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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
         CENTRO DE TECNOLOGIA – CTEC
            ENGENHARIA AMBIENTAL




                  BIOMAS DO BRASIL
                   CAMPOS SULINOS




CURSO: Engenharia Ambiental
DISCIPLINA: Ecologia
PROFESSOR: Roberto Augusto Caffaro Filho
GRUPO: Aryane Mota de Oliveira
       Arthur Lira Estanislau Silva
       Brunno Rodrigo Leite Anacleto




                       Maceió, 23 de setembro de 2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
  CENTRO DE TECNOLOGIA - CTEC




      BIOMAS DO BRASIL
       CAMPOS SULINOS




                          Relatório referente à pesquisa sobre os Biomas
                   do Brasil, em específico o Bioma: Campos Sulinos.
                   Realizado sob a orientação do professor Roberto
                   Augusto Caffaro Filho.




         Maceió, 23 de setembro de 2009

                                                                 2
SUMÁRIO




1. Introdução

       Campos se referem a um tipo de vegetação composta predominantemente por
gramíneas e outras herbáceas, classificado como Estepe no sistema fitogeográfico
internacional, e que alimenta aproximadamente 65 milhões de ruminantes (BERRETA,
2001). A fisionomia predominante desses campos é herbácea, em relevo de planície
com várias espécies de Poaceae, Asteraceae, Cyperaceae, Fabaceae, Rubiaceae,
Apiaceae e Verbenaceae (MMA, 2000).

                                                                              3
Os campos naturais que ocorrem ao sul do Brasil, Campos Sulinos, são um dos
sete Biomas1 brasileiros classificados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) (Arruda, 2001). A vegetação desta região foi
classificada por Veloso et al (1991) como estepe, apresentando diferentes fisionomias:
arborizada, parque e gramíneo-lenhosa.
        No Brasil os Campos Sulinos também são conhecidos como: Campos do Sul,
Campanha Gaúcha ou Pampa2. Porém, os Pampas são apenas um pedaço das terras dos
Campos Sulinos. O Bioma engloba também campos mais altos e algumas áreas
semelhantes a savanas.


2. Localização e Extensão

        O Bioma Campos compreende 500mil km² (latitudes: 24° e 35° S; longitudes:
57° e 63° W), abrangendo o Uruguai, Nordeste da Argentina, Sul do Brasil, e parte do
Paraguai (PALLARÉS et al 2005) (Figura 1). A parte brasileira do Bioma e representa
2,07 % (176.496 km²) do território nacional (Tabela 1). O seu reconhecimento como
Bioma é recente, pois somente a partir de 2004 o Bioma Campos Sulinos foi
desmembrado do Bioma Mata Atlântica. Segundo o IBGE (2005), ele abrange a metade
meridional do Estado do Rio Grande do Sul (RS), se delimitando apenas com o Bioma
Mata Atlântica na metade norte do Estado (Figura 2). Cabe ressaltar que a denominação
oficial do Bioma ainda passa por avaliações dos órgãos responsáveis por sua legislação
e delimitação geográfica, podendo sofrer alterações. Atualmente a área reconhecida
compreende aproximadamente 63% da área total do Estado (Figura 3) (Carvalho, P.C.F.
et al 2006).




                       Tabela 1 – Percentual dos sete Biomas brasileiros
1
  Bioma – é conceituado como um conjunto de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de
tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e
história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria (IBGE, 2005).
2
  Pampa – de origem indígena quéchua, que significa "região plana”, é um nome genericamente dado à
região pastoril de planícies com coxilhas3(Wikipedia [1]).
3
  Coxilhas – colinas localizadas em regiões de campos, podendo ter pequena ou grande elevação, em geral
coberta de pastagem (Wikipedia [2]).
        Segundo Marcelo Madeira, chefe da Divisão Técnica (DITEC) da
Superintendência do IBAMAS/RS, onde atua como coordenador do Grupo de Trabalho
do Bioma Pampa, constatou-se que 60% da vegetação nativa do Bioma já foi suprimida.
Para proteger, minimamente, o restante do pampa, foi feito o Zoneamento Ambiental
para a Silvicultura – ZAS -, que, considerando “a área do pampa stricto sensu,
localizada principalmente na metade sul do estado e a oeste da Lagoa dos Patos até os
limites com a Argentina e o Uruguai”, não atinge “nem 7.000 hectares, ou cerca de
0,04% do Bioma” (IHUon-line[1], 2007).
                                                                                                       4
Figura 1 – Abrangência continental do Bioma Campos Sulinos




Figura 2 – Campos Sulinos dentre os 7
          Biomas nacionais                    Figura 3 – Delimitação oficial do Bioma
                                                      Campos (IBGE, 2005).


3. Fatores Ambientais

        Os Campos Sulinos, de acordo com seus fatores ambientais (clima, solo, relevo,
precipitação, vegetação...) podem ser descritos e caracterizados da seguinte maneira:

3.1 Clima

       Os Campos Sulinos são marcados por um clima subtropical, sendo caracterizado
por altas temperaturas no verão, chegando a 35ºC (Figura 4), possuindo um inverno
marcado com geadas (Figura 5) podendo, também, haver a ocorrência de neve em
algumas regiões (Figura 6), registrando temperaturas negativas.




                                                                                    5
Figura 4 – Verão nos Campos Sulinos                  Figura 5 – Geada nos Campos Sulinos




                             Figura 6 – Neve nos Campos Sulinos

3.2 Solo

         Na região dos Pampas o solo é fértil. Por isso, estes campos são normalmente
procurados para desenvolvimento de atividades agrícolas. Ainda mais férteis são as
áreas com solo do tipo "terra roxa4" (Figuras 7 e 8).
         Em áreas de planalto os solos são também avermelhados, mas não possuem a
fertilidade da terra roxa. Na planície litorânea o solo é bastante arenoso.




    Figura 7 – Cor avermelhada do solo                       Figura 8 – Solo de Terra Roxa

4
 Terra Roxa – batizado assim devido ao nome que receberam dos italianos que vieram para o Brasil
trabalhar na lavoura. Por causa de sua cor avermelhada eles chamavam o solo de terra rossa, pois em
italiano, rosso é vermelho. Porém é conhecido por “terra roxa” pela confusão de rosso, do italiano, com
roxo, em português (Wikipedia [3]).
3.3 Relevo

       O relevo nos Campos Sulinos é suavemente ondulado, aplainado entre 500m e
800m de altitude. Predominam planícies (Figura 9), mas podem ser encontradas
algumas colinas (Figura 10), na região conhecidas como “coxilhas”. Além das coxilhas
existem também alguns planaltos. Cavernas e grutas são comuns. A pedra do Segredo,


                                                                                                     6
em Caçapava do Sul, tem 160 metros de altura e três cavernas em seu interior (Figura
11).




 Figura 9 – Vista da região de planície         Figura 10 – Vista da região de colinas




             Figura 11 – Vista da Pedra do Segredo, exemplo de planaltos

3.4 Precipitação

       A precipitação média está em torno de 1200mm e 1600 mm anuais com chuvas
concentradas nos meses de inverno sendo um clima frio e úmido (da Silva Júnior &
Sasson,1995; Uzunian & Birner, 2001).

3.5 Vegetação

        Ecologicamente, é um Bioma caracterizado por uma vegetação composta por
gramíneas, plantas rasteiras e algumas árvores e arbustos encontrados próximos a cursos
d'água, que não são abundantes.
        A vegetação é predominantemente herbácea, com alturas que variam de 10 a 50
cm, dentre elas gramíneas, leguminosas e compostas, compondo uma paisagem
homogênea (Figura 12). As gramíneas mais frequentes são dos gêneros Andropogon,
Aristida, Paspalum, Panicum e Eragrotis.




                                                                                         7
Figura 12 – Vegetação herbácea

       A vegetação vai se tornando diversificada nas proximidades de áreas mais altas,
caracterizada por ser mais densa, arbustiva e arbórea nas encostas de planaltos, onde
existem matas com grandes pinheiros, e ao longo dos cursos de água, além de haver a
ocorrência de banhados (Chomenko, 2006).
       Entre as árvores de maior porte, que são fornecedoras de madeira, temos o louro-
pardo, o cedro, a cabreúva, a grápia, a guajuvira, a caroba, a canafístula, a bracatinga, a
unha-de-gato, o pau-de-leite, a canjerana, o guatambu, a timbaúva, o angico-vermelho,
entre outras espécies características como a palmeira-anã (Diplothemium campestre).
Nestas regiões, chamadas de campos altos, é encontrada a Mata de Araucária, onde a
espécie vegetal predominante é o pinheiro-do-paraná. Entretanto, somente 39% de sua
área total ainda são constituídas por remanescentes de campos naturais (Pillar apud
Buckup, 2007).
       Próximo ao litoral, a paisagem é marcada pela presença de banhados, ambientes
alagados onde aparecem juncos, gravatás e aguapés. O mais conhecido banhado é o de
Taim, onde foi criada, em 1998, uma estação ecológica administrada pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para
preservação de tão importante ecossistema.

3.6 Hidrografia

        Destacam-se como rios importantes deste Bioma o Santa Maria, o Uruguai, o
Jacuí, o Ibicuí e o Vacacaí. Estes e outros da região se dividem em três bacias
hidrográficas: a do Uruguai, a do Guaíba e a Litorânea (Figura 13). Trata-se de rios que
apresentam boas condições para navegação, constituindo verdadeiras hidrovias na
região.
        Próximos ao litoral existem muito lagos e lagoas. A Lagoa dos Patos, localizada
no município de São Lourenço do Sul, é a maior laguna do Brasil e a segunda maior da
América Latina, com 265 km de comprimento.




                                                                                         8
Figura 13 – Bacias Hidrográficas e Lagos que banham os Campos Sulinos

3.7 Litologia

       A tabela 2 mostra uma ilustração do esquema de eventos geológicos que
ocorreram nas unidades litológicas expostas no Pampa Olaen, Cordoba, Argentina
(modificado de Sureda et al., 2002). A partir desta ilustração é possível aproveitar os
dados para a realidade dos Campos Sulinos (ou Pampas do Brasil).




    Tabela 2 – Unidades litológicas expostas no Pampa Olaen, Cordoba, Argentina

                                                                                     9
3.8 Geomorfologia

       A geomorfologia dos Campos Sulinos está inserida dentro do contexto
geomorfológico do Estado do Rio Grande do Sul. Conforme a Figura 14, a extensão que
comporta o maior percentual de área do Bioma é composta por quase toda parte Centro-
sul do Estado, ou seja: Planície Litorânea, Planalto Sul-riograndense, Depressão Central
e Planalto da Campanha.
       Porém se for confrontado os mapas das Figuras 1 e 14, percebe-se que os
Campos Sulinos se estendem também por parte do Planalto das Araucárias.




                Figura 14 – Mapa Geomorfológico do Rio Grande do Sul


4. Organismos

        Estimativas recentes indicam que esta região é composta de pelo menos 3.000
plantas vasculares, com 450 espécies de gramíneas e 150 de leguminosas, além de 385
aves e 90 mamíferos (Nabinger, 2007), sendo parte destas espécies chamadas
endêmicas, pois só ocorrem neste ecossistema. É por isto que os campos pampeanos, na
sua composição de flora e fauna, podem ser considerados tão importantes quanto uma
floresta tropical, para a conservação da biodiversidade planetária.
        Entre as árvores de maior porte, que são fornecedoras de madeira, temos o louro-
pardo, o cedro, a cabreúva, a grápia, a guajuvira, a caroba, a canafístula, a bracatinga, a
unha-de-gato, o pau-de-leite, a canjerana, o guatambu, a timbaúva, o angico-vermelho,
entre outras espécies características como a palmeira-anã (Diplothemium campestre). Os
campos sulinos possuem uma diversidade de mais de 515 espécies. Já os terrenos planos
das planícies e planaltos gaúchos e as coxilhas, de relevo suave-ondulado, são
colonizadas por espécies pioneiras campestres que formam uma vegetação do tipo
‘savana aberta’ (Ambiente Brasil, 2007).
                                                                                        10
4.1 Produtores

        Em recente estudo desenvolvido na região (Boldrini et al. 2006) dos campos de
altitude, envolvendo Rio Grande do Sul e Santa Catarina, no entorno do rio Pelotas e
afluentes, foram contabilizadas 1.087 espécies. As famílias com maior número de
representantes foram: Asteraceae (277), Poaceae (238), Fabaceae (88), Cyperaceae (71),
Solanaceae (31), Apiaceae (30), Rubiaceae (29), Lamiaceae (24) e Euphorbiaceae (23),
as quais constituem 75% (809 spp.) do total de espécies. As demais famílias perfazem
25% (278 spp.).
        Um aspecto a ser salientado é que nem sempre as famílias com maior riqueza
específica são as mais importantes para a caracterização da fisionomia dos campos. A
família Asteraceae, por exemplo, apresenta uma riqueza específica maior que Poaceae,
porém, esta última é a que predomina na caracterização das áreas estudadas. Outro
exemplo é a família Fabaceae que, embora apresente uma riqueza específica
considerável, não contribui expressivamente para a fisionomia, uma vez que as
populações geralmente encontram-se dispersas na vegetação e muitas vezes
entremeadas e escondidas por extensas populações de espécies de Poaceae.
        Entre as gramíneas destacam-se, na fisionomia dos campos bem drenados,
Andropogon lateralis, Axonopus siccus, Paspalum maculosum, Schizachyrium tenerum
e Schizachyrium spicatum. Nos campos mal drenados, salienta-se Andropogon
macrothrix e Paspalum pumilum, embora Andropogon lateralis também ocorra nestes
ambientes. A dominância de espécies cespitosas eretas e de ciclo estival, nos campos da
região, é característica, como descrito em Boldrini (1997) e Boldrini et al. (2000).
        A família Asteraceae se caracteriza pela expressiva diversidade florística, bem
como populacional. Seus táxons apresentam variados hábitos em suas diversificadas
formas biológicas e, devido a sua extraordinária beleza ornamental, os campos são
cobertos por um colorido diverso durante o período de florescimento das múltiplas
espécies que os compõem . Entre as espécies que se destacam nos ambientes desta
região, citam-se: Holocheilus monocephalus, Perezia eringioides, Trichocline
catharinensis, Hypochaeris lutea, Hypochaeris radicata, Vernonia catharinensis,
Vernonia tweedieana, Eupatorium tanacetifolium, Mikania decumbens, Baccharis
nummularia, Baccharis riograndensis, Baccharis uncinella, Calea phyllolepis, Senecio
conyzifolius, Senecio juergensii, Senecio oleosus, Senecio pulcher f. albiflorus
(Matzenbacher 1998).
        Dentre as Fabaceae, vários táxons herbáceos são característicos dos campos de
altitude sul-brasileiros, e muitos com xilopódios desenvolvidos, possivelmente uma
adaptação ao fogo utilizado ao longo de muitos anos. Cabe destacar Trifolium
riograndense, espécie estolonífera de flores vermelhas, Vicia graminea var. nigricarpa,
espécie volúvel e Tephrosia adunca. Lathyrus paranensis habita os banhados, sempre
em associação com Eryngium pandanifolium, o gravatá-do-banhado. Em locais
protegidos do campo e em beiras de estrada, sem interferência de gado, destacam-se
Galactia neesii e espécies de Adesmia, como Adesmia tristis, Adesmia ciliata e Lupinus
spp., com grande potencial ornamental pelo colorido variado de suas flores, como
Lupinus paranensis, (Pinheiro & Miotto 2001). Talvez a leguminosa mais freqüente da
região seja Macroptilium prostratum.
        A família Apiaceae, representada principalmente pelo gênero Eryngium, com 18
espécies, é fisionomicamente muito importante. Nas baixadas úmidas típicas do
planalto, a fisionomia é dada por Eryngium pandanifolium. Já nos campos secos e
alterados, principalmente pelo uso do fogo, são características grandes populações de
Eryngium horridum.

                                                                                    11
Para a família Cyperaceae, cujas espécies estão geralmente associadas a
ambientes mais úmidos, verificou-se que as mais abundantes no Planalto ocorrem em
campos secos, como é o caso de Bulbostylis sphaerocephala, Rhynchospora flexuosa e
Rhynchospora globosa, indicando a presença constante de umidade nos ambientes de
altitude. Os banhados são cobertos por Eleocharis bonariensis e Rhynchospora tenuis.
        Entre as demais famílias, destacam-se na fisionomia, espécies de Petunia, como
Petunia altiplana (Solanaceae) e de Glandularia, como Glandularia megapotamica
(Verbenaceae), pela beleza de suas flores. Algumas espécies de monocotiledôneas
também se destacam pelo potencial ornamental, como Hippeastrum breviflorum,
Hippeastrum santacatarina (Amaryllidaceae) e Alstroemeria isabelleana
(Alstroemeriaceae).

4.2 Consumidores

        Dos organismos consumidores existentes nos Campos Sulinos podemos citar
algumas espécies de mamíferos, aves, repteis, anfíbios, peixes e insetos.
        Dentre os mamíferos ocorrentes em vegetação de campo, áreas abertas e capões,
proximidade a corpos d’água e bordas de mato, foram constatadas: gambá-da-orelha
branca, tatu-galinha, morcego-pescador rato-do-junco, rato-do-mato, preá, cutia,
graxaim-do-campo, puma ou leão-baio, zorrilho, veado-mateiro, veado-catingueiro,
veado e veado-campeiro.
        As aves com alta frequência de ocorrência são: o pombão, o chimango e a
corruíra que indicam a predominância de ambientes alterados pelo homem. Além delas,
outras espécies consideradas obrigatórias de campo são registradas: o quero-quero
(Vanellus chilensis), a perdiz (Nothura maculosa), o polícia-inglesa (Sturnella
superciliaris), o chopim-do-brejo (Pseudoleistes guirahuro), e o veste-amarela
(Xanthopsar flavus) (Fontana et. al. 2006).
        Fazem parte das 50 espécies de peixes catalogadas o lambari-listrado, o lambari-
azul, o tamboatá, o surubim e o cação-anjo. Dentre os répteis grupo está a tartaruga-
verde-e-amarela, a jararaca-do-banhado, a cobra-cipó e o cágado-de-barbicha. Entre os
insetos, podemos destacar a vespa da madeira e o conhecido bicho-da-maçã, também
chamado traça-das-frutas.

4.3 Teia Alimentar

          Uma teia alimentar é caracterizada pela forma demonstrada na Figura 15 a
seguir:




                                Figura 15 – Teia Alimentar



                                                                                     12
Um exemplo de teia alimentar característico dos Campos Sulinos pode visto na
Figura 16 abaixo:




           Figura 16 – Exemplo de uma teia alimentar dos Campos Sulinos


5. Espécies Endêmicas e Ameaçadas

        Endemismos e espécies ameaçadas são indicadores importantes para a indicação
de áreas para conservação e revelam locais com particularidades próprias. No pampa
gaúcho, há, no mínimo, 2,5 mil espécies da flora e de trezentas a quatrocentas espécies
de aves. Dessas 2,5 mil espécies da flora, 10% estão em situação de ameaça. O Decreto
42.099, de dezembro de 2002, estabelece a lista da flora ameaçada do Rio Grande do
Sul, e há 607 espécies em extinção, sendo que 250 delas estão na região do pampa
(IHUon-line[2], 2007).
        Da flora local foram identificadas 57 espécies endêmicas (Boldrini et al. 2006).
Muitas espécies hibernais ou hiberno-primaveris são endêmicas e ou raras nesta região.
Destacam-se as gramíneas Agrostis lenis, Agrostis longiberbis, Agrostis ramboi, Briza
scabra, Briza brasiliensis, Calamagrostis reitzii, Deschampsia caespitosa, Glyceria
multiflora, Melica arzivencoi, Piptochaetium alpinum, Poa bradei e Stipa brasiliensis.
Com uma distribuição mais ampla nos campos de altitude, envolvendo Rio Grande do
Sul, Santa Catarina e Paraná salientam-se: Stipa sellowiana, Stipa planaltina, Stipa
rhizomata, Stipa vallsii e Briza brachychaetae (Kämpf 1975; Longhi-Wagner 1987;
Zanin et al.1992). Espécies endêmicas estivais: Axonopus ramboi e Paspalum barretoi.
        Muitas leguminosas são exclusivas destes campos entremeados na mata com
araucária: Adesmia rocinhensis, Lathyrus paraguariensis, Lathyrus parodii (rara),
Lupinus rubriflorus, Lupinus uleanus, Lupinus magnistipulatus e Tephrosia adunca
(Miotto & Leitão Filho 1993; Pinheiro & Miotto 2001; Neubert & Miotto 2001).
        As compostas Holocheilos monocephalus, Pamphalea smithii, Pamphalea
ramboi, Pamphalea araucariofila, Peresia cubatensis e Senecio pulcher f. albiflorus
(Matzenbacker 1998; Mondin, C.) são exclusivas destes campos. Podem-se destacar,
ainda, espécies endêmicas de Apiaceae, como Eryngium ramboanum, Eryngium
urbanianum, Eryngium smithii, Eryngium zosterifolium e Eryngium falcifolium (Irgang
1974). Buddleja ramboi (Loganiaceae) e Salvia congestiflora (Lamiaceae) são
endêmicas da borda dos penhascos.
        No trabalho desenvolvido por Boldrini et al. (2006), encontraram-se 36 espécies
ameaçadas de extinção (SEMA 2003), as quais foram classificadas segundo os

                                                                                     13
parâmetros gerais adotados pela União Internacional para a Conservação da Natureza
(IUCN 2001).
        No estudo desenvolvido nos campos de altitude por Freitas et al. (2006), foram
registradas 44 espécies de mamíferos, das quais nove encontram-se categorizadas em
algum grau de risco de extinção, uma espécie possivelmente endêmica e três são
invasoras.
        Quanto às espécies ameaçadas, há pelo menos nove espécies constantes na Lista
Oficial de Espécies Ameaçadas do IBAMA e algumas outras constantes na Lista
Vermelha dos Animais Ameaçados de Extinção do Rio Grande do Sul. Dentre estas,
cabe ressaltar: Tamandua tetradactyla, Puma concolor, Leopardus pardalis,
Leoparddus wieddi, Leopardus tigrinus, Herpailurus yagarondi, Lontra longicaudis,
Mazama americana, Mazana nana e Alouatta guariba (Bencke et al. 2003). A maioria
destas espécies encontra-se ameaçada principalmente pela destruição e redução do
hábitat, seguido da perseguição e morte pelo ser humano. Além disso, espécies
ameaçadas de extinção, historicamente registradas para a região, como o lobo-guará
(Chrysocyon brachyurus) e o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) não
possuem registros há pelo menos 10 anos e encontram-se possivelmente extintas
localmente.
        Um dos animais mais ameaçados de extinção é o Gato dos Pampas (Felis
Colocolo) (Figura 17)que mede 85 cm, sendo 25 cm de calda. O habitat dele se estende
desde o Sul da Patagônia, por quase toda a Argentina, Chile, peru e Equador. É de
hábito noturno, como a maioria dos felinos. No Brasil atinge o Estado de Mato grosso
do Sul, onde é encontrado em todo “chapadão”.




                    Figura 17 – Gato dos Pampas (Felis Colocolo)

        A região se destaca pelo grande número de espécies de aves ameaçadas de
extinção no Estado, como é o caso de Xolmis dominicanus e Anthus nattereri e
endêmicas do sul do Brasil, como Amazona pretrei e Cinclodes pabsti. Entre as 70
espécies ameaçadas para a região, destacam-se Gallinago undulata, o narcejão e as
espécies do gênero Sporophila, ocorrentes em campos, geralmente perseguidas em
função da comercialização e manutenção em cativeiro.
        Quase 23% da avifauna ameaçada, registrada para a região do Planalto das
Araucárias gaúcho e catarinense é representada por espécies de áreas abertas, como o
veste-amarela e a noivinha-de-rabo-preto (Fontana et. al. 2006). A freqüência
relativamente alta dessas aves indica que grande parte da população mundial de algumas
espécies pode depender da preservação dos campos e banhados desta região.


                                                                                   14
O trabalho desenvolvido por Fontana et. al. (2006) destacou as espécies mais
freqüentes observadas: o pica-pau-do-campo (Colaptes campestris), o perdigão
(Rhynchotus rufescens), e a seriema (Cariama cristata), típicas de campos, além de
Zonotrichia capensis.
       Segundo Bilenca & Miñarro (2004) pelo menos 25 espécies de aves dos pampas
e campos encontram-se ameaçadas tanto em escala global como regional, demonstrando
que o ambiente campestre detém parcela de biodiversidade que precisa ser protegida.


6. Unidades de Conservação

       Dentre as unidades de conservação existentes no Rio Grande do Sul (Figura 18)
das que abragem o Bioma Campos Sulinos citamos duas importantes: a Área de
Proteção Ambiental do Ibirapuitã e a Estação Ecológica do Taim.




             Figura18 – Unidades de Conservação no Rio Grandre do Sul

6.1 APA do Ibirapuitã

        A APA do Ibirapuitã (Figura 19) está localizada na região sudoeste do Rio
Grande do Sul, nos municípios de Alegrete (15,22%), Quaraí (12,22%), Santana do
Livramento (56,81%) e Rosário do Sul (15,75%) num perímetro de 260 km, fazendo
divisa com o Uruguai (Figuras 20a e 20b).




                                                                                 15
Figura – Cantagalo, Quaraí/RS - Interior da APA do Ibirapuitã/ICMBio




   Figura 19a – Localização da APA               Figura 19b – Municípios/APA

               Foi criada em 20 de maio de 1992 pelo Decreto Federal n°529. Possui
uma extensão territorial de 318.757,00 hectares. E em seu decreto ficou instituído os
seguintes artigos:

        Art. 1° Fica declarada, localizada nos Municípios de Alegrete, Quaraí, Rosário
do Sul e Santana do Livramento, no Estado do Rio Grande do Sul, a porção territorial e
águas jurisdicionais, conforme descrita no art. 2° adiante, com o objetivo de garantir a
conservação de expressivos remanescentes de mata aluvial e dos recursos hídricos ali
existentes; melhorar a qualidade de vida das populações residentes através da orientação
e disciplina as atividades econômicas locais; fomentar o turismo ecológico, a educação
ambiental e a pesquisa científica; preservar a cultura e a tradição do gaúcho da fronteira;
além de proteger espécies ameaçadas de extinção a nível regional.

       Art. 2° A APA do Ibirapuitã apresenta a seguinte delimitação, baseada nas cartas
topográficas SH.21-X-C, SH.21-Z-A e SH.21-Z-B, de escala 1:250.000, da Diretoria do
Serviço Geográfico do Exército (DSG):

        Limite Norte/Leste: partindo do Ponto 1 de coordenadas geográficas
aproximadas 29°57'24"S e 55°40'15"W, situado no encontro da RS-183 com uma
vicinal, segue pelo bordo da RS-183, sentido Sudeste Arroio Caverá, até o Ponto 2 de
coordenadas geográficas aproximadas 30°14'18"S e 55°29'36',W. daí, segue pelo divisor
de águas do Rio Ibirapuitã e do Arroio Caverá até, o Ponto 3 de coordenadas
geográficas aproximadas 30°27'36"S e 55°21'06"W, situado próximo à cabeceira do
Arroio Caberá; daí, segue pelo divisor de águas do Rio Ibirapuitã e do Arroio Ibicuí da

                                                                                        16
Faxina, até o Ponto 4 de coordenadas geográficas aproximadas 30°50'12"S e
55°34'42"W, situado na fronteira internacional Brasil/Uruguai (Marco de Fronteira
718);
        Limite Sul: do ponto antes descrito, segue pela fronteira internacional
Brasil/Uruguai, passando pelos marcos de fronteira 718 a 768, até o Ponto 5 de
coordenadas geográficas aproximadas 30°51'48"S e 55°39'30"W, situado na Estância
Ventania;
        Limite Oeste: do ponto antes descrito, segue por um caminho no divisor de
águas do Rio Ibirapuitã e do Rio Quaraí até a BR-293, no Ponto 6 de coordenadas
geográficas aproximadas 30°48'00"S e 55°40'48"W; daí, segue pelo bordo direito da
BR-293, sentido Alegrete, até o Ponto 7 de coordenadas geográficas aproximadas
30°27'24"S e 55°55'18"W, situado no entroncamento desta BR com uma estrada vicinal,
de acesso à Estância Vista Alegre; daí, segue por uma linha reta de azimute e distância
aproximados de 22°00'00" e 10.000 metros, até o Ponto 8 de coordenadas geográficas
aproximadas 30°22'12"S e 55°53'00"W, situado próximo a Coxilha São Rafael; dai,
segue pelo divisor de águas do Rio Ibirapuitã e do Arroio Pai-Passo até o Ponto 9 de
coordenadas geográficas aproximadas 30°08'42"S e 55°47'12"W, situado na cabeceira
da Restinga Carambola; daí, segue por esta restinga, a jusante, até encontrar uma estrada
vicinal de ligação da localidade denominada Pai-Passo à Estância Repouso Carumbaú,
no Ponto 10 de coordenadas geográficas aproximadas 30°05'42"S e 55°47'24"W; daí,
segue pela referida vicinal, até o Ponto 1, início da descrição deste perímetro,
perfazendo uma área de aproximadamente 318.000 hectares e perímetro de 260
quilômetros.

6.2 Estação Ecológica do Taim (ESEC Taim)

        Estação Ecológica do Taim foi criada em 1978, é administrada pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Possui
uma área de 33.815 hectares, situando-se na estreita faixa de terra entre o Ocean
Atlântico e a Lagoa Mirim. Compreende partes dos municípios de Santa Vitória do
Palmar e Rio Grande, no Estado do Rio Grande do Sul.
        O acesso à estação ecológica se faz através da BR-471, estrada que atravessa
longitudinalmente a área da estação. O objetivo principal é de proteger um dos
principais ecossistemas do país, bem como proporcionar meios para que universidades e
outras instituições possam fazer estudos ecológicos.
        A planície costeira do Rio Grande do Sul apresenta áreas de grande expressão no
contexto ambiental do extremo sul do Brasil, originada pelos avanços e recuos do mar.
        Os banhados do Taim (Figuras 1a e 1b) apresentam diversificados ecossistemas
e estão representados pelas praias lagunares e marinhas, lagoas, pântanos, campos,
cordão de dunas e campo de dunas.
        Diante dessa variedade ambiental, podem ser encontradas várias espécies de
animais, tais como o joão-de-barro, tartarugas, tuco-tuco, capivaras, ratão-do-banhado,
jacaré-de-papo-amarelo e abundante ave-fauna. A flora, igualmente diversa, apresenta:
figueiras, corticeiras, quaresmeiras, orquídeas, bromélias, cactos, juncos e aguapés.




                                                                                      17
Figuras 1 a e 1 b – Banhado do Taim


7. Pressões Antrópicas

         A economia da porção meridional, localizada na Metade Sul, menos
industrializada é baseada em atividades rurais, como a pecuária de corte (Figura 21). O
Pampa é um dos únicos locais onde se produz carne com pastagens naturais, resultando
em um boi verde com carne de excelente qualidade. E apesar de abranger metade do
território, a região concentra um quarto da população, sendo responsável por apenas
21% do PIB do Estado. É nesse contexto que se insere boa parte da extensão do Bioma
Campos Sulinos, ou seja, grande parte de sua extensão, hoje, está ocupada por
propriedades que lidam com o gado (Observatório Social, 2008).




                        Figura 21 - Pecuária bovina nos Campos Sulinos

       A agricultura também existe na região. O plantio de arroz, soja e eucalipto é
responsável por grande parte do desmatamento e erosão do solo nos pampas. Porém,
nenhuma das ameaças que circundam este Bioma, nos dias atuais, é tão preocupante
como a expansão das plantações de árvores exóticas (eucalipto, pinus e acácia-negra)
que vem ocorrendo na região.
       Em 2001, o Rio Grande do Sul possuía uma área ocupada por monocultivos de
eucalipto, pinus e acácia-negra e aproximadamente 400 mil ha. Atualmente, as
estimativas indicam que, nos próximos anos, mais um milhão de hectares de terras
gaúchas, em sua maior parte formadas por campos, serão convertidas em um milhão de
hectares de autênticos ‘desertos verdes’. Isto para possibilitar a instalação, até 2010, de
pelo menos três grandes fábricas de celulose no território sul-riograndense.
                                                                                        18
O desenvolvimento deste projeto de tornar o Rio Grande do Sul um pólo de
‘celulose e papel’ caminha a passos largos, apesar de existirem inúmeros alertas, por
parte de ambientalistas e cientistas, sobre os impactos socioambientais negativos que as
plantações de árvores podem acarretar ao Pampa.
         Enumerando os problemas diretamente ligados a desenvolvimento econômico
pelo plantio da celulose pose-se citar: sombreamento agressivo, potencial alelopático
negativo, invasão de ecossistemas, efeitos sobre os recursos hídricos
         O sombreamento agressivo deve-se ao fato de que muitas das plantas do Bioma
campestre são heliófitas (plantas amigas do Sol), não sendo resistentes ao
sombreamento, o que pode acarretar em uma drástica redução populacional ou até à
supressão de várias espécies de plantas, muitas das quais endêmicas e de valor
medicinal com grande potencial a ser pesquisado.
         O potencial alelopático negativo é característico das espécies do gênero
Eucalyptus, sobre o qual inúmeros estudos fazem referência, verifica-se que muitas
espécies de plantas possuem seu desenvolvimento retardado e prejudicado pela simples
presença de raízes ou folhas de eucaliptos no solo ao seu redor.
         A invasão de ecossistemas não se dá apenas pela mão humana, uma vez que
estas espécies de pinus possuem uma forte capacidade de invasão. É o pinus uma
espécie invasora em potencial, capaz de “ocupar o espaço de espécies nativas e
produziralterações nos processos ecológicos naturais”. Como exemplo disto, há o caso
da África do Sul, onde os 1,5 milhão de hectares plantados com eucalipto, acácia e
pinus, redundaram em 1,7 milhão de hectares invadidos, muitos deles compostos por
savanas com várias espécies raras.
         E por último, os efeitos sobre os recursos hídricos. Uma das mais sérias
conseqüências que as plantações de árvores em larga escala podem ocasionar. Inúmeros
artigos e estudos científicos já atestaram o grande consumo de água que árvores como
eucaliptos e pinus apresentam. No Pampa argentino, fronteiriço ao Pampa gaúcho,
pesquisas recentes, indicaram que as extensas plantações de eucalipto desta região
resultaram: na redução de 52% do fluxo da água dos rios, na seca de 13% dos rios,
córregos e arroios e no aumento da acidez dos solos.
         Num comentário dos resultados de pesquisas uruguaias sobre o tema, esta é uma
das constatações: “... a evapotranspiração real (o consumo de água por árvores) é muito
mais elevado que a do campo natural, – presumidamente todos os meses do ano, e não
somente no verão...”. É justamente esta defasagem entre o consumo de água e as
precipitações de várias regiões pampeanas que acarretaria na diminuição das águas dos
lençóis freáticos, dos rios e arroios, afetando a água disponível para os demais plantios e
para o abastecimento da população local. Além disto, este impacto pode afetar até
mesmo o Aqüífero Guarani, cujo manancial de água se estende sob boa parte do
território pampeano (SCHNADELBACH, 2007).


8. Particularidades

        Os Campos Sulinos possuem algumas particularidades que os diferem dos outros
seis Biomas brasileiros. Dois deles são citados a seguir:

8.1 O porquê da existência de campos se o clima é favorável a florestas

        Um pesquisador chamado Lindmann em 1906 fez a seguinte pergunta: “Por que
tanto campo no RS se o clima seria favorável à presença de florestas (Figura 22)?”

                                                                                        19
Figura 22 – Ilustração da evolução da vegetação

        Os períodos climáticos que ocorreram entre 42.000-10.000a.C são fundamentais
para a resposta a esta pergunta. Desde a era gelo, as gramíneas dominam, indicando que
o clima era frio e seco. Não havia árvores, apenas em vales, matas ciliares e planícies
úmidas.
        Em 10,00 a.C as temperaturas se elevaram mas as araucárias não expandiram-se
pois o clima permaneceu seco. A mata Atlântica migrou para o sul ao longo da costa
onde as condições eram mais favoráveis, formando-se mosaicos com campos.
        De 10.000a.C até os dias atuais o fogo tornou-se cada vez mais presente. Isto
ocorreu provavelmente pela chegada de indígenas que se alimentavam da caça e
realizavam o manejo do seu habitat. Durante este período houve uma definição de um
clima mais estacional. Nessa época, também, os grandes herbívoros extinguiram-se.
        Em torno de 4000a.C o clima tornou-se úmido, permitindo a expansão das
florestas, principalmente ao longo dos cursos d´água. A velocidade de expansão
aumentou grandemente até 1100a.C, levando a substituição das pastagens nativas pela
floresta, formando grandes áreas florestais no planalto do RS, Serra do Nordeste e mata
ciliar nas demais áreas do RS. Porém esta expansão na ocorreu de forma a ocupar todo
o espaço hoje ocupado pelos Campos Sulinos.
        Outros fatores surgiram já no século 17 com a introdução de eqüinos e bovinos
por parte dos Jesuíta. Assim, a produção pecuária tornou-se uma importante atividade
econômica até hoje.
        Com isso, a resposta a pergunta pode-se resumir a: fogo e pastejo, visto que
estes são os principais fatores que impedem a expansão das florestas em áreas de
pastagens naturais, onde as condições climáticas são favoráveis às florestas.

8.2 Importâncias da sua preservação

       Os campos deste Bioma, pela sua diversidade biológica (flora, invertebrados,
peixes, répteis e anfíbios, aves e mamíferos), além dos fatores abióticos e pressão
antrópica a que estão submetidos, estão contemplados como área de extrema
importância biológica para conservação, as regiões da Campanha Gaúcha, Serra do
Sudeste e Planície Costeira e com muita alta importância biológica para conservação, os
Campos do Planalto e os Campos de Baixada de Bagé (MMA 2002).

                                                                                    20
Comparados às florestas e às savanas, os campos tem importante contribuição na
preservação da biodiversidade, principalmente por atenuar o efeito estufa e auxiliar no
controle da erosão. Na parte brasileira do Bioma, existem cerca de três mil espécies de
plantas vasculares, sendo que aproximadamente 400 são gramíneas, como capim-
mimoso. A paisagem é homogênea e plana, assemelhando-se, para quem os avista de
longe, a um imenso tapete verde.
        Muito comum na região é a utilização desta vegetação como suporte alimentar
para a produção pecuária, devido à diversidade de plantas com alto valor forrageiro
existente neste Bioma (Nabinger et al., 2000). A produção animal é uma das principais
atividades econômicas do Bioma, uma vez que as pastagens naturais cobrem
aproximadamente 95 % da região. Belas paisagens, com animais pastejando livremente
em grandes espaços ao longo do ano, conferem um notável apelo de origem ao produto
natural e ao ecoturismo.
        Entre os anos de 1970 e 2005, estima-se que 4,7 milhões de hectares de
pastagens nativas foram convertidos em outros usos agrícolas, como lavouras e
plantações de árvores exóticas (Pillar, 2006). Esta violenta supressão da vegetação
campestre natural do Pampa gaúcho tornasse ambientalmente ainda mais grave diante
da imensa riqueza da biodiversidade nela existente.
        Entre outros motivos para sua preservação, acrescenta-se o fato de que abaixo do
solo dos Campos Sulinos está o Aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água
doce subterrânea do mundo, dividida entre Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai
(Figura 23).




        Figura 23 – Aquifero Guarani e sua extensão sobre os Campos Sulinos




                                                                                     21
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                                                                                  22
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Campos Sulinos

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CENTRO DE TECNOLOGIA – CTEC ENGENHARIA AMBIENTAL BIOMAS DO BRASIL CAMPOS SULINOS CURSO: Engenharia Ambiental DISCIPLINA: Ecologia PROFESSOR: Roberto Augusto Caffaro Filho GRUPO: Aryane Mota de Oliveira Arthur Lira Estanislau Silva Brunno Rodrigo Leite Anacleto Maceió, 23 de setembro de 2009
  • 2. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CENTRO DE TECNOLOGIA - CTEC BIOMAS DO BRASIL CAMPOS SULINOS Relatório referente à pesquisa sobre os Biomas do Brasil, em específico o Bioma: Campos Sulinos. Realizado sob a orientação do professor Roberto Augusto Caffaro Filho. Maceió, 23 de setembro de 2009 2
  • 3. SUMÁRIO 1. Introdução Campos se referem a um tipo de vegetação composta predominantemente por gramíneas e outras herbáceas, classificado como Estepe no sistema fitogeográfico internacional, e que alimenta aproximadamente 65 milhões de ruminantes (BERRETA, 2001). A fisionomia predominante desses campos é herbácea, em relevo de planície com várias espécies de Poaceae, Asteraceae, Cyperaceae, Fabaceae, Rubiaceae, Apiaceae e Verbenaceae (MMA, 2000). 3
  • 4. Os campos naturais que ocorrem ao sul do Brasil, Campos Sulinos, são um dos sete Biomas1 brasileiros classificados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) (Arruda, 2001). A vegetação desta região foi classificada por Veloso et al (1991) como estepe, apresentando diferentes fisionomias: arborizada, parque e gramíneo-lenhosa. No Brasil os Campos Sulinos também são conhecidos como: Campos do Sul, Campanha Gaúcha ou Pampa2. Porém, os Pampas são apenas um pedaço das terras dos Campos Sulinos. O Bioma engloba também campos mais altos e algumas áreas semelhantes a savanas. 2. Localização e Extensão O Bioma Campos compreende 500mil km² (latitudes: 24° e 35° S; longitudes: 57° e 63° W), abrangendo o Uruguai, Nordeste da Argentina, Sul do Brasil, e parte do Paraguai (PALLARÉS et al 2005) (Figura 1). A parte brasileira do Bioma e representa 2,07 % (176.496 km²) do território nacional (Tabela 1). O seu reconhecimento como Bioma é recente, pois somente a partir de 2004 o Bioma Campos Sulinos foi desmembrado do Bioma Mata Atlântica. Segundo o IBGE (2005), ele abrange a metade meridional do Estado do Rio Grande do Sul (RS), se delimitando apenas com o Bioma Mata Atlântica na metade norte do Estado (Figura 2). Cabe ressaltar que a denominação oficial do Bioma ainda passa por avaliações dos órgãos responsáveis por sua legislação e delimitação geográfica, podendo sofrer alterações. Atualmente a área reconhecida compreende aproximadamente 63% da área total do Estado (Figura 3) (Carvalho, P.C.F. et al 2006). Tabela 1 – Percentual dos sete Biomas brasileiros 1 Bioma – é conceituado como um conjunto de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria (IBGE, 2005). 2 Pampa – de origem indígena quéchua, que significa "região plana”, é um nome genericamente dado à região pastoril de planícies com coxilhas3(Wikipedia [1]). 3 Coxilhas – colinas localizadas em regiões de campos, podendo ter pequena ou grande elevação, em geral coberta de pastagem (Wikipedia [2]). Segundo Marcelo Madeira, chefe da Divisão Técnica (DITEC) da Superintendência do IBAMAS/RS, onde atua como coordenador do Grupo de Trabalho do Bioma Pampa, constatou-se que 60% da vegetação nativa do Bioma já foi suprimida. Para proteger, minimamente, o restante do pampa, foi feito o Zoneamento Ambiental para a Silvicultura – ZAS -, que, considerando “a área do pampa stricto sensu, localizada principalmente na metade sul do estado e a oeste da Lagoa dos Patos até os limites com a Argentina e o Uruguai”, não atinge “nem 7.000 hectares, ou cerca de 0,04% do Bioma” (IHUon-line[1], 2007). 4
  • 5. Figura 1 – Abrangência continental do Bioma Campos Sulinos Figura 2 – Campos Sulinos dentre os 7 Biomas nacionais Figura 3 – Delimitação oficial do Bioma Campos (IBGE, 2005). 3. Fatores Ambientais Os Campos Sulinos, de acordo com seus fatores ambientais (clima, solo, relevo, precipitação, vegetação...) podem ser descritos e caracterizados da seguinte maneira: 3.1 Clima Os Campos Sulinos são marcados por um clima subtropical, sendo caracterizado por altas temperaturas no verão, chegando a 35ºC (Figura 4), possuindo um inverno marcado com geadas (Figura 5) podendo, também, haver a ocorrência de neve em algumas regiões (Figura 6), registrando temperaturas negativas. 5
  • 6. Figura 4 – Verão nos Campos Sulinos Figura 5 – Geada nos Campos Sulinos Figura 6 – Neve nos Campos Sulinos 3.2 Solo Na região dos Pampas o solo é fértil. Por isso, estes campos são normalmente procurados para desenvolvimento de atividades agrícolas. Ainda mais férteis são as áreas com solo do tipo "terra roxa4" (Figuras 7 e 8). Em áreas de planalto os solos são também avermelhados, mas não possuem a fertilidade da terra roxa. Na planície litorânea o solo é bastante arenoso. Figura 7 – Cor avermelhada do solo Figura 8 – Solo de Terra Roxa 4 Terra Roxa – batizado assim devido ao nome que receberam dos italianos que vieram para o Brasil trabalhar na lavoura. Por causa de sua cor avermelhada eles chamavam o solo de terra rossa, pois em italiano, rosso é vermelho. Porém é conhecido por “terra roxa” pela confusão de rosso, do italiano, com roxo, em português (Wikipedia [3]). 3.3 Relevo O relevo nos Campos Sulinos é suavemente ondulado, aplainado entre 500m e 800m de altitude. Predominam planícies (Figura 9), mas podem ser encontradas algumas colinas (Figura 10), na região conhecidas como “coxilhas”. Além das coxilhas existem também alguns planaltos. Cavernas e grutas são comuns. A pedra do Segredo, 6
  • 7. em Caçapava do Sul, tem 160 metros de altura e três cavernas em seu interior (Figura 11). Figura 9 – Vista da região de planície Figura 10 – Vista da região de colinas Figura 11 – Vista da Pedra do Segredo, exemplo de planaltos 3.4 Precipitação A precipitação média está em torno de 1200mm e 1600 mm anuais com chuvas concentradas nos meses de inverno sendo um clima frio e úmido (da Silva Júnior & Sasson,1995; Uzunian & Birner, 2001). 3.5 Vegetação Ecologicamente, é um Bioma caracterizado por uma vegetação composta por gramíneas, plantas rasteiras e algumas árvores e arbustos encontrados próximos a cursos d'água, que não são abundantes. A vegetação é predominantemente herbácea, com alturas que variam de 10 a 50 cm, dentre elas gramíneas, leguminosas e compostas, compondo uma paisagem homogênea (Figura 12). As gramíneas mais frequentes são dos gêneros Andropogon, Aristida, Paspalum, Panicum e Eragrotis. 7
  • 8. Figura 12 – Vegetação herbácea A vegetação vai se tornando diversificada nas proximidades de áreas mais altas, caracterizada por ser mais densa, arbustiva e arbórea nas encostas de planaltos, onde existem matas com grandes pinheiros, e ao longo dos cursos de água, além de haver a ocorrência de banhados (Chomenko, 2006). Entre as árvores de maior porte, que são fornecedoras de madeira, temos o louro- pardo, o cedro, a cabreúva, a grápia, a guajuvira, a caroba, a canafístula, a bracatinga, a unha-de-gato, o pau-de-leite, a canjerana, o guatambu, a timbaúva, o angico-vermelho, entre outras espécies características como a palmeira-anã (Diplothemium campestre). Nestas regiões, chamadas de campos altos, é encontrada a Mata de Araucária, onde a espécie vegetal predominante é o pinheiro-do-paraná. Entretanto, somente 39% de sua área total ainda são constituídas por remanescentes de campos naturais (Pillar apud Buckup, 2007). Próximo ao litoral, a paisagem é marcada pela presença de banhados, ambientes alagados onde aparecem juncos, gravatás e aguapés. O mais conhecido banhado é o de Taim, onde foi criada, em 1998, uma estação ecológica administrada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para preservação de tão importante ecossistema. 3.6 Hidrografia Destacam-se como rios importantes deste Bioma o Santa Maria, o Uruguai, o Jacuí, o Ibicuí e o Vacacaí. Estes e outros da região se dividem em três bacias hidrográficas: a do Uruguai, a do Guaíba e a Litorânea (Figura 13). Trata-se de rios que apresentam boas condições para navegação, constituindo verdadeiras hidrovias na região. Próximos ao litoral existem muito lagos e lagoas. A Lagoa dos Patos, localizada no município de São Lourenço do Sul, é a maior laguna do Brasil e a segunda maior da América Latina, com 265 km de comprimento. 8
  • 9. Figura 13 – Bacias Hidrográficas e Lagos que banham os Campos Sulinos 3.7 Litologia A tabela 2 mostra uma ilustração do esquema de eventos geológicos que ocorreram nas unidades litológicas expostas no Pampa Olaen, Cordoba, Argentina (modificado de Sureda et al., 2002). A partir desta ilustração é possível aproveitar os dados para a realidade dos Campos Sulinos (ou Pampas do Brasil). Tabela 2 – Unidades litológicas expostas no Pampa Olaen, Cordoba, Argentina 9
  • 10. 3.8 Geomorfologia A geomorfologia dos Campos Sulinos está inserida dentro do contexto geomorfológico do Estado do Rio Grande do Sul. Conforme a Figura 14, a extensão que comporta o maior percentual de área do Bioma é composta por quase toda parte Centro- sul do Estado, ou seja: Planície Litorânea, Planalto Sul-riograndense, Depressão Central e Planalto da Campanha. Porém se for confrontado os mapas das Figuras 1 e 14, percebe-se que os Campos Sulinos se estendem também por parte do Planalto das Araucárias. Figura 14 – Mapa Geomorfológico do Rio Grande do Sul 4. Organismos Estimativas recentes indicam que esta região é composta de pelo menos 3.000 plantas vasculares, com 450 espécies de gramíneas e 150 de leguminosas, além de 385 aves e 90 mamíferos (Nabinger, 2007), sendo parte destas espécies chamadas endêmicas, pois só ocorrem neste ecossistema. É por isto que os campos pampeanos, na sua composição de flora e fauna, podem ser considerados tão importantes quanto uma floresta tropical, para a conservação da biodiversidade planetária. Entre as árvores de maior porte, que são fornecedoras de madeira, temos o louro- pardo, o cedro, a cabreúva, a grápia, a guajuvira, a caroba, a canafístula, a bracatinga, a unha-de-gato, o pau-de-leite, a canjerana, o guatambu, a timbaúva, o angico-vermelho, entre outras espécies características como a palmeira-anã (Diplothemium campestre). Os campos sulinos possuem uma diversidade de mais de 515 espécies. Já os terrenos planos das planícies e planaltos gaúchos e as coxilhas, de relevo suave-ondulado, são colonizadas por espécies pioneiras campestres que formam uma vegetação do tipo ‘savana aberta’ (Ambiente Brasil, 2007). 10
  • 11. 4.1 Produtores Em recente estudo desenvolvido na região (Boldrini et al. 2006) dos campos de altitude, envolvendo Rio Grande do Sul e Santa Catarina, no entorno do rio Pelotas e afluentes, foram contabilizadas 1.087 espécies. As famílias com maior número de representantes foram: Asteraceae (277), Poaceae (238), Fabaceae (88), Cyperaceae (71), Solanaceae (31), Apiaceae (30), Rubiaceae (29), Lamiaceae (24) e Euphorbiaceae (23), as quais constituem 75% (809 spp.) do total de espécies. As demais famílias perfazem 25% (278 spp.). Um aspecto a ser salientado é que nem sempre as famílias com maior riqueza específica são as mais importantes para a caracterização da fisionomia dos campos. A família Asteraceae, por exemplo, apresenta uma riqueza específica maior que Poaceae, porém, esta última é a que predomina na caracterização das áreas estudadas. Outro exemplo é a família Fabaceae que, embora apresente uma riqueza específica considerável, não contribui expressivamente para a fisionomia, uma vez que as populações geralmente encontram-se dispersas na vegetação e muitas vezes entremeadas e escondidas por extensas populações de espécies de Poaceae. Entre as gramíneas destacam-se, na fisionomia dos campos bem drenados, Andropogon lateralis, Axonopus siccus, Paspalum maculosum, Schizachyrium tenerum e Schizachyrium spicatum. Nos campos mal drenados, salienta-se Andropogon macrothrix e Paspalum pumilum, embora Andropogon lateralis também ocorra nestes ambientes. A dominância de espécies cespitosas eretas e de ciclo estival, nos campos da região, é característica, como descrito em Boldrini (1997) e Boldrini et al. (2000). A família Asteraceae se caracteriza pela expressiva diversidade florística, bem como populacional. Seus táxons apresentam variados hábitos em suas diversificadas formas biológicas e, devido a sua extraordinária beleza ornamental, os campos são cobertos por um colorido diverso durante o período de florescimento das múltiplas espécies que os compõem . Entre as espécies que se destacam nos ambientes desta região, citam-se: Holocheilus monocephalus, Perezia eringioides, Trichocline catharinensis, Hypochaeris lutea, Hypochaeris radicata, Vernonia catharinensis, Vernonia tweedieana, Eupatorium tanacetifolium, Mikania decumbens, Baccharis nummularia, Baccharis riograndensis, Baccharis uncinella, Calea phyllolepis, Senecio conyzifolius, Senecio juergensii, Senecio oleosus, Senecio pulcher f. albiflorus (Matzenbacher 1998). Dentre as Fabaceae, vários táxons herbáceos são característicos dos campos de altitude sul-brasileiros, e muitos com xilopódios desenvolvidos, possivelmente uma adaptação ao fogo utilizado ao longo de muitos anos. Cabe destacar Trifolium riograndense, espécie estolonífera de flores vermelhas, Vicia graminea var. nigricarpa, espécie volúvel e Tephrosia adunca. Lathyrus paranensis habita os banhados, sempre em associação com Eryngium pandanifolium, o gravatá-do-banhado. Em locais protegidos do campo e em beiras de estrada, sem interferência de gado, destacam-se Galactia neesii e espécies de Adesmia, como Adesmia tristis, Adesmia ciliata e Lupinus spp., com grande potencial ornamental pelo colorido variado de suas flores, como Lupinus paranensis, (Pinheiro & Miotto 2001). Talvez a leguminosa mais freqüente da região seja Macroptilium prostratum. A família Apiaceae, representada principalmente pelo gênero Eryngium, com 18 espécies, é fisionomicamente muito importante. Nas baixadas úmidas típicas do planalto, a fisionomia é dada por Eryngium pandanifolium. Já nos campos secos e alterados, principalmente pelo uso do fogo, são características grandes populações de Eryngium horridum. 11
  • 12. Para a família Cyperaceae, cujas espécies estão geralmente associadas a ambientes mais úmidos, verificou-se que as mais abundantes no Planalto ocorrem em campos secos, como é o caso de Bulbostylis sphaerocephala, Rhynchospora flexuosa e Rhynchospora globosa, indicando a presença constante de umidade nos ambientes de altitude. Os banhados são cobertos por Eleocharis bonariensis e Rhynchospora tenuis. Entre as demais famílias, destacam-se na fisionomia, espécies de Petunia, como Petunia altiplana (Solanaceae) e de Glandularia, como Glandularia megapotamica (Verbenaceae), pela beleza de suas flores. Algumas espécies de monocotiledôneas também se destacam pelo potencial ornamental, como Hippeastrum breviflorum, Hippeastrum santacatarina (Amaryllidaceae) e Alstroemeria isabelleana (Alstroemeriaceae). 4.2 Consumidores Dos organismos consumidores existentes nos Campos Sulinos podemos citar algumas espécies de mamíferos, aves, repteis, anfíbios, peixes e insetos. Dentre os mamíferos ocorrentes em vegetação de campo, áreas abertas e capões, proximidade a corpos d’água e bordas de mato, foram constatadas: gambá-da-orelha branca, tatu-galinha, morcego-pescador rato-do-junco, rato-do-mato, preá, cutia, graxaim-do-campo, puma ou leão-baio, zorrilho, veado-mateiro, veado-catingueiro, veado e veado-campeiro. As aves com alta frequência de ocorrência são: o pombão, o chimango e a corruíra que indicam a predominância de ambientes alterados pelo homem. Além delas, outras espécies consideradas obrigatórias de campo são registradas: o quero-quero (Vanellus chilensis), a perdiz (Nothura maculosa), o polícia-inglesa (Sturnella superciliaris), o chopim-do-brejo (Pseudoleistes guirahuro), e o veste-amarela (Xanthopsar flavus) (Fontana et. al. 2006). Fazem parte das 50 espécies de peixes catalogadas o lambari-listrado, o lambari- azul, o tamboatá, o surubim e o cação-anjo. Dentre os répteis grupo está a tartaruga- verde-e-amarela, a jararaca-do-banhado, a cobra-cipó e o cágado-de-barbicha. Entre os insetos, podemos destacar a vespa da madeira e o conhecido bicho-da-maçã, também chamado traça-das-frutas. 4.3 Teia Alimentar Uma teia alimentar é caracterizada pela forma demonstrada na Figura 15 a seguir: Figura 15 – Teia Alimentar 12
  • 13. Um exemplo de teia alimentar característico dos Campos Sulinos pode visto na Figura 16 abaixo: Figura 16 – Exemplo de uma teia alimentar dos Campos Sulinos 5. Espécies Endêmicas e Ameaçadas Endemismos e espécies ameaçadas são indicadores importantes para a indicação de áreas para conservação e revelam locais com particularidades próprias. No pampa gaúcho, há, no mínimo, 2,5 mil espécies da flora e de trezentas a quatrocentas espécies de aves. Dessas 2,5 mil espécies da flora, 10% estão em situação de ameaça. O Decreto 42.099, de dezembro de 2002, estabelece a lista da flora ameaçada do Rio Grande do Sul, e há 607 espécies em extinção, sendo que 250 delas estão na região do pampa (IHUon-line[2], 2007). Da flora local foram identificadas 57 espécies endêmicas (Boldrini et al. 2006). Muitas espécies hibernais ou hiberno-primaveris são endêmicas e ou raras nesta região. Destacam-se as gramíneas Agrostis lenis, Agrostis longiberbis, Agrostis ramboi, Briza scabra, Briza brasiliensis, Calamagrostis reitzii, Deschampsia caespitosa, Glyceria multiflora, Melica arzivencoi, Piptochaetium alpinum, Poa bradei e Stipa brasiliensis. Com uma distribuição mais ampla nos campos de altitude, envolvendo Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná salientam-se: Stipa sellowiana, Stipa planaltina, Stipa rhizomata, Stipa vallsii e Briza brachychaetae (Kämpf 1975; Longhi-Wagner 1987; Zanin et al.1992). Espécies endêmicas estivais: Axonopus ramboi e Paspalum barretoi. Muitas leguminosas são exclusivas destes campos entremeados na mata com araucária: Adesmia rocinhensis, Lathyrus paraguariensis, Lathyrus parodii (rara), Lupinus rubriflorus, Lupinus uleanus, Lupinus magnistipulatus e Tephrosia adunca (Miotto & Leitão Filho 1993; Pinheiro & Miotto 2001; Neubert & Miotto 2001). As compostas Holocheilos monocephalus, Pamphalea smithii, Pamphalea ramboi, Pamphalea araucariofila, Peresia cubatensis e Senecio pulcher f. albiflorus (Matzenbacker 1998; Mondin, C.) são exclusivas destes campos. Podem-se destacar, ainda, espécies endêmicas de Apiaceae, como Eryngium ramboanum, Eryngium urbanianum, Eryngium smithii, Eryngium zosterifolium e Eryngium falcifolium (Irgang 1974). Buddleja ramboi (Loganiaceae) e Salvia congestiflora (Lamiaceae) são endêmicas da borda dos penhascos. No trabalho desenvolvido por Boldrini et al. (2006), encontraram-se 36 espécies ameaçadas de extinção (SEMA 2003), as quais foram classificadas segundo os 13
  • 14. parâmetros gerais adotados pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN 2001). No estudo desenvolvido nos campos de altitude por Freitas et al. (2006), foram registradas 44 espécies de mamíferos, das quais nove encontram-se categorizadas em algum grau de risco de extinção, uma espécie possivelmente endêmica e três são invasoras. Quanto às espécies ameaçadas, há pelo menos nove espécies constantes na Lista Oficial de Espécies Ameaçadas do IBAMA e algumas outras constantes na Lista Vermelha dos Animais Ameaçados de Extinção do Rio Grande do Sul. Dentre estas, cabe ressaltar: Tamandua tetradactyla, Puma concolor, Leopardus pardalis, Leoparddus wieddi, Leopardus tigrinus, Herpailurus yagarondi, Lontra longicaudis, Mazama americana, Mazana nana e Alouatta guariba (Bencke et al. 2003). A maioria destas espécies encontra-se ameaçada principalmente pela destruição e redução do hábitat, seguido da perseguição e morte pelo ser humano. Além disso, espécies ameaçadas de extinção, historicamente registradas para a região, como o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) não possuem registros há pelo menos 10 anos e encontram-se possivelmente extintas localmente. Um dos animais mais ameaçados de extinção é o Gato dos Pampas (Felis Colocolo) (Figura 17)que mede 85 cm, sendo 25 cm de calda. O habitat dele se estende desde o Sul da Patagônia, por quase toda a Argentina, Chile, peru e Equador. É de hábito noturno, como a maioria dos felinos. No Brasil atinge o Estado de Mato grosso do Sul, onde é encontrado em todo “chapadão”. Figura 17 – Gato dos Pampas (Felis Colocolo) A região se destaca pelo grande número de espécies de aves ameaçadas de extinção no Estado, como é o caso de Xolmis dominicanus e Anthus nattereri e endêmicas do sul do Brasil, como Amazona pretrei e Cinclodes pabsti. Entre as 70 espécies ameaçadas para a região, destacam-se Gallinago undulata, o narcejão e as espécies do gênero Sporophila, ocorrentes em campos, geralmente perseguidas em função da comercialização e manutenção em cativeiro. Quase 23% da avifauna ameaçada, registrada para a região do Planalto das Araucárias gaúcho e catarinense é representada por espécies de áreas abertas, como o veste-amarela e a noivinha-de-rabo-preto (Fontana et. al. 2006). A freqüência relativamente alta dessas aves indica que grande parte da população mundial de algumas espécies pode depender da preservação dos campos e banhados desta região. 14
  • 15. O trabalho desenvolvido por Fontana et. al. (2006) destacou as espécies mais freqüentes observadas: o pica-pau-do-campo (Colaptes campestris), o perdigão (Rhynchotus rufescens), e a seriema (Cariama cristata), típicas de campos, além de Zonotrichia capensis. Segundo Bilenca & Miñarro (2004) pelo menos 25 espécies de aves dos pampas e campos encontram-se ameaçadas tanto em escala global como regional, demonstrando que o ambiente campestre detém parcela de biodiversidade que precisa ser protegida. 6. Unidades de Conservação Dentre as unidades de conservação existentes no Rio Grande do Sul (Figura 18) das que abragem o Bioma Campos Sulinos citamos duas importantes: a Área de Proteção Ambiental do Ibirapuitã e a Estação Ecológica do Taim. Figura18 – Unidades de Conservação no Rio Grandre do Sul 6.1 APA do Ibirapuitã A APA do Ibirapuitã (Figura 19) está localizada na região sudoeste do Rio Grande do Sul, nos municípios de Alegrete (15,22%), Quaraí (12,22%), Santana do Livramento (56,81%) e Rosário do Sul (15,75%) num perímetro de 260 km, fazendo divisa com o Uruguai (Figuras 20a e 20b). 15
  • 16. Figura – Cantagalo, Quaraí/RS - Interior da APA do Ibirapuitã/ICMBio Figura 19a – Localização da APA Figura 19b – Municípios/APA Foi criada em 20 de maio de 1992 pelo Decreto Federal n°529. Possui uma extensão territorial de 318.757,00 hectares. E em seu decreto ficou instituído os seguintes artigos: Art. 1° Fica declarada, localizada nos Municípios de Alegrete, Quaraí, Rosário do Sul e Santana do Livramento, no Estado do Rio Grande do Sul, a porção territorial e águas jurisdicionais, conforme descrita no art. 2° adiante, com o objetivo de garantir a conservação de expressivos remanescentes de mata aluvial e dos recursos hídricos ali existentes; melhorar a qualidade de vida das populações residentes através da orientação e disciplina as atividades econômicas locais; fomentar o turismo ecológico, a educação ambiental e a pesquisa científica; preservar a cultura e a tradição do gaúcho da fronteira; além de proteger espécies ameaçadas de extinção a nível regional. Art. 2° A APA do Ibirapuitã apresenta a seguinte delimitação, baseada nas cartas topográficas SH.21-X-C, SH.21-Z-A e SH.21-Z-B, de escala 1:250.000, da Diretoria do Serviço Geográfico do Exército (DSG): Limite Norte/Leste: partindo do Ponto 1 de coordenadas geográficas aproximadas 29°57'24"S e 55°40'15"W, situado no encontro da RS-183 com uma vicinal, segue pelo bordo da RS-183, sentido Sudeste Arroio Caverá, até o Ponto 2 de coordenadas geográficas aproximadas 30°14'18"S e 55°29'36',W. daí, segue pelo divisor de águas do Rio Ibirapuitã e do Arroio Caverá até, o Ponto 3 de coordenadas geográficas aproximadas 30°27'36"S e 55°21'06"W, situado próximo à cabeceira do Arroio Caberá; daí, segue pelo divisor de águas do Rio Ibirapuitã e do Arroio Ibicuí da 16
  • 17. Faxina, até o Ponto 4 de coordenadas geográficas aproximadas 30°50'12"S e 55°34'42"W, situado na fronteira internacional Brasil/Uruguai (Marco de Fronteira 718); Limite Sul: do ponto antes descrito, segue pela fronteira internacional Brasil/Uruguai, passando pelos marcos de fronteira 718 a 768, até o Ponto 5 de coordenadas geográficas aproximadas 30°51'48"S e 55°39'30"W, situado na Estância Ventania; Limite Oeste: do ponto antes descrito, segue por um caminho no divisor de águas do Rio Ibirapuitã e do Rio Quaraí até a BR-293, no Ponto 6 de coordenadas geográficas aproximadas 30°48'00"S e 55°40'48"W; daí, segue pelo bordo direito da BR-293, sentido Alegrete, até o Ponto 7 de coordenadas geográficas aproximadas 30°27'24"S e 55°55'18"W, situado no entroncamento desta BR com uma estrada vicinal, de acesso à Estância Vista Alegre; daí, segue por uma linha reta de azimute e distância aproximados de 22°00'00" e 10.000 metros, até o Ponto 8 de coordenadas geográficas aproximadas 30°22'12"S e 55°53'00"W, situado próximo a Coxilha São Rafael; dai, segue pelo divisor de águas do Rio Ibirapuitã e do Arroio Pai-Passo até o Ponto 9 de coordenadas geográficas aproximadas 30°08'42"S e 55°47'12"W, situado na cabeceira da Restinga Carambola; daí, segue por esta restinga, a jusante, até encontrar uma estrada vicinal de ligação da localidade denominada Pai-Passo à Estância Repouso Carumbaú, no Ponto 10 de coordenadas geográficas aproximadas 30°05'42"S e 55°47'24"W; daí, segue pela referida vicinal, até o Ponto 1, início da descrição deste perímetro, perfazendo uma área de aproximadamente 318.000 hectares e perímetro de 260 quilômetros. 6.2 Estação Ecológica do Taim (ESEC Taim) Estação Ecológica do Taim foi criada em 1978, é administrada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Possui uma área de 33.815 hectares, situando-se na estreita faixa de terra entre o Ocean Atlântico e a Lagoa Mirim. Compreende partes dos municípios de Santa Vitória do Palmar e Rio Grande, no Estado do Rio Grande do Sul. O acesso à estação ecológica se faz através da BR-471, estrada que atravessa longitudinalmente a área da estação. O objetivo principal é de proteger um dos principais ecossistemas do país, bem como proporcionar meios para que universidades e outras instituições possam fazer estudos ecológicos. A planície costeira do Rio Grande do Sul apresenta áreas de grande expressão no contexto ambiental do extremo sul do Brasil, originada pelos avanços e recuos do mar. Os banhados do Taim (Figuras 1a e 1b) apresentam diversificados ecossistemas e estão representados pelas praias lagunares e marinhas, lagoas, pântanos, campos, cordão de dunas e campo de dunas. Diante dessa variedade ambiental, podem ser encontradas várias espécies de animais, tais como o joão-de-barro, tartarugas, tuco-tuco, capivaras, ratão-do-banhado, jacaré-de-papo-amarelo e abundante ave-fauna. A flora, igualmente diversa, apresenta: figueiras, corticeiras, quaresmeiras, orquídeas, bromélias, cactos, juncos e aguapés. 17
  • 18. Figuras 1 a e 1 b – Banhado do Taim 7. Pressões Antrópicas A economia da porção meridional, localizada na Metade Sul, menos industrializada é baseada em atividades rurais, como a pecuária de corte (Figura 21). O Pampa é um dos únicos locais onde se produz carne com pastagens naturais, resultando em um boi verde com carne de excelente qualidade. E apesar de abranger metade do território, a região concentra um quarto da população, sendo responsável por apenas 21% do PIB do Estado. É nesse contexto que se insere boa parte da extensão do Bioma Campos Sulinos, ou seja, grande parte de sua extensão, hoje, está ocupada por propriedades que lidam com o gado (Observatório Social, 2008). Figura 21 - Pecuária bovina nos Campos Sulinos A agricultura também existe na região. O plantio de arroz, soja e eucalipto é responsável por grande parte do desmatamento e erosão do solo nos pampas. Porém, nenhuma das ameaças que circundam este Bioma, nos dias atuais, é tão preocupante como a expansão das plantações de árvores exóticas (eucalipto, pinus e acácia-negra) que vem ocorrendo na região. Em 2001, o Rio Grande do Sul possuía uma área ocupada por monocultivos de eucalipto, pinus e acácia-negra e aproximadamente 400 mil ha. Atualmente, as estimativas indicam que, nos próximos anos, mais um milhão de hectares de terras gaúchas, em sua maior parte formadas por campos, serão convertidas em um milhão de hectares de autênticos ‘desertos verdes’. Isto para possibilitar a instalação, até 2010, de pelo menos três grandes fábricas de celulose no território sul-riograndense. 18
  • 19. O desenvolvimento deste projeto de tornar o Rio Grande do Sul um pólo de ‘celulose e papel’ caminha a passos largos, apesar de existirem inúmeros alertas, por parte de ambientalistas e cientistas, sobre os impactos socioambientais negativos que as plantações de árvores podem acarretar ao Pampa. Enumerando os problemas diretamente ligados a desenvolvimento econômico pelo plantio da celulose pose-se citar: sombreamento agressivo, potencial alelopático negativo, invasão de ecossistemas, efeitos sobre os recursos hídricos O sombreamento agressivo deve-se ao fato de que muitas das plantas do Bioma campestre são heliófitas (plantas amigas do Sol), não sendo resistentes ao sombreamento, o que pode acarretar em uma drástica redução populacional ou até à supressão de várias espécies de plantas, muitas das quais endêmicas e de valor medicinal com grande potencial a ser pesquisado. O potencial alelopático negativo é característico das espécies do gênero Eucalyptus, sobre o qual inúmeros estudos fazem referência, verifica-se que muitas espécies de plantas possuem seu desenvolvimento retardado e prejudicado pela simples presença de raízes ou folhas de eucaliptos no solo ao seu redor. A invasão de ecossistemas não se dá apenas pela mão humana, uma vez que estas espécies de pinus possuem uma forte capacidade de invasão. É o pinus uma espécie invasora em potencial, capaz de “ocupar o espaço de espécies nativas e produziralterações nos processos ecológicos naturais”. Como exemplo disto, há o caso da África do Sul, onde os 1,5 milhão de hectares plantados com eucalipto, acácia e pinus, redundaram em 1,7 milhão de hectares invadidos, muitos deles compostos por savanas com várias espécies raras. E por último, os efeitos sobre os recursos hídricos. Uma das mais sérias conseqüências que as plantações de árvores em larga escala podem ocasionar. Inúmeros artigos e estudos científicos já atestaram o grande consumo de água que árvores como eucaliptos e pinus apresentam. No Pampa argentino, fronteiriço ao Pampa gaúcho, pesquisas recentes, indicaram que as extensas plantações de eucalipto desta região resultaram: na redução de 52% do fluxo da água dos rios, na seca de 13% dos rios, córregos e arroios e no aumento da acidez dos solos. Num comentário dos resultados de pesquisas uruguaias sobre o tema, esta é uma das constatações: “... a evapotranspiração real (o consumo de água por árvores) é muito mais elevado que a do campo natural, – presumidamente todos os meses do ano, e não somente no verão...”. É justamente esta defasagem entre o consumo de água e as precipitações de várias regiões pampeanas que acarretaria na diminuição das águas dos lençóis freáticos, dos rios e arroios, afetando a água disponível para os demais plantios e para o abastecimento da população local. Além disto, este impacto pode afetar até mesmo o Aqüífero Guarani, cujo manancial de água se estende sob boa parte do território pampeano (SCHNADELBACH, 2007). 8. Particularidades Os Campos Sulinos possuem algumas particularidades que os diferem dos outros seis Biomas brasileiros. Dois deles são citados a seguir: 8.1 O porquê da existência de campos se o clima é favorável a florestas Um pesquisador chamado Lindmann em 1906 fez a seguinte pergunta: “Por que tanto campo no RS se o clima seria favorável à presença de florestas (Figura 22)?” 19
  • 20. Figura 22 – Ilustração da evolução da vegetação Os períodos climáticos que ocorreram entre 42.000-10.000a.C são fundamentais para a resposta a esta pergunta. Desde a era gelo, as gramíneas dominam, indicando que o clima era frio e seco. Não havia árvores, apenas em vales, matas ciliares e planícies úmidas. Em 10,00 a.C as temperaturas se elevaram mas as araucárias não expandiram-se pois o clima permaneceu seco. A mata Atlântica migrou para o sul ao longo da costa onde as condições eram mais favoráveis, formando-se mosaicos com campos. De 10.000a.C até os dias atuais o fogo tornou-se cada vez mais presente. Isto ocorreu provavelmente pela chegada de indígenas que se alimentavam da caça e realizavam o manejo do seu habitat. Durante este período houve uma definição de um clima mais estacional. Nessa época, também, os grandes herbívoros extinguiram-se. Em torno de 4000a.C o clima tornou-se úmido, permitindo a expansão das florestas, principalmente ao longo dos cursos d´água. A velocidade de expansão aumentou grandemente até 1100a.C, levando a substituição das pastagens nativas pela floresta, formando grandes áreas florestais no planalto do RS, Serra do Nordeste e mata ciliar nas demais áreas do RS. Porém esta expansão na ocorreu de forma a ocupar todo o espaço hoje ocupado pelos Campos Sulinos. Outros fatores surgiram já no século 17 com a introdução de eqüinos e bovinos por parte dos Jesuíta. Assim, a produção pecuária tornou-se uma importante atividade econômica até hoje. Com isso, a resposta a pergunta pode-se resumir a: fogo e pastejo, visto que estes são os principais fatores que impedem a expansão das florestas em áreas de pastagens naturais, onde as condições climáticas são favoráveis às florestas. 8.2 Importâncias da sua preservação Os campos deste Bioma, pela sua diversidade biológica (flora, invertebrados, peixes, répteis e anfíbios, aves e mamíferos), além dos fatores abióticos e pressão antrópica a que estão submetidos, estão contemplados como área de extrema importância biológica para conservação, as regiões da Campanha Gaúcha, Serra do Sudeste e Planície Costeira e com muita alta importância biológica para conservação, os Campos do Planalto e os Campos de Baixada de Bagé (MMA 2002). 20
  • 21. Comparados às florestas e às savanas, os campos tem importante contribuição na preservação da biodiversidade, principalmente por atenuar o efeito estufa e auxiliar no controle da erosão. Na parte brasileira do Bioma, existem cerca de três mil espécies de plantas vasculares, sendo que aproximadamente 400 são gramíneas, como capim- mimoso. A paisagem é homogênea e plana, assemelhando-se, para quem os avista de longe, a um imenso tapete verde. Muito comum na região é a utilização desta vegetação como suporte alimentar para a produção pecuária, devido à diversidade de plantas com alto valor forrageiro existente neste Bioma (Nabinger et al., 2000). A produção animal é uma das principais atividades econômicas do Bioma, uma vez que as pastagens naturais cobrem aproximadamente 95 % da região. Belas paisagens, com animais pastejando livremente em grandes espaços ao longo do ano, conferem um notável apelo de origem ao produto natural e ao ecoturismo. Entre os anos de 1970 e 2005, estima-se que 4,7 milhões de hectares de pastagens nativas foram convertidos em outros usos agrícolas, como lavouras e plantações de árvores exóticas (Pillar, 2006). Esta violenta supressão da vegetação campestre natural do Pampa gaúcho tornasse ambientalmente ainda mais grave diante da imensa riqueza da biodiversidade nela existente. Entre outros motivos para sua preservação, acrescenta-se o fato de que abaixo do solo dos Campos Sulinos está o Aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água doce subterrânea do mundo, dividida entre Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai (Figura 23). Figura 23 – Aquifero Guarani e sua extensão sobre os Campos Sulinos 21
  • 22. 9. Referências bibliográficas AMBIENTE BRASIL(2007). Disponível em: <http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3? base=./natural/index.html&conteudo=./natural/Biomas/campossulinos.html>. Acesso em: 19/09/2009. ARRUDA, M.B. Ecossistemas brasileiros. Brasília: IBAMA, 2001. 49p. BENCKE, G.A.; Fontana, C.S.; Dias, R.A.; Maurício, G.N.; Mähler, J.K.F. 2003. Aves. Pp. 189 – 480. In: Fontana, C.S.; Bencke, G.A.& Reis, R.E.(eds.). Livro vermelho da fauna ameaçada de extinção no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EDIPUCRS. 632p. BERRETA, E. Ecophysiology and management response of the subtropical grasslands of Southern America. In: GOMIDE, J.A., MATTOS, W.R.S., SILVA, S.C. da (Eds.) XIX International Grassland Congress, Proceedings...p.939-946. 2001. BILENCA, D.N. and F.O. Miñarro. 2004. Áreas valiosas de pastizal en las pampas y campos de Argentina, Uruguay y sur de Brasil. Fundación Vida Silvestre Argentina, Buenos Aires. BOLDRINI, I.I. 1997. Campos do Rio Grande do Sul: caracterização fisionômica e problemática ocupacional. Boletim do Instituto de Biociências/UFRGS. n. 56. 39p. BOLDRINI, I.I.; Eggers, L.; Schlick, F.E. 2000. Florística e fitossociologia da vegetação campesre de Silveira, São José dos Ausentes, RS. In: Reunião Forrageira do Grupo Técnico em Forrageiras do Cone Sul - Zona Campos, 18. Guarapuava, Paraná, 2000. Resumos... Guarapuava, PR, p. 223-225. BOLDRINI, I.I. (ed.) 2006. Relatório Técnico do PROBIO “Biodiversidade dos campos do planalto das araucárias”. Submetido ao MMA. BUCKUP, L. et al. Porque respeitar o zoneamento. Porto Alegre, 2007. CARVALHO, P.C.F. et al. Produção Animal no Bioma Campos Sulinos. Brazilian Journal of AnimalScience, João Pessoa, v. 35, n. Supl. Esp., p. 156-202, 2006. CHOMENKO, L. Implantação de monoculturas: O desenvolvimento na metade sul do Rio Grande do Sul, Brasil. Ecoagencia, 29/06/2006. DA SILVA JÚNIOR, C. & SASSON, S. (1995). Biologia - volume 3 (César e Sezar). Editora Saraiva, São Paulo, 1ª edição, p.397. FONTANA, C. S.; Repenning, M.; Roveder, C. E. 2006. Diversidade de aves. In: Boldrini, I.I. Relatório Técnico do PROBIO. IHUon-line[1], 2007. Revista do Instituto Humanistas Unisinos. O pampa e o monocultivo do eucalipto, São Leopoldo-RS, edição 247, p.1. 22
  • 23. IHUon-line[2], 2007. Revista do Instituto Humanistas Unisinos. O pampa e o monocultivo do eucalipto, São Leopoldo-RS, edição 247, p.14. IUCN 2001. The IUCN red list of threatened species: 2001 Categories and Criteria (version 3.1) Disponível em: http://www.redlist.org/info/categories_criteria2001#c ategories. Acesso em: 22/09/2009 KÄMPF, A. N. 1975. As gramíneas da tribo Agrosteae ocorrentes no Rio Grande do Sul. Anuário Técnico do Instituto de Pesquisas Zootécnicas Francisco Osório, v.2, p. 541-680. LONGHI-WAGNER, H.M. 1987. Gramineae: tribo Poeae. Boletim do Instituto de Biociências, Flora Ilustrada do RS, n. 41, p.1-191. MATZENBACKER, N.I. 1998. O complexo “Senecionóide” (Asteraceae- Senecioneae) no Rio Grande do Sul, Brasil. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tese (Doutorado) – Botânica. UFRGS. 274p. MMA. 2000. Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. 40p. MMA. 2002. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Biodiversidade Brasileira: Avaliação e identificação de áreas e ações prioritárias para conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade nos Biomas brasileiros. Brasília, MMA/SBF, 404p. PINHEIRO, M. & Miotto, S.T.S. 2001. Leguminosae-Faboideae Gênero Lupinus L. Boletim do Instituto de Biociências, Flora Ilustrada do RS, n. 60, p. 1-100. NABINGER, C. De Moraes, A. Maraschin, G.E. Campos in southern Brazil. In: Lelaire, G.; Hodgson, J.; De Moraes, A.; Carvalho, P.C.F.; Nabinger,C. (ed.) Grassland ecophysiology and grazzing ecology. Cambridge: CABI Publishing, 2000. cap.18, p.355-376. NABINGER, C. Potencial do Bioma Pampa. Apresentação feita nenhuma Seminário Internacional "Pampa & Sustentabilidade: opções produtivas para ", Pelotas/RS, maio de 2007. OBSERVATÓRIO SOCIAL, Revista, A peleja do eucalipto, p.10, setembro de 2008. PALLARÉS, O.R., BERRETTA, E.J., MARASCHIN, G.E. THE SOUTH AMERICAN CAMPOS ECOSYSTEM. IN: SUTTIE, J, REYNOLDS, S.G., BATELLO, C. GRASSLANDS OF THE WORLD. FAO. P.171-219. 2005. PILLAR, V.D.P. et al. Estado atual e desafios para a conservação dos campos. Workshop - UFRGS, Porto Alegre, março de 2006. SCHNADELBACH, C. VILLANOVA, O Pampa em disputa – A biodiversidade ameaçada pela expansão das monoculturas de árvores, julho de 2007. 23
  • 24. SEMA. Secretaria Estadual do Meio Ambiente. 2003. Lista Final das Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção no RS. Decreto Estadual, n° 42.099, publicado em 01/01/2003. SUREDA, R.; Omarini, RH; Matteini, M. 2002. 2002. La evolución magmática del basamento en el Noroeste Argentino y sus impliancias geológicas para el Precámbrico de los Andes Centrales. In Congreso Peruano de Geología, No. 11. CD- volumen de Presentaciones Multimedia: 13 p. Lima. UZUNIAN, A. & BIRNER, E. (2001). Biologia - volume único. São Paulo, Editora Harbra p.782. VELOSO, H.P.; Rangel Filho, A.L.R.; Lima, J.C.A. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE, 1991. 124p. WIKIPEDIA [1]. Verbete Pampa. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Campos_sulinos>. Acesso em: 19/09/2009 WIKIPEDIA [2]. Verbete Coxilha. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Coxilha_%28relevo%29>. Acesso em: 19/09/2009 WIKIPEDIA [3]. Verbete Terra Roxa. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Terra_roxa_%28solo%29>. Acesso em: 19/09/2009 ZANIN, A.; Mujica, J.; Longhi-Wagner, H.M. 1992. A tribo Stipeae no Rio Grande do Sul, Brasil. Boletim do Instituto de Biociências, Flora Ilustrada do RS, n. 51, p. 1-174. 24