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A Brincadeira e o Jogo na Educação Infantil - Paty
Fonte
Na educação infantil, é difícil estabelecer um horário para a brincadeira e um horário
para a aprendizagem. Hoje sabe-se que a criança aprende brincando. O mundo em que
ela vive é descoberto através de jogos dos mais diversos tipos que vão dos mais simples
de encaixe às mais curiosas brincadeiras folclóricas. O jogo, para a criança, é o
exercício e a preparação para a vida adulta. É através das brincadeiras, seus
movimentos, sua interação com os objetos e no espaço com outras crianças que ela
desenvolve suas potencialidades, descobrindo várias habilidades.
Os métodos de ensino foram a preocupação dos educadores durante anos. Não se dava
praticamente nenhuma importância para a maneira em que o aluno assimilava os
conteúdos e se a aprendizagem era realmente eficaz. Atualmente, a preocupação está em
descobrir como a criança aprende. O professor pode usar uma estratégia de ensino
excelente, na sua visão, mas se não estiver adequada ao modo de aprender da criança, de
nada servirá. Toda criança gosta de brincar. Então, se a criança aprende brincando, por
que então não ensinarmos da maneira que ela aprenda melhor, de uma forma prazerosa
e, portanto, eficiente? A utilização de certos jogos e brincadeiras como facilitadores na
aprendizagem, na educação infantil, são sem dúvida, a solução para se obter resultados
positivos no processo de ensino – aprendizagem das crianças. Mas, é importante que se
tenham bem definidos os objetivos que queremos alcançar quando trabalhamos como o
lúdico, e ter cuidado também com as brincadeiras que vamos mediar, para que esta
esteja ligada ao momento correto do desenvolvimento infantil. Como já sabemos, os
brinquedos e as brincadeiras são fontes inesgotáveis de interação lúdica e afetiva. Para
uma aprendizagem eficaz é preciso que o aluno construa o conhecimento, assimile os
conteúdos. E jogo é um excelente recurso para facilitar a aprendizagem. Neste sentido,
CARVALHO afirma que:
"desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois
quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de
esforços físicos se mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter
sentimentos de liberdade portanto, real valor e atenção as atividades vivenciadas
naquele instante." (1992,p14)
E acrescenta, mais adiante:
"e o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e
afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança, já que ela se modifica
de ato puramente transmissor a ato transformador em ludicidade, denotando-se
portanto em jogo."(1992,p28)
As ações com o jogo devem ser criadas e recriadas, para que sejam sempre uma nova
descoberta, e sempre se transformem em um novo jogo, em uma nova forma de jogar.
Quando brinca, a criança toma certa distância da vida cotidiana, entra em seu mundo
imaginário e ilusório, não estando preocupada com a aquisição de conhecimento ou
desenvolvimento de qualquer habilidade mental ou física.
O que importa, neste caso, é o processo em si de brincar, algo que flui naturalmente,
pois a única finalidade é o prazer, a alegria, a livre exploração do brinquedo. Diante
dessas informações sobre o prazer de se aprender brincando, sobre a facilidade que o
professor tem em conduzir uma aula, partindo da curiosidade dos alunos, atualmente,
muitos educadores pensam que dinamizar as suas aulas utilizando jogos e brincadeiras é
pura "perda de tempo". Todavia é fundamental conscientizar esses professores da
importância do brincar. Mas como fazê-lo? O brincar sendo direcionado, seguindo uma
linha de aprendizagem para o alcance de objetivos é o caminho.
Torna-se importante levar o educador a refletir sobre a sua prática pedagógica no que
diz respeito à utilização de jogos e brincadeiras, no decorrer de suas aulas, e também de
buscar informações, sobre a prática de ensino de alguns educadores que trabalham com
crianças e que conciliam as suas aulas com os jogos e com as brincadeiras. É importante
também investigar sobre algumas brincadeiras e jogos que, ainda que pareçam sem
importância para os adultos, testam diversas habilidades e conhecimento da criança.
Exemplo de episódio verídico:
No parque, crianças de 4 anos brincam com areia. Uma delas se aproxima da
professora e oferece "o bolo de chocolate" que havia feito com areia:
__ Professora, experimenta. Fui eu que fiz.
__ Hum! Que delícia! Mas agora me deu sede. Você não quer fazer um suco para mim?
__ Tá bom.
A criança mistura água com um pouco de areia num copinho de danone.
__ Professora, olha o suco.
__ Do que é?
__ É de laranja.
__ Que tipo de laranja?
__ Laranja – lima.
A criança volta e faz outro bolo, só que agora com enfeites de folha de árvore, e o
oferece à professora.
__ Você só sabe fazer doce?
__ Não.
__ Então eu quero um salgado.
__ Eu vou preparar um salgadinho doce.
A criança volta com várias bolinhas de areia nas mãos.
__ Obá! Que salgadinho é esse?
__ Bolinha de queijo.
A professora fingindo comer o salgadinho oferece-o a outra criança:
__ Quer uma, Matheus?
__ Eu não!!! __ responde Matheus.
__ Ah! Nós come de mentirinha __ diz a primeira criança.
(Episódio extraído do relatório de estágio de Juliana Nogueira, aluna do curso de
Magistério, 1993)
No episódio citado acima percebe-se claramente que, a professora ao passar a fazer
parte da brincadeira que surgiu naturalmente de uma aluna, aproveitou a mesma para
criar situações de aprendizagem: ao perguntar se a menina só sabia fazer doce, de que
fruta era o suco, entre outras.
Assim a professora explorou o brincar, enriquecendo-o, possibilitando maior
organização e significado.
Segundo HAIDT (2000), o jogo é uma atividade física ou mental organizada por um
sistema de regras. É uma atividade lúdica, pois se joga pelo simples prazer de realizar
esse tipo de atividade. Para o autor, quando se está brincando com um jogo, nós nos
preocupamos exclusivamente com o prazer que este nos proporciona, atentamos para as
regras e, no final se saíram vencedores ou perdedores. Mas, analisando profundamente
esta questão, a participação em jogos contribui e muito para a formação de futuros
cidadãos conscientes, como o respeito mútuo, a solidariedade, a cooperação, a
sinceridade, a obediência às regras, senso de responsabilidade, entre outros. Sem
dúvida, o jogo tem um valor de formação de caráter excitante e também esforço
voluntário, pois trabalha a nossa atenção, concentração e conhecimento. Com a criança
não é diferente. Tendo como característica universal a brincadeira, a criança, através do
brincar e do jogo, faz suas próprias descobertas, testa seus limites, aprende regras
básicas de convivência e desenvolve o emocional e o cognitivo. Vimos através do
exemplo prático que a criança aprende brincando, pois a brincadeira é algo sem
"compromisso" que se realiza naturalmente, sem cobranças.
O Lúdico na Formação do Professor
A educação no Brasil passou, recentemente, por reformulações por ocasião da
promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996), as
propostas dos PCN's e a conseqüente divulgação das Diretrizes Curriculares Nacionais.
Estes fatos fizeram com que na década de 90 todas as escolas, de norte a sul do Brasil,
discutissem o assunto. Muitos professores concordaram com tais diretrizes, outros não.
O importante não foram os posicionamentos, mas a possibilidade de debates que se
desencadeou e permitiu o repensar pedagógico.
Na esteira do debate, a atividade lúdica ganhou relevo e importância como possibilidade
de construção do conhecimento.
A palavra lúdico se origina do latim "ludus" que significa "brincar". Segundo Luckesi
(2000) o que caracteriza o lúdico "é a experiência de plenitude que ele possibilita a
quem o vivencia em seus atos" (p. 96). A ludicidade como um estado de inteireza, de
estar pleno naquilo que faz com prazer pode estar presente em diferentes situações de
nossas vidas. Diante disso aparece uma outra questão: não se pode distinguir formação
pessoal da formação profissional. Quando pretendemos compreender a ação docente,
temos que considerar, sobretudo, que o processo de formação do professor é um
crescente e um contínuo.
Portanto, a dimensão lúdica na formação do profissional é parte integrante de todo o
processo, que é amplo, complexo e integral. É algo indissociável de auto-formação na
relação concreta entre o estudo (técnico), entre a reflexão individual e entre a interação
coletiva. Isto dentro de um confronto de idéias e troca de experiências vivenciadas.
Há, porém, nessas reflexões, uma dimensão dicotômica; pois o que se percebe no
processo de intinerância acadêmica do professor é que ele gira quase sempre em torno
de questões epistemológicas e metodológicas, não atentando para o aspecto humano /
pessoal, ontológico que também faz parte do desenvolvimento. Este, por sua vez, deve
ser o ponto prioritário, pois os sentimentos, assim como as leituras de mundo desse
professor vão caracterizar e orientar muito sua prática pedagógica.
Analisando agora sobre uma outra ótica temos, segundo Feijó (1992), que o lúdico é
uma necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente e faz parte das atividades
essenciais da dinâmica humana.
Portanto, é importante que o professor descubra e trabalhe a dimensão lúdica que existe
em sua essência, no seu trajeto cultural, de forma que venha aperfeiçoar a sua prática
pedagógica.
Analisando agora sobre uma outra ótica temos, segundo Feijó (1992), que o lúdico é
uma necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente e faz parte das atividades
essenciais da dinâmica humana.
Portanto, é importante que o professor descubra e trabalhe a dimensão lúdica que existe
em sua essência, no seu trajeto cultural, de forma que venha aperfeiçoar a sua prática
pedagógica.
" A ludicidade poderia ser a ponte facilitadora da aprendizagem se o professor pudesse
pensar e questionar-se sobre sua forma de ensinar, relacionando a utilização do lúdico
como fator motivante de qualquer tipo de aula". (Campos,1986, p.111)
No entanto para que isso aconteça é necessário que ele busque resgatar a ludicidade, os
momentos lúdicos que com certeza permearam seu caminhar.
Nos espaços acadêmicos, os professores geralmente relacionam com pouca intensidade
formação profissional e ludicidade, não tendo, por vezes, um embasamento teórico que
permita compreender a ludicidade como um fator de desenvolvimento humano. Isso
acontece porque a ludicidade ainda não foi compreendida como uma dimensão
importante e que deve ser estudada e vivenciada em sua plenitude.
Graças a uma provável formação precária dos educadores, as atividades artísticas, assim
como as recreativas, só são permitidas pelos professores quando não planejaram nada
para ensinar, quando não estão dispostos e em situações de prêmio por bom
comportamento e, às vezes, em datas comemorativas. Como afirma Rocha:
"Ao professor cabe organizar o brincar e, para isto, é necessário que ele conheça suas
particularidades, seus elementos estruturais, as premissas necessárias para seu
surgimento e desenvolvimento".(2000, p.48).
Diante desses argumentos apresentados até aqui, vale nesse momento o seguinte
questionamento: Por que incluir a dimensão lúdica na formação do professor?
Conforme Santos (1997) isso possibilitaria ao educador conhecer-se como pessoa, saber
suas possibilidades e limitações, ter visão sobre a importância do jogo e do brinquedo
para a vida da criança, jovem e do adulto.
O professor não deve adaptar-se à realidade social em que vivemos, e sim assumir o seu
papel como ator social capaz de colocar mais cor, mais sabor, mais vida, tanto na sua
vivencia, como naquilo que se propõe a fazer. Isso é possível quando ele reconhece o
lúdico que o acompanhou durante todo o seu desenvolvimento.
A vivência da ludicidade como fazer pedagógico durante o processo de formação do
professor instiga o ato criador e recriador, crítico, aguça a sensibilidade, o espírito de
liberdade e a alegria de viver.
Desse modo a manifestação lúdica estimula o viver de experiências axiológicas, pela
geração de novas e relevantes valores (respeito ao outro, lealdade, cooperação,
solidariedade) etc.
Lamentavelmente a grande maioria das instituições educacionais ainda é pautada numa
prática que considera a idéia do conhecimento como repetição, sob uma ótica
comportamentalista, tornando o conhecimento cristalizado ou espontaneísta e não como
um saber historicamente construído.
Por isso é importante uma educação mais abrangente, que faça com que nós professores
procuremos outros caminhos para suprir as carências encontradas nessas instituições de
ensino de professores.
Trazendo o estudo para a realidade das Universidades de Educação houve uma mudança
no currículo do Curso de Pedagogia de várias partes de nosso país com o objetivo de
aproximá-lo das exigências do mundo do trabalho e da educação contemporâneos.
O currículo atual pretende responder aos anseios por mudanças no Curso de Pedagogia,
reclamadas desde os anos oitenta, quando professores e alunos desta instituição
formularam críticas e propostas alternativas à proposta implantada em 1969.
Assim, o novo currículo aumentou o número de disciplinas cujas ementas englobam os
elementos para a compreensão dos fundamentos teóricos do lúdico, seu papel no
desenvolvimento do ser humano e as implicações para a prática educativa, e consideram
a possibilidade de uma educação realmente voltada para a formação nos seus aspectos
éticos, cognitivos, afetivos, estéticos, corporais e sociais atentando para a importância
do prazer, da alegria nos mais variados espaços e tempos.
A dimensão lúdica na formação do professor permite a ele questionar-se quanto a sua
postura e conduta em relação ao objetivo prioritário de proporcionar aos alunos um
desenvolvimento integral no qual a competência técnica combina com o compromisso
político.
                        REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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       Summus, 1984
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       Paulo: Olho d`Água.
   •   FREIRE, P. (1999). Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática
       educativa. São Paulo: Paz e Terra.
   •   FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler . São Paulo: Cortez, 2001
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       In: Cadernos Idéias, construtivismo em revista. São Paulo, F.D.E., 1993.
   •   HAIDT, Regina C. C. Curso de Didática Geral . 7. ed., São Paulo: Ática, 2000.
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       Paulo, SP: Cortez, 1996
   •   LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar . São Paulo:
       Cortez,1997.
•   PALANGANA, I. C. (1994) – "Desenvolvimento & aprendizagem em Piaget e
       Vygotsky (a relevância do social)" – São Paulo: Plexus.
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       Considerações sobre educação e cultura infantil em creche. Campinas: Proposições
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   •   PIAGET (1975) – A formação do símbolo na criança . Rio de Janeiro: Zahar
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   •   RONCA, A. Carlos & ESCOBAR, Virgínia. Técnicas Pedagógicas: Domesticação
       ou Desafio à Participação? Petrópolis, Vozes, 1980.
   •   SANTOS, Santa Marli Pires (Org.). Brinquedoteca: o lúdico em diferentes
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   •   MOYLES, Janet R. Só brincar? – O papel do brincar na educação infantil . São Paulo: Artmed,
       2002.



Resumo
A intenção deste artigo é sensibilizar os professores de educação infantil e do
ensino fundamental das séries iniciais do importante papel que os jogos, as
brincadeiras e os brinquedos exercem no desenvolvimento da criança. Para isso se
faz necessário saber o significado do brincar, conceituar os principais termos
utilizados para designar o ato de brincar, tornando-se também fundamental analisar
o papel do educador neste processo lúdico, e ainda, os benefícios que o brincar
proporciona. Faremos também algumas considerações importantes sobre os jogos e
brinquedos. Desta forma, espera-se oferecer uma leitura mais consciente acerca da
importância do brincar na vida do ser humano, e em especial na vida da criança.
Palavras chave: brincar; educação infantil; criança; escola.



1. Introdução: o brincar e a criança
"O brincar é uma necessidade básica e um direito de todos. O brincar é uma
experiência humana, rica e complexa." (ALMEIDA, M. T. P, 2000)
Gostaria de começar o artigo lembrando ao educador sobre os reais objetivos da
Educação Infantil. Estes objetivos devem ser pensados a longo prazo e dentro de
uma perspectiva do desenvolvimento da criança. Os objetivos serão divididos com
relação a três pontos.
I. Em relação aos professores: gostaríamos que as crianças desenvolvessem sua
autonomia através de relacionamentos seguros no qual o poder do adulto seja
reduzido o máximo possível.
II. Em relação aos companheiros: gostaríamos que as crianças desenvolvessem sua
habilidade de descentrar e coordenar diferentes pontos de vista.
III. Em relação ao aprendizado: gostaríamos que as crianças fossem alertas,
curiosas, criticas e confiantes na sua capacidade de imaginar coisas e dizer o que
realmente pensam. Gostaríamos também que elas tivessem iniciativa, elaborassem
idéias, perguntas e problemas interessantes e relacionassem as coisas umas às
outras. (KAMII, 1991, p. 15.)
Vamos também iniciar o artigo fazendo uma pergunta: "O que as crianças precisam
para serem felizes?"
A criança para ser feliz precisa de muita coisa, mas, em especial ela precisa de:




Sabemos que o brincar é um direito da criança como apresentam diversos
documentos internacionais:
  Declaração universal dos direitos da criança - ONU (20/11/1959)
"... A criança deve ter todas as possibilidades de entregar-se aos jogos e às
atividades recreativas, que devem ser orientadas para os fins visados pela
educação; a sociedade e os poderes públicos devem esforçar-se por favorecer o
gozo deste direito". (Declaração universal dos direitos da criança, 1959)
• Associação internacional pelo direito da criança brincar - IPA 1979 (Malta), 1982
(Viena), 1989 (Barcelona)
Os princípios norteadores da Associação Internacional pelo Direito da Criança
Brincar - IPA são:
Saúde
Brincar é essencial para saúde física e mental das crianças.
Educação
Brincar faz parte do processo da formação educativa do ser humano.
Bem estar - ação social
O brincar é fundamental para a vida familiar e comunitária.
Lazer no tempo livre
A criança precisa de tempo para brincar em seu tempo de lazer.
Planejamento
As necessidades da criança devem ter prioridade no planejamento do equipamento
social.
Diante do exposto percebe-se que nem sempre a teoria pode ser aplicada na
prática, afinal vivemos em um país que não tem dado aos pequenos a devida
importância, principalmente no que se refere ao direito de brincar. Nunca devemos
esquecer que o brincar é uma necessidade básica e um direito de todos. O brincar é
uma experiência humana, rica e complexa. Se o brincar é um direito devemos ter,
estimular e cobrar políticas públicas dirigidas em quatro eixos básicos:
I. Criação de espaços lúdicos estruturados para jogos, brinquedos e brincadeiras;
II. Organização sistemática de ações de formação lúdica de recursos humanos em
diferentes níveis;
III. Campanhas formativas e informativas sobre a importância do brincar;
IV. Criação de centros de pesquisa, de documentação e assessoria sobre jogos,
brinquedos e brincadeiras e outros materiais lúdicos.
Gostaria de encerrar com a seguinte reflexão: o brincar tem contido nele os mais
diferentes elementos e valores que são suas virtudes e os seus pecados. Virtudes,
porque na essência, eles são constituídos de princípios generosos que permitem a
revitalização permanente. Pecados porque o brincar pode ser também manipulado e
desviado para as mais diferentes finalidades ou objetivos, podendo comprometer a
verdade.
Um outro documento de grande relevância foi o estudo introdutório do referencial
curricular nacional para a educação infantil no eixo do brincar e conhecido como
Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN's. Este documento foi criado no ano de
1998 em Brasilia por educadores especialistas no assunto. Elencaremos abaixo
alguns pontos apresentados neste estudo:
É imprescindível que haja riqueza e diversidade nas experiências que lhes• são
oferecidas nas instituições.
A brincadeira é uma linguagem infantil.
No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e significam
outra coisa daquilo que aparentam ser. Ao brincar as crianças recriam e repensam
os acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que estão brincando.
O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que• assumem
enquanto brincam.
Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam
anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca.
O brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos• de
adulto.
Os conhecimentos da criança provêm da imitação de alguém ou de algo• conhecido,
de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes, do relato de um
colega ou de um adulto, de cenas assistidas na televisão, no cinema ou narradas
em livros etc.
É no ato de brincar que a criança estabelece os diferentes vínculos entre• as
características do papel assumido, suas competências e as relações que possuem
com outros papéis, tomando consciência disto e generalizando para outras
situações.
Para brincar é preciso que as crianças tenham certa independência para escolher
seus companheiros e os papéis que irão assumir no interior de um determinado
tema e enredo, cujos desenvolvimentos dependem unicamente da vontade de
quem brinca.
Segundo os PCN's o brincar apresenta-se por meio de várias categorias. E essas
categorias incluem:
O movimento e as mudanças da percepção resultantes essencialmente da•
mobilidade física das crianças;
A relação com os objetos e suas propriedades físicas assim como a• combinação e
associação entre eles;
A linguagem oral e gestual que oferecem vários níveis de organização a• serem
utilizados para brincar; os conteúdos sociais, como papéis, situações, valores e
atitudes que se referem à forma como o universo social se constroem;
E, finalmente, os limites definidos pelas regras, constituindo-se em um• recurso
fundamental para brincar.
O brincar pode, de acordo com os estudiosos e pesquisadores do tema ser dividido
em duas grandes categorias:
O Brincar Social: reflete o grau no quais as crianças interagem umas com as•
outras.
O Brincar Cognitivo: revela o nível de desenvolvimento mental da criança.
Estas categorias de experiências podem ser agrupadas em quatro modalidades
básicas de brincar:
O brincar tradicional•
O brincar de faz-de-conta
O brincar de construção•
O brincar educativo•
As crianças na idade de educação infantil vivenciam experiências lúdicas sociais e
não-sociais. Um estudo feito por PARTEN (1932) citado por PAPALIA (2000) revela
que no brincar das crianças pequenas, podemos identificar seis tipos de atividades
lúdicas sociais e não-sociais:
Comportamento desocupado•
Comportamento observador•
Atividade independente (solitária)•
Atividade paralela
Atividade associativa•
Atividade cooperativa ou organizada suplementar•
É importante saber que existem cinco grandes pilares básicos nas ações lúdicas das
crianças em seus jogos, brinquedos e brincadeiras, estes pilares são:
I. A imitação
II. O espaço
III. A fantasia
IV. As regras
V. Os valores
Para entender o universo lúdico é fundamental compreender o que é brincar e para
isso, é importante conceituar palavras como jogo, brincadeira e brinquedo,
permitindo assim aos professores de educação infantil e do ensino fundamental
trabalhar melhor as atividades lúdicas. Esta tarefa nem sempre é fácil exatamente
pelo fato dos autores compreenderem os termos de forma diferente. Temos que
salientar que esta dificuldade não é somente do Brasil, outros países que se
preocupam em pesquisar o tema, também têm dificuldade quanto às
conceituações. Para efeito deste artigo adotaremos as seguintes definições.
O que é brinquedo?
Para a autora KISHIMOTO (1994) o brinquedo é compreendido como um "objeto
suporte da brincadeira", ou seja, brinquedo aqui estará representado por objetos
como piões, bonecas, carrinhos etc. Os brinquedos podem ser considerados:
estruturados e não estruturados. São denominados de brinquedos estruturados
aqueles que já são adquiridos prontos, é o caso dos exemplos acima, piões,
bonecas, carrinhos e tantos outros.
Os brinquedos denominados não estruturados são aqueles que não sendo
industrializados, são simples objetos como paus ou pedras, que nas mãos das
crianças adquirem novo significado, passando assim a ser um brinquedo. A pedra
se transforma em comidinha e o pau se transforma em cavalinho. Portanto, vimos
que os brinquedos podem ser estruturados ou não estruturados dependendo de sua
origem ou da transformação criativa da criança em cima do objeto.
O que é brincadeira?
A brincadeira se caracteriza por alguma estruturação e pela utilização de regras.
Exemplos de brincadeiras que poderíamos citar e que são amplamente conhecidas:
Brincar de Casinha, Ladrão e Polícia etc. A brincadeira é uma atividade que pode ser
tanto coletiva quanto individual. Na brincadeira a existência das regras não limita a
ação lúdica, a criança pode modificá-la, ausentar-se quando desejar, incluir novos
membros, modificar as próprias regras, enfim existe maior liberdade de ação para
as crianças.
O que é jogo?
A compreensão de jogo está associada tanto ao objeto (brinquedo) quanto à
brincadeira. É uma atividade mais estruturada e organizada por um sistema de
regras mais explícitas. Exemplos clássicos seriam: Jogo de Mímica, de Cartas, de
Tabuleiro, de Construção, de Faz-de-Conta etc. Uma característica importante do
jogo é a sua utilização tanto por crianças quanto por adultos, enquanto que o
brinquedo tem uma associação mais exclusiva com o mundo infantil.
Os diferentes significados do brincar
Um mesmo jogo, brinquedo ou brincadeira para diferentes culturas pode ter
diferentes significados, isto quer dizer que é preciso considerar o contexto social
onde se insere o objeto de nossa análise.
Boneca: Objeto que pode ser utilizado como um brinquedo em uma cultura, ser
considerado objeto de adoração em rituais ou ainda um simples objeto de
decoração.
Arco e Flecha: Objeto que pode ser utilizado como brinquedo em uma cultura, mas
em outra cultura é um objeto no qual se prepara às crianças para a caça e a pesca
visando à sobrevivência.
Depois das definições apresentadas é necessário esclarecer que as mesmas devem
servir para ajudar na reflexão do professor em sua ação lúdica diante da criança e
não para limitá-lo neste processo. É importante que as pessoas envolvidas na
pesquisa do lúdico acreditem que o jogo, o brinquedo e a brincadeira terão um
sentido mais profundo se vierem representados pelo brincar.
Em resumo o universo lúdico abrange, de forma mais ampla os termos brincar,
brincadeira, jogo e brinquedo. O brincar caracteriza tanto a brincadeira como o jogo
e o brinquedo como objeto suporte da brincadeira e/ou do jogo. (ver figura)
2. Papel do educador na educação lúdica
"A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola é encontrar um amigo,
um guia, um animador, um líder - alguém muito consciente e que se preocupe com
ela e que a faça pensar, tomar consciência de si de do mundo e que seja capaz de
dar-lhe as mãos para construir com ela uma nova história e uma sociedade
melhor". (ALMEIDA,1987,p.195)
Para se ter dentro de instituições infantis o desenvolvimento de atividades lúdicas
educativas, é de fundamental importância garantir a formação do professor e
condições de atuação. Somente assim será possível o resgate do espaço de brincar
da criança no dia-a-dia da escola ou creche.
Para nós a formação do Educador Infantil, ganha em qualidade se, em sua
sustentação, estiverem presentes três pilares:
I. Formação teórica
II. Formação pedagógica
III. Formação lúdica
A decisão de se permitir envolver no mundo mágico infantil seria o primeiro passo
que o professor deveria dar. Explorar o universo infantil exige do educador
conhecimento teórico, prático, capacidade de observação, amor e vontade de ser
parceiro da criança neste processo. Nós professores podemos através das
experiências lúdicas infantis obtermos informações importantes no brincar
espontâneo ou no brincar orientado. Estas descobertas podem definir critérios tais
como:
A duração do envolvimento em um determinado jogo;•
As competências dos jogadores envolvidos;•
O grau de iniciativa, criatividade, autonomia e criticidade que o jogo   proporciona
ao participante;
A verbalização e linguagem que acompanham o jogo;
O grau de interesse, motivação, satisfação, tensão aparente durante o jogo•
(emoções, afetividade etc.);
Construção do conhecimento (raciocínio, argumentação etc.);•
Evidências de comportamento social (cooperação, colaboração, conflito,
competição, integração etc.).
A aplicação de jogos, brincadeiras e brinquedos em diferentes situações
educacionais podem ser um meio para estimular, analisar e avaliar aprendizagens
específicas, competências e potencialidades das crianças envolvidas.
No brincar espontâneo podemos registrar as ações lúdicas a partir da: observação,
registro, análise e tratamento. Com isso, podemos criar para cada ação lúdica um
banco de dados sobre o mesmo, subsidiando de forma mais eficiente e científica os
resultados das ações. É possível também fazer o mapeamento da criança em sua
trajetória lúdica durante sua vivência dentro de um jogo ou de uma brincadeira,
buscando dessa forma entender e compreender melhor suas ações e fazer
intervenções e diagnósticos mais seguros ajudando o indivíduo ou o coletivo. As
informações obtidas pelo brincar espontâneo permitem diagnosticar:
Idéias, valores interessantes e necessidades do coletivo ou do indivíduo;
Estágio de desenvolvimento da criança;•
Comportamento dos envolvidos nos diferentes ambientes lúdicos;•
Conflitos, problemas, valores etc.•
Com isso podemos definir, a partir de uma escolha criteriosa, as ações lúdicas mais
adequadas para cada criança envolvida, respeitando assim o princípio básico de
individualidade de cada ser humano.
Já no brincar dirigido pode-se propor desafios a partir da escolha de jogos,
brinquedos ou brincadeiras determinadas por um adulto ou responsável. Estes
jogos orientados podem ser feitos com propósitos claros de promover o acesso a
aprendizagens de conhecimentos específicos como: matemáticos, lingüísticos,
científicos, históricos, físicos, estéticos, culturais, naturais, morais etc. E um outro
propósito é ajudar no desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, motriz, lingüístico
e na construção da moralidade (nos valores).
Segundo o professor ALMEIDA (1987) a educação lúdica pode ter duas
conseqüências, dependendo de ser bem ou mal utilizada:
I. A educação lúdica pode ser uma arma na mão do professor despreparado, arma
capaz de mutilar, não só o verdadeiro sentido da proposta, mas servir de negação
do próprio ato de educar;
II. A educação lúdica pode ser para o professor competente um instrumento de
unificação, de libertação e de transformação das reais condições em que se
encontra o educando. É uma prática desafiadora, inovadora, possível de ser
aplicada.
Sobre este tema do papel do educador como facilitador dos jogos, das brincadeiras,
da utilização dos brinquedos e principalmente da organização dos espaços lúdicos
para criança de 0 a 6 anos muito poderia ser dito, mas gostaríamos de chamar
atenção sobre alguns aspectos considerados importantes para facilitar a relação da
criança e do professor nas atividades lúdicas. Estas informações foram tiradas do
projeto "Brincar é coisa séria" desenvolvido pela Fundação Samuel - São Paulo, em
campanha realizada em 1991, p.8, 9 e 10.
Segundo REGO (1994), autora da obra citada, o papel do educador é o seguinte:
O educador tem como papel ser um facilitador das brincadeiras, sendo• necessário
mesclar momentos onde orienta e dirige o processo, com outros momentos onde as
crianças são responsáveis pelas suas próprias brincadeiras.
É papel do educador observar e coletar informações sobre as brincadeiras• das
crianças para enriquecê-las em futuras oportunidades.
Sempre que possível o educador deve participar das brincadeiras e• aproveitar para
questionar com as crianças sobre as mesmas.
É importante organizar e estruturar o espaço de forma a estimular na• criança a
necessidade de brincar, também visando facilitar a escolha das brincadeiras.
Nos jogos de regras o professor não precisa estimular os valores• competitivos, e
sim tentar desenvolver atitudes cooperativas entre as crianças. Que o mais
importante no brincar é participar das brincadeiras e dos jogos.
Devemos respeitar o direito da criança participar ou não de um jogo. Neste• caso o
professor tem que criar uma situação diferente de participação dela nas atividades
como: auxiliar com materiais, fazer observações, emitir opiniões etc.
Em uma situação de jogo ou brincadeira é importante que o educador explique• de
forma clara e objetiva as regras às crianças. E se for necessário pode mudá-las ou
adaptá-las de acordo com as faixas etárias.
Estimular nas crianças a socialização do espaço lúdico e dos brinquedos,• criando
assim o hábito de cooperação, conservação e manutenção dos jogos e brinquedos.
Exemplos: "quem brincou guarda"; "no final da brincadeira todos ajudam a guardar
os materiais" etc.
Estimular a imaginação infantil, para isso o professor deve oferecer• materiais dos
mais simples aos mais complexos, podendo estes brinquedos ou jogos serem
estruturados (fabricados) ou serem brinquedos e jogos confeccionados com
material reciclado (material descartado como lixo), por exemplo: pedaço de
madeira; papel; folha seca; tampa de garrafa; latas secas e limpas; garrafa
plástica; pedaço de pano etc. Todo e qualquer material cria para a criança uma
possibilidade de fantasiar e brincar.
É interessante que o professor providencie para que as crianças tenham• espaço
para brincar (área livre), e que possam mexer no mobiliário, montar casinhas, fazer
cabanas, tendas de circo etc.
O professor deve dar o tempo necessário às crianças para que as      brincadeiras
apareçam, se desenvolvam e se encerrem.
Ser aquele que coordena sua ação a ação da criança, pelo conhecimento e• ligação
com as emoções desta.
RIZZO (1996) em seu livro "Jogos Inteligentes" analisa com muita propriedade
alguns aspectos necessários para que um bom educador possa realizar sua
atividade com crianças pequenas. Para a autora o educador:
Deve ser um líder democrático, que propicia, coordena e mantém um clima de•
liberdade para a ação do aluno, limitado apenas pelos direitos naturais dos outros.
Deve atuar em sintonia com a criança para estabelecer a necessária• cooperação
mútua.
Precisa ter antes construído a sua autonomia intelectual e segurança      afetiva.
Precisa aliar a teoria à prática e valorizar o conhecimento produzido a   partir
desta.
Deve jogar com as crianças e participar ativamente de suas brincadeiras,• talvez
seja o caminho mais seguro para obter informações e conhecimentos sobre o
mundo infantil. (RIZZO, 1996, p.27 e 29)
Espera-se que as sugestões acima possam abrir novos horizontes, reflexões e
questionamentos para o educador infantil, e que com isso ele possa desenvolver
atividades mais conscientes e seguras.
3. Brincar é importante ... por quê?
Para a professora CUNHA (1994), o brincar é uma característica primordial na vida
das crianças. Segundo a autora em seu livro "Brinquedoteca: um mergulho no
brincar" o brincar para a criança é importante:
Porque é bom, é gostoso e dá felicidade, e ser feliz é estar mais• predisposto a ser
bondoso, a amar o próximo e a partilhar fraternalmente;
Porque é brincando que a criança se desenvolve, exercitando suas• potencialidades;
Porque, brincando, a criança aprende com toda riqueza do aprender fazendo,•
espontaneamente, sem pressão ou medo de errar, mas com prazer pela aquisição
do conhecimento;
Porque, brincando, a criança desenvolve a sociabilidade, faz amigos e• aprende a
conviver respeitando o direito dos outros e as normas estabelecidas pelo grupo;
Porque, brincando, aprende a participar das atividades, gratuitamente, pelo• prazer
de brincar, sem visar recompensa ou temer castigo, mas adquirindo o hábito de
estar ocupada, fazendo alguma coisa inteligente e criativa;
Porque, brincando, prepara-se para o futuro, experimentando o mundo ao seu•
redor dentro dos limites que a sua condição atual permite;
Porque, brincando, a criança está nutrindo sua vida interior, descobrindo   sua
vocação e buscando um sentido para sua vida. (CUNHA, 1994, p. 11)
Sendo assim fica claro que o brincar para a criança não é uma questão apenas de
pura diversão, mas também de educação, socialização, construção e pleno
desenvolvimento de suas potencialidades.
4. Por quê nem todas as crinças brincam?
Segundo Declaração Universal dos Direitos da Criança todas as crianças têm o
direito de brincarem e de serem felizes, mas nem sempre elas têm essa
oportunidade, por quê?
Porque precisam trabalhar;•
Porque precisam estudar e conseguir notas altas;
Porque são tratadas como adultos em miniatura;•
Porque não podem atrapalhar os adultos;•
Porque não têm com o que brincar;•
Porque não tem espaços (em cidades) apropriados para brincar;
Porque é preciso aprender e ser inteligente. (CUNHA, 1994, p. 12)
Diante do exposto percebe-se que nem sempre a teoria pode ser aplicada na
prática, afinal vivemos em um país que não tem dado aos pequenos a devida
importância, principalmente no que se refere ao direito de brincar.
5. Critérios para escolha de brinquedos
O que é um bom brinquedo para a criança?
- É o que atende as necessidades da criança. (CUNHA, 1994)
Para que os brinquedos atendam as reais necessidades dos sujeitos envolvidos na
ação lúdica é necessário que os seguintes fatores estejam presentes para que isso
aconteça:
Interesse
O brinquedo mais lindo e sofisticado não tem valor algum se não der prazer à
criança, pois sua validade é o interesse da criança que irá determinar. Bom
brinquedo é o que convida a criança a brincar, é o que desafia seu pensamento, é o
que mobiliza sua percepção, é o que proporciona experiências e descobertas.
Para diferentes momentos, diferentes brinquedos poderão ser mais indicados. Um
brinquedo que estimula a ação, outro que possibilite uma aprendizagem, ou que
satisfaça a imaginação e a fantasia da criança; às vezes, apenas um ursinho de
pelúcia que lhe faça companhia.
Dar um carrinho para um menino de 10 anos pode ser tão ofensivo quanto seria
desapontador oferecer um quebra-cabeças de 500 peças a um garoto de 5 anos.
Mas nem sempre a criança sozinha irá escolher o melhor brinquedo para ela; um
menino, ao entrar numa loja, pode procurar só revólveres ou carrinhos, mas isto
não significa que só goste deste tipo de brinquedo, mas sim que só reconhece
estes objetos. Os carros estão nas ruas por onde a criança passa e os revólveres e
as metralhadoras são a fonte do poder, segundo a mensagem passada pelas
dezenas de filmes que a criança assiste todos os dias na televisão.
Certos brinquedos precisam ser apresentados à criança para que possa imaginar o
que pode fazer com eles. 0 que torna um brinquedo atraente para uma criança? Um
brinquedo pode tornar-se irresistível e até imprescindível pelas seguintes razões:
Por haver-se tornado um objeto de afeto; quantas vezes a ligação com uma•
boneca, ou um ursinho, é tão forte que a criança não dorme sem ele.
Por representar status, como no caso dos brinquedos anunciados na televisão• ou
importados.
Por darem sensação de segurança, como os revólveres e as fardas de soldados        e
super-heróis.
Por atender a uma hiperatividade.•
Por funcionar como objeto intermediário entre a criança e uma situação• difícil para
ela.
Por satisfazer uma determinada carência ou atender a uma fantasia.
Por ser desafio a uma determinada habilidade, como os ioiôs, bambolês,• skates
etc.
Porque algum amigo tem.
Adequação
O brinquedo deve ser adequado à criança, considerada como indivíduo especial e
diferenciado; deve atender à etapa de desenvolvimento em que a criança se
encontra e as suas necessidades emocionais, socioculturais, físicas ou intelectuais.
Apelo à imaginação
O brinquedo deve estimular a criatividade. Quando é muito dirigido e não oferece
alternativas, passa a ser apenas uma tarefa a ser cumprida. É aconselhável que
haja sempre um convite a participação criativa. Entretanto, este apelo deve estar à
altura da criança. Os jogos muito abstratos não conseguirão motivá-la, pois, para
poder criar, ela precisa ter alguns pontos de referência.
Versatilidade
O brinquedo que pode ser utilizado de várias maneiras é um convite a exploração e
a inventividade. A criança pode brincar com algo que já conhece, mas criando
novas formas ou alcançando objetivos diferentes. É interessante que o jogo
possibilite à criança a obtenção de sucesso progressivo, para que, à medida que ela
vai conhecendo melhor os recursos que ele oferece, possa alcançar níveis mais
altos de realização. Um jogo bem versátil pode representar um constante desafio às
habilidades da criança.
Composição
As crianças gostam de saber como o brinquedo funciona ou como ele é por dentro.
Por esta razão, os jogos desmontáveis são mais interessantes. 0 pensamento lógico
é bastante estimulado pelo manuseio dos jogos de montar, nos quais a criança tem
oportunidade de compor e observar a seqüência necessária para a montagem
correta.
Cores e formas
As cores mais fortes e as formas mais simples atraem mais as crianças pequenas.
Mas as maiores preferem cores naturais e formas mais sofisticadas. De qualquer
maneira, a variedade no colorido, na forma e na textura irá contribuir para a
estimulação sensorial da criança, enriquecendo sua experiência.
O tamanho
Deve ser compatível com a motricidade da criança. Um bebê não pode brincar com
peças pequenas pois poderá levá-las a boca, engolir ou engasgar-se com elas.
Também não terá coordenação motora suficiente para manipular peças miúdas.
Brinquedos grandes e pesados podem machucar a criança ao caírem no chão.
Durabilidade
Os brinquedos muito frágeis causam frustração não somente por se quebrarem
facilmente, mas também porque não dão à criança o tempo suficiente para que
estabeleça uma boa relação com eles.
Segurança
Tintas tóxicas, pontas e arestas, peças que podem se soltar, tudo isto deve ser
observado num brinquedo, para evitar que a criança se machuque. Com os bebês,
o cuidado deve ser ainda maior, pois, levando tudo à boca, correm o risco de
engolir ou engasgar-se com uma pequena peça que se desprenda. Cuidado com os
sacos plásticos, porque podem provocar sufocação se levados à boca ou enfiados na
cabeça. É melhor evitá-los. Nem sempre será possível atender a todos estes pré-
requisitos para fazer uma escolha. Mas, pelo menos o primeiro e o último desta
lista serão indispensáveis considerar.
6. Sobre a segurança dos brinquedos: alguns cuidados e sugestões
As crianças, acostumadas que estão a passarem grande parte do tempo em frente
à TV, são vítimas ingênuas dos apelos da publicidade e desorientam os pais com
exigências sutis, declaradas e até abusadas. Como nenhum pai agüenta a cantilena
e até as pirraças comuns aos baixinhos contrariados, acabam cedendo aos seus
apelos. Mas é necessário que estejam atentos para comprarem produtos que
tenham alguma utilidade para as crianças, e mais, que não tragam danos imediatos
ou futuros. Vamos a alguns conselhos:
Brinquedo é um tipo de treinamento divertido para a criança, através dele é• que
ela começa a aprender, conhecer e compreender o mundo que a rodeia.
Existem brinquedos para todas as faixas etárias. Não adianta forçar a• natureza.
Quanto mais adequado à idade da criança, mais útil ele é. Se o brinquedo puder ser
utilizado em várias idades acompanhando o desenvolvimento, melhor ainda.
Brinquedos que servem para adultos brincarem e crianças assistirem não são
estimulantes. Pelo contrário: habituam a criança a ser um mero espectador.
Bom brinquedo estimula a imaginação e desenvolve a criatividade. Brinquedos
que ensinam apenas a repetir mecanicamente o que os outros fazem são
prejudiciais, irritantes e monótonos.
Criança gosta de brinquedos que possibilitem ação e movimento, com isso,•
aprende a coordenar olhos, mãos e o corpo, garantindo com naturalidade e prazer
uma maior saúde física e mental no futuro.
Brinquedo sério é aquele que educa a criança para uma vida saudável, livre,•
solidária, onde o companheirismo e a amizade sejam os pilares básicos.
Evite tudo o que condiciona a padrões discutíveis como a discriminação• sexual,
racial, religiosa e social. Afaste brincadeiras que incentivam a vitória a qualquer
custo, a esperteza fora das regras, a conquista de lucro ilegal, a compra ou venda
através de meios desonestos.
7. Considerações finais e sugestões
Tentamos de forma resumida mostrar algumas idéias sobre o brincar. Agora cabe a
cada leitor fazer uma reflexão mais profunda sobre este tema tão maravilhoso e ao
mesmo tempo misterioso. Esperamos que as informações contidas neste trabalho
possam ajudar ao educador infantil, na organização e planejamento de suas
atividades. É importante colocar que o educador que trabalha diretamente com
crianças pequenas deve sempre que possível ler artigos, textos e livros que falem
sobre jogos, brincadeiras, brinquedos, e ainda sobre a criança e o seu
desenvolvimento. Por isso esperamos que os conteúdos abordados acima venham
colaborar de forma objetiva e concreta para uma melhor compreensão do universo
lúdico infantil. E principalmente para uma melhor qualidade educativa na formação
lúdica do educador infantil. Caro educador não esqueça que existem várias formas
de brincar e nem sempre é preciso dinheiro para isso, só precisa de imaginação,
ser criativo e acreditar em sonhos. Os estudos feitos por SINGER & SINGER, (1990)
citado por PAPALIA (2000) mostra que o brincar de faz-de-conta é um ótimo
recurso para a realização deste sonho:
I. Cerca de 10 a 17 % do brincar nas crianças de 2 a 3 anos é o jogo de faz-de-
conta;
II. A proporção aumenta para cerca de 33% nas idades de 4 a 6 anos;
III. A dimensão do jogo de faz-de-conta muda na proporção que as crianças
crescem. Passam do jogo imaginativo para o jogo sociodramático;
IV. Através do faz-de-conta, as crianças aprendem a compreender o ponto de vista
de outra pessoa, a desenvolver habilidades na resolução de problemas sociais e a
expressar sua criatividade;
V. As crianças que com freqüência brincam de faz-de-conta tendem a cooperar mais
com outras crianças e tendem a ser mais populares e mais alegres do que aquelas
que não brincam de modo imaginativo;
VI. Os adultos e crianças que brincam de faz-de-conta tendem a ter uma relação
mais saudável e prazerosa;
VII. As crianças que brincam de faz-de-conta tem mais facilidade de criar suas
próprias imagens e ser protagonista da ação lúdica;
VIII. Quanto maior for a qualidade do brincar maior será o desenvolvimento
cognitivo.
8. Bibliografia consultada e sugestões
1) ALMEIDA, M.T.P. Jogos divertidos e brinquedos criativos. Petrópolis, RJ: Editora
Vozes, 2004.
2) ____. Los juegos cooperativos em la educación física: una propuesta lúdica para
la paz. In: Juegos cooperativos. Tándem. Didáctica de la Educación Física nº 14,
ano 4. Barcelona-Espanha: GRAÓ, 2004, pp. 21 - 31.
3) ____. Os Jogos Tradicionais Infantis em Brinquedotecas Cubanas e Brasileiras.
São Paulo: USP, 2000. (Dissertação de Mestrado)
4) ____. Brinquedoteca e a importância de um espaço estruturado para o brincar.
In: Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. Petrópolis, RJ: Editora
Vozes,1997, pp. 132 -140.
5) ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação Lúdica - técnicas e jogos pedagógicos. São
Paulo: Edições Loyola, 1987.
6) BERTTELHEIM, Bruno. Uma vida para seu filho. Trad. Maura Sardinha e Maria
Helena Geordane. Rio de Janeiro: campus, 1988.
7) BORJA, Maria Sole. O jogo infantil: organização das ludotecas. Lisboa - Portugal:
Instituto de Apoio à Criança - IAC, 1992.
8) CUNHA, Nylse H. S. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. São Paulo. Maltese,
1994.
9) KAMII, Constance & DEVRIES, Rheta. Jogos em grupo na educação infantil:
implicações da teoria de Piaget. Trad. Marina Célia Dias Carrasqueira. São Paulo:
Trajetória Cultural, 1991.
10) KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Livraria
Pioneira Editora, 1994.
11) ____. O cotidiano da pré-escola. São Paulo: Série IDÉIAS, nº7, FDE, 1990.
12) LEBOVICI. S. O significado e função do brinquedo na criança. Trad. Liana di
Marco. Porto alegre: Artes Médicas, 1985.
13) MARROU, Henri-Irénée. História da Educação na Antiguidade. São Paulo:
E.P.U., 1990.
14) OLIVEIRA, Paulo de Salles. O que é brinquedo. São Paulo: Editora Brasiliense,
1990.
15) PAPALIA, Diane E. & OLDS, Sally Wendkos. Desenvolvimento Humano. Trad.
Daniel Bueno. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
16) REGO, Teresa Cristina. Brincar é coisa séria. São Paulo: Fundação
Samuel,1992.
17) RIZZO, Gilda. Jogos Inteligentes. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil,1996.
Nota:
* Professor da Universidade Federal do Ceará - UFC na Faculdade de Educação -
FACED no Curso de Educação Física. Coordenador do Laboratório de Brinquedos e
Jogos - LABRINJO da UFC. Atualmente desenvolve atividades de pesquisa, ensino,
estágio e extensão na Faculdade de Educação - FACED/UFC. Facilitador de jogos
cooperativos na Educação Física. Membro da diretoria da Associação Brasileira de
Brinquedotecas - ABBRI.

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  • 1. A Brincadeira e o Jogo na Educação Infantil - Paty Fonte Na educação infantil, é difícil estabelecer um horário para a brincadeira e um horário para a aprendizagem. Hoje sabe-se que a criança aprende brincando. O mundo em que ela vive é descoberto através de jogos dos mais diversos tipos que vão dos mais simples de encaixe às mais curiosas brincadeiras folclóricas. O jogo, para a criança, é o exercício e a preparação para a vida adulta. É através das brincadeiras, seus movimentos, sua interação com os objetos e no espaço com outras crianças que ela desenvolve suas potencialidades, descobrindo várias habilidades. Os métodos de ensino foram a preocupação dos educadores durante anos. Não se dava praticamente nenhuma importância para a maneira em que o aluno assimilava os conteúdos e se a aprendizagem era realmente eficaz. Atualmente, a preocupação está em descobrir como a criança aprende. O professor pode usar uma estratégia de ensino excelente, na sua visão, mas se não estiver adequada ao modo de aprender da criança, de nada servirá. Toda criança gosta de brincar. Então, se a criança aprende brincando, por que então não ensinarmos da maneira que ela aprenda melhor, de uma forma prazerosa e, portanto, eficiente? A utilização de certos jogos e brincadeiras como facilitadores na aprendizagem, na educação infantil, são sem dúvida, a solução para se obter resultados positivos no processo de ensino – aprendizagem das crianças. Mas, é importante que se tenham bem definidos os objetivos que queremos alcançar quando trabalhamos como o lúdico, e ter cuidado também com as brincadeiras que vamos mediar, para que esta esteja ligada ao momento correto do desenvolvimento infantil. Como já sabemos, os brinquedos e as brincadeiras são fontes inesgotáveis de interação lúdica e afetiva. Para uma aprendizagem eficaz é preciso que o aluno construa o conhecimento, assimile os conteúdos. E jogo é um excelente recurso para facilitar a aprendizagem. Neste sentido, CARVALHO afirma que: "desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos se mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade portanto, real valor e atenção as atividades vivenciadas naquele instante." (1992,p14) E acrescenta, mais adiante: "e o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato transformador em ludicidade, denotando-se portanto em jogo."(1992,p28) As ações com o jogo devem ser criadas e recriadas, para que sejam sempre uma nova descoberta, e sempre se transformem em um novo jogo, em uma nova forma de jogar. Quando brinca, a criança toma certa distância da vida cotidiana, entra em seu mundo imaginário e ilusório, não estando preocupada com a aquisição de conhecimento ou desenvolvimento de qualquer habilidade mental ou física. O que importa, neste caso, é o processo em si de brincar, algo que flui naturalmente, pois a única finalidade é o prazer, a alegria, a livre exploração do brinquedo. Diante dessas informações sobre o prazer de se aprender brincando, sobre a facilidade que o professor tem em conduzir uma aula, partindo da curiosidade dos alunos, atualmente, muitos educadores pensam que dinamizar as suas aulas utilizando jogos e brincadeiras é pura "perda de tempo". Todavia é fundamental conscientizar esses professores da
  • 2. importância do brincar. Mas como fazê-lo? O brincar sendo direcionado, seguindo uma linha de aprendizagem para o alcance de objetivos é o caminho. Torna-se importante levar o educador a refletir sobre a sua prática pedagógica no que diz respeito à utilização de jogos e brincadeiras, no decorrer de suas aulas, e também de buscar informações, sobre a prática de ensino de alguns educadores que trabalham com crianças e que conciliam as suas aulas com os jogos e com as brincadeiras. É importante também investigar sobre algumas brincadeiras e jogos que, ainda que pareçam sem importância para os adultos, testam diversas habilidades e conhecimento da criança. Exemplo de episódio verídico: No parque, crianças de 4 anos brincam com areia. Uma delas se aproxima da professora e oferece "o bolo de chocolate" que havia feito com areia: __ Professora, experimenta. Fui eu que fiz. __ Hum! Que delícia! Mas agora me deu sede. Você não quer fazer um suco para mim? __ Tá bom. A criança mistura água com um pouco de areia num copinho de danone. __ Professora, olha o suco. __ Do que é? __ É de laranja. __ Que tipo de laranja? __ Laranja – lima. A criança volta e faz outro bolo, só que agora com enfeites de folha de árvore, e o oferece à professora. __ Você só sabe fazer doce? __ Não. __ Então eu quero um salgado. __ Eu vou preparar um salgadinho doce. A criança volta com várias bolinhas de areia nas mãos. __ Obá! Que salgadinho é esse? __ Bolinha de queijo. A professora fingindo comer o salgadinho oferece-o a outra criança: __ Quer uma, Matheus? __ Eu não!!! __ responde Matheus. __ Ah! Nós come de mentirinha __ diz a primeira criança. (Episódio extraído do relatório de estágio de Juliana Nogueira, aluna do curso de Magistério, 1993) No episódio citado acima percebe-se claramente que, a professora ao passar a fazer parte da brincadeira que surgiu naturalmente de uma aluna, aproveitou a mesma para criar situações de aprendizagem: ao perguntar se a menina só sabia fazer doce, de que fruta era o suco, entre outras. Assim a professora explorou o brincar, enriquecendo-o, possibilitando maior organização e significado.
  • 3. Segundo HAIDT (2000), o jogo é uma atividade física ou mental organizada por um sistema de regras. É uma atividade lúdica, pois se joga pelo simples prazer de realizar esse tipo de atividade. Para o autor, quando se está brincando com um jogo, nós nos preocupamos exclusivamente com o prazer que este nos proporciona, atentamos para as regras e, no final se saíram vencedores ou perdedores. Mas, analisando profundamente esta questão, a participação em jogos contribui e muito para a formação de futuros cidadãos conscientes, como o respeito mútuo, a solidariedade, a cooperação, a sinceridade, a obediência às regras, senso de responsabilidade, entre outros. Sem dúvida, o jogo tem um valor de formação de caráter excitante e também esforço voluntário, pois trabalha a nossa atenção, concentração e conhecimento. Com a criança não é diferente. Tendo como característica universal a brincadeira, a criança, através do brincar e do jogo, faz suas próprias descobertas, testa seus limites, aprende regras básicas de convivência e desenvolve o emocional e o cognitivo. Vimos através do exemplo prático que a criança aprende brincando, pois a brincadeira é algo sem "compromisso" que se realiza naturalmente, sem cobranças. O Lúdico na Formação do Professor A educação no Brasil passou, recentemente, por reformulações por ocasião da promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996), as propostas dos PCN's e a conseqüente divulgação das Diretrizes Curriculares Nacionais. Estes fatos fizeram com que na década de 90 todas as escolas, de norte a sul do Brasil, discutissem o assunto. Muitos professores concordaram com tais diretrizes, outros não. O importante não foram os posicionamentos, mas a possibilidade de debates que se desencadeou e permitiu o repensar pedagógico. Na esteira do debate, a atividade lúdica ganhou relevo e importância como possibilidade de construção do conhecimento. A palavra lúdico se origina do latim "ludus" que significa "brincar". Segundo Luckesi (2000) o que caracteriza o lúdico "é a experiência de plenitude que ele possibilita a quem o vivencia em seus atos" (p. 96). A ludicidade como um estado de inteireza, de estar pleno naquilo que faz com prazer pode estar presente em diferentes situações de nossas vidas. Diante disso aparece uma outra questão: não se pode distinguir formação pessoal da formação profissional. Quando pretendemos compreender a ação docente, temos que considerar, sobretudo, que o processo de formação do professor é um crescente e um contínuo. Portanto, a dimensão lúdica na formação do profissional é parte integrante de todo o processo, que é amplo, complexo e integral. É algo indissociável de auto-formação na relação concreta entre o estudo (técnico), entre a reflexão individual e entre a interação coletiva. Isto dentro de um confronto de idéias e troca de experiências vivenciadas. Há, porém, nessas reflexões, uma dimensão dicotômica; pois o que se percebe no processo de intinerância acadêmica do professor é que ele gira quase sempre em torno de questões epistemológicas e metodológicas, não atentando para o aspecto humano / pessoal, ontológico que também faz parte do desenvolvimento. Este, por sua vez, deve ser o ponto prioritário, pois os sentimentos, assim como as leituras de mundo desse professor vão caracterizar e orientar muito sua prática pedagógica. Analisando agora sobre uma outra ótica temos, segundo Feijó (1992), que o lúdico é uma necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente e faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana. Portanto, é importante que o professor descubra e trabalhe a dimensão lúdica que existe em sua essência, no seu trajeto cultural, de forma que venha aperfeiçoar a sua prática pedagógica.
  • 4. Analisando agora sobre uma outra ótica temos, segundo Feijó (1992), que o lúdico é uma necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente e faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana. Portanto, é importante que o professor descubra e trabalhe a dimensão lúdica que existe em sua essência, no seu trajeto cultural, de forma que venha aperfeiçoar a sua prática pedagógica. " A ludicidade poderia ser a ponte facilitadora da aprendizagem se o professor pudesse pensar e questionar-se sobre sua forma de ensinar, relacionando a utilização do lúdico como fator motivante de qualquer tipo de aula". (Campos,1986, p.111) No entanto para que isso aconteça é necessário que ele busque resgatar a ludicidade, os momentos lúdicos que com certeza permearam seu caminhar. Nos espaços acadêmicos, os professores geralmente relacionam com pouca intensidade formação profissional e ludicidade, não tendo, por vezes, um embasamento teórico que permita compreender a ludicidade como um fator de desenvolvimento humano. Isso acontece porque a ludicidade ainda não foi compreendida como uma dimensão importante e que deve ser estudada e vivenciada em sua plenitude. Graças a uma provável formação precária dos educadores, as atividades artísticas, assim como as recreativas, só são permitidas pelos professores quando não planejaram nada para ensinar, quando não estão dispostos e em situações de prêmio por bom comportamento e, às vezes, em datas comemorativas. Como afirma Rocha: "Ao professor cabe organizar o brincar e, para isto, é necessário que ele conheça suas particularidades, seus elementos estruturais, as premissas necessárias para seu surgimento e desenvolvimento".(2000, p.48). Diante desses argumentos apresentados até aqui, vale nesse momento o seguinte questionamento: Por que incluir a dimensão lúdica na formação do professor? Conforme Santos (1997) isso possibilitaria ao educador conhecer-se como pessoa, saber suas possibilidades e limitações, ter visão sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, jovem e do adulto. O professor não deve adaptar-se à realidade social em que vivemos, e sim assumir o seu papel como ator social capaz de colocar mais cor, mais sabor, mais vida, tanto na sua vivencia, como naquilo que se propõe a fazer. Isso é possível quando ele reconhece o lúdico que o acompanhou durante todo o seu desenvolvimento. A vivência da ludicidade como fazer pedagógico durante o processo de formação do professor instiga o ato criador e recriador, crítico, aguça a sensibilidade, o espírito de liberdade e a alegria de viver. Desse modo a manifestação lúdica estimula o viver de experiências axiológicas, pela geração de novas e relevantes valores (respeito ao outro, lealdade, cooperação, solidariedade) etc. Lamentavelmente a grande maioria das instituições educacionais ainda é pautada numa prática que considera a idéia do conhecimento como repetição, sob uma ótica comportamentalista, tornando o conhecimento cristalizado ou espontaneísta e não como um saber historicamente construído. Por isso é importante uma educação mais abrangente, que faça com que nós professores procuremos outros caminhos para suprir as carências encontradas nessas instituições de ensino de professores.
  • 5. Trazendo o estudo para a realidade das Universidades de Educação houve uma mudança no currículo do Curso de Pedagogia de várias partes de nosso país com o objetivo de aproximá-lo das exigências do mundo do trabalho e da educação contemporâneos. O currículo atual pretende responder aos anseios por mudanças no Curso de Pedagogia, reclamadas desde os anos oitenta, quando professores e alunos desta instituição formularam críticas e propostas alternativas à proposta implantada em 1969. Assim, o novo currículo aumentou o número de disciplinas cujas ementas englobam os elementos para a compreensão dos fundamentos teóricos do lúdico, seu papel no desenvolvimento do ser humano e as implicações para a prática educativa, e consideram a possibilidade de uma educação realmente voltada para a formação nos seus aspectos éticos, cognitivos, afetivos, estéticos, corporais e sociais atentando para a importância do prazer, da alegria nos mais variados espaços e tempos. A dimensão lúdica na formação do professor permite a ele questionar-se quanto a sua postura e conduta em relação ao objetivo prioritário de proporcionar aos alunos um desenvolvimento integral no qual a competência técnica combina com o compromisso político. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: • ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção . Rio de janeiro: Wak, 2003. • BEE, Helen. A Criança em Desenvolvimento . São Paulo, HARBRA, 1986. • BENJAMIN, Walter. Reflexões: A criança, o brinquedo, a educação . São Paulo, Summus, 1984 • BOCK, Ana M, FURTADO, Odair, TEIXEIRA, Maria de Lourdes T. Psicologias: Uma introdução ao estudo de psicologia . São Paulo, SP: Saraiva, 1999. • BRASIL, Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil , Brasília: MEC / SEF, 1998. • CAMPOS, D. M. S. – Psicologia da Aprendizagem , 19º ed., Petrópolis: Vozes, 1986. • CARVALHO, A.M.C. et al. (Org.). Brincadeira e cultura: viajando pelo Brasil que brinca . Vol. 1 e 2. São Paulo: Casa do Psicológo, 2003. • FONTANA, Roseli A. C. & CRUZ, Maria Nazaré. Psicologia e Trabalho Pedagógico - São Paulo –1997, Atual. • FREIRE, P. (1995). A Educação na Cidade (2ª ed.). São Paulo: Cortez. • FREIRE, P. (1997 b). Professora sim, Tia não: Cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d`Água. • FREIRE, P. (1999). Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra. • FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler . São Paulo: Cortez, 2001 • GALVÃO, Izabel. Uma reflexão sobre o pensamento pedagógico de Henri Wallon . In: Cadernos Idéias, construtivismo em revista. São Paulo, F.D.E., 1993. • HAIDT, Regina C. C. Curso de Didática Geral . 7. ed., São Paulo: Ática, 2000. • KISHIMOTO, Tisuko Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação . São Paulo, SP: Cortez, 1996 • LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar . São Paulo: Cortez,1997.
  • 6. PALANGANA, I. C. (1994) – "Desenvolvimento & aprendizagem em Piaget e Vygotsky (a relevância do social)" – São Paulo: Plexus. • PRADO, Patrícia Dias. As crianças pequenininhas produzem cultura? Considerações sobre educação e cultura infantil em creche. Campinas: Proposições , vol.10, nº1(28), março de 1999. • PIAGET (1975) – A formação do símbolo na criança . Rio de Janeiro: Zahar Editores. • POMAR, Clarinda e NETO,.Carlos. Percepção da apropriação e do desempenho motor de gênero em atividades lúdicas motoras In: NETO (org). Jogo e desenvolvimento da criança. Rio de Janeiro: Sprint, 1999. p. 118-205. • RONCA, A. Carlos & ESCOBAR, Virgínia. Técnicas Pedagógicas: Domesticação ou Desafio à Participação? Petrópolis, Vozes, 1980. • SANTOS, Santa Marli Pires (Org.). Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. Petrópolis , RJ: Vozes, 1997. • SANTOS, Santa Marli Pires. A ludicidade como ciência . Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. • VYGOTSKY, L.S. (1984). A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes. • VYGOTSKY, L.S.(1993) Pensamento e linguagem . São Paulo: Martins Fontes. • VYGOTSKY, L.S.; LURIA, A.R. e LEONTIEV, A.N. (1988) Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone. • ___________. O jogo e a Educação Infantil . São Paulo, SP: Pioneira, 1994. • MOYLES, Janet R. Só brincar? – O papel do brincar na educação infantil . São Paulo: Artmed, 2002. Resumo A intenção deste artigo é sensibilizar os professores de educação infantil e do ensino fundamental das séries iniciais do importante papel que os jogos, as brincadeiras e os brinquedos exercem no desenvolvimento da criança. Para isso se faz necessário saber o significado do brincar, conceituar os principais termos utilizados para designar o ato de brincar, tornando-se também fundamental analisar o papel do educador neste processo lúdico, e ainda, os benefícios que o brincar proporciona. Faremos também algumas considerações importantes sobre os jogos e brinquedos. Desta forma, espera-se oferecer uma leitura mais consciente acerca da importância do brincar na vida do ser humano, e em especial na vida da criança. Palavras chave: brincar; educação infantil; criança; escola. 1. Introdução: o brincar e a criança "O brincar é uma necessidade básica e um direito de todos. O brincar é uma experiência humana, rica e complexa." (ALMEIDA, M. T. P, 2000) Gostaria de começar o artigo lembrando ao educador sobre os reais objetivos da Educação Infantil. Estes objetivos devem ser pensados a longo prazo e dentro de uma perspectiva do desenvolvimento da criança. Os objetivos serão divididos com relação a três pontos.
  • 7. I. Em relação aos professores: gostaríamos que as crianças desenvolvessem sua autonomia através de relacionamentos seguros no qual o poder do adulto seja reduzido o máximo possível. II. Em relação aos companheiros: gostaríamos que as crianças desenvolvessem sua habilidade de descentrar e coordenar diferentes pontos de vista. III. Em relação ao aprendizado: gostaríamos que as crianças fossem alertas, curiosas, criticas e confiantes na sua capacidade de imaginar coisas e dizer o que realmente pensam. Gostaríamos também que elas tivessem iniciativa, elaborassem idéias, perguntas e problemas interessantes e relacionassem as coisas umas às outras. (KAMII, 1991, p. 15.) Vamos também iniciar o artigo fazendo uma pergunta: "O que as crianças precisam para serem felizes?" A criança para ser feliz precisa de muita coisa, mas, em especial ela precisa de: Sabemos que o brincar é um direito da criança como apresentam diversos documentos internacionais: Declaração universal dos direitos da criança - ONU (20/11/1959) "... A criança deve ter todas as possibilidades de entregar-se aos jogos e às atividades recreativas, que devem ser orientadas para os fins visados pela educação; a sociedade e os poderes públicos devem esforçar-se por favorecer o gozo deste direito". (Declaração universal dos direitos da criança, 1959) • Associação internacional pelo direito da criança brincar - IPA 1979 (Malta), 1982 (Viena), 1989 (Barcelona) Os princípios norteadores da Associação Internacional pelo Direito da Criança Brincar - IPA são: Saúde Brincar é essencial para saúde física e mental das crianças. Educação Brincar faz parte do processo da formação educativa do ser humano. Bem estar - ação social O brincar é fundamental para a vida familiar e comunitária. Lazer no tempo livre A criança precisa de tempo para brincar em seu tempo de lazer. Planejamento As necessidades da criança devem ter prioridade no planejamento do equipamento social.
  • 8. Diante do exposto percebe-se que nem sempre a teoria pode ser aplicada na prática, afinal vivemos em um país que não tem dado aos pequenos a devida importância, principalmente no que se refere ao direito de brincar. Nunca devemos esquecer que o brincar é uma necessidade básica e um direito de todos. O brincar é uma experiência humana, rica e complexa. Se o brincar é um direito devemos ter, estimular e cobrar políticas públicas dirigidas em quatro eixos básicos: I. Criação de espaços lúdicos estruturados para jogos, brinquedos e brincadeiras; II. Organização sistemática de ações de formação lúdica de recursos humanos em diferentes níveis; III. Campanhas formativas e informativas sobre a importância do brincar; IV. Criação de centros de pesquisa, de documentação e assessoria sobre jogos, brinquedos e brincadeiras e outros materiais lúdicos. Gostaria de encerrar com a seguinte reflexão: o brincar tem contido nele os mais diferentes elementos e valores que são suas virtudes e os seus pecados. Virtudes, porque na essência, eles são constituídos de princípios generosos que permitem a revitalização permanente. Pecados porque o brincar pode ser também manipulado e desviado para as mais diferentes finalidades ou objetivos, podendo comprometer a verdade. Um outro documento de grande relevância foi o estudo introdutório do referencial curricular nacional para a educação infantil no eixo do brincar e conhecido como Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN's. Este documento foi criado no ano de 1998 em Brasilia por educadores especialistas no assunto. Elencaremos abaixo alguns pontos apresentados neste estudo: É imprescindível que haja riqueza e diversidade nas experiências que lhes• são oferecidas nas instituições. A brincadeira é uma linguagem infantil. No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e significam outra coisa daquilo que aparentam ser. Ao brincar as crianças recriam e repensam os acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que estão brincando. O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que• assumem enquanto brincam. Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca. O brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos• de adulto. Os conhecimentos da criança provêm da imitação de alguém ou de algo• conhecido, de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes, do relato de um colega ou de um adulto, de cenas assistidas na televisão, no cinema ou narradas em livros etc. É no ato de brincar que a criança estabelece os diferentes vínculos entre• as características do papel assumido, suas competências e as relações que possuem com outros papéis, tomando consciência disto e generalizando para outras situações. Para brincar é preciso que as crianças tenham certa independência para escolher seus companheiros e os papéis que irão assumir no interior de um determinado tema e enredo, cujos desenvolvimentos dependem unicamente da vontade de quem brinca. Segundo os PCN's o brincar apresenta-se por meio de várias categorias. E essas categorias incluem:
  • 9. O movimento e as mudanças da percepção resultantes essencialmente da• mobilidade física das crianças; A relação com os objetos e suas propriedades físicas assim como a• combinação e associação entre eles; A linguagem oral e gestual que oferecem vários níveis de organização a• serem utilizados para brincar; os conteúdos sociais, como papéis, situações, valores e atitudes que se referem à forma como o universo social se constroem; E, finalmente, os limites definidos pelas regras, constituindo-se em um• recurso fundamental para brincar. O brincar pode, de acordo com os estudiosos e pesquisadores do tema ser dividido em duas grandes categorias: O Brincar Social: reflete o grau no quais as crianças interagem umas com as• outras. O Brincar Cognitivo: revela o nível de desenvolvimento mental da criança. Estas categorias de experiências podem ser agrupadas em quatro modalidades básicas de brincar: O brincar tradicional• O brincar de faz-de-conta O brincar de construção• O brincar educativo• As crianças na idade de educação infantil vivenciam experiências lúdicas sociais e não-sociais. Um estudo feito por PARTEN (1932) citado por PAPALIA (2000) revela que no brincar das crianças pequenas, podemos identificar seis tipos de atividades lúdicas sociais e não-sociais: Comportamento desocupado• Comportamento observador• Atividade independente (solitária)• Atividade paralela Atividade associativa• Atividade cooperativa ou organizada suplementar• É importante saber que existem cinco grandes pilares básicos nas ações lúdicas das crianças em seus jogos, brinquedos e brincadeiras, estes pilares são: I. A imitação II. O espaço III. A fantasia IV. As regras V. Os valores Para entender o universo lúdico é fundamental compreender o que é brincar e para isso, é importante conceituar palavras como jogo, brincadeira e brinquedo, permitindo assim aos professores de educação infantil e do ensino fundamental trabalhar melhor as atividades lúdicas. Esta tarefa nem sempre é fácil exatamente pelo fato dos autores compreenderem os termos de forma diferente. Temos que salientar que esta dificuldade não é somente do Brasil, outros países que se preocupam em pesquisar o tema, também têm dificuldade quanto às conceituações. Para efeito deste artigo adotaremos as seguintes definições.
  • 10. O que é brinquedo? Para a autora KISHIMOTO (1994) o brinquedo é compreendido como um "objeto suporte da brincadeira", ou seja, brinquedo aqui estará representado por objetos como piões, bonecas, carrinhos etc. Os brinquedos podem ser considerados: estruturados e não estruturados. São denominados de brinquedos estruturados aqueles que já são adquiridos prontos, é o caso dos exemplos acima, piões, bonecas, carrinhos e tantos outros. Os brinquedos denominados não estruturados são aqueles que não sendo industrializados, são simples objetos como paus ou pedras, que nas mãos das crianças adquirem novo significado, passando assim a ser um brinquedo. A pedra se transforma em comidinha e o pau se transforma em cavalinho. Portanto, vimos que os brinquedos podem ser estruturados ou não estruturados dependendo de sua origem ou da transformação criativa da criança em cima do objeto. O que é brincadeira? A brincadeira se caracteriza por alguma estruturação e pela utilização de regras. Exemplos de brincadeiras que poderíamos citar e que são amplamente conhecidas: Brincar de Casinha, Ladrão e Polícia etc. A brincadeira é uma atividade que pode ser tanto coletiva quanto individual. Na brincadeira a existência das regras não limita a ação lúdica, a criança pode modificá-la, ausentar-se quando desejar, incluir novos membros, modificar as próprias regras, enfim existe maior liberdade de ação para as crianças. O que é jogo? A compreensão de jogo está associada tanto ao objeto (brinquedo) quanto à brincadeira. É uma atividade mais estruturada e organizada por um sistema de regras mais explícitas. Exemplos clássicos seriam: Jogo de Mímica, de Cartas, de Tabuleiro, de Construção, de Faz-de-Conta etc. Uma característica importante do jogo é a sua utilização tanto por crianças quanto por adultos, enquanto que o brinquedo tem uma associação mais exclusiva com o mundo infantil. Os diferentes significados do brincar Um mesmo jogo, brinquedo ou brincadeira para diferentes culturas pode ter diferentes significados, isto quer dizer que é preciso considerar o contexto social onde se insere o objeto de nossa análise. Boneca: Objeto que pode ser utilizado como um brinquedo em uma cultura, ser considerado objeto de adoração em rituais ou ainda um simples objeto de decoração. Arco e Flecha: Objeto que pode ser utilizado como brinquedo em uma cultura, mas em outra cultura é um objeto no qual se prepara às crianças para a caça e a pesca visando à sobrevivência. Depois das definições apresentadas é necessário esclarecer que as mesmas devem servir para ajudar na reflexão do professor em sua ação lúdica diante da criança e não para limitá-lo neste processo. É importante que as pessoas envolvidas na pesquisa do lúdico acreditem que o jogo, o brinquedo e a brincadeira terão um sentido mais profundo se vierem representados pelo brincar. Em resumo o universo lúdico abrange, de forma mais ampla os termos brincar, brincadeira, jogo e brinquedo. O brincar caracteriza tanto a brincadeira como o jogo e o brinquedo como objeto suporte da brincadeira e/ou do jogo. (ver figura)
  • 11. 2. Papel do educador na educação lúdica "A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola é encontrar um amigo, um guia, um animador, um líder - alguém muito consciente e que se preocupe com ela e que a faça pensar, tomar consciência de si de do mundo e que seja capaz de dar-lhe as mãos para construir com ela uma nova história e uma sociedade melhor". (ALMEIDA,1987,p.195) Para se ter dentro de instituições infantis o desenvolvimento de atividades lúdicas educativas, é de fundamental importância garantir a formação do professor e condições de atuação. Somente assim será possível o resgate do espaço de brincar da criança no dia-a-dia da escola ou creche. Para nós a formação do Educador Infantil, ganha em qualidade se, em sua sustentação, estiverem presentes três pilares: I. Formação teórica II. Formação pedagógica III. Formação lúdica A decisão de se permitir envolver no mundo mágico infantil seria o primeiro passo que o professor deveria dar. Explorar o universo infantil exige do educador conhecimento teórico, prático, capacidade de observação, amor e vontade de ser parceiro da criança neste processo. Nós professores podemos através das experiências lúdicas infantis obtermos informações importantes no brincar espontâneo ou no brincar orientado. Estas descobertas podem definir critérios tais como: A duração do envolvimento em um determinado jogo;• As competências dos jogadores envolvidos;• O grau de iniciativa, criatividade, autonomia e criticidade que o jogo proporciona ao participante; A verbalização e linguagem que acompanham o jogo; O grau de interesse, motivação, satisfação, tensão aparente durante o jogo• (emoções, afetividade etc.); Construção do conhecimento (raciocínio, argumentação etc.);• Evidências de comportamento social (cooperação, colaboração, conflito, competição, integração etc.). A aplicação de jogos, brincadeiras e brinquedos em diferentes situações educacionais podem ser um meio para estimular, analisar e avaliar aprendizagens específicas, competências e potencialidades das crianças envolvidas.
  • 12. No brincar espontâneo podemos registrar as ações lúdicas a partir da: observação, registro, análise e tratamento. Com isso, podemos criar para cada ação lúdica um banco de dados sobre o mesmo, subsidiando de forma mais eficiente e científica os resultados das ações. É possível também fazer o mapeamento da criança em sua trajetória lúdica durante sua vivência dentro de um jogo ou de uma brincadeira, buscando dessa forma entender e compreender melhor suas ações e fazer intervenções e diagnósticos mais seguros ajudando o indivíduo ou o coletivo. As informações obtidas pelo brincar espontâneo permitem diagnosticar: Idéias, valores interessantes e necessidades do coletivo ou do indivíduo; Estágio de desenvolvimento da criança;• Comportamento dos envolvidos nos diferentes ambientes lúdicos;• Conflitos, problemas, valores etc.• Com isso podemos definir, a partir de uma escolha criteriosa, as ações lúdicas mais adequadas para cada criança envolvida, respeitando assim o princípio básico de individualidade de cada ser humano. Já no brincar dirigido pode-se propor desafios a partir da escolha de jogos, brinquedos ou brincadeiras determinadas por um adulto ou responsável. Estes jogos orientados podem ser feitos com propósitos claros de promover o acesso a aprendizagens de conhecimentos específicos como: matemáticos, lingüísticos, científicos, históricos, físicos, estéticos, culturais, naturais, morais etc. E um outro propósito é ajudar no desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, motriz, lingüístico e na construção da moralidade (nos valores). Segundo o professor ALMEIDA (1987) a educação lúdica pode ter duas conseqüências, dependendo de ser bem ou mal utilizada: I. A educação lúdica pode ser uma arma na mão do professor despreparado, arma capaz de mutilar, não só o verdadeiro sentido da proposta, mas servir de negação do próprio ato de educar; II. A educação lúdica pode ser para o professor competente um instrumento de unificação, de libertação e de transformação das reais condições em que se encontra o educando. É uma prática desafiadora, inovadora, possível de ser aplicada. Sobre este tema do papel do educador como facilitador dos jogos, das brincadeiras, da utilização dos brinquedos e principalmente da organização dos espaços lúdicos para criança de 0 a 6 anos muito poderia ser dito, mas gostaríamos de chamar atenção sobre alguns aspectos considerados importantes para facilitar a relação da criança e do professor nas atividades lúdicas. Estas informações foram tiradas do projeto "Brincar é coisa séria" desenvolvido pela Fundação Samuel - São Paulo, em campanha realizada em 1991, p.8, 9 e 10. Segundo REGO (1994), autora da obra citada, o papel do educador é o seguinte: O educador tem como papel ser um facilitador das brincadeiras, sendo• necessário mesclar momentos onde orienta e dirige o processo, com outros momentos onde as crianças são responsáveis pelas suas próprias brincadeiras. É papel do educador observar e coletar informações sobre as brincadeiras• das crianças para enriquecê-las em futuras oportunidades. Sempre que possível o educador deve participar das brincadeiras e• aproveitar para questionar com as crianças sobre as mesmas. É importante organizar e estruturar o espaço de forma a estimular na• criança a necessidade de brincar, também visando facilitar a escolha das brincadeiras.
  • 13. Nos jogos de regras o professor não precisa estimular os valores• competitivos, e sim tentar desenvolver atitudes cooperativas entre as crianças. Que o mais importante no brincar é participar das brincadeiras e dos jogos. Devemos respeitar o direito da criança participar ou não de um jogo. Neste• caso o professor tem que criar uma situação diferente de participação dela nas atividades como: auxiliar com materiais, fazer observações, emitir opiniões etc. Em uma situação de jogo ou brincadeira é importante que o educador explique• de forma clara e objetiva as regras às crianças. E se for necessário pode mudá-las ou adaptá-las de acordo com as faixas etárias. Estimular nas crianças a socialização do espaço lúdico e dos brinquedos,• criando assim o hábito de cooperação, conservação e manutenção dos jogos e brinquedos. Exemplos: "quem brincou guarda"; "no final da brincadeira todos ajudam a guardar os materiais" etc. Estimular a imaginação infantil, para isso o professor deve oferecer• materiais dos mais simples aos mais complexos, podendo estes brinquedos ou jogos serem estruturados (fabricados) ou serem brinquedos e jogos confeccionados com material reciclado (material descartado como lixo), por exemplo: pedaço de madeira; papel; folha seca; tampa de garrafa; latas secas e limpas; garrafa plástica; pedaço de pano etc. Todo e qualquer material cria para a criança uma possibilidade de fantasiar e brincar. É interessante que o professor providencie para que as crianças tenham• espaço para brincar (área livre), e que possam mexer no mobiliário, montar casinhas, fazer cabanas, tendas de circo etc. O professor deve dar o tempo necessário às crianças para que as brincadeiras apareçam, se desenvolvam e se encerrem. Ser aquele que coordena sua ação a ação da criança, pelo conhecimento e• ligação com as emoções desta. RIZZO (1996) em seu livro "Jogos Inteligentes" analisa com muita propriedade alguns aspectos necessários para que um bom educador possa realizar sua atividade com crianças pequenas. Para a autora o educador: Deve ser um líder democrático, que propicia, coordena e mantém um clima de• liberdade para a ação do aluno, limitado apenas pelos direitos naturais dos outros. Deve atuar em sintonia com a criança para estabelecer a necessária• cooperação mútua. Precisa ter antes construído a sua autonomia intelectual e segurança afetiva. Precisa aliar a teoria à prática e valorizar o conhecimento produzido a partir desta. Deve jogar com as crianças e participar ativamente de suas brincadeiras,• talvez seja o caminho mais seguro para obter informações e conhecimentos sobre o mundo infantil. (RIZZO, 1996, p.27 e 29) Espera-se que as sugestões acima possam abrir novos horizontes, reflexões e questionamentos para o educador infantil, e que com isso ele possa desenvolver atividades mais conscientes e seguras. 3. Brincar é importante ... por quê? Para a professora CUNHA (1994), o brincar é uma característica primordial na vida das crianças. Segundo a autora em seu livro "Brinquedoteca: um mergulho no brincar" o brincar para a criança é importante: Porque é bom, é gostoso e dá felicidade, e ser feliz é estar mais• predisposto a ser bondoso, a amar o próximo e a partilhar fraternalmente;
  • 14. Porque é brincando que a criança se desenvolve, exercitando suas• potencialidades; Porque, brincando, a criança aprende com toda riqueza do aprender fazendo,• espontaneamente, sem pressão ou medo de errar, mas com prazer pela aquisição do conhecimento; Porque, brincando, a criança desenvolve a sociabilidade, faz amigos e• aprende a conviver respeitando o direito dos outros e as normas estabelecidas pelo grupo; Porque, brincando, aprende a participar das atividades, gratuitamente, pelo• prazer de brincar, sem visar recompensa ou temer castigo, mas adquirindo o hábito de estar ocupada, fazendo alguma coisa inteligente e criativa; Porque, brincando, prepara-se para o futuro, experimentando o mundo ao seu• redor dentro dos limites que a sua condição atual permite; Porque, brincando, a criança está nutrindo sua vida interior, descobrindo sua vocação e buscando um sentido para sua vida. (CUNHA, 1994, p. 11) Sendo assim fica claro que o brincar para a criança não é uma questão apenas de pura diversão, mas também de educação, socialização, construção e pleno desenvolvimento de suas potencialidades. 4. Por quê nem todas as crinças brincam? Segundo Declaração Universal dos Direitos da Criança todas as crianças têm o direito de brincarem e de serem felizes, mas nem sempre elas têm essa oportunidade, por quê? Porque precisam trabalhar;• Porque precisam estudar e conseguir notas altas; Porque são tratadas como adultos em miniatura;• Porque não podem atrapalhar os adultos;• Porque não têm com o que brincar;• Porque não tem espaços (em cidades) apropriados para brincar; Porque é preciso aprender e ser inteligente. (CUNHA, 1994, p. 12) Diante do exposto percebe-se que nem sempre a teoria pode ser aplicada na prática, afinal vivemos em um país que não tem dado aos pequenos a devida importância, principalmente no que se refere ao direito de brincar. 5. Critérios para escolha de brinquedos O que é um bom brinquedo para a criança? - É o que atende as necessidades da criança. (CUNHA, 1994) Para que os brinquedos atendam as reais necessidades dos sujeitos envolvidos na ação lúdica é necessário que os seguintes fatores estejam presentes para que isso aconteça: Interesse O brinquedo mais lindo e sofisticado não tem valor algum se não der prazer à criança, pois sua validade é o interesse da criança que irá determinar. Bom brinquedo é o que convida a criança a brincar, é o que desafia seu pensamento, é o que mobiliza sua percepção, é o que proporciona experiências e descobertas. Para diferentes momentos, diferentes brinquedos poderão ser mais indicados. Um brinquedo que estimula a ação, outro que possibilite uma aprendizagem, ou que satisfaça a imaginação e a fantasia da criança; às vezes, apenas um ursinho de pelúcia que lhe faça companhia. Dar um carrinho para um menino de 10 anos pode ser tão ofensivo quanto seria desapontador oferecer um quebra-cabeças de 500 peças a um garoto de 5 anos.
  • 15. Mas nem sempre a criança sozinha irá escolher o melhor brinquedo para ela; um menino, ao entrar numa loja, pode procurar só revólveres ou carrinhos, mas isto não significa que só goste deste tipo de brinquedo, mas sim que só reconhece estes objetos. Os carros estão nas ruas por onde a criança passa e os revólveres e as metralhadoras são a fonte do poder, segundo a mensagem passada pelas dezenas de filmes que a criança assiste todos os dias na televisão. Certos brinquedos precisam ser apresentados à criança para que possa imaginar o que pode fazer com eles. 0 que torna um brinquedo atraente para uma criança? Um brinquedo pode tornar-se irresistível e até imprescindível pelas seguintes razões: Por haver-se tornado um objeto de afeto; quantas vezes a ligação com uma• boneca, ou um ursinho, é tão forte que a criança não dorme sem ele. Por representar status, como no caso dos brinquedos anunciados na televisão• ou importados. Por darem sensação de segurança, como os revólveres e as fardas de soldados e super-heróis. Por atender a uma hiperatividade.• Por funcionar como objeto intermediário entre a criança e uma situação• difícil para ela. Por satisfazer uma determinada carência ou atender a uma fantasia. Por ser desafio a uma determinada habilidade, como os ioiôs, bambolês,• skates etc. Porque algum amigo tem. Adequação O brinquedo deve ser adequado à criança, considerada como indivíduo especial e diferenciado; deve atender à etapa de desenvolvimento em que a criança se encontra e as suas necessidades emocionais, socioculturais, físicas ou intelectuais. Apelo à imaginação O brinquedo deve estimular a criatividade. Quando é muito dirigido e não oferece alternativas, passa a ser apenas uma tarefa a ser cumprida. É aconselhável que haja sempre um convite a participação criativa. Entretanto, este apelo deve estar à altura da criança. Os jogos muito abstratos não conseguirão motivá-la, pois, para poder criar, ela precisa ter alguns pontos de referência. Versatilidade O brinquedo que pode ser utilizado de várias maneiras é um convite a exploração e a inventividade. A criança pode brincar com algo que já conhece, mas criando novas formas ou alcançando objetivos diferentes. É interessante que o jogo possibilite à criança a obtenção de sucesso progressivo, para que, à medida que ela vai conhecendo melhor os recursos que ele oferece, possa alcançar níveis mais altos de realização. Um jogo bem versátil pode representar um constante desafio às habilidades da criança. Composição As crianças gostam de saber como o brinquedo funciona ou como ele é por dentro. Por esta razão, os jogos desmontáveis são mais interessantes. 0 pensamento lógico é bastante estimulado pelo manuseio dos jogos de montar, nos quais a criança tem oportunidade de compor e observar a seqüência necessária para a montagem correta. Cores e formas As cores mais fortes e as formas mais simples atraem mais as crianças pequenas. Mas as maiores preferem cores naturais e formas mais sofisticadas. De qualquer
  • 16. maneira, a variedade no colorido, na forma e na textura irá contribuir para a estimulação sensorial da criança, enriquecendo sua experiência. O tamanho Deve ser compatível com a motricidade da criança. Um bebê não pode brincar com peças pequenas pois poderá levá-las a boca, engolir ou engasgar-se com elas. Também não terá coordenação motora suficiente para manipular peças miúdas. Brinquedos grandes e pesados podem machucar a criança ao caírem no chão. Durabilidade Os brinquedos muito frágeis causam frustração não somente por se quebrarem facilmente, mas também porque não dão à criança o tempo suficiente para que estabeleça uma boa relação com eles. Segurança Tintas tóxicas, pontas e arestas, peças que podem se soltar, tudo isto deve ser observado num brinquedo, para evitar que a criança se machuque. Com os bebês, o cuidado deve ser ainda maior, pois, levando tudo à boca, correm o risco de engolir ou engasgar-se com uma pequena peça que se desprenda. Cuidado com os sacos plásticos, porque podem provocar sufocação se levados à boca ou enfiados na cabeça. É melhor evitá-los. Nem sempre será possível atender a todos estes pré- requisitos para fazer uma escolha. Mas, pelo menos o primeiro e o último desta lista serão indispensáveis considerar. 6. Sobre a segurança dos brinquedos: alguns cuidados e sugestões As crianças, acostumadas que estão a passarem grande parte do tempo em frente à TV, são vítimas ingênuas dos apelos da publicidade e desorientam os pais com exigências sutis, declaradas e até abusadas. Como nenhum pai agüenta a cantilena e até as pirraças comuns aos baixinhos contrariados, acabam cedendo aos seus apelos. Mas é necessário que estejam atentos para comprarem produtos que tenham alguma utilidade para as crianças, e mais, que não tragam danos imediatos ou futuros. Vamos a alguns conselhos: Brinquedo é um tipo de treinamento divertido para a criança, através dele é• que ela começa a aprender, conhecer e compreender o mundo que a rodeia. Existem brinquedos para todas as faixas etárias. Não adianta forçar a• natureza. Quanto mais adequado à idade da criança, mais útil ele é. Se o brinquedo puder ser utilizado em várias idades acompanhando o desenvolvimento, melhor ainda. Brinquedos que servem para adultos brincarem e crianças assistirem não são estimulantes. Pelo contrário: habituam a criança a ser um mero espectador. Bom brinquedo estimula a imaginação e desenvolve a criatividade. Brinquedos que ensinam apenas a repetir mecanicamente o que os outros fazem são prejudiciais, irritantes e monótonos. Criança gosta de brinquedos que possibilitem ação e movimento, com isso,• aprende a coordenar olhos, mãos e o corpo, garantindo com naturalidade e prazer uma maior saúde física e mental no futuro. Brinquedo sério é aquele que educa a criança para uma vida saudável, livre,• solidária, onde o companheirismo e a amizade sejam os pilares básicos. Evite tudo o que condiciona a padrões discutíveis como a discriminação• sexual, racial, religiosa e social. Afaste brincadeiras que incentivam a vitória a qualquer custo, a esperteza fora das regras, a conquista de lucro ilegal, a compra ou venda através de meios desonestos. 7. Considerações finais e sugestões Tentamos de forma resumida mostrar algumas idéias sobre o brincar. Agora cabe a cada leitor fazer uma reflexão mais profunda sobre este tema tão maravilhoso e ao
  • 17. mesmo tempo misterioso. Esperamos que as informações contidas neste trabalho possam ajudar ao educador infantil, na organização e planejamento de suas atividades. É importante colocar que o educador que trabalha diretamente com crianças pequenas deve sempre que possível ler artigos, textos e livros que falem sobre jogos, brincadeiras, brinquedos, e ainda sobre a criança e o seu desenvolvimento. Por isso esperamos que os conteúdos abordados acima venham colaborar de forma objetiva e concreta para uma melhor compreensão do universo lúdico infantil. E principalmente para uma melhor qualidade educativa na formação lúdica do educador infantil. Caro educador não esqueça que existem várias formas de brincar e nem sempre é preciso dinheiro para isso, só precisa de imaginação, ser criativo e acreditar em sonhos. Os estudos feitos por SINGER & SINGER, (1990) citado por PAPALIA (2000) mostra que o brincar de faz-de-conta é um ótimo recurso para a realização deste sonho: I. Cerca de 10 a 17 % do brincar nas crianças de 2 a 3 anos é o jogo de faz-de- conta; II. A proporção aumenta para cerca de 33% nas idades de 4 a 6 anos; III. A dimensão do jogo de faz-de-conta muda na proporção que as crianças crescem. Passam do jogo imaginativo para o jogo sociodramático; IV. Através do faz-de-conta, as crianças aprendem a compreender o ponto de vista de outra pessoa, a desenvolver habilidades na resolução de problemas sociais e a expressar sua criatividade; V. As crianças que com freqüência brincam de faz-de-conta tendem a cooperar mais com outras crianças e tendem a ser mais populares e mais alegres do que aquelas que não brincam de modo imaginativo; VI. Os adultos e crianças que brincam de faz-de-conta tendem a ter uma relação mais saudável e prazerosa; VII. As crianças que brincam de faz-de-conta tem mais facilidade de criar suas próprias imagens e ser protagonista da ação lúdica; VIII. Quanto maior for a qualidade do brincar maior será o desenvolvimento cognitivo. 8. Bibliografia consultada e sugestões 1) ALMEIDA, M.T.P. Jogos divertidos e brinquedos criativos. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2004. 2) ____. Los juegos cooperativos em la educación física: una propuesta lúdica para la paz. In: Juegos cooperativos. Tándem. Didáctica de la Educación Física nº 14, ano 4. Barcelona-Espanha: GRAÓ, 2004, pp. 21 - 31. 3) ____. Os Jogos Tradicionais Infantis em Brinquedotecas Cubanas e Brasileiras. São Paulo: USP, 2000. (Dissertação de Mestrado) 4) ____. Brinquedoteca e a importância de um espaço estruturado para o brincar. In: Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. Petrópolis, RJ: Editora Vozes,1997, pp. 132 -140. 5) ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação Lúdica - técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Edições Loyola, 1987. 6) BERTTELHEIM, Bruno. Uma vida para seu filho. Trad. Maura Sardinha e Maria Helena Geordane. Rio de Janeiro: campus, 1988. 7) BORJA, Maria Sole. O jogo infantil: organização das ludotecas. Lisboa - Portugal: Instituto de Apoio à Criança - IAC, 1992. 8) CUNHA, Nylse H. S. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. São Paulo. Maltese, 1994.
  • 18. 9) KAMII, Constance & DEVRIES, Rheta. Jogos em grupo na educação infantil: implicações da teoria de Piaget. Trad. Marina Célia Dias Carrasqueira. São Paulo: Trajetória Cultural, 1991. 10) KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1994. 11) ____. O cotidiano da pré-escola. São Paulo: Série IDÉIAS, nº7, FDE, 1990. 12) LEBOVICI. S. O significado e função do brinquedo na criança. Trad. Liana di Marco. Porto alegre: Artes Médicas, 1985. 13) MARROU, Henri-Irénée. História da Educação na Antiguidade. São Paulo: E.P.U., 1990. 14) OLIVEIRA, Paulo de Salles. O que é brinquedo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1990. 15) PAPALIA, Diane E. & OLDS, Sally Wendkos. Desenvolvimento Humano. Trad. Daniel Bueno. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. 16) REGO, Teresa Cristina. Brincar é coisa séria. São Paulo: Fundação Samuel,1992. 17) RIZZO, Gilda. Jogos Inteligentes. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil,1996. Nota: * Professor da Universidade Federal do Ceará - UFC na Faculdade de Educação - FACED no Curso de Educação Física. Coordenador do Laboratório de Brinquedos e Jogos - LABRINJO da UFC. Atualmente desenvolve atividades de pesquisa, ensino, estágio e extensão na Faculdade de Educação - FACED/UFC. Facilitador de jogos cooperativos na Educação Física. Membro da diretoria da Associação Brasileira de Brinquedotecas - ABBRI.