1. A visão de mundo cristã é a melhor
explicação
Por J. Warner Wallace
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Como detetive, tenho uma profissão interessante. Tenho que
entrar na cena do crime e avaliar as evidências que estão diante
de mim: é morte natural ou é homicídio? Se é um homicídio,
que suspeito explica melhor as evidências neste cenário? Dentre
um dado número de potenciais suspeitos que explicam algumas,
ou a maioria, das evidências que vemos, habitualmente surge
um suspeito como o “melhor”, na medida em que explica mais
completamente (e mais razoavelmente) as evidências.
Este suspeito é simplesmente o que faz mais sentido naquilo
que eu estou a ver. Então, “infiro” – a partir do facto deste
suspeito fornecer a melhor explicação (dada a evidência) – que
o suspeito é, de facto, o verdadeiro assassino. Este processo de
“inferir até à melhor explicação” é por vezes chamado de
“abdução”. Entendo a importância de examinar um dado
número de potenciais soluções (suspeitos) e cuidadosamente
2. avaliar se essas soluções explicam melhor as evidências. Quando
utilizo o processo de abdução, chego ao fim com uma
explicação simples, coerente, e que explica satisfatoriamente as
evidências em causa. É “possível” que eu possa ter o suspeito
errado? Claro, especialmente se eu admitir que tudo e mais
alguma coisa seja possível. Mas é “razoável” crer que qualquer
outra pessoa cometeu este crime quando o meu suspeito final
explica todas as evidências da cena do crime? Não. E é aí que
reside a beleza da utilização da abdução desta forma. Atinjo um
patamar de “suficiência de evidências” em que sou capaz de
entender o que estou a ver.
Os detetives não são as únicas pessoas que empregam a lógica
abdutiva para entender o seu meio. Todos nós queremos
entender o nosso mundo. Como tal, cada um de nós abraça
uma visão de mundo que tenta explicar a situação em que nos
encontramos. É justo; todos observamos o mundo que nos
rodeia e começamos a pensar acerca das potenciais explicações
para o que vemos. Damos por nós, então, a apresentar a
explicação mais razoável que, se for verdadeira, explica as
evidências que temos diante de nós. Estamos a “inferir até à
melhor explicação” – a empregar o processo de “abdução”.
3. Quanto mais vivemos, mais identificamos as “grandes
questões” da vida. Estas questões imploram por ser respondidas
e têm incentivado teólogos, filósofos e cientistas a explorar e
investigar o seu mundo. Cada um de nós desenvolve uma visão
de mundo particular, com o intuito de explicar a realidade das
nossas vidas e de responder às mais importantes questões da
vida. Algures no caminho, tomaremos uma decisão entre duas
potenciais realidades: um mundo no qual apenas atuam forças
naturais (uma visão de mundo ateísta, conhecida como
Naturalismo Filosófico) ou um mundo no qual forças
sobrenaturais atuam conjuntamente com forças naturais (como
o representado pelas visões de mundo teístas). Dadas estas duas
possibilidades, a “lógica abdutiva” pode ajudar-nos a decidir
qual destas visões melhor explica a realidade na qual vivemos.
Eu adoto uma visão de mundo teísta porque creio que é a que
melhor explica o mundo que me rodeia, e fá-lo de uma forma
que simplesmente não pode ser equiparada ao naturalismo
filosófico inerente ao ateísmo. Nas dez questões mais
intrigantes e importantes que podem ser feitas pelo ser humano,
o teísmo cristão continua a oferecer a melhor explicação,
especialmente quando comparado com o naturalismo filosófico:
- Como o Universo veio a existir?
4. - Porque parece existir um design (fine tuning ou ajuste fino)
no Universo?
- Como se originou a vida?
- Porque parecem existir evidências de inteligência na
Biologia?
- Como veio a existir a consciência humana?
- De onde vem o livre arbítrio?
- Porque é que o ser humano é tão contraditório na
natureza?
- Porque existem verdades morais transcendentes?
- Porque acreditamos que a vida humana é preciosa?
- Porque existe dor, maldade e injustiça no nosso mundo?
As dez “grandes questões” da vida atuam como dez evidências
na cena do crime. Como detetive, analiso as evidências, ofereço
possíveis hipóteses para explicar o que vejo, e depois avalio
cada hipótese para ver qual é a melhor explicação. O processo
da “lógica abdutiva” requer que eu avalie uma dada hipótese
para ter a certeza que é plausível (possui “viabilidade
explicativa”), que é simples (tem o maior “poder explicativo”),
que é completa (tem o maior “potencial explicativo”), que é
lógica (tem a maior “consistência explicativa”) e que é superior
5. (possui “superioridade explicativa”). Ao analisar estas dez
evidências, rapidamente reconheço o problema que o
Naturalismo Filosófico tem para as explicar.
Ao mesmo tempo, torna-se claro que o Teísmo Cristão oferece
explicações que são plausíveis, simples, completas, lógicas e
superiores, se não rejeitarmos simplesmente a existência de
Deus antes de sequer começarmos a examinar. Afinal de contas,
temos que começar cada investigação por oferecer as soluções
mais amplas possíveis, e depois permitimos que as evidências
nos digam qual das “possibilidades” é realmente a “inferência
mais razoável”.
Por fim, é importante reconhecermos que nenhuma solução irá
explicar completamente as evidências (sem deixar um número
limitado de questões por responder). Nunca trabalhei num caso
de homicídio – nem nunca apresentei um caso perante um juiz
– em que não tivesse algumas questões por responder. Mas isso
não nos impede de seguir em frente com uma decisão e nunca
impediu um juiz de chegar a um veredicto. Nós temos que
perceber que a “certeza” pode razoavelmente emergir daquilo a
que chamamos de “suficiência de evidências”. Em certa medida,
a evidência é suficiente para nos levar a crer que a nossa
6. hipótese é a verdadeira explicação para essa evidência em
consideração. Não podemos esperar que todas as questões
sejam respondidas, mas a hipótese que mais fortemente explica
as evidências deve satisfazer suficientemente a nossa
necessidade de certeza.
Este é o caso da visão de mundo cristã, após considerar as dez
evidências em cena. A visão de mundo cristã é a melhor
explicação.