Pedi, buscai e batei: a profundidade da mensagem

Rebelva, 19 de setembro de 2014
PEDI, BUSCAI E BATEI
-
A profundidade da mensagem

PEDI, BUSCAI e BATEI
- Profundidade da mensagem
Rebelva, 19 de setembro, 2014
I. O RELATO DOS EVANGELISTAS
II. BREVE EXPLICAÇÃO
III. ORIENTAÇÕES CONTIDAS NO ESE
IV. AS PALAVRAS DE EMMANUEL
V. PARA OS ESPÍRITAS
Cap. XXVII - Pedi e Obtereis
Cap. XXV - Buscai e Achareis

RELATO
DOS
EVANGELISTAS

“Conquanto as divergências entre os textos de Mateus e Lucas,
preferimos as anotações do primeiro (…)
Outrossim, tomamos como lugar da ocorrência as
circunvizinhanças da aldeia de Ephrém ou Efraim ao invés do
Monte das Oliveiras (…)”
“Aquela será a última primavera que passarão juntos”.
Luz do Mundo: 5 Ensina-nos a orar
NOTAS DE AMÉLIA RODRIGUES

Estava Jesus em certo lugar orando e, quando acabou, disse-lhe um
dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar (...)
Disse-lhes também:
Se um de vós tiver um amigo, e for procurá-lo à meia-noite e lhe
disser:
Amigo, empresta-me três pães, pois que um amigo meu, estando
em viagem, chegou a minha casa, e não tenho o que lhe oferecer; e
se ele, do interior, responder:
Não me incomodes; a porta já está fechada e os meus filhos estão
deitados comigo na cama; não posso levantar-me para te atender;
Mateus: VII; 7-11 tradução segundo o ESE
RELATO DOS EVANGELISTAS

Digo-vos que, embora não se levante para lhos dar por ser seu
amigo, pelo menos, por causa da sua importunação, se levantará
e lhe dará quantos pães ele precisar.
E eu vos digo:
Pedi e se vos dará; buscai e achareis;
batei à porta e se vos abrirá;
porquanto, quem pede recebe e quem procura acha e, àquele que
bater à porta, esta abrir-se-á.

Qual o homem, dentre vós, que dá uma pedra ao filho que lhe
pede pão?
Ou, se pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente?
Ou, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião?
Ora, se, sendo maus como sois, sabeis dar boas coisas aos vossos
filhos, não é lógico que, com mais forte razão, vosso Pai que está
nos céus dê os bens verdadeiros aos que lhos pedirem?

BREVE EXPLICAÇÃO

O ensinamento aqui retratado inicia-se com um pedido
por parte dos seus discípulos para que o Mestre os
ensine a orar, ao que Jesus lhes oferta a oração do “Pai
Nosso”.
Em seguida conta-lhes a parábola do amigo e dos pães,
explicando que, ainda que não auxiliemos nossos amigos
por amizade, (“embora não se levante para lhos dar por
ser seu amigo”) os auxiliemos pela necessidade que
atravessam (“pelo menos, por causa da sua
importunação, se levantará”).
Breve explicação

Ocorre logo nesta passagem
uma invocação implícita à lei
Causa-Efeito, que Jesus
reafirma de modo claro mais à
frente quando diz:
“Assim como quereis que vos
façam os homens, assim fazei
vós também a eles”. Conforme
vimos, é a orientação para a
aplicação da Lei de Amor.
Breve explicação

Após a parábola e no seguimento deste último pensamento,
o Cristo elucida em jeito tranquilizador que todo o que pedir,
receberá; o que procurar, achará e a porta à qual se bater,
será aberta.
A isto segue-se mais uma parábola que visa enaltecer as
noções de Amor e Justiça Supremas que certamente
orientam o Criador para com todos nós.
Mas qual será a mensagem que o Mestre pretende fazer
passar com este axioma?
Breve explicação

Será somente a repetição da
invocação da lei Causa-Efeito, ou
existirá algo mais?
Será o recordar em jeito de repetição
o que havia ainda antes dito, ou
pretendeu esclarecer e objectivar algo
que na altura percepcionou não ter
ficado apreendido?
Existirá uma só mensagem, ou várias?
Breve explicação

ORIENTAÇÕES CONTIDAS
NO
Ev. Seg. ESPIRITISMO

O episódio inicia-se com o esclarecimento da prece modelo,
o “Pai Nosso”.
O ESE diz-nos que a prece é uma invocação, mediante a
qual o homem entra, pelo pensamento, em comunicação
com o ser a quem se dirige. Pode ter por objeto um pedido,
um agradecimento, ou uma glorificação. Podemos orar por
nós mesmos ou por outrem, pelos vivos ou pelos mortos. As
preces feitas a Deus escutam-nas os Espíritos incumbidos da
execução de suas vontades; (...)
Evangelho Segundo o Espiritismo
Orientações contidas no ESE

O Espiritismo torna compreensível a ação da prece,
explicando o modo de transmissão do pensamento. Para
apreendermos o que ocorre em tal circunstância, precisamos
conceber mergulhados no fluido universal, que ocupa o
espaço, todos os seres, encarnados e desencarnados, tal
qual nos achamos, neste mundo, dentro da atmosfera.
Esse fluido recebe da vontade uma impulsão; ele é o veículo
do pensamento, como o ar o é do som, com a diferença de
que as vibrações do ar são circunscritas, ao passo que as do
fluido universal se estendem ao infinito.
Santo Agostinho. (Paris, 1861) ESE

Dirigido, pois, o pensamento para um ser qualquer, na Terra
ou no espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-
versa, uma corrente fluídica se estabelece entre um e outro,
transmitindo de um ao outro o pensamento, como o ar
transmite o som.
Ao se analisar a prece como uma ação magnética, poder-se-
ia supor que o seu efeito depende da força fluídica. Assim,
entretanto, não é.

Os Espíritos, sendo necessário, suprem a insuficiência
daquele que ora, ou agindo diretamente, ou dando-lhe
momentaneamente uma força excepcional, quando o julgam
digno, ou quando possa vir a ser proveitoso.
O homem que não se considere suficientemente bom para
exercer salutar influência, não deve por isso abster-se de
orar a bem de outrem.
A consciência da sua inferioridade, pelo contrário, constitui
uma prova de humildade, grata sempre a Deus, que leva em
conta a intenção caridosa que o anima.

Seu fervor e sua confiança são um primeiro passo para a sua
conversão ao bem, conversão que os Espíritos bons se
sentem ditosos em incentivar.
Repelida só é a prece do orgulhoso que deposita fé no seu
poder e nos seus merecimentos e acredita ser-lhe possível
sobrepor-se à vontade do Eterno.
Desconhece este obviamente as infinita interferências do
plano espiritual, ou então subestima-as ao julgar que as
controla.

O poder da prece reside no pensamento e nem depende de
palavras, ou de lugares, nem tão pouco dos momentos em
que é feita. Pode-se, portanto, orar em toda parte e a
qualquer hora, a sós ou em comum.
Deveis orar incessantemente (...) A prece do dia é o
cumprimento dos vossos deveres, sem excepção de
nenhum, qualquer que seja a natureza deles. (...)
Independe das preces regulares da manhã e da noite e dos
dias consagrados. (...) A prece pode ser de todos os
instantes, sem nenhuma interrupção acarretar aos vossos
trabalhos.

Vinde, vós que desejais crer. Os Espíritos celestes acorrem a
vos anunciar grandes coisas. Deus, meus filhos, abre os seus
tesouros, para vos outorgar todos os benefícios. Homens
incrédulos! Se soubésseis quão grande bem faz a fé ao
coração e como induz a alma ao arrependimento e à prece!
(...) Filha primogénita da fé, ela nos encaminha para a senda
que conduz a Deus.
No recolhimento e na solidão, estais com Deus. Para vós, já
não há mistérios; eles se vos desvendam. (...) Também vós,
orai como o Cristo, levando a sua cruz ao Gólgota, ao
Calvário. Carregai a vossa cruz e sentireis as doces emoções
que Lhe perpassavam n’alma...

Do ponto de vista terreno, a máxima: Buscai e achareis é
análoga a esta outra:
Ajuda-te a ti mesmo, que o céu te ajudará. é o princípio da
lei do trabalho e, por conseguinte, da lei do progresso,
porquanto o progresso é filho do trabalho, visto que este põe
em ação as forças da inteligência.

(...) Se Deus houvesse isentado do trabalho do corpo o
homem, seus membros se teriam atrofiado; se o houvesse
isentado do trabalho da inteligência, seu espírito teria
permanecido na infância, no estado de instinto animal. Por
isso é que lhe fez do trabalho uma necessidade e lhe disse:
Procura e acharás; trabalha e produzirás. Dessa maneira
serás filho das tuas obras, terás delas o mérito e serás
recompensado de acordo com o que hajas feito.

Os Espíritos não vêm isentar o homem da lei do trabalho:
vêm unicamente mostrar-lhe a meta que lhe cumpre atingir
e o caminho que a ela conduz, dizendo-lhe: Anda e
chegarás.
Toparás com pedras; olha e afasta-as tu mesmo.
Nós te daremos a força necessária, se a quiseres empregar.
ESE - O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXVI, nº 291 e seguintes.
Só tornando compreensível a ação da prece,
compreendemos porque a devemos fazer, ao invés de nos
conformarmos com os desígnios pré concebidos.

AS PALAVRAS
DE
EMMANUEL

Comecemos a nossa análise pela expressão:
“pois todo o que pede, recebe; todo o que procura,
encontra; e ao que bate, lhe será aberto.”
Emmanuel recorda-nos que quando o crente sente a
necessidade de alguma coisa, lembra-se desta promessa do
Mestre; porém, todos temos que nos preocupar com:
- o que procurar?
Caminho, Verdade e Vida: 109
As palavras de Emmanuel

Receberemos sempre, mas é imprescindível conhecer o objecto
de nossa solicitação.
É que “quem procura o mal, encontra-se com o mal”. Para
encontrar-mos o bem, é necessário procurá-lo todos os dias.
Indispensável torna-se ”pois, muita vigilância na decisão de
buscarmos alguma coisa, porquanto o Mestre afirmou: quem
busca, acha; e acharemos sempre o que procuramos.”
Caminho, Verdade e Vida: 109

Será que recebemos sempre o que pedimos?
“E qual de vós é o pai que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará
uma pedra?”
Muitos são os que, desprovidos de fé, se precipitam
extenuados em poços de desilusão, por continuarem à espera
da satisfação dos seus pedidos. Todavia, jamais “o Senhor
oferece pedras ao filho que pede pão”. Concluamos que nem
sempre compreendemos a resposta do Pai, sendo que muitas
vezes as contrariedades que nos surgem na vida são benéficas
ao nosso progresso infinito.
Vinha de Luz: 166

“Não poucas vezes, as flores da compaixão do Cristo visitam a
criatura em forma de espinhos”. (...)
“Ora, se a paternidade terrena, imperfeita e deficiente, vela
em favor dos filhos, que dizer da Paternidade de Deus?”
Permaneçamos convictos “que todos os impedimentos e dores
te foram concedidos por respostas do Alto aos teus pedidos
de socorro, amparo e lição (...)”.
Vinha de Luz: 166

É que, sem disso todos termos noção, o que estamos sempre
a fazer é a pedir ajuda; e a melhor ajuda para cada um de
nós é certamente a que é dada por Deus, ainda que não sob
a forma desejada.
Estando certos que o Pai auxilia sempre, coloca-se nova
questão: o que pedir?
Ora se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos
filhos, quanto mais dará o Pai celestial um Espírito Santo
(bom espírito) àqueles que lho pedirem?
Pão Nosso: 63, 109

Emmanuel esclarece, dando resposta à questão formulada:
“Roga pois ao Senhor a benção da Luz Divina para o teu
coração e para a tua inteligência” (...) “não te esqueças de
que, na maioria das ocasiões, o socorro inicial do Céu nos
vem ao caminho comum, através de angústias e desenganos.
Aguarda (...) confiante, a passagem dos dias. O tempo é o
nosso explicador silencioso; (...) A bondade do Pai nos
restaurará a saúde da alma, por intermédio do espinho da
desilusão ou do amargoso elixir do sofrimento.”
Pão Nosso: 63, 109

E eis-nos chegados à última questão, talvez a maior de todas:
para quê pedir?
E eu vos digo: Pedi, e vos será dado; procurai e achareis;
batei, e vos será aberto; pois todo o que pede, recebe;
todo o que procura, encontra; e ao que bate, lhe será
aberto.
Se o nosso Pai tudo sabe e ninguém duvida de que obtemos
consoante o nosso merecimento, qual a importância de pedir,
buscar e bater?

Emmanuel refere que “Pedi, buscai, batei... (Constituem os)
três imperativos da recomendação de Jesus (que) não foram
enunciados sem um sentimento especial. (...) é imprescindível
que o homem aprenda a PEDIR caminhos de libertação da
antiga cadeia de convenções.” Somente tomando consciência
dos seus erros pretéritos e sofrendo quando busca reparar as
faltas praticadas, o homem se distancia da escuridão do
engano. Este é o primeiro passo.
“(...) É necessário desejar com força e decisão a saída do
escuro cipoal em que a maioria das criaturas perdeu a visão
dos interesses eternos.”

“Logo após, é imprescindível BUSCAR. A procura constitui-
se de esforço selectivo. É imperativo aprender a buscar o
bem legítimo.”
Este é um dos momentos de maior vulnerabilidade. A
criatura atravessa um período de aparentemente
isolamento, pois largou os companheiros que com ela
vagueavam perdidos, e encontra-se em busca de quem a
oriente. Numa conversa, num livro, num programa
televisivo, num pensamento, ou, quando tudo falha,
perante a necessidade trazida pela dor de terceiros ou
imposta pela enfermidade, a alma do sofredor aprende a
distinguir o bom do mau caminho.

“Estabelecido o roteiro edificante, é chegado o momento de
BATER à porta da edificação; sem o martelo do esforço
metódico e sem o buril da boa-vontade, é muito difícil
transformar os recursos da vida carnal em obras luminosas
de arte divina, com vistas à felicidade espiritual e ao amor
eterno.”
A porta estreita da felicidade obriga a quem a quer abrir, a
bater incessantemente. Não basta a prática ocasional do
bem, mas antes um esforço continuado e direccionado em
prol do próximo, dos próximos, da Humanidade.

PARA
OS
ESPÍRITAS

Perguntemo-nos então como são as leis que regem os
passos da reforma íntima?
Os espíritos começam por dizer-nos que a lei de Deus,
sempre justa, equitativa e misericordiosa, não estabelece
para a pena, qualquer que esta seja, duração alguma. Ela
se resume assim:
"O homem sofre sempre a consequência de suas faltas; não
há uma só infração à lei de Deus que fique sem a
correspondente punição. "A severidade do castigo é
proporcionada à gravidade da falta.
Pão Nosso: 63
Para os espíritas

“Indeterminada é a duração do
castigo, para qualquer falta; fica
subordinada ao arrependimento
do culpado e ao seu retorno à
senda do bem; a pena dura
tanto quanto a obstinação no
mal; seria perpétua, se
perpétua fosse a obstinação;
dura pouco, se pronto é o
arrependimento.
Pão Nosso: 63
Para os espíritas

“Não bastará, portanto, rogar sem rumo, procurar sem
exame e agir sem objectivo elevado. Peçamos ao Senhor
nossa libertação da animalidade primitivista, busquemos a
espiritualidade sublime e trabalhemos (...) a fim de
converter-nos em fiéis instrumentos da Divina Vontade.”
Pão Nosso: 109
Ora, pedir o caminho da libertação das antigas cadeias,
empreender na busca do bem legítimo e bater à porta da
edificação, é progredir para a nossa reforma íntima.
Para os espíritas

"Desde que o culpado clame por misericórdia, Deus o ouve
e lhe concede a ESPERANÇA.
Mas, não basta o simples pesar do mal causado; é
necessária a reparação, pelo que o culpado se vê
submetido a novas provas em que pode, sempre por sua
livre vontade, praticar o bem, reparando o mal que haja
feito. "O homem é, assim, constantemente, o árbitro de
sua própria sorte; pertence-lhe abreviar ou prolongar
indefinidamente o seu suplício; a sua felicidade ou a sua
desgraça dependem da vontade que tenha de praticar o
bem.“
Para os espíritas

Do ponto de vista moral, essas palavras de Jesus significam:
Pedi a luz que vos clareie o caminho e ela vos será dada; pedi
forças para resistirdes ao mal e as tereis; pedi a assistência dos
bons Espíritos e eles virão acompanhar-vos e, como o anjo de
Tobias, vos guiarão; pedi bons conselhos e eles não vos serão
jamais recusados; batei à nossa porta e ela se vos abrirá; mas,
pedi sinceramente, com fé, confiança e fervor; apresentai-vos
com humildade e não com arrogância, sem o que sereis
abandonados às vossas próprias forças e as quedas que derdes
serão o castigo do vosso orgulho.
Tal o sentido das palavras: buscai e achareis; batei e abrir-se-
vos-á.
Para os espíritas

“Todo o que pede, recebe; e quem busca acha; e ao que
bate, abrir-se-lhe-á”.
Lucas: XI; 10
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