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43Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 1 - janeiro/fevereiro 2014
REVISÃO
Efeitos funcionais da prática
de dança em idosos
Functional effects of dancing in elderly
Paulo Costa Amaral*, André Bizerra **, Eliane Florêncio Gama***, Maria Luiza de Jesus Miranda***
*Mestrando em Ciências do Envelhecimento pela USJT, **Mestrando em Educação Física pela USJT,
***Docente do Mestrado em Ciências do Envelhecimento e Educação Física pela USJT
Resumo
Objetivo: O presente estudo analisou os efeitos
funcionais da prática de dança em idosos abordados
na literatura científica. Métodos: Foram utilizadas as
palavras-chave “elderly” combinação com os termos
“dance” e “functional effects”, na base de dados Pubmed,
para o levantamento científico. O período considerado
para essas buscas foi de 2003 a 2013. Resultados: A
partir de oito artigos selecionados, verificou-se que a
prática de dança estava presente nos estudos relacio-
nados à Doença de Parkinson (DP), predominando a
utilização dos testes de Escala Unificada de Avaliação
da Doença de Parkinson (Unified Parkinson Disease
Rating Scale-Motor) e Escala de Equilíbrio de Berg
(Berg Balance Scale), destacando melhoras significati-
vas no equilíbrio dos participantes dos programas de
dança, e a predominância do ritmo tango na maioria
dos estudos. Conclusão: Programas de dança voltados
aos idosos provocam melhoras significativas na capa-
cidade funcional de seus participantes, principalmente
aos idosos portadores da Doença de Parkinson (DP),
destacando a variável equilíbrio.
Palavras-chave: idoso, dança, doença de Parkinson.
Abstract
Objective: This study examined the functional
effects of dance practice in elderly addressed in the
literature. Methods: We used the keyword “elderly”
combining with the words “dance” and “functional
effects” in the Pubmed database for the scientific survey.
The period considered was from 2003 to 2013. Results:
From the eight selected articles, it was found that the
practice of dance was present in studies related to
Parkinson’s disease (PD), predominating tests of Uni-
fied Parkinson Disease Rating Scale-Motor and Berg
balance Scale, highlighting significant improvements in
the balance of participants in the dance programs, and
the predominance of the tango rhythm in most studies.
Conclusion: Dance programs geared to seniors cause
significant improvements in functional capacity of
the participants, especially the elderly with Parkinson’s
Disease (PD), highlighting the balance variable.
Key-words: aged, dancing, Parkinson disease.
Recebido em 11 dezembro de 2013; aceito em 21 de março 2014.
Endereço de correspondência: Paulo Costa Amaral, Rua General Porfírio da Paz, 1350/14, Bloco J, Vila
Bancária 03918-000 São Paulo SP, E-mail: contato@profpauloamaral.com.br
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 1 - janeiro/fevereiro 201444
Introdução
O ritmo de crescimento da população brasi-
leira de idosos tem sido sistemático e consistente
[1]. De acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, publicado em 2008 [2],
para cada grupo de 100 crianças de 0 a 14 anos,
havia 24,7 idosos de 65 anos ou mais de idade.
Entre 2035 e 2040, já haverá mais população
idosa numa proporção 18% superior à de crianças
e, em 2050, a relação poderá ser de 100 crianças
para 172,7 idosos.
O envelhecimento é um processo dinâmico e
progressivo, podendo ocorrer alterações morfo-
lógicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas,
sendo necessário implementar ações em favor
dos idosos, de caráter mais preventivo e menos
curativo, capazes de contribuir para a manutenção
da qualidade de vida [3].
Um aspecto relevante a ser estudado no pro-
cesso de envelhecimento diz respeito à prática
de atividade física. Segundo recomendações do
American College of Sports Medicine [4], um pro-
grama regular de atividade física em idosos deve
envolver exercícios de resistência aeróbia, de força
e flexibilidade, favorecendo no aparecimento de
benefícios psicológicos (curto prazo: promover
relaxamento, redução do estresse e ansiedade,
e alteração positiva no estado de humor; longo
prazo: melhoria do bem estar geral, saúde mental,
cognitivo, controle motor e aprendizagem de
novas habilidades) e sociais (curto prazo: ajuda a
desempenhar um papel mais ativo na sociedade,
e melhoria das interações sociais e interculturais;
longo prazo: melhor integração com as pessoas,
formação de novas amizades, aumento das redes
sociais e culturais, manutenção de um papel mais
ativo na sociedade e interação com pessoas de
outras gerações).
Neste contexto, a dança para idosos é um meio
de atividade física que contribui para a melhoria
das condições de saúde. Diante desse contexto,
o presente estudo teve por objetivo analisar os
efeitos funcionais da prática de dança em idosos
abordados na literatura científica.
Métodologia
A base de dados eletrônica Pubmed foi consul-
tada, considerado para essas buscas o período de
2003 a 2013, usando as seguintes palavras-chave:
“elderly” combinação com os termos “dance” e
“functional effects”, utilizando o operador lógico
“and”.
Inicialmente, os estudos que apresentavam,
no título ou nas palavras-chave, pelo menos um
dos descritores foram selecionados para a próxima
fase. Após a exclusão das publicações duplicadas,
as selecionadas foram lidas na íntegra.
Das 14 (quatorze) produções inicialmente
listadas, 8 (oito) [5-12] atendiam aos critérios de
inclusão: estudos sobre idosos associado com dan-
ça; estudos sobre esta temática e estudos realizados
no período de janeiro de 2003 a abril de 2013.
Os critérios de exclusão adotados foram: a)
estudos não publicados; b) artigos de revisão e/ou
opinião de especialistas; c) artigos publicados em
periódicos não indexados ou sem corpo editorial
e procedimentos de revisão por pares.
Nos estudos que atenderam aos critérios de
inclusão, foram analisados os seguintes itens: a)
tipos de pesquisas, b) distribuição por ano de pu-
blicação; c) objetivos dos estudos; d) instrumentos
e protocolos utilizados; e) como a variável dança
está sendo tratada nos estudos com idosos.
Resultados e discussão
Como retrata a Tabela I, do total de artigos
sem os critérios de inclusão, foram encontrados
2 (dois) artigos com pesquisas descritivas e 12
(doze) pesquisas experimentais.
Tabela I - Distribuição de artigos internacionais
categorizados segundo a metodologia empregada pelos
autores, no período de 2003-2013.
Classificação da Pes-
quisa
Número %
Revisão bibliográfica 0 0
Pesquisa descritiva 2 85
Pesquisa experimental 12 15
Total 14 100
Os estudos que cumpriram os critérios de
inclusão estão apresentados no Quadro 1.
45Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 1 - janeiro/fevereiro 2014
Quadro 1 - Síntese dos artigos selecionados após os critérios de inclusão.
Ano Objetivo Metodologia Resultados Conclusões
2010
[5]
Avaliar a via-
bilidade e os
efeitos de aulas
de tango sobre
o equilíbrio,
resistência e
qualidade de
vida em um
indivíduo com
Doença de
Parkinson (DP)
grave.
Participou deste estudo de caso
um idoso portador de DP, em
aulas de tango, 1 hora cada
sessão, durante 10 semanas.
Equilíbrio (Escala de Equilíbrio
de Berg - EEB), testes de cami-
nhada de 6 minutos, Teste de
alcance funcional e qualidade
de vida (Questionário sobre a
Doença de Parkinson - PDQ-
39) foram avaliados antes e
após a intervenção.
O participante me-
lhorou no EEB, teste
de caminhada de 6
minutos e alcance
funcional. Relatou au-
mento da confiança,
equilíbrio e melhoria
da qualidade de vida
por meio do Questio-
nário sobre a Doença
de Parkinson (PDQ-
39). Os ganhos foram
mantidos a partir
do primeiro mês de
intervenção.
Vinte aulas de
tango melho-
raram o equi-
líbrio, resistên-
cia, confiança
e qualidade
de vida em um
participante
com DP grave.
2010
[6]
Determinar a
viabilidade e
os efeitos so-
ciais da dança
sobre o humor,
a mobilidade
funcional,
equilíbrio e
confiança em
12 pessoas
com doença
mental grave
(DMG).
Os participantes dançaram
uma vez por semana, em aulas
de 1 hora por sessão, durante
10 semanas. Antes e depois
das aulas os participantes
foram avaliados quanto à velo-
cidade da marcha e a postura
através do teste Timed Up and
Go e testes de caminhada de
6 minutos. Os participantes
também preencheram o Inven-
tário de Depressão de Beck
(Beck Depression II), Inventário
de Ansiedade de Beck (Beck
Anxiety Inventories) e Escala
de confiança no equilíbrio em
atividades específicas.
Os participantes
melhoraram signifi-
cativamente no teste
Timed Up and Go (p
= 0,012, o tamanho
do efeito = 0,68) e
demonstrou melhoras
não significativas na
ansiedade, depressão
e confiança equilíbrio
(tamanhos de efeito
de 0,41, 0,54 e 0,64,
respectivamente).
A dança social
é viável e be-
néfica para a
mobilidade em
pessoas com
doença mental
grave.
2010
[11]
Explorar a
viabilidade e
os possíveis
benefícios do
Contato e
Improvisação
(CI) como uma
intervenção de
exercícios para
indivíduos com
doença de Pa-
rkinson (DP).
Onze pessoas com DP partici-
param de uma oficina de 10
aulas, com 90 minutos de CI
durante duas semanas, dan-
çando com alunos previamente
treinados no CI.
Medidas de gravidade da
doença, equilíbrio, mobilidade
funcional e da marcha foram
comparadas antes e depois da
oficina de dança.
Os participantes
demonstraram
melhorias na Escala
Unificada de Avalia-
ção da Doença de
Parkinson e Escala
de Equilíbrio de Berg.
O comprimento do
passo aumentou. Os
participantes expres-
saram um alto nível
de prazer e interesse
em assumir futuras
aulas de CI.
Este estudo
piloto apoia a
viabilidade do
CI como uma
intervenção
para lidar com
limitações de
mobilidade
associadas à
DP.
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 1 - janeiro/fevereiro 201446
2009
[10]
Investigar os
efeitos da dança
folclórica turca
em grupo sobre
o desempenho
físico, equilíbrio,
depressão e
qualidade de
vida de mulheres
idosas saudá-
veis.
Participaram do estudo quaren-
ta mulheres idosas saudáveis,
com idade acima de 65 anos.
As participantes foram divididas
aleatoriamente em dois grupos:
Grupo 1 (baseado em programa
de 8 semanas de dança folclóri-
ca) e Grupo 2 (controle). Foram
realizados os seguintes testes:
caminhada de 20 metros, teste
de caminhada de 6 minutos,
subir escadas e teste de sentar e
levantar na cadeira. Foi aplicado
os seguintes questionários: Escala
de Equilíbrio de Berg (EEB), Estudo
dos Resultados Médicos (MOS),
Questionário de coleta de dados
de saúde em versão curta (SF-36)
e Escala Geriátrica de Depressão
(GDS).
No Grupo 1, melhorias
estatisticamente signi-
ficativas foram encon-
tradas na maioria dos
testes de desempenho
físico (EEB e SF-36)
após a intervenção (p
<0,05). No Grupo 2,
não houve mudanças
significativas nas vari-
áveis.
Houve melhorias
no desempenho
físico, equilíbrio
e qualidade
de vida em
mulheres idosas.
Conclui-se que
a aplicação de
dança folcló-
rica como um
programa de
exercícios físicos
para idosos
pode ser útil.
2009
[7]
Determinar os
efeitos de curta
duração das
aulas de tango
sobre a mobili-
dade funcional
em pessoas
com doença de
Parkinson.
Participaram do estudo quatorze
pessoas com doença de Parkinson.
Os participantes realizaram 10
aulas de tango argentino, com 90
minutos de duração, durante 2 se-
manas. O equilíbrio, a marcha e a
mobilidade foram avaliados antes
e após as sessões de treinamento.
Foi aplicada a Escala de Equilíbrio
de Berg – EEB, a Escala Unifica-
da de Avaliação da Doença de
Parkinson, velocidade da marcha,
o perfil de deambulação funcional,
comprimento do passo, postura e
porcentagem da marcha, Timed
Up and Go e a caminhada de 6
minutos.
Os participantes melho-
raram significativamente
na Escala de Equilíbrio
de Berg (tamanho do
efeito = 0,83, p =
0,021), Escala Unificada
de Avaliação da Doença
de Parkinson (tamanho
do efeito = -0,64, p =
0,029), e porcentagem
da marcha durante o
teste (tamanho do efeito
= 0,97, p = 0,015).
Não foram encontradas
melhorias significativas
no teste Timed Up and
Go (tamanho do efeito
= 0,38, p = 0,220) e
6 min a pé (tamanho
do efeito = 0,35, p =
0,170).
Conclui-se que
aulas de dança
realizadas
dentro de um
curto período de
tempo parecem
ser adequadas
e eficazes para
indivíduos com
doença de
Parkinson.
47Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 1 - janeiro/fevereiro 2014
2009
[8]
Comparar
os efeitos do
controle motor
funcional em
indivíduos com
doença de
Parkinson.
Cinquenta e oito pessoas com
doença leve a moderada de
Parkinson foram divididas aleato-
riamente em dois grupos: Grupo 1
(participaram da prática do tango,
valsa e foxtrote, durante 1 hora
por sessão, duas vezes por sema-
na, completando 20 aulas em 13
semanas.) e Grupo 2 (controle
com nenhuma intervenção). Foram
avaliados o equilíbrio, a mobilida-
de funcional e a caminhada para
frente e para trás antes e após o
período da intervenção.
O Grupo 1 melhorou
significativamente na
Escala de Equilíbrio de
Berg, na caminhada de
6 minutos, e no teste
de comprimento do
passo, e os participan-
tes das aulas de tango
obtiveram melhores
resultados em relação
aos participantes das
aulas de valsa e foxtrote
em várias medidas. O
Grupo 2 não apresen-
tou nenhuma melhora
significativa.
A prática do
tango pode visar
os déficits asso-
ciados à doença
de Parkinson
mais do que a
valsa e o foxtro-
te, no entanto,
todas os estilos
de dança po-
dem beneficiar
no equilíbrio e
locomoção.
2008
[12]
Verificar os
efeitos de um
programa de
tango argentino
em relação ao
equilíbrio funcio-
nal e confiança
em idosos.
Idosos com idade entre 62-91
foram aleatoriamente escolhidos
para um programa de tango de
10 semanas, 2 horas por ses-
são, 2x/semana, totalizando 40
horas, ou grupo de caminhada. A
confiança da escala de equilíbrio
específico a Atividades (ABC),
caminhada normal e rápida foram
mensuradas pré e pós-interven-
ção.
Os efeitos das ativida-
des da ABC levaram a
uma melhoria apenas
no grupo de tango em
relação ao grupo de
caminhada. Melhorias
clínicas para Estudos
Epidemiológicos de ido-
sos foram maiores para
o grupo de tango.
Conclui-se
que ambas as
atividades são
eficazes para
aumentar a
força e velocida-
de em idosos. O
tango pode re-
sultar em melho-
rias significativas
em habilidades
de equilíbrio e
da velocidade
do caminhar.
2007
[9]
Comparar os
efeitos de dois
programas:
aulas de tango e
aulas de ginásti-
ca coletiva.
Dezenove pacientes com doença
de Parkinson (DP) foram aleatoria-
mente escolhidos para um grupo
praticante de tango ou um grupo
praticante das aulas de ginásti-
ca coletiva, durante 20 aulas. A
Escala Unificada de Avaliação da
Doença Parkinson, a marcha e a
Escala de Equilíbrio de Berg foram
avaliados pré e pós-intervenção.
Ambos os grupos
apresentaram melhoras
significativas na pontua-
ção da Escala Unificada
de Avaliação da Doença
Parkinson. Não houve
melhora significativa na
marcha em ambos os
grupos. Além disso, o
grupo de tango mostrou
melhorias significativas
na Escala de Equilíbrio
de Berg.
O tango pode
ser uma inter-
venção eficaz
para atingir os
déficits de mobi-
lidade funcional
em indivíduos
com doença de
Parkinson.
Os dados observados no Quadro 1 identifi-
cam que, no período de 2003 a 2006 e de 2011
a 2013, não foram publicados artigos utilizando
as palavras-chaves “elderly” combinação com os
termos “dance” e “functional effects”, e no perío-
do de 2007 a 2010 existem poucas pesquisas (8
estudos), o que persiste até a presente data, com
um total de publicações pouco expressivo.
A análise inicial das informações revelou
que a produção de 4 artigos no período de
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 1 - janeiro/fevereiro 201448
2009 a 2010 foi realizada pelos autores Hack-
ney e Earhart [5-8]. Em 2007 [9], os mesmos
autores, em conjunto com mais dois autores,
produziram outra obra. As pesquisas utiliza-
vam da dança em sua intervenção e estavam
relacionadas ao idoso. Os estudos utilizaram de
testes que mensuravam variáveis relacionadas à
capacidade funcional.
Dentre os 8 (oito) estudos selecionados, 5
(cinco) [5-9,11] tratavam da doença de Parkin-
son em idosos e utilizavam os seguintes testes:
Escala Unificada de Avaliação da Doença de
Parkinson (Unified Parkinson Disease Rating
Scale-Motor) (4 estudos) [7-9,11], Escala de
Equilíbrio de Berg (Berg Balance Scale) (5
estudos) [5,7-9,11], Teste de caminhada de 6
minutos (6-min walk test) (3 estudos) [5,7,8],
Teste de Alcance Funcional (Functional Reach
Test) (1 estudo) [5], Teste de velocidade da
marcha (Gait velocity) (2 estudos) [7,9], Perfil de
deambulação funcional (Functional ambulation
profile) (1 estudo) [7], Comprimento do Passo
(Step length) (3 estudos) [7,8,11], Questionário
sobre a Doença de Parkinson (Parkinson Disease
Questionnaire-39 – PDQ-39) (1 estudo) [5], Pos-
tura e porcentagem da marcha (Stance and single
support percent of gait) (1 estudo) [7], Timed Up
and Go (1 estudo) [7], e Escala de equilíbrio
específico a Atividades (Activities-specific Balance
Confidence - ABC) [12].
Um estudo tratava de outras patologias, como
depressão e transtorno de ansiedade [6], utilizan-
do os seguintes testes: Inventário de Depressão de
Beck (Beck Depression II), Inventário de Ansiedade
de Beck (Beck Anxiety Inventories)eTeste de cami-
nhada de 6 minutos (6-min walk test).
Apenas 2 (dois) estudos [7,10] investigaram
idosos saudáveis. Os estudos utilizaram os testes:
Teste de caminhada de 20 minutos (20-m walk
test) (1 estudo) [10],Teste de caminhada de 6 mi-
nutos (6-min walk test) (1 estudo) [10], Escala de
Equilíbrio de Berg (Berg Balance Scale) (1 estudo)
[10], Estudo dos Resultados Médicos (Medical
Outcomes Study – MOS) (1 estudo) [10], Escala
Geriátrica de Depressão (Geriatric depression scale)
(1 estudo) [10], Timed Up and Go (2 estudos)
[10,7], e Questionário de coletado de dados de
saúde em versão curta (36-item short form health
survey - SF-36) (1 estudo) [10].
A análise dos resultados aponta para uma
prioridade de estudos relacionados à doença de
Parkinson e dentre os testes utilizados para as
pesquisas, a Escala Unificada de Avaliação da
Doença de Parkinson e a Escala de Equilíbrio
de Berg, demonstrando uma preocupação com
a questão da avaliação da doença e do equilíbrio
nos idosos portadores da doença de Parkinson,
e todos os resultados apresentaram melhoras
significativas no equilíbrio dos participantes dos
programas de dança.
Dentre as modalidades de dança utilizadas
na intervenção, destaca-se o tango em 5 estudos
[5,7-9,12], aplicado em programas com duração
que variam entre 10 e 40 horas, com duração de
2 a 13 semanas.
Em um estudo [11], foi utilizado o Contato e
Improvisação (CI) para portadores de doença de
Parkinson, num programa de 10 aulas, com 90
minutos, durante duas semanas, no qual foram
analisados os possíveis benefícios da prática, sendo
constatada melhoria na variável equilíbrio.
Após analisar o panorama dos programas de
dança voltados para os portadores da doença de
Parkinson, constata-se que há poucos programas
que utilizem de outras modalidades de dança,
além do tango.
Existem profissionais capacitados para de-
senvolver programas com dança de diferentes
modalidades. No entanto, a viabilidade desta
prática depende do conhecimento técnico do
profissional que irá atuar na intervenção.
Conclusão
Os resultados nos permitem inferir que os
programas de dança voltados aos idosos provocam
melhoras significativas na capacidade funcional
de seus participantes, principalmente aos idosos
portadores da doença de Parkinson, destacando
a variável equilíbrio, sendo considerada uma
alternativa da prática de atividade física.
Recomenda-se que outros estudos sejam apli-
cados com diferentes modalidades de dança em
idosos, além do tango.
Ainda, há uma escassez de estudos que se
utilizem de testes que mensurem as variáveis da
capacidade funcional de idosos saudáveis.
49Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 1 - janeiro/fevereiro 2014
Referências
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(IBGE). Síntese de Indicadores Sociais: Uma aná-
lise das condições de vida da população brasileira
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2.	 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Projeção da População do Brasil por Sexo
e Idade para o Período 1980-2050: Revisão 2008.
Rio de Janeiro: IBGE; 2008.
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E. Descrição dos fatores de risco para alterações
cardiovasculares em um grupo de idosos. Texto
Contexto Enferm 2008;17(2):327-35.
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activity and nutrition guidelines for every age.
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balance and gait in severe Parkinson disease: a case
study. Disabil Rehabil 2010;32(8):679-84.
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dance for people with serious and persistent
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2010;198(1):76-8.
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tensive tango dancing for Parkinson disease: an
uncontrolled pilot study. Complement Ther Med
2009;17(4):203-7.
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movement control in Parkinson’s disease: a compa-
rison of Argentine tango and American ballroom.
J Rehabil Med 2009;41(6):475-81.
9.	 Hackney ME, Kantorovich S, Levin R, Earhart
GM. Effects of tango on functional mobility in
Parkinson’s disease: a preliminary study. J Neurol
Phys Ther 2007;31(4):173-9.
10.	Eyigor S. Karapolat H, Durmaz B, Ibisoglu U,
Cakir S. A randomized controlled trial of Turkish
folklore dance on the physical performance, balan-
ce, depression and quality of life in older women.
Arch Gerontol Geriatr 2009;48(1):84-8.
11.	Marchant D, Sylvester JL, Earhart GM. Effect of
a short duration, high dose contact improvisation
dance workshop on Parkinson disease: a pilot stu-
dy. Complement Ther Med 2010;18(5):184-90.
12.	Mckinley P, Jacobson A, Leroux A. Bednarczk V,
Rossignol M, Fung J. Effect of a community-based
Argentine tango dance program on functional
balance and confidence in older adults. J Aging
Phys Act 2008;16(4):435-53.
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Efeitos funcionais de prática de dança em idosos

  • 1. 43Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 1 - janeiro/fevereiro 2014 REVISÃO Efeitos funcionais da prática de dança em idosos Functional effects of dancing in elderly Paulo Costa Amaral*, André Bizerra **, Eliane Florêncio Gama***, Maria Luiza de Jesus Miranda*** *Mestrando em Ciências do Envelhecimento pela USJT, **Mestrando em Educação Física pela USJT, ***Docente do Mestrado em Ciências do Envelhecimento e Educação Física pela USJT Resumo Objetivo: O presente estudo analisou os efeitos funcionais da prática de dança em idosos abordados na literatura científica. Métodos: Foram utilizadas as palavras-chave “elderly” combinação com os termos “dance” e “functional effects”, na base de dados Pubmed, para o levantamento científico. O período considerado para essas buscas foi de 2003 a 2013. Resultados: A partir de oito artigos selecionados, verificou-se que a prática de dança estava presente nos estudos relacio- nados à Doença de Parkinson (DP), predominando a utilização dos testes de Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (Unified Parkinson Disease Rating Scale-Motor) e Escala de Equilíbrio de Berg (Berg Balance Scale), destacando melhoras significati- vas no equilíbrio dos participantes dos programas de dança, e a predominância do ritmo tango na maioria dos estudos. Conclusão: Programas de dança voltados aos idosos provocam melhoras significativas na capa- cidade funcional de seus participantes, principalmente aos idosos portadores da Doença de Parkinson (DP), destacando a variável equilíbrio. Palavras-chave: idoso, dança, doença de Parkinson. Abstract Objective: This study examined the functional effects of dance practice in elderly addressed in the literature. Methods: We used the keyword “elderly” combining with the words “dance” and “functional effects” in the Pubmed database for the scientific survey. The period considered was from 2003 to 2013. Results: From the eight selected articles, it was found that the practice of dance was present in studies related to Parkinson’s disease (PD), predominating tests of Uni- fied Parkinson Disease Rating Scale-Motor and Berg balance Scale, highlighting significant improvements in the balance of participants in the dance programs, and the predominance of the tango rhythm in most studies. Conclusion: Dance programs geared to seniors cause significant improvements in functional capacity of the participants, especially the elderly with Parkinson’s Disease (PD), highlighting the balance variable. Key-words: aged, dancing, Parkinson disease. Recebido em 11 dezembro de 2013; aceito em 21 de março 2014. Endereço de correspondência: Paulo Costa Amaral, Rua General Porfírio da Paz, 1350/14, Bloco J, Vila Bancária 03918-000 São Paulo SP, E-mail: contato@profpauloamaral.com.br
  • 2. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 1 - janeiro/fevereiro 201444 Introdução O ritmo de crescimento da população brasi- leira de idosos tem sido sistemático e consistente [1]. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, publicado em 2008 [2], para cada grupo de 100 crianças de 0 a 14 anos, havia 24,7 idosos de 65 anos ou mais de idade. Entre 2035 e 2040, já haverá mais população idosa numa proporção 18% superior à de crianças e, em 2050, a relação poderá ser de 100 crianças para 172,7 idosos. O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo, podendo ocorrer alterações morfo- lógicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, sendo necessário implementar ações em favor dos idosos, de caráter mais preventivo e menos curativo, capazes de contribuir para a manutenção da qualidade de vida [3]. Um aspecto relevante a ser estudado no pro- cesso de envelhecimento diz respeito à prática de atividade física. Segundo recomendações do American College of Sports Medicine [4], um pro- grama regular de atividade física em idosos deve envolver exercícios de resistência aeróbia, de força e flexibilidade, favorecendo no aparecimento de benefícios psicológicos (curto prazo: promover relaxamento, redução do estresse e ansiedade, e alteração positiva no estado de humor; longo prazo: melhoria do bem estar geral, saúde mental, cognitivo, controle motor e aprendizagem de novas habilidades) e sociais (curto prazo: ajuda a desempenhar um papel mais ativo na sociedade, e melhoria das interações sociais e interculturais; longo prazo: melhor integração com as pessoas, formação de novas amizades, aumento das redes sociais e culturais, manutenção de um papel mais ativo na sociedade e interação com pessoas de outras gerações). Neste contexto, a dança para idosos é um meio de atividade física que contribui para a melhoria das condições de saúde. Diante desse contexto, o presente estudo teve por objetivo analisar os efeitos funcionais da prática de dança em idosos abordados na literatura científica. Métodologia A base de dados eletrônica Pubmed foi consul- tada, considerado para essas buscas o período de 2003 a 2013, usando as seguintes palavras-chave: “elderly” combinação com os termos “dance” e “functional effects”, utilizando o operador lógico “and”. Inicialmente, os estudos que apresentavam, no título ou nas palavras-chave, pelo menos um dos descritores foram selecionados para a próxima fase. Após a exclusão das publicações duplicadas, as selecionadas foram lidas na íntegra. Das 14 (quatorze) produções inicialmente listadas, 8 (oito) [5-12] atendiam aos critérios de inclusão: estudos sobre idosos associado com dan- ça; estudos sobre esta temática e estudos realizados no período de janeiro de 2003 a abril de 2013. Os critérios de exclusão adotados foram: a) estudos não publicados; b) artigos de revisão e/ou opinião de especialistas; c) artigos publicados em periódicos não indexados ou sem corpo editorial e procedimentos de revisão por pares. Nos estudos que atenderam aos critérios de inclusão, foram analisados os seguintes itens: a) tipos de pesquisas, b) distribuição por ano de pu- blicação; c) objetivos dos estudos; d) instrumentos e protocolos utilizados; e) como a variável dança está sendo tratada nos estudos com idosos. Resultados e discussão Como retrata a Tabela I, do total de artigos sem os critérios de inclusão, foram encontrados 2 (dois) artigos com pesquisas descritivas e 12 (doze) pesquisas experimentais. Tabela I - Distribuição de artigos internacionais categorizados segundo a metodologia empregada pelos autores, no período de 2003-2013. Classificação da Pes- quisa Número % Revisão bibliográfica 0 0 Pesquisa descritiva 2 85 Pesquisa experimental 12 15 Total 14 100 Os estudos que cumpriram os critérios de inclusão estão apresentados no Quadro 1.
  • 3. 45Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 1 - janeiro/fevereiro 2014 Quadro 1 - Síntese dos artigos selecionados após os critérios de inclusão. Ano Objetivo Metodologia Resultados Conclusões 2010 [5] Avaliar a via- bilidade e os efeitos de aulas de tango sobre o equilíbrio, resistência e qualidade de vida em um indivíduo com Doença de Parkinson (DP) grave. Participou deste estudo de caso um idoso portador de DP, em aulas de tango, 1 hora cada sessão, durante 10 semanas. Equilíbrio (Escala de Equilíbrio de Berg - EEB), testes de cami- nhada de 6 minutos, Teste de alcance funcional e qualidade de vida (Questionário sobre a Doença de Parkinson - PDQ- 39) foram avaliados antes e após a intervenção. O participante me- lhorou no EEB, teste de caminhada de 6 minutos e alcance funcional. Relatou au- mento da confiança, equilíbrio e melhoria da qualidade de vida por meio do Questio- nário sobre a Doença de Parkinson (PDQ- 39). Os ganhos foram mantidos a partir do primeiro mês de intervenção. Vinte aulas de tango melho- raram o equi- líbrio, resistên- cia, confiança e qualidade de vida em um participante com DP grave. 2010 [6] Determinar a viabilidade e os efeitos so- ciais da dança sobre o humor, a mobilidade funcional, equilíbrio e confiança em 12 pessoas com doença mental grave (DMG). Os participantes dançaram uma vez por semana, em aulas de 1 hora por sessão, durante 10 semanas. Antes e depois das aulas os participantes foram avaliados quanto à velo- cidade da marcha e a postura através do teste Timed Up and Go e testes de caminhada de 6 minutos. Os participantes também preencheram o Inven- tário de Depressão de Beck (Beck Depression II), Inventário de Ansiedade de Beck (Beck Anxiety Inventories) e Escala de confiança no equilíbrio em atividades específicas. Os participantes melhoraram signifi- cativamente no teste Timed Up and Go (p = 0,012, o tamanho do efeito = 0,68) e demonstrou melhoras não significativas na ansiedade, depressão e confiança equilíbrio (tamanhos de efeito de 0,41, 0,54 e 0,64, respectivamente). A dança social é viável e be- néfica para a mobilidade em pessoas com doença mental grave. 2010 [11] Explorar a viabilidade e os possíveis benefícios do Contato e Improvisação (CI) como uma intervenção de exercícios para indivíduos com doença de Pa- rkinson (DP). Onze pessoas com DP partici- param de uma oficina de 10 aulas, com 90 minutos de CI durante duas semanas, dan- çando com alunos previamente treinados no CI. Medidas de gravidade da doença, equilíbrio, mobilidade funcional e da marcha foram comparadas antes e depois da oficina de dança. Os participantes demonstraram melhorias na Escala Unificada de Avalia- ção da Doença de Parkinson e Escala de Equilíbrio de Berg. O comprimento do passo aumentou. Os participantes expres- saram um alto nível de prazer e interesse em assumir futuras aulas de CI. Este estudo piloto apoia a viabilidade do CI como uma intervenção para lidar com limitações de mobilidade associadas à DP.
  • 4. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 1 - janeiro/fevereiro 201446 2009 [10] Investigar os efeitos da dança folclórica turca em grupo sobre o desempenho físico, equilíbrio, depressão e qualidade de vida de mulheres idosas saudá- veis. Participaram do estudo quaren- ta mulheres idosas saudáveis, com idade acima de 65 anos. As participantes foram divididas aleatoriamente em dois grupos: Grupo 1 (baseado em programa de 8 semanas de dança folclóri- ca) e Grupo 2 (controle). Foram realizados os seguintes testes: caminhada de 20 metros, teste de caminhada de 6 minutos, subir escadas e teste de sentar e levantar na cadeira. Foi aplicado os seguintes questionários: Escala de Equilíbrio de Berg (EEB), Estudo dos Resultados Médicos (MOS), Questionário de coleta de dados de saúde em versão curta (SF-36) e Escala Geriátrica de Depressão (GDS). No Grupo 1, melhorias estatisticamente signi- ficativas foram encon- tradas na maioria dos testes de desempenho físico (EEB e SF-36) após a intervenção (p <0,05). No Grupo 2, não houve mudanças significativas nas vari- áveis. Houve melhorias no desempenho físico, equilíbrio e qualidade de vida em mulheres idosas. Conclui-se que a aplicação de dança folcló- rica como um programa de exercícios físicos para idosos pode ser útil. 2009 [7] Determinar os efeitos de curta duração das aulas de tango sobre a mobili- dade funcional em pessoas com doença de Parkinson. Participaram do estudo quatorze pessoas com doença de Parkinson. Os participantes realizaram 10 aulas de tango argentino, com 90 minutos de duração, durante 2 se- manas. O equilíbrio, a marcha e a mobilidade foram avaliados antes e após as sessões de treinamento. Foi aplicada a Escala de Equilíbrio de Berg – EEB, a Escala Unifica- da de Avaliação da Doença de Parkinson, velocidade da marcha, o perfil de deambulação funcional, comprimento do passo, postura e porcentagem da marcha, Timed Up and Go e a caminhada de 6 minutos. Os participantes melho- raram significativamente na Escala de Equilíbrio de Berg (tamanho do efeito = 0,83, p = 0,021), Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (tamanho do efeito = -0,64, p = 0,029), e porcentagem da marcha durante o teste (tamanho do efeito = 0,97, p = 0,015). Não foram encontradas melhorias significativas no teste Timed Up and Go (tamanho do efeito = 0,38, p = 0,220) e 6 min a pé (tamanho do efeito = 0,35, p = 0,170). Conclui-se que aulas de dança realizadas dentro de um curto período de tempo parecem ser adequadas e eficazes para indivíduos com doença de Parkinson.
  • 5. 47Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 1 - janeiro/fevereiro 2014 2009 [8] Comparar os efeitos do controle motor funcional em indivíduos com doença de Parkinson. Cinquenta e oito pessoas com doença leve a moderada de Parkinson foram divididas aleato- riamente em dois grupos: Grupo 1 (participaram da prática do tango, valsa e foxtrote, durante 1 hora por sessão, duas vezes por sema- na, completando 20 aulas em 13 semanas.) e Grupo 2 (controle com nenhuma intervenção). Foram avaliados o equilíbrio, a mobilida- de funcional e a caminhada para frente e para trás antes e após o período da intervenção. O Grupo 1 melhorou significativamente na Escala de Equilíbrio de Berg, na caminhada de 6 minutos, e no teste de comprimento do passo, e os participan- tes das aulas de tango obtiveram melhores resultados em relação aos participantes das aulas de valsa e foxtrote em várias medidas. O Grupo 2 não apresen- tou nenhuma melhora significativa. A prática do tango pode visar os déficits asso- ciados à doença de Parkinson mais do que a valsa e o foxtro- te, no entanto, todas os estilos de dança po- dem beneficiar no equilíbrio e locomoção. 2008 [12] Verificar os efeitos de um programa de tango argentino em relação ao equilíbrio funcio- nal e confiança em idosos. Idosos com idade entre 62-91 foram aleatoriamente escolhidos para um programa de tango de 10 semanas, 2 horas por ses- são, 2x/semana, totalizando 40 horas, ou grupo de caminhada. A confiança da escala de equilíbrio específico a Atividades (ABC), caminhada normal e rápida foram mensuradas pré e pós-interven- ção. Os efeitos das ativida- des da ABC levaram a uma melhoria apenas no grupo de tango em relação ao grupo de caminhada. Melhorias clínicas para Estudos Epidemiológicos de ido- sos foram maiores para o grupo de tango. Conclui-se que ambas as atividades são eficazes para aumentar a força e velocida- de em idosos. O tango pode re- sultar em melho- rias significativas em habilidades de equilíbrio e da velocidade do caminhar. 2007 [9] Comparar os efeitos de dois programas: aulas de tango e aulas de ginásti- ca coletiva. Dezenove pacientes com doença de Parkinson (DP) foram aleatoria- mente escolhidos para um grupo praticante de tango ou um grupo praticante das aulas de ginásti- ca coletiva, durante 20 aulas. A Escala Unificada de Avaliação da Doença Parkinson, a marcha e a Escala de Equilíbrio de Berg foram avaliados pré e pós-intervenção. Ambos os grupos apresentaram melhoras significativas na pontua- ção da Escala Unificada de Avaliação da Doença Parkinson. Não houve melhora significativa na marcha em ambos os grupos. Além disso, o grupo de tango mostrou melhorias significativas na Escala de Equilíbrio de Berg. O tango pode ser uma inter- venção eficaz para atingir os déficits de mobi- lidade funcional em indivíduos com doença de Parkinson. Os dados observados no Quadro 1 identifi- cam que, no período de 2003 a 2006 e de 2011 a 2013, não foram publicados artigos utilizando as palavras-chaves “elderly” combinação com os termos “dance” e “functional effects”, e no perío- do de 2007 a 2010 existem poucas pesquisas (8 estudos), o que persiste até a presente data, com um total de publicações pouco expressivo. A análise inicial das informações revelou que a produção de 4 artigos no período de
  • 6. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 1 - janeiro/fevereiro 201448 2009 a 2010 foi realizada pelos autores Hack- ney e Earhart [5-8]. Em 2007 [9], os mesmos autores, em conjunto com mais dois autores, produziram outra obra. As pesquisas utiliza- vam da dança em sua intervenção e estavam relacionadas ao idoso. Os estudos utilizaram de testes que mensuravam variáveis relacionadas à capacidade funcional. Dentre os 8 (oito) estudos selecionados, 5 (cinco) [5-9,11] tratavam da doença de Parkin- son em idosos e utilizavam os seguintes testes: Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (Unified Parkinson Disease Rating Scale-Motor) (4 estudos) [7-9,11], Escala de Equilíbrio de Berg (Berg Balance Scale) (5 estudos) [5,7-9,11], Teste de caminhada de 6 minutos (6-min walk test) (3 estudos) [5,7,8], Teste de Alcance Funcional (Functional Reach Test) (1 estudo) [5], Teste de velocidade da marcha (Gait velocity) (2 estudos) [7,9], Perfil de deambulação funcional (Functional ambulation profile) (1 estudo) [7], Comprimento do Passo (Step length) (3 estudos) [7,8,11], Questionário sobre a Doença de Parkinson (Parkinson Disease Questionnaire-39 – PDQ-39) (1 estudo) [5], Pos- tura e porcentagem da marcha (Stance and single support percent of gait) (1 estudo) [7], Timed Up and Go (1 estudo) [7], e Escala de equilíbrio específico a Atividades (Activities-specific Balance Confidence - ABC) [12]. Um estudo tratava de outras patologias, como depressão e transtorno de ansiedade [6], utilizan- do os seguintes testes: Inventário de Depressão de Beck (Beck Depression II), Inventário de Ansiedade de Beck (Beck Anxiety Inventories)eTeste de cami- nhada de 6 minutos (6-min walk test). Apenas 2 (dois) estudos [7,10] investigaram idosos saudáveis. Os estudos utilizaram os testes: Teste de caminhada de 20 minutos (20-m walk test) (1 estudo) [10],Teste de caminhada de 6 mi- nutos (6-min walk test) (1 estudo) [10], Escala de Equilíbrio de Berg (Berg Balance Scale) (1 estudo) [10], Estudo dos Resultados Médicos (Medical Outcomes Study – MOS) (1 estudo) [10], Escala Geriátrica de Depressão (Geriatric depression scale) (1 estudo) [10], Timed Up and Go (2 estudos) [10,7], e Questionário de coletado de dados de saúde em versão curta (36-item short form health survey - SF-36) (1 estudo) [10]. A análise dos resultados aponta para uma prioridade de estudos relacionados à doença de Parkinson e dentre os testes utilizados para as pesquisas, a Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson e a Escala de Equilíbrio de Berg, demonstrando uma preocupação com a questão da avaliação da doença e do equilíbrio nos idosos portadores da doença de Parkinson, e todos os resultados apresentaram melhoras significativas no equilíbrio dos participantes dos programas de dança. Dentre as modalidades de dança utilizadas na intervenção, destaca-se o tango em 5 estudos [5,7-9,12], aplicado em programas com duração que variam entre 10 e 40 horas, com duração de 2 a 13 semanas. Em um estudo [11], foi utilizado o Contato e Improvisação (CI) para portadores de doença de Parkinson, num programa de 10 aulas, com 90 minutos, durante duas semanas, no qual foram analisados os possíveis benefícios da prática, sendo constatada melhoria na variável equilíbrio. Após analisar o panorama dos programas de dança voltados para os portadores da doença de Parkinson, constata-se que há poucos programas que utilizem de outras modalidades de dança, além do tango. Existem profissionais capacitados para de- senvolver programas com dança de diferentes modalidades. No entanto, a viabilidade desta prática depende do conhecimento técnico do profissional que irá atuar na intervenção. Conclusão Os resultados nos permitem inferir que os programas de dança voltados aos idosos provocam melhoras significativas na capacidade funcional de seus participantes, principalmente aos idosos portadores da doença de Parkinson, destacando a variável equilíbrio, sendo considerada uma alternativa da prática de atividade física. Recomenda-se que outros estudos sejam apli- cados com diferentes modalidades de dança em idosos, além do tango. Ainda, há uma escassez de estudos que se utilizem de testes que mensurem as variáveis da capacidade funcional de idosos saudáveis.
  • 7. 49Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 13 Número 1 - janeiro/fevereiro 2014 Referências 1. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Síntese de Indicadores Sociais: Uma aná- lise das condições de vida da população brasileira 2010. Rio de Janeiro: IBGE; 2010. 2. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade para o Período 1980-2050: Revisão 2008. Rio de Janeiro: IBGE; 2008. 3. Caetano JA, Costa AC, Santos ZMSA, Soares E. Descrição dos fatores de risco para alterações cardiovasculares em um grupo de idosos. Texto Contexto Enferm 2008;17(2):327-35. 4. American College of Sports Medicine (ACSM). Complete Guide to Fitness & Health: Physical activity and nutrition guidelines for every age. United States: Human Kinetics; 2011. 5. Hackney ME, Earhart GM. Effects of dance on balance and gait in severe Parkinson disease: a case study. Disabil Rehabil 2010;32(8):679-84. 6. Hackney ME, Earhart GM. Social partnered dance for people with serious and persistent mental illness: a pilot study. J Nerv Ment Dis 2010;198(1):76-8. 7. Hackney ME, Earhart GM. Short duration, in- tensive tango dancing for Parkinson disease: an uncontrolled pilot study. Complement Ther Med 2009;17(4):203-7. 8. Hackney ME, Earhart GM. Effects of dance on movement control in Parkinson’s disease: a compa- rison of Argentine tango and American ballroom. J Rehabil Med 2009;41(6):475-81. 9. Hackney ME, Kantorovich S, Levin R, Earhart GM. Effects of tango on functional mobility in Parkinson’s disease: a preliminary study. J Neurol Phys Ther 2007;31(4):173-9. 10. Eyigor S. Karapolat H, Durmaz B, Ibisoglu U, Cakir S. A randomized controlled trial of Turkish folklore dance on the physical performance, balan- ce, depression and quality of life in older women. Arch Gerontol Geriatr 2009;48(1):84-8. 11. Marchant D, Sylvester JL, Earhart GM. Effect of a short duration, high dose contact improvisation dance workshop on Parkinson disease: a pilot stu- dy. Complement Ther Med 2010;18(5):184-90. 12. Mckinley P, Jacobson A, Leroux A. Bednarczk V, Rossignol M, Fung J. Effect of a community-based Argentine tango dance program on functional balance and confidence in older adults. J Aging Phys Act 2008;16(4):435-53. Envie seu artigo! Tel: (11) 3361-5595 | artigos@atlanticaeditora.com.br R e v i s t a B r a s i l e i r a d e Fisiologia do e x e r c í c i o Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y