O poema descreve a relação entre o poeta e seu objeto de inspiração, retratando-o como uma criatura da criação do poeta que permanece livre como o mar, embora o poeta busque constantemente por meio da imaginação encontrar seu destino, que já conhece, sendo um aventureiro teimoso e exilado na procura do futuro.

1. PORTUGAL

2. E torno mais real o rosto que te dou. Avivo no teu rosto o rosto que me deste,

3. E torno mais real o rosto que te dou.

4. Mostro aos olhos que não te desfigura.

5. Quem te desfigurou.

6. Criatura da tua criatura,

7. Serás sempre o que sou.

8. E eu sou a liberdade de um perfil

9. Desenhado no mar.

10. Ondulo e permaneço.

11. Cavo, remo, imagino,

12. E descubro na bruma o meu destino

13. Que de antemão conheço:

14. Teimoso aventureiro da ilusão,

15. Surdo às razões do tempo e da fortuna,

16. Achar sem nunca achar o que procuro,

17. Exilado

18. Na gávea do futuro,

19. Mais alta ainda do que no passado.