O documento discute vários tópicos de atualidade em Portugal incluindo: 1) Uma "guerra" entre dois grupos de mídia e seu envolvimento com serviços secretos e maçonaria; 2) Problemas com o Banco de Portugal e BPN; 3) Fraqueza da liderança nos EUA e Europa.
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OPINIãO
A esquina do Rio
05 Agosto 2011 | 11:52
Manuel Falcão -
Nem Dan Brown se lembraria de uma história que consegue juntar uma guerra pessoal
entre os donos de dois grupos de media, os serviços secretos e a maçonaria
Thriller
Nem Dan Brown se lembraria de uma história que consegue juntar uma guerra pessoal entre os donos de
dois grupos de media, os serviços secretos e a maçonaria, numa teia de interesses, favores e ligações
pouco claras com áreas do Programa do Governo, como a privatização da RTP, em pano de fundo. Acresce
que pelo meio existe uma campanha lançada no twitter, com autores desconhecidos (mas que deixaram
rasto), e que atacava uma das partes - Balsemão e a Impresa - e defendia a outra - a Ongoing e Silva
Carvalho -, como relatou esta semana Luís Paixão Martins na edição "online" da "Briefing". Nunca a "silly
season" tinha tido uma produção deste calibre.
Dinheirinho
Vale a pena lembrar qual foi a actuação do regulador, o Banco de Portugal, quando se percebeu, há uns
anos atrás, que o BPN estava com problemas: assobiou para o ar e deixou o poder político fazer o que lhe
convinha, como antes tinha fechado os olhos a todas as irregularidades que levaram o Banco à situação em
que ficou. Os responsáveis directos continuam por julgar, mas as suas acções já custaram milhões aos
contribuintes portugueses. E quem andou a fechar os olhos ao que faziam, como sempre acontece em
Portugal, foi premiado com sinecuras no estrangeiro. O custo final do BPN, pago por todos os portugueses,
serviria para o Estado pagar o que deve - uma dívida que está a asfixiar a economia e que é um dos mais
sérios problemas, sobre o qual, infelizmente, não se vê serem tomadas medidas. Neste assunto há
infelizmente dois pesos e duas medidas: ao BPN o Estado pagou logo e aparentemente vai pagar mais
agora; mas os atrasos das transferências do Estado para empresas, organismos e instituições continuam, e
estão a ter repercussões terríveis.
Crise
A novidade da semana é que Obama já não empolga. Bem se esforçou por mobilizar e agitar os seus
concidadãos por causa da questão do tecto da dívida norte-americana, mas já não conseguiu e teve que se
contentar com a velha política para resolver o problema. Nisto os Estados Unidos e a Europa estão no
mesmo barco: liderança fraca, ausência de rumo, falta de criatividade, conformismo resignado.
Perguntinha
Agora que já se percebeu que o Tratado de Lisboa foi rasgado aos bocadinhos recordem-me lá em quanto
ficou a brincadeira e recordem-me a quem é que o Governo de Sócrates adjudicou as principais fatias da
despesa.
Ouvir
Henry Mancini foi um dos grandes compositores de bandas sonoras para filmes e séries de televisão,
alguém que verdadeiramente lhes deu outro significado. Com Johnny Mercer fez canções como "Days Of
Wine And Roses", "Charade" ou "Moon River" ou temas instrumentais como "The Pink Panther", "Peter
Gunn", "Dreamsville" ou "Soldier In The Rain". Em 1964, Quincy Jones, então ainda um jovem músico, com
31 anos, juntou a sua banda e pegou nestes e noutros temas, fez novos arranjos e transformou por
completo algumas das composições de Mancini. Fê-lo de uma forma brilhante, com o seu enorme talento
criativo concentrado em reinventar o que já era conhecido. O resultado é empolgante, desde a forma como
introduziu um inesperado "swing" em "Moon River", até à maneira como aumenta o ritmo de "Charade" ou
à forma divertida e contagiante como passa por "Pink Panther". A Verve/Universal pegou no disco original
"Quincy Jones explores the music of Henry Mancini" e voltou a colocá-lo no mercado.
http://www.jornaldenegocios.pt/imprimirNews_v2.php?id=500135 31-08-2011
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Provar
A Cantina LX é um bom porto onde rumar nestas noites estivais em Lisboa. Despretensioso e com comida
honesta, com um serviço simpático, instalações amplas e confortáveis, é o local ideal para um jantar de
amigos - de meia dúzia até duas dezenas sempre se arranja espaço, sem apertões. Na mesa hão-de estar
boas azeitonas temperadas, pão fresco mas que pelo sabor parece dos tempos antigos, um prato de vários
enchidos assados e uns queijinhos saborosos. A lista tem muitas possibilidades, as propostas do dia são
sempre de ter em conta, mas se apanhar asa de raia não hesite. Nos pratos mais ou menos fixos as
bochechas de porco preto e as almofadinhas de bacalhau com arroz de amêijoas são escolhas seguras. O
vinho da casa apresenta-se bem, mas há uma lista de opções a preços módicos. Dificilmente a conta
passará dos 20 euros. A Cantina LX fica em Alcântara, logo à entrada da LX Factory, do lado esquerdo e
está aberta de terça a sábado. Aceita reservas no telefone 213 628 238.
Ver
Até 25 de Setembro o Museu Nacional de Arte Antiga apresenta a exposição "Confrontos: Bosch e o seu
Círculo", que coloca o Tríptico das Tentações de Santo Antão, da colecção do MNAA, em confronto com o
Tríptico do Juízo Final e o Tríptico das Provações de Job, ambos da colecção do museu de Bruges. A
exposição debruça-se sobre as variantes e os traços comuns de processo criativo destes trípticos, com
recurso também a exames laboratoriais. É a primeira vez que se juntam, em Portugal, três grandes
pinturas de Bosch e do seu círculo, pretexto para uma viagem pelo universo fantástico destas obras do
século XVI.
Arco da Velha
A próxima série do programa "Peso Pesado" já tem 15.000 inscritos.
Semanada
As falências de empresas portuguesas cresceram 71% no 2º trimestre, ultrapassando a barreira das 2.000
nesse período; O BPN foi vendido por um valor que significa aproximadamente 250.000 euros por cada
balcão; o ministro da E conomia foi ao Parlamento apontar objectivos, mas esqueceu-se de dizer como
tencionava atingi-los; não há crise no futebol: Porto, Benfica e Sporting já gastaram mais de 80 milhões de
euros em novos jogadores; os 500 primeiros exemplares do Zé Povinho a fazer um manguito à Moody's,
vendidos a 33 euros cada, esgotaram em uma semana, caso para dizer que as Faianças Bordalo Pinheiro
merecem uma subida de notação.
Agenda
O Festival dos Oceanos conseguiu convencer uma série de instituições lisboetas a, até 11 de Agosto,
fazerem noitada. Eassim uma trintena de locais como o MUDE o Museu Colecção Berardo, o Museu do
,
Oriente, O Museu das Marionetas, o Museu nacional de Arte Antiga, o Museu dos Coches e os Jerónimos, o
Museu do Azulejo, o Museu do Fado e até o Museu Maçónico, estarão abertos aos visitantes até às 24h00.
Todas as informações em www.festivaldosoceanos.com.
Ler
Muito boa a edição da revista "E goísta" de Junho. O tema é o traço que, como bem diz Mário Assis Ferreira,
o seu director, "pode ser um embrião da arte, a hesitação de um gesto um desvendar da alma". Gostei
muito dos traços de João Loureiro, de Luís Alves, de Marco Mendes e Rute Reimão e muitíssimo dos de
Ricardo Cabral. A revista tem também traços de nomes como Júlio Pomar, Malangatana, Joana Vasconcelos
e Henrique Cayatte e surpresas traçadas por José E duardo Agualusa - além de uma história desenhada por
Rodrigo Prazeres Saias. É uma revista quase sem palavras e que usa bem as poucas que imprimiu, como
esta frase de Millôr Fernandes, que está logo na primeira página: "Viver é desenhar sem borracha".
www.twitter.com/mfalcao
mfalcao@gmail.com
www.aesquinadorio.blogs.sapo.pt
http://www.jornaldenegocios.pt/imprimirNews_v2.php?id=500135 31-08-2011