A apresentação faz uma introdução à obra do filósofo alemão Hans Honas, O Princípio Responsabilidade, uma das referências para se desenvolver uma ética para a civilização tecnológica.
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Unidade I: Transformação Da Essência
Da Ação Humana
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Exemplo da antiguidade
Características das éticas anteriores
Novas dimensões da responsabilidade
Tecnologia como vocação da humanidade
Velhos e novos imperativos
Formas anteriores de éticas orientadas para o futuro
O homem como objeto da técnica
Dinâmica utópica do progresso técnico e exigências da
responsabilidade
Vazio ético
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I.
Exemplo da Antiguidade
Coro de Antígona:
Muitas são as coisas prodigiosas sobre a terra
mas nenhuma mais prodigiosa do que o próprio
homem. Quando as tempestades do sul varrem o
oceano, ele abre um caminho audacioso no meio
das ondas gigantescas que em vão procuram
amedrontá-lo:
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à mais velha das deusas, à Terra
eterna e infatigável, ano após ano ele lhe
rasga o ventre com a charrua, obrigandoa a maior fertilidade. A raça volátil dos
pássaros captura, muita vez, em pleno
vôo. Caça as bestas selvagens e atrai
para suas redes habilmente tecidas e
astuciosamente estendidas a fauna
múltipla do mar, tudo isso ele faz, o
homem, esse supremo engenho.
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Doma a fera agressiva acostumada à
luta, coloca a sela no cavalo bravo, e
mete a canga no pescoço do furioso
touro da montanha. A palavra, o jogo
fugaz do pensamento, as leis que regem
o Estado, tudo ele aprendeu, a si próprio
ensinou. Como aprendeu também a se
defender do inverno insuportável e das
chuvas malsãs. Vive o presente, recorda
o passado, antevê o futuro. Tudo lhe é
possível.
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Na criação que o cerca, só dois mistérios
terríveis, dois limites. Um, a morte, da qual em
vão tenta escapar. Outro, seu próprio irmão e
semelhante, o qual não vê e não entende. Se
não resiste a ele, é esmagado. Se o vence, o
orgulho o cega e vira um monstro que os
deuses desamparam. Só o governante que
respeita as leis de sua gente e a divina justiça
dos costumes mantém sua força porque
mantém sua medida humana. Em mim só
manda um rei: o que constrói pontes e destrói
muralhas.
Tradução: Millôr Fernandes
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Homem e Natureza
Terra percebida como regenerativa e imperecível
Apesar de sua engenhosidade ilimitada, homem é
pequeno diante da natureza
Criação da Cidade
Vida social não afetava a natureza
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II.
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Características das Éticas
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não havia a questão do impacto futuro da técnica
ética era pensada numa base de relações de
indivíduo para indivíduo
homem não era objeto da técnica transformadora
ética era orientada por princípios que a
mantinham restrita ao presente
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III.
Novas Dimensões da
Responsabilidade
Vulnerabilidade da natureza
Caráter acelerado e cumulativo das inovações
tecnológicas criam situações diante das quais o
pensamento tradicional é impotente
Direito ético da natureza?
Integrar a biosfera no conceito de bem humano
Nota: certezas naturais não são as mesmas
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IV.
Tecnologia Como “Vocação”
Da Humanidade
Homo faber prevalece sobre homo sapiens
cria a partir do criado
prepara o que será capaz de fazer
muda a qualidade da ação humana, muda a política
Cidade universal como segunda natureza
distinção entre natural e artificial desaparece
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V.
Velhos e Novos Imperativos
• dever de continuar a humanidade?
• futuro calculável forma a dimensão incompleta da
responsabilidade
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Na religião, o
presente é
composto por
preceitos de
conduta para
obter
compensação no
futuro; não é
causa do futuro
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O homem político quer
que suas obras
permaneçam, mas sua
esfera de atuação, na
concepção prémoderna, é o presente
16. Utopia Moderna:
Marxismo
Usar a técnica para
criar uma sociedade
ideal no futuro
A ação se faz tendo
em vista um futuro
do qual não se
beneficiarão nem os
atores, nem as
vítimas, nem os
contemporâneos
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VII.
O Homem Como Objeto
Da Tecnologia
Prolongação da vida
Mudança de atitude face à morte
Medicina e prolongação da vida
DECISÃO
Controle do comportamento
Uso de medicamentos contornam as formas humanas
para tratar problemas humanos
Manipulação genética
Homem quer ser senhor de sua própria evolução
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VIII.
Dinâmica “Utópica” do
Progresso Técnico
• Tecnologia tornou os projetos utópicos
executáveis, mas o saber não acompanha os
efeitos da transformação tecnológica
• Necessidade de uma ética da responsabilidade
correspondente ao nosso poder de transformação
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... a sirene mudou a percepção. Silêncio de todos;
aquele barulho dizia que máquina também nasce e
que engenheiro pode ser mãe. Enquanto o som da
sirene decaía, começava a subir o dos fogos; todos
rojões de um só tipo. A fumaça branca dos estouros
lentamente desenhava no céu azul bandeirinhas
brancas de benesses; fadas derramando sobre a
estação seus melhores votos.
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Os homens estavam todos com o sorriso
amarelo de uma emoção difícil deles mesmos
perceberem. Eles então pareciam não dar muita
bola, como se houvesse uma indiferença que o
costume traz. As mulheres, as poucas ali
presentes, não acham aquelas peças de aço e
fios em nada parecidas com um recém nascido.
Mal sabem elas que os homens também não
acham um recém nascido em nada parecido com
uma pessoa.
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Uma sirene cortou os ares, assim que cortaram a fita.
Muitas casas passaram a ter mais luz à disposição.
Muitos disfarçaram o choro emocionado por tanta beleza.
Um transformador de luz pode transformar gente.
Jorge Forbes, Transformando a Luz.