SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 4
FRUTA   de verão

                                               Flávia Fernandes
                                           Fotos: Isaumir Nascimento

                                                le pode ser considerado a fru-
                                                ta do verão. Num sol quente
                                                à beira-mar, a água-de-coco é
                                                rapidamente lembrada para
                                     matar a sede. E a verdade é que do co-
                                     queiro nada se perde. A fruta apresenta
                                     mil e uma utilidades que espantam quem
                                     só se delicia com a doçura da água ou
                                     com os diferentes pratos que a culinária
                                     oferece.
                                         Sem deixar por menos, a água-de-
                                     coco tem inúmeras aplicações: é efici-
                                     ente soro hidratador, podendo ainda ser
                                     utilizada como auxiliar no tratamento de
                                     doenças infantis e de organismos debili-
                                     tados. Já o leite de coco, de uso culiná-
                                     rio, é obtido através da polpa branca,
                                     carnuda e oleosa. Do bagaço podem-se
                                     produzir azeite, sabão, velas e, até mes-
                                     mo, margarina. Capachos, passadeiras,
                                     sacos, broxas, escovas, redes, esteiras e
                                     estofados para carros são produzidos da
   Na água e na arte, doce delícia   fibra do coco, que envolve a parte
                                     carnosa.



   Do coco nada se perde,
                                         Acontece que o capixaba inventou
                                     mais utilidades para o mágico coco. Em
                                     Vila Valério, mais especificamente na
                                     comunidade de Dourado, a fruta já
                                     possui até data específica. Pode agendar:



   tudo se desfruta
                                     na última semana de agosto, são três dias
                                     de festa. O município é o segundo
                                     maior produtor de coco do Estado,
                                     perdendo apenas para São Mateus. Lá,
                                     são mil hectares de coco-anão-verde,
                                     sendo que desses, 800 já estão produ-
                                     zindo e os 200 restantes estão em fase
                                     de crescimento.
                                          Na Festa do Coco existe o concurso
                                     para se escolher a Rainha do Coco, so-
                                     nho de toda mocinha da cidade. Esti-
                                     mulada pelos prêmios oferecidos, a co-
                                     munidade se mobiliza e coloca a imagi-
                                     nação em dia. É incrível o capricho das
                                     artesãs na produção de vestidos com
                                     modelos bem-trabalhados, trançados,
                                     tendo flores, acessórios, brincos, luvas,
                                     bolsas e até sapatos confeccionados com
                                     fibras do tronco do coqueiro. Tudo fei-
                                     to do coco, chamando a atenção pela
                                     beleza. “As artesãs procuram acompa-
                                     nhar a moda para a produção ficar em
FRUTA do verão
                     dia”, conta Dulcinéia Zorzanelli          citam sua criatividade e depois da festa    água-de-coco. Já quem faz o doce come
                 Brumati, vice-presidente da Associação        os vestidos e outras produções acabam       o tempo todo, durante o preparo. “Não
                 de Moradores e Produtores de Doura-           no armário de suas casas.                   consigo enjoar do coco”, declara o estu-
                 do e Arredores.                                   Até vestido de coco ralado, simulan-    dante Hiury Brumati, de 14 anos. Já a
                     Maria Geni Boni e Maria das               do um tecido com rendas minuciosas, é       doceira Lúcia Mantovanelli Boni sabe
                 Graças Scalfoni Savernini não se pre-         fabricado em Vila Valério. “A festa foi o   os segredos para que o paladar sempre
                 ocuparam em retirar do armário os ves-        que incentivou o artesanato. A gente nem    descubra as novas faces do coco. “O
                 tidos confeccionados para festas anteri-      sabia que tinha tanto artista por aqui”,    que mais vende é a cocada. Fazemos de
                 ores. E é pena que não haja uma casa          destaca Dulcinéia. As artesãs levam em      todo jeito: com abacaxi, abóbora, leite,
                 de arte para expor o trabalho tão             média 25 dias para produzir um              banana. Vai ao gosto do freguês. O coco
                 detalhista e de qualidade. As artesãs exer-   vestido. Por dia, são nove horas de         ralado é o princípio de qualquer prato”,
                                                               trabalho criativo, em equipes formadas      ensina a cozinheira de mão-cheia.
                                                               por quatro pessoas.                             Na casa da artesã Vanilda
                                                                   O coco tem um significado especial      Bonifácio, o coco ajuda na decoração.
                                                                  para a adolescente Kênia                 São tapetes, cestos, bonecas e enfeites
                                                                     Brandenburg, de 12 anos, segun-       diferenciando o ambiente. “Foi a festa
                                                                          da colocada na última festa do   que me motivou a produzir o artesana-
                                                                          coco. Sua irmã, de 15 anos,      to. Comecei há oito anos. Produzo sozi-
                                                                     foi a campeã. “Se mamãe inven-        nha, com muita paciência”, confidencia.
                                                                 tar de fazer um novo vestido, partici-    Seu trabalho é totalmente voltado para
                                                               po novamente da festa. Ser a Rainha do      a festa do coco. Aliás, os artesãos da
                                                               Coco é o sonho de toda menina daqui”,       região ainda não produzem em larga
                                                               garante, os olhos brilhando. O vestido      escala, apesar de não faltar criatividade
                                                               exibido por Kênia fica escondido num        para a generosa arte. “A inspiração de-
                                                                 quarto, como um tesouro, guardando        pende do momento. Os modelos sou eu
                                                                   o glamour e o sonho de três dias de     mesma quem inventa. Tento ensinar o
                                                                      festa. Ao fechar-se a janela do      trabalho para minhas filhas, mas elas não
                                                                        quarto, uma parte do sonho         se interessam. É preciso ter o dom. Na
                                                                           também é arquivada na me-       verdade, sinto pena de comercializar        assim como a decoração na igreja e as       sil. São mais de 100 milhões de cocos       tada, ocupando principalmente os
                                                                             mória de quem escuta a        meus produtos”, descreve Vanilda, de-       lembrancinhas”, idealiza Adão               anuais. Há 15 anos, o Estado só tinha       estados de Alagoas, Sergipe e Bahia. O
                                                                                menina.                    monstrando que um pouco de incenti-         Bonifácio, marido de Vanilda.               500 hectares. Hoje, o coco representa a     coqueiro-anão – introduzido no Brasil
                                                                                     Em Vila Valério, é    vo à cultura artesanal viria bem a ca-                                                  cultura agrícola que mais cresceu”,         em 1925, vindo da Malásia – não alcan-
                                                                                    alto o consumo de      lhar. Durante o dia, a artesã trabalha na                ECONOMIA                       salienta Dalmo Nogueira da Silva,           ça mais do que 10 metros de altura, o
                                                                                                           produção de café, e à noite solta a ima-                                                coordenador estadual do Programa de         que facilita bastante a colheita. Essa es-
                                                                                                           ginação entre as palhas do coqueiro.            O coqueiro e seus frutos, presentes     Desenvolvimento da Fruticultura no          pécie inicia sua frutificação no segundo
                                                                                 Vestidos e sapatos                                                                                                Estado.
                                                                                                               Ao chegar à propriedade rural onde      em mais de 80 países ao redor do mun-                                                   ano após o plantio, apresentando maior
                                                                                 feitos em Vila
                                                                                                           três modelos já aguardavam vestidas de      do, têm grande importância na vida e             No Brasil, os coqueiros mais comuns    produtividade: cerca de 200 frutos/ano
                                                                                  Valério:
                                                                                                           coco, com a produção de Vanilda, a equi-    na economia de várias populações. São       são encontrados em duas variedades: a       por pé. Em compensação, vive apenas
                                                                                  originalidade
                                                                                                           pe da revista, olhando de longe, aproxi-    cultivadas as variedades (conhecidas        gigante e a anã. O coqueiro-gigante é       20 anos, bem menos tempo do que o
                                                                                   (ao lado).
                                                                                    Na página oposta,      mava-se do que supunha serem três           como coqueiro-da-baía) anão-verde,          uma planta que pode viver além dos 150      centenário coqueiro comum.
                                                                                     Kênia                 bonecas douradas que servissem de           amarelo, vermelho e híbrido (anão x gi-     anos e chegar a 35 metros de altura. Dos        É comum, em Vila Valério, os
                                                                                      Brandenburg,         enfeite para o belo jardim. Para nossa      gante). No Espírito Santo, os municípi-     6 aos 9 anos de idade, o planta inicia a    produtores consorciarem a cultura do
                                                                                       segunda             surpresa, as bonecas começaram a se         os que mais produzem são, além de Vila      produção de frutos, que se estabiliza aos   coco com a produção de café. “O pro-
                                                                                        colocada no        mexer, demonstrando a vida existente        Valério e São Mateus, São Gabriel da        12 anos, com uma média de 70 cocos          dutor economiza até o oitavo ano, épo-
                                                                                         concurso de       no talento da artesã. “Falei para Vanilda   Palha, Colatina, Linhares e Pinheiros. No   ao ano. A variedade gigante é a mais        ca em que o café é retirado. O coqueiro
                                                                                           Rainha do       para produzir vestidos feitos do coco       Estado, cultiva-se o coco-anão para a       comum em todo o Nordeste brasileiro,        garante sombra ao cafeeiro. Da produ-
                                                                                           Coco            para o casamento de nossas filhas.          extração de água. “O Espírito Santo é o     região responsável por 85% da produ-        ção de Vila Valério, 30% são realizados
                                                                                                           Tenho a idéia de fazer tudo do coco,        primeiro produtor de coco-anão do Bra-      ção nacional e mais de 90% da área plan-    dessa forma e a produção anual é de 10
FRUTA do verão
                                                                                                                                                                                                                                                dores eram, nada mais nada menos, os
                                                                                                                                                                                                                                                sogros de dona Otília. Acontece que a
                                                                                                                                                                                                                                                artista, poetisa e artesã não sabia que
                                                                                                                                                                                                                                                possuía tais qualidades na época. “Eu
                                                                                                                                                                                                                                                não sabia como fazer. Fiquei a noite toda
                                                                                                                                                                                                                                                pensando até que surgiu num estalo. Daí
                                                                                                                                                                                                                                                eu peguei um canivete e tesoura e con-
                                                                                                                                                                                                                                                segui realizar a tarefa. Primeiro saiu o
                                                                                                                                                                                                                                                velho e, depois, a velha”, lembra. A se-
                                                                                                                                                                                                                                                melhança chamou a atenção dos mora-
                                                                                                                                                                                                                                                dores e, a partir daí, dona Otília não
                                                                                                                                                                                                                                                parou mais. Na sala de sua casa, são 30
                                                                                                                                                                                                                                                esculturas como gatos, galos, galinhas,
                                                                                                                                                                                                                                                besouros, relógios, coelho, macaco, gato,
                                                                                                                                                                                                                                                índio, tatu, além de figuras ilustres como
                                                                                                                                                                                                                                                o Papa João Paulo II e Os Trapalhões.
                                                                                                                                                                                                                                                    Para dar mais vida às suas criações,
                                                                                                                                                                                                                                                a artesã utiliza botões de roupa, des-
                                                                                                                                                                                                                                                pertando o brilho nos olhos dos perso-
                                                                                                                                                                                                                  “APRENDI     DE MIM           nagens (percepção dela mesma). “Eu
                                                                                                                                                                                                                        MESMA ”                 aprendi de mim mesma. Tudo tem que
                                                                                                                                                                                                                                                ter imaginação, senão, não sai”, comen-
                                                                                                                                                                                                                  Imagine criar esculturas      ta a comunicativa artesã que não ven-
                                                                                                                                                                                                              no coco seco e, além disso,       de nenhuma peça de sua coleção. “Uma
                                                                                                                                                                                                              fazer poesias em um livro         vez um rapaz se interessou por uma
                                                                                                                                                                                                              todo encadernado com pa-          escultura. Pedi R$ 20 e ele achou caro.
                                                                                                                                                                                                              lhas da fruta de mil e uma        Falou que o coco é barato. Só que eu
                                                                                                                                                                                                              utilidades. Para dona Otília      não vendo coco. Vendo arte. Depois
                                                                                                                                                                                                              Boni Tartaglia, de 74 anos,       dessa decepção, nunca mais quis ven-
                                                                                                                                                                                                              o ofício veio sem avisar, as-     der uma peça de minha coleção. Te-
                     milhões de cocos”, explica Joventino    no. O certo é que, no Brasil, ou melhor,        ganhando a vida sem patrão e literalmente                                                        sim como as constantes mu-        nho ciúme”, segreda dona Otília, que
                 Vieira de Souza, técnico agrícola e che-    na Bahia, o coco chegou em 1553 a bor-          quebrando o coco para conseguir sua renda ao                                                     danças de endereço em sua         atualmente mora na ilha de Guriri, em
                 fe local do escritório da Incaper. Essa     do das embarcações portuguesas, pro-            final de cada mês. “No verão o que sai mais                                                      vida. Nascida em 12 de abril      São Mateus, tendo o coco como um
                 forma de se cultivar o coco demonstra       veniente das ilhas de Cabo Verde, como          são as pregadeiras, bolsas, pingentes enta-                                                      de 1927, em Guarapari, dona       passatempo.
                 mais uma utilidade da fruta.                relatam algumas enciclopédias. Na épo-          lhados e outras coisas que surgem através                                                        Otília mudou-se para a loca-
                                   Ninguém sabe ao cer-      ca, foram logo descobertos pratos típi-         da encomenda do freguês”, situa Falcão.                                                          lidade de Dourado, em Vila
                                  to a origem do coquei-     cos e variados como vatapá, caruru de           Além disso, os sutiãs de coco também vi-                                                         Valério, aos 18 anos. Lá, ela
                                    ro. Uns dizem que        folha, efó, xinxim, arroz-de-hauçá e, até       ram sensação no verão. “As pessoas se inte-                                                      se deparou com a tarefa de
                                     vem da Índia, outros    mesmo, a moqueca (não a capixaba!).             ressam pelo coco independentemente da                                                            esculpir o rosto dos primei-
                                      afirmam que é pro-     Entre os doces, baba-de-moça, cocadas,          estação ou da moda. O artesanato confun-                                                         ros moradores da vila no coco
                                        veniente das ilhas   quindim, creme-do-homem, beiju mo-              de alguns fregueses, que pensam que o pro-                                                       seco. O pedido partiu de duas
                                         do Pacífico e al-   lhado, cuscuz de tapioca, bolos, mingaus,       duto é feito de madeira. A arte de trabalhar                                                     professoras locais, preocupa-
                                          guns ainda afir-   xerém, munguzá e outras invenções               com o coco é perigosa, devido aos moto-        Roupas exibidas na Festa do Coco          das com os preparativos da primeira
                                           mam que o         possíveis.                                      res e lixadeiras”, conta o artesão. Suas pe-   (página oposta, no alto) criados pela     festa do coco – isso há 12 anos.
                                           coco é africa-        Diante de tanta história, o artesão Paulo   ças variam de R$ 2 a R$ 15, o que torna        artesã Vanilda Bonifácio (alto), que          Para algumas pessoas a tarefa pare-
                                                                                                             qualquer produto bem acessível. Com tan-       também produz bonecas e outros            cia simples porque os primeiros mora-
                                                             Falcão aproveita a melhor época do ano
                                                                                                                                                            objetos; Dulcinéa Brumati, vice-
                                                             para vender suas peças. Bem                     tas utilidades, resta perguntar se o coco dá
                                                                                                                                                            presidente da associação dos
                                                             diferente do artesanato encontrado em Vila      lucro. “Não é 100% mas dá um bom cal-
                                                                                                                                                            produtores de coco, com bolsa
                                                             Valério, Falcão expõe em praças de Vitória,     do”, brinca o animado artesão.
                                                                                                                                                            confeccionada para o evento (página
                                                                                                                                                            oposta, embaixo); artesã mostra arranjo
                                                                                                                                                            de flores, utilizado pelas candidatas a
                                                                                                                                                            Rainha
FRUTA do verão




                     O que também chama atenção na
                 produção das peças é que dona Otília
                 não utiliza fotos para guiar os traça-
                 dos. Geralmente os personagens ficam
                 marcados pelas rápidas aparições na
                 TV ou na lembrança de alguma foto
                 do passado. Apesar de seus 74 anos, a
                 memória, assim como sua imaginação,
                 anda totalmente em dia. Tanto é as-
                 sim que ela está concentrada na pro-
                 dução final de seu livro ainda manus-
                 crito. “Quero publicá-lo, mas ainda
                 estou sem patrocínio. Não tenho re-
                 cursos para isso”, lamenta a artista. No
                 “Livro que saiu do coração”, dona
                 Otília não abandonou o coco: ele faz
                 parte de algumas poesias e embeleza
                 a encadernação da obra, toda feita com
                 palhas da fruta.
                     Nos 61 poemas, todos em rima com
                 temas ecológicos, saudades, lembranças,
                 esperança e muita alegria. “O livro saiu
                 do coração mesmo. Saiu tudo que esta-
                 va preso aqui”, conta, com a mão no
                 peito. Dentre as poesias, o galo e a gali-
                 nha (duas esculturas criadas no coco)        der o ofício da avó. “Não tenho paciên-
                 foram lembrados. “Na época que fiz a         cia, mas gosto da poesia quando ela lê          Otília Boni Tartaglia,
                 poesia, ainda não tinha preparado o galo     para mim”, assume. Para dona Otília, o          com algumas das suas
                 e a galinha. Parecia que eu estava adivi-    coco trouxe um novo significado em sua            esculturas (alto, à
                 nhando. Demorei 30 dias para fazer o         existência. “Eu não sei o preço de minha        esquerda); detalhe do
                 galo. Deu muito trabalho”, comenta a         arte e, por isso, fica difícil de vender. Vi-      trançado de uma
                 artesã, que tem os dedos machucados          ver do coco ainda não dá. Por enquanto,              roupa (acima)
                 pela afiada lâmina do canivete.              só dá dor nos dedos”, brinca. Com cer-
                     Sua neta, Mitssa Merlem Calegari,        teza, dona Otília tem outros olhos para a
                 de 15 anos, nem de longe sonha em apren-     dureza do coco.

Mais conteúdo relacionado

Destaque

Shared by (Greenwood Management) Coconut report embrapa
Shared by (Greenwood Management) Coconut report embrapaShared by (Greenwood Management) Coconut report embrapa
Shared by (Greenwood Management) Coconut report embrapaGreenwood Management
 
Sumo de Limão + Bicarbonato
Sumo de Limão + BicarbonatoSumo de Limão + Bicarbonato
Sumo de Limão + BicarbonatoCarlos Correa
 
Utilidades do óleo de coco!
Utilidades do óleo de coco!Utilidades do óleo de coco!
Utilidades do óleo de coco!Dr. Bem Estar
 
Mamão - Curando Doenças Nelson J Comegnio
Mamão - Curando Doenças Nelson J ComegnioMamão - Curando Doenças Nelson J Comegnio
Mamão - Curando Doenças Nelson J ComegnioPupi Crystel
 
Técnica de propagação
Técnica de propagaçãoTécnica de propagação
Técnica de propagaçãoRenato731
 
Doenças do mamoeiro.
Doenças do mamoeiro.Doenças do mamoeiro.
Doenças do mamoeiro.Ediney Dias
 
Cultivo limão ricardo costa
Cultivo limão ricardo costaCultivo limão ricardo costa
Cultivo limão ricardo costaRicardo Costa
 
Col.agro 14.interpretacao da analise do solo
Col.agro 14.interpretacao da analise do soloCol.agro 14.interpretacao da analise do solo
Col.agro 14.interpretacao da analise do sologastao ney monte braga
 
Hortas: 500 perguntas, 500 respostas
Hortas: 500 perguntas, 500 respostasHortas: 500 perguntas, 500 respostas
Hortas: 500 perguntas, 500 respostasPortal Canal Rural
 
Como Implantar e Conduzir uma Horta de Pequeno Porte
Como Implantar e Conduzir uma Horta de Pequeno PorteComo Implantar e Conduzir uma Horta de Pequeno Porte
Como Implantar e Conduzir uma Horta de Pequeno PorteJoão Siqueira da Mata
 

Destaque (14)

Shared by (Greenwood Management) Coconut report embrapa
Shared by (Greenwood Management) Coconut report embrapaShared by (Greenwood Management) Coconut report embrapa
Shared by (Greenwood Management) Coconut report embrapa
 
Sumo de Limão + Bicarbonato
Sumo de Limão + BicarbonatoSumo de Limão + Bicarbonato
Sumo de Limão + Bicarbonato
 
Utilidades do óleo de coco!
Utilidades do óleo de coco!Utilidades do óleo de coco!
Utilidades do óleo de coco!
 
Mamão - Curando Doenças Nelson J Comegnio
Mamão - Curando Doenças Nelson J ComegnioMamão - Curando Doenças Nelson J Comegnio
Mamão - Curando Doenças Nelson J Comegnio
 
Limão (1)
Limão (1)Limão (1)
Limão (1)
 
Cultura do limão
Cultura do limãoCultura do limão
Cultura do limão
 
Limão tahiti
Limão tahitiLimão tahiti
Limão tahiti
 
Técnica de propagação
Técnica de propagaçãoTécnica de propagação
Técnica de propagação
 
Doenças do mamoeiro.
Doenças do mamoeiro.Doenças do mamoeiro.
Doenças do mamoeiro.
 
Cultivo limão ricardo costa
Cultivo limão ricardo costaCultivo limão ricardo costa
Cultivo limão ricardo costa
 
Col.agro 14.interpretacao da analise do solo
Col.agro 14.interpretacao da analise do soloCol.agro 14.interpretacao da analise do solo
Col.agro 14.interpretacao da analise do solo
 
Hortas: 500 perguntas, 500 respostas
Hortas: 500 perguntas, 500 respostasHortas: 500 perguntas, 500 respostas
Hortas: 500 perguntas, 500 respostas
 
Como Implantar e Conduzir uma Horta de Pequeno Porte
Como Implantar e Conduzir uma Horta de Pequeno PorteComo Implantar e Conduzir uma Horta de Pequeno Porte
Como Implantar e Conduzir uma Horta de Pequeno Porte
 
Catálogo de Hortaliças
Catálogo de HortaliçasCatálogo de Hortaliças
Catálogo de Hortaliças
 

Mais de quituteira quitutes

Receita Pudim De Mandioca E Torta Garotada
Receita Pudim De Mandioca E Torta GarotadaReceita Pudim De Mandioca E Torta Garotada
Receita Pudim De Mandioca E Torta Garotadaquituteira quitutes
 
Receita Crepes Ao Creme De Goiaba Com Cassis
Receita Crepes Ao Creme De Goiaba Com CassisReceita Crepes Ao Creme De Goiaba Com Cassis
Receita Crepes Ao Creme De Goiaba Com Cassisquituteira quitutes
 
Receita Bife à Milanesa Recheado
Receita Bife à Milanesa RecheadoReceita Bife à Milanesa Recheado
Receita Bife à Milanesa Recheadoquituteira quitutes
 
Livro De Receitas Cocina Melhores Receitas
Livro De  Receitas  Cocina  Melhores  ReceitasLivro De  Receitas  Cocina  Melhores  Receitas
Livro De Receitas Cocina Melhores Receitasquituteira quitutes
 
Guia De Alimentos Naturais Vale Das Flores
Guia De Alimentos Naturais Vale Das FloresGuia De Alimentos Naturais Vale Das Flores
Guia De Alimentos Naturais Vale Das Floresquituteira quitutes
 
Frutas E Legumes Alimentos Poderosos
Frutas E Legumes Alimentos PoderososFrutas E Legumes Alimentos Poderosos
Frutas E Legumes Alimentos Poderososquituteira quitutes
 
Receitas E Dicas Colonial Med Spa
Receitas E Dicas Colonial Med SpaReceitas E Dicas Colonial Med Spa
Receitas E Dicas Colonial Med Spaquituteira quitutes
 

Mais de quituteira quitutes (20)

Receitas Soja
Receitas SojaReceitas Soja
Receitas Soja
 
Receitas Drinks
Receitas DrinksReceitas Drinks
Receitas Drinks
 
Receita Pudim De Mandioca E Torta Garotada
Receita Pudim De Mandioca E Torta GarotadaReceita Pudim De Mandioca E Torta Garotada
Receita Pudim De Mandioca E Torta Garotada
 
Receita GeléIa De Jabuticaba
Receita GeléIa De JabuticabaReceita GeléIa De Jabuticaba
Receita GeléIa De Jabuticaba
 
Receita Crepes Ao Creme De Goiaba Com Cassis
Receita Crepes Ao Creme De Goiaba Com CassisReceita Crepes Ao Creme De Goiaba Com Cassis
Receita Crepes Ao Creme De Goiaba Com Cassis
 
Receita Costela Poncho Verde
Receita Costela Poncho VerdeReceita Costela Poncho Verde
Receita Costela Poncho Verde
 
Receita Bife à Milanesa Recheado
Receita Bife à Milanesa RecheadoReceita Bife à Milanesa Recheado
Receita Bife à Milanesa Recheado
 
Livro De Receitas Naturais 02
Livro De Receitas Naturais 02Livro De Receitas Naturais 02
Livro De Receitas Naturais 02
 
Livro De Receitas Mundiais 02
Livro De Receitas Mundiais 02Livro De Receitas Mundiais 02
Livro De Receitas Mundiais 02
 
Comida Mineira
Comida MineiraComida Mineira
Comida Mineira
 
Receitas Walita
Receitas WalitaReceitas Walita
Receitas Walita
 
Receitas Holiday Christmas
Receitas  Holiday  ChristmasReceitas  Holiday  Christmas
Receitas Holiday Christmas
 
Livro De Receitas Cocina Melhores Receitas
Livro De  Receitas  Cocina  Melhores  ReceitasLivro De  Receitas  Cocina  Melhores  Receitas
Livro De Receitas Cocina Melhores Receitas
 
Receitas Chocolate Orkut
Receitas Chocolate OrkutReceitas Chocolate Orkut
Receitas Chocolate Orkut
 
Guia De Alimentos Naturais Vale Das Flores
Guia De Alimentos Naturais Vale Das FloresGuia De Alimentos Naturais Vale Das Flores
Guia De Alimentos Naturais Vale Das Flores
 
Frutas E Legumes Alimentos Poderosos
Frutas E Legumes Alimentos PoderososFrutas E Legumes Alimentos Poderosos
Frutas E Legumes Alimentos Poderosos
 
Receita Bolo De Iogurte
Receita Bolo De IogurteReceita Bolo De Iogurte
Receita Bolo De Iogurte
 
LinhaçA
LinhaçALinhaçA
LinhaçA
 
Receitas E Dicas Colonial Med Spa
Receitas E Dicas Colonial Med SpaReceitas E Dicas Colonial Med Spa
Receitas E Dicas Colonial Med Spa
 
Menu Chef Vol 20
Menu Chef Vol 20Menu Chef Vol 20
Menu Chef Vol 20
 

Último

Aula 1, 2 Bacterias Características e Morfologia.pptx
Aula 1, 2  Bacterias Características e Morfologia.pptxAula 1, 2  Bacterias Características e Morfologia.pptx
Aula 1, 2 Bacterias Características e Morfologia.pptxpamelacastro71
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.keislayyovera123
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresLilianPiola
 
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimirFCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimirIedaGoethe
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxfabiolalopesmartins1
 
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptxAula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptxBiancaNogueira42
 
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasCassio Meira Jr.
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxOsnilReis1
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Centro Jacques Delors
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxIsabelaRafael2
 
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISPrática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISVitor Vieira Vasconcelos
 
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANOInvestimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANOMarcosViniciusLemesL
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveaulasgege
 

Último (20)

Aula 1, 2 Bacterias Características e Morfologia.pptx
Aula 1, 2  Bacterias Características e Morfologia.pptxAula 1, 2  Bacterias Características e Morfologia.pptx
Aula 1, 2 Bacterias Características e Morfologia.pptx
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
 
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimirFCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
 
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptxAula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
 
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
 
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISPrática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
 
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANOInvestimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
 

Festa do Coco: a fruta do verão em Vila Valério

  • 1. FRUTA de verão Flávia Fernandes Fotos: Isaumir Nascimento le pode ser considerado a fru- ta do verão. Num sol quente à beira-mar, a água-de-coco é rapidamente lembrada para matar a sede. E a verdade é que do co- queiro nada se perde. A fruta apresenta mil e uma utilidades que espantam quem só se delicia com a doçura da água ou com os diferentes pratos que a culinária oferece. Sem deixar por menos, a água-de- coco tem inúmeras aplicações: é efici- ente soro hidratador, podendo ainda ser utilizada como auxiliar no tratamento de doenças infantis e de organismos debili- tados. Já o leite de coco, de uso culiná- rio, é obtido através da polpa branca, carnuda e oleosa. Do bagaço podem-se produzir azeite, sabão, velas e, até mes- mo, margarina. Capachos, passadeiras, sacos, broxas, escovas, redes, esteiras e estofados para carros são produzidos da Na água e na arte, doce delícia fibra do coco, que envolve a parte carnosa. Do coco nada se perde, Acontece que o capixaba inventou mais utilidades para o mágico coco. Em Vila Valério, mais especificamente na comunidade de Dourado, a fruta já possui até data específica. Pode agendar: tudo se desfruta na última semana de agosto, são três dias de festa. O município é o segundo maior produtor de coco do Estado, perdendo apenas para São Mateus. Lá, são mil hectares de coco-anão-verde, sendo que desses, 800 já estão produ- zindo e os 200 restantes estão em fase de crescimento. Na Festa do Coco existe o concurso para se escolher a Rainha do Coco, so- nho de toda mocinha da cidade. Esti- mulada pelos prêmios oferecidos, a co- munidade se mobiliza e coloca a imagi- nação em dia. É incrível o capricho das artesãs na produção de vestidos com modelos bem-trabalhados, trançados, tendo flores, acessórios, brincos, luvas, bolsas e até sapatos confeccionados com fibras do tronco do coqueiro. Tudo fei- to do coco, chamando a atenção pela beleza. “As artesãs procuram acompa- nhar a moda para a produção ficar em
  • 2. FRUTA do verão dia”, conta Dulcinéia Zorzanelli citam sua criatividade e depois da festa água-de-coco. Já quem faz o doce come Brumati, vice-presidente da Associação os vestidos e outras produções acabam o tempo todo, durante o preparo. “Não de Moradores e Produtores de Doura- no armário de suas casas. consigo enjoar do coco”, declara o estu- do e Arredores. Até vestido de coco ralado, simulan- dante Hiury Brumati, de 14 anos. Já a Maria Geni Boni e Maria das do um tecido com rendas minuciosas, é doceira Lúcia Mantovanelli Boni sabe Graças Scalfoni Savernini não se pre- fabricado em Vila Valério. “A festa foi o os segredos para que o paladar sempre ocuparam em retirar do armário os ves- que incentivou o artesanato. A gente nem descubra as novas faces do coco. “O tidos confeccionados para festas anteri- sabia que tinha tanto artista por aqui”, que mais vende é a cocada. Fazemos de ores. E é pena que não haja uma casa destaca Dulcinéia. As artesãs levam em todo jeito: com abacaxi, abóbora, leite, de arte para expor o trabalho tão média 25 dias para produzir um banana. Vai ao gosto do freguês. O coco detalhista e de qualidade. As artesãs exer- vestido. Por dia, são nove horas de ralado é o princípio de qualquer prato”, trabalho criativo, em equipes formadas ensina a cozinheira de mão-cheia. por quatro pessoas. Na casa da artesã Vanilda O coco tem um significado especial Bonifácio, o coco ajuda na decoração. para a adolescente Kênia São tapetes, cestos, bonecas e enfeites Brandenburg, de 12 anos, segun- diferenciando o ambiente. “Foi a festa da colocada na última festa do que me motivou a produzir o artesana- coco. Sua irmã, de 15 anos, to. Comecei há oito anos. Produzo sozi- foi a campeã. “Se mamãe inven- nha, com muita paciência”, confidencia. tar de fazer um novo vestido, partici- Seu trabalho é totalmente voltado para po novamente da festa. Ser a Rainha do a festa do coco. Aliás, os artesãos da Coco é o sonho de toda menina daqui”, região ainda não produzem em larga garante, os olhos brilhando. O vestido escala, apesar de não faltar criatividade exibido por Kênia fica escondido num para a generosa arte. “A inspiração de- quarto, como um tesouro, guardando pende do momento. Os modelos sou eu o glamour e o sonho de três dias de mesma quem inventa. Tento ensinar o festa. Ao fechar-se a janela do trabalho para minhas filhas, mas elas não quarto, uma parte do sonho se interessam. É preciso ter o dom. Na também é arquivada na me- verdade, sinto pena de comercializar assim como a decoração na igreja e as sil. São mais de 100 milhões de cocos tada, ocupando principalmente os mória de quem escuta a meus produtos”, descreve Vanilda, de- lembrancinhas”, idealiza Adão anuais. Há 15 anos, o Estado só tinha estados de Alagoas, Sergipe e Bahia. O menina. monstrando que um pouco de incenti- Bonifácio, marido de Vanilda. 500 hectares. Hoje, o coco representa a coqueiro-anão – introduzido no Brasil Em Vila Valério, é vo à cultura artesanal viria bem a ca- cultura agrícola que mais cresceu”, em 1925, vindo da Malásia – não alcan- alto o consumo de lhar. Durante o dia, a artesã trabalha na ECONOMIA salienta Dalmo Nogueira da Silva, ça mais do que 10 metros de altura, o produção de café, e à noite solta a ima- coordenador estadual do Programa de que facilita bastante a colheita. Essa es- ginação entre as palhas do coqueiro. O coqueiro e seus frutos, presentes Desenvolvimento da Fruticultura no pécie inicia sua frutificação no segundo Vestidos e sapatos Estado. Ao chegar à propriedade rural onde em mais de 80 países ao redor do mun- ano após o plantio, apresentando maior feitos em Vila três modelos já aguardavam vestidas de do, têm grande importância na vida e No Brasil, os coqueiros mais comuns produtividade: cerca de 200 frutos/ano Valério: coco, com a produção de Vanilda, a equi- na economia de várias populações. São são encontrados em duas variedades: a por pé. Em compensação, vive apenas originalidade pe da revista, olhando de longe, aproxi- cultivadas as variedades (conhecidas gigante e a anã. O coqueiro-gigante é 20 anos, bem menos tempo do que o (ao lado). Na página oposta, mava-se do que supunha serem três como coqueiro-da-baía) anão-verde, uma planta que pode viver além dos 150 centenário coqueiro comum. Kênia bonecas douradas que servissem de amarelo, vermelho e híbrido (anão x gi- anos e chegar a 35 metros de altura. Dos É comum, em Vila Valério, os Brandenburg, enfeite para o belo jardim. Para nossa gante). No Espírito Santo, os municípi- 6 aos 9 anos de idade, o planta inicia a produtores consorciarem a cultura do segunda surpresa, as bonecas começaram a se os que mais produzem são, além de Vila produção de frutos, que se estabiliza aos coco com a produção de café. “O pro- colocada no mexer, demonstrando a vida existente Valério e São Mateus, São Gabriel da 12 anos, com uma média de 70 cocos dutor economiza até o oitavo ano, épo- concurso de no talento da artesã. “Falei para Vanilda Palha, Colatina, Linhares e Pinheiros. No ao ano. A variedade gigante é a mais ca em que o café é retirado. O coqueiro Rainha do para produzir vestidos feitos do coco Estado, cultiva-se o coco-anão para a comum em todo o Nordeste brasileiro, garante sombra ao cafeeiro. Da produ- Coco para o casamento de nossas filhas. extração de água. “O Espírito Santo é o região responsável por 85% da produ- ção de Vila Valério, 30% são realizados Tenho a idéia de fazer tudo do coco, primeiro produtor de coco-anão do Bra- ção nacional e mais de 90% da área plan- dessa forma e a produção anual é de 10
  • 3. FRUTA do verão dores eram, nada mais nada menos, os sogros de dona Otília. Acontece que a artista, poetisa e artesã não sabia que possuía tais qualidades na época. “Eu não sabia como fazer. Fiquei a noite toda pensando até que surgiu num estalo. Daí eu peguei um canivete e tesoura e con- segui realizar a tarefa. Primeiro saiu o velho e, depois, a velha”, lembra. A se- melhança chamou a atenção dos mora- dores e, a partir daí, dona Otília não parou mais. Na sala de sua casa, são 30 esculturas como gatos, galos, galinhas, besouros, relógios, coelho, macaco, gato, índio, tatu, além de figuras ilustres como o Papa João Paulo II e Os Trapalhões. Para dar mais vida às suas criações, a artesã utiliza botões de roupa, des- pertando o brilho nos olhos dos perso- “APRENDI DE MIM nagens (percepção dela mesma). “Eu MESMA ” aprendi de mim mesma. Tudo tem que ter imaginação, senão, não sai”, comen- Imagine criar esculturas ta a comunicativa artesã que não ven- no coco seco e, além disso, de nenhuma peça de sua coleção. “Uma fazer poesias em um livro vez um rapaz se interessou por uma todo encadernado com pa- escultura. Pedi R$ 20 e ele achou caro. lhas da fruta de mil e uma Falou que o coco é barato. Só que eu utilidades. Para dona Otília não vendo coco. Vendo arte. Depois Boni Tartaglia, de 74 anos, dessa decepção, nunca mais quis ven- o ofício veio sem avisar, as- der uma peça de minha coleção. Te- milhões de cocos”, explica Joventino no. O certo é que, no Brasil, ou melhor, ganhando a vida sem patrão e literalmente sim como as constantes mu- nho ciúme”, segreda dona Otília, que Vieira de Souza, técnico agrícola e che- na Bahia, o coco chegou em 1553 a bor- quebrando o coco para conseguir sua renda ao danças de endereço em sua atualmente mora na ilha de Guriri, em fe local do escritório da Incaper. Essa do das embarcações portuguesas, pro- final de cada mês. “No verão o que sai mais vida. Nascida em 12 de abril São Mateus, tendo o coco como um forma de se cultivar o coco demonstra veniente das ilhas de Cabo Verde, como são as pregadeiras, bolsas, pingentes enta- de 1927, em Guarapari, dona passatempo. mais uma utilidade da fruta. relatam algumas enciclopédias. Na épo- lhados e outras coisas que surgem através Otília mudou-se para a loca- Ninguém sabe ao cer- ca, foram logo descobertos pratos típi- da encomenda do freguês”, situa Falcão. lidade de Dourado, em Vila to a origem do coquei- cos e variados como vatapá, caruru de Além disso, os sutiãs de coco também vi- Valério, aos 18 anos. Lá, ela ro. Uns dizem que folha, efó, xinxim, arroz-de-hauçá e, até ram sensação no verão. “As pessoas se inte- se deparou com a tarefa de vem da Índia, outros mesmo, a moqueca (não a capixaba!). ressam pelo coco independentemente da esculpir o rosto dos primei- afirmam que é pro- Entre os doces, baba-de-moça, cocadas, estação ou da moda. O artesanato confun- ros moradores da vila no coco veniente das ilhas quindim, creme-do-homem, beiju mo- de alguns fregueses, que pensam que o pro- seco. O pedido partiu de duas do Pacífico e al- lhado, cuscuz de tapioca, bolos, mingaus, duto é feito de madeira. A arte de trabalhar professoras locais, preocupa- guns ainda afir- xerém, munguzá e outras invenções com o coco é perigosa, devido aos moto- Roupas exibidas na Festa do Coco das com os preparativos da primeira mam que o possíveis. res e lixadeiras”, conta o artesão. Suas pe- (página oposta, no alto) criados pela festa do coco – isso há 12 anos. coco é africa- Diante de tanta história, o artesão Paulo ças variam de R$ 2 a R$ 15, o que torna artesã Vanilda Bonifácio (alto), que Para algumas pessoas a tarefa pare- qualquer produto bem acessível. Com tan- também produz bonecas e outros cia simples porque os primeiros mora- Falcão aproveita a melhor época do ano objetos; Dulcinéa Brumati, vice- para vender suas peças. Bem tas utilidades, resta perguntar se o coco dá presidente da associação dos diferente do artesanato encontrado em Vila lucro. “Não é 100% mas dá um bom cal- produtores de coco, com bolsa Valério, Falcão expõe em praças de Vitória, do”, brinca o animado artesão. confeccionada para o evento (página oposta, embaixo); artesã mostra arranjo de flores, utilizado pelas candidatas a Rainha
  • 4. FRUTA do verão O que também chama atenção na produção das peças é que dona Otília não utiliza fotos para guiar os traça- dos. Geralmente os personagens ficam marcados pelas rápidas aparições na TV ou na lembrança de alguma foto do passado. Apesar de seus 74 anos, a memória, assim como sua imaginação, anda totalmente em dia. Tanto é as- sim que ela está concentrada na pro- dução final de seu livro ainda manus- crito. “Quero publicá-lo, mas ainda estou sem patrocínio. Não tenho re- cursos para isso”, lamenta a artista. No “Livro que saiu do coração”, dona Otília não abandonou o coco: ele faz parte de algumas poesias e embeleza a encadernação da obra, toda feita com palhas da fruta. Nos 61 poemas, todos em rima com temas ecológicos, saudades, lembranças, esperança e muita alegria. “O livro saiu do coração mesmo. Saiu tudo que esta- va preso aqui”, conta, com a mão no peito. Dentre as poesias, o galo e a gali- nha (duas esculturas criadas no coco) der o ofício da avó. “Não tenho paciên- foram lembrados. “Na época que fiz a cia, mas gosto da poesia quando ela lê Otília Boni Tartaglia, poesia, ainda não tinha preparado o galo para mim”, assume. Para dona Otília, o com algumas das suas e a galinha. Parecia que eu estava adivi- coco trouxe um novo significado em sua esculturas (alto, à nhando. Demorei 30 dias para fazer o existência. “Eu não sei o preço de minha esquerda); detalhe do galo. Deu muito trabalho”, comenta a arte e, por isso, fica difícil de vender. Vi- trançado de uma artesã, que tem os dedos machucados ver do coco ainda não dá. Por enquanto, roupa (acima) pela afiada lâmina do canivete. só dá dor nos dedos”, brinca. Com cer- Sua neta, Mitssa Merlem Calegari, teza, dona Otília tem outros olhos para a de 15 anos, nem de longe sonha em apren- dureza do coco.