O artigo discute uma proposta do governo para impor uma lei seca para menores de 18 anos. O autor argumenta que essa lei não resolveria o problema do alcoolismo juvenil, que é principalmente uma questão da educação dentro de casa. Ele aponta que os pais muitas vezes falham em colocar limites apropriados e punições para os filhos, levando a comportamentos de risco como beber em excesso.
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Lei seca para os filhos? E uma palmada nos pais
Henrique Raposo (www.expresso.pt)
ontem às 8:10
Parece que o governo quer impor uma lei seca aos menores de 18 anos. Acho que o secretário de estado devia repensar
a coisa. Estou desconfiado de que essa secura legislativa provocaria uma contracção de, vá, 3000% no PIB. Portanto,
devemos manter os hábitos da malta intactos, pelo menos até ao fim da troika. E, depois, mesmo sem a troika, essa lei
seca não serviria para nada. Porquê? Existem problemas que não têm resolução através da lei, e este é um deles. O
alcoolismo jovem é uma questão que se resolve, ou não, em casa. Por mais que tente, o Estado não consegue
substituir a família. Será que um governo de direita não percebe este postulado conservador?
Por que razão uma lei seca sobre menores de 18 anos não resolve nada? Porque haverá sempre o amigo de 18/19 anos
a comprar bebidas para depois distribuir pelos amigos ainda menores. Dizem que esta prática tem uma alcunha
espanhola, o botelhão. No meu tempo, o fenómeno tinha um nome mais simples, a litrosa. Mas, como é óbvio, o ponto
não está nesta natural rebeldia dos filhos, mas na cobardia dos pais. Se um jovem de 16 anos passa do normal beber-
umas-cervejas-com-amigos para um demencial olá-sou-o-Jorge-tenho-16-anos-e-sou-alcoólico, isso tem apenas uma
causa: os pais não colocaram travões no menino. Os paizinhos, moderninhos, amiguinhos dos filhinho, quiserem
perceber as bebedeiras do "Jorge", como se fossem um cruzamento entre psicólogos e amigos. No processo,
toleraram algumas dezenas de carraspanas sem um castigo à altura. Porque um castigo podia traumatizar o "Jorge",
coitadinho. E sabem que mais? Estes são os mesmos pais que oferecem ao filho um carro de 200cv assim que ele tira a
carta. E depois falam em azar quando o "Jorge" tem um acidente. Quem diria? Apesar de não ter mãos para um kart,
recebe uma bomba com 200cv. Quem diria? Mas, ora essa, o "Jorge" queria muito aquele carro e a "gente não teve
coragem para dizer que não".
Com pais assim, as leis não resolvem nada. A educação é recebida em casa. Lei seca para jovens? Não, isto só se
resolvia com umas palmadinhas nos paizinhos moderninhos, essas figuras que produzem pérolas pedagógicas como
esta: não, o "Jorge" não pode ir fazer recados ao outro lado da rua, mas já pode ir sozinho para uma semana de
copos a 2 mil km de casa.
http://expresso.sapo.pt/gen.pl?p=print&op=view&fokey=ex.stories/716380&sid=ex.s... 03-04-2012