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Majoração dos dias de férias e greve
 O SEP sempre defendeu que as ausências ao trabalho por greve não deveriam ter repercussões na majoração
 dos dias de férias. A Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) e a Direção Regional de Saúde dos
 Açores responderam favoravelmente às intervenções do SEP, defendendo que “O Exercício do direito à greve
 lícita não implica qualquer penalização no que respeita aos prémios de assiduidade dos trabalhadores,
 designadamente, não produz qualquer efeito relativamente à majoração dos dias de férias previsto no artigo
 238º do Código de Trabalho.” Todos os Enfermeiros dos Hospitais da região a que foram retirados dias de férias
 deverão exigir a reposição dos mesmos. Em caso de dúvida e necessidade de apoio contatar o SEP Açores.




 Como o SEP sempre defendeu, e na sequência da nossa intervenção junto da Direção Regional de Saúde, que
 por sua vez interveio junto da ACSS (Ministério da Saúde), ficou claro e passado a escrito que os Enfermeiros
 com Contrato Individual de Trabalho nos Hospitais EPEs têm direito a receber o trabalho extraordinário e os
 suplementos dos turnos igual aos colegas da função pública, ou seja, pelos valores do Decreto-Lei 62/79 de 30
 de Março. Aguardamos indicações dos respetivos conselhos de administrações dos três hospitais da região.




  Irá realizar-se no próximas dias 24, 25 e 26 de Maio o I Congresso de Enfermagem dos Açores, em Ponta
  Delgada. A iniciativa irá segundo o presidente da Comissão Cientifica, Enfermeiro Bruno Teixeira, contribuir
  para o melhoramento da prestação diária dos cuidados de enfermagem na Região.

  De salientar que o SEP irá estar presente nos dias 25 e 26 com
  um espaço próprio, onde         os enfermeiros terão várias
  informações ao seu dispor. No dia 25 irá haver uma comunicação
  sobre a avaliação do desempenho, proferida pelo Coordenador
  Regional Enfermeiro Branco.
  Mais informações em www.safe.org/congresso.




                          Juntos somos mais fortes!!!
                                 Sindicaliza-te
artigo de reflexão
Ser Enfermeiro todos os dias!

         Recebi, de uma colega do Sindicato dos
      Enfermeiros Portugueses, uma proposta para redigir
      um artigo a ser publicado na Newsletter mensal. Sou                 Raquel Dutra
      enfermeira, como todos somos, tenho vida pessoal e
      social. Tal como todos nós, tenho responsabilidades
      fora do horário de serviço, interesses pessoais, e
      poderia, usando o bom dom da argumentação,                          Cheguei hoje a casa depois de mais um dia de
      elencar uma série de motivos para me esquivar à                 trabalho em pleno. Cansada e a desejar o meu
      tarefa de escrever sobre um motivo de qualquer                  momento de paz no conforto do meu refúgio e aqui
      interesse, direito ou não, para a profissão que decidi          estou, a dedicar-me, fora do meu horário laboral e
      desempenhar.                                                    sem receber horas-extra, à minha profissão.
         Mas, colocando de parte todas estas justificativas,             Para além de Enfermeira, sou uma cidadã e como
      à proposta da minha colega para lhe entregar um                 todo o bom português, neste ano de 2012, tenho
      artigo até final do mês, respondi sim. O que me                 muito de que me queixar. Posso queixar-me porque
      conduziu à fase de moratória seguinte, cogitar sobre            não ganho o que mereço, posso queixar-me porque
      o que escrever…                                                 perdi feriados, posso queixar-me porque não vou ter
         Assuntos não me faltavam, mas para quê escrever              as férias que desejaria, posso queixar-me… mas não o
      sobre o que já se leu algures, e com que intenção               faço.
      apresentar novidades da ciência ou da saúde que                     O que ganharia eu com isso, se todos nós temos
      poderão já ser do vasto conhecimento de cada um?                de que nos queixar? De uma forma imediata, poderia
      Todos os Enfermeiros assumem, por desígnio legal,               libertar-me das minhas tensões interiores e, nesse
      inerente ao exercício da sua profissão, pelo artigo 88º         ato, receber um retorno empático dos leitores no eco
      do Código Deontológico do Enfermeiro, o dever da                das minhas lamentações, mas vou simplesmente
      “Excelência do Exercício” que prevê, nomeadamente,              contribuir com o meu dever como cidadã e como
      “c) Manter a atualização contínua dos seus                      enfermeira. Porque não posso ser uma coisa sem ser
      conhecimentos e utilizar de forma competente as                 a outra.
      tecnologias, sem esquecer a formação permanente e                   Sou     um     duo      indivisível,   imputado       de
      aprofundada nas ciências humanas;” [1]                          responsabilidades civis pela profissão que exerço e
        Portanto, para além de me estar a imiscuir no que             sou, concomitantemente uma profissional que detém
      é a responsabilidade individual de cada um poderia              direitos civis.
      estar a maçar os colegas com um tema que não fosse                  Na perceção dos meus direitos como cidadã,
      do seu interesse.                                               enquadro-me numa sociedade que tem sido linear e
         O que poderá, então, ser do interesse de todos? A            continuamente privada dos seus direitos civis. Privada
      profissão! Já que foi a escolhida por todos nós, certo?         do direito ao subsídio de férias, privada do direito ao
      Então, caros leitores, e porque a escrever também se            acesso gratuito aos cuidados de saúde, etc.. Esta
      pensa e nós Enfermeiros, temos muito em que                     redução e, em alguns casos, abolição de direitos
      pensar, proponho-me a escrever da alma, sem                     anteriormente dados como garantidos, tem sido
      grande revisão corretiva sobre o que é “Ser                     conducente a um estado constante de alerta pela
      enfermeiro todos os dias”.                                      população.

  NUNES, Lucília; AMARAL, Manuela; GONÇALVES, Rogério – Código Deontológico do Enfermeiro: dos comentários à análise de casos. Lisboa:
[1]

Ordem dos Enfermeiros, 2005. 456p. ISBN: 972-99646-0-2.
Ser Enfermeiro todos os dias!                           (continuação)


      Nesta    altura   de      crise,   todos       estamos              Porque ser Enfermeiro não é vestir a bata branca
 crescentemente sensibilizados para a proteção                         e cumprir o horário institucional, não é apenas
 inequívoca dos nossos direitos, porém, esta proteção                  respeitar as funções inerentes à categoria que se
 da área de interesse individual incita, subtilmente, a                exerce. Ser Enfermeiro é uma responsabilidade para
 um apego excessivo ao que é de cada um,                               todos os dias. É um ofício com barreiras difusas e um
 conduzindo a um egoísmo omisso e a um estado de                       desafio que não obedece a rotinas. Ser Enfermeiro
 retrocesso civilizacional, em que “[...] ser equitativo é             todos os dias não é fácil, mas é dignificante. Não é
 pois difícil e exige muita experiência, muito boa                     simples, mas é aliciante.
 vontade e ainda mais espírito     justo” [2],   como ratifica             Então, sejamos os melhores Enfermeiros que
 Nietzsche na sua posição sobre a desumanização do                     podemos ser. Todos os dias! Não esquecendo que no
 Direito.                                                              dia que nos corre menos bem (porque somos
      Em termos práticos, e no contexto da relação                     humanos) e em que o nosso estado de espírito pode
 Enfermeiro-Cliente, já vamos constatando e corremos                   não ser o mais positivo, aquele utente que só precisa
 o risco crescente de ser confrontados com um certo                    de cinco minutos da nossa atenção merece ser
 grau de intolerância mútua que não pode senão ser                     Cuidado por um Enfermeiro com toda a sua atenção.
 improfícuo ao desenvolvimento eficaz da relação de                        Fim de texto: 2 páginas, 964 palavras. A minha
 confiança.                                                            missão foi cumprida! A nossa só será se depois de
      Este facto, aliado ao empowerment crescente dos                  lida,   esta   mensagem     não    for   imediatamente
 utentes, louvavelmente manifesto pela detenção                        esquecida. Façam o favor de colaborar!
 aumentada de informação e pela adoção de uma
 postura cada vez mais pró-ativa face à sua situação                                                              Raquel Dutra
 de    saúde     representa,    hoje,    um      desafio   ao                                                       (Enfermeira)
 desenvolvimento da profissão de Enfermagem.                                                   raquel_dutra31@hotmail.com
 Cada vez mais, teremos de dar resposta à afirmação
 dos direitos dos utentes através da sólida prestação
 dos    nossos     deveres     profissionais:     mormente,        NIETZSCHE, Friedrich – Aurora. São Paulo: Editora Escala, 2007.
                                                                 [2]

                                                                 ISBN 85- 7556-866-3.
 antecipando de forma fundamentada as necessidades
 do utente, respeitando incontestavelmente as suas
 solicitações e encaminhando, de forma eficaz o
 problema para a sua melhor resolução. Mas, acima
 de tudo, desenvolvendo a capacidade de tolerância.
 Todos os dias!

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  • 1. Majoração dos dias de férias e greve O SEP sempre defendeu que as ausências ao trabalho por greve não deveriam ter repercussões na majoração dos dias de férias. A Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) e a Direção Regional de Saúde dos Açores responderam favoravelmente às intervenções do SEP, defendendo que “O Exercício do direito à greve lícita não implica qualquer penalização no que respeita aos prémios de assiduidade dos trabalhadores, designadamente, não produz qualquer efeito relativamente à majoração dos dias de férias previsto no artigo 238º do Código de Trabalho.” Todos os Enfermeiros dos Hospitais da região a que foram retirados dias de férias deverão exigir a reposição dos mesmos. Em caso de dúvida e necessidade de apoio contatar o SEP Açores. Como o SEP sempre defendeu, e na sequência da nossa intervenção junto da Direção Regional de Saúde, que por sua vez interveio junto da ACSS (Ministério da Saúde), ficou claro e passado a escrito que os Enfermeiros com Contrato Individual de Trabalho nos Hospitais EPEs têm direito a receber o trabalho extraordinário e os suplementos dos turnos igual aos colegas da função pública, ou seja, pelos valores do Decreto-Lei 62/79 de 30 de Março. Aguardamos indicações dos respetivos conselhos de administrações dos três hospitais da região. Irá realizar-se no próximas dias 24, 25 e 26 de Maio o I Congresso de Enfermagem dos Açores, em Ponta Delgada. A iniciativa irá segundo o presidente da Comissão Cientifica, Enfermeiro Bruno Teixeira, contribuir para o melhoramento da prestação diária dos cuidados de enfermagem na Região. De salientar que o SEP irá estar presente nos dias 25 e 26 com um espaço próprio, onde os enfermeiros terão várias informações ao seu dispor. No dia 25 irá haver uma comunicação sobre a avaliação do desempenho, proferida pelo Coordenador Regional Enfermeiro Branco. Mais informações em www.safe.org/congresso. Juntos somos mais fortes!!! Sindicaliza-te
  • 2. artigo de reflexão Ser Enfermeiro todos os dias! Recebi, de uma colega do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, uma proposta para redigir um artigo a ser publicado na Newsletter mensal. Sou Raquel Dutra enfermeira, como todos somos, tenho vida pessoal e social. Tal como todos nós, tenho responsabilidades fora do horário de serviço, interesses pessoais, e poderia, usando o bom dom da argumentação, Cheguei hoje a casa depois de mais um dia de elencar uma série de motivos para me esquivar à trabalho em pleno. Cansada e a desejar o meu tarefa de escrever sobre um motivo de qualquer momento de paz no conforto do meu refúgio e aqui interesse, direito ou não, para a profissão que decidi estou, a dedicar-me, fora do meu horário laboral e desempenhar. sem receber horas-extra, à minha profissão. Mas, colocando de parte todas estas justificativas, Para além de Enfermeira, sou uma cidadã e como à proposta da minha colega para lhe entregar um todo o bom português, neste ano de 2012, tenho artigo até final do mês, respondi sim. O que me muito de que me queixar. Posso queixar-me porque conduziu à fase de moratória seguinte, cogitar sobre não ganho o que mereço, posso queixar-me porque o que escrever… perdi feriados, posso queixar-me porque não vou ter Assuntos não me faltavam, mas para quê escrever as férias que desejaria, posso queixar-me… mas não o sobre o que já se leu algures, e com que intenção faço. apresentar novidades da ciência ou da saúde que O que ganharia eu com isso, se todos nós temos poderão já ser do vasto conhecimento de cada um? de que nos queixar? De uma forma imediata, poderia Todos os Enfermeiros assumem, por desígnio legal, libertar-me das minhas tensões interiores e, nesse inerente ao exercício da sua profissão, pelo artigo 88º ato, receber um retorno empático dos leitores no eco do Código Deontológico do Enfermeiro, o dever da das minhas lamentações, mas vou simplesmente “Excelência do Exercício” que prevê, nomeadamente, contribuir com o meu dever como cidadã e como “c) Manter a atualização contínua dos seus enfermeira. Porque não posso ser uma coisa sem ser conhecimentos e utilizar de forma competente as a outra. tecnologias, sem esquecer a formação permanente e Sou um duo indivisível, imputado de aprofundada nas ciências humanas;” [1] responsabilidades civis pela profissão que exerço e Portanto, para além de me estar a imiscuir no que sou, concomitantemente uma profissional que detém é a responsabilidade individual de cada um poderia direitos civis. estar a maçar os colegas com um tema que não fosse Na perceção dos meus direitos como cidadã, do seu interesse. enquadro-me numa sociedade que tem sido linear e O que poderá, então, ser do interesse de todos? A continuamente privada dos seus direitos civis. Privada profissão! Já que foi a escolhida por todos nós, certo? do direito ao subsídio de férias, privada do direito ao Então, caros leitores, e porque a escrever também se acesso gratuito aos cuidados de saúde, etc.. Esta pensa e nós Enfermeiros, temos muito em que redução e, em alguns casos, abolição de direitos pensar, proponho-me a escrever da alma, sem anteriormente dados como garantidos, tem sido grande revisão corretiva sobre o que é “Ser conducente a um estado constante de alerta pela enfermeiro todos os dias”. população. NUNES, Lucília; AMARAL, Manuela; GONÇALVES, Rogério – Código Deontológico do Enfermeiro: dos comentários à análise de casos. Lisboa: [1] Ordem dos Enfermeiros, 2005. 456p. ISBN: 972-99646-0-2.
  • 3. Ser Enfermeiro todos os dias! (continuação) Nesta altura de crise, todos estamos Porque ser Enfermeiro não é vestir a bata branca crescentemente sensibilizados para a proteção e cumprir o horário institucional, não é apenas inequívoca dos nossos direitos, porém, esta proteção respeitar as funções inerentes à categoria que se da área de interesse individual incita, subtilmente, a exerce. Ser Enfermeiro é uma responsabilidade para um apego excessivo ao que é de cada um, todos os dias. É um ofício com barreiras difusas e um conduzindo a um egoísmo omisso e a um estado de desafio que não obedece a rotinas. Ser Enfermeiro retrocesso civilizacional, em que “[...] ser equitativo é todos os dias não é fácil, mas é dignificante. Não é pois difícil e exige muita experiência, muito boa simples, mas é aliciante. vontade e ainda mais espírito justo” [2], como ratifica Então, sejamos os melhores Enfermeiros que Nietzsche na sua posição sobre a desumanização do podemos ser. Todos os dias! Não esquecendo que no Direito. dia que nos corre menos bem (porque somos Em termos práticos, e no contexto da relação humanos) e em que o nosso estado de espírito pode Enfermeiro-Cliente, já vamos constatando e corremos não ser o mais positivo, aquele utente que só precisa o risco crescente de ser confrontados com um certo de cinco minutos da nossa atenção merece ser grau de intolerância mútua que não pode senão ser Cuidado por um Enfermeiro com toda a sua atenção. improfícuo ao desenvolvimento eficaz da relação de Fim de texto: 2 páginas, 964 palavras. A minha confiança. missão foi cumprida! A nossa só será se depois de Este facto, aliado ao empowerment crescente dos lida, esta mensagem não for imediatamente utentes, louvavelmente manifesto pela detenção esquecida. Façam o favor de colaborar! aumentada de informação e pela adoção de uma postura cada vez mais pró-ativa face à sua situação Raquel Dutra de saúde representa, hoje, um desafio ao (Enfermeira) desenvolvimento da profissão de Enfermagem. raquel_dutra31@hotmail.com Cada vez mais, teremos de dar resposta à afirmação dos direitos dos utentes através da sólida prestação dos nossos deveres profissionais: mormente, NIETZSCHE, Friedrich – Aurora. São Paulo: Editora Escala, 2007. [2] ISBN 85- 7556-866-3. antecipando de forma fundamentada as necessidades do utente, respeitando incontestavelmente as suas solicitações e encaminhando, de forma eficaz o problema para a sua melhor resolução. Mas, acima de tudo, desenvolvendo a capacidade de tolerância. Todos os dias!