SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 15
Baixar para ler offline
FATORES QUE IMPACTAM O
                         DESEMPENHO DE GRUPOS
                PARTICIPATIVOS EM UMA EMPRESA
                DO SETOR INDUSTRIAL CALÇADISTA

                                         HELOISA HELENA WEBER ()
                                                 helouweber@hotmail.com
                                    CARLOS FERNANDO JUNG (UFRGS)
                                           carlosfernandojung@gmail.com



Resumo: ESTE ARTIGO APRESENTA OS RESULTADOS DE UMA PESQUISA
        EXPLORATÓRIO-DESCRITIVA     QUE    TEVE  POR    FINALIDADE
        IDENTIFICAR OS FATORES QUE IMPACTAM O DESEMPENHO DE
        GRUPOS PARTICIPATIVOS (CCQ’S) EM UMA EMPRESA DO SETOR
        INDUSTRIAL CALÇADISTA, LOCALIZADA NA REGIÃO SUL. O MÉTODO
        DE PESQUISA UTILIZOU UMA ABORDAGEM QUALITATIVA. FORAM
        REALIZADAS ENTREVISTAS COM LÍDERES DE GRUPOS, NA SEQUÊNCIA
        A ANÁLISE DO CONTEÚDO E A SÍNTESE DOS RESULTADOS. OS
        RESULTADOS EVIDENCIARAM QUE A FALTA DE APOIO DE SETORES DA
        EMPRESA TEM REPRESENTADO A MAIOR DIFICULDADE PARA O
        SUCESSO    DOS    PROJETOS    REALIZADOS   PELOS    GRUPOS
        PARTICIPATIVOS. OS DADOS MOSTRAM QUE ESTA DIFICULDADE EM
        CONJUNTO COM AS DEMAIS COMO A RESISTÊNCIA À INOVAÇÃO,
        CONFLITOS INTERNOS RELATIVOS AS ATITUDES DAS PESSOAS,
        INTERFERÊNCIA EXTERNA NO SETOR, OBSTÁCULOS E DEFICIÊNCIAS
        PARA COLETA DE DADOS, FALTA DE RECURSOS FINANCEIROS, FALTA
        DE COMPROMETIMENTO E, ALTERAÇÕES NO ESCOPO DO PROJETO
        TÊM CONTRIBUÍDO PARA IMPACTAR O DESEMPENHO DOS GRUPOS
        PARTICIPATIVOS NA EMPRESA. O ESTUDO CONTRIBUI PARA FUTUROS
        TRABALHOS RELACIONADOS À FORMAÇÃO, GESTÃO E MELHORIA
        CONTÍNUA DE GRUPOS PARTICIPATIVOS.

Palavras-chaves: GRUPOS PARTICIPATIVOS; CCQ; QUALIDADE; DESEMPENHO;
                MELHORIA CONTÍNUA


               FACTORS IMPACTING PERFORMANCE
                     GROUP PARTICIPATION IN AN
                     INDUSTRIAL SHOE COMPANY
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                                  Gestão de projetos e Engenharia de produção
                                             Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010




Abstract: THIS PAPER PRESENTS THE RESULTS OF AN EXPLORATORY-
          DESCRIPTIVE STUDY THAT AIMED TO IDENTIFY FACTORS THAT
          IMPACT THE PERFORMANCE OF PARTICIPATORY GROUPS IN A SHOE
          COMPANY IN THE INDUSTRIAL SECTOR, LOCATED IN THE SOUTH.
          THE METHOD OF RESEARCH USED A QUALITATIVE APPROACH.
          INTERVIEWS WERE CONDUCTED WITH GROUP LEADERS,
          FOLLOWING THE CONTENT ANALYSIS AND SYNTHESIS OF RESULTS.
          THE RESULTS SHOWED THAT THE LACK OF SUPPORT FROM SECTORS
          OF THE COMPANY HAS REPRESENTED THE BIGGEST OBSTACLE TO
          THE SUCCESS OF PROJECTS UNDERTAKEN BY THE GROUP
          PARTICIPATES. THE DATA THAT THIS DIFFICULTY TOGETHER WITH
          THE OTHER AS RESISTANCE TO INNOVATION, INTERNAL CONFLICTS
          CONCERNING PEOPLE´S ATTITUDES, EXTERNAL INTERFERENCE IN
          THE SECTOR, OBSTACLES AND SHORTCOMINGS FOR DATA
          COLLECTION, LACK OF FINANCIAL RESOURCES, LACK OF
          COMMITMENT, AND CHANGES IN SCOPE OF THE PROJECT HAVE
          CONTRIBUTED TO IMPACT THE PERFORMANCE OF THE GROUP
          PARTICIPATED IN THE COMPANY. THE STUDY CONTRIBUTES TO
          FUTURE WORK RELATED TO TRAINING, MANAGEMENT AND
          CONTINUOUS IMPROVEMENT OF PARTICIPATORY GROUPS.

Keyword: PARTICIPATORY GROUPS; QCC; QUALITY; PERFORMANCE;
         CONTINUOUS IMPROVEMENT




                                                                                           2
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                                                   Gestão de projetos e Engenharia de produção
                                                              Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010




1. Introdução
        As mudanças no sistema de produção da Toyota iniciaram-se no ano de 1950, apartir
dos estudos realizados por Eiji Toyoda e Taiichi Ohno que observaram, durante três meses, as
instalações da Detroit. Retornando ao Japão, Toyoda e Ohno concluíram que a produção em
massa não seria adequada em seu país devido ao mercado local desejar uma linha mais
variada de produtos, a impossibilidade de adaptação dos trabalhadores a proposta taylorista,
as restrições à exportação e, a difícil aquisição de tecnologia por transferência direta (WOOD
JR, 1995 e PINTO, 2002).
        É proposto então o sistema Just in Time/Kanban, um dos fundamentos do sistema
Toyota que tem por princípios o teamwork - trabalho em equipe, just in time - entrega „no
tempo exato‟ e kaizen - melhoria contínua do processo de produção. Neste cenário, Pinto
(2002) afirma que Ohno implementou diversas alterações no ambiente industrial, como a
formação de grupos de trabalhadores em torno de um líder, tendo cada grupo a
responsabilidade sobre uma série de atividades. Ao longo do tempo, esta prática passou a
incluir a manutenção do setor de trabalho e a inspeção da qualidade (GRAIG, 2004).
Posteriormente, quando os grupos apresentaram resultados satisfatórios passaram também a
ser realizadas reuniões para reflexões e discussões acerca de melhorias nos processos
produtivos dando origem aos círculos de controle de qualidade (CCQ‟s).
       Grupos participativos, também chamados Círculos de Controle da Qualidade (CCQ‟s),
são formados por equipes ou times de melhoria e destinam-se a reduzir ou solucionar
problemas, propor e executar otimizações e aumentar as inovações, além de ser um método
para se obter resultados satisfatórios e um melhor clima organizacional (ANTUNES e
PINHEIRO, 1999). Corroborando afirmam Sales, Lima e Santos (2006) que atualmente
muitas empresas que pretendem manter sua competitividade procuram desenvolver grupos de
colaboradores para criar e implementar idéias que visam resultar em melhorias na empresa.
       Para Macmanus (2003) isto é possível porque as pessoas que integram um
determinado setor de produção estão interligadas diretamente pelo processo, modo de
cooperação e clima organizacional que quando interagem de forma positiva pruduz uma força
produtiva integrada.
       No entanto, Frame (1994) afirma que a implantação e o gerenciamento desses grupos
muitas vezes não é fácil, devido as equipes serem muito dinâmicas em virtude da mobilidade
funcional ou pela saída das pessoas em busca por melhores oportunidades no mercado e,
porque talvez somente alguns membros do nível estratégico e tático das empresas vêem a
equipe como capaz de realizar melhorias. Para Fasser e Brettner (2002) a falta de visão acerca
da possibilidade de se obter melhorias através de um grupo ou time pode estar relacionada a
cultura organizacional. Neste caso, a falta de apoio às inciativas de formação,
instrumentalização e processo de implantação de melhorias por parte de grupos participativos
pode ser melhor comprendido pelo conceito proposto por Fleury (1991). Este autor afirma
que a cultura organizacional é um conjunto de valores e pressupostos básicos expressos
em elementos simbólicos que, em sua capacidade de ordenar, atribuir significados e
construir a identidade organizacional, tanto agem como elementos de comunicação e
consenso, como ocultam e instrumentalizam as relações de dominação e o desejo de perpetuar
concepções estruturadas ao longo do tempo.


                                                                                                            3
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                                                     Gestão de projetos e Engenharia de produção
                                                                Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010




       Para serem propostas melhorias em métodos existentes que sintetizem novas formas
de pensar e agir é necessário identificar problemas, entender as causas e, conhecer
ferramentas que possam auxiliar em procedimentos que resultem em soluções satisfatórias,
pois, na maioria das vezes, quando existe algo errado mas não se tem dados os argumentos
não se sustentam e torna-se difícil obter sucesso na aceitação de novas propostas (SALES,
LIMA e SANTOS, 2006). Corroborando, Lipp e Rodrigues (2009) afirmam que utilizar um
método estruturado para pesquisar e resolver problemas amplia consideravelmente a
probabilidade de sucesso.
        Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa exploratório-descritiva que teve
por finalidade identificar os fatores que impactam o desempenho de grupos participativos
(CCQ‟s) em uma empresa do setor industrial calçadista, localizada na região sul. O método de
pesquisa utilizou a uma abordagem qualitativa. Foram realizadas entrevistas com doze líderes
de grupos, sendo efetuada na sequência a análise do conteúdo e síntese dos resultados obtidos.
O estudo contribui para futuros trabalhos relacionados à formação, gestão e melhoria contínua
de grupos participativos. O artigo está estruturado da seguinte forma: na seção 2 é apresentada
a revisão teórica, na seção 3 o estudo aplicado, na seção 4 a síntese das questões propostas e, a
seção 5 traz as conclusões da pesquisa.
2. Grupos Participativos
       Após o término da Segunda Guerra Mundial, o controle de qualidade foi de importante
valia no Japão e em países ocidentais. Assim, na década de 60 surgem os círculos de controle
da qualidade (CCQ‟s) obtendo grande sucesso entre as empresas japonesas, já na década de
80, o CCQ destacou-se por ser um dos principais fatores que colaboraram para o
desenvolvimento das empresas japonesas, sendo disseminado e utilizado posteriormente por
diversos países (ISHIKAWA, 1995). A partir da idéia de que seria o CCQ um dos mais
importantes fatores de sucesso do sistema de qualidade japonês, disseminou-se pelo mundo,
chegando ao Brasil através das experiências pioneiras da multinacional Johnson & Johnson,
Volkswagen e Embraer, no início da década de 70 (CORREIA, RIBAS e GHINATO, 2001).
        Para Souza, Campos e Ramos (2001) a formação de Círculos de Controle da
Qualidade (CCQ‟s) é o primeiro passo para a conscientização de que a solução de problemas
pode ser obtida em todos os níveis da empresa. Os autores referem que os CCQ‟s
oportunizam o trabalho em equipe para o desenvolvimento e melhoria de produtos e procesos,
e viabilizam a criação de um ambiente favorável à mudança da cultura organizacional.
       Ishikawa (1986) afirma que a principal característica de um Grupo Participativo ou
CCQ é identificar e resolver problemas em um curto período de tempo, envolvendo as pessoas
do setor onde ocorre o processo produtivo. Este autor refere que estuda-se o problema,
propõe-se e executam-se as melhorias para se obter um resultado mais rápido.
        O funcionamento dos CCQ‟s parte do presuposto de que existe a necessidade de
solução de pequenos problemas nas diversas áreas de trabalho de um sistemas de produção e,
baseia-se na utilização de métodos para geração de idéias e solução de problemas, como: (i)
Brainstorming (tempestade de idéias) que é uma técnica desinibidora para gerar o maior
número possível de soluções e estimular o pensamento positivo; (ii) DMAIC, que consiste em
uma estratégia da qualidade formada pelas etapas: Definir, Medir, Analisar, Melhorar e
Controlar; (iii) MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, que é uma ferramenta
ordenada e lógica, facilitando a análise de problemas, determinação de suas causas e
elaboração de planos de ação para eliminação desses problemas, o MASP apresenta uma
estrutura metodológica baseada em indetificar o problema, observar o problema, analisar as

                                                                                                              4
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                                                   Gestão de projetos e Engenharia de produção
                                                              Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010




causas, estabelecer um plano de ação, implementar o plano, verificar a eficácia e prevenir
contra o reaparecimento do problema; e (iv) PDCA, ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming, é
um ciclo de desenvolvimento que tem foco na melhoria contínua, fundamenta-se pelo Plan
(planejamento) que visa estabelecer uma meta ou identificar o problema que impede o alcance
dos resultados esperados, ou seja, o alcance da meta; Do (execução) onde são realizadas e
executadas as atividades conforme o plano de ação; Check (verificação) que objetiva
monitorar e avaliar periodicamente os resultados confrontando-os com o planejado e Action
(ação) que significa agir de acordo com o avaliado (LIPP e RODRIGUES, 2009).
        Os CCQ‟s podem ser chamados de várias formas como “Banco de Idéias”, GSP‟s -
Grupos de Soluções de Problemas, Grupos Participativos, entre outros (SALES, LIMA e
SANTOS, 2006). Para Medeiros (2009) em grupos participativos é possível aproveitar os
conhecimentos, habilidades, atitudes e potenciais dos integrantes. Este autor ressalta que o
envolvimento de um funcionário em determinada tarefa torna-se mais intenso quando existe
participação. Corroborando, Abreu (1991) diz que a essência dos CCQ‟s é ser um grupo
composto por diversos valores e habilidades dos recursos humanos da empresa. Assim, no
momento em que a administração da empresa reconhece a capacidade e o valor dos
integrantes do grupo por contribuir, de forma voluntária e participativa, para a busca da
qualidade de sua área de atividade os resultados podem ser ainda melhores.
        Muitas são as contribuições da atuação destes tipos de grupos, entre elas cita-se dois
casos: Lipp e Rodrigues (2009) publicaram um estudo de caso de um CCQ que identificou na
preparação do forro do calçado a utilização de elevada quantidade de cola. Após a aplicação
de ferramentas da qualidade a equipe percebeu que a causa raiz desse problema era a ausência
de um dispositivo adequado para a aplicação do produto. Com o desenvolvimento e utilização
deste, foi possível aplicar uma fina camada de cola reduzindo o tempo de secagem e,
consequentemente, o custo de produção; já Zeferino e Silva (2003) descreveram o caso de
uma empresa que identificou problemas em um componente que integrava um produto de
uma indústria eletrônica. Após a coleta de dados, foi verificado que a maior parte das falhas
eram geradas por um componente adquirido de um determinado fornecedor que havia sido
cadastrado recentemente. A empresa optou por substituir o fornecedor devido ao grupo
participativo constatar que os defeitos surgiam nos produtos em que eram utlizadas as peças
dos lotes fornecidos.
       Silva (2009) afirma que apesar do trabalho em equipe através dos CCQ‟s apresentar
muitos pontos positivos e serem adotados em várias empresas, principalmente na década de
80 no Brasil, existem também alguns exemplos de casos onde a implantação não foi bem
sucedida. Este autor cita os trabalhos de Romão (2001) e Coutinho (2006) que constataram
problemas na condução e efetividade de CCQ‟s. O principal problema, segundo Romão
(2001) refere-se a pressão que os sindicatos realizaram com o passar do tempo para exigir
prêmios maiores, argumentando que as melhorias beneficiavam somente a empresa, que
reduziam os custos e ficavam com o dinheiro poupado. Coutinho (2006) afirma que sua
pesquisa constatou que o clima de insatisfação gerado entre os integrantes do grupo ocasionou
o fim do programa de CCQ devido a inserção obrigatória dos trabalhadores nos grupos,
reuniões fora do horário do expediente e, a não remuneração de sugestões.
3. Estudo Aplicado
3.1 Cenário
       A indústria brasileira de calçados teve seu inicio em 1824, de modo artesanal, na
região do Vale dos Sinos no Rio Grande do Sul. Após a Guerra do Paraguai, surgiu a

                                                                                                            5
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                                                               Gestão de projetos e Engenharia de produção
                                                                          Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010




necessidade de ampliar este mercado iniciando também a fabricação de componentes e
máquinas para a produção. Em 1968 iniciou a exportação brasileira de calçados em larga
escala. Dados de 2009 mostram que há no Brasil 7.830 empresas, que juntas empregam mais
de 300 mil pessoas. A exportação brasileira está em cerca de 170 milhões de pares/ano, entre
140 países. O estado do Rio Grande do Sul é responsável por quase 60% do valor das
exportações e cerca de 31% do volume de pares exportados (ABICALÇADOS, 2009).
         A empresa calçadista objeto do estudo teve origem em um grupo familiar que iniciou
suas atividade em 1945. Atualmente, atua nos segmentos de manufatura de calçados
femininos, esportivo, varejo de calçados e acessórios, agropecuária, e administração de
cartões de crédito. A matriz localiza-se no Rio Grande do Sul, além de possuir outras três
filiais no mesmo estado e, três no Ceará e uma na Bahia. O quadro funcional conta com 7603
colaboradores no Brasil, recentemente a empresa implantou unidades de negócios na
Argentina e Republica Dominicana onde possui respectivamente 1000 e 300 colaboradores.
Sua capacidade de produção situa-se em torno de 75 mil pares/dia. Um importante diferencial
da empresa consiste em possuir 3 marcas próprias de calçados femininos e uma marca de
calçado infantil. A empresa conta com um Sistema de Gestão Estratégico da Qualidade
(SGEQ) que integra o programa Organização e Limpeza de Ambiente (OLA), Ferramentas
Seis Sigma, Grupos Participativos (GPP), Programa de Sugestões (PSP) e a gestão da ISO
9001:2008.
3.2 Método de Trabalho
       Os resultados apresentados neste artigo foram obtidos a partir de uma pesquisa
exploratório-descritiva. Este tipo de pesquisa caracteriza-se pelo desenvolvimento de um nível
de compreensão que torna possível a identificação, ordenação, classificação e análise das
diferentes formas dos fenômenos em um contexto local e real (YIN, 2001 e JUNG, 2004).
       A amostra foi composta por 12 líderes de grupos, escolhidos de forma aleatória entre
os projetos realizados desde o ano de 2005 pelos Grupos Participativos. Foi determinado que
a amostra teria por característica 6 líderes de grupos que obtiveram êxito e concluíram seus
projetos e, 6 líderes de grupos que não tiveram êxito na conclusão dos projetos.
       O instrumento de pesquisa utilizado foi um conjunto semi-estruturado de questões
abertas, para aplicação em forma de entrevista individual, de forma presencial, veja a Figura
1.

                                 Questões do Intrumento de Pesquisa

     1      Qual o problema que originou a formação do grupo?
     2      Como foi formado o grupo?
     3      Vocês receberam algum tipo de apoio? Qual?
     4      Quais foram as etapas realizadas no desenvolvimento do projeto?
     5      Quais as dificuldades encontradas no desenvolvimento do projeto?
     6      Como você se sente em relação a participação em um grupo?

FIGURA 1 - Questões para as entrevistas com os líderes de projetos
        Para a realizar as entrevistas foi utilizado um sistema de gravação de áudio para
registrar os dados. Após foi efetuada a transcrição literal das respostas e, na sequência, a


                                                                                                                        6
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                                                               Gestão de projetos e Engenharia de produção
                                                                          Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010




classificação dos dados em forma de Quadros Síntese. A técnica qualitativa empregada para a
identificação e classificação dos dados foi baseada no princípios metodológicos propostos por
Ribeiro e Nodari (2001).
3.2.1 Análise
        A análise dos conteúdos coletados passou inicialmente pela etapa de recorte, na qual
os relatos dos entrevistados foram decompostos para, em seguida, serem recompostos para
melhor expressar seu significado. Os recortes viabilizam o entendimento do sentido do
conteúdo e das idéias essenciais (LAVILLE e DIONNE, 1999).
        Os elementos recortados foram interpretados e categorizados, e são apresentados em
quadros. Os quadros foram elaborados a partir de frases ou ainda idéias referentes aos temas
recortados. Para cada questão proposta foi elaborado um Quadro Síntese onde, em ordem por
entrevistado, foi inserida uma síntese dos conteúdos das respostas obtidas.
        Este processo resultou em seis quadros síntese. Nos Quadros 1, 2, 3, 4, 5 e 6 são
apresentados os resultados das entrevistas. O número indicado a esquerda das respostas
refere-se a ordem dos entrevistados.
                  Questão 1 - Qual o problema que originou a formação do grupo?
    1    Elevado Número de afastamentos por lesões osteomusculares
    2    Baixa eficiência no processo de expedição
    3    Tamanho dos caixotes utilizados para acondicionar bolsas, cintos e carteiras
    4    Baixa eficiência do processo mecanizado de carimbar
    5    Baixa eficiência da Informatização (Sistema de Informações) do processo de expedição
    6    Elevado Custo com o uso de caixas corrugadas para o transporte de matéria prima
    7    Elevado custo com terceirização de maquetes (modelos)
    8    Baixa eficiência do processo de acomodação e transporte de resíduos
    9    Elevado desperdício de alimentos
    10   Elevado custo em telefonia
    11   Retrabalho da costura externa
  12 Elevado consumo de água nos banheiros femininos
QUADRO 1 – Síntese das respostas da questão 1 da entrevista

                                Questão 2 - Como foi formado o grupo?
    1    Iniciativa própria - identifiquei a necessidade e convidei pessoas ligadas ao problema
    2    O gerente convidou e escolheu as pessoas do setor
    3    O gestor identificou uma necessidade e solicitou a solução do problema por um grupo
    4    O gerente exigiu um grupo permanente para projetos e com pessoas de diferentes setores
    5    O gerente da unidade indicou pessoas de diferentes setores
    6    O gerente solicitou a formação do grupo e com pessoas de diferentes setores
    7    Em função de um programa de estágio, formado por 4 estagiários e mais 1 funcionário
    8    O gerente convidou pessoas de diferentes setores da empresa
    9    Através de divulgações do programa de grupos participativos um grupo se motivou
   10    O grupo surgiu através de divulgações do programa de grupos participativos
   11    Pessoas indicadas pelo gerente da unidade para formar um grupo participativo
   12    Iniciativa dos funcionários do setor de manutenção



                                                                                                                        7
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                                                               Gestão de projetos e Engenharia de produção
                                                                          Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010




QUADRO 2 – Síntese das respostas da questão 2 da entrevista


                      Questão 3 - Vocês receberam algum tipo de apoio? Qual?
    1   Nos setores do grupo houve apoio, mas houve dificuldade para obter informações de outros setores
    2   Apoio do setor onde trabalhavam e também houve interesse do setor onde foi realizado o projeto.
        Houve apoio do setor onde havia o problema, mas não obtivemos apoio do setor de informática que
    3
        era necessário durante o projeto
        Algumas pessoas do grupo não eram liberadas para participar da reunião. No setor onde foi
    4
        realizado o projeto, houve apoio de algumas pessoas, mas a chefia era "fechada a novas idéias"
        Houve apoio dos setores dos membros do grupo e do setor que receberia a melhoria, mas,
    5
        não recebemos apoio das pessoas da matriz, que deveriam repassar determinadas informações.
    6   Houve apoio dos setores dos membros do grupo e do setor que receberia a melhoria.

    7   Houve apoio dos setores dos membros do grupo e também no setor que foi realizado o projeto.

        Todos os membros receberam apoio de seus setores e o setor responsável por essa área, na matriz,
    8
        apoiou também.
        No início a direção não queria que fosse feito o projeto, mas pessoas do setor apoiaram a idéia.
    9
        Os gerentes do grupo apoiaram totalmente pois eles percebiam os resultados.
   10   O apoio do setor dos membros do grupo e apoio parcial do setor que precisa apoiar o projeto.
        O gestor deu muito apoio e estava sempre disponível, mas alguns gerentes não deixavam os
   11
        membros do grupo participar das reuniões. Onde o projeto foi implantado o apoio também foi bom.
   12   Houve apoio dentro do setor do grupo, porém o setor que precisava apoiar não ajudou.
QUADRO 3 – Síntese das respostas da questão 3 da entrevista

          Questão 4 - Quais foram as etapas realizadas no desenvolvimento do projeto?
        Foi definido o problema e iniciou-se a coleta de dados.
    1   Obs. Por haver dificuldade na coleta de dados, o grupo voltava a etapa, trocava o foco e tentava
        iniciar nova coleta de dados, porém não conseguiu concluir a análise.
        Definição de escopo, desenho do fluxograma do processo; Medição e início da análise.
    2   Obs. Uma pessoa de fora do grupo realizou ações que o grupo estava estudando e assim o projeto
        teve que ser cancelado.

        Definição da necessidade e Medição da situação atual; Teste da proposta nova.
    3
        Obs. O grupo chegou a otimizar o sistema, mas a fase não foi concluída.
        Definição do projeto e coleta de dados através de preenchimento de folha de verificação pelos
    4   operadores.
        Obs. O projeto foi cancelado durante a fase de implantação.
        Levantamento de informações (medição); Iniciou-se a análise.
    5   Obs. Foi cancelado porque dependiam de informações de outro setor, que demorou a retornar a
        resposta sobre o fornecimento e quando enviada foi negativa.
        Medir a situação atual; Teste da nova proposta.
    6
        Obs. Projeto foi cancelado por necessitar de investimentos

        O grupo utilizou método DMAIC: Definição de escopo, metas, métricas, objetivos; Medição através
    7   de diário de bordo; Análise com ajuda da ferramenta 5 porques;Implementação utilizou-se a matriz
        de priorização e o plano de ação; Controle dos indicadores.

        Definição do projeto; Conscientização dos funcionários e início da medição; Ações de
    8
        reaproveitamento de material e cadastramento de um comprador de resíduos.




                                                                                                                        8
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                                                                Gestão de projetos e Engenharia de produção
                                                                           Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010




        Utilizaram medição já existente, analisaram os problemas; Ações de conscientização e de atacar as
    9
        causas raiz.
   10   Definições, Medição, Ações, Controle, Replicação.
        Coleta de dados, Fluxograma; Análise (5 porques); Plano de Ação que envolveu treinamento e
   11
        melhorar o controle de qualidade.

   12   Definição do problema; Medição do consumo de água; Análise das causas e Ações de implantação.

QUADRO 4 – Síntese das respostas da questão 4 da entrevista



          Questão 5 - Quais as dificuldades encontradas no desenvolvimento do projeto?

        Em obter uma coleta de dados confiável; O grupo criou uma sistemática para ter essa informação,
    1
        porém não foi seguida pelos setores responsáveis.
        O fato de uma pessoa de fora do grupo assumir as ações no setor que o grupo estava atuando,
    2   deixando assim, o grupo sem condições de contornar essas dificuldades, pois o projeto foi
        inviabilizado.
        Falta de apoio do setor de informática e alterações nos objetivos do projeto solicitadas pelo gestor
    3
        após a análise do grupo que inviabilizou a continuidade do projeto.
        Dificuldade dos participantes em estar presentes nas reuniões e demissão de pessoas do grupo
    4
        durante o desenvolvimento do projeto; Não foi possível contornar essas dificuldades.
    5   Falta de apoio do setor de programação, fato que não foi possível contornar.
    6   Dificuldade financeira devido ao projeto necessitar investimentos.
        A dificuldade em conseguir os dados com o setor responsável foi contornada com auxílio de um
    7   superior que falou diretamente com este setor. Também houve falta de comprometimento de um
        dos membros do grupo, que foi substituído.
        A etapa de conscientização não trouxe resultados positivos e foi contornado com outra ação;
    8   O cadastro de um comprador de resíduos foi complicada, mas com o apoio do gerente de meio
        ambiente foi possível contornar.
    9   Alguns pequenos conflitos internos, que foram resolvidos dentro do grupo.
        Dificuldade em coletar de dados confiáveis e a solução foi desconsiderar esse erro, por ser pouco
   10
        representativo, pois corrigi-lo exigiria mais investimentos.
        Gerentes não liberaram os funcionários para a reunião do grupo; a forma de contornar essa situação
   11
        foi ter paciência e esperar eles verem o projeto pronto para apoiar o grupo.
        A maior dificuldade foi não receber ajuda do setor de obras e esse problema foi resolvido com o
   12
        grupo assumindo as obrigações deste setor no que diz respeito ao projeto.
QUADRO 5 – Síntese das respostas da questão 5 da entrevista

             Questão 6 - Como você se sente em relação a participação em um grupo?
    1   Experiência positiva.
        Gostou de participar; Serviu para adquirir conhecimentos; Pensa que a falta de reconhecimento
    2
        frustra as pessoas.
        Gostou de participar, de ver que poderia fazer algo além pela empresa; Sente-se frustrado pela falta
    3
        de apoio.
    4   Sente-se muito bem, pensa que deveria ter mais grupos na empresa.
    5   Pensa que é muito bom fazer algo positivo pela empresa em encontros tão curtos e tão produtivos.
    6   Experiência muito positiva e gostaria de colaborar mais vezes.


                                                                                                                         9
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                                                              Gestão de projetos e Engenharia de produção
                                                                         Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010




        Experiência positiva; Pensa que permite crescimento pessoal e profissional; Mostra a importância
    7   do trabalho em equipe, de respeitar a opinião do colega; Ajudou a desenvolver habilidade de
        liderança.
        Gostou muito de participar e pode perceber que nas pequenas coisas existem oportunidades de
    8
        ganho.
        Sente-se realizado, pois o grupo trabalhou unido; Considera uma satisfação trabalhar e ajudar a
    9
        empresa e o grupo a crescer.
        Sente-se muito satisfeito, pensa que é possível desenvolver habilidades, além de garantir o emprego
   10
        e sua posição;
   11   Gosta muito, se diz apaixonada.
   12   Sente-se feliz, um privilegiado. Considera uma oportunidade de aprendizado.
QUADRO 6 – Síntese das respostas da questão 6 da entrevista
        A segunda etapa da análise das informações das entrevistas com os líderes dos Grupos
Participativos foi realizada com base nos fundamentos metodológicos propostos por Cossette
e Audet (1992) e Silva, Gobbi e Simão (2005). Após a codificação das respostas constantes
nos Quadros Síntese foi possível definir diferentes núcleos de sentido que constituem a
comunicação.
        Assim, foram classificados os resultados em unidades de contexto, segundo Bardin
(2002) em subcategorias, a classificação teve por critérios a homogeneidade, pertinência,
objetividade e fidelidade. Este método viabilizou uma análise quantitativa para cada unidade
de contexto. Na sequência, são apresentados nos Quadros 7, 8, 9, 10, 11 e 12 os resultados.
                 Questão 1 - Qual o problema que originou a formação do grupo?
                              Unidades de Contexto                                          Resultados
   Demanda na área de Ergonomia                                                                 8,3%
   Demanda na área de Logística                                                                41,6%
   Demanda na área de Gestão da Produção                                                        8,3%
   Demanda na área de Desenvolvimento de Produto                                                8,3%
   Demanda na área Financeira                                                                  16,6%
   Demanda na área da Qualidade                                                                 8,3%
   Demanda na área de Meio Ambiente                                                             8,3%
QUADRO 7 – Resultados das unidades de contexto da questão 1

                                Questão 2 – Como foi formado o grupo?
                              Unidades de Contexto                                          Resultados
   Motivação ( iniciativa pessoal)                                                               8%
   Estímulo (externo)                                                                           92 %
QUADRO 8 – Resultados das unidades de contexto da questão 2


                          Questão 3 - Vocês receberam algum tipo de apoio?
                              Unidades de Contexto                                          Resultados
   Sim - Apoio do nível Tático (Gerência) do setor de origem do grupo                          91,6%
   Sim - Apoio do nível Tático (Gerência) do setor de aplicação do projeto                     16,6%



                                                                                                                      10
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                                                               Gestão de projetos e Engenharia de produção
                                                                          Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010




   Sim - Apoio do nível Operacional do setor de origem do grupo                                   25%
   Sim - Apoio do nível Operacional do setor de aplicação do projeto                            66,67%
   Não receberam apoio que necessitavam de quaisquer setores                                      25%

QUADRO 9 – Resultados das unidades de contexto da questão 3


          Questão 4 - Quais foram as etapas realizadas no desenvolvimento do projeto?

                               Unidades de Contexto                                          Resultados
   Definir o Escopo do Projeto                                                                  83,3%
   Coletar Dados                                                                                100%
   Analisar Dados                                                                                50%
   Implantar                                                                                     50%
   Controlar                                                                                     25%
   Otimizar                                                                                      8,3%
                          Informações adicionais importantes citadas nesta questão
   Houve problemas para coletar dados                                                            8,3%
   Houve problemas para implantar                                                               41,6%
QUADRO 10 – Resultados das unidades de contexto da questão 4


          Questão 5 - Quais as dificuldades encontradas no desenvolvimento do projeto?
                               Unidades de Contexto                                          Resultados
   Dificuldade para coletar dados                                                                25%
   Interferência por pessoa de fora do grupo nas ações                                           8,3%
   Falta de apoio de setores                                                                    41,6%
   Alteração do escopo do projeto durante a etapa de desenvolvimento                             8,3%
   Falta de recursos financeiros                                                                 8,3%
   Falta de comprometimento de membros da equipe                                                 8,3%
   Resistência a inovação                                                                        8,3%
   Conflitos internos (relativos as atitudes)                                                    8,3%
                          Informações adicionais importantes citadas nesta questão
   As dificuldades foram contornadas                                                            41,6%
   As dificuldades não foram contornadas                                                       58,33%
QUADRO 11 – Resultados das unidades de contexto da questão 5


               Questão 6 - Como você se sente em relação a participação em um grupo?
                                Unidade de Contexto                                          Resultados
   Experiência positiva                                                                          83%
                          Informações adicionais importantes citadas nesta questão
   Experiência positiva, no entanto, sente falta de reconhecimento                               17%
QUADRO 12 – Resultados das unidades de contexto da questão 6



                                                                                                                       11
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                                                      Gestão de projetos e Engenharia de produção
                                                                 Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010




4. Síntese
        Os resultados da análise revelam que a atuação dos grupos concentrou-se nos setores
logístico e financeiro, veja o Quadro 7. Os problemas identificados no setor logístico estão
mais relacionados a procedimentos internos como expedição, sistema de informações e tipo
de embalagem para acondicionamento dos produtos do que externos como meios e rotas de
distribuição para transporte. O setor financeiro contribui em segundo lugar através de
demandas que revelam a necessidade de reduzir desperdícios no consumo de alimentos e uso
do sistema de telefonia. Apesar desta colocação, o setor financeiro, está relacionado a todas as
demandas trabalhadas pelos grupos e, em síntese, seria o mais beneficiado se todos tivessem
sucesso na execução dos projetos.
        Nos doze casos de grupos estudados é possível constatar uma distribuição interessante
das demandas ao se considerar as unidades de contexto propostas, sendo que foram
identificados sete setores diferentes de atuação como: (i) ergonomia, (ii) logística, (iii) gestão
da produção, (iv) desenvolvimento de produto, (v) financeira, (vi) qualidade, e (vii) meio-
ambiente.
        Em relação à formação dos grupos participativos é notória a necessidade de estímulos
externos, veja o Quadro 8. A motivação pessoal dos funcionários não é um fator que tem
contribuído de maneira importante para o início deste tipo de atividade na empresa. No
entanto, após a conclusão dos projetos os participantes manifestaram, em sua maioria
chegando a 87%, a satisfação em participar e, consideraram a experiência positiva sem
qualquer restrição. Apenas uma parcela dos participantes, apesar de considerarem como
positiva a experiência, manifestaram que sentem falta de reconhecimento pelos resultados
obtidos, veja o Quadro 12.
       Uma descoberta interessante do estudo refere-se ao tipo e forma de apoio que os
grupos receberam durante o desenvolvimento dos projetos. A gerência, que representa o Nível
Tático, do setor onde se originaram os grupos contribuiu com 91,6% do apoio recebido, que
na verdade foi responsável também pelo estímulo à formação dos grupos (Quadro 9). No
entanto, os funcionários (Nível Operacional) do próprio setor onde se formou o grupo, mas
que não pertenciam a equipe foram os que menos apoiaram o desenvolvimento dos projetos,
apenas contribuíram em 25% dos casos. Em contrapartida, os funcionários (Nível
Operacional) do setor a que se destinavam as melhorias, apesar de não integrarem o grupo,
foram os que mais apoiaram o desenvolvimento, contribuindo em 66,67% dos casos. Também
é possível verificar que as gerências (Nível Tático) destes setores contribuíram pouco, ao
contrário do Nível Operacional, chegando apenas a 16,6% sua parcela de apoio.
        A partir destes dados, pode-se inferir que quando o estímulo à formação de um Grupo
Participativo parte do Nível Tático de um setor e aplica-se a outro o Nível Operacional tende
a apoiar a iniciativa, mas, o Nível Tático poderá apoiar pouco as melhorias propostas, mesmo
sendo em benefício de seu próprio setor de atuação. Isto poderá ocorrer também em relação
ao Nível Operacional de origem do grupo porque demonstrou apoiar pouco os próprios
colegas de setor. Desta forma, este é um dos fatores que pode estar impactando o desempenho
de Grupos Participativos nesta empresa. Este problema evidencia a necessidade de ser
estimulada a integração entre os setores e, a implantação de programas que promovam o senso
de cooperatividade e unidade na empresa em prol de resultados positivos.
        A questão proposta na entrevista, Figura 1, que tinha por finalidade verificar como são
realizados os procedimentos metodológicos para o desenvolvimento dos projetos revelou uma
não linearidade na execução das etapas pelos grupos. A maioria dos grupos (83,3%) consegue

                                                                                                              12
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                                                    Gestão de projetos e Engenharia de produção
                                                               Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010




definir o escopo do projeto e realizou em 100% dos casos a coleta de dados, veja o Quadro
10. No entanto, quando realizaram as etapas de análise e implantação apenas 50%
manifestaram que obtiveram um resultado satisfatório. Além disto, a análise revelou que
apenas em 25% dos projetos têm sido efetuado um controle e, dos projetos concluídos com
sucesso em apenas 8,3% foram propostas ações de otimização. Ao considerar os casos de
sucesso e insucesso estudados pode-se inferir que os grupos enfrentaram problemas na etapa
de coleta de dados, representando a segunda maior dificuldade com 25% das citações, veja os
Quadros 10 e 11. Apesar disto, as informações obtidas revelam que 41,6% das dificuldades
foram contornadas pelos grupos.
        A não linearidade na execução dos procedimentos metodológicos pelos Grupos
Participativos pode indicar a necessidade de um treinamento e acompanhamento por
profissionais da Engenharia de Produção capacitados à aplicação de metodologias existentes e
sua respectiva adaptação às necessidades destes tipos de projetos. Esta necessidade pode estar
impactando o desempenho dos grupos. Isto pode ser observado também quando é referido em
8,3% das citações que ocorreram alterações no escopo do projeto durante o desenvolvimento,
sendo isto considerado como uma dificuldade. Estas alterações em etapas do
desenvolvimento, em muitos casos, podem fazer parte desta fase e visam obter melhorias na
própria execução, no entanto, devem ser assistidas por profissional capacitado que irá
demonstrar que ao invés de uma dificuldade isto poderá representar uma otimização da
proposta original.
        A análise evidenciou que a falta de apoio dos setores da empresa, seja em Nível Tático
ou Operacional tem representado a maior dificuldade para o sucesso dos projetos realizados
pelos Grupos Participativos. Os dados mostram que esta dificuldade atinge 41,6% entre as
relatadas e, em conjunto com as demais relatadas como a resistência à inovação, conflitos
internos relativos as atitudes das pessoas, interferência externa no setor, obstáculos e
deficiências para coleta de dados, falta de recursos financeiros, falta de comprometimento, e
alterações no escopo do projeto têm contribuído para impactar o desempenho dos Grupos
Participativos na empresa.
5. Conclusões
       Este artigo apresentou os resultados de uma pesquisa exploratório-descritiva que teve
por finalidade identificar os fatores que impactam o desempenho de grupos participativos
(CCQ‟s) em uma empresa do setor industrial calçadista, localizada na região sul. O método de
pesquisa utilizou a uma abordagem qualitativa. Foram realizadas entrevistas com doze líderes
de grupos, sendo efetuada na sequência a análise do conteúdo e síntese dos resultados obtidos.
       Os resultados revelaram que a atuação dos grupos concentrou-se nos setores logístico
e financeiro. Os problemas identificados no setor logístico estão mais relacionados a
procedimentos internos como expedição, sistema de informações e tipo de embalagem para
acondicionamento dos produtos do que externos como meios e rotas de distribuição para
transporte. Nos grupos estudados foi possível constatar que os projetos tiveram por finalidade
atender demandas em sete setores diferentes como: (i) ergonomia, (ii) logística, (iii) gestão da
produção, (iv) desenvolvimento de produto, (v) financeira, (vi) qualidade, e (vii) meio-
ambiente.
       O estudo mostrou que a formação dos grupos participativos ocorre na maioria dos
casos por iniciativa (estímulo) dos Níveis Táticos da empresa. A motivação pessoal dos
funcionários não é um fator que tem contribuído de maneira importante para o início deste
tipo de atividade na empresa. No entanto, após a conclusão dos projetos os participantes

                                                                                                            13
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                                                             Gestão de projetos e Engenharia de produção
                                                                        Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010




manifestaram, em sua maioria, a satisfação em participar e, consideraram a experiência
positiva sem qualquer restrição. Apenas uma parcela dos participantes, apesar de
considerarem como positiva a experiência, manifestaram que sentem falta de reconhecimento
pelos resultados obtidos.
        Uma importante contribuição desta pesquisa foi evidenciar que a falta de apoio dos
setores da empresa, seja em Nível Tático ou Operacional tem representado a maior
dificuldade para o sucesso dos projetos realizados pelos Grupos Participativos. Os dados
mostram que esta dificuldade atinge 41,6% entre as relatadas e, em conjunto com as demais
como a resistência à inovação, conflitos internos relativos as atitudes das pessoas,
interferência externa no setor, obstáculos e deficiências para coleta de dados, falta de recursos
financeiros, falta de comprometimento, e alterações no escopo do projeto têm contribuído
para impactar o desempenho dos Grupos Participativos na empresa.
       Os resultados sugerem que seja estimulada a integração entre os setores e, a
implantação de programas que promovam o senso de cooperatividade e unidade na empresa
em prol de resultados positivos.
Referências
ABICALÇADOS – Associação Brasileira das Indústrias de calçados. Resenha estatística. São Paulo, 2009.
ANTUNES, E.D.D; PINHEIRO, I.A. Sistema de Comprometimento Organizacional para empresas inovadoras
em Países de Capitalismo Tardio. Anais. XXIII Encontro da ANPAD. Foz do Iguaçu, 1999.
ABREU, R.C. CCQ - Círculo de Controle da Qualidade: Integração - Trabalho - Homem - Qualidade Total. Rio
de Janeiro: Quality mark, 1991.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Trad. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 2002.
CORREIA, L.C.C.; RIBAS, W.J. e GHINATO, P. Uma proposta para disseminação dos dispositivos poka-yoke
através dos CCQs. Anais. XXI ENEGEP - Encontro Nacional em Engenharia de Produção, 21., Salvador, 2001.
COSSETE, P.; AUDET, M. Mapping of an idiosyncratic schema. Journal of Management Studies, v.29, n.3, p.
325-348, 1992.
COUTINHO, M.C. Dialética da exclusão/inclusão em uma organização industrial. RAE-eletrônica, v. 5, n. 1,
2006.
CRAIG, D.J. Stop depending on inspection. Quality Progress, Chicago, v.37, n.7, p.39-50, 2004.
FASSER, Y.; BRETTNER, D. Management for quality in high-technology enterprises. New York: Wiley
Interscience, 2002.
FLEURY, M.T.L. Cultura organizacional e estratégias de mudanças: recolocando estas questões no cenário
brasileiro atual. Revista de Administração, São Paulo, v.26, n.2, 1991.
FRAME, J.D. The New Project Management – Tools for an Age of Rapid Change, Corporate Reengineering, and
Other Business Realities. São Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1994.
ISHIKAWA, K. TQC - Total Quality Control: Estratégia e Administração da Qualidade. São Paulo: IMC
Internacional Sistemas Educativos, 1986.
ISHIKAWA, K. Controle de Qualidade Total à Maneira Japonesa. 6 ed., São Paulo: Campu, 1995.
JUNG, C.F. Metodologia para pesquisa & desenvolvimento: aplicada a novas tecnologias, produtos e processos.
Rio de Janeiro: Axcel Books, 2004.
LAVILLE, C.; DIONE, J. A construção do saber. Belo Horizonte: UFMG, 1999.
LIPP, T.H.P; RODRIGUES, L.H. Método de resolução de problemas: uma comparação prática entre o processo
de pensamento da TOC e o método CQ Story em grupos de CCQ. São Leopoldo: UNISINOS, 2009.
MEDEIROS, V. A relação entre a qualidade no atendimento e a motivação do cliente interno. Revista Eletrônica
da Faculdade JK. v. 1 n. 1 p. 38-48, 2009.


                                                                                                                     14
XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                                                             Gestão de projetos e Engenharia de produção
                                                                        Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010




MCMANUS, H. Product Development Value Stream Analysis and Mapping Manual – PDVSM. Cambridge:
Lean Aerospace Initiative, 2003.
PINTO, R.I.M. Gestão do trabalho no paradigma da flexibilização e a crise do emprego: compreensão necessária
à formação profissional. Olhar de Professor. n. 5, p. 141-159, 2002.
SALES, Í.R.B; LIMA, R.T; SANTOS, M.J. O perfil intraempreendedor dos círculos de controle de qualidade.
Recife: UFPE, 2006.
SILVA, C.R.; GOBBI, B.C. e SIMÃO, A.A. O uso da análise de conteúdo como ferramenta para a pesquisa
qualitativa: descrição e aplicação do método. Organ. rurais agroind. v. 7, n. 1, p. 70-81, 2005.
RIBEIRO, J. L.D.; NODARI, C.T. Tratamento de dados qualitativos: técnicas e aplicações. Porto Alegre:
FEENG/UFRGS, 2001.
ROMÃO, F.L. A globalização e seus reflexos sobre os trabalhadores “estáveis”: petroleiros da Fafen/Petrobrás.
Sociologias. Porto Alegre, ano 3, n. 6, p. 200-220, 2001.
SILVA, G.G.M.P. Implantando a manufatura enxuta: um método estruturado. 156 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Florianópolis, 2009.
SOUSA, M.Q.L.; CAMPOS, A.C.F. e RAMOS, R.E.B. Trabalho em equipe: a base da qualidade nas
organizações. Anais. XXIV COBENGE - Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia. Porto Alegre, 2001.
WOOD JR. T. Mudança organizacional: aprofundando temas atuais em administração de empresas. São Paulo:
Atlas, 1995.
YIN, R.K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
ZEFERINO, M.S.; SILVA, C.E.S. A Experiência da Implantação de times da Qualidade em uma indústria
eletrônica. Itajubá:UNIFEI, 2003.




                                                                                                                     15

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Monografia revisada final 01.1.0.9
Monografia revisada final 01.1.0.9Monografia revisada final 01.1.0.9
Monografia revisada final 01.1.0.9Manoel Marins
 
Planejamento estratégico e gestão ambiental relato prático
Planejamento estratégico e gestão ambiental   relato práticoPlanejamento estratégico e gestão ambiental   relato prático
Planejamento estratégico e gestão ambiental relato práticoFrancisco Alves
 
A influência da Colaboração na Inovatividade: um estudo de caso no processo d...
A influência da Colaboração na Inovatividade: um estudo de caso no processo d...A influência da Colaboração na Inovatividade: um estudo de caso no processo d...
A influência da Colaboração na Inovatividade: um estudo de caso no processo d...CTG SUNY Albany and UFPR Curitiba
 
Edinor koch aula dia 31 03
Edinor koch   aula dia 31 03Edinor koch   aula dia 31 03
Edinor koch aula dia 31 03Edinor Koch
 
A Estratégia de Apropriabilidade Neoschumpteriana Como Vantagem Competitiva: ...
A Estratégia de Apropriabilidade Neoschumpteriana Como Vantagem Competitiva: ...A Estratégia de Apropriabilidade Neoschumpteriana Como Vantagem Competitiva: ...
A Estratégia de Apropriabilidade Neoschumpteriana Como Vantagem Competitiva: ...Alexandre Bento
 
Implementação de um modelo de avaliação de desempenho por ob
Implementação de um modelo de avaliação de desempenho por obImplementação de um modelo de avaliação de desempenho por ob
Implementação de um modelo de avaliação de desempenho por obRui Vilela
 
Um Modelo Da Dinamica Da Gestao Do Co Para Empresas Do Seb
Um Modelo Da Dinamica Da Gestao Do Co Para Empresas Do SebUm Modelo Da Dinamica Da Gestao Do Co Para Empresas Do Seb
Um Modelo Da Dinamica Da Gestao Do Co Para Empresas Do SebFernando Luiz Goldman
 
Edinor koch aula dia 07 04
Edinor koch   aula dia 07 04Edinor koch   aula dia 07 04
Edinor koch aula dia 07 04Edinor Koch
 
Avaliacao da Gestao Tecnologica na MPE
Avaliacao da Gestao Tecnologica na MPEAvaliacao da Gestao Tecnologica na MPE
Avaliacao da Gestao Tecnologica na MPEJose Claudio Terra
 
Processos
ProcessosProcessos
ProcessosCesuca
 
Faber Castell: fortalecendo sua cultura de inovação e buscando soluções tecno...
Faber Castell: fortalecendo sua cultura de inovação e buscando soluções tecno...Faber Castell: fortalecendo sua cultura de inovação e buscando soluções tecno...
Faber Castell: fortalecendo sua cultura de inovação e buscando soluções tecno...Fundação Dom Cabral - FDC
 
Estratégias e práticas de corporate venturing no contexto brasileiro
Estratégias e práticas de corporate venturing no contexto brasileiroEstratégias e práticas de corporate venturing no contexto brasileiro
Estratégias e práticas de corporate venturing no contexto brasileiroFundação Dom Cabral - FDC
 
Congresso sinap 2008 universidade católica de santos
Congresso sinap 2008 universidade católica de santos Congresso sinap 2008 universidade católica de santos
Congresso sinap 2008 universidade católica de santos JS Consulting
 

Mais procurados (20)

Monografia revisada final 01.1.0.9
Monografia revisada final 01.1.0.9Monografia revisada final 01.1.0.9
Monografia revisada final 01.1.0.9
 
Planejamento estratégico e gestão ambiental relato prático
Planejamento estratégico e gestão ambiental   relato práticoPlanejamento estratégico e gestão ambiental   relato prático
Planejamento estratégico e gestão ambiental relato prático
 
A influência da Colaboração na Inovatividade: um estudo de caso no processo d...
A influência da Colaboração na Inovatividade: um estudo de caso no processo d...A influência da Colaboração na Inovatividade: um estudo de caso no processo d...
A influência da Colaboração na Inovatividade: um estudo de caso no processo d...
 
Edinor koch aula dia 31 03
Edinor koch   aula dia 31 03Edinor koch   aula dia 31 03
Edinor koch aula dia 31 03
 
A Estratégia de Apropriabilidade Neoschumpteriana Como Vantagem Competitiva: ...
A Estratégia de Apropriabilidade Neoschumpteriana Como Vantagem Competitiva: ...A Estratégia de Apropriabilidade Neoschumpteriana Como Vantagem Competitiva: ...
A Estratégia de Apropriabilidade Neoschumpteriana Como Vantagem Competitiva: ...
 
Implementação de um modelo de avaliação de desempenho por ob
Implementação de um modelo de avaliação de desempenho por obImplementação de um modelo de avaliação de desempenho por ob
Implementação de um modelo de avaliação de desempenho por ob
 
Um Modelo Da Dinamica Da Gestao Do Co Para Empresas Do Seb
Um Modelo Da Dinamica Da Gestao Do Co Para Empresas Do SebUm Modelo Da Dinamica Da Gestao Do Co Para Empresas Do Seb
Um Modelo Da Dinamica Da Gestao Do Co Para Empresas Do Seb
 
Edinor koch aula dia 07 04
Edinor koch   aula dia 07 04Edinor koch   aula dia 07 04
Edinor koch aula dia 07 04
 
Avaliacao da Gestao Tecnologica na MPE
Avaliacao da Gestao Tecnologica na MPEAvaliacao da Gestao Tecnologica na MPE
Avaliacao da Gestao Tecnologica na MPE
 
Processos
ProcessosProcessos
Processos
 
Processo, Que Processo
Processo, Que ProcessoProcesso, Que Processo
Processo, Que Processo
 
TRABALHO RH
TRABALHO  RHTRABALHO  RH
TRABALHO RH
 
CIP Journal 1
CIP Journal 1CIP Journal 1
CIP Journal 1
 
Faber Castell: fortalecendo sua cultura de inovação e buscando soluções tecno...
Faber Castell: fortalecendo sua cultura de inovação e buscando soluções tecno...Faber Castell: fortalecendo sua cultura de inovação e buscando soluções tecno...
Faber Castell: fortalecendo sua cultura de inovação e buscando soluções tecno...
 
Estratégias e práticas de corporate venturing no contexto brasileiro
Estratégias e práticas de corporate venturing no contexto brasileiroEstratégias e práticas de corporate venturing no contexto brasileiro
Estratégias e práticas de corporate venturing no contexto brasileiro
 
Congresso sinap 2008 universidade católica de santos
Congresso sinap 2008 universidade católica de santos Congresso sinap 2008 universidade católica de santos
Congresso sinap 2008 universidade católica de santos
 
74
7474
74
 
Benchmarking
BenchmarkingBenchmarking
Benchmarking
 
Revista Melhor: programa RH Triple A FDC
Revista Melhor: programa RH Triple A FDCRevista Melhor: programa RH Triple A FDC
Revista Melhor: programa RH Triple A FDC
 
000712857
000712857000712857
000712857
 

Semelhante a FATORES QUE IMPACTAM O DESEMPENHO DE GRUPOS PARTICIPATIVOS EM UMA EMPRESA DO SETOR INDUSTRIAL CALÇADISTA

UM MODELO PARA GESTÃO DE GRUPOS PARTICIPATIVOS
UM MODELO PARA GESTÃO DE GRUPOS PARTICIPATIVOSUM MODELO PARA GESTÃO DE GRUPOS PARTICIPATIVOS
UM MODELO PARA GESTÃO DE GRUPOS PARTICIPATIVOSCarlos Fernando Jung
 
Implantação da Gestão por Processos em uma empresa incubada.
Implantação da Gestão por Processos em uma empresa incubada.Implantação da Gestão por Processos em uma empresa incubada.
Implantação da Gestão por Processos em uma empresa incubada.Neto Ortega
 
ManualBoasPrticas_V8semgoverno.pdf
ManualBoasPrticas_V8semgoverno.pdfManualBoasPrticas_V8semgoverno.pdf
ManualBoasPrticas_V8semgoverno.pdfEduardodeLimaeSilva1
 
1 tecnologia e produto criticas_rai_2012
1 tecnologia e produto criticas_rai_20121 tecnologia e produto criticas_rai_2012
1 tecnologia e produto criticas_rai_2012Licc11
 
Gestão do processo de projetos na construção de edifícios
Gestão do processo de projetos na construção de edifíciosGestão do processo de projetos na construção de edifícios
Gestão do processo de projetos na construção de edifíciosAlex Caldas
 
Proposição de plano de ação para elevação do nível de implementação da manufa...
Proposição de plano de ação para elevação do nível de implementação da manufa...Proposição de plano de ação para elevação do nível de implementação da manufa...
Proposição de plano de ação para elevação do nível de implementação da manufa...Gomes de Matos Consultores Associados
 
Artigo para submissão ec 06 08
Artigo para submissão ec 06 08Artigo para submissão ec 06 08
Artigo para submissão ec 06 08Eduardo Carpejani
 
Sistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nome
Sistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nomeSistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nome
Sistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nomeAlaxendro Rodrigo Dal Piva
 
Sistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nome
Sistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nomeSistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nome
Sistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nomeAlaxendro Rodrigo Dal Piva
 
Sistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nome
Sistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nomeSistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nome
Sistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nomeAlaxendro Rodrigo Dal Piva
 
ADAPTAÇÃO E APLICAÇÃO DE UM MÉTODO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS EM UMA MICR...
ADAPTAÇÃO E APLICAÇÃO DE UM MÉTODO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS EM UMA MICR...ADAPTAÇÃO E APLICAÇÃO DE UM MÉTODO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS EM UMA MICR...
ADAPTAÇÃO E APLICAÇÃO DE UM MÉTODO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS EM UMA MICR...Carlos Fernando Jung
 
Trabalho gestão de_produtos__22-04-14
Trabalho gestão de_produtos__22-04-14Trabalho gestão de_produtos__22-04-14
Trabalho gestão de_produtos__22-04-14Wander Marcos
 
ANÁLISE DO PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DE CLIENTES INTERNOS DA ÁREA INDUSTRIAL EM U...
ANÁLISE DO PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DE CLIENTES INTERNOS DA ÁREA INDUSTRIAL EM U...ANÁLISE DO PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DE CLIENTES INTERNOS DA ÁREA INDUSTRIAL EM U...
ANÁLISE DO PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DE CLIENTES INTERNOS DA ÁREA INDUSTRIAL EM U...Leandro Schmidt
 
Projeto Aplicado Realizar - Vison Backcasting Pneusola
Projeto Aplicado Realizar - Vison Backcasting PneusolaProjeto Aplicado Realizar - Vison Backcasting Pneusola
Projeto Aplicado Realizar - Vison Backcasting PneusolaCinara Miranda
 
GESTÃO ESTRATÉGICA DE FERRAMENTAS.
GESTÃO ESTRATÉGICA DE FERRAMENTAS.GESTÃO ESTRATÉGICA DE FERRAMENTAS.
GESTÃO ESTRATÉGICA DE FERRAMENTAS.SilvanSilav Santos
 
Aplicação de conceitos básicos de planejamento e controle da produção para me...
Aplicação de conceitos básicos de planejamento e controle da produção para me...Aplicação de conceitos básicos de planejamento e controle da produção para me...
Aplicação de conceitos básicos de planejamento e controle da produção para me...Letícia Rodrigues
 
Portfolio unopar administração 7º periodo conceito excelente!
Portfolio unopar administração 7º periodo   conceito excelente!Portfolio unopar administração 7º periodo   conceito excelente!
Portfolio unopar administração 7º periodo conceito excelente!Rogerio Sena
 

Semelhante a FATORES QUE IMPACTAM O DESEMPENHO DE GRUPOS PARTICIPATIVOS EM UMA EMPRESA DO SETOR INDUSTRIAL CALÇADISTA (19)

UM MODELO PARA GESTÃO DE GRUPOS PARTICIPATIVOS
UM MODELO PARA GESTÃO DE GRUPOS PARTICIPATIVOSUM MODELO PARA GESTÃO DE GRUPOS PARTICIPATIVOS
UM MODELO PARA GESTÃO DE GRUPOS PARTICIPATIVOS
 
Implantação da Gestão por Processos em uma empresa incubada.
Implantação da Gestão por Processos em uma empresa incubada.Implantação da Gestão por Processos em uma empresa incubada.
Implantação da Gestão por Processos em uma empresa incubada.
 
ManualBoasPrticas_V8semgoverno.pdf
ManualBoasPrticas_V8semgoverno.pdfManualBoasPrticas_V8semgoverno.pdf
ManualBoasPrticas_V8semgoverno.pdf
 
1 tecnologia e produto criticas_rai_2012
1 tecnologia e produto criticas_rai_20121 tecnologia e produto criticas_rai_2012
1 tecnologia e produto criticas_rai_2012
 
Gestão do processo de projetos na construção de edifícios
Gestão do processo de projetos na construção de edifíciosGestão do processo de projetos na construção de edifícios
Gestão do processo de projetos na construção de edifícios
 
Proposição de plano de ação para elevação do nível de implementação da manufa...
Proposição de plano de ação para elevação do nível de implementação da manufa...Proposição de plano de ação para elevação do nível de implementação da manufa...
Proposição de plano de ação para elevação do nível de implementação da manufa...
 
Artigo para submissão ec 06 08
Artigo para submissão ec 06 08Artigo para submissão ec 06 08
Artigo para submissão ec 06 08
 
Sistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nome
Sistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nomeSistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nome
Sistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nome
 
Sistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nome
Sistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nomeSistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nome
Sistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nome
 
Sistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nome
Sistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nomeSistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nome
Sistema de inteligência competitiva e gestão da tecnologia com nome
 
ADAPTAÇÃO E APLICAÇÃO DE UM MÉTODO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS EM UMA MICR...
ADAPTAÇÃO E APLICAÇÃO DE UM MÉTODO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS EM UMA MICR...ADAPTAÇÃO E APLICAÇÃO DE UM MÉTODO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS EM UMA MICR...
ADAPTAÇÃO E APLICAÇÃO DE UM MÉTODO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS EM UMA MICR...
 
Trabalho gestão de_produtos__22-04-14
Trabalho gestão de_produtos__22-04-14Trabalho gestão de_produtos__22-04-14
Trabalho gestão de_produtos__22-04-14
 
ANÁLISE DO PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DE CLIENTES INTERNOS DA ÁREA INDUSTRIAL EM U...
ANÁLISE DO PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DE CLIENTES INTERNOS DA ÁREA INDUSTRIAL EM U...ANÁLISE DO PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DE CLIENTES INTERNOS DA ÁREA INDUSTRIAL EM U...
ANÁLISE DO PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DE CLIENTES INTERNOS DA ÁREA INDUSTRIAL EM U...
 
5 s
5 s5 s
5 s
 
Projeto Aplicado Realizar - Vison Backcasting Pneusola
Projeto Aplicado Realizar - Vison Backcasting PneusolaProjeto Aplicado Realizar - Vison Backcasting Pneusola
Projeto Aplicado Realizar - Vison Backcasting Pneusola
 
GESTÃO ESTRATÉGICA DE FERRAMENTAS.
GESTÃO ESTRATÉGICA DE FERRAMENTAS.GESTÃO ESTRATÉGICA DE FERRAMENTAS.
GESTÃO ESTRATÉGICA DE FERRAMENTAS.
 
Aplicação de conceitos básicos de planejamento e controle da produção para me...
Aplicação de conceitos básicos de planejamento e controle da produção para me...Aplicação de conceitos básicos de planejamento e controle da produção para me...
Aplicação de conceitos básicos de planejamento e controle da produção para me...
 
Pré projeto Integrador I
Pré  projeto Integrador IPré  projeto Integrador I
Pré projeto Integrador I
 
Portfolio unopar administração 7º periodo conceito excelente!
Portfolio unopar administração 7º periodo   conceito excelente!Portfolio unopar administração 7º periodo   conceito excelente!
Portfolio unopar administração 7º periodo conceito excelente!
 

Mais de Carlos Fernando Jung

Fundamentos de Antenas para Tecnologia RFID - 2014
Fundamentos de Antenas para Tecnologia RFID - 2014Fundamentos de Antenas para Tecnologia RFID - 2014
Fundamentos de Antenas para Tecnologia RFID - 2014Carlos Fernando Jung
 
Projetos de Pesquisa: Concepção e Elaboração
Projetos de Pesquisa: Concepção e ElaboraçãoProjetos de Pesquisa: Concepção e Elaboração
Projetos de Pesquisa: Concepção e ElaboraçãoCarlos Fernando Jung
 
Artigos Científicos: Análise e Elaboração
Artigos Científicos: Análise e ElaboraçãoArtigos Científicos: Análise e Elaboração
Artigos Científicos: Análise e ElaboraçãoCarlos Fernando Jung
 
Projetos de pesquisa: guia rapido para elaboracao
Projetos de pesquisa: guia rapido para elaboracaoProjetos de pesquisa: guia rapido para elaboracao
Projetos de pesquisa: guia rapido para elaboracaoCarlos Fernando Jung
 
Desenvolvimento de habilidades para inovar
Desenvolvimento de habilidades para inovarDesenvolvimento de habilidades para inovar
Desenvolvimento de habilidades para inovarCarlos Fernando Jung
 
Processo de inovação técnicas para inovar
Processo de inovação   técnicas para inovarProcesso de inovação   técnicas para inovar
Processo de inovação técnicas para inovarCarlos Fernando Jung
 

Mais de Carlos Fernando Jung (20)

Relatório Anual 2015
Relatório Anual 2015Relatório Anual 2015
Relatório Anual 2015
 
Relatório Anual 2014
Relatório Anual 2014Relatório Anual 2014
Relatório Anual 2014
 
Fundamentos de Antenas para Tecnologia RFID - 2014
Fundamentos de Antenas para Tecnologia RFID - 2014Fundamentos de Antenas para Tecnologia RFID - 2014
Fundamentos de Antenas para Tecnologia RFID - 2014
 
Projetos de Pesquisa: Concepção e Elaboração
Projetos de Pesquisa: Concepção e ElaboraçãoProjetos de Pesquisa: Concepção e Elaboração
Projetos de Pesquisa: Concepção e Elaboração
 
Artigos Científicos: Análise e Elaboração
Artigos Científicos: Análise e ElaboraçãoArtigos Científicos: Análise e Elaboração
Artigos Científicos: Análise e Elaboração
 
Relatório Anual 2013
Relatório Anual 2013Relatório Anual 2013
Relatório Anual 2013
 
Projetos de pesquisa: guia rapido para elaboracao
Projetos de pesquisa: guia rapido para elaboracaoProjetos de pesquisa: guia rapido para elaboracao
Projetos de pesquisa: guia rapido para elaboracao
 
Relatório anual 2012
Relatório anual 2012Relatório anual 2012
Relatório anual 2012
 
Relatório anual 2011
Relatório anual 2011Relatório anual 2011
Relatório anual 2011
 
Relatório anual 2010
Relatório anual 2010Relatório anual 2010
Relatório anual 2010
 
Relatório anual 2009
Relatório anual 2009Relatório anual 2009
Relatório anual 2009
 
Relatório anual 2008
Relatório anual 2008Relatório anual 2008
Relatório anual 2008
 
Relatório anual 2007
Relatório anual 2007Relatório anual 2007
Relatório anual 2007
 
Relatório anual 2006
Relatório anual 2006Relatório anual 2006
Relatório anual 2006
 
Relatório anual 2005
Relatório anual 2005Relatório anual 2005
Relatório anual 2005
 
Relatório anual 2004
Relatório anual 2004Relatório anual 2004
Relatório anual 2004
 
Relatório anual 2003
Relatório anual 2003Relatório anual 2003
Relatório anual 2003
 
Desenvolvimento de habilidades para inovar
Desenvolvimento de habilidades para inovarDesenvolvimento de habilidades para inovar
Desenvolvimento de habilidades para inovar
 
Processo de inovação técnicas para inovar
Processo de inovação   técnicas para inovarProcesso de inovação   técnicas para inovar
Processo de inovação técnicas para inovar
 
Análise de produtos para inovar
Análise de produtos para inovarAnálise de produtos para inovar
Análise de produtos para inovar
 

FATORES QUE IMPACTAM O DESEMPENHO DE GRUPOS PARTICIPATIVOS EM UMA EMPRESA DO SETOR INDUSTRIAL CALÇADISTA

  • 1. FATORES QUE IMPACTAM O DESEMPENHO DE GRUPOS PARTICIPATIVOS EM UMA EMPRESA DO SETOR INDUSTRIAL CALÇADISTA HELOISA HELENA WEBER () helouweber@hotmail.com CARLOS FERNANDO JUNG (UFRGS) carlosfernandojung@gmail.com Resumo: ESTE ARTIGO APRESENTA OS RESULTADOS DE UMA PESQUISA EXPLORATÓRIO-DESCRITIVA QUE TEVE POR FINALIDADE IDENTIFICAR OS FATORES QUE IMPACTAM O DESEMPENHO DE GRUPOS PARTICIPATIVOS (CCQ’S) EM UMA EMPRESA DO SETOR INDUSTRIAL CALÇADISTA, LOCALIZADA NA REGIÃO SUL. O MÉTODO DE PESQUISA UTILIZOU UMA ABORDAGEM QUALITATIVA. FORAM REALIZADAS ENTREVISTAS COM LÍDERES DE GRUPOS, NA SEQUÊNCIA A ANÁLISE DO CONTEÚDO E A SÍNTESE DOS RESULTADOS. OS RESULTADOS EVIDENCIARAM QUE A FALTA DE APOIO DE SETORES DA EMPRESA TEM REPRESENTADO A MAIOR DIFICULDADE PARA O SUCESSO DOS PROJETOS REALIZADOS PELOS GRUPOS PARTICIPATIVOS. OS DADOS MOSTRAM QUE ESTA DIFICULDADE EM CONJUNTO COM AS DEMAIS COMO A RESISTÊNCIA À INOVAÇÃO, CONFLITOS INTERNOS RELATIVOS AS ATITUDES DAS PESSOAS, INTERFERÊNCIA EXTERNA NO SETOR, OBSTÁCULOS E DEFICIÊNCIAS PARA COLETA DE DADOS, FALTA DE RECURSOS FINANCEIROS, FALTA DE COMPROMETIMENTO E, ALTERAÇÕES NO ESCOPO DO PROJETO TÊM CONTRIBUÍDO PARA IMPACTAR O DESEMPENHO DOS GRUPOS PARTICIPATIVOS NA EMPRESA. O ESTUDO CONTRIBUI PARA FUTUROS TRABALHOS RELACIONADOS À FORMAÇÃO, GESTÃO E MELHORIA CONTÍNUA DE GRUPOS PARTICIPATIVOS. Palavras-chaves: GRUPOS PARTICIPATIVOS; CCQ; QUALIDADE; DESEMPENHO; MELHORIA CONTÍNUA FACTORS IMPACTING PERFORMANCE GROUP PARTICIPATION IN AN INDUSTRIAL SHOE COMPANY
  • 2. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Gestão de projetos e Engenharia de produção Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010 Abstract: THIS PAPER PRESENTS THE RESULTS OF AN EXPLORATORY- DESCRIPTIVE STUDY THAT AIMED TO IDENTIFY FACTORS THAT IMPACT THE PERFORMANCE OF PARTICIPATORY GROUPS IN A SHOE COMPANY IN THE INDUSTRIAL SECTOR, LOCATED IN THE SOUTH. THE METHOD OF RESEARCH USED A QUALITATIVE APPROACH. INTERVIEWS WERE CONDUCTED WITH GROUP LEADERS, FOLLOWING THE CONTENT ANALYSIS AND SYNTHESIS OF RESULTS. THE RESULTS SHOWED THAT THE LACK OF SUPPORT FROM SECTORS OF THE COMPANY HAS REPRESENTED THE BIGGEST OBSTACLE TO THE SUCCESS OF PROJECTS UNDERTAKEN BY THE GROUP PARTICIPATES. THE DATA THAT THIS DIFFICULTY TOGETHER WITH THE OTHER AS RESISTANCE TO INNOVATION, INTERNAL CONFLICTS CONCERNING PEOPLE´S ATTITUDES, EXTERNAL INTERFERENCE IN THE SECTOR, OBSTACLES AND SHORTCOMINGS FOR DATA COLLECTION, LACK OF FINANCIAL RESOURCES, LACK OF COMMITMENT, AND CHANGES IN SCOPE OF THE PROJECT HAVE CONTRIBUTED TO IMPACT THE PERFORMANCE OF THE GROUP PARTICIPATED IN THE COMPANY. THE STUDY CONTRIBUTES TO FUTURE WORK RELATED TO TRAINING, MANAGEMENT AND CONTINUOUS IMPROVEMENT OF PARTICIPATORY GROUPS. Keyword: PARTICIPATORY GROUPS; QCC; QUALITY; PERFORMANCE; CONTINUOUS IMPROVEMENT 2
  • 3. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Gestão de projetos e Engenharia de produção Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010 1. Introdução As mudanças no sistema de produção da Toyota iniciaram-se no ano de 1950, apartir dos estudos realizados por Eiji Toyoda e Taiichi Ohno que observaram, durante três meses, as instalações da Detroit. Retornando ao Japão, Toyoda e Ohno concluíram que a produção em massa não seria adequada em seu país devido ao mercado local desejar uma linha mais variada de produtos, a impossibilidade de adaptação dos trabalhadores a proposta taylorista, as restrições à exportação e, a difícil aquisição de tecnologia por transferência direta (WOOD JR, 1995 e PINTO, 2002). É proposto então o sistema Just in Time/Kanban, um dos fundamentos do sistema Toyota que tem por princípios o teamwork - trabalho em equipe, just in time - entrega „no tempo exato‟ e kaizen - melhoria contínua do processo de produção. Neste cenário, Pinto (2002) afirma que Ohno implementou diversas alterações no ambiente industrial, como a formação de grupos de trabalhadores em torno de um líder, tendo cada grupo a responsabilidade sobre uma série de atividades. Ao longo do tempo, esta prática passou a incluir a manutenção do setor de trabalho e a inspeção da qualidade (GRAIG, 2004). Posteriormente, quando os grupos apresentaram resultados satisfatórios passaram também a ser realizadas reuniões para reflexões e discussões acerca de melhorias nos processos produtivos dando origem aos círculos de controle de qualidade (CCQ‟s). Grupos participativos, também chamados Círculos de Controle da Qualidade (CCQ‟s), são formados por equipes ou times de melhoria e destinam-se a reduzir ou solucionar problemas, propor e executar otimizações e aumentar as inovações, além de ser um método para se obter resultados satisfatórios e um melhor clima organizacional (ANTUNES e PINHEIRO, 1999). Corroborando afirmam Sales, Lima e Santos (2006) que atualmente muitas empresas que pretendem manter sua competitividade procuram desenvolver grupos de colaboradores para criar e implementar idéias que visam resultar em melhorias na empresa. Para Macmanus (2003) isto é possível porque as pessoas que integram um determinado setor de produção estão interligadas diretamente pelo processo, modo de cooperação e clima organizacional que quando interagem de forma positiva pruduz uma força produtiva integrada. No entanto, Frame (1994) afirma que a implantação e o gerenciamento desses grupos muitas vezes não é fácil, devido as equipes serem muito dinâmicas em virtude da mobilidade funcional ou pela saída das pessoas em busca por melhores oportunidades no mercado e, porque talvez somente alguns membros do nível estratégico e tático das empresas vêem a equipe como capaz de realizar melhorias. Para Fasser e Brettner (2002) a falta de visão acerca da possibilidade de se obter melhorias através de um grupo ou time pode estar relacionada a cultura organizacional. Neste caso, a falta de apoio às inciativas de formação, instrumentalização e processo de implantação de melhorias por parte de grupos participativos pode ser melhor comprendido pelo conceito proposto por Fleury (1991). Este autor afirma que a cultura organizacional é um conjunto de valores e pressupostos básicos expressos em elementos simbólicos que, em sua capacidade de ordenar, atribuir significados e construir a identidade organizacional, tanto agem como elementos de comunicação e consenso, como ocultam e instrumentalizam as relações de dominação e o desejo de perpetuar concepções estruturadas ao longo do tempo. 3
  • 4. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Gestão de projetos e Engenharia de produção Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010 Para serem propostas melhorias em métodos existentes que sintetizem novas formas de pensar e agir é necessário identificar problemas, entender as causas e, conhecer ferramentas que possam auxiliar em procedimentos que resultem em soluções satisfatórias, pois, na maioria das vezes, quando existe algo errado mas não se tem dados os argumentos não se sustentam e torna-se difícil obter sucesso na aceitação de novas propostas (SALES, LIMA e SANTOS, 2006). Corroborando, Lipp e Rodrigues (2009) afirmam que utilizar um método estruturado para pesquisar e resolver problemas amplia consideravelmente a probabilidade de sucesso. Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa exploratório-descritiva que teve por finalidade identificar os fatores que impactam o desempenho de grupos participativos (CCQ‟s) em uma empresa do setor industrial calçadista, localizada na região sul. O método de pesquisa utilizou a uma abordagem qualitativa. Foram realizadas entrevistas com doze líderes de grupos, sendo efetuada na sequência a análise do conteúdo e síntese dos resultados obtidos. O estudo contribui para futuros trabalhos relacionados à formação, gestão e melhoria contínua de grupos participativos. O artigo está estruturado da seguinte forma: na seção 2 é apresentada a revisão teórica, na seção 3 o estudo aplicado, na seção 4 a síntese das questões propostas e, a seção 5 traz as conclusões da pesquisa. 2. Grupos Participativos Após o término da Segunda Guerra Mundial, o controle de qualidade foi de importante valia no Japão e em países ocidentais. Assim, na década de 60 surgem os círculos de controle da qualidade (CCQ‟s) obtendo grande sucesso entre as empresas japonesas, já na década de 80, o CCQ destacou-se por ser um dos principais fatores que colaboraram para o desenvolvimento das empresas japonesas, sendo disseminado e utilizado posteriormente por diversos países (ISHIKAWA, 1995). A partir da idéia de que seria o CCQ um dos mais importantes fatores de sucesso do sistema de qualidade japonês, disseminou-se pelo mundo, chegando ao Brasil através das experiências pioneiras da multinacional Johnson & Johnson, Volkswagen e Embraer, no início da década de 70 (CORREIA, RIBAS e GHINATO, 2001). Para Souza, Campos e Ramos (2001) a formação de Círculos de Controle da Qualidade (CCQ‟s) é o primeiro passo para a conscientização de que a solução de problemas pode ser obtida em todos os níveis da empresa. Os autores referem que os CCQ‟s oportunizam o trabalho em equipe para o desenvolvimento e melhoria de produtos e procesos, e viabilizam a criação de um ambiente favorável à mudança da cultura organizacional. Ishikawa (1986) afirma que a principal característica de um Grupo Participativo ou CCQ é identificar e resolver problemas em um curto período de tempo, envolvendo as pessoas do setor onde ocorre o processo produtivo. Este autor refere que estuda-se o problema, propõe-se e executam-se as melhorias para se obter um resultado mais rápido. O funcionamento dos CCQ‟s parte do presuposto de que existe a necessidade de solução de pequenos problemas nas diversas áreas de trabalho de um sistemas de produção e, baseia-se na utilização de métodos para geração de idéias e solução de problemas, como: (i) Brainstorming (tempestade de idéias) que é uma técnica desinibidora para gerar o maior número possível de soluções e estimular o pensamento positivo; (ii) DMAIC, que consiste em uma estratégia da qualidade formada pelas etapas: Definir, Medir, Analisar, Melhorar e Controlar; (iii) MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, que é uma ferramenta ordenada e lógica, facilitando a análise de problemas, determinação de suas causas e elaboração de planos de ação para eliminação desses problemas, o MASP apresenta uma estrutura metodológica baseada em indetificar o problema, observar o problema, analisar as 4
  • 5. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Gestão de projetos e Engenharia de produção Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010 causas, estabelecer um plano de ação, implementar o plano, verificar a eficácia e prevenir contra o reaparecimento do problema; e (iv) PDCA, ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming, é um ciclo de desenvolvimento que tem foco na melhoria contínua, fundamenta-se pelo Plan (planejamento) que visa estabelecer uma meta ou identificar o problema que impede o alcance dos resultados esperados, ou seja, o alcance da meta; Do (execução) onde são realizadas e executadas as atividades conforme o plano de ação; Check (verificação) que objetiva monitorar e avaliar periodicamente os resultados confrontando-os com o planejado e Action (ação) que significa agir de acordo com o avaliado (LIPP e RODRIGUES, 2009). Os CCQ‟s podem ser chamados de várias formas como “Banco de Idéias”, GSP‟s - Grupos de Soluções de Problemas, Grupos Participativos, entre outros (SALES, LIMA e SANTOS, 2006). Para Medeiros (2009) em grupos participativos é possível aproveitar os conhecimentos, habilidades, atitudes e potenciais dos integrantes. Este autor ressalta que o envolvimento de um funcionário em determinada tarefa torna-se mais intenso quando existe participação. Corroborando, Abreu (1991) diz que a essência dos CCQ‟s é ser um grupo composto por diversos valores e habilidades dos recursos humanos da empresa. Assim, no momento em que a administração da empresa reconhece a capacidade e o valor dos integrantes do grupo por contribuir, de forma voluntária e participativa, para a busca da qualidade de sua área de atividade os resultados podem ser ainda melhores. Muitas são as contribuições da atuação destes tipos de grupos, entre elas cita-se dois casos: Lipp e Rodrigues (2009) publicaram um estudo de caso de um CCQ que identificou na preparação do forro do calçado a utilização de elevada quantidade de cola. Após a aplicação de ferramentas da qualidade a equipe percebeu que a causa raiz desse problema era a ausência de um dispositivo adequado para a aplicação do produto. Com o desenvolvimento e utilização deste, foi possível aplicar uma fina camada de cola reduzindo o tempo de secagem e, consequentemente, o custo de produção; já Zeferino e Silva (2003) descreveram o caso de uma empresa que identificou problemas em um componente que integrava um produto de uma indústria eletrônica. Após a coleta de dados, foi verificado que a maior parte das falhas eram geradas por um componente adquirido de um determinado fornecedor que havia sido cadastrado recentemente. A empresa optou por substituir o fornecedor devido ao grupo participativo constatar que os defeitos surgiam nos produtos em que eram utlizadas as peças dos lotes fornecidos. Silva (2009) afirma que apesar do trabalho em equipe através dos CCQ‟s apresentar muitos pontos positivos e serem adotados em várias empresas, principalmente na década de 80 no Brasil, existem também alguns exemplos de casos onde a implantação não foi bem sucedida. Este autor cita os trabalhos de Romão (2001) e Coutinho (2006) que constataram problemas na condução e efetividade de CCQ‟s. O principal problema, segundo Romão (2001) refere-se a pressão que os sindicatos realizaram com o passar do tempo para exigir prêmios maiores, argumentando que as melhorias beneficiavam somente a empresa, que reduziam os custos e ficavam com o dinheiro poupado. Coutinho (2006) afirma que sua pesquisa constatou que o clima de insatisfação gerado entre os integrantes do grupo ocasionou o fim do programa de CCQ devido a inserção obrigatória dos trabalhadores nos grupos, reuniões fora do horário do expediente e, a não remuneração de sugestões. 3. Estudo Aplicado 3.1 Cenário A indústria brasileira de calçados teve seu inicio em 1824, de modo artesanal, na região do Vale dos Sinos no Rio Grande do Sul. Após a Guerra do Paraguai, surgiu a 5
  • 6. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Gestão de projetos e Engenharia de produção Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010 necessidade de ampliar este mercado iniciando também a fabricação de componentes e máquinas para a produção. Em 1968 iniciou a exportação brasileira de calçados em larga escala. Dados de 2009 mostram que há no Brasil 7.830 empresas, que juntas empregam mais de 300 mil pessoas. A exportação brasileira está em cerca de 170 milhões de pares/ano, entre 140 países. O estado do Rio Grande do Sul é responsável por quase 60% do valor das exportações e cerca de 31% do volume de pares exportados (ABICALÇADOS, 2009). A empresa calçadista objeto do estudo teve origem em um grupo familiar que iniciou suas atividade em 1945. Atualmente, atua nos segmentos de manufatura de calçados femininos, esportivo, varejo de calçados e acessórios, agropecuária, e administração de cartões de crédito. A matriz localiza-se no Rio Grande do Sul, além de possuir outras três filiais no mesmo estado e, três no Ceará e uma na Bahia. O quadro funcional conta com 7603 colaboradores no Brasil, recentemente a empresa implantou unidades de negócios na Argentina e Republica Dominicana onde possui respectivamente 1000 e 300 colaboradores. Sua capacidade de produção situa-se em torno de 75 mil pares/dia. Um importante diferencial da empresa consiste em possuir 3 marcas próprias de calçados femininos e uma marca de calçado infantil. A empresa conta com um Sistema de Gestão Estratégico da Qualidade (SGEQ) que integra o programa Organização e Limpeza de Ambiente (OLA), Ferramentas Seis Sigma, Grupos Participativos (GPP), Programa de Sugestões (PSP) e a gestão da ISO 9001:2008. 3.2 Método de Trabalho Os resultados apresentados neste artigo foram obtidos a partir de uma pesquisa exploratório-descritiva. Este tipo de pesquisa caracteriza-se pelo desenvolvimento de um nível de compreensão que torna possível a identificação, ordenação, classificação e análise das diferentes formas dos fenômenos em um contexto local e real (YIN, 2001 e JUNG, 2004). A amostra foi composta por 12 líderes de grupos, escolhidos de forma aleatória entre os projetos realizados desde o ano de 2005 pelos Grupos Participativos. Foi determinado que a amostra teria por característica 6 líderes de grupos que obtiveram êxito e concluíram seus projetos e, 6 líderes de grupos que não tiveram êxito na conclusão dos projetos. O instrumento de pesquisa utilizado foi um conjunto semi-estruturado de questões abertas, para aplicação em forma de entrevista individual, de forma presencial, veja a Figura 1. Questões do Intrumento de Pesquisa 1 Qual o problema que originou a formação do grupo? 2 Como foi formado o grupo? 3 Vocês receberam algum tipo de apoio? Qual? 4 Quais foram as etapas realizadas no desenvolvimento do projeto? 5 Quais as dificuldades encontradas no desenvolvimento do projeto? 6 Como você se sente em relação a participação em um grupo? FIGURA 1 - Questões para as entrevistas com os líderes de projetos Para a realizar as entrevistas foi utilizado um sistema de gravação de áudio para registrar os dados. Após foi efetuada a transcrição literal das respostas e, na sequência, a 6
  • 7. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Gestão de projetos e Engenharia de produção Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010 classificação dos dados em forma de Quadros Síntese. A técnica qualitativa empregada para a identificação e classificação dos dados foi baseada no princípios metodológicos propostos por Ribeiro e Nodari (2001). 3.2.1 Análise A análise dos conteúdos coletados passou inicialmente pela etapa de recorte, na qual os relatos dos entrevistados foram decompostos para, em seguida, serem recompostos para melhor expressar seu significado. Os recortes viabilizam o entendimento do sentido do conteúdo e das idéias essenciais (LAVILLE e DIONNE, 1999). Os elementos recortados foram interpretados e categorizados, e são apresentados em quadros. Os quadros foram elaborados a partir de frases ou ainda idéias referentes aos temas recortados. Para cada questão proposta foi elaborado um Quadro Síntese onde, em ordem por entrevistado, foi inserida uma síntese dos conteúdos das respostas obtidas. Este processo resultou em seis quadros síntese. Nos Quadros 1, 2, 3, 4, 5 e 6 são apresentados os resultados das entrevistas. O número indicado a esquerda das respostas refere-se a ordem dos entrevistados. Questão 1 - Qual o problema que originou a formação do grupo? 1 Elevado Número de afastamentos por lesões osteomusculares 2 Baixa eficiência no processo de expedição 3 Tamanho dos caixotes utilizados para acondicionar bolsas, cintos e carteiras 4 Baixa eficiência do processo mecanizado de carimbar 5 Baixa eficiência da Informatização (Sistema de Informações) do processo de expedição 6 Elevado Custo com o uso de caixas corrugadas para o transporte de matéria prima 7 Elevado custo com terceirização de maquetes (modelos) 8 Baixa eficiência do processo de acomodação e transporte de resíduos 9 Elevado desperdício de alimentos 10 Elevado custo em telefonia 11 Retrabalho da costura externa 12 Elevado consumo de água nos banheiros femininos QUADRO 1 – Síntese das respostas da questão 1 da entrevista Questão 2 - Como foi formado o grupo? 1 Iniciativa própria - identifiquei a necessidade e convidei pessoas ligadas ao problema 2 O gerente convidou e escolheu as pessoas do setor 3 O gestor identificou uma necessidade e solicitou a solução do problema por um grupo 4 O gerente exigiu um grupo permanente para projetos e com pessoas de diferentes setores 5 O gerente da unidade indicou pessoas de diferentes setores 6 O gerente solicitou a formação do grupo e com pessoas de diferentes setores 7 Em função de um programa de estágio, formado por 4 estagiários e mais 1 funcionário 8 O gerente convidou pessoas de diferentes setores da empresa 9 Através de divulgações do programa de grupos participativos um grupo se motivou 10 O grupo surgiu através de divulgações do programa de grupos participativos 11 Pessoas indicadas pelo gerente da unidade para formar um grupo participativo 12 Iniciativa dos funcionários do setor de manutenção 7
  • 8. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Gestão de projetos e Engenharia de produção Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010 QUADRO 2 – Síntese das respostas da questão 2 da entrevista Questão 3 - Vocês receberam algum tipo de apoio? Qual? 1 Nos setores do grupo houve apoio, mas houve dificuldade para obter informações de outros setores 2 Apoio do setor onde trabalhavam e também houve interesse do setor onde foi realizado o projeto. Houve apoio do setor onde havia o problema, mas não obtivemos apoio do setor de informática que 3 era necessário durante o projeto Algumas pessoas do grupo não eram liberadas para participar da reunião. No setor onde foi 4 realizado o projeto, houve apoio de algumas pessoas, mas a chefia era "fechada a novas idéias" Houve apoio dos setores dos membros do grupo e do setor que receberia a melhoria, mas, 5 não recebemos apoio das pessoas da matriz, que deveriam repassar determinadas informações. 6 Houve apoio dos setores dos membros do grupo e do setor que receberia a melhoria. 7 Houve apoio dos setores dos membros do grupo e também no setor que foi realizado o projeto. Todos os membros receberam apoio de seus setores e o setor responsável por essa área, na matriz, 8 apoiou também. No início a direção não queria que fosse feito o projeto, mas pessoas do setor apoiaram a idéia. 9 Os gerentes do grupo apoiaram totalmente pois eles percebiam os resultados. 10 O apoio do setor dos membros do grupo e apoio parcial do setor que precisa apoiar o projeto. O gestor deu muito apoio e estava sempre disponível, mas alguns gerentes não deixavam os 11 membros do grupo participar das reuniões. Onde o projeto foi implantado o apoio também foi bom. 12 Houve apoio dentro do setor do grupo, porém o setor que precisava apoiar não ajudou. QUADRO 3 – Síntese das respostas da questão 3 da entrevista Questão 4 - Quais foram as etapas realizadas no desenvolvimento do projeto? Foi definido o problema e iniciou-se a coleta de dados. 1 Obs. Por haver dificuldade na coleta de dados, o grupo voltava a etapa, trocava o foco e tentava iniciar nova coleta de dados, porém não conseguiu concluir a análise. Definição de escopo, desenho do fluxograma do processo; Medição e início da análise. 2 Obs. Uma pessoa de fora do grupo realizou ações que o grupo estava estudando e assim o projeto teve que ser cancelado. Definição da necessidade e Medição da situação atual; Teste da proposta nova. 3 Obs. O grupo chegou a otimizar o sistema, mas a fase não foi concluída. Definição do projeto e coleta de dados através de preenchimento de folha de verificação pelos 4 operadores. Obs. O projeto foi cancelado durante a fase de implantação. Levantamento de informações (medição); Iniciou-se a análise. 5 Obs. Foi cancelado porque dependiam de informações de outro setor, que demorou a retornar a resposta sobre o fornecimento e quando enviada foi negativa. Medir a situação atual; Teste da nova proposta. 6 Obs. Projeto foi cancelado por necessitar de investimentos O grupo utilizou método DMAIC: Definição de escopo, metas, métricas, objetivos; Medição através 7 de diário de bordo; Análise com ajuda da ferramenta 5 porques;Implementação utilizou-se a matriz de priorização e o plano de ação; Controle dos indicadores. Definição do projeto; Conscientização dos funcionários e início da medição; Ações de 8 reaproveitamento de material e cadastramento de um comprador de resíduos. 8
  • 9. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Gestão de projetos e Engenharia de produção Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010 Utilizaram medição já existente, analisaram os problemas; Ações de conscientização e de atacar as 9 causas raiz. 10 Definições, Medição, Ações, Controle, Replicação. Coleta de dados, Fluxograma; Análise (5 porques); Plano de Ação que envolveu treinamento e 11 melhorar o controle de qualidade. 12 Definição do problema; Medição do consumo de água; Análise das causas e Ações de implantação. QUADRO 4 – Síntese das respostas da questão 4 da entrevista Questão 5 - Quais as dificuldades encontradas no desenvolvimento do projeto? Em obter uma coleta de dados confiável; O grupo criou uma sistemática para ter essa informação, 1 porém não foi seguida pelos setores responsáveis. O fato de uma pessoa de fora do grupo assumir as ações no setor que o grupo estava atuando, 2 deixando assim, o grupo sem condições de contornar essas dificuldades, pois o projeto foi inviabilizado. Falta de apoio do setor de informática e alterações nos objetivos do projeto solicitadas pelo gestor 3 após a análise do grupo que inviabilizou a continuidade do projeto. Dificuldade dos participantes em estar presentes nas reuniões e demissão de pessoas do grupo 4 durante o desenvolvimento do projeto; Não foi possível contornar essas dificuldades. 5 Falta de apoio do setor de programação, fato que não foi possível contornar. 6 Dificuldade financeira devido ao projeto necessitar investimentos. A dificuldade em conseguir os dados com o setor responsável foi contornada com auxílio de um 7 superior que falou diretamente com este setor. Também houve falta de comprometimento de um dos membros do grupo, que foi substituído. A etapa de conscientização não trouxe resultados positivos e foi contornado com outra ação; 8 O cadastro de um comprador de resíduos foi complicada, mas com o apoio do gerente de meio ambiente foi possível contornar. 9 Alguns pequenos conflitos internos, que foram resolvidos dentro do grupo. Dificuldade em coletar de dados confiáveis e a solução foi desconsiderar esse erro, por ser pouco 10 representativo, pois corrigi-lo exigiria mais investimentos. Gerentes não liberaram os funcionários para a reunião do grupo; a forma de contornar essa situação 11 foi ter paciência e esperar eles verem o projeto pronto para apoiar o grupo. A maior dificuldade foi não receber ajuda do setor de obras e esse problema foi resolvido com o 12 grupo assumindo as obrigações deste setor no que diz respeito ao projeto. QUADRO 5 – Síntese das respostas da questão 5 da entrevista Questão 6 - Como você se sente em relação a participação em um grupo? 1 Experiência positiva. Gostou de participar; Serviu para adquirir conhecimentos; Pensa que a falta de reconhecimento 2 frustra as pessoas. Gostou de participar, de ver que poderia fazer algo além pela empresa; Sente-se frustrado pela falta 3 de apoio. 4 Sente-se muito bem, pensa que deveria ter mais grupos na empresa. 5 Pensa que é muito bom fazer algo positivo pela empresa em encontros tão curtos e tão produtivos. 6 Experiência muito positiva e gostaria de colaborar mais vezes. 9
  • 10. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Gestão de projetos e Engenharia de produção Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010 Experiência positiva; Pensa que permite crescimento pessoal e profissional; Mostra a importância 7 do trabalho em equipe, de respeitar a opinião do colega; Ajudou a desenvolver habilidade de liderança. Gostou muito de participar e pode perceber que nas pequenas coisas existem oportunidades de 8 ganho. Sente-se realizado, pois o grupo trabalhou unido; Considera uma satisfação trabalhar e ajudar a 9 empresa e o grupo a crescer. Sente-se muito satisfeito, pensa que é possível desenvolver habilidades, além de garantir o emprego 10 e sua posição; 11 Gosta muito, se diz apaixonada. 12 Sente-se feliz, um privilegiado. Considera uma oportunidade de aprendizado. QUADRO 6 – Síntese das respostas da questão 6 da entrevista A segunda etapa da análise das informações das entrevistas com os líderes dos Grupos Participativos foi realizada com base nos fundamentos metodológicos propostos por Cossette e Audet (1992) e Silva, Gobbi e Simão (2005). Após a codificação das respostas constantes nos Quadros Síntese foi possível definir diferentes núcleos de sentido que constituem a comunicação. Assim, foram classificados os resultados em unidades de contexto, segundo Bardin (2002) em subcategorias, a classificação teve por critérios a homogeneidade, pertinência, objetividade e fidelidade. Este método viabilizou uma análise quantitativa para cada unidade de contexto. Na sequência, são apresentados nos Quadros 7, 8, 9, 10, 11 e 12 os resultados. Questão 1 - Qual o problema que originou a formação do grupo? Unidades de Contexto Resultados Demanda na área de Ergonomia 8,3% Demanda na área de Logística 41,6% Demanda na área de Gestão da Produção 8,3% Demanda na área de Desenvolvimento de Produto 8,3% Demanda na área Financeira 16,6% Demanda na área da Qualidade 8,3% Demanda na área de Meio Ambiente 8,3% QUADRO 7 – Resultados das unidades de contexto da questão 1 Questão 2 – Como foi formado o grupo? Unidades de Contexto Resultados Motivação ( iniciativa pessoal) 8% Estímulo (externo) 92 % QUADRO 8 – Resultados das unidades de contexto da questão 2 Questão 3 - Vocês receberam algum tipo de apoio? Unidades de Contexto Resultados Sim - Apoio do nível Tático (Gerência) do setor de origem do grupo 91,6% Sim - Apoio do nível Tático (Gerência) do setor de aplicação do projeto 16,6% 10
  • 11. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Gestão de projetos e Engenharia de produção Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010 Sim - Apoio do nível Operacional do setor de origem do grupo 25% Sim - Apoio do nível Operacional do setor de aplicação do projeto 66,67% Não receberam apoio que necessitavam de quaisquer setores 25% QUADRO 9 – Resultados das unidades de contexto da questão 3 Questão 4 - Quais foram as etapas realizadas no desenvolvimento do projeto? Unidades de Contexto Resultados Definir o Escopo do Projeto 83,3% Coletar Dados 100% Analisar Dados 50% Implantar 50% Controlar 25% Otimizar 8,3% Informações adicionais importantes citadas nesta questão Houve problemas para coletar dados 8,3% Houve problemas para implantar 41,6% QUADRO 10 – Resultados das unidades de contexto da questão 4 Questão 5 - Quais as dificuldades encontradas no desenvolvimento do projeto? Unidades de Contexto Resultados Dificuldade para coletar dados 25% Interferência por pessoa de fora do grupo nas ações 8,3% Falta de apoio de setores 41,6% Alteração do escopo do projeto durante a etapa de desenvolvimento 8,3% Falta de recursos financeiros 8,3% Falta de comprometimento de membros da equipe 8,3% Resistência a inovação 8,3% Conflitos internos (relativos as atitudes) 8,3% Informações adicionais importantes citadas nesta questão As dificuldades foram contornadas 41,6% As dificuldades não foram contornadas 58,33% QUADRO 11 – Resultados das unidades de contexto da questão 5 Questão 6 - Como você se sente em relação a participação em um grupo? Unidade de Contexto Resultados Experiência positiva 83% Informações adicionais importantes citadas nesta questão Experiência positiva, no entanto, sente falta de reconhecimento 17% QUADRO 12 – Resultados das unidades de contexto da questão 6 11
  • 12. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Gestão de projetos e Engenharia de produção Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010 4. Síntese Os resultados da análise revelam que a atuação dos grupos concentrou-se nos setores logístico e financeiro, veja o Quadro 7. Os problemas identificados no setor logístico estão mais relacionados a procedimentos internos como expedição, sistema de informações e tipo de embalagem para acondicionamento dos produtos do que externos como meios e rotas de distribuição para transporte. O setor financeiro contribui em segundo lugar através de demandas que revelam a necessidade de reduzir desperdícios no consumo de alimentos e uso do sistema de telefonia. Apesar desta colocação, o setor financeiro, está relacionado a todas as demandas trabalhadas pelos grupos e, em síntese, seria o mais beneficiado se todos tivessem sucesso na execução dos projetos. Nos doze casos de grupos estudados é possível constatar uma distribuição interessante das demandas ao se considerar as unidades de contexto propostas, sendo que foram identificados sete setores diferentes de atuação como: (i) ergonomia, (ii) logística, (iii) gestão da produção, (iv) desenvolvimento de produto, (v) financeira, (vi) qualidade, e (vii) meio- ambiente. Em relação à formação dos grupos participativos é notória a necessidade de estímulos externos, veja o Quadro 8. A motivação pessoal dos funcionários não é um fator que tem contribuído de maneira importante para o início deste tipo de atividade na empresa. No entanto, após a conclusão dos projetos os participantes manifestaram, em sua maioria chegando a 87%, a satisfação em participar e, consideraram a experiência positiva sem qualquer restrição. Apenas uma parcela dos participantes, apesar de considerarem como positiva a experiência, manifestaram que sentem falta de reconhecimento pelos resultados obtidos, veja o Quadro 12. Uma descoberta interessante do estudo refere-se ao tipo e forma de apoio que os grupos receberam durante o desenvolvimento dos projetos. A gerência, que representa o Nível Tático, do setor onde se originaram os grupos contribuiu com 91,6% do apoio recebido, que na verdade foi responsável também pelo estímulo à formação dos grupos (Quadro 9). No entanto, os funcionários (Nível Operacional) do próprio setor onde se formou o grupo, mas que não pertenciam a equipe foram os que menos apoiaram o desenvolvimento dos projetos, apenas contribuíram em 25% dos casos. Em contrapartida, os funcionários (Nível Operacional) do setor a que se destinavam as melhorias, apesar de não integrarem o grupo, foram os que mais apoiaram o desenvolvimento, contribuindo em 66,67% dos casos. Também é possível verificar que as gerências (Nível Tático) destes setores contribuíram pouco, ao contrário do Nível Operacional, chegando apenas a 16,6% sua parcela de apoio. A partir destes dados, pode-se inferir que quando o estímulo à formação de um Grupo Participativo parte do Nível Tático de um setor e aplica-se a outro o Nível Operacional tende a apoiar a iniciativa, mas, o Nível Tático poderá apoiar pouco as melhorias propostas, mesmo sendo em benefício de seu próprio setor de atuação. Isto poderá ocorrer também em relação ao Nível Operacional de origem do grupo porque demonstrou apoiar pouco os próprios colegas de setor. Desta forma, este é um dos fatores que pode estar impactando o desempenho de Grupos Participativos nesta empresa. Este problema evidencia a necessidade de ser estimulada a integração entre os setores e, a implantação de programas que promovam o senso de cooperatividade e unidade na empresa em prol de resultados positivos. A questão proposta na entrevista, Figura 1, que tinha por finalidade verificar como são realizados os procedimentos metodológicos para o desenvolvimento dos projetos revelou uma não linearidade na execução das etapas pelos grupos. A maioria dos grupos (83,3%) consegue 12
  • 13. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Gestão de projetos e Engenharia de produção Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010 definir o escopo do projeto e realizou em 100% dos casos a coleta de dados, veja o Quadro 10. No entanto, quando realizaram as etapas de análise e implantação apenas 50% manifestaram que obtiveram um resultado satisfatório. Além disto, a análise revelou que apenas em 25% dos projetos têm sido efetuado um controle e, dos projetos concluídos com sucesso em apenas 8,3% foram propostas ações de otimização. Ao considerar os casos de sucesso e insucesso estudados pode-se inferir que os grupos enfrentaram problemas na etapa de coleta de dados, representando a segunda maior dificuldade com 25% das citações, veja os Quadros 10 e 11. Apesar disto, as informações obtidas revelam que 41,6% das dificuldades foram contornadas pelos grupos. A não linearidade na execução dos procedimentos metodológicos pelos Grupos Participativos pode indicar a necessidade de um treinamento e acompanhamento por profissionais da Engenharia de Produção capacitados à aplicação de metodologias existentes e sua respectiva adaptação às necessidades destes tipos de projetos. Esta necessidade pode estar impactando o desempenho dos grupos. Isto pode ser observado também quando é referido em 8,3% das citações que ocorreram alterações no escopo do projeto durante o desenvolvimento, sendo isto considerado como uma dificuldade. Estas alterações em etapas do desenvolvimento, em muitos casos, podem fazer parte desta fase e visam obter melhorias na própria execução, no entanto, devem ser assistidas por profissional capacitado que irá demonstrar que ao invés de uma dificuldade isto poderá representar uma otimização da proposta original. A análise evidenciou que a falta de apoio dos setores da empresa, seja em Nível Tático ou Operacional tem representado a maior dificuldade para o sucesso dos projetos realizados pelos Grupos Participativos. Os dados mostram que esta dificuldade atinge 41,6% entre as relatadas e, em conjunto com as demais relatadas como a resistência à inovação, conflitos internos relativos as atitudes das pessoas, interferência externa no setor, obstáculos e deficiências para coleta de dados, falta de recursos financeiros, falta de comprometimento, e alterações no escopo do projeto têm contribuído para impactar o desempenho dos Grupos Participativos na empresa. 5. Conclusões Este artigo apresentou os resultados de uma pesquisa exploratório-descritiva que teve por finalidade identificar os fatores que impactam o desempenho de grupos participativos (CCQ‟s) em uma empresa do setor industrial calçadista, localizada na região sul. O método de pesquisa utilizou a uma abordagem qualitativa. Foram realizadas entrevistas com doze líderes de grupos, sendo efetuada na sequência a análise do conteúdo e síntese dos resultados obtidos. Os resultados revelaram que a atuação dos grupos concentrou-se nos setores logístico e financeiro. Os problemas identificados no setor logístico estão mais relacionados a procedimentos internos como expedição, sistema de informações e tipo de embalagem para acondicionamento dos produtos do que externos como meios e rotas de distribuição para transporte. Nos grupos estudados foi possível constatar que os projetos tiveram por finalidade atender demandas em sete setores diferentes como: (i) ergonomia, (ii) logística, (iii) gestão da produção, (iv) desenvolvimento de produto, (v) financeira, (vi) qualidade, e (vii) meio- ambiente. O estudo mostrou que a formação dos grupos participativos ocorre na maioria dos casos por iniciativa (estímulo) dos Níveis Táticos da empresa. A motivação pessoal dos funcionários não é um fator que tem contribuído de maneira importante para o início deste tipo de atividade na empresa. No entanto, após a conclusão dos projetos os participantes 13
  • 14. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Gestão de projetos e Engenharia de produção Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010 manifestaram, em sua maioria, a satisfação em participar e, consideraram a experiência positiva sem qualquer restrição. Apenas uma parcela dos participantes, apesar de considerarem como positiva a experiência, manifestaram que sentem falta de reconhecimento pelos resultados obtidos. Uma importante contribuição desta pesquisa foi evidenciar que a falta de apoio dos setores da empresa, seja em Nível Tático ou Operacional tem representado a maior dificuldade para o sucesso dos projetos realizados pelos Grupos Participativos. Os dados mostram que esta dificuldade atinge 41,6% entre as relatadas e, em conjunto com as demais como a resistência à inovação, conflitos internos relativos as atitudes das pessoas, interferência externa no setor, obstáculos e deficiências para coleta de dados, falta de recursos financeiros, falta de comprometimento, e alterações no escopo do projeto têm contribuído para impactar o desempenho dos Grupos Participativos na empresa. Os resultados sugerem que seja estimulada a integração entre os setores e, a implantação de programas que promovam o senso de cooperatividade e unidade na empresa em prol de resultados positivos. Referências ABICALÇADOS – Associação Brasileira das Indústrias de calçados. Resenha estatística. São Paulo, 2009. ANTUNES, E.D.D; PINHEIRO, I.A. Sistema de Comprometimento Organizacional para empresas inovadoras em Países de Capitalismo Tardio. Anais. XXIII Encontro da ANPAD. Foz do Iguaçu, 1999. ABREU, R.C. CCQ - Círculo de Controle da Qualidade: Integração - Trabalho - Homem - Qualidade Total. Rio de Janeiro: Quality mark, 1991. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Trad. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 2002. CORREIA, L.C.C.; RIBAS, W.J. e GHINATO, P. Uma proposta para disseminação dos dispositivos poka-yoke através dos CCQs. Anais. XXI ENEGEP - Encontro Nacional em Engenharia de Produção, 21., Salvador, 2001. COSSETE, P.; AUDET, M. Mapping of an idiosyncratic schema. Journal of Management Studies, v.29, n.3, p. 325-348, 1992. COUTINHO, M.C. Dialética da exclusão/inclusão em uma organização industrial. RAE-eletrônica, v. 5, n. 1, 2006. CRAIG, D.J. Stop depending on inspection. Quality Progress, Chicago, v.37, n.7, p.39-50, 2004. FASSER, Y.; BRETTNER, D. Management for quality in high-technology enterprises. New York: Wiley Interscience, 2002. FLEURY, M.T.L. Cultura organizacional e estratégias de mudanças: recolocando estas questões no cenário brasileiro atual. Revista de Administração, São Paulo, v.26, n.2, 1991. FRAME, J.D. The New Project Management – Tools for an Age of Rapid Change, Corporate Reengineering, and Other Business Realities. São Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1994. ISHIKAWA, K. TQC - Total Quality Control: Estratégia e Administração da Qualidade. São Paulo: IMC Internacional Sistemas Educativos, 1986. ISHIKAWA, K. Controle de Qualidade Total à Maneira Japonesa. 6 ed., São Paulo: Campu, 1995. JUNG, C.F. Metodologia para pesquisa & desenvolvimento: aplicada a novas tecnologias, produtos e processos. Rio de Janeiro: Axcel Books, 2004. LAVILLE, C.; DIONE, J. A construção do saber. Belo Horizonte: UFMG, 1999. LIPP, T.H.P; RODRIGUES, L.H. Método de resolução de problemas: uma comparação prática entre o processo de pensamento da TOC e o método CQ Story em grupos de CCQ. São Leopoldo: UNISINOS, 2009. MEDEIROS, V. A relação entre a qualidade no atendimento e a motivação do cliente interno. Revista Eletrônica da Faculdade JK. v. 1 n. 1 p. 38-48, 2009. 14
  • 15. XVIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Gestão de projetos e Engenharia de produção Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2010 MCMANUS, H. Product Development Value Stream Analysis and Mapping Manual – PDVSM. Cambridge: Lean Aerospace Initiative, 2003. PINTO, R.I.M. Gestão do trabalho no paradigma da flexibilização e a crise do emprego: compreensão necessária à formação profissional. Olhar de Professor. n. 5, p. 141-159, 2002. SALES, Í.R.B; LIMA, R.T; SANTOS, M.J. O perfil intraempreendedor dos círculos de controle de qualidade. Recife: UFPE, 2006. SILVA, C.R.; GOBBI, B.C. e SIMÃO, A.A. O uso da análise de conteúdo como ferramenta para a pesquisa qualitativa: descrição e aplicação do método. Organ. rurais agroind. v. 7, n. 1, p. 70-81, 2005. RIBEIRO, J. L.D.; NODARI, C.T. Tratamento de dados qualitativos: técnicas e aplicações. Porto Alegre: FEENG/UFRGS, 2001. ROMÃO, F.L. A globalização e seus reflexos sobre os trabalhadores “estáveis”: petroleiros da Fafen/Petrobrás. Sociologias. Porto Alegre, ano 3, n. 6, p. 200-220, 2001. SILVA, G.G.M.P. Implantando a manufatura enxuta: um método estruturado. 156 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Florianópolis, 2009. SOUSA, M.Q.L.; CAMPOS, A.C.F. e RAMOS, R.E.B. Trabalho em equipe: a base da qualidade nas organizações. Anais. XXIV COBENGE - Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia. Porto Alegre, 2001. WOOD JR. T. Mudança organizacional: aprofundando temas atuais em administração de empresas. São Paulo: Atlas, 1995. YIN, R.K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. ZEFERINO, M.S.; SILVA, C.E.S. A Experiência da Implantação de times da Qualidade em uma indústria eletrônica. Itajubá:UNIFEI, 2003. 15