Experiências interdisciplinares em evento universitário
1. Partilhando Experiências Interdisciplinares
Lucas Pacheco Brum1
Resumo: Este relato de experiência tem como objetivo apresentar alguns aspectos do
1º Encontro Interinstitucional do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência (PIBID) da Uergs, o 2º Encontro Institucional do Programa e o 3º Encontro
de Arte e Educação da Uergs, vivenciado por mim, Lucas Pacheco Brum, bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação á Docência (PIBID/CAPES/UERGS). O
relato traz a experiência de monitoria de uma oficina com uma ação interdisciplinar
com as diferentes áreas das artes: dança, teatro, música e artes visuais e
possibilidades e desafios de praticar a interdisciplinaridade.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade, oficina, experiência.
O Evento
A Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), em parceria
com a Fundação Municipal de Artes de Montenegro (FUNDARTE), teve a
grande honra de realizar o 1º Encontro Interinstitucional do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) da Uergs, o 2º Encontro
Institucional do Programa e o 3º Encontro de Arte e Educação da Uergs,
realizado nos dias 14 a 16 de março de 2013 nas dependências da
universidade. Foram realizados três eventos em um só, reunindo bolsistas do
PIBID de várias unidades da universidade, como também pesquisadores e
professores envolvidos com a prática docente.
O evento teve como tema principal a “Iniciação à Docência e
Interdisciplinaridade”, sendo debatidos e questionados diversos aspectos
relacionados à temática. A programação do evento contou, também, com
mostras de pôsteres e comunicações orais, além de palestras, oficinas e
apresentações artísticas.
Nas comunicações orais e mostra de pôsteres todos os bolsistas
apresentaram suas pesquisas, e os relatos de experiências que veem
desenvolvendo a partir da inserção dos acadêmicos nas escolas. Esse
encontro oportunizou a todos os bolsistas do programa, debates e reflexões
sobre o campo da educação, além de partilhar seus conhecimentos e
1
Acadêmico do Curso de Graduação em Artes Visuais: Licenciatura, na Universidade Estadual
do Rio Grande do Sul, bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
(PIBID/CAPES/UERGS), integrante do Grupo de Pesquisa "Arte: criação, interdisciplinaridade e
educação" (CNPq/UERGS).
2. experiências que estão tendo com à docência e com suas áreas específicas do
conhecimento, como também os benefícios do programa PIBID.
É importante ressaltar que dentre tantas atividades desenvolvidas na
programação houve uma grande repercussão nas oficinas que o evento
forneceu para os participantes. As oficinas foram administradas pelos bolsistas
do PIBID, da Unidade de Montenegro/RS, bem como convidados.
Os Pibidianos de Montenegro planejaram as oficinas com um caráter
interdisciplinar com as diferentes áreas das artes: artes visuais, dança, música
e teatro. As oficinas interdisciplinares tinham como objetivo oportunizar uma
ação interdisciplinar entre os cursos das artes, aproximando as linguagens
artísticas. Nessa proximidade observou-se que, às vezes, é preciso sair de
suas barreiras epistemológicas, deixando a criação e a busca de novas
possibilidades de planejar e experimentar no fazer docente.
Essas vivências de experimentações com as diferentes áreas das artes
tornaram-se muito significativas, tanto para os Pibidianos/oficineiros quanto
para os participantes, pois todos juntos tivemos a oportunidade de entender
que é possível trabalhar interdisciplinarmente, desde que os especialistas
partem do princípio que o diálogo é fundamental. Nesse sentido, Japiassu
(1976) nos auxilia a entender. Para o autor, a “interdisciplinaridade caracteriza-
se pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de interação
real das disciplinas no interior de um mesmo projeto de pesquisa” (p.74). Ao
realizar meu trabalho na oficina “A Arte de Ler”, procurei basear-me nestes
dizeres de Japiassu.
Oficina “A Arte de Ler”
Dentre as oficinas, destaco a “A Arte de Ler”, pois pude aprender muito e
pareceu-me que tivemos um grande aproveitamento ao realizá-la, tanto os
Pibidianos que a ministraram, quanto os colegas do Pibid de outras unidades
da Uergs.
A oficina “Arte de Ler” foi administrada por mim, Lucas, e pelos
Pibidianos Diewerson do Nascimento, Patrícia de Souza Borges, Patrick da
Costa Silva, além da professora Coordenadora de Área - Artes, da Unidade de
Montenegro, Dra. Cristina Rolim Wolffenbüttel.
3. A oficina tinha como objetivo desenvolver atividades ou uma ação
interdisciplinar em Artes Visuais, Dança, Música e Teatro relacionadas à leitura,
oportunizando momentos de leitura, a partir das interlocuções entre as
subáreas das artes. Um dos pressupostos teóricos da oficina pode ser
traduzido nos dizeres de Musacchio (2012), ao preconizar que a “interatividade
é o instrumento mais importante utilizado para permitir a interdisciplinaridade”
(47). Procurou-se, ao elaborar e realizar a oficina, interagir, permitindo que a
interdisciplinaridade se apresentasse nesse processo.
A interlocução interdisciplinar entre artes e leitura resultou em várias
práticas significativas que podem ser exploradas na sala aula. Dentre estas
práticas destaco a Cartografia com palavras. Trabalhamos textos de escritores
brasileiros com vistas à criação de cenas, imagens e expressões corporais, a
partir da leitura literária.
Este engajamento de todos os oficineiros partiu de uma atitude, de um
compromisso e cooperação para resultar um trabalho interdisciplinar, baseado
nas possibilidades, no que se pode ou não fazer na oficina. Nesse processo,
originaram-se questionamentos, como: Quais são os desafios deste fazer
interdisciplinar? Como buscar alternativas para estes desafios? Baseado
nesses aspectos, para além da oficina, o conhecimento se tornou o instrumento
principal, pois todos aprenderam juntos, Pibidianos oficineiros e participantes.
Objetivamos a possibilidade de trabalhar interdisciplinarmente. E, penso,
para isto, basta que saiamos um pouco de nossos “redutos epistemológicos” e
apresentemo-nos com uma atitude de querer construir novos saberes
compartilhados. De acordo com Musacchio (2012), para que isso seja possível
deve-se entender que “essa atitude compreende de reciprocidade para
potencializar as trocas, o diálogo, atitude de humanidade em reconhecer que
seu conhecimento é limitado e que sua área de saber não responde todas as
provocações”. (p. 80).
Este trabalho foi desafiador e apontou perspectivas de um trabalho
interdisciplinar no campo da educação. Para tanto, pareceu-me pertinente
pensar em perspectivas da interdisciplinaridade na educação, pois minha área
é das artes, particularmente das artes visuais. Nesse sentido, busquei o
entendimento destes conceitos.
4. A Interdisciplinaridade no Campo da Educação
No campo da educação compreender que a interdisciplinaridade,
corresponde a uma necessidade de superar uma visão fragmentada da
produção do conhecimento. O homem por si só não constrói conhecimentos
separadamente, mas sim de diversas maneiras e diferentes pontos de vistas.
Dessa forma pensa-se que na educação existem barreiras epistemológicas
entre os especialistas, as quais podem dificultar uma associação de duas ou
mais disciplinas discutindo e construindo conhecimento em prol de um mesmo
objeto. Assim, a “interdisciplinaridade representa a possibilidade de promover a
superação das dissociações das experiências escolares entre si, também delas
com a realidade social”. (LÜCK, 2010, p.43-44).
Entendo que seja relevante a interdisciplinaridade na educação
alicerçar-se em processos de envolvimento, comprometimento e engajamento
dos educadores. Penso que deveria partir de um diálogo, da reciprocidade e do
compromisso com as demais disciplinas, tendo respeito e humildade para
escutar, aprender e saber contribuir com seus saberes. Concordo com
Fazenda (2003) que nos ensina que “hoje mais do que nunca reafirmamos a
importância do diálogo, única condição possível de eliminação das barreiras
entre as disciplinas. Disciplinas dialogam quando as pessoas se dispõem a
isto” (p. 50). Assim, o processo educativo precisa se fundamentar no diálogo,
tanto entre pessoas, quanto entre as disciplinas possibilitando uma cooperação
entre todos porque, entre os interdisciplinares todas são autores entre docentes
e discentes.
Todos aprendem juntos, a interdisciplinaridade quebra com o paradigma
da disputa de saber. Todos engajados em um projeto interdisciplinar ou em
uma ação, todos estão no mesmo nível e um aprende com os outro. “O
desenvolvimento básico da interdisciplinaridade é a comunicação, e a
comunicação envolve sobre tudo participação” (FAZENDA, 2008, p. 94).
Fazenda (2008) explica-nos que:
Além do desenvolvimento de novos saberes, a
interdisciplinaridade na educação favorece novas formas de
aproximação da realidade da realidade social e novas leituras
das dimensões sócio culturais das comunidades humanas. [...]
5. O processo interdisciplinar desempenha papel decisivo para
dar corpo ao sonho ao fundar uma obra de educação à luz as
sabedoria, da coragem e da humanidade. [...] A lógica que a
interdisciplinaridade imprime é a da invenção, da descoberta,
da pesquisa, da produção cientifica, porém gestada num ato de
vontade, num desejo planejado e construído em liberdade,
(FAZENDA, 2008, p.166).
Considerações Finais
Ao relembrar a realização das oficinas e de seus objetivos, entendo que
nós, Pibidianos oficineiros, escolhemos aproximar as subáreas das artes,
seguindo a perspectiva interdisciplinar, desafiando-nos a planejar este trabalho
interdisciplinar, no qual a prática docente e a transposição didática foram por
nós vivenciadas.
O encontro buscou uma reflexão e uma oportunidade de alunos e
educadores envolvidos com a educação partilharem seus conhecimentos e
experiências de uma forma mútua, ampliando os conhecimentos.
Ressalto a importância desse evento realizado na universidade, pois
mostrou o envolvimento dos bolsistas que ajudaram e no planejamento na
organização de tudo, desde as produções artísticas, oficinas, até aspectos da
logística, como o oferecimento dos lanches, etc. Portanto, o evento trouxe
experiências e vivências que o PIBID tem realizado na formação acadêmica
dos bolsistas do Pibid.
Além de um contato com a escola, com a pesquisa e com a extensão, o
programa tem possibilitado a todos os envolvidos a aproximação e a vivência
do cotidiano do ambiente escolar, de forma crítica, reflexiva, desenvolvendo
multípolos momentos de aprendizado.
Referências
FAZENDA, Ivani Catarina Antares (ORG). O que é interdisciplinaridade? São
Paulo: Cortez 2008.
_________Interdisciplinaridade: qual o sentido? São Paulo: Paulus, 2003.
JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro:
Imago, 1976.
6. LÜCK, Heloísa. Pedagogia interdisciplinar: fundamentos teóricos
metodológicos. Rio de Janeiro: Vozes, 2010, ed 17.
MUSACCHIO, Claudio. Ensaios: interdisciplinaridade e pesquisas científicas
em sala de aula. Porto Alegre: Alcance, 2012.
7. LÜCK, Heloísa. Pedagogia interdisciplinar: fundamentos teóricos
metodológicos. Rio de Janeiro: Vozes, 2010, ed 17.
MUSACCHIO, Claudio. Ensaios: interdisciplinaridade e pesquisas científicas
em sala de aula. Porto Alegre: Alcance, 2012.