rossini, Daniel Pelanda, Giselle Mariano, Letícia Pignata, Marcelo Massensini, Rafael Mermejo, Roberta Faria da Silva, Talita Carilli. ISSN: 1982-1530 16 Cocred Cocred em Ação faz sucesso em Pontal Agência Pontal: excelência em atendimento 04 FOTOS: Carla Rossini Marcelo Massensini 35 08 08 Copercana Fenasucro & Agrocana 2007: Copercana recebe clientes e cooperados durante Agrocana Notícias 24 Pag. Pag. Pag. Notícias Pag. PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Rafael H. Mermejo Pag. Planejamento e Controle Canaoeste Formando em Comércio Exterior Centro Univ. Barão de Mauá Notícias 20 EQUIPE DE JORNALISMO: Carla Rossini – MTb 39.788 Cristiane Barão – MTb 31.814 28 Pag. Pag. ENDEREÇO DA REDAÇÃO: Rua Dr. Pio Dufles, 532 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-680 Fone: (16) 3946 3311
  • 5. Entrevista Marcos Sawaya Jank Presidente da Unica - União da Indústria de Cana-de-açúcar Perfil: Marcos Sawaya Jank, 44, presidente da Unica - União da Indústria de Cana-de-Açúcar; graduado em Engenharia Agronômica e livre docente pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz da Universidade de São Paulo (ESALQ-USP). Ex-Presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), é mestre em Política Agrícola pelo IAM Montpellier (França) e doutor pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP. De 2001 a 2002, trabalhou no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington DC e atuou como professor visitante nas universidades de Georgetown, Missouri-Columbia, Quebec-Montreal, Calgary, Western Ontario e York. O momento é de investir em pesquisas e sustentabilidade socio-ambiental Carla Rossini A afirmação é do presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar), Marcos Sawaya Jank que concedeu entrevista por e-mail a redação da Revista Canavieiros. Marcos falou sobre o momento histórico de preços muito baixos de açúcar e álcool que o setor sucroalcooleiro está atravessando, causado por um desequilíbrio entre a oferta e demanda dos produtos. Apesar disso, ele acredita na importância dos biocombustíveis na matriz energética do planeta, o que coloca o Brasil em evidência. O executivo aponta como possível solução para os preços baixos o estimulo ao crescimento do mercado interno e a abertura de novos mercados. No caso do mercado interno, pela primeira vez está sendo realizada uma campanha de comunicação em todo o país para incentivar o uso de álcool nos carros flex. Ele afirma que é preciso "unificar a alíquota do ICMS em todo o território nacional, estabelecendo um tratamento para os combustíveis renováveis semelhante ao hoje conferido ao óleo diesel e ao gás natural veicular". Para aumentar a demanda internacional de álcool, a UNICA estará implantando nos próximos seis meses uma estrutura de três escritórios no exterior, localizados nos EUA, Europa e Ásia. Confira a íntegra da entrevista. Revista Canavieiros - Outubro de 2007 05
  • 6. Entrevista Revista Canavieiros: Como o seRevista Canavieiros: Há perspecRevista Canavieiros: Com o aunhor vê o momento pelo qual está pas- tivas de mudanças na produção de mento na oferta, como as usinas essando o setor sucroalcooleiro? álcool, uma vez que a atual produ- tão se organizando para a estocagem Marcos Jank: A curto prazo temos ção é maior do que a demanda? de etanol? um desequilíbrio de oferta e demanda, Como solucionar esse problema? Marcos Jank: O setor tem capacié um momento histórico de preços Marcos Jank: Na safra passada a dade de armazenar 70% da produção muito baixos de açúcar e álcool. Porém produção total somou 17,7 bilhões de anual, por isso mesmo com o aumento de uma forma mais ampla este é um mo- litros, a demanda interna atingiu 14 bi- na oferta, não há problema de armazemento muito especial para o setor, que lhões de litros e as exportações soma- nagem. está em evidência pela importância dos ram 3,6 bilhões de litros do combustível. biocombustíveis na matriz energética Para solucionar esse problema, precisaRevista Canavieiros: Os EUA endo planeta, contribuindo para a redu- mos estimular o crescimento do merca- frentam, como o Brasil, problemas ção do aquecimento global. Esta bus- do interno e abrir novos mercados. No com o “boom” do etanol e queda nos ca mundial por combustípreços devido ao aumenveis renováveis, que irá "Acredito que o Brasil tem todas as condições de to na produção. Há riscos expandir-se pela pressão de crise, como a que aconocupar um papel de liderança no crescimento da dos consumidores e dos teceu no Brasil em 99? agroenergia no mundo, seja pela nossa vasta governos, representa uma Marcos Jank: Não. O grande oportunidade para disponibilidade de recursos naturais (terra, água, mercado tem capacidade o setor, não só de exporpara consumir toda a oferclima), seja pelo amplo domínio tecnológico tação de etanol mas da ta. Precisamos continuar o sobre a cana-de-açúcar, a melhor planta para se tecnologia que desenvoldiálogo com o governo para produzir açúcar, etanol e eletricidade de forma vemos nos últimos 30 buscar a isonomia do ICMS competitiva e sustentável". anos. É um momento tame estimular a demanda. bém de investimentos em pesquisas e sustentabilidade socio- caso do mercado interno, pela primeira Revista Canavieiros: Como os proambiental, com a crescente mecaniza- vez lançamos uma campanha de comu- dutores de cana podem conciliar proção e o uso da bioeletricidade, utili- nicação em todo o país para incentivar o dução x meio-ambiente? zando a biomassa disponível na pró- uso de álcool nos carros flex. Porém preMarcos Jank: O Brasil tem uma pria usina. Acredito que o Brasil tem cisamos também unificar a alíquota do grande fração do território em conditodas as condições de ocupar um pa- ICMS em todo o território nacional, es- ções de sustentar economicamente a pel de liderança no crescimento da tabelecendo um tratamento para os com- produção agrícola, mantendo ainda agroenergia no mundo, seja pela nos- bustíveis renováveis semelhante ao hoje grandes áreas de florestas com difesa vasta disponibilidade de recursos conferido ao óleo diesel e ao gás natural rentes biomas. A UNICA incentiva a naturais (terra, água, clima), seja pelo veicular. Para aumentar a demanda inter- adesão das unidades produtivas ao amplo domínio tecnológico sobre a nacional de álcool a Unica estará implan- Protocolo Agroambiental do Setor Sucana-de-açúcar, a melhor planta para tando nos próximos seis meses uma es- croalcooleiro, assinado com o Goverse produzir açúcar, etanol e eletricida- trutura de três escritórios no exterior, lo- no do Estado de São Paulo, que antede de forma competitiva e sustentável. calizados nos EUA, Europa e Ásia. cipa o fim da queima da cana de 2021 para 2014 nas áreas mecanizáveis e de 2031 para 2017 em áreas não-mecanizáveis. Já temos cerca de 60 usinas que aderiram ao protocolo. Uma das diretivas técnicas do protocolo é a proteção das áreas de matas ciliares nas propriedades com cana-de-açúcar. Além disso, outra diretiva do protocolo prevê a recuperação da vegetação de matas ciliares exclusivamente ao redor das nascentes, na proporção de 10% ao ano. A Unica tem como preocupação a sustentabilidade tanto nas questões ambientais como sociais. Por essa razão, vamos iniciar um programa de requalificação de mão-de-obra no setor para funções como tratorista, caldeireiro, visando aproveitar parte da mão-de-obra que estará disponível 06 Revista Canavieiros - Outubro de 2007
  • 7. após a mecanização. Teremos 50 mil novos empregos no plantio/colheita e 20 mil novos empregos na indústria sucroalcooleira em 2020. Revista Canavieiros: A UNICA divulgou recentemente que vai expandir sua área de atuação. Qual é o objetivo dessa expansão e como esse processo deve acontecer? Marcos Jank: A UNICA estará implantando nos próximos seis meses uma estrutura de três escritórios no exterior, onde teremos pessoas locais para defender a indústria da cana, combatendo mitos e esclarecendo dúvidas na Europa, EUA e Ásia, estaremos presentes nos debates junto a governos, ONGs, setor privado e mídia. O objetivo é promover e melhorar a imagem do etanol e do Setor Sucroalcooleiro brasileiro no mundo para abrir novos mercados. A UNICA já conta com um representante em Washington, Joel Velasco, pretende ter o representante em Bruxelas até o final do ano e na Ásia no início de 2008. 08 Marcos Jank (presidente Unica) e Manoel Ortolan (presidente Canaoeste) durante o IX Fórum Internacional sobre o Futuro do Álcool Revista Canavieiros: Quais são os cenários futuros para a exportação do açúcar e álcool brasileiros? Marcos Jank: Acreditamos que o Brasil continuará exportando muito açúcar, mas, desta vez, dividindo a liderança com a Índia. Já o álcool deve ganhar mais espaço no exterior – principalmente Estados Unidos, Europa, Japão e China - como fruto da pressão dos consumidores e dos governos por combustíveis renováveis. Revista Canavieiros: Como o senhor vê a parceria entre os produtores independentes de cana e os usineiros? Marcos Jank: Acredito que essas parcerias trazem resultados para os dois lados, já que o produtor independente recebe mais pelas terras e os empresários do setor ganham mais alternativas de fornecimento. Revista Canavieiros - Outubro de 2007 07
  • 8. Ponto de Vista Álcool: potencialidade e riscos Almir A. Torcato Planejamento e Controle Canaoeste Formando em Comércio Exterior - Centro Univ. Barão de Mauá N o atual quadro de globalização, o Brasil hoje dispõe de um "combustível verde", renovável, de menor impacto em relação ao efeito estufa, tornando-se assim, um poderoso instrumento de preservação ambiental. Por esses motivos o país tem recebido atenção internacional nos últimos anos, já que além da redução da oferta de petróleo no mundo, a utilização do combustível ser menos poluente. Toda a história começa com o Programa Nacional do Álcool - PROÁLCOOL, hoje com mais de 30 anos, buscando reduzir a dependência do petróleo, face aos altos preços, foi uma tentativa para melhorar a economia nacional, que passava por grandes dificuldades na época. Mesmo com crítica situação econômica, o PROÁLCOOL não surtiu o efeito esperado, mas trouxe um forte crescimento da indústria nacional sucroalcooleira. A crescente redução da oferta de petróleo, inclusive intensificada pelos acordos ambientais, propicia ao álcool a transformar-se em uma commodity energética. O Brasil conta hoje com o bioetanol mais barato do mundo, se comparado aos outros biocombustíveis, onde a produção de um litro de álcool proveniente de cana-de-açúcar é mais barata que os provenientes de outras matérias primas, além de reunir condições de solo e clima inigualáveis. Maiores são os custos de produção do bioetanol nos Estados Unidos, no Canadá, na Polônia e na União Européia segundo dados da OECD - Orgazination for Economic Co-operation Development, que pode ser acessada pelo site: www.oecd.org. * Valores considerados sem subsídios estadual e federal. Todavia dispomos de um bom produto para ofertar aos demais países, que, se pretenderem usar combustível limpo, a indústria brasileira é uma das que deterá as melhores condições para fornecimento em maior escala. O ideal seria, realmente, transformar o etanol em uma commodity energética internacional, tal como o petróleo, que para tanto, é necessário incentivar outros países a tornarem-se produtores deste biocombustível, porém, com especificações técnicas e certificações para o produto. Espera-se que mesmo incentivando outros participantes, o Bra08 Revista Canavieiros - Outubro de 2007 sil tem a ganhar com o aumento do mercado externo, vendendo conhecimento e tecnologia, que foram conquistados durante todo esse tempo. As promessas brasileiras sobre o combustível limpo, renovável, são consistentes, mas estamos um tanto distantes de tornar o Brasil um pólo de exportação do etanol. Em primeiro lugar, ainda não contamos com excedentes significativos para exportar. Quase toda a produção é para consumo interno. Atualmente, tal qual os EUA, o Brasil é o um dos países a utilizar o etanol em larga escala, diferentemente dos demais. A exportação de álcool com- bustível é pequena e, o mercado mais expressivo são os Estados Unidos e o Japão. Essas duas tabelas mostram significativo acréscimo nas importações de álcool brasileiro pelos Estados Unidos, que em 2006 cresceu quase
  • 9. Ponto de Vista sete vezes em relação a 2005. E que provavelmente, motivos não faltarão para manter esses patamares, uma vez que os EUA busca uma redução de consumo e da dependência de petróleo mundial. A produção mundial de álcool está hoje concentrada nas Américas, segundo trabalho feito pela UNICA, oferece cerca de três quartos do total anual ofertado. Estados Unidos e Brasil são os maiores produtores mundiais e o Brasil, o maior exportador. É valido o benefício ao planeta Terra, com a utilização de biocombustiveis - bioetanol, mas vale lembrar que quando se trata de abastecimento mundial, os países compradores sempre se apoiarão em vários países fornecedores, pois o consumo projetado é muito alto e será crescente. Com o aumento de projetos de novas unidades produtoras, haverá significativo aumento na produção, que condiciona a busca de novos mercados de etanol. As dificuldades de logística para a exportação do álcool ainda são grandes, este é o conhecido custo Fonte: UNICA Brasil, que embora compensado pelo baixo custo na produção reduz a competitividade do nosso país. Com o aumento de unidades industriais, as atenções estarão voltadas ao Brasil, criando projetos que viabilizem ou minimizem as dificuldades de escoamento do álcool, como alcooldutos, utilização de ferrovias e adequação dos portos. Resumindo: O Brasil, em termos de produção, está preparado para aumentar sua participação no mercado externo como fornecedor de álcool, porém esforços privados e públicos deverão ser voltados para facilitar esse escoamento. Vários fatores beneficiam os produtores brasileiros em relação aos outros países, tais como: condições climáticas favoráveis, baixos preços da terra, elevados investimentos em tecnologia e desenvolvimento de variedades mais produtivas; o segundo fator, é que a existência de terras cultiváveis no Brasil, são suficientes para expandir a produção de etanol em proporções inimagináveis para os demais paises; o terceiro importante fator, é que o mercado de etanol brasileiro, não depende de subsídios do governo. 9
  • 10. Ponto de Vista O cenário socio-cultural e seu impacto no setor canavieiro Marcos Fava Neves* Marco Antonio Conejero* N o terceiro artigo dessa série, vamos agora focar em alguns direcionadores sócio-culturais e seu impacto no setor canavieiro como um todo. Dentro de um sistema agroindustrial, o elo final e mais importante, aquele que direciona toda a dinâmica evolutiva do processo de produção de alimentos, fibras e bioenergia, é o consumidor final. Assim, na conjuntura atual, as empresas precisam estudar e acompanhar os hábitos (cultura), tradição, envolvimento e emoção, e confiança do consumidor, aspectos importantes na escolha dos alimentos e biocombustíveis. Como o consumidor é que tem o poder de decisão, ele exige maior conveniência e variedade de produtos, responsabilidade social e ambiental das empresas, modo de produção sustentável, mais segurança do alimento, biogenética, ingredientes funcionais, alimentos mais naturais, certificações e selos de origem, e comércio justo (fair trade). Apesar de tudo, um "apelo" ao consumidor chama a atenção por envolver um conceito mais amplo. Trata-se de um fenômeno ocorrido nos últimos dez anos, que foi a transição do foco apenas no meio ambiente para um foco mais abrangente, mais subjetivo e mais complicado, do qual o meio ambiente faz parte, chamado sustentabilidade. Para muitos consumidores, não basta apenas o produto ser "verde"; o modo de produção deve ser sustentável. Este conceito foi "apelidado" de 3Ps da sustentabilidade: People (pessoas), Profit (lucro), Planet (planeta): a preocupação que as organizações devem ter com as pessoas envolvidas direta e indiretamente com o negócio, o lucro que garante a continuidade do investimento pela atratividade e, finalmente, a pre10 Revista Canavieiros - Outubro de 2007 ocupação com o meio ambiente. Nessa ótica da sustentabilidade, vamos a um exemplo concreto. Todos os agentes, do sistema agroindustrial da cana, em conjunto com governo e sociedade, poderiam divulgar a imagem sustentável do álcool brasileiro perante o mundo. É a afirmação da imagem do combustível limpo e a valorização do produto nacional. É preciso veicular as seguintes qualidades do combustível brasileiro: reduz a dependência dos países com relação ao petróleo importado e escasso; estimula a adoção de tecnologias limpas (carros flex fuel, gasohol, integração álcool e biodiesel, ampliação de redes de distribuição); garante um sistema de produção sustentável, com balanço energético elevado (e reduz emissões de gases de efeito estufa); permite a co-geração de energia limpa (com uso do bagaço de cana); gera créditos de carbono; promove a inclusão de pequenos produtores com remuneração adequada; e tem capacidade de estabelecer e honrar contratos de longo prazo. Por isso, apelidamos o etanol brasileiro de "o combustível da paz". Por fim, cabe agora refletir sobre como garantir ao consumidor a veracidade da oferta diferenciada "sustentável" de uma empresa. A operacionalização da padronização se dá através do desenvolvimento dos sistemas de certificação. Estes possibilitam que as empresas monitorem seus processos produtivos, garantindo o fornecimento de produtos com determinados atributos e, concomitantemente, permitindo que o consumidor tenha condições de distinguir o produto desejado da "cópia". Portanto, nenhuma tentativa de diferenciar o produto por meio do apelo sócio-ambiental será valida, se a empresa não cuidar de padronizar a sua oferta, seguindo os preceitos de um processo de certificação amplamente reconhecido. Marcos Fava Neves é engenheiro agrônomo pela Esalq/USP, mestre e doutor em Administração de Empresas pela FEAUSP. Pós-graduado em Agribusiness & Marketing Europeu na França e em canais de distribuição na Holanda. É coordenador do PENSA/USP (Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial). Marco Antonio Conejero é mestre em Administração de Organizações pela FEARP/ USP; Economista formado pela FEA/USP em São Paulo. É pesquisador do PENSA/USP (Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial).
  • 11. Notícias Copercana Fenasucro & Agrocana 2007 Organização prevê faturamento de R$ 1,8 bilhão Marcelo Massensini U m dos assuntos mais comentados em todo o mundo, a cultura de cana-de-açúcar e a produção de açúcar e álcool atraiu mais de 26 mil pessoas a Sertãozinho, entre os dias 18 e 21 de setembro. Realizadas simultaneamente, a Fenasucro e a Agrocana são as maiores feiras voltadas ao setor sucroalcooleiro e a previsão é de que os negócios iniciados lá possam ultrapassar R$ 1,8 bilhão até dezembro. As Feiras passaram por algumas mudanças operacionais como, a ampliação do horário de visitação e a restrição de público não ligado ao setor. O que agradou a organização, os 420 expositores e até o próprio público. Segundo Antônio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana, Cocred e da Agrocana, a restrição reduziu o número de visitantes pela metade em relação ao ano passado, mas facilitou o contato e a negociação entre os compradores e fornecedores. Prova disso são os números de Autoridades visitam o estande da Copercana durante a abertura oficial das feiras 2007, ainda mais impressionantes do que no ano passado. A expectativa é que o número de R$ 1,65 bilhão, em 2006, possa ser superado até o final do ano. "Notamos que o ambiente cauteloso relacionado aos baixos preços do açúcar e do álcool este ano não afetou as feiras, já que os expositores declararam-se otimistas com suas vendas", disse Augusto Balieiro, diretor da Multiplus. Ao todo, 40 países enviaram representantes ao evento, assim como 22 Estados brasileiros, reunindo assim visitantes de praticamente todas as usinas do país. "Sem dúvida, o evento trouxe bons resultados para os expositores e visitantes, mostrando que o desenvolvimento do Brasil e as novas oportunidades de negócios com o etanol no mundo passam necessariamente pela nossa agroindústria canavieira", finaliza Antonio Tonielo. Copercana recebe clientes e cooperados durante Agrocana Assim como em todos os anos, o sistema Copercana, Canaoeste e Cocred esteve presente na Agrocana 2007. Durante os quatro dias de feira, mais de 3 mil pessoas, grande parte cooperados, visitaram o estande do sistema. Durante visita às feiras, os produtores aproveitaram o estande da Copercana para descansar e também fazer cotações de produtos. “Nossos cooperados estão acostumados a visitarem o estande da Copercana durante a realização da Agrocana e aproveitam para trocar informações com os agrônomos e fazer cotações de produtos”, disse o gerente comercial da Copercana, Frederico José Dalmaso. Estande da Copercana na Agrocana 2007 “Os nossos cooperados são produtores rurais e se interessam muito pela parte agrícola (Agrocana) da feira. Aqui eles encontram o que há de melhor para realizar uma boa safra”, afirmou Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana, Cocred e também da Agrocana. Na quarta-feira, uma con- fraternização reuniu aproximadamente 300 pessoas no estande, entre elas, cooperados e fornecedores da Copercana e clientes da Cocred. Revista Canavieiros - Outubro de 2007 11
  • 12. Notícias Copercana Tudo pronto para o leilão de prendas de Sertãozinho Carla Rossini H á três anos, o sistema Copercana, Canaoeste e Cocred, em conjunto com Irmãos Toniello e Fundação Vidalina Flóridi, realizam o Leilão Beneficente de Sertãozinho. A última edição, realizada em novembro de 2006, contou com a participação de mais de 350 pessoas e arrecadou R$ 500 mil, um recorde. A verba é destinada a 14 instituições filiadas a Fundação Vidalina Flóridi. Além da ajuda dos doadores de prendas e arrematadores, o leilão também conta com o apoio de dezenas de voluntários que colaboram doando seu tempo e trabalho. Neste ano, a data e local para a realização já estão marcados: 24 de novembro de 2007, no Clube de Campo Vale do Sol. Para fazer doações de prendas é preciso entrar em contato com Mônica ou Roberta através do telefone (16) 3946.3300 Ramal 2005. A Copercana conta com a colaboração dos amigos e cooperados! "Ajude de coração, seja solidário". 12 Revista Canavieiros - Outubro de 2007 Leilão Beneficente de Sertãozinho realizado em 2006
  • 13. Notícias Copercana Uname contrata empresa para controlar a potabilidade da água em poço da unidade Carlos Fernando Biagi (Gerente de Comercialização de Implementos e Calcário da Uname) A Unidade de Grãos da Copercana (Uname), preocupada com a qualidade da água potável usada na filial, no fim do ano passado, tomou a ini-ciativa de perfurar um poço semi-artesiano e cumpriu todas as normas e cuidados estabelecidas pela ABNT. Para o controle da potabilidade da água, no último mês de agosto, a Copercana contratou a empresa Agostine & Correa Produtos Hidráulicos Ltda, localizada no município de Cravinhos-SP. O químico responsável pela empresa, Paulo Giovani de Agostine, fará três visitas mensais e efetuará três amostragem da água (bacteriológica) na saída do poço e no final da rede de distribuição, para avaliação dos padrões analíticos a serem mantidos. Depois de obtido os resultados, serão emitidos laudos analíticos e planilhas de controle, que são encaminhados à vigilância sanitária e também a Copercana. Procedimento de perfuração e manutenção: Para que a perfuração de um poço artesiano seja possível, deve-se cumprir normas e cuidados específicos. Ao analisar um orçamento, deve-se verificar em primeiro lugar se a empresa tem registro no CREA - Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura e se há um geólogo responsável pela obra. Além disso, a empresa contratada precisa apresentar uma autorização de outorga, em nome da contratante, obtida junto ao Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), órgão estadual que rege a construção de poços e controla sua utilização. A empresa deve apresentar um projeto e as capacitações técnicas necessárias. Além disso, a perfuração deve ser feita de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para o setor. Entregando o serviço a uma empresa idônea e que siga as normas construtivas, não há riscos do contratante obter água contaminada nem de que a obra comprometa os aqüíferos subterrâneos. A preocupação com a qualidade da perfuração do poço é justificável, já que a O químico Paulo G. Agostine, analisa o poço semi-artesiano da Uname empresa contratante será a responsável pela qualidade da água que utilizará. Depois de realizada a obra, a empresa onde foi perfurado o poço deve fazer um contrato com um laboratório de análises que, periodicamente, deve analisar a potabilidade da água. Uma manutenção sistemática também deve ser providenciada para o equipamento de bombeamento, que garante que a água do poço chegue aos reservatórios da empresa. Uma vez por ano ainda é preciso providenciar a limpeza química do poço. Com esses cuidados fica garantida uma vida útil longa do poço. Revista Canavieiros - Outubro de 2007 13
  • 14. Notícias Canaoeste Canaoeste realiza ciclo de reuniões técnicas Encontros discutirão formas de controle de pragas e qualidade de matéria prima Marcelo Massensini A Canaoeste realiza em outubro e novembro mais um ciclo de Reuniões Técnicas. Os encontros acontecem entre os dias 17 de outubro e 13 de novembro e contam com o apoio da Syngenta, Basf e Milenia. Desta vez os assuntos tratados serão: o “Monitoramento e Controle de Pragas da Cana-de-Açúcar”, “Sistema ATR e Qualidade da Matéria Prima”. Como de costume, as palestras serão ministradas pela Equipe Técnica da Canaoeste e representantes das empresas parceiras, trazendo as novidades de cada uma para o setor sucroalcooleiro. Na filial de Severínia, a palestra “Monitoramento e Controle de Pragas da Cana-de-Açúcar” será apresentada pelo Dr. Wilson Novareti, com o apoio da Basf. Segundo o Gerente do Departamento Técnico da Canaoeste, Gustavo Veja a programação: Datas 17/outubro/2007 18/outubro/2007 23/outubro/2007 25/outubro/2007 29/outubro/2007 30/outubro/2007 07/novembro/2007 08/novembro/2007 12/novembro/2007 13/novembro/2007 Locais Barretos Severinia Colina Bebedouro Morro Agudo Viradouro Pitangueiras Pontal Sertãozinho Cravinhos Consecana Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo A Nogueira, as Reuniões Técnicas são uma ferramenta importante para a comunicação entre a Canaoeste, empresas e unidades produtoras e seus associados, onde são discutidos assuntos atuais que facilitam a vida dos produtores rurais. Apoio Syngenta Basf Syngenta Syngenta Syngenta Basf Basf Milenia Milenia Milenia CIRCULAR Nº 08/07 DATA: 28 de setembro de 2007 seguir, informamos o preço médio do kg do ATR para efeito de emissão da Nota de Entrada de cana entregue durante o mês de SETEMBRO de 2007. O preço médio acumulado do kg de ATR para o mês de SETEMBRO é de R$ 0,2465. Os preços de faturamento do açúcar no mercado interno e externo e os preços do álcool anidro e hidratado, destinados aos mercados interno e externo, levantados pela ESALQ/CEPEA, nos meses de ABRIL a SETEMBRO e acumulados até SETEMBRO, são apresentados a seguir: Os preços do Açúcar de Mercado Interno (ABMI) e os do álcool anidro e hidratado destinados à industria (AAI e AHI), incluem impostos, enquanto que os preços do açúcar de mercado externo (ABME e AVHP) e do álcool anidro e hidratado, carburante e destinados ao mercado externo, são líquidos (PVU/PVD). Os preços líquidos médios do kg do ATR, em R$/kg, por produto, obtidos nos meses de ABRIL a SETEMBRO e acumulados até SETEMBRO, calculados com base nas informações contidas na Circular 01/07, são os seguintes: 14 Revista Canavieiros - Outubro de 2007
  • 15. Notícias Copercana Canaoeste recebe produtores de cana da Bolívia e da Angola O interesse dos estrangeiros é conhecer o sistema de produção de cana brasileiro e também a Fenasucro & Agrocana Carla Rossini/ Marcelo Massensini O presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, recebeu a visita de uma missão oficial da Bolívia na sede da associação em setembro. Os bolivianos vieram acompanhados do professor e consultor Victorio Laerte Furlani Neto, da Qualinec. O grupo de bolivianos conta com aproximadamente 20 pessoas entre produtores de cana-de-açúcar e alguns industriais. Eles são da cidade de Mineiros – região de Santa Cruz de La Sierra. Além de produtores de cana, os bolivianos também possuem um engenho (UNAGRO), com capacidade de moagem de 10 mil toneladas/dia. Durante a reunião com o presidente da Canaoeste, as dúvidas eram sobre o sistema de pagamento aos fornecedores de cana, produção da matéria-prima e administração da associação e das cooperativas. “Eles querem conhecer a cadeia de produção de cana, açúcar e álcool aqui no Brasil, para se organizarem melhor na Bolívia”, afirmou Ortolan. A missão boliviana também visitou a Usina da Pedra e a Fenasucro e Agrocana. Comitiva de Bolivianos se reuniu com Ortolan no auditório da Canaoeste tolan, para discutirem assuntos relacionados ao setor sucroalcooleiro e adquirirem conhecimento com quem, segundo eles, “entende do assunto”. Carlos Emilio Henriques Liumba, representante do Ministério dos Petróleos da Angola, explicou que a comitiva tem a tarefa de criar propostas políticas para futuros investimentos em cana-de-açúcar e etanol e aprender sobre legislação e outros fatores da cadeia produtiva da cana. “Nós viemos ver, ouvir e aprender para tentar levar esse co- nhecimento ao nosso governo”, conta. Liumba ressalta ainda a importância do contato da Canaoeste, que foi escolhida por eles depois de uma vasta pesquisa sobre a produção de cana-de-açúcar. “A Canaoeste foi fundamental para nos ajudar na experiência que estamos tendo aqui”, completa. Além do presidente Manoel Ortolan, participaram da reunião: o gerente do departamento técnico da Canaoeste, Gustavo Nogueira, e o consultor agronômico da associação, Oswaldo Alonso. A comitiva trouxe representantes dos ministérios dos Petróleos, Planejamento, Indústrias e Energia e Águas. Além de uma empresa estatal que começou a fazer os primeiros ensaios sobre etanol no país. Representantes Ministériais da Angola no estande do sistema, na Fenasucro 2007 Angolanos Também no mês de setembro, o estande do sistema Copercana, Canaoeste e Cocred na Agrocana, recebeu uma comitiva com sete representantes ministeriais de Angola, que veio ao Brasil para visitar a Fenasucro e Agrocana 2007 e se reuniram com o presidente da Canaoeste, Manoel OrRevista Canavieiros - Outubro de 2007 15
  • 16. Notícias Cocred Cocred em Ação faz sucesso em Pontal Evento recebe mais de 2 mil pessoas e arrecada mais de R$ 100 mil Marcelo Massensini A pós do sucesso do Cocred em Ação em Batatais, agora foi a vez de Pontal. Com público e arrecadação ainda maiores, o Cocred em Ação marcou a cidade no último dia sete de outubro. O evento, realizado pela Cocred, contou com a parceria de duas empresas da cidade: a Hincol Equipamentos Hidráulicos e o Fripon (Frigorífico Pontal) que também participaram doando prêmios. Já as três motos, uma televisão, um DVD e um forno de microondas foram doados pela Cooperativa. Ao todo foram arrecadados mais de R$ 100 mil reais no evento, valor este que será dividido em partes iguais entre as cinco entidades participantes: o Albergue Noturno Eurípedes Barsanulfo, a Apae - Associação de pais e amigos do excepcional, Apam Associação de proteção ao menor, o Centro Educacional Maria Mãe de Todos e o Lar dos Velhos Dona Albertina Schmidt, todos da cidade de Pontal. Maria Elisa dos Reis Ramazini, representante do Lar dos Velhos e Dona Albertina Schmidt, só tem "a agradecer a iniciativa da Cocred ao realizar esse evento". Segundo ela, o fato de reunir mais de 2 mil pessoas em um domingo a tarde já mostra a magnitude e a importância do evento. "Só tenho a agradecer a Cocred por esta atitude que propaga o amor, e por doar seu tempo para ajudar as pessoas mais carentes", completa. A interventora da Apae, Magda Silva Carolo, considerou o evento de grande valia tanto para a cidade, quanto para as entidades. "Foi uma campanha em que todo mundo trabalhou muito, mas no final fez um evento muito bonito, todo mundo elogiou", con16 Revista Canavieiros - Outubro de 2007 2 mil pessoas lotaram o Ginásio de Esportes Adib Damião Ganhadores da primeira moto: Agna Soares e Helton Jonas da Silva ao lado do gerente de Marketing da Cocred, Fabiano Gatarossa ta. Segundo ela, o resultado do evento foi muito satisfatório e a iniciativa foi bastante comentada na cidade. Eder Junior Rodrigues, Vice-Prefeito da cidade diz que o evento veio em boa hora e agradece o gesto da Cocred. "Um evento desse porte é muito importante para a cidade de Pontal. Gostaria de parabenizar a diretoria da Cocred por disponibilizar esses prêmios para nossas entidades", explica. "A Cocred mais uma vez saiu na frente".
  • 17. Notícias Cocred Para o Prefeito Municipal de Pontal, Antônio Luiz Garnica, o Cocred em Ação foi "de suma importância para a cidade" e agradece a todos os organizadores do evento e fun- cionários da Cocred que, segundo ele, além de ajudar os produtores rurais que movimentam a economia da cidade, também ajuda as entidades que fazem muito pelo povo de Pontal. O prefeito de Pontal Antônio Luiz Garnica (esquerda) e o vice Éder Jr. Rodrigues (direita) entregam a moto aos ganhadores: Levi Barbosa, Sueli Granito Moronta de Paula, Ângela Maria Passal Moraes e Elizabete Dadalt. Arthur Sandrin e Fabiano Gatarossa entregam a moto para Henrique Aparecido Manfrim e sua esposa Lídia Magalhães Nogueira. Revista Canavieiros - Outubro de 2007 17
  • 18. Notícias Cocred Cocred Pontal: excelência em atendimento Filial é a segunda maior agência da Cocred, em número de cooperados. Marcelo Massensini I naugurada em setembro de 1998, a Cocred de Pontal é a segunda maior agência - em número de cooperados - da cooperativa. Atualmente a filial possui 1008 cooperados totalmente satisfeitos com o atendimento diferenciado e com os produtos e serviços exclusivos que só os cooperados da Cocred conseguem ter. "O atendimento da Cocred é excelente, porque é personalizado, individual. (Os funcionários) são pessoas competentes que sabem falar com você, que te tratam como amigos", explica Ana Maria de Oliveira Crivelaro. Cooperada desde 2003, ela conta que a maneira como é tratada a faz querer voltar sempre. "Tem dias que você não está muito legal e eles (funcionários) percebem e perguntam: o que foi? Está tudo bem? Eu me sinto em casa, realmente", elogia Ana Maria. Já Fernando dos Reis Filho é cooperado há mais de 25 anos e considera os serviços exclusivos da cooperativa os maiores atrativos. "Todo ano eu faço financiamentos de safra e de adubo. E é muito diferente de bancos convencionais: o atendimento, a rapidez. Aqui não tem burocracia", diz. Segundo ele, to- Para Ana Maria Crivelaro, os funcionários da Cocred são como amigos 18 Revista Canavieiros - Outubro de 2007 das as suas movimentações financeiras são feitas na Cocred, inclusive as feitas com cartão de crédito e talões de cheque. "Pontal está de parabéns pela estrutura e pelo pessoal que trabalha na agência. Tenho conta em outros bancos, mas o meu movimento é só A agência atende mais de mil aqui. É bom em cooperados atendimento, em taxas e prazos. Tudo nota 10", completa. Para Ana Maria Crivelaro, mesmo comparado a bancos que oferecem um ótimo atendimento, a Cocred sai sempre na frente. "Não tenho reclamação dos bancos da cidade, mas a Cocred é especial, não tem o que falar. É muito bom. E ainda tem outras vantagens: os juros são mais baixos, as taxas são menores", explica. De acordo com a professora aposentada, a existência da cooperativa é muito conveniente para o cooperado e para a cidade. "Aqui o cooperado é o dono e está aqui partici- pando de tudo. As pessoas estão aqui para nos ajudar, o gerente esta sempre presente", diz. José Micheletto concorda com eles. Cooperado desde 1975, o agricultor explica que seu pai já fazia parte da Cocred e, assim que começou a fornecer cana, ele também se tornou um cooperado. Micheletto conta que tem acompanhado a evolução da cooperativa que, segundo ele, só muda para melhor. "As taxas e prazos são ótimos, o atendimento e os funcionários são todos bons. A Cocred está de parabéns", finaliza. José Micheletto se tornou cooperado por influência do pai, há mais de 30 anos Fernando dos Reis Filho faz todas as suas movimentações financeiras pela Cocred
  • 19. Notícias Cocred Balancete Mensal Cooperativa de Crédito dos Plantadores de Cana de Sertãozinho BALANCETE - Agosto/2007 Valores em Reais Revista Canavieiros - Outubro de 2007 19
  • 20. Reportagem de Capa MECANIZAÇÃO MECANIZAÇÃO O PRODUTOR PRECISA O PRODUTOR PRECISA Com a antecipação do prazo para o fim da queima, os fornecedores de cana precisam Da Redação A adesão de cerca de 50 indústrias ao Protocolo Agroambiental e o interesse já manifestado por outras são um indicativo de que a queima da palha da cana está, de fato, com os dias contados e os prazos, mais curtos. Assim, é preciso que o produtor independente de cana esteja preparado para a colheita mecanizada. O presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, destaca a necessidade de o produtor adaptar o canavial para o trabalho das máquinas e também analisar a forma mais viável de acesso aos equipamentos. "Além dos consórcios ou condomínios de produtores, as cooperativas e associações podem ser um importante meio para viabilizar a compra de um equipamento de alto valor agregado, como é o caso da colhedora de cana. O prazo está aí e o produtor tem de estar organizado e preparado", disse. O protocolo prevê, entre outras medidas, a antecipação do prazo final para a eliminação da queima nos terrenos com declividade até 12% de 2021 para 2014, adiantando o percentual de cana não queimada, em 2010, de 30% para 70%. Para as áreas com declividade maior, o prazo anterior, de 2031, foi reduzido para 2017 e daqui a três anos, 30% da colheita têm de ser feita mecanicamente. Em áreas novas de plantio, a queima está proibida já a partir do dia 1º de novembro. Na região, segundo estimativa da Unica, as usinas avançaram bem. "Na região de Ribeirão, temos, nas principais usinas, mais de 70% da colheita mecanizada", afirma o chefe do escritório da Unica em Ribeirão Preto, Sérgio Prado. 20 Revista Canavieiros - Outubro de 2007 A Usina da Pedra, por exemplo, encerrará a safra com 92% da cana própria colhida mecanicamente. No ciclo anterior, alcançou 87%. Já seus fornecedores deverão colher 27% de suas canas com colhedoras, um avanço de seis pontos percentuais em relação à safra anterior. Do total, entre cana própria e de fornecedores, 73% terão colheita mecânica nesta safra. A Usina da Pedra fará sua adesão ao protocolo ainda em outubro. "A Usina da Pedra tem uma particularidade: todos os seus fornecedores fazem a colheita da cana sem a intervenção da usina", diz o gerente de Suprimento de Matéria-Prima, Luiz Eduardo Gerardi. Assim, segundo ele, há maior espaço para ampliação do corte mecanizado justamente na cana de fornecedores. De acordo com Gerardi, a principal providência por parte dos produtores independentes em relação à mecanização é quanto à preparação do canavial. "Não adianta pensar em aquisição de colhedora se o canavial não estiver pronto para viabilizar, economicamente, o corte mecânico. O segredo do sucesso da colheita mecânica está na qualidade do canavial.", diz. Segundo ele, quem não se preparar desde já, terá sérios proble- mas. E ele elenca como providências: PREPARO DO SOLO: nivelamento do solo com eliminação de sulcos de erosões, barrancos, pedras, tocos e raízes. Construção de terraços embutidos ou de base larga. SULCAÇÃO: com espaçamento mínimo de 1,50 metros entre as linhas de cana. Sulcos não muito profundos e regulares. Evitar as ruas mortas dentro do talhão. Construção de talhões compridos para evitar excesso de manobras da colhedora. Para Mauro Sampaio Benedini, Gerente Regional Fornecedores, e Jorge Luiz Donzelli, coordenador de Pesquisa Tecnológica, ambos do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), resultados de pesquisas recentes realiza-
  • 21. Reportagem de Capa ÃO DO CORTE: ÃO DO CORTE: SA ESTAR PREPARADO SA ESTAR PREPARADO am estar organizados para preparar o canavial e analisar a aquisição de equipamentos Foto: Fernando Battistetti - propicia ganhos ambientais significativos - melhora a qualidade da lavoura pela racionalização do uso de herbicidas, menor erosão, maior atividade microbiana depois de 2 a 3 anos do sistema implantado, maior retenção de umidade no solo, menor amplitude térmica e aumento na disponibilidade de nutrientes no perfil do solo. PRODUTOR INICIOU CORTE MECANIZADO NESTA SAFRA O produtor Francisco César Urenha, sócio-diretor da Urenha Agrícola, começou a colher com máquinas nesta safra, depois de três anos de planejamento. Investiu R$ 1 milhão na compra financiada de duas colhedoras, uma nova e uma semi-nova e espera recuperar o investimento ao longo de três ciclos. das pelo centro apontam que o sistema de colheita mecanizada da cana sem queima: - aumenta a longevidade do canavial, estabilizando a produtividade em níveis elevados de produtividade; Francisco César Urenha Segundo ele, o custo do corte mecanizado é 55% mais baixo do que o manual. "Além do custo, há outras vantagens: uma delas é não ter de lidar com os problemas das queimadas, e também observamos uma diminuição no uso de herbicidas e fungicidas", disse. Segundo Urenha, a sistematização dos terrenos foi a dificuldade encontrada. "Os terrenos não estão preparados para as máquinas e, assim, ainda não atingimos toda a eficiência que as máquinas têm condições de proporcionar", disse. Para ele, não há outra saída para o produtor. "É uma tendência. Os produtores terão de investir na colheita mecanizada, individualmente ou se unir em grupos, pois é um cus- Sérgio Prado to muito alto para um pequeno fornecedor. Mas não tem como fugir, os produtores independentes de cana terão de se adequar", MERCADO DE COLHEDORAS AQUECIDO O chefe do escritório da Única em Ribeirão Preto, Sérgio Prado, observa que o motivo que impede o fim da queima de forma imediata é técnico, já que, por conta da demanda, há demora para a entrega desses equipamentos. "Uma máquina para cortar cana é um equipamento sofisticado, que demora para ser produzido. A indústria está hoje com a carteira dela toda ocupado para os próximos anos", diz. Se a Santal, fabricante 100% nacional, dobrasse sua produção, já teria comercializado todas as colhedoras, de acordo com Filipe Silveira Revista Canavieiros - Outubro de 2007 21
  • 22. Reportagem de Capa Righi, do departamento de marketing. A empresa, com sede em Ribeirão Preto, lançou sua Colhedora Tandem em 2004 e de lá para cá, a demanda cresceu progressivamente. Em 2005, foram comercializadas três colhedoras. No ano passado, 30. Para 2008, já são mais de 40 encomendas. E as usinas não são os únicos clientes. Três colhedoras foram comercializadas para a empresa dos irmãos Reginaldo e Roberto da Silva, com sede em Catiguá, que planta e colhe para indústrias. Funcionários de uma usina até 98 e apoiados pela empresa, os irmãos resolveram montar um negócio próprio. Começaram a prestar serviço de carregamento de cana e nesta safra, já partiram para a colheita de cana picada. "A tendência é que o mercado melhore ainda mais", diz Reginaldo. Seus clientes ainda são usinas, mas os irmãos acreditam que poderão atender também associações de fornecedores de cana. Aliás, os fa- 22 Revista Canavieiros - Outubro de 2007 bricantes de equipamentos também apostam nos pequenos e médios produtores de cana como potenciais clientes. Em maio, a Star Máquinas Agrícolas, com sede em Serrana, lançou uma colhedora de cana, voltada a esse perfil de fornecedor. De acordo com Célio Song, diretor-administrativo da Star, a colhedora custa em torno de 35% menos que as tradicionais, podendo colher até 40 toneladas por hora em canaviais com densidade de até 100 toneladas/ hectare. "Resolvemos investir nesse equipamento porque vemos um importante mercado surgindo para ele", disse Song, durante o "Dia de Campo", realizado em maio, em Sertãozinho, para a apresentação do equipamento. O PROTOCOLO AGROAMBIENTAL Ao aderir ao Agroambiental, as indústrias se comprometem a apresentar, em 180 dias, um plano de ação para cumprimento das dez diretivas técnicas do protocolo, sob avaliação de um Comitê Executivo, formado por representantes do governo do Estado e Única. Além da antecipação dos prazos para o fim da queima, o protocolo também prevê a recuperação da vegetação no entorno de nascentes de água em propriedades canavieiras, a implementação de projetos de conservação de recursos hídricos, e do solo, ações para que não ocorra a queima a céu aberto do bagaço da cana ou qualquer outro subproduto, boas práticas para o descarte de embalagens vazias de agrotóxicos e para minimizar a poluição atmosférica de processos industriais, além de otimizar a reciclagem e o reuso dos resíduos da produção. As usinas que cumprirem as normas propostas no protocolo irão receber um certificado de conformidade ambiental. O Protocolo Agroambiental foi assinado em junho deste ano, durante o Ethanol Summit, em São Paulo.
  • 23. Artigo Técnico DESMISTIFICANDO A COLHEITA COLHEITA DESMISTIFICANDO A COLHEITA COLHEITA MECANIZADA DA CANA CRUA MECANIZADA DA CANA CRUA Mauro Sampaio Benedini (Gerente Regional Fornecedores - CTC) Jorge Luiz Donzelli (Coordenador de Pesquisa Tecnológica– CTC) H ISTÓRICO – É preciso desmistificar a colheita mecanizada da “cana crua”. Resultados de pesquisas recentes realizadas pelo CTC e a aplicação prática dessa tecnologia nas empresas associadas ratificam os benefícios deste sistema de colheita. A década de setenta caracterizou-se pelo corte manual de cana queimada, com uma média de três a quatro cortes, influenciados principalmente pela menor qualidade das variedades existentes na época. No início da década de oitenta, com o surgimento de variedades melhoradas (SP70-1143, SP71-6163, SP71-1406, etc.); o número de cortes do canavial aumentou. Entretanto em meados desta mesma década, a colheita mecanizada da cana-de-açúcar intensificou-se pela necessidade de complementar a colheita manual em um período de grande expansão do plantio de cana-deaçúcar. Naquela época, dizia-se que o corte mecanizado da cana era um “mal necessário”, pois não podia ser preterido, devido à falta de mão de obra existente. As conseqüências apareceram sob a forma de redução da longevidade do canavial, perdas excessivas na colheita, necessidade de maior tecnificação, entre outras. Na década de noventa, com o aumento da conscientização ambiental surgiu a colheita da cana sem queimar, a “cana crua”, que foi marcada pelo termo “necessidade de se pagar pedágio” pela acentuada mudança tecnológica envolvida no novo processo. Este aprendizado ou “pedágio” teve como conseqüência inicial, quebras de produtividades e queda de receita ao produtor; pela falta de conhecimentos técnicos na adoção do novo sistema. Mas, a pesquisa e os adeptos ao sistema já naquela época começaram a demonstrar que a cana crua tem além das vantagens ambientais, um avanço sócio-econômico para o produtor. CANA-DE-AÇÚCAR – HISTÓRICO Década 70: Corte Manual. 4 cortes. Década 80: Manual. Até 6 cortes Colhedeira: mal necessário! Década 80: Mecânico queimada Cana crua: pagar pedágio! Década 90: mecânica crua Futuro (hoje): mecânica cru (100/85/65/50/x/x) = (120/90/85/80/70/65) = 75 85 (120/90/80/75/?/x) = RESULTADOS – Os ensaios conduzidos pelo CTC mostraram que a eliminação da queima traz inúmeros benefícios ao solo e ao canavial, entre eles; maior controle de ervas daninhas, menor erosão, maior atividade microbiana depois de 2 a 3 anos do sistema implantado, maior retenção de umidade no solo, menor amplitude térmica, aumento na disponibilidade de nutrientes no perfil do solo, menor ataque da lagarta elasmo, etc. Com o passar dos anos foi-se percebendo que a colheita mecânica e principalmente a de cana crua, necessita de maior tecnologia, priorizando o canavial, protegendo-o do tráfego intenso e melhorando as condições de colheitabilidade. Estes fatos resultaram em novos conceitos tais como sistematização da base física da lavoura, maiores cuidados com a compactação do solo e pisoteio da linha da soqueira e mais recentemente o desenvolvimento do tráfego controlado ou canteirização/envazamento da linha da soqueira. 85 (130/90/85/75/70/x) = 90 (130/100/95/95/90/90/90/90/90/90) = 95 ESTUDOS NECESSÁRIOS A partir de 1992, o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), na época da Copersucar; iniciou estudos para definir práticas agronômicas (adubação, herbicida, cultivo, etc.), estudar os efeitos da compactação no solo, do tráfego intenso, aprimorar equipamentos para reduzir esses impactos no solo e desenvolver variedades melhoradas, mais adaptadas ao novo sistema a ser adotado. Inúmeros enEnsaio varietal com colheita mecanizada sem saios foram instalados em usinas queimar (CTC). Primeiro plano: variedade que não brota sob a palha (inapta). Segundo plano: variedade cooperadas na época. adaptada ao sistema de colheita sem queima (apta). No alto à esquerda: área com sistematização convencional; no alto à direita: sistematização com sulcação reta. Em baixo: vista aérea de área sistematizada. SISTEMATIZAÇÃO – Entende-se por sistematização, a adequação do terreno para um maior rendimento da máquina e para menores impactos da mecanização no terreno. Estudos realizados pelo CTC mostram reduções de custos de R$60,00 a R$70,00 por hectare, em média; com a adoção de práticas como eliminação de terraços em Revista Canavieiros - Outubro de 2007 23
  • 24. Artigo Técnico baixas declividades (<6%), plantio em linha reta em declividades de até 3%, entre outras. É necessária a permanência de cobertura vegetal constante no solo, para a implantação do sistema. Portanto, recomenda-se cuidados na introdução do conceito no campo. Informe-se no CTC ou nas usinas que já adotam o sistema, sobre as vantagens e desvantagens da técnica. COMPACTAÇÃO DO SOLO – Os estudos do CTC mostraram que o controle da compactação do solo pode e deve ser preventiva e não somente corretiva como sempre foi realizada. São práticas recomendadas: evitar colheita com solos úmidos, pneus de alta flutuação e esteiras para causar menor impacto e compactação, entre outras. Esses estudos mostram hoje, na prática, que o número de cortes do canavial dependerá do manejo adoBrotação de soqueira em linha com tráfego (esquerda). tado na sua condução. CONCLUSÃO - Os resultados práticos dos inúmeros trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelo CTC mostram que o sistema de colheita mecanizada da cana sem queima, a “cana crua”: a) aumenta a longevidade do canavial, estabilizando a produtividade em níveis elevados de produtividade; b) propicia ganhos ambientais significativos; c) melhora a qualidade da lavoura pela racionalização do uso de herbicidas, menor erosão, maior atividade microbiana depois de 2 a 3 anos do sistema implantado, maior retenção de umidade no solo, menor amplitude térmica e aumento na disponibilidade de nutrientes no perfil do solo. Esquerda: perda de produtividade pelo efeito do tráfego após 24 h de chuvas de diferentes intensidades; Direita: perda de produtividade devido ao trafego na linha e entrelinha. ENVAZAMENTO OU CANTEIRIZAÇÃO – Os cuidados com o controle de tráfego dentro dos talhões resultaram na adoção da tecnologia conhecida por “canteirização” ou “envazamento”; que é, dentre outras tecnologias, a adequação das bitolas de tratores e transbordos para evitar o pisoteio das soqueiras (controle de tráfego), resultando em um espaço maior do solo, ao lado das soqueiras, sem compactação; propiciando melhor desenvolvimento do canavial e maior longevidade. “Envazamento” ou “canteirização” Ajuste de bitolas dos tratores. 24 Revista Canavieiros - Outubro de 2007
  • 25. Destaque Fórum Internacional Sobre o Futuro do Álcool Técnicos, empresários e autoridades do governo discutiram a relação do setor com o meio-ambiente Carla Rossini O Fórum Internacional sobre o Futuro do Álcool que antecedeu a abertura da Fenasucro e Agrocana no dia 17 de setembro, reuniu no Teatro Municipal de Sertãozinho, técnicos, empresários e autoridades ligadas ao governo a ao setor sucroalcooleiro para discutir a relação entre produção, meio-ambiente e crescimento sustentável. Participaram da abertura dos debates, o prefeito municipal de Sertãozinho, José Alberto Gimenes, os presidentes da Fenasucro, Mário Garrefa, e da Agrocana, Antonio Eduardo Tonielo, o diretor da Múltiplus Eventos, Fernando Barbosa, o diretor regional do Ceise (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Adésio José Marques e Milton José Dalari, representando o Sebrae-SP. O presidente da Agrocana e também da Copercana, Cocred e Sindicato Rural de Sertãozinho, Toninho Tonielo, enfocou seu discurso nas críticas e notícias negativas que agridem o setor sucroalcooleiro. "Por que, tantos comentários negativos sobre um país que produz energia renovável, que polui menos o meio-ambiente e está em fase de desenvolvimento? A resposta é simples. Trata-se, de uma verdadeira guerra comercial, que envolve não apenas um mercado multibilionário, mas também grandes interesses de outras potências que não hesitam em utilizarse dos mais variados recursos em favor dos seus interesses. Basta observarmos as recorrentes tentativas dos EUA e da União Européia em incluir temas como meio ambiente e direitos humanos na pauta de negociações comerciais com países em desenvolvimento, como o Brasil", afirmou Tonielo que foi aplaudido inclusive pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Após a abertura, o primeiro painel teve a participação de técnicos do Ministério do Meio Ambiente e da ministra Marina Silva, empresários da agroindústria canavieira e do presidente da UNICA, Marcos Jank. No período da tarde os debates tiveram como tema o crescimento do setor sucroalcooleiro, com a participação de técnicos e analistas do setor, inteAntonio Eduardo Tonielo em seu discurso de abertura do Fórum grantes do governo fedeJá o ex-ministro Roberto Rodrigues, ral e da Petrobrás, e do ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro falou sobre o horizonte do mercado de de Agronegócios da Fundação Getúlio etanol. "O etanol ainda não tem um mercado próprio, o que existe é um horiVargas, Roberto Rodrigues. zonte enorme para esse produto. Nós A ministra Marina Silva, em seu dis- temos um mercado em potencial, mas curso, afirmou que "estamos transitan- faltam estratégias privadas e governado positivamente e levantando proble- mentais mais fortes para se ter um mermas que temos condições de resolver. A cado ainda melhor", afirmou Rodrigues. participação em reuniões de trabalho Após o encerramento do Fórum, as como essa, permite fechar uma equação que leva em consideração não apenas a autoridades se dirigiram a Fenasucro e viabilidade econômica, mas também a Agrocana onde foi descerrada a fita inaugural das feiras. social e a ambiental", disse a ministra. Mais de 400 pessoas lotaram o Teatro Municipal de Sertãozinho Revista Canavieiros - Outubro de 2007
  • 26. Informações setoriais CHUVAS DE SETEMBRO e Prognósticos Climáticos N o quadro abaixo, estão anotadas as chuvas que ocorreram na região de abrangência da CANAOESTE durante o mês de SETEMBRO de 2007. Engº Agrônomo Oswaldo Alonso Assessor Técnico Canaoeste Não houve ocorrência de chuvas nos locais habitualmente observados ou consultados. O que contribui para melhores operações de colheita e melhor qualidade da matéria prima, notadamente, durante a segunda quinzena de agosto e até então (ou, pelas previsões meteorológicas), até o início da primavera) Mapa 1:- Água Disponível no Solo entre 10 a 12 de SETEMBRO de 2007. O Mapa 1, acima, mostra claramente que o índice de Água Disponível no Solo, desde o dia 10 de SETEMBRO, já se apresentava como crítico em toda área canavieira do Estado de São Paulo. Cabe ressaltar que esta condição e diga-se muito crítica, ou seja, de Seca Meteorológica, já vem ocorrendo desde os dez dias finais de agosto deste ano. A CANAOESTE procurará avaliar os impactos desta intensa seca, através de Instituições, mapas climáticos e levantamentos de massa verde. 26 Revista Canavieiros - Outubro de 2007 Comparando-se os mapas 2 e 3 mostram que, ao final de agosto destes dois anos, toda região canavieira do Estado de São Paulo apresentava-se com índices críticos de Água Disponível no Solo.
  • 27. Informações setoriais Mapa 2: Água Disponível no Solo ao final de SETEMBRO de 2006. Mapa 3: Água Disponível no Solo ao final de SETEMBRO de 2007. Comparando-se os mapas acima, mostram que ao final de SETEMBRO de 2006 (mapa 2), mês que "carregava" as consequências de um período longo de estiagem (deste meados de abril), havia ainda uma larga faixa, Centro-Leste e Sudoeste do Estado, em condições críticas de Disponibilidade de Água no Solo. Entretanto, neste SETEMBRO de 2007 (mapa 3), que em muitos dos locais observados não houve ocorrência de chuvas (vide quadro acima) e agravado por altas temperaturas desde meados do mês, toda região canavieira do Estado de São Paulo apresentava-se com índices muito críticos de Água Disponível no Solo, acentuandose ainda mais nestes 10 dias iniciais de outubro. Para bem dos Humanos, que muito precisam ajudar a Mãe Natureza, e todos seres vivos, desejamos que ao receberem esta Revista, estejam assistindo a ocorrência das primeiras chuvas significativas desta primavera. Como subsídio a planejamentos de atividades futuras, a CANAOESTE resume o prognóstico climático de consenso entre INMET-Instituto Nacional de Meteorologia e INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para os meses de outubro a dezembro. - A temperatura média poderá ser acima ou ligeiramente acima nas normais climáticas nas Regiões Sudeste e Centro Oeste do Brasil; enquanto que na Região Sul prevê-se que a temperatura média poderá "ficar" próxima da média; - Quanto às chuvas previstas para os meses de outubro a dezembro, estas poderão "ficar" abaixo das respectivas médias históricas em todos os Estados da Região Centro Sul, excetuando-se o Rio Grande do Sul; - Exemplificando para Ribeirão Preto e municípios vizinhos, as médias históricas pelo Centro Apta-IAC, são de 130mm em outubro, 215mm em novembro e de 270mm em dezembro. Lembrando das Reuniões Técnicas realizadas entre julho e agosto, a CANAOESTE volta recomendar que mantenham revisados e "tinindo" os equipamentos para tratos culturais, adubações e pulverizadores de herbicidas, pois as chuvas (desta vez) estão mais próximas. Quando muito, a partir de 20 de outubro. Deve-se acrescentar, ainda, que tratos culturais mecânicos mais enérgicos (por exemplo, as escarificações) são dispensáveis em áreas que não sofreram pisoteios, mesmo após chuvas de 40-50mm. Também nas áreas que tenham sido colhidas no início da safra e não foram cultivadas na época, os cultivos profundos devem ser analisados, pois após o reinício das chuvas o sistema radicular terá condições, com rapidez, para emitir novas raízes, principalmente, as de absorção de água e nutrientes. Tais cultivos irão cortar as raízes e pesquisas mostram que, nestes casos, podem provocar danos. Por outro lado, devem atentar para o controle do mato, preferentemente em pré-emergência, desde que a umidade do solo permita. Persistindo dúvidas, consultem os Técnicos mais próximos. Revista Canavieiros - Outubro de 2007 27
  • 28. Pragas e Doenças Migdolus! Uma realidade na região de Pitangueiras/SP A tualmente a cana-de-açúcar é atacada por cerca de 80 pragas, porém pequeno número causa prejuízos à cultura. Dependendo da espécie da praga presente no local, bem como do nível populacional dessa espécie, pode ocorrer importantes prejuízos à cana-de-açúcar, com reduções significativas nas produtividades agrícola e industrial dessa cultura. O Migdolus fryanus é um besouro da família Cerambycidae que, em sua fase larval, ataca e destrói o sisMarcelo de Felício tema radicular de várias culturas, Engenheiro agrônomo da Canaoeste como café, eucalipto, mandioca, feijão, uva, amora, pastagens, cipós nativos e a cana-de-açúcar. As perdas provocadas por esse inseto podem variar de algumas toneladas de cana por hectare até, na maioria dos casos, a completa destruição da lavoura, resultando na reforma antecipada mesmo de canaviais de primeiro corte. Além das dificuldades normais de controle de qualquer praga de solo, o desconhecimento de várias fases do ciclo desse coleóptero complica ainda mais o seu combate. Entretanto, os esclarecimentos atuais, fruto dos avanços tecnológicos alcançados nos últimos cinco anos, têm possibilitado, de certa forma, obter resultados satisfatórios de controle dessa praga. As condições de seca, bem como a redução ou mesmo a eliminação do uso de inseticidas organoclorados (Aldrin, Heptacloro, Thiodan), adotada em muitas usinas e destilarias, resultaram num aumento significativo das áreas atacadas pelo Migdolus fryanus, principalmente nos Estados de São Paulo e Paraná. Quanto ao comportamento do inseto A fêmea de Migdolus fryanus tem vida praticamente subterrânea, já o macho é bastante ativo, voa bem, ambos são escavadores e estão presentes fora do solo a partir do mês de outubro, assim que se iniciam as primeiras chuvas. O aparecimento dos machos é estimulado pelas fêmeas, que liberam um feromônio de atração sexual, provocando o fenômeno denominado de “revoadas de Migdolus” que ocorrem, após as primeiras chuvas de outubro, variando de uma região para outra, podendo acontecer até o mês de março. A fase larval é longa, quase sempre de um ano, podendo prolongar-se em dois ou três. As larvas de Migdolus fryanus têm hábito subterrâneo, podendo atingir até de 4 (quatro) a 5 (cinco) metros de profundidade. Esse comportamento tem dificultado estudos biológicos do inseto. O que se conhece sobre esse coleóptero refere-se apenas aos primeiros 60 cm de profundidade no solo. Concomitantemente, em função da dificuldade de realizar estudos nas camadas mais profundas, presume-se que as informações até agora obtidas sobre o inseto sejam apenas de uma parte da população, aspecto que pode estar dificultando o emprego de métodos de controle eficientes. Ciclo Biológico Besouro adulto de Migdolus fryanus. (Fonte - CTC) Fonte - CTC 28 Revista Canavieiros - Outubro de 2007 O macho é preto, apresentando asas posteriores desenvolvidas. A fêmea é marrom, com asas posteriores atrofiadas, e não voam. Ambos medem cerca de 18 a 25 mm de comprimento. A fêmea, após o acasalamento, penetra
  • 29. Pragas e Doenças no solo, cavando galerias novas ou utilizando-se dos mesmos canais abertos para sua saída. Alguns dias depois, elas realizam suas posturas que podem ocorrer até as grandes profundidades. Sua larva é branca leitosa, chegan- do a medir cerca de 40 mm de comprimento, que, no final de seu estádio larvas, penetram a grandes profundidades, constroem no final da galeria uma câmara pupal e transformam-se em pupa. O ataque normalmente ocorre em reboleiras, em cana-planta e também nos cortes subseqüentes. As larvas se alimentam tanto dos toletes como dos rizomas. Os rizomas atacados emitem poucas raízes, provocando o secamento de touceiras nas reboleiras infestadas, os prejuízos causados na produção final são grandes. Prejuízos e Danos Causados pela larva do Migdolus fryanus. As larvas do Migdolus destroem o sistema radicular da cana-de-açúcar de qualquer idade, perfurando-os em todos os sentidos e alimentando-se dele. Em cana-de-açúcar, atacam o rizoma, podendo destruí-lo totalmente. Em canas jovens, as touceiras aparecem parcial ou totalmente secas e as falhas podem ser numerosas. Em canas mais velhas, as touceiras atacadas apresentam aspectos e canas afetadas por seca ou fogo. Os efeitos são mais evidentes durante os períodos em Larva de Migdolus atacando tolete de cana. que as plantas estão sujeitas a déficit hídrico, quando é possível encontrar números elevados de larvas junto às touceiras atacadas. Os adultos também podem fazer orifícios nos toletes. Por viver debaixo da terra e só sair na superfície por um curto período de tempo – para as revoadas de acasalamento – a praga é difícil de ser encontrada, o que prejudica seu controle. Os danos ao canavial são irreparáveis: de queda da produtividade à perda da plantação. Sintomas do ataque em cana planta. Controle Sintomas do ataque no canavial. Larva de Migdolus fryanus. Toletes de cana danificados pela larva. (Fonte - CTC). O controle do besouro Migdolus é difícil e trabalhoso devido ao desconhecimento do seu ciclo biológico, o que impossibilita antever com exatidão o seu aparecimento em uma determinada área, a larva e mesmo os adultos passam uma etapa da vida em grandes profundidades no solo (2 a 5 metros), o que proporciona a esse inseto uma substancial proteção às medidas tradicionais de combate. Apesar do modo de vida pouco peculiar desse inseto, o mesmo apresenta algumas características biológicas favoráveis ao agricultor, as quais devem ser exploradas no sentido de aumentar a eficiência do controle. Entre essas ca- Sintomas do ataque em cana soqueira. racterísticas merecem destaque as seguintes: - a baixa capacidade reprodutiva (cerca de 30 ovos por fêmea); - a fragilidade das larvas no que se refere a qualquer interferência mecânica no seu habitat; - o curto período de sobrevivência dos machos (1 a 4 dias); - a ausência de asas funcionais nas fêmeas, o que restringe, sobremaneira, a disseminação. O controle integrado do besouro Migdolus fryanus consiste no emprego concomitante de três métodos: mecânico, químico e cultural. Revista Canavieiros - Outubro de 2007 29
  • 30. Pragas e Doenças Controle Mecânico O controle mecânico esta vinculado à destruição do canavial atacado e, nesse aspecto, dois pontos importantes devem ser considerados: a época de execução do trabalho e os implementos utilizados. Estudos da flutuação populacional do Migdolus mostraram que a época do ano, na qual a maior porcentagem de larvas se concentra nos primeiros 20 a 30 cm do solo, coincide com os meses mais frios e secos, ou seja, de março a agosto. Desse modo, do ponto de vista do controle mecânico, a destruição das touceiras de cana, quando efetuada nessa época, mesmo que parcialmente, é muito mais efetiva. Aliada à época de reforma, o tipo de destruição também tem influência na mortalidade das larvas. Experimentos conduzidos em áreas infestadas revelaram que o uso de diferentes implementos por ocasião da reforma do canavial apresenta efeitos variados no extermínio das larvas de Migdolus. A grade aradora, passada apenas uma vez, atinge níveis de mortalidade ao redor de 40%, enquanto o uso de eliminador de soqueira, modelo Copersucar, pode reduzir a população das larvas em mais de 80%. Outros trabalhos executados em condições de plantio comercial de cana-de-açúcar confirmaram a eficiência do destruidor de soqueira no controle das larvas do Migdolus. Os mesmos estudos assinalaram também bons resultados com o arado de aiveca, não só no aspecto relativo à mortandade de larvas, mas também na eficiente destruição dos canais usados pelas larvas na sua movimentação vertical durante o ano. Ainda no tocante ao método de reforma dos canaviais, alerta-se para a inconveniência do emprego do cultivo mínimo nas áreas infestadas com Migdolus. Controle Químico O método mais simples e pratico de controle é o químico aplicado no sulco de plantio. Essa forma de aplicação de inseticidas tem revelado resultados promissores no combate a essa praga. Experimentos mostraram que o emprego de inseticidas organoclorados (Endosulfan 350 CE) apresentou reduções significativas na população e no peso das larvas de Migdolus, quando comparadas a uma testemunha não tratada. A aplicação desses produtos resultou na proteção das touceiras de cana durante o primeiro corte da cultura, com aumentos na produção da ordem de 19 toneladas de cana por hectare. Os números mais expressivos de controle foram alcançados nas soqueiras subseqüentes. Os acréscimos de produtividade registraram valores superiores a duas ou três vezes aos encontrados nas parcelas-testemunhas, como conseqüência do uso de inseticidas. Estudos com o inseticida Endosulfan 350 CE, mostraram um retorno econômico altamente significativo, tanto em doses isoladas como quando associado ao nematicida Carbofuran 350SC. A produtividade média de três cortes, nas áreas tratadas com Endosulfan 350 CE, na dosagem de 12 litros/ha, foi de 105 t/ha, contra 46 t/ha obtidas nas parcelas testemunhas. Uma outra forma de controle é a aplicação de inseticidas de longo poder residual no preparo do solo, através de bicos colocados atrás das bacias do arado de aiveca. Esse método, que implica no consumo de 300 a 1000 litros de solução por hectare, apresenta a vantagem de depositar o inseticida a aproximadamente 40 cm de profundidade, forman- Arado de Aiveca acoplado com sistema de inseticida (Fonte - CTC) do uma faixa protetora contínua. Os resultados atuais de pesquisa recomendam o controle químico através do emprego do inseticida Endosulfan 350 CE, aplicado no arado de aiveca na dosagem de 12 litros/ha, mais uma complementação com o inseticida Fipronil 800 WG, utilizado na dosagem de 250 g/ha, colocado no sulco de plantio, no momento de cobertura da cana. Controle Cultural Consiste no uso de armadilhas com feromônio sintético, as quais capturam e matam os machos do besouro Migdolus. Além do efeito de controle dessas armadilhas, deve-se ressaltar também a possibilidade de monitorar um grande número de fazendas, o que proporcionará, em breve, antever ataque de larvas nas raízes. 30 Revista Canavieiros - Outubro de 2007 Pastilhas de feromônio, no controle de besouros machos Migdolus. (fonte CTC)
  • 31. Pragas e Doenças Controle Biológico das cigarrinhas-das-raízes da cana-de-açúcar com o fungo Metarhizium anisopliae “É um controle barato, eficiente e com responsabilidade social.” A cana-de-açúcar colhida sem queima é uma realidade em todo o Estado de São Paulo. Com isso, a cigarrinha-da-raíz (Mahanarva fimbriolata) tornou-se importante praga. As condições ambientais favorecidas pela palha da cana não queimada, como maior retenção de umidade no solo e proteção das ninfas dos raios solares fizeram com que este inseto se tornasse praga pelos elevados níveis populacionais que atinge quando não corretamente manejado. O controle biológico com o fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae vem se destacando como principal método de controle, por não ser agressivo ao meio ambiente e por ser mais barato que o método químico. A oviposição por fêmea de cigarrinha é em média 300-350 ovos no solo, próximos às raízes das touceiras. Nos meses mais secos e frios, esses ovos entram em diapausa. Sua ocorrência é de outubro a abril, surgindo com as primeiras fortes chuvas. A umidade do solo é fundamental para a sua proliferação. As ninfas sugam a seiva das raízes e das radicelas, protegidas por uma espuma branca. Ocorrem cinco mudas de pele (ecdises). O ciclo médio é de 65-80 dias (ovos: 15-20 dias; ninfas: 35-40 dias; adultos: 15-20 dias). Ocorrem até quatro gerações no ano. Os principais danos vistos são: plantas desnutridas, desidratadas e ressecadas. Folhas com manchas amareladas e posteriormente avermelhadas e secas. Os adultos injetam toxinas nas folhas. A redução da área verde da cana decorrente da sucção pelas ninfas e adultos interrompe o processo de fotossíntese, causando atrofia da cana e encurtamento dos entrenós (gomos), reduzindo o armazenamento do açúcar e podendo causar perdas agrícolas e industriais da ordem de até 60%. Os inimigos naturais desta praga são de grande importância. A mosca Salpingogaster nigra é considerada a principal predadora de ninfas. Suas larvas predam de 30 a 40 ninfas por ciclo e ocorrem de 2 a 3 gerações por geração da cigarrinha. O Batkoa apiculata é um fungo nativo exclusivo de adultos. Deixa o inseto fixo nas folhas com as asas abertas. Al- gumas Usinas da região de Sertãozinho-SP mostraram controles de até 40% com Batkoa em levantamentos recentes. É importante frisar que Leandro Aurélio Rossini esta alta população de Engenheiro Agrônomo do departamento técnico e comercial da Biocontrol Batkoa aparece apenas em áreas onde foi aplicado Metarhizium, possivelmente pela maior debilidade da cigarrinha. Sobre o nível de controle, recomendase iniciá-lo quando atingir uma população superior a 1 ninfa/metro linear de média no talhão e em áreas historicamente potenciais da praga. Com este procedimento evitam-se riscos de aumentos populacionais. As ninfas começam a aparecer cerca de 15-25 dias após o início das primeiras chuvas. O levantamento deve ser feito com intervalos nunca superiores a 15 dias para variedades mais susceptíveis e 30 dias para variedades menos susceptíveis, em 8 pontos/ha de 1 metro, totalizando 8 metros/ha. Recomenda-se aplicar o Metarhizium somente ao entardecer e no período noturno, com alta umidade relativa (ideal 80%) para dar condições excepcionais para a proliferação do fungo e este causar a doença-verde na cigarrinha, fazendo assim, o conRevista Canavieiros - Outubro de 2007 31
  • 32. Pragas e Doenças Espuma característica de toucera com cigarrinha Cigarrinhas mortas pelo fungo Metarhizium após 10 dias Ninfas na cana Inimigos Naturais Salpingogaster Nigra em fase de larva e na fase adulta trole da praga. A aplicação tratorizada é a melhor opção por estar aplicando o produto de forma direcionada (concentrada) na base das touceiras. O fungo atua por contato. Da aplicação até a morte do inseto levase de 4 a 7 dias e para que o inseto se torne esverdeado, aproximadamente 10 a 14 dias. O alto preço dos produtos químicos (10 a 20 vezes superiores ao biológico), o desequilíbrio biológico causado pelas suas aplicações com a morte de inimigos naturais e os elevados prejuízos que a cigarrinha-daraíz poderá causar aos canaviais; di- recionam para a não economia em doses do fungo Metarhizium anisopliae, para que este excelente agente de controle microbiano não seja prejudicado. As doses normalmente utilizadas variam de 1012 a 1013 conídios/ha. Doses menores (1012 conídios) para áreas de menor risco na forma líquida tratorizada e doses maiores (1013 conídios) em canaviais fechados ou áreas altamente infestadas ou com históricos anteriores de ataques severos ou que utilizaram produtos químicos em anos anteriores, preferencialmente na forma granulada em aplicação aérea. Essas doses mais elevadas em áreas infestadas devem visar a ‘’saturação do ambiente”, chamada de “aplicação inundativa”. Em anos posteriores essas áreas certamente necessitarão de menores doses. Após inúmeras visitas e contatos com técnicos das empresas, acreditamos que o “problema ci- 32 Revista Canavieiros - Outubro de 2007 Cigarrinha morta pelo fungo Batkoa garrinha” existe, mas os níveis populacionais da “praga” encontrados, na maioria dos casos, são baixos. Este fato nos leva a crer que o controle biológico é a saída para a grande maioria. Levantamentos realizados mostram que poucas são as áreas com infestações superiores a 5 ninfas/ha, certamente menos de 15% da cana crua cortada, viabilizando a introdução do fungo com o objetivo de reduzir a população da cigarrinha e estabelecer o equilíbrio biológico da área. O comprometimento do produtor de cana é fundamental para o sucesso no controle da cigarrinha. Sabemos que a propriedade tem inúmeras outras prioridades como término de safra, tratos culturais das soqueiras, plantio de cana de ano entre outras, mas novembro, dezembro até no máximo janeiro é a hora de se preocupar com a cigarrinha. O controle biológico não é poluente, não provoca desequilíbrios biológicos, é duradouro e aproveita o potencial biótico do agroecossistema, não é tóxico para os homens e animais e pode ser aplicado com máquinas convencionais com pequenas adaptações.
  • 33. Informação Adeus ao lampião Programa do Governo Federal leva energia elétrica ao campo Marcelo Massensini A partir de agora, a vida no campo pode ser mais confortável. Isso porque o Governo Federal, através do Programa Luz Para Todos, pretende levar energia elétrica a todos os consumidores residenciais, comerciais e industriais localizados em áreas rurais. O programa atende a todos os proprietários rurais, desde que a propriedade tenha uma residência, ou uma área comercial ou industrial. Para fazer parte do Luz Para Todos, o proprietário deve se dirigir até a agência de atendimento CPFL mais próxima de sua cidade, ou pelo telefone 0800 0 10 10 10. Após análise da solicitação, a eletricidade será ativada, sem custos ao consumidor. O Governo Federal lançou o Luz Para Todos em novembro de 2003 e espera levar energia elétrica para mais de 10 milhões de pessoas do meio rural até 2008. Para isso ele conta com um orçamento de R$ 12,7 bilhões. R$ 9,1 bilhões virão do Governo e o restante será partilhado entre governos estaduais e concessionária de energia elétrica e cooperativas de eletrificação rural. O projeto é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia com participação da Eletrobrás. Se você, produtor rural, se encaixa neste perfil, vá até um dos postos de atendimento e faça valer seus direitos. Além de conforto, a energia elétrica pode aumentar os lucros de sua propriedade. Revista Canavieiros - Outubro de 2007
  • 34. Legislação Resolução SMA nº 42, de 26 de setembro de 2007 P rezados produtores rurais, foi publicado no Diário Oficial do Estado de 27 de Setembro de 2007, a Resolução SMA (Secretaria do Meio Ambiente) nº 42/2007, que institui o Projeto Estratégico Mata Ciliar dá Outras Providências, assinada pelo Secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Francisco Graziano Neto. Dentre as várias atribuições que referida resolução traz, nos chama atenção o artigo 3º, que assim dispõe: “Artigo 3º - Visando assegurar que as restrições legais incidentes sobre as áreas ciliares, conforme definidas no Código Florestal, sejam efetivamente observadas, os proprietários ou possuidores de áreas rurais deverão encaminhar à SMA comunicação informando que as áreas ciliares em suas propriedades ou posses encontram-se delimitadas e protegidas de modo a permitir a regeneração natural, observando-se os seguintes prazos: I. Para as propriedades canavieiras, as comunicações de áreas ciliares deverão ser entregues juntamente com os requerimentos para queima previstos na Resolução SMA 12 de 11 de março de 2005 ou com os Planos de Ação previstos nos Protocolos Agro-ambiental no âmbito do Projeto Etanol Verde. II. Até 30 de abril de 2008 para propriedades ou posses rurais com área igual ou superior a 2.000 (dois mil) ha, áreas exploradas por empresas florestais do setor de papel e celulose e áreas marginais a reservatórios administrados por empresas de energia e saneamento; III. Até 30 de setembro de 2008 para propriedades ou posses rurais com área de 500 (quinhentos) até 2.000 (dois mil) ha; IV. Até 30 de setembro de 2009 para propriedades ou posses rurais com área de 200 (duzentos) até 500 (qui- nhentos) ha; § 1º: As comunicações poderão ser encaminhadas individualmente ou em grupos de propriedades, agregadas em microbacias, cooperativas, associações ou outras formas de organização. § 2º: A Coordenadoria de Licenciamento Ambiental e Proteção de Juliano Bortoloti - Advogado Recursos Naturais - CPRN da SMA Departamento Jurídico Canaoeste definirá os procedimentos para o envio das comunicações, prevendo-se o georeferenciamento ou sistema equivalente passível de mapeamento e fiscalização ambiental. § 3º: Os proprietários ou possuidores de áreas rurais poderão optar por efetuar a comunicação de que trata o caput por meio da inscrição das áreas ciliares no Banco de Áreas Disponíveis para Recuperação Florestal instituído pela Resolução SMA 30 de 11 de junho de 2007". Verifica-se, pela referida resolução, que todo produtor rural deverá entregar à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, “comunicação informando que as áreas ciliares em suas propriedades ou posses encontram-se delimitadas e protegidas de modo a permitir a regeneração natural”, observados alguns prazos de acordo com o tamanho da propriedade rural. Porém, o produtor de cana-de-açúcar, independente do tamanho de seu imóvel ou posse rural, deverá encaminhar sua comunicação juntamente com os requerimentos para queima previstos na Resolução SMA nº 12, de 11 de março de 2005, ou seja, até 02 de abril de 2008, ou, ainda, juntamente com os Planos de Ação previstos nos Protocolos Agro-ambiental no âmbito do Projeto Etanol Verde, que ainda não foi feito entre o Governo e os fornecedores independentes. Ada – ato declaratório ambiental C onforme apurado, a entrega do ADA 2007 - Exercício 2007, foi prorrogada até o dia 30 de novembro de 2007 (fonte: www.ibama.gov.br/ adaweb/). Como já afirmado n’outras edições, o ADA (Ato Declaratório Ambiental), é uma declaração da situação ambiental da propriedade rural, onde será informado OBRIGATORIAMENTE ao IBAMA(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), as áreas de preservação permanente, reserva legal e outras áreas de proteção ambiental (área de reserva particular do patrimônio natural, 34 Revista Canavieiros - Outubro de 2007 área de declarado interesse ecológico, área com plano de manejo florestal, área com reflorestamento), caso existam no imóvel rural e desde que declaradas no DIAT (Distribuição da Área do Imóvel Rural), entregue quando do preenchimento da DITR (Declaração do Importo Territorial Rural). Tal declaração possibilita a redução do pagamento do ITR (Imposto Territorial Rural) em até 100% de seu valor. Ressaltamos, ainda, que o envio do ADA a partir do exercício 2007, é feito por meio eletrônico, via internet (ADAweb), através do site www.ibama.gov.br/ adaweb/. No preenchimento eletrônico do ADA ou em caso de retificação, deve-se observar fielmente o que foi declarado no formulário do DITR, protocolizado perante a Secretaria da Receita Federal, pois as informações ali contidas devem guardar relação com as que forem prestadas no ADA, tendo em vista que, visando um maior controle administrativo das propriedades rurais, o IBAMA começou a cruzar suas informações com a Receita Federal e o INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, responsáveis pelo controle e recolhimento anual do ITR.
  • 35. Repercutiu “Por que, então, tantos comentários negativos sobre um país que produz energia renovável, que polui menos o meio ambiente e está em fase de desenvolvimento? A resposta é simples. Trata-se, portanto, de uma verdadeira guerra comercial, que envolve não apenas um mercado multibilionário, mas também grandes interesses de outras potências que não hesitam em utilizar-se dos mais variados recursos em favor dos seus interesses. Basta observarmos as recorrentes tentativas dos EUA e da União Européia em incluir temas como meio ambiente e direitos humanos na pauta de negociações comerciais com países em desenvolvimento, como o Brasil”. Trecho do discurso do presidente da Copercana, Cocred e da Agrocana, Antônio Eduardo Tonielo, que foi ovacionado na abertura do IX Fórum Internacional sobre o Futuro do Álcool, em Sertãozinho. “Nós somos os melhores em tecnologia para a extração de etanol da cana-de-açúcar. Portanto essa é a única vez na nossa história que nós poderemos dominar um processo.” Roberto Rodrigues, ex-ministro da agricultura e atual coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, durante o mesmo Fórum, em Sertãozinho. “Se eu disser que está tudo bem nessa relação da produção com o ambiente não estarei sendo justa, mas reconheço que muitos do setor têm desempenhado papel importante na defesa ambiental.” A ministra do meio-ambiente, Marina Silva, durante o Fórum que abriu a Fenasucro e Agrocana 2007. O presidente da Unica, Marcos Jank. Segundo ele, as usinas sucroalcooleiras poderiam ampliar os atuais 2.000 MW de capacidade instalada de geração de energia para 9.600 MW em 2015, o que corresponderia a duas vezes a geração de Itaipu ou 15% da energia consumida no País. “Os biocombustíveis são uma opção. O etanol e o biodiesel podem oferecer muitas oportunidades a países emergentes, podem gerar emprego e renda e favorecer a agricultura familiar, além de equilibrar a balança comercial”. Foto: Ag. Brasil “Nós podemos cobrir o risco de ‘apagão’, mas precisamos que haja uma valoração desse trabalho”. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em seu discurso na abertura da 62ª Assembléia Geral da ONU em Nova York, nos Estados Unidos. Revista Canavieiros - Outubro de 2007 35
  • 36. Cultura Cultivando a Língua Portuguesa Esta coluna tem a intenção de maneira didática, esclarecer algumas dúvidas a respeito do português Biblioteca “GENERAL ÁLVARO TAVARES CARMO” "MANUAL DE GESTÃO DAS COOPERATIVAS UMA ABORDAGEM PRÁTICA" Djalma de Pinho Rebouças de Oliveira 1) “INAUGURA” hoje o famoso restaurante!!! Será? Com o Português de forma incorreta talvez seja melhor transferir a inauguração. Renata Carone Sborgia* Por que? Prezado amigo leitor, alguma coisa SE INAUGURA e não inaugura apenas (sem a partícula SE). Ex.: INAUGURA-SE (e não inaugura) hoje o famoso restaurante!!! A festa esperada inaugura-se (e não inaugura) no próximo sábado. 2) Ele não foi “INCLUÍDO” na lista de convidados... Uma pena. Vamos esclarecer a dúvida entre INCLUÍDO e INCLUSO: INCLUÍDO—usar para expressar uma ação, deve ser usado tanto com os verbos TER e HAVER como com os verbos SER e ESTAR. Ex.: Tinha(ou Havia) incluído. Foi (ou estava) incluído. Prefira INCLUSO para usá-lo como adjetivo. Ex.: autos inclusos (autos-substantivo e inclusos-adjetivo) documentos inclusos (documentos-substantivo e inclusos-adjetivo) causas inclusas (causas-substantivo e inclusas-adjetivo) 3) Pedro “INTERVIU” na briga. Pedro, confusão também com o Português! O correto é INTERVEIO. O verbo INTERVIR é derivado do verbo VIR. Ex.: Pretérito Perfeito Simples (passado simples) Verbo Vir - Verbo Intervir Eu vim- Eu intervim Tu vieste - Ele intervieste Ele veio - Ele interveio Nós viemos - Nós interviemos Vós viestes - Vós interviestes Eles vieram - Eles intervieram Dica: observe que só acrescentou no verbo intervir o “inter” no “começo” da conjugação. * Advogada e Prof.ª de Português e Inglês Mestra—USP/RP, Especialista em Língua Portuguesa, Consultora de Português, MBA em Direito e Gestão Educacional, Escreveu a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras) com Miriam M. Grisolia 36 Revista Canavieiros - Outubro de 2007 O segmento da economia representado pelas cooperativas é um dos que mais têm crescido no mundo e no Brasil. Entretanto, esse crescimento pode estar, em alguns casos, sendo realizado de forma não sustentada, consolidando uma situação problemática para o sistema cooperativista brasileiro. Essa sustentação pode estar baseada na análise e no conhecimento dos negócios das cooperativas, na evolução de seus mercados, na capacitação profissional de seus executivos e funcionários, mas também - e principalmente - nos modelos de gestão aplicados pelas cooperativas, quer seja ou não de forma explícita e estruturada. É nessa questão do modelo de gestão das cooperativas que este livro apresenta uma contribuição que pode ser maior ou menor, dependendo da situação de absorção pela cooperativa - para que o sistema cooperativista possa consolidar-se, inclusive, como negócio de sucesso. Livro básico para a complementação e a abordagem pratica e específica, em um segmento da economia brasileira, nas disciplinas de planejamento estratégico, estrutura organizacional, organização e métodos e processo diretivo, bem como teoria geral da administração. Livro-texto para os cursos de cooperativismo. Leitura fundamental de atualização e reciclagem profissional para conselheiros, executivos e funcionários de organizações cooperativistas e cooperativas, bem como cooperados que pretendam ter uma postura mais interativa com suas cooperativas. Os interessados em conhecer as sugestões de leitura da Revista Canavieiros podem procurar a Biblioteca da Canaoeste, na Rua Augusto Zanini, nº1461 em Sertãozinho, ou pelo telefone (16)39463300 - Ramal 2016
  • 37. Agende-se Novembro de 2007 Simpósio Estadual de Agroenergia - 1ª Reunião Técnica Anual de Pesquisa de Agroenergia - RS Data: 06 a 08 de novembro de 2007 Local: Embrapa Clima Temperado - Pelotas - RS Temática: A Embrapa Clima Temperado, a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária - FEPAGRO e a EMATER, reconhecendo a relevância da agroenergia como nova plataforma para a agroindústria riograndense promovem o Simpósio Estadual de Agroenergia e a 1ª Reunião Técnica Anual de Agroenergia, entre 6 e 8 de novembro de 2007, em Pelotas, nas dependências da Embrapa Clima Temperado. Mais Informações: (53) 3275 -8147 Curso Intensivo de Viveiros e Produção de Mudas Data: 07 a 09 de novembro de 2007 Local: Embrapa Florestas - Estrada da Ribeira, km 111 Colombo - PR Temática: O curso tem como objetivo capacitar, de forma teórica e prática, profissionais da área de produção de mudas e demais interessados, para o planejamento e implantação de viveiros e para a aplicação de diferentes técnicas de propagação e produção de mudas de plantas arbóreas. Bem como adquirir e/ou atualizar conhecimentos nas técnicas e processos utilizados na propagação de plantas e produção de mudas. Mais Informações: (41) 3675-5634 6º Congresso Brasileiro de Turismo Rural Data: 08 a 11 de novembro de 2007 Local: Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ/USP - Piracicaba - SP Temática: O objetivo do Congresso é fazer uma apresentação e uma discussão de trabalhos originais sobre o assunto, além de promover a sistematização de informações, experiências e recomendações no âmbito do turismo no espaço rural brasileiro. Mais Informações: (19) 3417-6604 Workshop sobre Adequação Ambiental e Técnicas de Recuperação de Áreas Degradadas Data: 12 a 13 de novembro de 2007 Local: Anfiteatro do Pavilhão de Engenharia da ESALQ/ USP - Piracicaba - SP Temática: O evento é voltado a profissionais do setor agrícola e ambiental visando atualização nas técnicas de restauração florestal e políticas públicas relacionadas ao mesmo. Estudantes de graduação e pós-graduação em ciências agrárias e ambientais. Entidades públicas e privadas e terceiro setor. Mais Informações: (19) 3417-6604 Curso de Análise de Mercado Físico e Futuro de Milho Data: 21 de novembro de 2007 Local: São Paulo - SP Temática: O encontro tem, como principal objetivo, reavaliar os novos parâmetros de formação de preço e tendências na comercialização brasileira e mundial, combinando as ações junto com operações de mercado futuro. Destina-se a produtores, operadores, traders, corretores e qualquer profissional que esteja envolvido na administração rural e na comercialização das principais commodities agropecuárias Mais Informações: (51) 3224-7039 Reunião Itinerante de Fitossanidade do Instituto Biológico Cana-de-açúcar Data: 22 de novembro de 2007 Local: Sertãozinho - SP Temática: Com 200 vagas, a reunião é voltada para agrônomos, técnicos agrícolas e empresários do setor canavieiro. Mais Informações: (19) 3252-2942 Curso de Análise Fundamental e Introdução a Comercialização de Soja Data: 22 de novembro de 2007 Local: Curitiba - PR Temática: O encontro tem como objetivo básico dar subsídios introdutórios, através da analise fundamentalista, ao entendimento do processo de comercialização da soja no Brasil. A abordagem será feita tendo sempre a ótica do mercado, envolvendo as duas pontas do processo, ou seja, a produção e o consumo, destacando os principais pontos de composição da oferta e da demanda a nível mundial e nacional, e sua interpolação com o processo de negociação. Mais Informações: (51) 3224-7039 Revista Canavieiros - Outubro de 2007 37