1. SOCIOLOGIA (UNIDADE II)
Os Teóricos da Sociologia
Prof. João Paulo
Augusto Comte – Positivismo
O Positivismo
A revolução Industrial no séc. XVIII, expressão do poder da burguesia em expansão, demonstrou a eficácia do novo saber inaugurado pela
ci6encia moderna no século anterior. Ciência e técnica tornaram-se aliadas, provocando modificações no ambiente humano jamais suspeitadas.
De fato, basta lembrar que antes do advento da máquina a vapor, usava-se a energia natural (força humana, das águas, dos ventos., dos
animais)e, por mais que houvesse diferenças de técnicas adotadas pelos diversos povos através dos tempos, nunca houve alterações tão cruciais
como as que decorreram da Revolução Industrial.
A exaltação diante desse novo saber e novo poder leva à concepção do cientificismo, segundo o qual a ciência é considerada o único
conhecimento possível e o método das ciências da natureza o único válido, devendo portanto, ser estendido a todos os campos da indagação e
atividade humanas. Neste clima, desenvolve-se no século XIX o pensamento positivista, que tem Augusto Comte como principal representante.
Comte e a lei dos três estados
Para um rápido esboço do pensamento de Comte, vamos utilizar suas próprias palavras “Estudando, assim, o desenvolvimento total da
inteligência humana em suas diversas esferas de atividade, desde seu primeiro vôo mais simples até nossos dias, creio ter descoberto uma grande
lei fundamental, a que se sujeita por uma necessidade, e que me parece ser solidamente estabelecida, que na base de provas racionais fornecidas
pelo conhecimento de nossa organização, quer na base de verificações históricas resultantes do exame atento do passado. Essa lei consiste em
que cada uma de nossas concepções principais, cada ramo de nossos conhecimento, passa sucessivamente por três estados históricos diferentes:
(...)
“No estado teológico, o espírito humano, dirigido essencialmente suas investigações para a natureza íntima dos seres, as causas primeiras e
finais de todos os efeitos que o tocam, numa palavra, para os conhecimentos absolutos, apresenta os fenômenos como produzidos pela ação
direta e contínua de agentes sobrenaturais mais ou menos numerosos, cuja intervenção arbitrária explica todas as anomalias aparentes do
universo”.
“No estado metafísico, que no fundo nada mais é do que simples modificação geral do primeiro, os agentes sobrenaturais são substituídos
por forças abstratas, verdadeiras entidades (abstrações personificadas) inerentes aos diversos seres do mundo, e concebidas como capazes de
engendrar por elas próprias todos os fenômenos observados, cuja explicação consiste, então, em determinar para casa uma entidade
correspondente”.
“Enfim, no estado positivo, o espírito humano, reconhecendo a impossibilidade de obter noções absolutas, enuncia a procurar a origem e o
destino do universo, a conhecer as causas íntimas dos fenômenos, para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem combinado do
raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, suas relações invariáveis de sucessão e de similitude”.
Para comte o estado positivo corresponde a maturidade do espírito humano, o termo positivo designa o real em oposição ao quimérico, a
certeza em oposição a indecisão, o preciso em oposição ao vago. É o que se opõe a formas tecnológicas ou metafísicas de explicação do mundo.
Segundo Comte, “todos os bons espíritos repetem, desde Bacon, que somente são reais os conhecimentos que repousam sobre fatos
observados”.
2. O Marxismo
O marxismo são o conjunto de teorias filosóficas, econômicas e políticas de Karl marcx, filósofo social alemão, exposta no livro : O
capital”(1867). Concepção materialista da História, o marxismo é o resultado a fusão de várias correntes de pensamento, entre as quais diversos
sistemas filosóficos alemães, em especial o de Friedrich Hegel, assim como da economia política inglesa e do socialismo francês. O conteúdo
fundamental do marxismo – a doutrina econômica – não pode ser compreendido sem o conhecimento de sua fundamentação filosófica. Adepto do
materialismo filosófico, adotou a princípio as concepções de Feuerbach, passando depois a criticá-las por defenderem um materialismo
mecanicista que não aplicava o método dialético e concebia o ser humano de modo abstrato, e não como “conjunto das relações sociais”. A crítica
que Marx Formulou a essa atitude contemplativa dos filósofos está sintetizada na sua célebre afirmação: “Os filósofos não fizeram senão
interpretar o mundo de diversas maneiras: trata-se agora de transforma-lo”.
Atribui o conjunto das condições de produção econômica uma fundamental influência sobre o desenvolvimento das culturas e estabelece a
primazia da infra-estrutura social (conjunto das forças produtivas materiais, ou forças econômicas)sobre o que se denominou surperestrutura social
(as idéias, ou conjunto dos dados da cultura não material). Prega a revolução do proletariado e sua conseqüente ascensão a uma posição de
mando, e a instituição de uma sociedade sem classes.
Considerando a dialética de Hegel como a maior descoberta da filosofia clássica alemã, aplicou-a na sua interpretação materialista da
natureza e da história, e nisso se opõe a Hegel, que era idealista. Enquanto para este último o processo do pensamento era o criador do real, para
Mar, o pensamento não passava de reflexo do mundo real na consciência do homem. A aplicação do materialismo dialético ao estudo dos
fenômenos sociais deu origem à concepção materialista da história.
Assim, segundo a doutrina marxista, não são as idéias (superestrutura) que governam o mundo, mas ao lado contrário é o conjunto das
forças produtivas materialistas (infra-estrutura) que determina todas as idéias e tendências.
Ao se aprofundar no estudo da história, Marx elaborou a teoria da luta de classes, pela qual explica a evolução das instituições sociais. “A
história de toda a sociedade humana até nossos dias é uma história de lutas de classes. Senhores e escravos, patrícios e plebeus, barões e servos
da gleba, mestres e aprendizes: numa palavra, opressores e oprimidos, frente a frente, sempre empenhados em uma luta initerrupta, ora velada,
ora ostensiva; em uma luta que conduz em cada etapa à transformação revolucionária de todo o regime social ou ao extermínio de ambas as
classes beligerantes”.
Assim como na filosofia e na história, também na economia política Marx não se limitou à elaboração de uma nova teoria, mas fez a crítica de
toda a economia política burguesa e de seus métodos. A economia política burguesa procura interpretar os fatos por suas aparências. Preço, lucro
e capital, ara o marxismo, não passam de mera dissimulação do valor, da mais-valia e da propriedade capitalista dos meios de produção.
Na produção capitalista, embora cada um pareça produzir o que quer e como pode, existem leis, como a lei do valor, o qual é determinado
pelo tempo de trabalho socialmente necessário à produção da mercadoria. Assim, o valor resulta diretamente das relações entre as pessoas e não
entre as coisas.
Ao formular a teoria da mais-valia, Marx observou que na circulação capitalista o dinheiro aumenta, sendo este acúmulo que se transforma
em capital. A mais-valia não é produzida pela troca de mercadorias, mas pela exploração do trabalho, sendo por isso, o produto do trabalho não
pago pelo capitalista ao operário. Para obter a mais-valia o “possuidor do dinheiro necessita encontrar no mercado uma mercadoria cujo o próprio
valor de uso possua a qualidade original de ser fonte de valor”.Essa mercadoria seria exatamente a força humana de trabalho, comprada pelo
capitalista por um valor determinado, do mesmo dono que o que qualquer outra mercadoria, isto é, pelo tempo de trabalho socialmente necessário
para sua produção, ou seja, custo da manutenção do operário e sua família.
3. Ao comprar a força de trabalho o capitalista adquire o direito de obrigá-la a trabalhar durante 8 horas, por exemplo: como, porém, operário
cria, em cinco horas, o produto necessário ao custeio de sua manutenção, o que ele produz nas 3 horas restantes constitui excedente, isto é, a
mais-valia, do qual se apropria o capitalista.
MAX WEBER
A Epistemologia Weberiana
A epistemologia weberiana pode ser compreendida como resultado a articulação de suas premissas com uma afirmação aparentemente
antitética. As premissas são:
1. o conhecimneto só é possível a partir de referência a valores e interesses;
2. valores e interesses não podem ser validados ou hierarquizados segundo critérios objetivos. A afirmação é a seguinte: é possível
alcançar um conhecimento objetivo, universalmente válido, científico, no sentido mais forte da palavra.
A questão então é entender como é possível para Weber, partindo das duas premissas indicadas, chegar a essa última afirmação. Talvez a
melhor estratégia seja considerar, inicialmente, as próprias premissas.
O que est;á sendo chamado aqui de premissas da epistemologia weberiana, são na verdade as duas perspectivas básicas que definem a
concepção de Weber no que se refere à relação entre conhecimento , com realidade e valores. Seguindo uma orientação claramente neokantiana,
weber assume, de forma radical e com todas as implicações daí decorentes, o postulado da existência de uma separação clara entre os planos do
conhecimento e da realidade, cuja transposição é sempre parcial, provisória e, sobretudo, mediada por uma série de categorias e construções
conceituais definidas conforme os valores e interesses de quem busca o conhecimento.
A realidade é entendida como algo infinito, que pode ser apreendido a partir de inúmeros ângulos, mas jamais na sua totalidade ou essência.
A concepção de sociologia de Max Weber
As características do paradigma sociológico weberiano só se definem à luz da visão de mundo mais ampla de weber, dentro da qual de
articulam uma concepção específica sobre o que é a realidade sócio-histórica e uma reflexão profunda sobre a natureza do empreendimento
científico.
Talvez o ponto central da perspectiva weberiana seja o reconhecimento de que a realidade humana não possui um sentido intrínseco e
unívoco, dado de modo natural e definitivo, independentemente das ações humanas concretas. Weber pressupõe que a realidade é infinita e sem
qualquer sentido cognoscível imanente. Seriam os sujeitos humanos que estabeleceriam recortes na realidade e se posicionariam distante deles
conferindo –lhes sentido.
Weber assume essa perspectiva de modo radical. Orientado por ela, procura excluir das Ciências Sociais qualquer proposição que busque
definir de modo geral e substantivo qual a lógica da história, qual a dimensão estrutural determinante da sociedade ou qual o sentido último
subjacente às ações individuais.
Todas essas definições suporiam a existência de uma realidade atemporal, naturalmente dada, subjacente e determinantes dos fenômenos
empíricos. Weber não apenas não acredita na existência desses determinantes a históricos do comportamento humano, como defende que não
seria possível defini-los de um modo objetivo, verificável segundo as regras da ciência.
Quando Weber afirma enfaticamente que a Ciência Social que ele pretende praticar é uma “Ciência da realidade”o que ele esta querendo
acentuar ;e, em grande medida, esse compromisso com a análise de realidades empíricas concretas, tornadas significativas por agentes
historicamente situados.
4. ÉMILE DURKHEIM
Fatos sociais – externalidade e coercitividade
Os fatos sociais são objeto de estudo da sociologia, segundo Durkheim. Os fenômenos que o autor denomina fatos sociais são: “toda
maneira de agir ou pensar fixa ou não, capaz de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, apresentando uma existência própria
independente das manifestações individuais que possa ter.
Dizemos que são externos porque são fatos coletivos, como a religião ou o sistema econômico, por exemplo, independentes dos
indivíduos, que já os encontram prontos quando nasce, e que morrerão antes que esses deixem de existir. Ou seja, existem fora dos indivíduos e
são internalizados através do processo de socialização.
Essas maneiras de agir e pensar são, além de externas, capazes, pelo seu poder coercivo, de obrigar um indivíduo a adotar um
comportamento qualquer. A coerção pode se manifestar direta ou indiretamente.
A coerção pode também ser formal ou informal. É formal, como o próprio nome já diz, quando a obrigação e a punição pela transgressão
estão estabelecidas formalmente. O Código Penal, por exemplo, apresenta um grande número coerções formais para diversos atos predefinidos.
É informal quando é exercida espontaneamente pelas pessoas no seu dia a dia.
Finalmente, a coerção pode estar oculta. A pessoa que cumpre de bom grado e com satisfação as suas obrigações sociais não sente o
peso da coerção sobre o seu comportamento. Uma pessoa que gosta de sua profissão, por exemplo, geralmente cumpre seus deveres com
prazer, sem a necessidade de imposições.
Mas a coerção nunca deixa de existir. Está sempre à espreita.
Fatos sociais: fixos e não fixos
Quando se diz que são fatos sociais fixos ou não fixos significa que podem se apresentar de duas maneiras diferentes: como maneiras de
agir ou como maneira de ser.
As maneiras de agir são formas de agir e pensar coletivas, que determinam o comportamento dos indivíduos, que os obrigam de uma
determinada forma, mas não tem uma longa duração de tempo, ou seja, são efêmeras e instáveis.
As maneiras de ser também são fenômenos de ordem coletiva que determinam o comportamento indivíduo, mas nesse caso há uma
durabilidade no tempo, uma permanência ou estabilidade.
Há uma relação importante entre esses dois fenômenos. Muitas vezes um movimento social se inicia como maneira de agir e pode vir a se
fixar e estabelecer (se institucionalizar) e daí se tornar uma maneira de ser.
A dualidade dos fatos morais.
Fatos morais ou sociais são externos em relação aos indivíduos e portanto são estranhos a eles em alguma medida. No mínimo são coisas
que não foram criadas pela pessoa e assim pode diferir mais ou menos de seu pensamento. Além disso, esses fatos externos e “estranhos” em a
capacidade de exercer coerção, podem se impor aos indivíduos como uma obrigação.
Desse ponto de vista a sociedade, as regras e a moral aparecem como realidade que constrangem o indivíduo, que limitam a sua ação e a
possibilidade de realização de suas vontades. Viver em sociedade representaria, assim, um sacrifício ou, no mínimo, um incômodo.
5. Mas esse é apenas um dos lados dessa questão. Se a sociedade e a moral só tivessem esse lado negativo e coercitivo, seria muito difícil
explicar a existência da ordem social.
É sabido que nenhum grupo ou sociedade pode sobreviver por muito tempo com base apenas na coerção. Pessoas muito insatisfeitas são
capazes de enfrentar qualquer tipo de perigo para encontrarem uma saída. Basta observar que mesmo nos regimes políticos muito fechados,
mantidos pela violência, a residência não deixa de existir e, na maioria das vezes, leva o sistema à ruína.
Os fatos sociais ou morais não são apenas obrigações desagradáveis que temos que seguir independentemente de nossa vontade. São
também coisas que queremos e necessitamos. Nesse caso, a coerção deixa de se fazer sentir, se transforma em um dever. Algo que poderia ser
visto como um sacrifício passa a ser visto como um prazer.
Isso acontece porque o indivíduo não se realiza fora da sociedade ou do grupo. Só entre outras pessoas, num meio onde exista ordem e um
conjunto de instituições morais reguladoras do comportamento coletivo, o indivíduo pode encontrar segurança (tanto física como psicológica) e
tranqüilidade para levar a sua vida.
Por isso, ou seja, em retribuição a essa segurança, o indivíduo passa a ver a sociedade não como um conjunto de obrigações estranhas a
ele, mas como um conjunto de direitos e deveres que ele precisa e, acima de tudo, quer respeitar.
Coesão, solidariedade e os dois tipos de consciência
A solidariedade social, para Durkheim, é formada pelos laços que ligam os indivíduos, membros de uma sociedade, uns aos outros formando
a coesão social.
Há dois tipos deferentes de solidariedade social. Esses tipos tem relação com o espaço ocupado na mentalidade dos membros da sociedade
pela consciência coletiva e pela consciência individual.
A consciência coletiva é apresentada pelo conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade
que forma um sistema determinado que tem vida própria. São as crenças, os costumes, as idéias que todos que vivem em um mesmo grupo
compartilham uns com os outros.
A consciência individual é aquilo que é próprio do indivíduo, que o faz deferente dos demais. São crenças, hábitos, pensamentos, vontades
que não são compartilhados pela coletividade, mas que são especificamente individuais.
Solidariedade mecânica ou por semelhanças – A consciência coletiva recobre “espaços” de distintos tamanhos na consciência total das
pessoas de acordo com o tipo de sociedade onde elas vivem. Assim, quanto maior for o “espaço” ocupado pela consciência coletiva em relação à
consciência total das pessoas em uma sociedade, mais a coerção, nessa mesma sociedade, origina-se da conformidade e da semelhança
existentes entre seus membros. Nesse caso, segundo Durkheim, a ordem social se fundamenta na “solidariedade mecânica”.
Isto é, quanto maior a consciência coletiva, mais os indivíduos se parecem uns com os outros e portanto se ligam, se aproximam pelo que
tem em comum. Pelo fato de terem os mesmos pensamentos, os mesmos costumes, acreditarem nas mesmas coisas, etc. A coesão, ou a
solidariedade, resulta das semelhanças.
Solidariedade orgânica ou por diferenças – Quanto menor for o “espaço” ocupado pela consciência coletiva em relação à consciência total
das pessoas em uma sociedade, ou quanto maior for a “área” ocupada pela consciência individual, mais a coesão se fundamenta nas diferenças
existentes entre os indivíduos.
Se a consciência individual é maior numa sociedade, os indivíduos são diferentes uns dos outros e a solidariedade só pode surgir da
percepção geral de que cada um, com suas especialidades, contribui de uma maneira diferente, e importante, para a sobrevivência de todo, ao
6. mesmo tempo que depende dos demais membros, especialistas em outras funções. É essa rede de funções interdependentes que promove a
solidariedade orgânica.
Os indicadores dos tipos de solidariedade – Durkheim não poderia visualizar “a olho nu” qual tipo de solidariedade seria predominante em
uma sociedade dada. A solidariedade, como um fenômeno moral, só seria identificada a partir de algum indicador que a fizesse visível.
Os tipos de normas do direito indicam, para Durkheim, o tipo de solidariedade que predomina em uma sociedade.
Direito Repressivo – A preocupação principal desse tipo de direito é punir aquele que não cumpre determinada norma social através da
imposição de dor, humilhação ou privação de liberdade. O ponto é que o criminoso agride uma regra social importante para a coletividade e,
portanto, merece um castigo de intensidade equivalente a seu erro.
Direito Restitutivo – A preocupação principal nesse tipo de direito é fazer com qe as situações perturbadas sejam restabelecidas e retornem a
seu estado original. Ao infrator cabe, simplesmente, reparar o dano causado.
Isso acontece porque o dano causado não afeta a sociedade como um todo , mas apenas uma função específica desempenhada nela.
Quanto maior é a participação do direito restitutivo em uma sociedade, menor é a força e a abrangência da consciência coletiva, maior é a
diferenciação individual.
Portanto ao identificar o tipo de direito que predomina em uma sociedade, estamos identificando o tipo de solidariedade existente. Se
predomina o direito repressivo, uma maior quantidade de normas é mantida pela consciência coletiva (solidariedade mecânica). Se predomina o
direito restitutivo uma menor quantidade de normas diz respeito à sociedade como um todo (solidariedade orgânica).
A SOCIEDADE E A SOCIOLOGIA
AUGUSTE COMTE ÉMILE DURKHEIM MAX WEBER
Para Comte a sociedade européia estaria Ainda nos moldes do positivismo, Max Weber, através de sua metodologia
passando por uma crise moral, resultante do influenciado pelas teorias de Herbert inovadora, diferencia-se bastante dos
confronto entre a antiga ordem feudal e a Spencer (1820-1903) e Alfred Espinas positivistas - cuja inspiração foi buscar em
nova ordem capitalista. Para ele, o consenso (1844-1922), Durkheim acreditava que a Wilhelm Dilthey (1833-1911). Para ele, a
social, que configurado através dos modos função da sociologia seria garantir a ordem Sociologia não deveria explicar os
de pensar, das representações de mundo e social, através do estabelecimento de uma fenômenos e sim compreendê-los, visto que
das crenças estava sendo desagregado. nova moral (a moral científica). a sociedade não estaria submetida a leis
Sendo necessária a criação de uma nova A sociedade seria constituída pela imutáveis mas seria constituída pela
ciência “positiva” (a Física Social) que consciência coletiva que seria coercitiva, contínua ação social dos indivíduos.
deveria estudar e compreender as relações exterior e estaria acima das consciências A sociedade seria então um “eterno fluir”, um
sociais para intervir diretamente na ordem individuais. Portanto, o indivíduo social seria eterno movimento propiciado pela ação
social, no sentido de acelerar e otimizar o produto da sociedade. Ela é descrita, assim social dos indivíduos. A sociedade não paira
seu desenvolvimento (progresso). como em Comte, como um organismo em sobre os indivíduos e nem lhes é superior.
A sociologia deveria inspirar-se nos adaptação, seguindo estágios diferenciados As regras e normas são resultados de um
paradigmas das ciências naturais para em busca da evolução. Possuindo complexo de ações individuais, nas quais os
explicar a sociedade. Suas principais fenômenos normais e patológicos. Nota-se indivíduos escolheriam diferentes formas de
7. influências foram Herbert Spencer (1820- ainda uma forte influência das ciências conduta.
1903), Saint Simon (1760-1825) - do qual foi naturais, em especial a Biologia, na As grandes idéias coletivas que norteiam a
discípulo - e a teoria da evolução das explicação dos fatos sociais. sociedade, como o Estado, o mercado e as
espécies e da seleção natural de Charles A sociologia deveria explicar os códigos de religiões, só existiriam porque muitos
Darwin. funcionamento da sociedade, intervindo em indivíduos orientariam reciprocamente suas
seu funcionamento aplicando “antídotos” que ações em determinado sentido comum.
diminuíssem os males da vida social A teoria weberiana privilegia a ação social do
(medicina social). indivíduo dotada de sentido e a toma como
base para a compreensão da vida social.
METODOLOGIA UTILIZADA E A FUNÇÃO DO CIENTISTA SOCIAL
AUGUSTE COMTE ÉMILE DURKHEIM MAX WEBER
A sociologia deveria adotar os paradigmas A Sociologia deveria ter princípios claros e A Sociologia deveria buscar a compreensão
do método positivo das ciências naturais: precisos para constituir-se enquanto ciência. do sentido dada pelos indivíduos às ações
observação dos fenômenos, descrição das Para isso, em seu livro As Regras do Método sociais, por esta razão a sociologia
regularidades e estabelecimento de leis Sociológico (1897) ele estabelece o objeto weberiana ficou conhecida como Sociologia
gerais, desenvolvendo leis úteis para o de estuda da sociologia (o fato social), suas Compreensiva ou Sociologia da Ação Social.
desenvolvimento social. características e as regras para que fossem Seu método baseava-se na pesquisa
analisados. histórica (do ponto de vista comparativo) e
O interesse era a compreensão do na construção de tipos ideais.
funcionamento das formas padronizadas de Os tipos ideais seriam construções teóricas
conduta (consciência coletiva) por esta razão (não existindo em forma pura na sociedade)
a teoria durkheimiana também pode ser que auxiliariam o cientista social no processo
chamada de funcionalista de compreensão dos sentidos da ação
social.
A função dos cientistas sociais seria a de O comportamento do cientista social deveria Para Weber não é possível uma total
estabelecer uma nova moral para substituir a ser de distanciamento e sua posição, de neutralidade do cientista social, pois todo
antiga moral religiosa. A moral científica neutralidade em frente aos fatos sociais. cientista age guiado por seus motivos, sua
seria a responsável pela garantia da ordem Esta atitude garantiria a objetividade da sua cultura e sua tradição. Os fatos sociais, por
social que levaria ao progresso da sociedade análise. Cabe ao cientista social a sua vez, não podem ser encarados como
(estado positivo) observação, medição e a comparação dos coisas e sim como acontecimentos que o
fenômenos sociais. cientista percebe e tenta desvendar.
Entretanto, ele também considera necessária
uma postura que distancie o pesquisador do
seu objeto de estudo, o que é alcançado
através da escolha de um quadro teórico
(metodológico) que ditará as regras que o
8. cientista deve seguir garantindo a
objetividade do conhecimento científico.
PRINCIPAIS CONCEITOS E CONTRIBUIÇÕES
AUGUSTE COMTE ÉMILE DURKHEIM MAX WEBER
Lei dos três estados: teológico, metafísico e Definição de fato social (objeto da sociologia) Definição da ação social (objeto da
positivo. e suas características: coerção social, sociologia)
Sociologia Estática e Sociologia Dinâmica exterioridade e generalidade. Tipos de ação social: ação racional com
Elaboração dos principais conceitos do A divisão dos fatos sociais em normais e relação a objetivo, ação racional com relação
positivismo: evolucionismo, organicismo e patológicos, buscando o ordenamento social, a valor, ação afetiva e ação tradicional.
darwinismo social. a coesão social (visão organicista da Definição de poder e classificação dos tipos
Religião positivista sociedade). de dominação legítimas: dominação
Conceito de consciência coletiva e tradicional, dominação carismática e
consciência individual. dominação racional.
Morfologia social: solidariedade mecânica e A constatação da crescente racionalização
solidariedade orgânica. da sociedade moderna leva-o a desenvolver
A sociedade moderna como resultado de a relação entre a ética protestante e o
sociedades mais simples, sem divisão do espírito do capitalismo (título de uma de suas
trabalho sócias, como a horda obras) e a definição da dominação
(evolucionismo) burocrática e da burocracia.
Contribuiu na constituição de uma ciência Definição dos limites e das diferenças entre Busca da análise histórica e da compreensão
voltada para o social enquanto problema, a particularidade a natureza dos qualitativa para a compreensão dos
embora não tenha desenvolvido pesquisas acontecimentos filosóficos, históricos, processos históricos e sociais.
empíricas e tenha se concentrado numa psicológicos e sociológicos. Descoberta da subjetividade na ação e na
reflexão filosófica sobre a questão. Criação da sociologia enquanto ciência com pesquisa social
procedimentos metodológicos claros e Desenvolveu uma forma de análise
inovadores específica para as ciências sociais,
Uso da matemática estatística e da difereciando-a das formas utilizadas nas
integração entre as análises qualitativa e ciências exatas e da natureza.
quantitativa Desenvolveu trabalhos na área de história
econômica, buscando as leis de
desenvolvimento das sociedades.