3. Ética e política na Antiguidade
Marisa da Silva Lopes e José Carlos Estêvão
Manual de filosofia política: para cursos de teoria do Estado, e ciência política, filosofia e ciências
sociais / Flamarion Caldeira Ramos, Rúrion Melo, Yara Frateschi. – São Paulo: Saraiva, 2012.
Tanto a ética quanto a política
nasceram nas cidades gregas, entre os
séculos VI e IV antes da era corrente.
Derivam de palavras gregas: ethos,
“costumes”, e polis, “cidade”.
A concepção grega marca nossas
formas de pensamento pelo aspecto
de igualdade; uma concepção de
isonomia.
As cidades gregas eram escravagistas
e estabelecia-se uma contraposição
polar entre livres e escravos.
4. CONCEPÇÃO DE
ISONOMIA
Os homens livres eram considerados
iguais como absolutamente livres em
contraposição aos escravos,
também iguais em sua absoluta
privação de liberdade.
5. Ética e política na Antiguidade
Ao término do século VI a.C., Sólon
promoveu uma reforma política em
Atenas, aumentando o poder de
participação política dos atenienses.
A escravidão por dívida foi extinta e
clãs, famílias e diferentes posições
sociais foram misturadas, por sorteio,
em “distritos eleitorais”.
Os distritos elegiam ou sorteavam
aqueles que deveriam ocupar, por
turnos, as funções de direção da
cidade, além de participarem das
assembleias.
Mulheres, crianças e os que não
nasceram na cidade eram excluídos.
6. Ética e política na Antiguidade
Monarquia, aristocracia e a
democracia vigoravam na Grécia,
onde muitas cidades reivindicavam sua
autonomia.
Ainda assim, independente do regime,
o pressuposto da igualdade obrigava a
um uso do poder diferente do
tradicional.
Aos inferiores, servos e escravos, se dá
ordens. Aos iguais não. Não há, sobre
aqueles que são iguais, nenhum poder
superior.
Regime
democrático, com
todos governando
por meio da
assembleia.
7. Ética e política na Antiguidade
As razões pelas quais se ordena devem
ser apresentas.
Como entre iguais não há poder
superior, era necessário argumentar
para convencer.
Surge a metáfora do poder entre
iguais: círculo cujo centro, equidistante
de cada um dos pontos da
circunferência, está vazio e é ocupado
sucessivamente por cada um dos que
delimitam a circunferência.
Tudo era debatido e resolvido pela
assembleia. Surgem os grandes
oradores. Os sábios.
8. Ética e política na Antiguidade
Os sábios, chamados de sofistas,
apresentavam razões pelas quais se
pudesse compreender a natureza.
Fundavam o que veio a se chamar de
Filosofia.
Homens livres passaram a contratar
especialistas para argumentar em
causas de benefício próprio.
Daí surge a palavra “sofisma”, o
argumento do sofista, significando
“argumento falso”.
De fato os sofistas
sabiam argumentar e
ensinar a argumentar.
Protágoras, por
exemplo, ganhou o
respeito de Platão.
9. Ética e política na Antiguidade
Um bom orador era capaz de orientar
a opinião da maioria não em defesa
dos interesses da cidade, mas de
grupos ou indivíduos, em defesa de
interesses menores.
Ou, para manter o prestígio, tendia a
ajustar-se à opinião da maioria, a se
fazer seu porta-voz, sem se perguntar se
a opinião majoritária era ou não a
melhor para todos.
Tornava-se um demagogo e fazia da
democracia demagogia, termo que
significava “conduzir o povo”, mas que
veio a significar justamente falsa
direção.
10. Ética e política na Antiguidade
Não recebia alunos e não era
remunerado por eles, como faziam os
sofistas.
Não defendia causas alheias.
Importava-se com os procedimentos
dos homens e seguia interrogando seus
interlocutores sobre temas como a
justiça ou a coragem.
Praticava o que viria a ser conhecido
como Ética e como Política.
Sócrates, “amigo da
sabedoria”, se
dedicava a buscar
conhecimento
racionalmente. Platão
foi seu discípulo.