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Arte baniwa Podado verde e desbastado com auxílio de um terçado, uma touceira de arumã resulta num conjunto de "canas" de colmo liso e reto, amarradas em feixe (póa-poanako = arumã feixe), para facilitar o transporte até a aldeia.  Durante a colheita o artesão deve reconhecer os talos firmes e saudáveis que conferirão durabilidade e brilho às peças de arumã. Além disso, deve manusear com destreza o terçado para evitar danos aos brotos e talos jovens das touceiras. Essa boa prática de manejo é umas das garantias de novas colheitas.
COMO É FEITA  Raspar e arear o arumã O colmo do arumã oferece superfície plana, flexível, que suporta o corte de talas milimétricas. As talas para trançar (líipee) podem ser tiradas diretamente, "com casca", o que resultará em cestas "verdes", mais resistentes. Mas o artesão pode decidir raspar (para remover a líia) e arear os colmos num igarapé. Com isso obterá talas de cor clara laqueada, as quais, com o tempo, assumirão uma cor caramelizada, brilhante. Conjunto de "canas" de colmo liso e reto, amarradas em feixe (póa-poanako = arumã feixe; em língua baniwa).
COMO É FEITA Extrair pigmentos e fixadores O pigmento vermelho é obtido a partir de plantas cultivadas: o urucu (Bixaorellana L.), árvore cultivada de cujo fruto se retira um corante vermelho-vivo, quando maduro, e amarelo, quando verde; e o carajurukerrawídzo (ArrabidaeaechicaH.B.K.), um corante vermelho-tijolo ou vermelho-ocre, extraído das folhas de uma planta da família das Bigoniáceas e considerada uma tinta mais nobre, porque só pode ser obtida por troca ou compra de tribos que se especializaram no seu preparo, como os Kubeuwa e Wanana, no Uaupés, os Tuyuka e Barasana, no Tiquié e alguns clãs baniwa, no Içana (cf. Ribeiro, B.: 1980, p. 374). Para se chegar ao pigmento a partir da planta carajuru é preciso amassar as folhas com água, deixando decantar o pó e depois secar ao sol e tirar a goma, a qual deve ser, finalmente, como os demais, misturada com uma base ou fixador. Para tingir de preto, usa-se fuligem de querosene ou de óleo diesel acumulada em uma lata ou na lamparina. Pode-se usar também, como tradicionalmente, a cinza dos fornos ou potes de cerâmica.Outra opção é queimar pau de embaúba, tirar o carvão, socá-lo bem no pilão e coar em pano fino e seco.Fixadores ou bases são vernizes ou seivas viscosas extraídas da entrecasca do ingá ou outras árvores. Tira-se com cuidado a casca e raspa-se a entrecasca com facão para extrair finas lascas embebidas do verniz. Esmigalhadas, estas lascas são espremidas no tipiti e, assim, o sumo estará pronto para ser misturado aos pigmentos.
COMO É FEITA Descorticar Separar a casca lisa do miolo dos colmos de arumã ( líipee, parte nobre com a qual se trança) e produzir talas uniformes na largura e na espessura é uma operação que exige precisão de movimentos. O miolo ainda é dividido em duas partes, separando a líix, para fazer embalagens e outros paneiros, da líixami, parte central, úmida, que será descartada.Para descortiçar, além das mãos, de uma faca e de uma cruzeta de toquinhos de arumã, os artesãos usam os pés e até a boca.
COMO É FEITA Trançar Trançar é um ato solitário, que exige atenção, paciência e dedicação. A cestariabaniwa é feita com rigorosa simetria gráfica e com esmero, para durar.Iniciar o trançado se faz com duas ou três talas. Começar com quatro rende mais, mas é considerada uma opção exagerada, utilizada em situações emergenciais.O número de talas para começar o trançado é definido em função da largura das talas ou do tipo de desenho, exceto no caso da peneira.Há nomes diferentes que definem o ato de trançar, relacionados ao número de talas utilizadas no início: dzamaita (para duas), madalitapenali (para três) e licoetakapenali (para quatro).Se o artesão vai fazer urutu ou jarro, ele pode usar qualquer um dos jeitos de trançar. Agora, caso ele vá fazer peneira, só pode usar a modalidade dzamaita , a única que garante uma trama adequada para cernir a massa de mandioca, seja para fazer farinha ou beiju, ou para reter a borra de frutas.Urutus e jarros com grafismos marchetados coloridos, exigem talas previamente pintadas ao meio, diferentemente de peneiras e balaios que são trançados com talas monocromáticas. Há vários tipos de trançado específicos para fazer tipiti (como, por exemplo, phitíema dente de cotia e porheiiwi escama de jejú).
COMO É FEITA  Dar acabamento Há vários tipos de acabamento das cestas de arumã, com o uso de cipós e amarrilhos naturais. Os mais comuns para se fazer os aros são:O heemáphi (espinha de anta), um tipo de árvore-cipóO cipó titica (Heteropsisaff. spruceana Schott) ou (HeteropsisafjenmaniOliv.), dapikántsa, epífita da família das Aráceas, empregada também para fazer aturás e peneiras; O cipó uambé (ou Ambê-Açu) = okána, cipó-trepadeira (família das Aráceas) que se enrosca em árvores de até 50 metros de altura com diâmetro de 2 cm, uma vez descascado, é usado para fazer os aros de contorno da borda das apás. Os amarrilhos são feitos de curauá (Bromeliamorreniana (Regel) Mez), heríwaipokoda, planta de roça da qual se extrai a fibra (heriwaíkhaa). Uma vez torcida é utilizada para fazer cordas e, passada no breu, para fazer linhas para pescar e fios para amarrar o acabamento das apás e urutus. O breu máini é uma resina coagulada no tronco de várias espécies de Burceráceas, misturada com carvão, é empregada para endurecer e dar durabilidade ao fio de curauá.
COMO É FEITA  Etiquetar e embalar A cestaria de arumã tem sido comercializada em dúzias. Trata-se de unidade mínima de produção por encomenda, facilitando o transporte. Para o produtor, a dúzia é também uma referência de valor, para efeito de troca por dinheiro ou por mercadorias. No caso dos urutus (foto ao lado), o artesão já produz as cestas observando antecipadamente o diâmetro das duas peças maiores, em cada qual serão encaixadas sucessivamente mais cinco peças, formando duas meias dúzias, posteriormente amarradas e embaladas.Em cada peça, o artesão amarra a etiqueta com a logomarca “arte baniwa”.O trançado da embalagem é aberto, rápido de fazer, do mesmo tipo utilizado tradicionalmente para a confecção de cestos descartáveis de carga, denominados aturás (tshéeto). São utilizadas as sobras das próprias talas do arumã, depois de descorticadas. Algumas têm alças, para facilitar o trabalho de carregar e descarregar tantas vezes, devido às cachoeiras.Para evitar que as cestas sejam danificadas no transporte, os Baniwa ainda fazem, por dentro da embalagem, uma proteção com folhas do próprio arumã ou de sororoca. A embalagem foi criada e aprovada pelos participantes da Oficina de Mestres da Arte de Arumã (ver capítulo adiante), realizada na comunidade baniwa de Tucumã Rupitã, alto Içana, em abril de 1999.
COMO É FEITA  Transportar Transportar a cestaria de arumã das comunidades do alto Içana até Manaus é uma enorme dificuldade e pode levar até duas semanas.A OIBI, associação indígena do Içana, tem uma canoa grande íitamákali, regionalmente denominada bongo, com um casco de loiro escavado de 14 metros e cobertura de folhas de caranã. Essa embarcação, com seis tripulantes, tem capacidade para transportar cerca de cem dúzias de urutus.
COMO É UTILIZADA  As mulheres usam As mulheres baniwa usam cestaria de arumã na roça e, sobretudo, na preparação dos alimentos à base de mandioca. Arrancar, transportar, lavar, descascar, ralar para fazer a massa, peneirar e preparar a comida, atividades de mulher. À tradicional cestaria de arumã e aos ralos esculpidos em madeira com pedrinhas incrustadas se juntaram o forno de ferro, bacias e panelas de alumínio, compondo a tralha contemporânea e indispensável da culinária baniwa, baseada no peixe e nos derivados da mandioca brava: mingaus (kamorikaa), beijus (peéthe) e farinhas (matsoka).  A produção artesanal feminina de utensílios domésticos resume-se tradicionalmente à cerâmica (largamente substituída hoje em dia por objetos de alumínio e ferro) e às cuias.
COMO É UTILIZADA  As roças de mandioca Diariamente as mulheres baniwa das dezenas de aldeia do alto Içana e Aiari vão às suas roças arrancar raízes de mandioca brava (káini) para transformá-las em comida, aos costumes. Jornada duríssima. Levantam de madrugada, preparam mingau, servem aos filhos e aos maridos, apanham terçado e aturá (tsheeto) e seguem para a roça (kenike), a pé, de canoa.Arrancar as raízes é tarefa especialmente pesada quando se trata de uma heéñami, roça velha, já encapoeirando. Mais fácil no caso de uma maaleri, roça madura ou walikawaire, roça nova.Houve tempo, no começo do mundo, quando Kaali andava na terra, que as mulheres não sofriam no trabalho da roça e processamento da mandioca. Bastava marcar terreno e surgia uma roça. Bastava fazer o aturá e deixá-lo na roça a caminho do igarapé para se banhar, que ele ressurgia na comunidade, lotado de mandiocas já descascadas! As mulheres só faziam imaginar e tudo acontecia nos conformes, até mesmo beiju pronto para comer. Hoje os mais velhos ainda lembram das frases certas, orações evocativas para esses verdadeiros milagres. Mas a curiosidade dos humanos – que tentavam desvendar o que se passava nas roças de Kaali - estragou tudo e, aos poucos, foram sendo castigados, perdendo os privilégios, condenados a trabalhar duro. Os homens pagaram primeiro e houve um tempo em que a eles cabia o trabalho da roça e do processamento da mandioca. Dizem que foi nesse tempo que os homens ficaram com a parte interna do braço chata, de tanto raspar mandioca.Mas o herói ancestral baniwa retomou a ordem, e a divisão sexual do trabalho foi instituída. No tempo de verão – de dezembro a março - derrubar e queimar, trabalho masculino; plantar e limpar, coletivo. Tudo que vem depois de nove meses, quando as raízes já estão maduras, é por conta das mulheres. A lida da mandioca - das roças aos alimentos - toma a maior parte do tempo da vida das mulheres baniwa. Exige enorme esforço físico e habilidade. Com a mandioca fazem farinha e beijus, indispensáveis na alimentação baniwa.  Nas roças baniwa há grande variedade de mandiocas bravas, derivadas da árvore ancestral (kaalikattaadap), que Kaali deixou na terra, antes de partir. Derrubada pelos filhos do trovão, seus galhos foram levados, originando a diversidade de plantas úteis que os baniwa conhecem.
Somente nas roças situadas na área de domínio da comunidade de Tucumã-Rupitá, no alto Içana, por exemplo, foram relacionadas cerca de 60 variedades. Cada uma tem nome próprio: aalidalíke (tatu), awiñáke (uacu), daapáke (paca), dapike (cipó), dopalíke (araripirá), dzamolitoke (caitetu), dzaapáke (tucunaré), dzaawatóke (acará), dzaike (?, tipo grilo), dzeekáke (seringa), dzoottalike (jacundá preto), eeritoke (acará), guenieroke (guainia), hemalíke (abiu), heemahiwidake (cabeça de anta), hiiniríque (ucuqui), hiipadáke (pedra), ipohiwidake (cabeça verde), iikolíke (cabeçudo), iitsíke (guariba), iirakawanake (braço vermelho), itsidáke (jabuti), kabike (peito de gente), kamheróke (cucura), kapíwali (macaxeira), kedehakeke (?, de sujo), keeríke (lua), keniki-ikínarke (?, espelho), kerekeréke (periquito), kettinalike (jacundá), koliríke (surubim), kowaidake (tipo de castanha), kumaruke (cumaru), liewhéke (ovo de cabeçudo), maapake (cana-de-açúcar), moóneke (mamangaba), manakheke (açaí), mapharáke (pirarara), mheettike (goma, tapioca), ñamaroke (arraia), omaíke (piranha), palanáke (banana), parawitsike (pirapucu), patipitike (? sombrancelha), pidooke (lontrinha), pirimítsike (samaúma), piipiríke (pupunha), ponámake (patauá), pooperike (bacaba), taalíke (aracú), waarhéke (uará), wadólike (pirarucu), waliitshíke (mucura), entre outras.
COMO É UTILIZADA A farinha de mandioca Massa misturada com diferentes doses de mandioca mole ou puba (que ficou de molho no igarapé fermentando por uma semana), passando pelo tipiti e pela peneira, vira beiju ou farinha. Tem peneira para farinha(oropema), mais aberta e peneira para beiju (dopitsi). Beijus e farinhas se assam em grandes tachos de ferro, com fogo de lenha leve, usando abano de arumã para virar.Com pouca massa mole fermentada adicionada à massa fresca o beiju fica doce (poottidzaite); se a dose for maior, ficará azedo (kamaite). Para as crianças bem pequenas, faz-se molhoiwa, beiju de pura mandioca amolecida na água, mandioca d’água. A massa fresca logo depois de ralada, se não vai pro tipiti, pode ser lavada com água usando um cumatá, peneira de trançado bem cerrado; a mistura fina cai numa bacia onde decanta: embaixo a goma, em cima o líquido venenoso. Goma pura, bem seca e peneirada, vira farinha de tapioca, curadá, tapioquinha. O líquido bruto da mandioca brava ralada (kainia) tem veneno, que evapora depois de duas horas de fervura, transformando-se em kainiapomakadali, adocicado. Pode ser engrossado com goma ou receber a mistura de batatas, bananas, caroço de umari ou uacú. Adicionando-se farinha, vira um chibé especial. Chibé é qualquer mistura de farinha com água, complemento obrigatório depois de uma refeição, refeição mínima, oferecimento de boas vindas. Goma misturada com massa fresca serve para fazer beijusespeciais (mheetthiwa), adicionando-se vários ingredientes, como a castanha uará e o caroço de umari. Há vários tipos de acabamento para os beijus. Patsimeete é um beiju fresco, mole, que permanece assim por um dia e depois fica mais duro (marameete). Mas o beiju pode sair direto do forno para secar sob ação direta do sol, num girau ou nos telhados de palha de caranã das casas, transformando-se em tarhewali, que pode durar até dois meses, modalidade apropriada para viagens longas, como as que os homens baniwa que vivem no Brasil fazem na safra da piaçava na Colômbia, por exemplo. Para extrair a manicoera da massa ralada, os Baniwa usam o cumatáttíiroli, um cesto-coador redondo e grande, trançado de talas de arumã com as malhas bem cerradas, apoiado num tripé de varas. Do líquido coado resulta a tapioca méenthi, um polvilho que decanta no fundo do pote, e a manicoera, que deve ser fervida pelo menos por duas horas até ser liberado seu sumo venenoso. Outro utensílio adotado para o mesmo fim é o tipiti. Para esfarinhar a massa seca no tipiti, usam peneiras trançadas em arumã raspado, com malhas abertas. A massa peneirada vai ao forno para torrar farinha ou assar beijus, com o apoio de grandes abanos de arumã. Os balaios e urutus de arumã servem para reservar a massa da mandioca seca.
OS BANIWA Uma história de resistência Os Baniwa entraram em contato com os colonizadores europeus no início do século 18. Perseguidos e escravizados por espanhóis e portugueses, boa parte da sua população foi dizimada por epidemias de sarampo e varíola, trazidas pelos brancos. Foram hostilizados e explorados por comerciantes brancos, aliados dos militares dos fortes portugueses de S. Gabriel e Marabitanas. Em meados do século 19, os Baniwa e outros povos da região protagonizaram movimentos messiânicos contra a opressão dos brancos. A partir de 1870, com o boom da borracha, foram explorados por patrões do extrativismo nos seringais do baixo Rio Negro.No século 20, chegaram na região do Rio Negro e afluentes os missionários católicos salesianos e suas escolas civilizadoras. No final da década de 40, Sophie Muller, uma missionária evangélica norte-americana da Missão Novas Tribos, iniciou a evangelização dos Curipaco na Colômbia e chegou aos Baniwa do alto Içana. O mundo baniwa se dividiu entre católicos e evangélicos A partir dos anos 70, os Baniwa assistiram à entrada de novos personagens nas suas terras, com a tentativa de abertura de um trecho da Rodovia Perimetral Norte, a construção de pistas de pouso para uso militar, a invasão de empresas de garimpo e a retaliação de suas terras pelo governo federal com a demarcação de "ilhas", o que eles rejeitaram.Durante décadas os homens baniwa se endividaram com patrões extrativistas de balata, sorva e piaçava, no Brasil e na Colômbia. Desta forma, adquiriam roupas, armas de fogo e outros bens industrializados. Atualmente, a comercialização de artesanato, especialmente da cestaria de arumã e ralos de madeira, é uma das poucas fontes regulares de renda monetária.Nos anos 90, os Baniwa começaram a se organizar em associações filiadas à FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), fundada em 1987.Entre 1996/98, o governo federal finalmente reconheceu os direitos coletivos dos povos indígenas da região do alto e médio Rio Negro e demarcou um conjunto de cinco terras contínuas, com cerca de 10.6 milhões de hectares, nas quais estão incluídas as áreas de ocupação tradicional dos Baniwa no Brasil.
A população baniwa atual é estimada em 12 mil pessoas, das quais cerca de 4 mil no Brasil, vivendo basicamente de agricultura especializada na mandioca brava e da pesca, em aproximadamente cem aldeias e sítios. Desenvolveram uma adaptação fina a uma região com baixa capacidade de suporte, isto é com solos ácidos e pobres, com manchas descontínuas de terra firme, separadas por campinaranas e igapós. OS BANIWA Onde vivem Os Baniwa fazem parte de um complexo cultural de 22 povos indígenas diferentes, de língua aruak, que vivem na fronteira do Brasil com a Colômbia e Venezuela, em aldeias localizadas às margens do Rio Içana e seus afluentes Cuiari, Aiairi e Cubate, além de comunidades no alto Rio Negro/Guainía e nos centros urbanos rionegrinos de S. Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel e Barcelos (AM).
OS TIPOS DE CESTARIA Balaio waláya Os waláya aparecem na mitologia e nos rituais de iniciação das meninas e meninos baniwa. Tradicionalmente, os meninos aprendem a fazer cestas deste tipo e ofertá-las às suas amigas rituais, ao término do período de reclusão. Os Baniwa usam os waláyamakapóko = balaios grandes, para recolher a massa de mandioca (antes e depois de espremer no tipiti) e para servir beiju e farinha nas refeições. Serve de suporte para presentear com frutas e outros alimentos.  Essa cesta tigeliforme é considerada pelos artesãos baniwa a mais trabalhosa, especialmente pelo acabamento que requer o beiral (no detalhe abaixo: beiral com tira trançada sobreposta e beiral de cipó uambé); há vários tipos de acabamento: em arumã natural ou apenas raspado, sem tingimento; ou com grafismos coloridos, marchetados em uma ou nas duas faces.
OS TIPOS DE CESTARIA Urutu oolóda Os Baniwa fazem esse tipo de cesta em formatos grandes, sem desenhos marchetados, para reservar massa de mandioca (antes e depois de espremer no tipiti) e também para guardar farinha, beiju e roupa.Para comercializar, os Baniwa produzem urutus de vários tamanhos - tanto de diâmetro quanto de altura - geralmente com grafismos coloridos marchetados.
1. Rabo de pacu- Tsiipaittipi 2. Escama de Pirarucu – Pirarucu Iwhi 3. Desenho da costa de tipo de besouro - Kettamarhi 4. Sarapó pintado assado - Maanapipamitsirinikhaapamodzoa 5. Pegada de onça- Dzawiiphoakaromi 6. Tapuru - AakoroIewhe 7. Desenho da costa de um tipo de Besouro sem cruz - kettamarhimakorotshaninadalitsa 8. Olho de ave noturna- Makowethi 9. Desenho da costa de tipo de besouro com cruz- Kettamarhi 10. Pegada de massarico- Iwithoipa OS TIPOS DE CESTARIA  Sílabas gráficas O desenho do trançado formando quadrados concêntricos (waláiapo em Baniwa: balaio-ele vê), sem o uso de talas coloridas, é o primeiro que toda criança aprende: é como o alfabeto aprendido para poder ler na escola. Aparece no fundo de todo urutu.Através das técnicas do trançado, vários motivos geométricos podem ser criados, todos com um significado simbólico específico. Alguns artefatos apresentam um único motivo, outros uma combinação de vários deles. As diferentes combinações de talas coloridas em preto ou vermelho com talas lisas, raspadas ou não, permitem visualizar melhor os desenhos do trançado, assim como produzir padrões ainda mais variados.Nos cumatás e peneiras redondas, o campo decorativo do tecido de arumã sempre aparece dividido em quatro por uma cruz, osso ou sustento do cesto. Sobre a variedade dos desenhos em uso na cestaria, registrou-se 27 nomes durante a Oficina de Mestres, realizada em Tucumã em 1999, praticamente o mesmo número (28) anotado pela antropóloga Berta Ribeiro na década de 70
OS TIPOS DE CESTARIA Peneira dopítsi As mulheres baniwa se orgulham das suas peneiras, objetos de uso diário que demonstram a competência artesanal dos seus maridos.As peneiras são cestos platiformes, circulares, com talas afastadas, usadas para cernir a farinha e para transportar o beiju do forno até o jirau; suspensas por um tirante de cordas, servem como suporte para empilhar beiju seco. Há vários tipos de peneira usados atualmente:dopitsipeethepóko (peneira beiju fazer)dopitsimatsokapóko (peneira farinha fazer) báatsi (peneira de talinhas muito finas de arumã, usada exclusivamente para coar suco de frutas)ttíiroli (de formato tigeliforme, conhecida também como cumatá, usada para tirar goma da massa de mandioca e para coar bebidas, como os vinhos de açaí e patauá)
OS TIPOS DE CESTARIA Jarro kaxadádali O termo kaxadádali , em baniwa, refere-se ao formato barrigudo, de uma cesta ou cerâmica; palavra que se aplica também às pessoas (mulheres grávidas, por exemplo) e aos animais; antigamente era feito também de cipó e usado para guardar miudezas (como bóias de molongó e iscas para pescar), ficando submerso até o pescoço. Consta que, para os Baniwa, esse tipo de cesta tem o formato do universo e é de origem baniwa, pelo menos na região do Rio Negro.
1. Mulher Peneirando - Rowidzokami 2. Tatu testa – Alidaliekoa 3. Cabeça de jandia – Dawakihiwidaapi 4. Casca de jabuti – Itsidawhi 5. Caminho de saúva- Kowhepo kettamárhi = desenho das costas de um tipo de besouro waláiapo = balaio-ele vê

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Arte Baniwa

  • 1. Arte baniwa Podado verde e desbastado com auxílio de um terçado, uma touceira de arumã resulta num conjunto de "canas" de colmo liso e reto, amarradas em feixe (póa-poanako = arumã feixe), para facilitar o transporte até a aldeia. Durante a colheita o artesão deve reconhecer os talos firmes e saudáveis que conferirão durabilidade e brilho às peças de arumã. Além disso, deve manusear com destreza o terçado para evitar danos aos brotos e talos jovens das touceiras. Essa boa prática de manejo é umas das garantias de novas colheitas.
  • 2. COMO É FEITA Raspar e arear o arumã O colmo do arumã oferece superfície plana, flexível, que suporta o corte de talas milimétricas. As talas para trançar (líipee) podem ser tiradas diretamente, "com casca", o que resultará em cestas "verdes", mais resistentes. Mas o artesão pode decidir raspar (para remover a líia) e arear os colmos num igarapé. Com isso obterá talas de cor clara laqueada, as quais, com o tempo, assumirão uma cor caramelizada, brilhante. Conjunto de "canas" de colmo liso e reto, amarradas em feixe (póa-poanako = arumã feixe; em língua baniwa).
  • 3. COMO É FEITA Extrair pigmentos e fixadores O pigmento vermelho é obtido a partir de plantas cultivadas: o urucu (Bixaorellana L.), árvore cultivada de cujo fruto se retira um corante vermelho-vivo, quando maduro, e amarelo, quando verde; e o carajurukerrawídzo (ArrabidaeaechicaH.B.K.), um corante vermelho-tijolo ou vermelho-ocre, extraído das folhas de uma planta da família das Bigoniáceas e considerada uma tinta mais nobre, porque só pode ser obtida por troca ou compra de tribos que se especializaram no seu preparo, como os Kubeuwa e Wanana, no Uaupés, os Tuyuka e Barasana, no Tiquié e alguns clãs baniwa, no Içana (cf. Ribeiro, B.: 1980, p. 374). Para se chegar ao pigmento a partir da planta carajuru é preciso amassar as folhas com água, deixando decantar o pó e depois secar ao sol e tirar a goma, a qual deve ser, finalmente, como os demais, misturada com uma base ou fixador. Para tingir de preto, usa-se fuligem de querosene ou de óleo diesel acumulada em uma lata ou na lamparina. Pode-se usar também, como tradicionalmente, a cinza dos fornos ou potes de cerâmica.Outra opção é queimar pau de embaúba, tirar o carvão, socá-lo bem no pilão e coar em pano fino e seco.Fixadores ou bases são vernizes ou seivas viscosas extraídas da entrecasca do ingá ou outras árvores. Tira-se com cuidado a casca e raspa-se a entrecasca com facão para extrair finas lascas embebidas do verniz. Esmigalhadas, estas lascas são espremidas no tipiti e, assim, o sumo estará pronto para ser misturado aos pigmentos.
  • 4. COMO É FEITA Descorticar Separar a casca lisa do miolo dos colmos de arumã ( líipee, parte nobre com a qual se trança) e produzir talas uniformes na largura e na espessura é uma operação que exige precisão de movimentos. O miolo ainda é dividido em duas partes, separando a líix, para fazer embalagens e outros paneiros, da líixami, parte central, úmida, que será descartada.Para descortiçar, além das mãos, de uma faca e de uma cruzeta de toquinhos de arumã, os artesãos usam os pés e até a boca.
  • 5. COMO É FEITA Trançar Trançar é um ato solitário, que exige atenção, paciência e dedicação. A cestariabaniwa é feita com rigorosa simetria gráfica e com esmero, para durar.Iniciar o trançado se faz com duas ou três talas. Começar com quatro rende mais, mas é considerada uma opção exagerada, utilizada em situações emergenciais.O número de talas para começar o trançado é definido em função da largura das talas ou do tipo de desenho, exceto no caso da peneira.Há nomes diferentes que definem o ato de trançar, relacionados ao número de talas utilizadas no início: dzamaita (para duas), madalitapenali (para três) e licoetakapenali (para quatro).Se o artesão vai fazer urutu ou jarro, ele pode usar qualquer um dos jeitos de trançar. Agora, caso ele vá fazer peneira, só pode usar a modalidade dzamaita , a única que garante uma trama adequada para cernir a massa de mandioca, seja para fazer farinha ou beiju, ou para reter a borra de frutas.Urutus e jarros com grafismos marchetados coloridos, exigem talas previamente pintadas ao meio, diferentemente de peneiras e balaios que são trançados com talas monocromáticas. Há vários tipos de trançado específicos para fazer tipiti (como, por exemplo, phitíema dente de cotia e porheiiwi escama de jejú).
  • 6. COMO É FEITA Dar acabamento Há vários tipos de acabamento das cestas de arumã, com o uso de cipós e amarrilhos naturais. Os mais comuns para se fazer os aros são:O heemáphi (espinha de anta), um tipo de árvore-cipóO cipó titica (Heteropsisaff. spruceana Schott) ou (HeteropsisafjenmaniOliv.), dapikántsa, epífita da família das Aráceas, empregada também para fazer aturás e peneiras; O cipó uambé (ou Ambê-Açu) = okána, cipó-trepadeira (família das Aráceas) que se enrosca em árvores de até 50 metros de altura com diâmetro de 2 cm, uma vez descascado, é usado para fazer os aros de contorno da borda das apás. Os amarrilhos são feitos de curauá (Bromeliamorreniana (Regel) Mez), heríwaipokoda, planta de roça da qual se extrai a fibra (heriwaíkhaa). Uma vez torcida é utilizada para fazer cordas e, passada no breu, para fazer linhas para pescar e fios para amarrar o acabamento das apás e urutus. O breu máini é uma resina coagulada no tronco de várias espécies de Burceráceas, misturada com carvão, é empregada para endurecer e dar durabilidade ao fio de curauá.
  • 7. COMO É FEITA Etiquetar e embalar A cestaria de arumã tem sido comercializada em dúzias. Trata-se de unidade mínima de produção por encomenda, facilitando o transporte. Para o produtor, a dúzia é também uma referência de valor, para efeito de troca por dinheiro ou por mercadorias. No caso dos urutus (foto ao lado), o artesão já produz as cestas observando antecipadamente o diâmetro das duas peças maiores, em cada qual serão encaixadas sucessivamente mais cinco peças, formando duas meias dúzias, posteriormente amarradas e embaladas.Em cada peça, o artesão amarra a etiqueta com a logomarca “arte baniwa”.O trançado da embalagem é aberto, rápido de fazer, do mesmo tipo utilizado tradicionalmente para a confecção de cestos descartáveis de carga, denominados aturás (tshéeto). São utilizadas as sobras das próprias talas do arumã, depois de descorticadas. Algumas têm alças, para facilitar o trabalho de carregar e descarregar tantas vezes, devido às cachoeiras.Para evitar que as cestas sejam danificadas no transporte, os Baniwa ainda fazem, por dentro da embalagem, uma proteção com folhas do próprio arumã ou de sororoca. A embalagem foi criada e aprovada pelos participantes da Oficina de Mestres da Arte de Arumã (ver capítulo adiante), realizada na comunidade baniwa de Tucumã Rupitã, alto Içana, em abril de 1999.
  • 8. COMO É FEITA Transportar Transportar a cestaria de arumã das comunidades do alto Içana até Manaus é uma enorme dificuldade e pode levar até duas semanas.A OIBI, associação indígena do Içana, tem uma canoa grande íitamákali, regionalmente denominada bongo, com um casco de loiro escavado de 14 metros e cobertura de folhas de caranã. Essa embarcação, com seis tripulantes, tem capacidade para transportar cerca de cem dúzias de urutus.
  • 9. COMO É UTILIZADA As mulheres usam As mulheres baniwa usam cestaria de arumã na roça e, sobretudo, na preparação dos alimentos à base de mandioca. Arrancar, transportar, lavar, descascar, ralar para fazer a massa, peneirar e preparar a comida, atividades de mulher. À tradicional cestaria de arumã e aos ralos esculpidos em madeira com pedrinhas incrustadas se juntaram o forno de ferro, bacias e panelas de alumínio, compondo a tralha contemporânea e indispensável da culinária baniwa, baseada no peixe e nos derivados da mandioca brava: mingaus (kamorikaa), beijus (peéthe) e farinhas (matsoka). A produção artesanal feminina de utensílios domésticos resume-se tradicionalmente à cerâmica (largamente substituída hoje em dia por objetos de alumínio e ferro) e às cuias.
  • 10. COMO É UTILIZADA As roças de mandioca Diariamente as mulheres baniwa das dezenas de aldeia do alto Içana e Aiari vão às suas roças arrancar raízes de mandioca brava (káini) para transformá-las em comida, aos costumes. Jornada duríssima. Levantam de madrugada, preparam mingau, servem aos filhos e aos maridos, apanham terçado e aturá (tsheeto) e seguem para a roça (kenike), a pé, de canoa.Arrancar as raízes é tarefa especialmente pesada quando se trata de uma heéñami, roça velha, já encapoeirando. Mais fácil no caso de uma maaleri, roça madura ou walikawaire, roça nova.Houve tempo, no começo do mundo, quando Kaali andava na terra, que as mulheres não sofriam no trabalho da roça e processamento da mandioca. Bastava marcar terreno e surgia uma roça. Bastava fazer o aturá e deixá-lo na roça a caminho do igarapé para se banhar, que ele ressurgia na comunidade, lotado de mandiocas já descascadas! As mulheres só faziam imaginar e tudo acontecia nos conformes, até mesmo beiju pronto para comer. Hoje os mais velhos ainda lembram das frases certas, orações evocativas para esses verdadeiros milagres. Mas a curiosidade dos humanos – que tentavam desvendar o que se passava nas roças de Kaali - estragou tudo e, aos poucos, foram sendo castigados, perdendo os privilégios, condenados a trabalhar duro. Os homens pagaram primeiro e houve um tempo em que a eles cabia o trabalho da roça e do processamento da mandioca. Dizem que foi nesse tempo que os homens ficaram com a parte interna do braço chata, de tanto raspar mandioca.Mas o herói ancestral baniwa retomou a ordem, e a divisão sexual do trabalho foi instituída. No tempo de verão – de dezembro a março - derrubar e queimar, trabalho masculino; plantar e limpar, coletivo. Tudo que vem depois de nove meses, quando as raízes já estão maduras, é por conta das mulheres. A lida da mandioca - das roças aos alimentos - toma a maior parte do tempo da vida das mulheres baniwa. Exige enorme esforço físico e habilidade. Com a mandioca fazem farinha e beijus, indispensáveis na alimentação baniwa. Nas roças baniwa há grande variedade de mandiocas bravas, derivadas da árvore ancestral (kaalikattaadap), que Kaali deixou na terra, antes de partir. Derrubada pelos filhos do trovão, seus galhos foram levados, originando a diversidade de plantas úteis que os baniwa conhecem.
  • 11. Somente nas roças situadas na área de domínio da comunidade de Tucumã-Rupitá, no alto Içana, por exemplo, foram relacionadas cerca de 60 variedades. Cada uma tem nome próprio: aalidalíke (tatu), awiñáke (uacu), daapáke (paca), dapike (cipó), dopalíke (araripirá), dzamolitoke (caitetu), dzaapáke (tucunaré), dzaawatóke (acará), dzaike (?, tipo grilo), dzeekáke (seringa), dzoottalike (jacundá preto), eeritoke (acará), guenieroke (guainia), hemalíke (abiu), heemahiwidake (cabeça de anta), hiiniríque (ucuqui), hiipadáke (pedra), ipohiwidake (cabeça verde), iikolíke (cabeçudo), iitsíke (guariba), iirakawanake (braço vermelho), itsidáke (jabuti), kabike (peito de gente), kamheróke (cucura), kapíwali (macaxeira), kedehakeke (?, de sujo), keeríke (lua), keniki-ikínarke (?, espelho), kerekeréke (periquito), kettinalike (jacundá), koliríke (surubim), kowaidake (tipo de castanha), kumaruke (cumaru), liewhéke (ovo de cabeçudo), maapake (cana-de-açúcar), moóneke (mamangaba), manakheke (açaí), mapharáke (pirarara), mheettike (goma, tapioca), ñamaroke (arraia), omaíke (piranha), palanáke (banana), parawitsike (pirapucu), patipitike (? sombrancelha), pidooke (lontrinha), pirimítsike (samaúma), piipiríke (pupunha), ponámake (patauá), pooperike (bacaba), taalíke (aracú), waarhéke (uará), wadólike (pirarucu), waliitshíke (mucura), entre outras.
  • 12. COMO É UTILIZADA A farinha de mandioca Massa misturada com diferentes doses de mandioca mole ou puba (que ficou de molho no igarapé fermentando por uma semana), passando pelo tipiti e pela peneira, vira beiju ou farinha. Tem peneira para farinha(oropema), mais aberta e peneira para beiju (dopitsi). Beijus e farinhas se assam em grandes tachos de ferro, com fogo de lenha leve, usando abano de arumã para virar.Com pouca massa mole fermentada adicionada à massa fresca o beiju fica doce (poottidzaite); se a dose for maior, ficará azedo (kamaite). Para as crianças bem pequenas, faz-se molhoiwa, beiju de pura mandioca amolecida na água, mandioca d’água. A massa fresca logo depois de ralada, se não vai pro tipiti, pode ser lavada com água usando um cumatá, peneira de trançado bem cerrado; a mistura fina cai numa bacia onde decanta: embaixo a goma, em cima o líquido venenoso. Goma pura, bem seca e peneirada, vira farinha de tapioca, curadá, tapioquinha. O líquido bruto da mandioca brava ralada (kainia) tem veneno, que evapora depois de duas horas de fervura, transformando-se em kainiapomakadali, adocicado. Pode ser engrossado com goma ou receber a mistura de batatas, bananas, caroço de umari ou uacú. Adicionando-se farinha, vira um chibé especial. Chibé é qualquer mistura de farinha com água, complemento obrigatório depois de uma refeição, refeição mínima, oferecimento de boas vindas. Goma misturada com massa fresca serve para fazer beijusespeciais (mheetthiwa), adicionando-se vários ingredientes, como a castanha uará e o caroço de umari. Há vários tipos de acabamento para os beijus. Patsimeete é um beiju fresco, mole, que permanece assim por um dia e depois fica mais duro (marameete). Mas o beiju pode sair direto do forno para secar sob ação direta do sol, num girau ou nos telhados de palha de caranã das casas, transformando-se em tarhewali, que pode durar até dois meses, modalidade apropriada para viagens longas, como as que os homens baniwa que vivem no Brasil fazem na safra da piaçava na Colômbia, por exemplo. Para extrair a manicoera da massa ralada, os Baniwa usam o cumatáttíiroli, um cesto-coador redondo e grande, trançado de talas de arumã com as malhas bem cerradas, apoiado num tripé de varas. Do líquido coado resulta a tapioca méenthi, um polvilho que decanta no fundo do pote, e a manicoera, que deve ser fervida pelo menos por duas horas até ser liberado seu sumo venenoso. Outro utensílio adotado para o mesmo fim é o tipiti. Para esfarinhar a massa seca no tipiti, usam peneiras trançadas em arumã raspado, com malhas abertas. A massa peneirada vai ao forno para torrar farinha ou assar beijus, com o apoio de grandes abanos de arumã. Os balaios e urutus de arumã servem para reservar a massa da mandioca seca.
  • 13. OS BANIWA Uma história de resistência Os Baniwa entraram em contato com os colonizadores europeus no início do século 18. Perseguidos e escravizados por espanhóis e portugueses, boa parte da sua população foi dizimada por epidemias de sarampo e varíola, trazidas pelos brancos. Foram hostilizados e explorados por comerciantes brancos, aliados dos militares dos fortes portugueses de S. Gabriel e Marabitanas. Em meados do século 19, os Baniwa e outros povos da região protagonizaram movimentos messiânicos contra a opressão dos brancos. A partir de 1870, com o boom da borracha, foram explorados por patrões do extrativismo nos seringais do baixo Rio Negro.No século 20, chegaram na região do Rio Negro e afluentes os missionários católicos salesianos e suas escolas civilizadoras. No final da década de 40, Sophie Muller, uma missionária evangélica norte-americana da Missão Novas Tribos, iniciou a evangelização dos Curipaco na Colômbia e chegou aos Baniwa do alto Içana. O mundo baniwa se dividiu entre católicos e evangélicos A partir dos anos 70, os Baniwa assistiram à entrada de novos personagens nas suas terras, com a tentativa de abertura de um trecho da Rodovia Perimetral Norte, a construção de pistas de pouso para uso militar, a invasão de empresas de garimpo e a retaliação de suas terras pelo governo federal com a demarcação de "ilhas", o que eles rejeitaram.Durante décadas os homens baniwa se endividaram com patrões extrativistas de balata, sorva e piaçava, no Brasil e na Colômbia. Desta forma, adquiriam roupas, armas de fogo e outros bens industrializados. Atualmente, a comercialização de artesanato, especialmente da cestaria de arumã e ralos de madeira, é uma das poucas fontes regulares de renda monetária.Nos anos 90, os Baniwa começaram a se organizar em associações filiadas à FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), fundada em 1987.Entre 1996/98, o governo federal finalmente reconheceu os direitos coletivos dos povos indígenas da região do alto e médio Rio Negro e demarcou um conjunto de cinco terras contínuas, com cerca de 10.6 milhões de hectares, nas quais estão incluídas as áreas de ocupação tradicional dos Baniwa no Brasil.
  • 14. A população baniwa atual é estimada em 12 mil pessoas, das quais cerca de 4 mil no Brasil, vivendo basicamente de agricultura especializada na mandioca brava e da pesca, em aproximadamente cem aldeias e sítios. Desenvolveram uma adaptação fina a uma região com baixa capacidade de suporte, isto é com solos ácidos e pobres, com manchas descontínuas de terra firme, separadas por campinaranas e igapós. OS BANIWA Onde vivem Os Baniwa fazem parte de um complexo cultural de 22 povos indígenas diferentes, de língua aruak, que vivem na fronteira do Brasil com a Colômbia e Venezuela, em aldeias localizadas às margens do Rio Içana e seus afluentes Cuiari, Aiairi e Cubate, além de comunidades no alto Rio Negro/Guainía e nos centros urbanos rionegrinos de S. Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel e Barcelos (AM).
  • 15. OS TIPOS DE CESTARIA Balaio waláya Os waláya aparecem na mitologia e nos rituais de iniciação das meninas e meninos baniwa. Tradicionalmente, os meninos aprendem a fazer cestas deste tipo e ofertá-las às suas amigas rituais, ao término do período de reclusão. Os Baniwa usam os waláyamakapóko = balaios grandes, para recolher a massa de mandioca (antes e depois de espremer no tipiti) e para servir beiju e farinha nas refeições. Serve de suporte para presentear com frutas e outros alimentos. Essa cesta tigeliforme é considerada pelos artesãos baniwa a mais trabalhosa, especialmente pelo acabamento que requer o beiral (no detalhe abaixo: beiral com tira trançada sobreposta e beiral de cipó uambé); há vários tipos de acabamento: em arumã natural ou apenas raspado, sem tingimento; ou com grafismos coloridos, marchetados em uma ou nas duas faces.
  • 16. OS TIPOS DE CESTARIA Urutu oolóda Os Baniwa fazem esse tipo de cesta em formatos grandes, sem desenhos marchetados, para reservar massa de mandioca (antes e depois de espremer no tipiti) e também para guardar farinha, beiju e roupa.Para comercializar, os Baniwa produzem urutus de vários tamanhos - tanto de diâmetro quanto de altura - geralmente com grafismos coloridos marchetados.
  • 17. 1. Rabo de pacu- Tsiipaittipi 2. Escama de Pirarucu – Pirarucu Iwhi 3. Desenho da costa de tipo de besouro - Kettamarhi 4. Sarapó pintado assado - Maanapipamitsirinikhaapamodzoa 5. Pegada de onça- Dzawiiphoakaromi 6. Tapuru - AakoroIewhe 7. Desenho da costa de um tipo de Besouro sem cruz - kettamarhimakorotshaninadalitsa 8. Olho de ave noturna- Makowethi 9. Desenho da costa de tipo de besouro com cruz- Kettamarhi 10. Pegada de massarico- Iwithoipa OS TIPOS DE CESTARIA Sílabas gráficas O desenho do trançado formando quadrados concêntricos (waláiapo em Baniwa: balaio-ele vê), sem o uso de talas coloridas, é o primeiro que toda criança aprende: é como o alfabeto aprendido para poder ler na escola. Aparece no fundo de todo urutu.Através das técnicas do trançado, vários motivos geométricos podem ser criados, todos com um significado simbólico específico. Alguns artefatos apresentam um único motivo, outros uma combinação de vários deles. As diferentes combinações de talas coloridas em preto ou vermelho com talas lisas, raspadas ou não, permitem visualizar melhor os desenhos do trançado, assim como produzir padrões ainda mais variados.Nos cumatás e peneiras redondas, o campo decorativo do tecido de arumã sempre aparece dividido em quatro por uma cruz, osso ou sustento do cesto. Sobre a variedade dos desenhos em uso na cestaria, registrou-se 27 nomes durante a Oficina de Mestres, realizada em Tucumã em 1999, praticamente o mesmo número (28) anotado pela antropóloga Berta Ribeiro na década de 70
  • 18. OS TIPOS DE CESTARIA Peneira dopítsi As mulheres baniwa se orgulham das suas peneiras, objetos de uso diário que demonstram a competência artesanal dos seus maridos.As peneiras são cestos platiformes, circulares, com talas afastadas, usadas para cernir a farinha e para transportar o beiju do forno até o jirau; suspensas por um tirante de cordas, servem como suporte para empilhar beiju seco. Há vários tipos de peneira usados atualmente:dopitsipeethepóko (peneira beiju fazer)dopitsimatsokapóko (peneira farinha fazer) báatsi (peneira de talinhas muito finas de arumã, usada exclusivamente para coar suco de frutas)ttíiroli (de formato tigeliforme, conhecida também como cumatá, usada para tirar goma da massa de mandioca e para coar bebidas, como os vinhos de açaí e patauá)
  • 19. OS TIPOS DE CESTARIA Jarro kaxadádali O termo kaxadádali , em baniwa, refere-se ao formato barrigudo, de uma cesta ou cerâmica; palavra que se aplica também às pessoas (mulheres grávidas, por exemplo) e aos animais; antigamente era feito também de cipó e usado para guardar miudezas (como bóias de molongó e iscas para pescar), ficando submerso até o pescoço. Consta que, para os Baniwa, esse tipo de cesta tem o formato do universo e é de origem baniwa, pelo menos na região do Rio Negro.
  • 20. 1. Mulher Peneirando - Rowidzokami 2. Tatu testa – Alidaliekoa 3. Cabeça de jandia – Dawakihiwidaapi 4. Casca de jabuti – Itsidawhi 5. Caminho de saúva- Kowhepo kettamárhi = desenho das costas de um tipo de besouro waláiapo = balaio-ele vê