O documento descreve a longa luta pela emancipação do sul de Mato Grosso do estado, desde os primeiros movimentos no século 19 em Nioaque até a criação do estado de Mato Grosso do Sul em 1977. Passou por vários movimentos separatistas fracassados, a formação do estado de Maracaju em 1932 e do Território Federal de Ponta Porã em 1943, até que o estado de Mato Grosso do Sul foi finalmente criado durante a ditadura militar em 1977.
1. E. E. CAMILO BONFIM
Os Movimentos
pela
Emancipação
do Sul do
Estado de Mato
Grosso
2. A Luta pela Autonomia
Os movimentos separatistas do Sul de Mato Grosso, se deram pelo fato de que a
região estava isolada de Cuiabá e também a insatisfação da população com a
administração. Esse movimentos tiveram inicio no século XIX.
O aumento da população e o crescimento econômico, na região Sul de Mato Grosso,
fez com que o a luta pela divisão ganhasse força. Um dos principais movimentos pela
emancipação do Sul de Mato Grosso, surgiu no município de Nioaque.
Para entendermos melhor como foi essa luta pela emancipação, temos que analisar
alguns contextos históricos brasileiros entre o final do século XIX e o começo da
década de 1930.
3. Republica Velha (1889-1930)
A Republica Velha inicia-se com o fim da Monarquia em 1889, e vai até a Revolução
de 1930.
A insatisfação, de fazendeiros escravistas, religiosos e militares, com o governo de D.
Pedro II contribuiu para a queda do Império e levou a Proclamação da República. Em
15 de novembro de 1889, um grupo de militares liderado por Deodoro Fonseca,
organizou o Governo Provisório.
Marechal Deodoro entregando
a bandeira da República à
nação no dia 15 de novembro
de 1889
4. O novo Governo substituiu as antigas pelos estados. O Brasil tornou-se um Republica
Federativa, ou seja, composta pela união política entre os Estados, os quais tinham
uma certa autonomia em relação ao Governo Central.
O primeiro governador mato-grossense foi o general Antônio Maria Coelho. O Estado
possuía uma área de 1.231.549 Km², era o terceiro maior Estado brasileiro, em
extensão territorial.
No período da Republica Velha, os fazendeiros
de café dominavam na política e eram
apoiados pelos Estados de São Paulo e Minas Gerais.
Esse grupo dominante
consolidou-se no poder por meio da atuação dos
“coronéis”, que compunham as
lideranças políticas locais e controlavam os
governos estaduais.
Essa prática política ficou conhecida como
“coronelismo”. Os coronéis exerciam
influencias sobre os candidatos para
que esse votassem em seus candidatos, que, por
sua vez, davam suporte aos coronéis, pois
dependiam dos votos conseguidos pelos
coronéis, para continuarem no poder.
5. Essa prática política ficou conhecida como “coronelismo”. Os coronéis exerciam
influencias sobre os candidatos para que esse votassem em seus candidatos, que, por
sua vez, davam suporte aos coronéis, pois dependiam dos votos conseguidos pelos
coronéis, para continuarem no poder.
Nesse período o café liderava as exportações brasileiras. O café dominou o mercado
europeu e norte-americano. No Brasil seus maiores produtores eram São Paulo e
Minas Gerais.
Durante a Republica Velha, o surto de industrialização, principalmente de industrias
têxtil e de produtos alimentícios, centralizadas nos Estados de São Paulo e Rio de
Janeiro, foi essencial para que as mercadorias importadas fossem substituídas pelas
nacionais, especialmente durante a Primeira Guerra Mundial, quando não era
possível comprar artigos no mercado internacional.
6. Com as lavouras de café e as industrias em alta produção, o Governo incentivo a
imigração para o Brasil. Entre o final do século XIX e começo do século XX, grandes
porções de imigrantes, com predomínio de japoneses, italianos, portugueses e
espanhóis, vieram para o Brasil.
7. Nioaque- O Berço da Divisão
Foi em meio a esse contexto histórico do final da Monarquia e a implantação da
Republica Velha no Brasil, que aconteceu o primeiro importante movimento pela
separação do Sul de Mato Grosso.
Após a Guerra do Paraguai (1865-1870), muitos ex-combatentes se instalaram no Sul
de Mato Grosso. Esses passaram a se dedicar a agricultura e à extração da Erva-Mate.
Muitos pecuaristas que se refugiaram da guerra em Cuiabá retornaram para o Sul da
Estado.
A migração de gaúchos, vitimas de perseguições políticas ocorridas durante a
Revolução Federalista do Rio Grande do Sul, também contribuiu para o
desenvolvimento do Sul De Mato Grosso.
Porem a empresa Mate Laranjeira, instalada na década de 1880, dificultou o
povoamento dessa região. A empresa monopolizava a extração da Erva-Mate e tinha o
apoio do Governo de Mato Grosso. Sua influência dificultava a legalização das terras a
serem ocupadas pelos criadores de gado, a fim de garantir a maior parte da terra para
a exploração da Erva-Mate.
8. A população do Sul de Mato Grosso estava insatisfeita com o a administração do
Estado, reclamavam da falta de atenção; pouca verba, principalmente após a Guerra
do Paraguai quando varias cidades ficaram destruídas; queriam melhores condições de
comunicação do Sul com o Norte do Estado; além de importantes cidades como
Paranaíba, Miranda, Nioaque e Coxim, que permaneciam em isolamento em relação a
Cuiabá.
Todo esse descontentamento da população do Sul de Mato Grosso fez surgir um
movimento separatista em 1900, no município de Nioaque, considerado “O Berço da
Divisão do Estado”. Esse movimento foi liderado pelo gaúcho João Ferreira
Mascarenhas, coronel, fazendeiro e importante líder político local.
Esse movimento ficou conhecido como “ Revolução de Jango Mascarenhas”, o
movimento não teve sucesso e seu líder foi morto em combate e 1901 ás margens do
rio Taquarussu, em Nioaque.
Pouco depois da Revolução de Jango Mascarenhas, outro movimento pela
emancipação eclodiu, em 1907, na cidade Bela Vista, seu líder foi o fazendeiro
Bento Xavier. Também foi derrotado após quatro anos de luta.
Em 1910, os movimentos separatistas passaram a ser em Campo Grande,
que pouco a pouco passou a se tornar maior polo econômico e político de Mato
Grosso, impulsionado pela implantação da Estrada Noroeste do Brasil, que chegou me
1914.
9. Apesar das derrotas, a ideia de independência do Sul de Mato Grosso, permanecia
viva. Durante o Governo de Getúlio Vargas (1930-1945), ela se tornou realidade em
dois momentos: no inicio na década de 1930, com a formação do Estado de Maracaju,
e, entre 1943 e 1946, com a fundação do Território Federal de Ponta Porã.
Coronel Ferreira Mascarenhas
10. O Governo Vargas (1930 – 1945)
Em 1930, ocorreu no Brasil um movimento armado, conhecido como Revolução de
30, que pôs fim a República Velha. Isso ocorreu devido á insatisfação de alguns setores
de elite, que se sentiam excluídos do poder, e também do operariado, das classes
médias e dos tenentes. Getúlio Vargas foi então conduzido á presidência da República
com o apoio das Forças Armadas e nomeou interventores federais para todos os
Estados.
A elite do estado de São Paulo que sempre se beneficiou na Republica Velha, estava
insatisfeita com a maneira pela qual Getúlio Vargas assumira o poder. A partir dessa
insatisfação, iniciaram a Revolução Constitucionalista, exigindo uma nova Constituição
para o país. Os paulistas foram derrotados após três meses de luta.
Em 1934, foi promulgada uma Constituição democrática, e o Congresso Nacional
elegeu o presidente Getúlio Vargas para governar o país até 1938. Em 1937, amparado
pelos militares, o presidente deu um golpe de estado e impôs uma nova constituição.
Getúlio Vargas governou o Brasil de forma autoritária, mantendo uma forte
centralização política e econômica. Muitas leis trabalhistas importantes foram
regulamentadas, como o salário-mínimo, as férias anuais remuneradas, a
jornada de oito horas de trabalho e o direito a assistência médica, entre
outros. Apesar da oposição que enfrentou, Vargas manteve-se no poder 1945.
11. A formação do estado de Maracaju (1932)
Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, liderada por São Paulo, o estado de
Mato Grosso ficou dividido: enquanto os mato-grossenses do sul aliavam-se aos
paulistas, Cuiabá permanecia fiel ao governo federal.
Com exceção de Corumbá, todas as demais forcas federais do sul de mato Grosso
aderiram ao movimento. Em 11 de julho de 1932, o general Bertoldo Klinger,
comandante de guarnição federal com sede em campo Grande, e chefe da Revolução
Constitucionalista no Sul do estado, nomeou Vespasiano Barbosa Martins para o
Governo Civil Constitucionalista de Mato Grosso, que ficou conhecido como “Estado
de Maracaju”.
Em 2 de outubro de 1932, a revolta foi vencida, mas, pouco depois, o presidente
Getúlio Vargas convocou a Assembleia Nacional Constituinte. Visando preservar o
ideal separatista e reorganizar o movimento pela autonomia, criou-se em 1934 a Liga
Mato-Grossense.
Nesse ano, foi encaminhada uma mensagem assinada por muitos mato-grossense aos
representantes de Mato Grosso na Assembleia Constituinte, solicitando a formação do
Estado de Maracaju.
12. Vespasiano Barbosa Martins
O Vespa como era chamado, nasceu em 4 de agosto de 1889 na fazenda Campeiro,
na região da Vacaria. Era um garoto pobre, de familia humilde mas desde cedo era
muito interessado nos estudos. Vendo o grande enteresse do filho, seu pai vende
alguns bois para que Vespasiano estudasse.
Formou-se em na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, dois anos depois casou-
se com Celina Bais Martins. Partiu para Europa, la estudou em Paris e Berlim, além de
participar de conferências na Italia.
Retornando ao Brasil fixou-se em Sao Paulo e no de 1929 mudou-se para Campo
Grande para participar de campanhas políticas. Em 1931 foi nomeado prefeito pelo
inventor federal do Governo Getulio Vargas.
Vespasiano em toda sua vida trabalhou pela divisao do Estado. Em 9 de julho de 1932
foi declarada a Revolução Constitucionalista , em Sao Paulo, Vespasiano foi nomeado
para o Governo Civil Constitucionalista de Mato Grosso. Com a derrota do movimento,
ele e seus companheiros foram exilados na Argentina, e posteriormente no Paraguai.
Apos sua volta do exilio, foi nomeado novamente prefeito de Campo Grande. Com
carísma e popularidade elegeu-se senador da República (1935 e 1945). Considerado
um medico exemplar e um grande homem publico, faleceu em 1965.
13. O Território Federal de Ponta Porã (1943-1946)
A partir de 1943, o Governo de Getulio Vargas deu início à “Marcha para o Oeste”, o
movimento que visava incentivar o desenvolvimento e o povoamento do interior do
Brasil. Em setembro deste mesmo ano, forma criados no pais cinco novos Territórios
Federais: Amapá, Rio Branco (atual Roraima), Iguacu, Ponta Porã e Guapore (atual
Rondônia). Para formar estes dois últimos territórios, foram desmembradas terras do
Estado de Mato Grosso.
O território de Ponta Porã compreendia, na época, oito municipios da região sul do
antigo Estado de Mato Grosso: Miranda, Porto Murtinho, Bonito, Bela
Vista, Maracaju, Ponta Porã, Nioaque e Dourados.
Com o objetivo de ocupar a regiao de fronteira com o Paraguai, e ainda de reduzir o
poder da Companhia Mate Laranjeira, o Governo Federal implantou, ainda em outubro
de 1943, a Colonia Agricola Nacional de Dourados, numa area de 300.000 hectarias.
Essa area foi entao divídida em 10.000 lotes de 30 hectares e cedida a
colonos, principalmente a nordestinos. A concessao desses lotes deu início ao
surgimento de povoados, vilas e municipios. Outro fato importante propíciado pela
instalação do Governo Territorial foi a especial atenção dispensada ao ensino
primário, ate entao praticamente inexistente na regiao.
A criação do Território de Ponta Porã representou um grande passo para a divisao do
estado de Mato Grosso. No entanto, este território teve vida curta, pois, em 1946, com
a promulgação da nova Constituicao Federal, ele foi extinto.
14.
15. A criação do estado de Mato Grosso do Sul
Com o grande desenvolvimento econômico do sul do estado de Mato Grosso,
baseado, em grande parte, na criação de gado bovino e na intensa produção de grãos,
como a soja e o trigo, renasce a ideia da divisão do estado.
Um incentivo a isso foram os estudos que vinham sendo realizados por oficiais da
Escola Superior de Guerra desde a década de 1950. Entre esses oficiais, encontrava-se
o futuro presidente da República, o general Ernesto Geisel, que governaria o país entre
1974 e 1978, durante o regime militar.
O Governo Federal, em caráter sigiloso, formou uma comissão para a apreciação da
divisão de Mato Grosso, da qual participou o Dr. Paulo Coelho Machado, conhecedor
profundo da história do estado e divisionista desde estudante.
Finalmente, em 11 de Outubro de 1977, Geisel sancionou a lei que dividiu o estado
de Mato Grosso, criando o estado de Mato Grosso do Sul, com capital em Campo
Grande.
O pronunciamento do ministro do Interior, Maurício Rangel Reis, realizado cerca de
um mês após a criação oficial do estado de Mato Grosso do Sul, terminava assim:
Nasce nova Unidade da Federação, que tem a capital a bela cidade de Campo Grande.
A data histórica de 11 de Outubro de 1977 ficará gravada na memória do povo de
Mato Grosso do Sul [...].
O primeiro governador do novo estado foi nomeado pelo presidente Ernesto Geisel.
Harry Amorim Costa, natural de Cruz Alta Rio Grande do Sul, dói empossado em 1º de
Janeiro de 1979, permanecendo no cargo até 12 de Julho do mesmo ano.
16. Trabalho solicitado pela professora Marcela Marangon, da
disciplina de história, referente ao tema: Os Movimentos pela
Emancipação do Sul do Estado de Mato Grosso.
O trabalho foi realizado palas alunas: Gislaine Borges, Luana
Camera e Paula Caroline, estudantes do 3º ano “A” do Ensino
Médio da Escola Estadual Camilo Bonfim
17. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
• GRESSLER, Lori Alice; VASCONCELOS, Luiza
Mello; SOUZA, Zélia Peres. HISTÓRIA DO
MATO GROSSO DO SUL. São Paulo: FTD, 2005.