1. Abordagem da Geografia nos anos iniciais
do Ensino Fundamental
Professor: Éderson Dias de Oliveira
Parâmetros Curriculares Nacionais, 2000.
ALMEIDA, Rosângela Doin de. PASSINI, Elza Yasuko. O espaço geográfico: ensino e
representação. 12 ed. São Paulo: Contexto, 2002.
08/05/2015
2. Fundamentos teórico-metodológicos do ensino de Geografia
No EF, é necessário uma abordagem a partir das paisagens
visíveis em detrimento apenas dos conceitos engessados;
Foco nos conteúdos buscando a exemplificação;
Ex. antes de falar
sobre lugar ou
território é
importante
construir esses
termos no dia-a-
dia com os alunos;
de maneira que
entendam sua
significância;
3. Além das palavras e números
Nas séries inicias há uma ênfase na alfabetização e domínio
das 4 operações - mas raramente há lugar para estudos
sociais;
Pouco domínio do professor - dispêndio de informações
desconexas, isoladas e sem sentido;
Livros didático “engessado” – ensino e professor tradicional,
trabalhando com conteúdos alheios ao mundo da vida.
4. o Além de ensinar conteúdos
é preciso torná-lo funcional
na vida do aluno – prática;
o PCN (1998), sugere evitar
trabalhar hierarquicamente
(lugar e global) – é
interessante primeiro a
fixação da paisagem local e
o espaço vivido;
Habilidade além da mecânicas escrita - manifestação da
cidadania - iniciação espaço/tempo vivido;
É necessário a alfabetização com capacidade de leitura não
só de textos, mas também de experiências humanas;
5. Relações espaciais com o mundo e vice-versa, desvinculando
a ideia de visão segmentada do espaço escalar;
A análise acerca do ensino de Geografia começa pela
compreensão do seu objeto de estudo;
O espaço geográfico é o foco das análises;
Busca da alfabetização do aluno em geografia – leitura e o
entendimento do espaço;
6. O Desafio:
Exercitar a prática de fazer a leitura do mundo!
Pode-se dizer que isso nasce com a criança - ao caminhar,
correr, brincar, ela está interagindo com um espaço que
também é social, está ampliando o seu mundo e
reconhecendo a complexidade dele;
Resta ao professor
intermediar essa leitura de
forma crítica;
A noção de espaço que a
criança desenvolve não é um
processo desconexo, mas
sim construída socialmente.
7. A capacidade de percepção e a possibilidade de sua
representação é um desafio que motiva a criança, na busca da
compreensão do que acontece no seu entorno;
É fundamental trabalhar com a capacidade de ler o espaço -
interpretar as aparências da paisagem e compreender suas
significâncias;
Qual é o papel da geografia nas séries iniciais?
Criar condições para que a criança perceba o “espaço vivido”;
8. Processo que se inicia
quando a criança
reconhece os lugares,
identifica paisagens;
É preciso ajudá-la a olhar,
observar, descrever,
registrar e analisar;
Ex: aproveitar a experiência dos alunos que moram em áreas
urbanas “descuidadas”, e discutir a poluição dos rios e os
problemas sociais ribeirinhos!!
Ex: aproveitar as épocas de frio, calor, os dias chuvosos ou
ensolarados para se falar do clima, das nuvens ou de
manifestações da natureza;
9. Ex: “Ao se trabalhar com a divisão regional brasileira,
porque não perguntar aos alunos de que estados ou regiões
são seus pais ou avós?
É a partir de tais problemas que devem ser feitas a leitura,
a representação, e ser instigada a curiosidade para avançar
na investigação e compreender o que ocorre.
Do ponto de vista da geografia, esta é a perspectiva para se
estudar o espaço: olhando em volta, percebendo as paisagens
como o momento instantâneo de uma história que vai
acontecendo;
10. Nesse processo de aprender a ler o espaço, não há uma
regra, nem um método estabelecido a priori.
Não se espera que uma criança de 7 anos compreenda toda a
complexidade das relações do mundo com o seu lugar de
convívio e vice-versa.
No entanto, privá-las de estabelecer hipóteses, observar,
descrever, representar e construir suas explicações é uma
prática que não condiz mais com o mundo atual e uma
educação voltada para a cidadania.” (Straforini, 2001);
11. “O Olhar Espacial”
Ler o espaço geográfico, é poder ler a sua própria história,
construído diariamente;
Esse é representado concretamente resultante das forças
sociais passadas e, particularmente, pela vivência em curso
dos grupos com os quais convive;
“A Leitura da Paisagem”
Na interpretação da paisagem geográfico a criança analisa a
sua história fixa e transtemporal;
Trata-se de uma forma interessante de
desvendar a história do espaço
considerado - a história das pessoas
que ali vivem;
12. A Criança e as Relações Espaciais
Evolução da noção de espaço: desde o nascimento a criança
delineia impressões e percepções referentes ao espaço, as
quais desenvolvem-se através de sua interação com o meio.
Ou seja, a noção de espaço desenvolve-se antes mesmo da
escolarização;
Vivido
Percebido
Concebido
A psicogênese da noção de
espaço passa por níveis de
evolução na criança: vivido
ao percebido e deste
ao concebido.
13. • ESPAÇO VIVIDO (até cerca de 2 anos) refere-se ao espaço
físico, vivenciando através do movimento e do deslocamento.
• É apreendido pela criança através de brincadeiras, ao
percorrer, delimitar e organizar o espaço segundo seus
interesses.
• Nesse há a
necessidade de
experimentar
fisicamente;
• Daí a importância de
exercícios rítmicos e
psicomotores para
explorar com o corpo
as dimensões e
relações espaciais.
14. • Inicialmente, o espaço é quase incompreensível ocorrendo a
sua conquista de forma gradativa, à medida que a percepção
espacial avança qualitativamente – esquecimento da memória;
• Até os 2 anos, o espaço é entendido como o espaço vivido, da
ação, construído, a partir do contato: caminhar, engatinhar e
relações de proximidade e distância.
• Assim, a consciência
do corpo, dada a
partir da
comunicação consigo
mesmo, é a base
cognitiva para a
exploração do
espaço.
• Trabalhos com
recortes texturais;
15. A Vivência do Espaço
O espaço físico é vivenciado através do movimento e do
deslocamento;
Trajeto Casa-Escola;
Idas ao mercado
Brincadeiras no pátio, quintal e vizinhanças;
A criança percorre, delimita e o organiza segundo seus
interesses.
16. • Em seguida, a criança apreende o ESPAÇO PERCEBIDO, onde
já não precisa experimentá-lo fisicamente.
• Após os 6 anos é capaz de lembrar-se do percurso da casa à
escola, o que não se dava antes, pois era necessário percorrê-
lo para identificar-lo.
• Ao observar uma foto,
já é capaz de distinguir
as distâncias e a
localização dos objetos.
• Antes só era capaz de
perceber o “aqui”; “ali”
e o “acolá”.
• Há a ampliação do
campo empírico quanto
a análise do espaço.
17. • Análise do espaço passa a ser feita pela observação;
• Lembrar do trajeto Escola-Casa;
• Pode-se dizer que neste momento inicia-se para ela o estudo
da Geografia.
• Por isso, nas séries iniciais, deve-se preocupar em propor
atividades que potencialize o desenvolvimento de conceitos e
noções, mais do que um conteúdo sistemático;
18. • Por fim, a criança começa a compreender o ESPAÇO
CONCEBIDO (11 a 12 anos), isto é, torna-se capaz de
raciocinar sobre uma área retratada em um mapa, sem tê-la
visto antes.
• Nisso, é importante que o professor proponha atividades que
auxiliem no desenvolvimento das noções espaciais.
• Daí a importância da
escola não trabalhar
com a representação
do espaço de modo
abstrato ou como um
conhecimento pronto e
acabado.
• Ex; caça-tesouro;
19. A Tomada de Consciência do Espaço
Corporal
• A exploração do espaço ocorre a partir
do nascimento, nas experiência do
entorno;
• Ao ser tocada, segurada no colo, ao sugar
o leite, se inicia o processo de
aprendizagem do espaço;
• Em sua memória são registrado os
referenciais de lado e das partes do
corpo, que serão a base das referencia
espaciais;
• Na conscientização do espaço ocupado
pelo corpo há dois aspectos essenciais: o
esquema corporal e a lateralidade;
20. • O ESQUEMA CORPORAL é a
base cognitiva sobre a qual se
delineia a exploração do
espaço;
• Este depende das funções
motoras e da percepção do
espaço imediato;
• A consciência do corpo, seus
movimentos e posturas amplia-
se lentamente, obtendo maior
domínio do espaço;
• Quando consegue sentar, o
bebê aumento o campo de
visão e a percepção da posição
de objetos e deslocamento;
21. • Num processo contínuo, o bebê
conquista cada vez maior domínio
sobre o espaço: rolar, engatinha
até andar;
• Pode-se virar numa amplitude de
180º e pegar objetos próximo;
• Por isso, não é ideal colocar a
criança em chiqueirinhos ou
andadores;
• Deve-se propiciar um ambiente
seguro e estimulador, com
possibilidades de agir e descobrir
seu ambiente;
22. • Ao ingressar na Educação Infantil, a criança deve apropriar-
se do espaço por meio das vivências estabelecidas.
• Andar, correr, pular, saltar, escorregar, subir, descer,
empurrar, puxar, deitar, sentar, cair, dançar..., tudo isso é
fundamental para o seu desenvolvimento.
• A vida nas instituições de
Educação Infantil é marcada
pelo movimento, que
possibilita a interação com o
mundo;
• É uma forma de linguagem,
para explorar e conhecer o
mundo e o próprio corpo, seus
limites e possibilidades.
23. • Porém, há escolas que não permite que as crianças se
movimentem, sendo estas “engessados” nas cadeiras, o que
dificulta a apropriação do espaço por meio do seu corpo.
• Essa postura desconsidera que o sistema sensório-motor
exerce uma grande importância na organização psicológica do
espaço.
• A consciência do corpo e de
seus movimentos se
desenvolve de maneira lenta,
perdurando até a
adolescência.
• Nesse sentido, a escola tem
o dever de possibilitar que o
aluno desenvolva essa
consciência.
24. • Para Piaget, a criança constrói seu conhecimento tendo
experiências com os objetos sem formar conceitos sobre
estes, que ocorrerão mais tarde.
• Na experiência física, a criança conhece propriedades
materiais que podem ser notadas através da observação e do
tato.
• O primeiro espaço que a
criança vivencia é
“postural e orgânico”, ou
seja, o corpo é o seu
movimento.
• As crianças preferem
brincadeira que limitam
parte do pátio da escola,
pois não conseguem ocupar
um espaço tão grande;
25. • Assim as relações topológicas vêm em primeiro lugar, seguidas
das relações projetivas e euclidianas, e progressivamente
admitindo ações com grau de complexidade cada vez maior.
• O mesmo acontece
quando recebe uma
folha, limitando-se a
usar apenas uma de
suas partes;
• Na verdade, não
conseguem concebê-lo
para poderem
organizá-lo, sendo o
espaço um mundo
quase impenetrável,
ocorrendo sua
conquista aos poucos.
26. • Outro aspecto importante na organização espacial refere-se
ao predomínio de um lado do corpo, que é a base do espaço
percebido – LATERIZAÇÃO;
• A análise do espaço,
deve ser iniciada
primeiramente com
o corpo, em seguida
apenas com os olhos
e finalmente com a
mente;
• Nessa, ela consegue
transferir para
outros objetos as
posições ligadas à
lateralidade
(esquerda e direita);
27. • A partir dos 5 anos a criança toma gradativamente
consciência do seu corpo com suas distintas partes,
identificando-as;
• Nisso, é preciso, que o professor ajude na tomada de
consciência de seu predomínio para direita/esquerda;
• Assim emerge a possibilidade de projetar para os objetos e
outras pessoas o que já havia comprovado em si mesma.
• Nisso se potencializa de
trabalhos futuros com
referenciais de orientação
como os movimentos
terrestres e as direções
cardeais.
28. Relações Espaciais Topológicas Elementares
• São as relações espaciais estabelecidas no
espaço próximo, que usam referenciais
elementares como: dentro, fora, ao lado, na
frente, atrás, perto, longe, etc.
• As relações topológicas começam no nascimento e são a base
para as relações espaciais mais complexas posteriores,
partindo dela para o seu entorno.
• Daí é possível abordar questões mais amplas envolvendo a
classe, os ambientes da escola e o bairro.
• Tais relações estão presentes nas tarefas mais simples do
dia-a-dia como, no deslocamento de um local a outro ou mesmo
quando se busca a localização de objetos.
29. • No plano perceptivo (espaço percebido), as relações espaciais
se processam na seguinte ordem: de vizinhança; separação;
ordem; envolvimento; continuidade;
• A relação de VIZINHANÇA corresponde aquela em que os
objetos são percebidos no mesmo plano, próximos, contíguos;
Ex; o quadro ao lado da porta – sala ao lado do pátio;
• Ao considerar a vizinhança, a criança
percebe que os objetos vizinhos tem
SEPARAÇÃO, isto é, não são unidos.
• Nisso nota que os objetos próximos
em um mesmo plano estão separados;
• Ex. a porta e o quadro podem estar
na mesma parede, porém são
separadas, há uma parte entre elas;
30. • Ex. em 2 dimensões
podemos elencar a
sequência de
cartazes, desenhos
e trabalhos posto na
parede da sala;
• Ex. em três
dimensões podemos
elencar a sequência
das carteiras da
sala de aula;
• A ideia anterior implica a relação de ORDEM ou de sucessão,
onde há, primeiro o quadro, no meio a parede e depois a porta;
• A percepção de cada elemento e sua relação com os demais
leva à relação de ENVOLVIMENTO, que pode ser percebida
em uma, duas ou três dimensões;
31. • Apesar de não proporcionar uma localização exata, as noções
topológicas são usadas para a localização relativa que tem o
corpo como referencial.
• Esses sistemas simples de localização fazem parte do
esquema de localização cotidiano de qualquer cidadão.
• A localização geográfica constrói-se à medida que o sujeito se
torna capaz de estabelecer relações:
• Nesses espaços exemplificados,
se nota a sequência de pontos, ou
seja, em CONTINUIDADE, pois
o espaço é contínuo, sendo
impossível a ausência de espaço;
• As localizações são, portanto,
contínuas, e o espaço forma um
todo;
32. de vizinhança (o
que está ao lado);
separação
(fronteira);
ordem (o que vem
antes e depois);
envolvimento (o
espaço que está
em torno) e;
continuidade (a que recorte do espaço a área considerada
corresponde) entre os elementos a serem localizados.
• Por isso é difícil, realizar um estudo geográfico de áreas
isoladas, descontextualizadas;
33. Relações espaciais topológicas: orientação e localização
• A ideia de que a localização está relacionada com os pontos
cardeais (N; S; L; O) é um equívoco, pois outras noções
prévias estão envolvidas no processo de localização.
• As noções iniciais de localização vêm com a construção das
noções topológicas elementares, que não são muitas vezes
levadas em conta no sentido da localização.
• Inicialmente, o
corpo é usado
como meio para
orientar-se no
espaço, sendo este
determinante para
os referenciais de
localização.
34. • O corpo atua sobre o meio permitindo um certo domínio
espacial pela ação e pelo movimento.
• Vencendo a etapa das construções topológicas, a localização
começa a basear-se em esquemas projetivos.
• O principal esquema é o da lateralidade, no qual os sujeitos
trabalham com referências do corpo, para estabelecer a
localização.
• Muitas vezes na
construção de mapas
mentais utilizamos a
lateralidade como
referência, que
potencializa os
estudos da rosa-
dos-ventos e seus
pontos.
35. DESCENTRALIZAÇÃO ESPACIAL
• Para Piaget, o pensamento intuito, característico da criança
entre 4 e 7 anos, assenta-se sobre aquilo que ela percebe;
• Na construção da noção do espaço é através desse processo
que começa a dar conta que o juízo que faz da localização dos
objetos pela sua referência não condiz com a realidade;
• A criança que partia do uso
do corpo como referência
espacial, começa a perceber
que outros referenciais
podem ser usados;
• Ex. percebe que a mesa pode
estar perto de si e ao mesmo
tempo longe de seu colega;
36. • Passa então a situar objetos a partir
das relações espaciais entre eles,
sendo esse processo chamado de
DESCENTRALIZAÇÃO;
• Esse consiste na passagem do
egocentrismo infantil para um objetivo
mais realista;
• A partir de um centro no espaço
(Hannoun, 1977), usa conceitos na
descentralização da organização
espacial que são: Lateralidade,
Profundidade e Anterioridade;
• Lateralidade: corresponde à noção e
direita e esquerda que uma pessoa
desenvolver para orientar-se (a
direita de, à esquerda de).
37. • Anterioridade: corresponde à noção de ordem e sucessão de
objetos no espaço, a partir de um determinado ponto de vista
(antes de, depois de, entre, a frente de).
• Profundidade:
corresponde à
noção de
posição com
relação à
variação na
vertical (em
cima, no alto,
em cima de,
sobre; abaixo
de, o fundo
de, debaixo
de).
38. • As relações espaciais
organizam-se a partir do
esquema corporal com base em
um eixo bipolar e
tridimensional;
• No processo de descentralização, se
projeta esse eixo nos objetos para
localizá-los, assumindo a postura de
observador;
• Essa passagem é feita
gradativamente, à medida que
percebe que os objetos possuem
partes e lados, os quais servem como
referenciais;
39. Questionamentos necessários para a iniciação da educação
espacial
Conhecemos o espaço em que a criança se locomove?
Sabemos interpretar as informações sobre esse espaço?
Nosso aluno já consegui passar da percepção para a
concepção?
Ele consegue compreender um mapa ou uma maquete?
40. O Ensino de Geografia para crianças
• Necessidade do estudo das relações entre o processo
histórico e o funcionamento da natureza;
• “Subdisciplinas” - A divisão em campos do saberes é apenas
um recurso didático - pois o objetivo central e entender as
relações sociedade-natureza;
• A análise deve focar as dinâmicas
de suas transformações e não a
descrição – mundo estático;
• A compressão dessa dinâmica
requer movimentos constantes
entre temas bióticos e abióticos;
41. Por que estudar Geografia?
Três razões para responder essa pergunta:
1. para conhecer o mundo e obter informações;
2. é a ciência que analisa e tenta explicar o espaço produzido
socialmente – espaço social (recurso) x espaço desconexo;
3. para instrumentalizar o aluno fornecendo condições para
a formação da cidadania;
42. Desafio da geografia? Fazer da mesma uma disciplina
interessante, que tenha a ver com a vida e não apenas
dados;
Passar para o aluno a dinamicidade do processo de
construção do espaço geográfico - o mesmo não pode ser
compreendido como pronto e acabado;
Construção dos conceitos básicos: grupo - espaço - tempo:
quem sou? Onde vivo? Com quem? Quando? – as respostas
permitem reconhecer a historia, o espaço e a identidade da
criança;
43. Esses questionamentos devem ser feitos assentados numa
realidade concreta – aí o bairro pode se constituir num
conteúdo significativo;
O lugar não se explica por si mesmo - necessidade de
estabelecer ligações com outros níveis;
Local onde se oportuniza as bases concretas para entender
a construção social do espaço;
Formar cidadão é trabalhar com uma realidade concreta,
vivida cotidianamente, e não coisa distantes abstratas;
44. Estudar o bairro permite que o aluno se situe no espaço em
que vive – que o compreenda como gênese de um processo
social;
Experiências locais como laboratório de estudo: zona rural
e urbana; bairro; uma fábrica; um trajeto e etc;
Realização de trabalhos de campo – proximidade das
experiências locais;
Desafio - tornar coerente o senso comum do aluno;
45. • Kaercher (1998) vê no ensino de Geografia para crianças uma
das possibilidades da formação do cidadão – posicionamento
crítico frente as desigualdades locais;
• Foco no lugar: o distante, longínquo e global são entendidos
como conceitos abstrato;
• Incoerência entre o modo de ensinar e o movimento de viver
da sociedade – conteúdos neutros que mascaram a realidade;
• Diante disso, qual deve ser o ponto de partida no ensino de
Geografia?
46. • Para Pontuschka (1999) as condições de existência social dos
alunos são pontos de partida/sustentação para compreensão
do espaço geográfico, dentro de um processo que vai do
particular ao geral e retorna enriquecido ao particular.
• A realidade, ou o lugar em que se vive, é o ponto de partida
para se chegar à explicação dos fenômenos – busca de
explicações, de comparação e de extrapolação;
• A inserção na sua realidade – compreensão de participa de
forma ativo na produção do espaço;
• Realidade entendida como algo em
processo de constante movimento –
espaço nunca pronto e acabado;
47. • Fugir da Geografia enumerativa, descritiva e enciclopédica;
• Fragmentação do conteúdo em Geografia humana, econômica
e física é irreal;
• Prática errônea de total hierarquização do espaço, onde cada
dimensão é ensinada de forma fragmentada e independente;
• As mídias globais “ confundem” a noção de escala - tudo
apresenta um significado em escala mundial - aldeia global;
• Todavia é impossível esconder da criança o mundo Ex. Copa
do Mundo;
48. • Com a Globalização e o avanço TCI, o lugar não pode ser
entendido como uma categoria que se encerra em si;
• Para Santos (1997) ele é cada vez mais objeto de uma razão
global e de uma razão local, convivendo dialeticamente;
• A realidade continua sendo o ponto de partida, com pos-
sibilidade de estabelecimento das primeiras relação mundo;
• O mundo é uma abstração porque ele nada mais é do que um
conjunto de possibilidades, cuja efetivação depende das
oportunidades oferecidas pelos lugares;
49. • O lugar é que permite a empiricização do mundo, podendo
revelar suas contradições;
• A categoria lugar possibilita trabalhar as realidades sem se
prender com os limites administrativos;
Aprender e ensinar Geografia
• A maneira mais comum de se ensinar geografia tem sido a
partir do discurso do professor e livro didático;
• Após a exposição ocorre a avaliação, pelos exercícios de
memorização;
50. • Todavia abordagens atuais tem buscado praticas pedagógicas
que permitam mostrar diferentes aspectos de um mesmo
fenômeno – busca de compreensões mais complexas;
• Na avaliação busca explorar procedimentos de
problematização; observação com fins de formular hipóteses
e explicação da estrutura espacial;
• Para tanto a Natureza e a Sociedade tem que ser estudada
conjuntamente – base material sobre a qual o espaço
geográfico é construído;
51. • O estudo da paisagem local não se deve restringir a mera
constatação e descrição – deve-se prezar as relações entre a
sociedade e a natureza que aí se encontram presentes;
• Buscar a inserção do aluno no ambiente – metodologia para
formação conservacionista;
• Superar o discurso naturalista, e considerar os aspectos de
sociedade, cultura, trabalho e cidadania. Ex. Favela;
• Geografia
multidisciplinar
Ex. literatura,
vídeos, filmes,
fotos, - fontes de
informação e de
leitura do espaço;
52. Critério de seleção/organização dos conteúdos de Geografia
• A aquisição de conhecimentos básicos em Geografia é
fundamental para o desempenho das funções de cidadania;
• Para tanto, a seleção de conteúdos deve contemplar
temáticas de relevância social – constituição e identificação
com o lugar – nação brasileira – diversidade;
• Também deve-se selecionar conteúdos relacionados as
categorias de análise da Geografia;
• Identificação de
singularidades do
espaço geográfico;
53. Que Geografia estudar ?
A Geografia é uma ciência social – ao ser estudada, tem de
considerar o aluno e a sociedade em que vive;
Não pode ser algo alheio – amontoado de assuntos
desconexos apenas com descrições de lugares;
Deve permitir que o aluno se perceba como participante do
espaço – fugir da catalogação enciclopédica, onde o homem é
um fato a mais na paisagem, sem ser social e histórico;